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Unidade III
MANEIRISMO
 Diante da dificuldade em caracterizar as qualidades de 
todos os movimentos artísticos importantes dos 
séculos XV ao XVII, os pesquisadores, a partir do 
início do século XX, introduziram um novo termo 
para distinguir as importantes diferenças verificadas 
entre a Alta Renascença e a arte produzida no final do 
século XVI: o “maneirismo”.
Histórico
Federico Barocci (1528-1612): 
“A Fuga de Enéas”
Século XVI: Reforma e Contra-Reforma
 Reforma: Movimento de reação contra diversos pontos 
da doutrina da Igreja Católica iniciado por Martinho 
Lutero em 1517. Logo recebeu o apoio de diversos 
religiosos e governantes europeus, tendo maior impacto 
em regiões da Alemanha, França, Suíça, Países Baixos, 
Reino Unido, Escandinávia, dentre outros. Como 
resultado, a Igreja divide-se entre os católicos romanos e 
os “reformados” ou “protestantes”.
 Contra-Reforma: Em resposta à Reforma protestante, a 
Igreja Católica, a partir do Concílio de Trento (1545) põe 
em ação uma série de medidas em defesa de seus 
interesses: a retomada da Inquisição, a proibição de vários 
livros, criação de novas ordens religiosas (destaque para a 
Companhia de Jesus), expansão da catequese no Novo 
Mundo etc. 
 O conceito de “Maneirismo”, portanto, é um 
conceito moderno (década de 1920), surgido
quando os estudiosos voltaram suas atenções a um 
período da arquitetura do século XVI que, em
função de sua atitude “peculiar” - e particular - em
relação às normas clássicas, havia sido
anteriormente repudiado e definido como algo
“excêntrico” ou “perverso e decadante”;
 A palavra “maneirista”, por sua vez, origina-se do 
termo italiano “maniera”, que pode ser definido
como “maneira” ou “modo”, o que implica uma
abordagem autoconsciente e/ou planejada.
O Maneirismo
 Variedade: tanto na decoração quanto na forma de 
utilização dos elementos clássicos;
 Uma “elegância” obtida aparentemente sem esforço: 
que geralmente disfarça arrojadas soluções técnicas;
 Sofisticação: normalmente manifestada na forma de 
interessantes “jogos visuais”.
As principais características da arquitetura maneirista são:
Detalhe do Palazzo del Té (c.1534)
(Giulio Romano)
O Maneirismo
 Um arquiteto maneirista, portanto, é um profissional
que, a partir da profunda compreensão das normas
clássicas, quebra-as ou altera-as em função de uma
variedade de motivos. 
O Maneirismo
Villa Giulia (1551-
1553): projeto de 
Jacopo (ou Giacomo) 
Vignola, com 
contribuições de 
Michelangelo, Giorgio 
Vasari e Bartolomeu 
Ammanati
O Maneirismo
Villa Giulia, em Roma (1551-1553)
O Maneirismo
 “O Renascimento e o seu apogeu (...) mantiveram o 
equilíbrio, a harmonia e a gravidade romana. O 
Maneirismo, porém, tinha ideias diferentes. 
Recorreu à dessemelhança, à tensão emocional, (...) 
ao efeito cênico e à sobrecarga decorativa para 
conseguir os efeitos desejados. Os arquitetos 
maneiristas podiam desprezar todas as regras 
vitruvianas para serem mais românticos e 
individualistas que os seus antecessores imediatos”; 
(R. Jordan)
 G. C. Argan: o maneirismo “nasce como arte livre 
da obrigação de imitar, ou mais precisamente, como 
arte que é mimesis, mas da ideia e não da natureza”.
A Arte Maneirista
 “Se equilíbrio e harmonia são as principais 
características da Alta Renascença, o maneirismo é seu 
oposto: é a arte do desequilíbrio e da dissonância – ora 
emocional a ponto de levar à distorção (Tintoreto, El 
Greco), ora disciplinado a ponto de se auto-anular
(Bronzino).” (N. Pevsner)
 Em Tiziano, “há uma beleza luxuriante; em 
Rafael, uma austeridade majestosa; em 
Michelangelo, uma força gigantesca, mas 
os tipos do maneirismo são delgados, 
elegantes e com atitudes afetadas”; 
 Uma tal “afetação” era uma experiência 
nova para o Ocidente. A Idade Média, e 
também a Renascença, haviam sido muito 
mais ingênuas; 
 A Reforma e a Contra-Reforma romperam 
com esse “estado de inocência”, e esta é a 
razão pela qual “o maneirismo é cheio de 
maneirismos.” (N. Pevsner)
A Arte Maneirista
Michelangelo: “Escravo 
morrendo” (c.1513-1520)
 O classicismo é uma atitude estética apreciada pela 
primeira vez durante esta fase do maneirismo –
“representa um ponto de vista muito mais estético do 
que uma real submissão à Antiguidade”;
Clássico x Classicismo
 Ou seja, o classicismo, mais 
do que a imitação da 
Antiguidade, é a imitação do 
momento clássico da 
Renascença, em detrimento da 
sua expressão direta (ou fiel).
A Arquitetura Maneirista
 A aplicação dos princípios do maneirismo à 
arquitetura “é relativamente recente e, ainda, objeto 
de controvérsias.” (Pevsner)
Biblioteca Laurenziana
(Michelangelo)
A Arquitetura Maneirista
 Para a sua melhor compreensão, Pevsner propõe, 
como exemplo, a comparação de dois palácios do 
século XVI: o Palazzo Farnese (de Antonio de 
Sangallo) e o Palazzo Massimi alle Colonne (de 
Baldassare Peruzzi) – “os mais perfeitos 
exemplos da arquitetura entre palácios da Alta 
Renascença e do Maneirismo”;
 Pevsner: “o contraste entre suas qualidades 
emocionais logo se revelará como sendo o 
contraste entre os dois estilos tal como podemos 
distingui-los na pintura”. 
A Arquitetura Maneirista
Palazzo Farnese
Palazzo Massimi alle
Colonne
 O Palazzo Massimi, de Baldassare Peruzzi (1481-
1536), membro do círculo de Bramante e Rafael em 
Roma, foi iniciado em 1535 e, de fato, não seguiu 
fielmente os cânones da Antiguidade; 
 A edificação compõe-se, na realidade, de dois 
palácios (para dois irmãos), habilmente construídos 
de modo a terem uma só fachada. 
A Arquitetura Maneirista
 No Palazzo Massimi há um vivo contraste entre a 
profunda escuridão da loggia do térreo e a “planeza e 
a finura de folha de papel dos andares superiores”. 
(Pevsner)
A Arquitetura Maneirista
 As janelas do primeiro 
andar têm pouco relevo 
comparadas com as que 
víamos na Alta Renascença, 
enquanto as janelas do 
segundo e terceiro andares 
são pequenas e têm curiosas 
molduras. Ou seja, não se 
diferenciam pelo tamanho e 
nem pela importância, como 
acontecia durante a 
Renascença. 
A Arquitetura Maneirista
 “As janelas superiores – nada clássicas – mais parecem 
quadros com belíssimas molduras penduradas na 
parede do que aquilo a que Sangallo teria chamado 
janelas. São uma extravagância, e uma extravagância 
deliciosa de Peruzzi”. (R. Jordan)
A Arquitetura Maneirista
 Além disso, uma leve curva de toda a fachada 
dá “delicadeza e animação” ao conjunto, 
“enquanto as fachadas rigorosamente 
retilíneas da Renascença pareciam expressar 
uma poderosa solidez”;
 O Palazzo Massimi, apesar de menor que o 
Palazzo Farnese em tamanho e “dignidade”, 
“tem, por sua vez, uma sofisticada elegância
que se dirige ao connoisseur intelectual e 
supercivilizado”. 
A Arquitetura Maneirista
 Ele iniciou, portanto, uma fase nova e original na 
arquitetura italiana. “Representou uma inovação, 
marcando o começo do Maneirismo” em Roma. (R. 
Jordan)
A Arquitetura Maneirista
A Arquitetura Maneirista
 No Maneirismo, o espaço também possui características 
próprias; 
 Os arquitetos agora podiam criar deliberadamente suas 
perspectivas: “não se tratava, evidentemente, de uma 
característica exclusiva do Maneirismo; no entanto, as 
perspectivas monótonas e extensas de algumas plantas 
maneiristas pareciam projetadas para conduzir a um 
clímax misterioso”. (Pevsner)
Biblioteca Laurenziana
(Michelangelo)
 O pátio dos Uffizi, em Florença, da autoria de G. 
Vasari (começado em 1560), o interior de S. Giorgio 
Maggiore, em Veneza, de Palladio (desenhado em 
1566) ou a própria Biblioteca Laurenziana
(Michelangelo), todos apresentam essa característica, 
à qual Nicolau Pevsner chamou o “poder de sucção” 
– o espectador “é sugado para o âmago do projeto”.
A Arquitetura Maneirista
Galleria Degli Uffizi
(G. Vasari)
A Arquitetura Maneirista
Salãode leitura da Biblioteca Laurenziana (Michelangelo) em Florença
 Andrea Palladio (1508-1580)
 Michelangelo Buonarroti (1475-1564)
A Arquitetura Maneirista: Arquitetos
Os arquitetos maneiristas em destaque são:
Andrea Palladio
 Nascido em Pádova, Palladio (Andrea di Pietro dalla
Gôndola) é descrito como o “mais descontraído e 
sereno dos arquitetos do fim do século XVI”; o 
“homem que em muitos sentidos foi o arquiteto mais 
original de todo o período”; 
 O termo “palladiano”, por exemplo, tornou-se – na 
língua inglesa – sinônimo de arquitetura clássica;
 Foi também, como já vimos, o autor 
do importante tratado de arquitetura 
intitulado Quattro Libri
dell’Arquitetura, publicado em 1570. 
Antes disso, fora colaborador de uma 
das várias edições da obra de Vitrúvio. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Palladio_Titel_1642.jpg
Andrea Palladio
 Palladio “tomou emprestado” conceitos do 
passado, acrescentou suas próprias ideais e 
desenvolveu uma abordagem para o projeto que 
facilitaria sua aplicação pelos futuros construtores;
 Graças a isso, Palladio tornou-se um dos arquitetos 
mais copiados do ocidente, inspirando projetos de 
casas nobres e prédios públicos ao redor do globo. 
Basilica de Vicenza
(1549-1617)
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=haxwgS7BRBSe-M&tbnid=IhqerMPmvJvCyM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.bluffton.edu/~sullivanm/palladio/palladiobasilica.html&ei=vQxkUubBMOSG2gWh3ICwAw&psig=AFQjCNGXrWB01jsPH5n1aJN5ZPdy88DsrQ&ust=1382374915354390
Andrea Palladio
 Ex.: a “janela palladiana”
Andrea Palladio
 Palladio buscou a perfeição arquitetônica através 
da simetria (em plantas e fachadas), do estudo das 
proporções (com um domínio de volumes e massas 
e suas relações com a escala humana), do uso das 
ordens clássicas, da rica decoração escultórica e de 
inovações construtivas. 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=tQwtbcnxDvteaM&tbnid=bUsyOFFDzLzDjM:&ved=0CAUQjRw&url=http://ocw.nd.edu/architecture/nature-and-the-built-environment/lecture-5/andrea-palladio/view&ei=mARkUrmjHcOz2QWOz4GwDg&bvm=bv.54934254,d.aWc&psig=AFQjCNF23X0K8ze3hQoB7SWtgoFGU3HnZA&ust=1382372861341841
Andrea Palladio
 Curiosidade: em seu tratado de arquitetura, entre 
outras inovações, Palladio realizou uma série de 
estudos de tesouras em madeira, tendo servido de 
base para os avanços na construção em madeira 
verificada no final do século XVIII.
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=andrea+palladio+++truss&source=images&cd=&cad=rja&docid=E9WHrV__hIpODM&tbnid=7nC3jgvi0rWBqM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.tankonyvtar.hu/hu/tartalom/tkt/faepites-faepites/ch23.html&ei=GfafUa6hCuni4APHwYFY&bvm=bv.47008514,d.dmQ&psig=AFQjCNETGgDit4tORZsk0dPFz3KwQWg4Gw&ust=1369523903551444
Villa Rotonda
 Atuando principalmente em Vicenza e seus 
arredores, Palladio era chamado para projetar, de 
modo quase exclusivo, casas urbanas e de campo 
- os palazzi e as villa -, e é bem significativo que 
os efeitos do seu estilo possam ser demonstrados 
sem recorrer à análise de suas igrejas; 
 De fato, a partir da Renascença, a arquitetura 
secular tornou-se tão importante como veículo de 
expressão visual quanto a arquitetura religiosa.
Andrea Palladio: Villas
 Os ricos comerciantes de Veneza demandavam uma
casa de campo que lhes permitisse desfrutar ao
máximo a natureza (como faziam os antigos gregos
e romanos) e também que demonstrasse, através de 
uma certa magnificência, o seu poder e prestígio;
Andrea Palladio: Villas
 Um típico palácio veneziano, 
com seu caráter urbano, estaria
fora de questão, pois não seria
funcional , não facilitaria o 
contato com o ambiente externo
e também acabaria custando uma
pequena fortuna. 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=OORLhFiT39v1KM&tbnid=CE5oD9XFO1CP1M:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.furniturefollies.co.uk/Page9.htm&ei=6LBiUs3fIo7b4APX0YHwCQ&bvm=bv.55139894,d.eWU&psig=AFQjCNHD6H7Ap4cPmqOAbvi3bfpAcS7boQ&ust=1382285920852800
 Algo novo era necessário. Uma edificação que fosse 
“magnífica”, mas de baixo custo; um edifício que
fosse confortável, que promovesse o repouso, mas
que também fosse funcional (especialmente quando
as villas eram erguidas como sedes de fazendas
produtivas);
 Foi Palladio, portanto, que forneceu a solução (uma
solução, por sinal, que ultrapassaria as fronteiras de 
Vicenza e arredores): as novas villas. 
Andrea Palladio: Villas
 Com base em seus estudos (Vitrúvio, Alberti etc.) e 
observações próprias, Palladio desenvolveu suas
villas de forma a atender três princícipos básicos (de 
acordo com C. Gable): 
Andrea Palladio: Villas
“Dramáticos” temas exteriores (fachadas);
Materiais de baixo custo;
Harmonia e equilíbrio dos espaços internos.
Andrea Palladio: Villas
Fachadas
 De uma forma geral, Palladio desenvolveu 3 tipos
básicos de fachadas. A primeira e mais simples de 
todas, também a mais numerosa em exemplos, é 
caracterizada por uma loggia (galeria) com três
aberturas. Por sua modéstia, teria pouca influência nos
arquitetos futuros; 
 Exemplos: Villa Godi (c.1540), Villa Caldogno, Villa 
Saraceno, Villa Gazzotti (as três da década de 1540), 
Villa Pisani (c.1552) etc. 
Andrea Palladio: Villas
Villa Caldogno
Villa Pisani
Andrea Palladio: Villas
Villa Gazzotti
Villa Saraceno
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=k1dHRiVoUI-g9M&tbnid=SS6ntMp--pDfdM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.classicaladdiction.com/2011/08/italian-villas-of-andrea-palladio/&ei=i7piUorjE8e-4AODhIHIBg&bvm=bv.55139894,d.eWU&psig=AFQjCNHvh2I_KJCQkt-0Xwpuv0Q84J9rIQ&ust=1382288358224376
 O segundo tipo de fachada, por sua vez, usou como
modelo as fachadas dos templos gregos. Por sinal, a 
ideia de adaptar o frontão triangular e as colunas
gregas às residências particulares teria sido uma das 
mais copiadas inspirações de Palladio. 
Andrea Palladio: Villas
Fachadas
Villa Emo (1559)
Andrea Palladio: Villas
Villa Barbaro (c.1554)
 Exemplo: na Villa Barbaro, o edifício principal está
ladeado simetricamente por armazéns (para o 
estoque de grãos, vinho etc.), que os venezianos
chamam de “barchessas”. 
 A Villa Barbaro ainda possui outra característica
especial: nas extremidades das barchessas, Palladio 
ergueu dois imensos pombais (encimados por
grandes relógios solares), criando o chamado
“perfil de 5 partes” (que seria posteriormente
incorporado por diversas construções na Inglaterra
- e até mesmo nos EUA – nos séculos seguintes). 
Andrea Palladio: Villas
Andrea Palladio: Villas
Harewood House (1771): Robert Adam e John Carr
Houghton Hall (1729): Colen Campbell e James Gibbs
Villa Cornaro
Andrea Palladio: Villas
Woburn Abbey (1746): Henry Flitcroft
Capitólio americano (séc. XIX, diversos arquitetos)
Villa Cornaro
 O terceiro tipo, mais “inovador” e “moderno” que os
anteriores, faria uso agora de duas loggias, uma
diretamente sobre a outra. 
 Um exemplo desse modelo é a Villa Cornaro (1553). 
Nas palavras de Gable, “um lugar para sentar e admirar
o mundo de um ambiente protegido”. 
Andrea Palladio: Villas
Fachadas
Villa Cornaro (fachada 
posterior, do jardim)
 Na Villa Cornaro, de fato, aparece pela primeira vez
na história da arquitetura uma dupla loggia de 
colunas com arquitraves e um frontão triangular. 
Andrea Palladio: Villas
Fachadas
 Ao invés de pedra, Palladio construiu
suas villas em alvenaria (rebocada) de 
tijolos comuns, reduzindo drasticamente
o custo de construção (mas sem abrir mão
do efeito imponente das edificações); 
 Até mesmo os capitéis, quando situados
em fachadas menos expostas às
intempéries, eram feitos em terracota; 
 E as arquitraves (sob os frontões), em
muitos casos, são peças em madeira
recobertas com estuque. 
Andrea Palladio: Villas
Materiais de baixo custo
 E mais: tendoem vista que as villas só eram
frequentados nas estações quentes do ano (ou seja, 
durante as colheitas), não havia preocupação com o 
aquecimento interno dos ambientes.
Andrea Palladio: Villas
Materiais de baixo custo
 Este aspecto de Palladio foi um dos menos
compreendidos por seus imitadores (e portanto
menos duplicado).
Andrea Palladio: Villas
Harmonia e equilíbrio dos espaços internos
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=tQwtbcnxDvteaM&tbnid=bUsyOFFDzLzDjM:&ved=0CAUQjRw&url=http://ocw.nd.edu/architecture/nature-and-the-built-environment/lecture-5/andrea-palladio/view&ei=mARkUrmjHcOz2QWOz4GwDg&bvm=bv.54934254,d.aWc&psig=AFQjCNF23X0K8ze3hQoB7SWtgoFGU3HnZA&ust=1382372861341841
 Primeiramente, Palladio defendia que as partes de 
uma casa deveriam ser proporcionais entre si e 
também em relação ao todo. Isso se reflete, por
exemplo, na simplicidade das plantas baixas, que são
facilmente compreendidas por quem percorre as 
casas. 
Andrea Palladio: Villas
Harmonia e equilíbrio dos espaços internos
La Rotonda
Villa FoscariVilla Valmarana
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=070oSR1bKmrNxM&tbnid=fZGk0WuAH1KskM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.thecultureconcept.com/circle/what-is-palladian-style-more-than-a-villa-in-the-veneto&ei=x59iUufbNpWw4AO0sYBQ&bvm=bv.55139894,d.eWU&psig=AFQjCNHcScMs1-TvEj9IUiD4oVOj2JJr7g&ust=1382281506027002
Andrea Palladio: Villas
Harmonia e equilíbrio dos espaços internos
Villa Cornaro
 Depois, no próprio dimensionamento dos espaços
internos, pesquisas recentes sugerem que Palladio
teria feito uso de proporções que fazem uso dos 
números “6” e “10” (considerados números perfeitos
por expressarem diversas proporções do corpo
humano). Ou seja, uma sala que respeitasse a relação
6:10 seria um ambiente adequado. 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=UttrmFzd9IyQEM&tbnid=1pLVLlb5MzxneM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.boglewood.com/palladio/analysis.html&ei=OqBiUv2NCu_e4AOr-4H4Ag&psig=AFQjCNHcScMs1-TvEj9IUiD4oVOj2JJr7g&ust=1382281506027002
 Uma de suas mais conhecidas – e bem preservadas –
casas de campo é a Villa Capra, ou Villa Rotonda, 
construída nos arredores de Vicenza entre 1550 e 1554;
 Compõe-se, de fato, de um 
“caso extremo de uma 
simetria (...) absoluta”; uma 
“realização acadêmica de 
alta perfeição”.
Andrea Palladio: Villas
 Uma casa como a Villa Rotonda, contudo, não tem 
apenas uma fachada simétrica: é simétrica em todas as 
fachadas e o fato de estar sobre-elevada e ter grandes 
lanços de escadas de acesso “dá-lhe o aspecto de um 
mirante ou de um templo de jardim”. 
Andrea Palladio: Villas
 Como casa para se viver, ela realmente está mais 
adaptada aos meses quentes, mas ainda assim “é nobre 
e, como seus finos pórticos jônicos, seus frontões, suas 
poucas janelas de frontão sabiamente dispostas e seu 
domo central, é solene sem ser pomposa”. 
Andrea Palladio: Villas
Vista aérea da Villa Rotonda
Andrea Palladio: Villas
Interior da Villa Rotonda
Andrea Palladio: Villas
 Porém, para se apreender a totalidade da composição de 
Palladio para uma villa é preciso acrescentar a esse 
núcleo (a casa) as colunatas curvas e as alas baixas que, 
em projetos como a Villa Trissino (Meledo) e a Villa 
Badoer, “formariam o elo entre a villa e a área a seu 
redor”. 
Andrea Palladio: Villas
Vista aérea da Villa Badoer
Andrea Palladio: Villas
Vista aérea da Villa Emo
Andrea Palladio: Villas
 Essa atitude “abrangente” viria a ter grande 
consequência histórica. Nestas villas, pela primeira vez 
na história da arquitetura ocidental, a paisagem e o 
edifício foram concebidos “como pertencentes um ao 
outro”, “como dependentes um do outro”;
 Aqui, pela primeira vez, “os eixos principais de uma 
casa continuam pela natureza adentro; ou, inversamente, 
um espectador situado do lado de fora vê a casa 
estendendo-se como se fosse um quadro, fechando a 
perspectiva”. 
Villa Angarano
Andrea Palladio: Villas
 R. Jordan: “Foi este casamento da arquitetura com a 
Natureza (...) que assegurou a popularidade de 
Palladio junto da nobreza inglesa do século XVIII”.
Vista aérea da Villa Godi
Andrea Palladio: Villas
 Ao combinar a “austeridade” de 
Roma com “a atmosfera 
ensolarada” do norte da Itália, 
Palladio atingiu “uma 
desenvoltura pessoal” que 
nenhum de seus contemporâneos 
conseguiu igualar; 
 O seu Palazzo Chiericati, por 
exemplo, iniciado em 1550 na 
cidade de Vicenza, é 
inconfundível. Suas colunas 
dórico-toscanas e o 
entablamento marcante são 
bastante característicos. 
Andrea Palladio: Palazzos
Palazzo Chiericati
Andrea Palladio: Palazzos
 A liberdade em “colocar na fachada aquilo que fora 
confinado aos pátios dos palácios romanos”, abrindo 
assim a maior parte da fachada e mantendo apenas 
uma parte compacta no centro do primeiro andar, 
“cercada de ar por todos os lados” – isso também é 
característico de Palladio; 
 R. Jordan: “o 
contraste entre o 
sólido e o difuso 
exercia um grande 
fascínio sobre ele.”
Andrea Palladio: Palazzos
Andrea Palladio
Teatro Olimpico (1580): último trabalho de Palladio
Andrea Palladio
Teatro Olimpico (1580): último trabalho de Palladio
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=LK9zTUl_20HM3M&tbnid=I4aCnh2Uy2x24M:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.larousse.fr/encyclopedie/personnage/Palladio/136855&ei=yp5iUozuNa254APr5ICoCA&bvm=bv.55139894,d.eWU&psig=AFQjCNGs8gle7VhVZPqjrP4T6mPUMQkFKQ&ust=1382281083320299
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=LcUbEhHlNPMSwM&tbnid=ksv72u44EkCUaM:&ved=0CAUQjRw&url=http://estudosteatrais.blogspot.com/2013/04/andre-antoine-1858-1943.html&ei=6J5iUoGdEdO-4AOr4oHACQ&bvm=bv.55139894,d.eWU&psig=AFQjCNGs8gle7VhVZPqjrP4T6mPUMQkFKQ&ust=1382281083320299
Andrea Palladio
Teatro Olimpico (1580): último trabalho de Palladio
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=images&cd=&cad=rja&docid=Ku288QDUhFkTkM&tbnid=feOSEdj1Q0F1RM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.architecture.com/LibraryDrawingsAndPhotographs/Palladio/PalladianBritain/PalladianInteriors/PalladiosInteriors/TeatroOlimpico.aspx&ei=FJ9iUvnzHbO64APNhIGwDQ&bvm=bv.55139894,d.eWU&psig=AFQjCNGs8gle7VhVZPqjrP4T6mPUMQkFKQ&ust=1382281083320299
Michelangelo Buonarotti
 Michelangelo, mais do que qualquer outro artista, “foi 
responsável por ter conduzido a arte em direção ao 
Maneirismo”;
 “A verdade é que Michelangelo pertenceu à 
Renascença apenas por uns poucos anos, no início de 
sua carreira”. Segundo Pevsner, “de seu trabalho 
posterior a 1515 quase nada é renascentista”;
 Seu difícil temperamento, segundo 
alguns autores, teria tornado 
impossível para ele aceitar os ideais da 
Renascença por muito tempo. 
 Michelangelo, como vários de seus contemporâneos, 
passou da pintura e escultura direto para a arquitetura
sem qualquer preparação específica. 
Michelangelo Buonarotti
Michelangelo Buonarotti
Detalhe do teto da Capela Sistina (Vaticano)
Michelangelo Buonarotti
 Contudo, enquanto outros escultores, na posição de 
arquitetos, enxergavam a arquitetura meramente como
uma forma de expor as esculturas, Michelangelo
parecia enxergar as próprias edificações como
esculturas em grande escala, e como resultado disso 
tratou a arquitetura de forma intrinsicamente diferente
de seus colegas;
 Curiosamente, Michelangelo, em
seus projetos, costumava trabalhar
com maquetes e croquis, abrindo
mão dos desenhos precisos, com 
medidas criteriosamente
calculadas, “a antítese da prática
no século XVI”.
Michelangelo Buonarotti
Maquete (em madeira) da fachada da Basílica de San Lorenzo
Michelangelo Buonarotti
 Michelangelo acreditava que o conhecimento da
anatomia humana era crucial para um arquiteto e, de 
acordo com alguns estudiosos,está claro que ele, de 
algum modo, aplicou o seu domínio do corpo humano
na forma em que abordava os projetos, “desejando
expressar os estresses, a tensão e a força muscular 
visíveis no corpo humano em movimento ao usar
elementos como colunas, capitéis e entablamentos no 
lugar de músculos e ossos”. (L. Collinge)
Michelangelo Buonarotti
Michelangelo Buonarotti
 Ele teria introduzido uma nova forma 
de expressão das ordens clássicas, com 
base em seus conhecimentos
anatômicos. Ou seja, “ao invés de usar
as ordens como meros exemplos
decorativos (…), ele as usou como
partes essenciais e funcionais de seus
edifícios; ao invés de superfícies de 
parede sem qualquer sinal dos 
elementos construtivos, ele enfatizou o 
poder e a força dos elementos
arquitetônicos, obrigando o espectador
a reconhecer as tensões presentes em
uma edificação”. (A. Ricketts) 
 Para Michelangelo, o grande conflito 
interno que enfrentou em sua vida foi “a 
luta entre o ideal platônico de beleza e a 
sua ardorosa fé em Cristo”; 
 Coerentemente, é um conflito semelhante 
a esse que verificamos entre a época da 
Renascença, na qual ele viveu quando 
jovem, e a da Contra-Reforma e do 
Maneirismo, que se iniciou quando ele já 
estava com 50 anos; 
 Em Roma, neste período, “parecia que 
nada havia sobrado da alegria da 
Renascença”. 
Michelangelo Buonarotti
 Em 1520, após concluir a Capela Sistina e tendo 
abandonado o projeto do túmulo de Júlio II, 
Michelangelo retornou a Florença para trabalhar 
na Capela dos Medici (o mausoléu da família 
Medici) e na Biblioteca Laurenziana (a 
biblioteca dos Medici), com o respectivo vestíbulo 
e escadaria; 
 Este conjunto pode ser descrito como o mais puro 
Maneirismo: “não há (...) nenhuma distorção 
deliberada, nenhuma anarquia (...)... apenas um 
certo uso arbitrário dos elementos clássicos em 
ordem ao cumprimento de um objetivo sublime”.
Michelangelo Buonarotti
 Capela dos Medici - A capela dos Medici, o primeiro 
trabalho de arquitetura de Michelangelo (c.1520), é na 
verdade a Nuova Sacrestia da Basílica de San Lorenzo 
(Florença), projeto original de Brunelleschi, composta de 
um quadrado com cerca de 12m de lado, construída sob 
encomenda do papa Leão X (Giovanni de Medici).
Michelangelo Buonarotti
 A Basílica de San Lorenzo já possuía uma sacristia (a 
Vecchia Sacrestia), que fez parte do projeto original de 
Brunelleschi para a igreja (iniciada por volta de 1421).
Michelangelo Buonarotti
 Nas palavras de Pevsner, a nova capela constitui “uma 
sinfonia em mármore branco e pedra preta”. Mesmo 
inacabada, possui um dos mais impressionantes 
conjuntos escultóricos de Michelangelo.
Michelangelo Buonarotti
 A função da Nuova Sacrestia era pouco convencional: 
como mausoléu privativo da família Medici, teve o seu
uso definido em Bula Papal de 1532. De acordo com 
estas instruções, os clérigos de San Lorenzo deveriam
celebrar missas todos os dias, em todos os turnos, 
revezando os celebrantes;
 Uma vez que a capela era de uso privado, não havia, de 
fato, necessidade de espaço para a congregação e com 
isso o corpo da capela tornou-se, de certa forma, “um 
altar tridimensional”.
Michelangelo Buonarotti
Capela Medici
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=michelangelo+++medici+chapel&source=images&cd=&cad=rja&docid=p7CNLcZoxXEohM&tbnid=wbOLoeJ_rugHhM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.learn.columbia.edu/ha/html/renaissance.html&ei=c_mfUfekAez_4AOA_4GACQ&bvm=bv.47008514,d.dmg&psig=AFQjCNEi6VNQHCerCgXHjHp64ngOF4KExA&ust=1369524960713997
 Nesta capela, a ordem coríntia é dominante, e 
Michelangelo destacou-a como suporte de um 
entablamento que percorre todo o perímetro interno. 
Michelangelo Buonarotti
 Com relação às paredes, a novidade de Michelangelo –
em contraste com o projeto de Brunelleschi para a 
Vecchia Sacrestia - foi enfatizar os esforços estruturais
da edificação, dando uma força expressiva às suas
superfícies.
Michelangelo Buonarotti
 As pilastras de Michelangelo, por
exemplo, possuem uma presença
muito mais “incisiva”, muito mais
volumosa, do que as pilastras de 
Brunelleschi na capela próxima;
 Exemplo: atrás de algumas destas
pilastras, existe uma “segunda
camada” de pietra serena com 
dupla função: apoiam os arcos do 
segundo pavimento e também
acrescentam massa às pilastras
principais (à sua frente). 
Michelangelo Buonarotti
 Este recurso, ao lado da maneira na qual a superfície da 
parede sobre as tumbas foi recortada/escavada, não
apenas na área do arco mas também nos tímpanos, “dá à 
articualção da pietra serena um papel bem mais
destacado do que ela possui na Velha Sacristia”.
Michelangelo Buonarotti
 Uma vez definido o esquema do interior da capela, 
Michelangelo então voltou sua atenção aos “outros
ornamentos”; ou seja, às tumbas em mármore e demais
elementos decorativos.
Michelangelo Buonarotti
 A idéia de “correlacionar arte, arquitetura e escultura
estava em sua infância”. De fato, a abordagem usual, 
até então, era tratar cada parede em uma capela como
uma superfície isolada (em separado);
 Na Capela Medici, por outro lado, a intenção de 
Michelangelo era garantir que o seu interior (a união
de todos os elementos) formasse um “monumento
integrado” para a família Medici.
Michelangelo Buonarotti
 Para este fim, ele usou como veículos de expressão
não apenas as tumbas e as superfícies das paredes, 
mas também elementos “mais mundanos”, tais como
portas e efeitos de iluminação. Ou seja, é importante
entender que tudo foi projetado com o efeito geral em
mente!
Michelangelo Buonarotti
 As figuras centrais de Giuliano e Lorenzo Medici, por
exemplo, não tinham a intenção de funcionar como
representações fiéis destes indivíduos, mas sim como
símbolos idealizados de uma “alegoria do tempo”;
Michelangelo Buonarotti
 Tudo indica que Michelangelo, desde o princípio, 
manipulou a luz de forma a realçar as diferentes
qualidades desses dois conjuntos escultóricos. 
 Giuliano Medici 
representa a “Vida 
Ativa”, flanqueado
pelas estátuas do 
“Dia” e da “Noite”.
Michelangelo Buonarotti
 Lorenzo, por sua
vez, com uma
postura bem mais
pensativa e 
flanqueado pelas
representações da 
“Aurora” e do 
“Crepúsculo”, 
representou a 
“Vida 
Contemplativa”.
Michelangelo Buonarotti
 A capela como um todo é iluminada pela cúpula e pelas
janelas do andar superior. Portanto, a luz que penetra pela
janela superior situada no lado oposto à estátua de 
Giuliano, tem como função destacar o conjunto que
representa a “Vida Ativa”. Do mesmo modo, uma janela
situada ao lado foi bloqueada, de forma a que Lorenzo, ao
invés de aparecer em forte relevo, simulasse “um 
recolhimento à sombra”. 
Michelangelo Buonarotti
Michelangelo Buonarotti
 Esta manipulação da luz
natural com o objetivo
explícito de enfatizar
determinadas qualidades
raramente foi usada na
arquitetura desse período; 
 De fato, foi apenas na época
do Barroco, já no século
XVII, que todas as 
possibilidades desse tipo de 
abordagem foram
exploradas. 
Michelangelo Buonarotti
 De forma análoga à abordagem dadas aos elementos
decorativos, objetos funcionais, tais como portas, 
também foram usados de “uma rara forma expressiva”;
 Na maior parte das edificações, a porta, por exemplo, é 
um elemento essencial, geralmente destacada pela
arquitetura de forma a se tornar facilmente acessível. 
Michelangelo Buonarotti
 O mausoléu dos Medici, porém, foi pensado como um 
“mundo recluso privado”; quando as portas são
fechadas, o mundo externo, portanto, deixa de ter
importância. As portas, sob este ponto de vista, são uma
distração, e assim, ao invés de serem facilmente
reconhecíveis, são utilizadas como um motivo
ornamental, repetido oito vezes ao redor das paredes do 
nível inferior. 
Michelangelo Buonarotti
 Porém, somente quatro destas portas são “reais”: duas
dando acesso a pequenosaposentos que flanqueiam o 
altar, uma ao transepto e uma ao exterior da igreja. 
Portanto, quando estão todas fechadas, existe realmente
uma sensação deliberada de desorientação! 
Michelangelo Buonarotti
Michelangelo Buonarotti
 Nesse contexto, o seu desenho
“incomum” se torna mais
lógico do que aparenta à 
primeira vista. Ou seja, elas
não foram projetadas para
lembrar portas convencionais, 
pois sua função está
subordinada ao “simbolismo da 
capela como um todo”, e por
isso a moldura ao redor das 
portas continua pelo piso, de 
forma “a negar sua função”. 
 O papel dos tabernáculos
também deve ser analisado sob 
este mesmo ponto de vista: 
uma vez que não havia
intenção de enfatizar as portas, 
os elementos de destaque
nestas áreas - aqueles com a 
função de chamar a atenção do 
visitante - foram justamente os
tabernáculos situados logo 
acima.
Michelangelo Buonarotti
 As estranhas características desses
tabernáculos fornecem um claro
exemplo das “composições novas e 
variadas” mencionadas por Vasari. 
Neles, Michelangelo não se afasta
inteiramente das normas clássicas, 
mas se utiliza da forma simples de 
um nicho com um frontão
interrompido e o rearruma, de 
maneira que as partes que, pela
lógica, deveriam estar separadas, 
agora “interpenetram-se de um jeito
que confunde a expectativa”. 
Michelangelo Buonarotti
 Igualmente curioso é o fato do nicho, apesar do sólido
bloco de mármore que se projeta de sua base, não ser 
profundo o bastante para ser usado da forma 
convencional – ou seja, como uma moldura para uma
escultura -, mas foi propositalmente projetado para
permanecer vazio! A única decoração, de fato, é a 
guirlanda e as delicadas urnas na parte inferior. 
Michelangelo Buonarotti
 Em resumo, nas palavras de Pevsner, esta capela, 
“tal como o Panteão (...) representa a conjugação 
perfeita da escultura com a arquitetura, o que 
constitui o ideal supremo da arquitetura”, 
independentemente do estilo;
 Foi assim que Michelangelo – como outros artistas 
maiores de sua geração -, ao afastar-se da 
Renascença, concebeu o maneirismo e o Barroco;
 “O século XVI inspirou-se no maneirismo de 
Michelangelo, o século XVII apreciou sua terribilitá
e dela extraiu o Barroco”. (N. Pevsner)
Michelangelo Buonarotti
 Outros projetos relevantes de Michelangelo: a 
Bilioteca Laurenziana (também para os Medici, em 
Florença), a praça do Capitólio (Roma), a 
complementação do Palazzo Farnese (Roma) e, 
naturalmente, uma nova proposta para a Basílica de 
São Pedro (principalmente a parte posterior e o 
domo) em Roma.
Michelangelo Buonarotti
Escadaria do vestíbulo da 
Biblioteca Laurenziana
(Florença)
Michelangelo Buonarotti
Vestíbulo da Biblioteca Laurenziana (Florença)
Michelangelo Buonarotti
Vestíbulo da Biblioteca Laurenziana (Florença)
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=michelangelo+++medici+library&source=images&cd=&cad=rja&docid=ZPb7K5x3wLnCEM&tbnid=oYLApyblzwOJwM:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.cambridgeblog.org/2009/11/michelangelo-podcast-series-7/&ei=vvyfUbfMMLXJ4APm4oDYDQ&bvm=bv.47008514,d.dmg&psig=AFQjCNFjfaJO0JJSpXgAarlFyeSot_qU7Q&ust=1369525808108283
Piaza del Capitolio (Roma)
Michelangelo Buonarotti
Michelangelo Buonarotti
Piaza del Capitolio (Roma)
Michelangelo Buonarotti
Piaza del Capitolio (Roma)
Michelangelo Buonarotti
Planta baixa da Basílica de São 
Pedro (Michelangelo) - 1547
Planta baixa da Basílica de São 
Pedro (Bramante) – c.1505
Michelangelo Buonarotti
Planta baixa da Basílica de São Pedro (com a extensão 
da nave projetada por Carlo Maderno) – c.1603
Igreja de Gesú
 Entre os edifícios mais importantes de todo o 
Maneirismo (por outras razões que não puramente 
arquitetônicas) conta-se a Igreja de Gesú, a igreja-mãe 
dos jesuítas e da Contra-Reforma, em Roma, cujo 
projeto influenciou centenas de outras igrejas 
(principalmente as barrocas), espalhadas por toda a 
Europa (e Américas), durante quase 400 anos; 
 Concebida por Santo 
Ignácio de Loyola 
(fundador da Ordem dos 
Jesuítas) em 1551, foi a 
primeira (e a maior) igreja
inaugurada em Roma (em
1584) após o saque de 1527.
Igreja de Gesú
 O projeto original é de 
Giacomo Vignola (1507-1573). 
Tem-se considerado esta igreja 
como “uma tentativa de 
conciliação da planta centrada 
com a longitudinal”. É certo 
que, tal como na Igreja de San
Andrea, de Leon B. Alberti, 
das naves laterais só restaram 
“meros vestígios nas capelas 
laterais”, além de um imenso 
espaço no “cruzeiro”. 
Igreja de Gesú
 O edifício foi começado por 
Vignola em 1568, mas foi 
terminado por Giacomo Della
Porta (1533-1602). Este último 
seguiu Alberti ao usar enormes 
volutas a ligar os dois andares 
da fachada. Esta solução 
também conseguiu ocultar os 
contrafortes, “indispensáveis 
numa igreja abobadada”. 
http://en.wikipilipinas.org/images/8/8b/Il_Gesu.jpg
Igreja de Gesú
Fachada de Vignola
Fachada de Della Porta
 Quanto ao interior, 
Vignola manteve a 
interpretação de Alberti 
(naves laterais na forma 
de uma sequência de 
capelas abrindo para a 
nave principal), mas 
aqui ele permitiu uma 
comunicação entre elas.
Igreja de Gesú
 Ou seja, “ele não lhes atribui a 
independência considerada 
necessária pelo arquiteto 
renascentista, sempre tão 
ansioso por fazer, de cada parte 
do edifício, um todo”; 
 As grandes dimensões da nave, 
sob uma poderosa abóbada de 
berço, porém, relegam as 
capelas à condição de “meros 
nichos que acompanham um 
amplo salão.” 
Igreja de Gesú
Igreja de Gesú
Vista interna da Igreja de Gesú (Il Gesú)
Referências:
COLLINGE, Lucinda Hawkins. RICKETTS, Annabel. Michelangelo. 
Greenwich: Brompton Books Corp., 1992.
GABLE, Carl I. The Secrets of Palladio’s Villas. Disponível em: 
<http://www.boglewood.com/palladio/analysis.html>. Acesso em: 12 
out. 2013
JORDAN, Robert Furneaux. História da Arquitetura no Ocidente. 
São Paulo: Editorial Verbo, 1985. 
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da Arquitetura Ocidental. São 
Paulo: Martins Fontes, 2002.
RIBA. Palladio and Britain. Disponível em: 
<http://www.architecture.com/librarydrawingsandphotographs/palladio
/andreapalladio/andreapalladio.aspx>. Acesso em: 10 set. 2013.

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