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História da Arquitetura 3

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HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO III 
A transição entre a arquitetura medieval para a renascentista e os tratados de 
Arquitetura e Urbanismo 
Unidade 1 
1. A CRÍTICA À ESTÉTICA MEDIEVAL 
A arquitetura medieval foi desenvolvida durante os séculos V e XV, o período da Idade 
Média. Foi um longo período no qual prevaleceram os estilos Bizantino, Românico e Gótico. 
Entre a queda do Império Romano, no fim do século V, e o surgimento dos grandes mosteiros 
e catedrais góticas, a conhecida como Era das Trevas envolveu a Europa. 
O período medieval foi marcado pelas grandes catedrais góticas tão altas quanto possível, com 
naves iluminadas por vitrais ricamente decorados, com rendilhados na parte superior e 
estruturas em arcobotante, em pedra ou tijolo, transmitindo o empuxo da abóbada. O mundo 
gótico evoca, além da imagem de catedrais, a de castelos e fortificações. 
1.1 O repúdio à estética medieval 
O racionalismo começou a ganhar espaço na Europa. Pintores, arquitetos e cientistas 
começaram a se enxergar como uma medida e um meio para todas as coisas, e não mais como 
peões a serviço de Deus. A Idade Média é conhecida como tendo o domínio de Deus, já o 
período Renascentista testemunha a ascensão do homem. 
Esse pensamento racionalista, aliado a uma redescoberta da arquitetura romana, ao fascínio 
pelas novas técnicas de representação desenvolvidas e a cálculos matemáticos apurados faz 
com que a lógica subverta o considerado belo, ao que é também proporcional e explicável. 
O repúdio à estética medieval surge dessa combinação e fatores, mudança de pensamento, 
centralizando o homem e a ciência. De maneira gradual a arquitetura medieval vai sendo 
substituída por uma releitura a partir de estudos das técnicas romanas. 
1.2 O gótico tardio 
O estilo gótico continuou a evoluir, principalmente na Inglaterra e na Espanha, durante o século 
XVI até XVII, enquanto o Renascimento Italiano já estava maduro e conduzindo a arquitetura 
europeia. 
O florescimento tardio do gótico na Inglaterra pode ser observado na capela do Kings College, 
em Cambridge, (1444-1515), que leva ao extremo a noção de igreja medieval. Projetada pelo 
arquiteto John Wastel, as paredes parecem inteiramente de vidro, com pouco mais do que uma 
teia de pedra para sustenta-las. Esse estilo perpendicular, com elevada altura, possui um teto 
elaborado e esculpido, que passa a impressão que se está andando em uma alameda de 
palmeiras. 
Na Espanha, a Catedral de Sevilha (1402-1519) representa uma versão diferente do gótico 
tardio, não é um projeto delicado, porém gigantesco. É a maior de todas as catedrais medievais, 
mas não exibe nenhuma inovação técnica ou artística. O seu encanto fica por conta do 
campanário, a Giralda, que possui uma escadaria que leva até o topo, projetada para cavalos e 
cavaleiros. A catedral possui tamanha dimensão para sufocar uma mesquita islâmica que ali se 
erguia antes da conquista católica em Sevilha. 
2. O RENASCIMENTO E SUAS VÁRIAS VERTENTES 
Durante o século XV, a Europa passou por transformações nas áreas política, econômica e 
social, com forte impacto nas áreas artísticas, bem como na arquitetura e urbanismo. A queda 
de Constantinopla, em 1453, foi a captura da capital do Império Bizantino pelo exército 
invasor otomano, e representou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna. Esse período 
foi marcado pelo início do Renascimento. Vamos conhecer aqui, o seu impacto na Arquitetura 
e Urbanismo, com destaque ao Renascimento Italiano. 
2.1 O Racional e o Humano 
O renascimento dos valores clássicos e da arquitetura clássica não surgiu plenamente formado, 
se desenvolveu lentamente por cerca de um século na Itália. O novo racionalismo se deu com 
uma redescoberta da arquitetura romana, um fascínio pelas novas leis da perspectiva (o desenho 
em perspectiva foi possivelmente desenvolvido pelo arquiteto Filippo Brunelleschi em 1425) 
e o desejo de recriar as glórias do mundo antigo (GLANCEY, 2001). 
Conforme Glancey (2001, p. 68), o humano passa a ser figura central: “Se a Era das Trevas 
foi o domínio do Diabo e o mundo medieval o domínio de Deus, a Europa do Renascimento 
testemunhou a ascensão do homem [...]”. 
O Homem de Vitrúvio (1487), famoso desenho de Leonardo da Vinci, mostra as 
proporções de um corpo humano em perfeito equilíbrio. Essas proporções tornaram-
se a medida da arquitetura renascentista. Embora muito influente sobre os arquitetos 
da época e com muitas anotações em livros, com plantas e elevações de edifícios, ao 
que se sabe nenhum de seus projetos foi concretizado (GLANCEY, 2001). 
2.2 O Renascimento Italiano 
A arquitetura renascentista teve início na Itália com a obra de Filippo Brunelleschi, a cúpula 
que ele acrescentou à catedral de Florença, entre 1420 e 1436. Este tipo de arquitetura se 
espalhou rapidamente pela Europa com a publicação dos primeiros tratados de arquitetura 
desde a Roma antiga. Leon Battista Alberti escreveu o primeiro deles em 1452, intitulado De 
Re Aedificatoria, publicado em 1485. A vanguarda do movimento deslocou-se para Roma no 
final do século XV e no início do século XVI já havia chegado a maior parte da Europa 
(GLANCEY, 2001). 
A arquitetura e o planejamento urbano renascentista foram uma retomada consciente e o 
desenvolvimento de certos elementos do pensamento e da cultura material grega e romana 
antigas. A arquitetura romana antiga refletia uma postura sóbria, com a construção das cidades 
e do império. O Panteão em Roma era um edifício vasto, de engenharia arrojada, sua cúpula, 
de 43,2 metros de diâmetro foi a mais ambiciosa do mundo até Brunelleschi erguer a sua na 
catedral de Florença. A cúpula romana é feita em concreto, material que os romanos fizeram 
amplo uso, que permitia também a construção de abóbadas completas e grandes construções 
em arcos, como o Coliseu. Utilizavam o concreto por ser um material plástico e maleável, 
permitindo construções em grande escala. Ao contrário das culturas primitivas mesopotâmicas 
e grega, não precisavam de pilar e dindel. O concreto romano não era reforçado como o do 
período moderno e não podia suportar carga direta, porém revolucionou a forma da arquitetura, 
permitindo grandes estruturas como as cúpulas e cobrindo vastas áreas sem sustentação direta 
(GLANCEY, 2001). 
A cúpula projetada por Brunelleschi para catedral Santa Maria del Fiore, em Florença, foi 
a primeira cúpula renascentista. Ela foi acrescentada a uma estrutura essencialmente gótica, 
com construção iniciada em 1294. Possui duas conchas divididas por suportes internos, com 
nervuras aparentes que sustentam a concha interior. Foi construída em camadas e reforçada à 
medida que se erguia. Possui tijolos dispostos em espinha de peixe e blocos de arenito 
(GLANCEY, 2001). 
Os primeiros edifícios ideais do início do Renascimento, são ordenados e contidos, ricos em 
pedra e mármore, como a Capela Pazzi nos claustros da igreja franciscana de Santa Croce, em 
Florença, construída entre 1429 e 1461, também de Brunelleschi. Os palácios projetados neste 
período, para famílias abastadas, ostentam detalhes extraídos da Antiguidade – como a cornija 
– diferentemente dos projetos que veremos a seguir, no período do Alto Renascimento, meio 
século mais tarde. Ainda assim, o ritmo criado, com colunas coríntias cinzentas constra paredes 
brancas de gesso (como visto na capela Pazzi) tornaram-se uma marca da arquitetura que se 
seguiu, espalhando-se por toda Europa entre 1500 e 1750 (GLANCEY, 2001). 
O Renascimento foi notável não só como um novo estilo de arquitetura, as cidades começaram 
a ser planejadas com princípios racionais, como o uso de uma malha para seu traçado, seja 
ortogonal, circular ou em estrela. Ruas foram alargadas, fortificações, monumentos e fontes 
passaram a fazer parte do traçado. 
Os principais arquitetos e suas obras mais marcantes do Renascimento, foram: 
Filippo 
Brunelleschi 
(1377-1446) 
Arquitetoe escultor italiano. De suas obras arquitetônicas merecem 
destaque a Cúpula da Catedral de Santa Maria del Fiore, o Hospital dos 
Inocentes, o Palácio Pitti e a Capela Pazzi, todas em Florença. 
Michelangelo 
di Lodovico 
(1475-1564) 
Pintor, escultor e arquiteto italiano. De suas obras arquitetônicas 
destacam-se a fachada para a Basílica de São Lourenço, a Biblioteca 
Laurenciana, ambas em Florença. Além disso, participou da reforma da 
Basílica de São Pedro, em Roma. 
Rafael Sanzio 
(1483-1520) 
Pintor e arquiteto italiano que também colaborou no projeto arquitetônico 
da Basílica de São Pedro, em Roma. Além disso, projetou a Villa 
Madama, um bairro da capital italiana. 
Donato 
Bramante 
(1444-1514) 
Arquiteto italiano que contribuiu para a construção da Basílica de São 
Pedro, em Roma. Além disso, trabalhou no projeto da Igreja de São Pedro 
em Montorio na capital italiana. 
Leon Battista 
Alberti 
(1404-1472) 
Arquiteto e teórico italiano que trabalhou na reforma da Basílica de Santo 
Estêvão Redondo, em Roma; e na fachada da Igreja de Santa Maria 
Novella, em Florença. 
Giulio 
Romano 
(1499-1546) 
Pintor e arquiteto italiano, participou do projeto do Palácio do Té (Palazzo 
del Te), em Mântua, uma de suas obras mais emblemáticas. 
Andrea 
Palladio 
(1508-1580) 
Arquiteto italiano que projetou diversas obras no período da renascença, 
da qual se destaca o edifício da Villa Capra (La Rotonda), na região de 
Veneto, em Vicenza. 
 
2.3 O Alto Renascimento 
O Alto Renascimento é o período em que os arquitetos italianos começaram a analisar e 
reinterpretar a antiga arquitetura romana com exatidão e fineza, sem copiar edifícios do 
passado, mas aprender com eles. Os arquitetos do renascimento foram simultaneamente 
pintores, escultores, poetas, engenheiros militares, soldados e dramaturgos. Foi uma época de 
grande invenção, começando com o arquiteto Donato Bramante (GLANCEY, 2001). 
Donato Bramante, nascido em 1444, foi o primeiro grande arquiteto do Alto Renascimento. 
Desenvolveu projetos para Ludovico Sforza em Milão, mas com a invasão francesa, mudou-se 
para Roma, onde seu novo patrono foi o papa Júlio II. Para este, desenvolveu uma planta para 
a Basílica de São Pedro no Vaticano, da qual Michelangelo utilizou apenas uma parte. Projetou 
também a Santa Maria del Popolo, em Roma, e a Santa Casa de Loreto (GLANCEY, 2001). 
É dele o projeto do Tempietto de Bramante (1502), encravado no claustro da igreja San Pietro 
in Montorio. Trata-se de um edifício pequeno, ordenado, elegante e harmônico, inspirado no 
Templo de Vesta, em Tivoli. Sua função é marcar e proteger o local de martírio de São Pedro, 
o primeiro papa. 
A influência do Tempietto foi incalculável, inspirando a cúpula de Michelangelo, a qual coroa 
a basílica de São Pedro, além das cúpulas do capitólio americano em Washington D.C, o 
mausoléu de Hawksmoor em Castle Howard, o Panteão em Paris, entre outros (GLANCEY, 
2001). 
A cúpula projetada por Michelangelo di Lodovico, em 1546, e executada por Giacomo dela 
Porta, entre 1588 e 1591, para a basílica de São Pedro no Vaticano, possui 42 metros de 
diâmetro, apenas 1 metro a menos que o Panteão em Roma. Possui construção de concha dupla 
e dez correntes de ferro que resistem ao empuxo, sendo sustentada por colunas emparelhadas. 
Ela marca o ápice da arquitetura do Alto Renascimento, sendo a mais prestigiada estrutura de 
todo o Renascimento. O resultado foi uma construção muito grande, muito rica: 
Trata-se de uma primorosa peça de escultura que beira o barroco e une a vasta 
construção vestida de mármore que se estende abaixo. São Pedro contínua a ser uma 
das maiores construções do mundo – a catedral de São Paulo, em Londres, caberia 
dentro dela folgadamente – e um monumento a ambição e à riqueza dos papas 
renascentistas, particularmente o grande patrono do início do século XVI, o papa Júlio 
II. Representa os esforços combinados de pelo menos nove importante talentos da 
arquitetura, que incluem Bramante, Rafael e Michelangelo, e levou 120 anos para ser 
construída. (GLANCEY, 2001, p. 74) 
Da primeira cúpula renascentista, de Brunelleschi, passando pela de Bramante, que serviu de 
inspiração para a recém vista cúpula de Michelangelo, outras duas cúpulas merecem destaque 
por redescobrirem métodos de construção desconhecidos desde os tempos romanos e, a grosso 
modo, marcam a chegada da arquitetura Renascentista nas cidades europeias. 
A primeira delas é a Igreja dos Soldados, conhecida como Les Invalides, em Paris, projetada 
por Libéral Bruant e construída entre 1670 e 1708. Foi projetado inicialmente como hospital 
para veteranos inválidos do exército. Ao contrário da igreja romana, a cúpula possui um sótão 
acima da cúpula que conduz à lanterna em agulha. Sua estrutura de sustentação é em madeira 
e revestida com afrescos (GLANCEY, 2001). 
A segunda é a Catedral de São Paulo em Londres. Projeto de Christopher Wren, construída 
entre 1675 e 1710, a cúpula possui três conchas. A cúpula externa e a lanterna são sustentadas 
por um cone de tijolo, envolvido por correntes. O óculo permite visualizar através do espaço 
da lanterna. Possui também uma estrutura de madeira sustentando a cúpula externa que é 
revestida em chumbo (GLANCEY, 2001). 
2.4. Maneirismo, barroco italiano e rococó 
Ainda dentro do Alto Renascimento, surgiu o que ficou conhecido como maneirismo. Na 
época era depreciativo, hoje podemos entender como o equivalente ao pós-modernismo, que 
sacudiu a arquitetura mundial entre 1960 e 1990, com truques visuais e trocadilhos. Dois foram 
os arquitetos marcantes deste período, Giacomo Vignola (1507-1573) e Giulio Romano (1492-
1546). É entendida como uma arquitetura extravagante, com mistura de elementos: 
Os maneiristas eram ilusionistas que tratavam a arquitetura como um jogo elevado, e 
há poucos jogos mais elevados do que os que Romano jogou no Palazzo del Te, Mântua 
(de 1525 em diante), onde encontramos elementos e detalhes clássicos misturados de 
uma maneira que, de um ponto de vista historicamente correto ou vitruviano, nunca 
deviam estar. A arquitetura estava passando dos domínios cívico e eclesiástico para o 
domínio privado e, à medida que o fazia, começava a se tornar mais leve; de meados 
do século VXI em diante, podemos ver os arquitetos começando a se divertir. 
(GLANCEY, 2001, p. 75) 
O barroco italiano é um estilo considerado teatral, ele irrompeu na década de 1630, e a palavra 
barroco significa deformado. Um exemplo é a igreja de San Carlo Alle Quattro Fontane, em 
Roma, construída entre 1634 e 1682, projetada por Francesco Borromini. É difícil encontrar 
uma linha reta na obra, seu interior possui uma junção de cruz grega e planta oval, as paredes 
se curvam para encontrar a cúpula. 
Outro expoente deste período é o arquiteto Gian Lorenzo Bernini, escultor por 
formação executou uma obra-prima, estátua do "Êxtase de Santa Teresa", localizada 
no altar da Capella Cornaro, na igreja de Santa Maria dela Vittoria, em Roma, 
construída entre 1645 e 1652. Projetou um espaço teatral amplamente conhecido, a 
praça de São Pedro, no Vaticano, na qual colunas dóricas dispostas em curva parecem 
trazer as multidões para o seio da igreja. Projetou também a Scala Regia (1663-1666), 
no Vaticano, escadaria entre a basílica de São Pedro e os aposentos papais 
(GLANCEY, 2001). 
Já o rococó é visto como um florescimento do barroco tardio. O termo deriva de rocaille, a 
tendência francesa decorativa para mexilhões e conchas de gesso invertidas. O rococó foi o 
floreio final, uma arquitetura amplamente ornamentada com adornos em gesso e espelhos. O 
primeiro exemplo reconhecido deste estilo foi um quarto na corte de Luís XIV, decorado com 
pássaros, macacos, fitas, e etc, do pintor Claude Andran no Château de La Menagerie, em 1690. 
Porém, o estilo só se firmou mesmo no século XVIII (GLANCEY, 2001). 
2.4 O Absolutismo: a grandiosidade palaciana 
Andrea Palladio (1508-1580)foi um dos arquitetos mais influentes de todos os tempos. Seus 
projetos e seu livro tiveram influência não só na Europa como em países distantes, Rússia, 
Estados Unidos e Grã-Bretanha. Sobre Palladio: 
Palladio também poderia ser considerado o primeiro arquiteto moderno. Nem um 
pedreiro nem um diletante, foi treinado como pedreiro em Pádua, antes de ser enviado 
a Roma por um rico protetor, Gian Giorgio Trissino. Ali fez um estudo profundo dos 
monumentos antigos antes de retornar a Vicenza. Também pôde ler tratados de 
arquitetura de Alberti, Vitrúvio e outros. Quando começou a desenhar sedes de fazenda 
práticas, comuns, no Vêneto, na década de 1550, pôde combinar as habilidades de 
construtor, artesão, antiquário e estudioso. Ao contrário dos homens míticos do 
Renascimento – Michelangelo, Rafael e Alberti -, a arquitetura era sua paixão 
obsessiva e, embora esta seja uma palavra que ninguém usaria na época, sua profissão. 
A vida e a carreira de Andrea Palladio, portanto, marcam um momento decisivo na 
arquitetura. (GLANCEY, 2001, p. 76) 
Suas principais obras são sedes de fazendas em Vêneto e igrejas em Veneza. 
O Renascimento trouxe à tona não somente um interesse nas formas clássicas, mas também o 
conceito da “villa surbana”, como um elegante refúgio da vida urbana. Como visto na Villa 
Capra, ou Villa Rotonda (1550-1559), localizada nos limites de Vicenza, projeto amplamente 
copiado mundo a fora. A edificação possui quatro lados, sendo cada lado decorado com um 
frontão de templo romano, coroada com uma cúpula que remete a do Panteão em Roma 
(GLANCEY, 2001). 
A arquitetura renascentista italiana se espalhou rápido pela Europa ao sul dos Alpes, porém 
demorou para chegar à França, aos Países Baixos e a Grã-Bretanha. No século XVI, chegou 
nestes países de maneira lenta em alguns châteaux franceses e em casas de campo jacobinas e 
elisabeanas na Inglaterra. Merecem destaque as construções na Inglaterra do Wollaton Hall, 
em Nottingham (1580-1585) e do Hardwick Hall, em Derbyshire (1590-1597), ambas de 
Robert Smythson. Bem como as construções ao longo do vale de Loire, na França, 
Chenonceaux (1515-1523) e Chambord (1519-1547) (GLANCEY, 2001). 
3. OS TRATADOS 
O primeiro tratado de arquitetura que se tem notícia data do século I, do arquiteto romano 
Marco Vitrúvio Polio, De Architectura, ou, em português, Dez Livros sobre Arquitetura. 
Aborda temas como planejamento de cidades, matérias de construção, construção de templos 
e hidráulica. Veremos a seguir, que após Vitrúvio, alguns arquitetos do renascimento ganharam 
conhecimento e prestígio também como teóricos, principalmente Alberti e Palladio. 
Os tratados de arquitetura são documentos que relatam e difundem a arquitetura de um período, 
marcando estilos arquitetônicos e disseminando o pensamento da época. Os Tratados italianos 
do século XVI são muito importância, pois traduziram a forma de viver a Renascença. 
Com o desaparecimento do Gótico, surge um estilo que expõe a nova maneira do homem 
daquele século ver o mundo, baseado no Humanismo e nos métodos da razão. Através do 
estudo da antiguidade, os arquitetos Renascentistas estabelecem critérios para suas 
construções, voltando-se para o mundo clássico, valorizando sua natureza e seu uso. O 
arquiteto deixa de ser anônimo, como no mundo gótico, mas um substituto de Deus, deixando 
de ser um pedreiro anônimo. 
3.1 De Re Aedificatoria, de Leon Battista Alberti 
De Re Aedificatoria de Leon Battista Alberti é considerado o primeiro tratado de arquitetura 
dos tempos modernos. Foi escrito em 1452 e publicado em 1485 por Niccolo di Lorenzo 
Alamani em Florença. Nele, Alberti cita: “Tudo o que a natureza produz é regulado pela lei da 
harmonia.” 
A geometria sagrada foi formadora da mente renascentista: 
Ele expunha com detalhamento matemático os principais elementos da arquitetura – o 
quadrado, o cubo, o círculo e a esfera – e as proporções ideais de um edifício que 
decorresse deles. Essas proporções estavam não apenas em harmonia com a música e 
a natureza, mas com as do corpo humano idealizado. Assim como o homem fora criado 
à imagem de Deus, a edificação podia representar a própria imagem do Criador divino 
se os arquitetos seguissem a logicadas proporções matemáticas. (GLANCEY, 2001, p. 
68-69) 
Johannes Gutenberg, nascido no final do século XIV, foi quem inventou os blocos móveis de 
tipos, em 1450, que tornaram possível a produção de livros impressos. A invenção da imprensa, 
foi um dos principais mecanismos por trás do Renascimento e da disseminação de suas ideias. 
O conhecimento e as ideias deixaram de ser restritas ao clero. Tratados de Arquitetura como 
os de Alberti espalharam-se por toda a Europa, revolucionando a maneira como os arquitetos 
construíam (GLANCEY, 2001). 
O tratado é composto por dez capítulos, ou livro, que discorrem sobre os seguintes assuntos 
(BLOG ARQUITETANDO, 2009): 
• Capítulo I: O Delieamento 
• Capítulo II: A Matéria 
• Capítulo III: A Construção 
• Capítulo IV: Edifícios para fins universais 
• Capítulo V: Edifícios para fins particulares 
• Capítulo VI: O Ornamento 
• Capítulo VII: O Ornamento de edifícios sagrados 
• Capítulo VIII: O Ornamento de edifícios públicos profanos 
• Capítulo IX: O Ornamento de edifícios privados 
• Capítulo X: O Restauro das obras 
Muito se comenta sobre semelhanças entre o tratado de Vitrúvio e de Albert, por vezes 
chamado de “Vitrúvio Florentino”: 
Julius Schlosser Magnino, por sua vez, afirmou que a partir do De Re dificatoria fica 
evidente a ambição de Alberti em tornar-se “il nuovo Vitruvio” (MAGNINO, 1964, p. 
121). Quanto ao tratado, Schlosser evidencia as semelhanças deste com o De 
Architectura de Vitrúvio, a começar pelo número de livros e pelos conceitos de firmitas, 
utilitas e venustas. Quanto aos conteúdos, Schlosser ressalta as semelhanças e 
apropriações de Alberti. Segundo ele, a questão hidráulica, tratada por Alberti no 
Livro X, está presente em Vitrúvio no Livro VIII; a parte destinada às máquinas, 
discutida pelo autor romano em dois livros, no IX e no X, aparece no De Re 
Ædificatoria apenas como acréscimo no Livro VI; e por último, a arquitetura militar e 
de fortificações, presente no arquiteto romano, faltou por completo na obra de Alberti 
– muito embora a Itália tivesse, naquela época, um notável desenvolvimento em termo 
militar com um forte influxo para além de suas fronteiras.60 Para Schlosser, a única 
originalidade de Alberti estava no tratamento conferido à obra de Plínio, um autor 
fundamental ao espírito daquele tempo. Em suas palavras, “em nenhum outro lugar 
aparece maior genialidade de Alberti” (Ibid., p. 122).61 E completa dizendo que, nesse 
particular, Alberti foi “espiritualmente muito superior ao desafortunado (stentato) 
compilador da era imperial” (Ibid., 122). (OLIVEIRA, 2010, p. 72) 
No primeiro capítulo do Tratado, Alberti discorre sobre a teoria do desenho da arquitetura: 
“Entre o desenho do pintor e o do arquiteto há esta diferença […]. O desenho da arquitetura é 
o desenho da planta – a projeção ortogonal horizontal. A planta e a maquete são as modalidades 
da representação da arquitetura”. No segundo livro, lida com o conhecimento dos materiais 
necessários para se construir, e no terceiro com os métodos de construção. Os três livros 
abrangem em seu todo, os aspectos do estudo científico da arquitetura, teórico e técnico (BLOG 
ARQUITETANDO, 2009). 
O caráter multifacetado da obra de Alberti transparece tanto no geral, quanto no particular: 
O mesmo poliedrismo verificado no conjunto de sua obra também pode ser visto no 
particular, como no De Re Ædificatoria. Ao que tudo indica, os primeiros cinco livros 
desse tratado foram escritos entre 1443 e 1445 e os outros cinco, entre 1447 e 1452. 
Os assuntos concernentes a essa primeira parte dizem respeito às questões técnicas e 
operacionais, como o desenho, os materiais, a execução da obra e as distinçõesnecessárias entre as construções de caráter universal e particular. Na segunda parte, 
composta também de cinco livros, dominam as questões da beleza, do ornamento e da 
harmonia. Os cinco livros iniciais parecem regidos pelo racionalismo aristotélico, 
enquanto que os últimos, tomados pela tacitunità, solitudine e malinconia, conforme o 
descreveu Borsi, parecem animados pelo platonismo. Embora tal aproximação seja 
matéria de controvérsia entre alguns estudiosos,64 ninguém contesta o universo 
clássico das influências de Alberti. No De Re Ædificatoria tem presença um grande 
número de autores, tais como Platão, Aristóteles, Cícero, Sêneca, Ovídio, Plínio, 
Quintiliano, Vitrúvio, Luciano, Hipocrates, Columela, Terêncio, Teofrasto, Epicuro, 
Lucrécio, Eurípedes, Galeno etc. (OLIVEIRA, 2010, p. 75) 
Portanto, Leon Battista Alberti foi um renascentista consciente, estudioso da Antiguidade, 
científico na aplicação do conhecimento arqueológico que possuía. Eliminou os últimos traços 
góticos da arquitetura e foi prudente na utilização das ordens. Tratou a arquitetura como sendo 
o que traz a glória à cidade, como ela ornamenta a cidade. 
Outros livros importantes seguiram o de Alberti, entre eles os de Sebastiano Serlio, em 1537, 
e de Giacomo Barozzi da Vignola, em 1562. O mais influente depois de Alberti e de Vitrúvio 
foi I Quattro Libri Dell’ Architettura, de 1570, de Andrea Palladio. Já o primeiro livro de 
importância escrito em inglês foi First and Chief Groundes of Architecture (Primeiros e 
principais fundamentos de arquitetura), de John Shute, em 1563. 
3.2 Quattro Libri Dell’ Architettura, de Andrea Palladio 
Já sabemos que Andre Palladio foi um dos maiores arquitetos do período renascentista. Vamos 
agora, analisar a sua obra teórica, publicada originalmente em Veneza em 1570. É um dos mais 
prestigiosos tratados na história da arquitetura e, desde o século XVII, foi traduzido em diversas 
línguas. 
Diferentemente do caráter enciclopédico do De architectura, de Vitrúvio, e da destinação 
doutrinadora De Re Aedificatoria, de Alberti, essas publicações do século XVI são endereçadas 
aos arquitetos praticantes e propõem-se a indicar parâmetros para as novas construções. 
Descreve por meio de texto e imagens exemplos da Antiguidade que pudessem ser remodelados 
para atender às circunstâncias contemporâneas. Assim, por meio de tais publicações, que 
simplificam a aplicação das ordens e ilustram um amplo elenco de arquitetura antiga e 
moderna, a Antiguidade é disseminada (LOEWEN, 2010). 
Ainda, segundo Loewen, (2010, p. 265): 
No Proêmio do primeiro livro o autor atribui aos desvios no uso comum de construir a 
distância em relação às regras dos antigos e àquelas lidas em Vitrúvio e Alberti, a 
razão de sua empreitada. Sua obra, acredita, ao reunir concisamente o que seja mais 
digno de consideração, levará a que “pouco a pouco se aprenda a deixar de lado os 
estranhos abusos, as invenções bárbaras e as despesas supérfluas e... a rejeitar os 
vários e seguidos estragos que em muitas construções se vêem. (PROÊMIO, p. 5).” 
No primeiro livro, livro trata do preparo, das fundações e dos materiais necessários ao início 
da edificação, bem como da descrição das ordens arquitetônicas. Bem como Serlio, Palladio 
define em cinco as ordens de colunas: toscana, dórica, jônica, coríntia e compósita. Suas 
proporções partem de relações simples e suas medidas, adverte o arquiteto, não seguem os 
ensinamentos de Vitrúvio, mas suas próprias medições dos edifícios antigos. No segundo livro, 
dedicado à qualidade das construções, Palladio apresenta seus próprios projetos para palácios 
e vilas, de acordo com os ensinamentos de Vitruvio, e justifica, pois há poucos exemplos 
antigos de que se possa utilizar (LOEWEN, 2010). 
O terceiro livro traz as obras que se fazem com maior grandeza e com ornamentos mais raros 
que os privados, as edificações públicas, como vias, praças, pontes e basílicas. No quarto livro, 
escreveu sobre os templos romanos e cita obra de Bramante: 
No Renascimento, a noção de imitação, como entre os antigos, afasta-se da mera cópia, 
pressupõe a assimilação das normas e preceitos e almeja, sempre, a superação. Assim, 
Bramante é encomiado no Livro IV. Ao lado das restituições dos templos que Palladio 
minudentemente estudou em suas visitas à Cidade Eterna, comparece a descrição de 
uma obra moderna, o Tempietto di San Pietro n Montorio. (LOEWEN, 2010, p. 267). 
 
	2.1 O Racional e o Humano
	2.3 O Alto Renascimento
	2.4. Maneirismo, barroco italiano e rococó
	2.4 O Absolutismo: a grandiosidade palaciana
	3. OS TRATADOS
	3.1 De Re Aedificatoria, de Leon Battista Alberti
	3.2 Quattro Libri Dell’ Architettura, de Andrea Palladio

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