Buscar

poluição plastica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

POLUIÇÃO PLÁSTICA NO MEIO AMBIENTE
A percepção que o ser humano tem da natureza se diversificou ao longo da história. O desenvolvimento de habilidades e do intelecto, junto com os desafios enfrentados na luta pela sobrevivência evidenciou a necessidade do homem de intervir no meio para não só sobreviver a ele, mas também dominá-lo o quanto conseguir. Assim, o homem se pôs a explorar a natureza em prol da sua própria evolução, e no andar da história, enxergou-a não só como viva, mas também como infinita.
A linha que separa exploração de degradação foi ficando cada vez mais tênue, e a realidade enfrentada séculos depois é emergencial. O crescimento do homem no meio ambiente veio com a sua interferência direta sobre ele. Gerar novas tecnologias e matérias, por mais que traga incontáveis benefícios para a experiência de vida do homem, e seja até mesmo essencial muitas vezes, também é sinônimo da geração de resíduos, já que o ser humano não só extrai da natureza, mas também devolve a ela os frutos de seus inventos. 
O presente artigo tem como objetivo elucidar como o impacto ambiental da utilização do plástico afeta negativamente o equilíbrio da natureza, focando na produção, comercialização, consumo e descarte dessa matéria que foi uma descoberta que trouxe inúmeras melhorias para diversas áreas do desenvolvimento humano, mas ao mesmo tempo que figura como uma vitória da ciência, carrega o peso de ser um grande poluente.
A CULTURA DESCARTÁVEL
Por definição literal, segundo traz o dicionário Michaelis (2019) a palavra plástico se refere a algo maleável, flexível, uma matéria sintética passível de ser modelada. Na natureza é possível encontrar matérias com essas propriedades, mas a sua criação artificial, cujo uso rotineiro pelos seres humanos foi apreciado, entre outros, pela praticidade de seu manejo e descarte, teve início em 1839, quando os primeiros passos foram dados pelo americano Charles Goodyear, como traz uma pesquisa realizada pela revista mundo estranho:
Em 1839, o americano Charles Goodyear (1800-1860) criou o processo de vulcanização da borracha, que transformava o material natural em um produto mais resistente às mudanças de temperatura. Décadas depois, em 1870, o americano John Wesley Hyatt (1837-1920) produziu celulóide a partir da celulose das plantas. O material era usado, por exemplo, para substituir o marfim na produção de bolas de bilhar. (MUNDO ESTRANHO, 2011, p.01)
	Os primeiros passos na produção de plástico foram dados utilizando-se elementos da natureza para que se constituísse uma matéria que tivesse mais resistência, e ainda, tivesse seus benefícios aprimorados. Mas a criação do primeiro plástico sintético e que possibilitaria a disseminação comercial e utilização em escala maior foi anos depois, como continua o texto da publicação:
Mas a verdadeira revolução viria em 1907, quando o químico belga, naturalizado americano, Leo Baekeland (1863-1944) criou o primeiro plástico totalmente sintético e comercialmente viável, o Bakelite. Começava a era dos plásticos modernos, feitos à base de petróleo, carvão e gás natural. A chave desse novo processo foi a polimerização, que consiste em juntar, a partir de diversas reações químicas, várias moléculas menores em uma grande, que não se quebra facilmente e dá ao material maior durabilidade. (MUNDO ESTRANHO, 2011, p.01)
	A partir da evolução no processo de manipulação dos elementos formadores do plástico, foi possível a criação de diversos outros tipos de polímeros em anos seguintes, sendo alguns deles o silicone, poliéster, náilon e PVC. A diversificação e acessibilidade de custos disseminou cada vez mais o plástico na rotina da humanidade, que aderiu a sua utilização em praticamente todos os setores da vida, utilizando-o de forma desenfreada cada vez mais.
	Em entrevista concedida ao site do Instituto Humanitas Unisinos, IHU online, a oceanógrafa e mestra em química Mônica Costa explicou o processo de degradação do plástico após o seu descarte, fator que também está por traz do conflito ambiental de lidar com essa matéria, e figura como uma das maiores desvantagens de ter o plástico agregado à rotina das pessoas:
O plástico não se degrada facilmente; ele sofre alguns tipos de degradação como, por exemplo, a fotodegradação, que é a exposição à luz, e a degradação física, que é a fragmentação. No entanto, ele não faz a biodegradação, como fazem os materiais orgânicos, que retornam ao estado de CO2 e água. (COSTA, 2018, p.01)
E continuou o raciocínio ao mencionar o aumento na utilização do plástico em massa com uma visão social de que o padrão de consumo sofreu mudanças, e evidenciou as vantagens que a invenção do plástico proporcionou, espalhando-o ao redor do globo:
Essa mudança de hábitos que ocorreu depois da Segunda Guerra levou a uma mudança do padrão de consumo, a qual foi direcionada para avanços tecnológicos, e, possivelmente, o maior avanço foi a manipulação do plástico: inventamos o plástico, dando a ele praticamente a forma e a utilização que quiséssemos. Essa mudança do padrão de consumo fez com que o plástico se tornasse extremamente desejável, barato, viável, interessante, fortemente ligado à alimentação, à saúde, à prática de esportes, às tecnologias espaciais e às tecnologias que permitiram explorar o fundo do oceano. Tudo isso se tornou dependente de plástico. (COSTA, 2018, p.01)
	A evolução, em tantas áreas, que acompanhou a criação dessa matéria que se tornou objeto de discussão pelos efeitos negativos, transparece a necessidade de se discutir a fundo não só o processo de utilização, mas especialmente o descarte e como é a forma menos danosa de se lidar com os resíduos gerados.
A WWF-Brasil, uma ONG constituída com o objetivo de trabalhar pela preservação ambiental, demonstrou através de um quadro o panorama de como foi o crescimento da utilização de plástico pela humanidade desde os anos 50 até a atualidade, também prevendo o aumento proporcional para os anos à frente caso a situação permaneça a mesma, conforme a figura 1:
Figura 1: crescimento mundial da produção de plástico.
Fonte: www.wwf.org.br 1
Desde o custo mais acessível até a facilidade de manipulação, a utilização de plástico tomou lugar em larga escala, sendo cada vez mais inserido na rotina da sociedade que se aliou não só à praticidade que trouxe como a facilidade de poder simplesmente se desfazer deste, que se mostrou cada vez mais essencial no mundo, seja em um setor mais óbvio, como o de embalagens, até onde não o percebemos à primeira vista muito embora usemos todos os dias, como alguns tipos de tecido.
	O aumento exponencial que ocorreu e a previsão desastrosa de que cresça ainda mais são uma demonstração clara de que há excesso na produção, utilização, e também má administração do lixo produzido pelo plástico, que necessita de correto descarte para que traga menos impactos negativos para o meio ambiente. A ONG WWF-Brasil, em painel sobre o assunto, traz o que se segue:
O aumento na produção e uso dos plásticos é devido ao seu baixo peso, que reduz o consumo de combustível no transporte, além de manter os alimentos frescos por mais tempo, reduzindo o desperdício. Apesar destes benefícios, os plásticos podem causar grandes impactos ambientais causados pelo seu consumo em excesso e seu descarte incorreto.(WWF-Brasil, 2018?, p.01)
	A utilização do plástico se tornou tão comum e arraigada às pessoas que abrir mão deste, para a maioria delas, se tornou sinônimo de dois caminhos, onde em um, além dos objetos feitos de plásticos serem imperceptíveis na rotina, há urgências maiores para administrar enquanto os seus efeitos negativos não são sentidos plenamente na rotina.
E no outro, um estilo de vida que seja livre desta matéria para reduzir a produção de poluentes é trabalhoso e limitado. A visão do ser humano que, em geral, termina no descarte do seu lixo, limita a sua noção de que tudo o que ele produz traz impactos no meio, mesmo que ele não sinta de imediato as consequências.
O plástico é uma matéria que tem plena capacidadede ser reciclado, porém, o aumento constante e exagerado do seu consumo torna a gestão dos seus resíduos um trabalho quase impossível de ser realizado plenamente. A entrevista de Mônica Costa à IHU online traz o que se segue a esse respeito:
Hoje em dia temos dificuldades com os resíduos oriundos do plástico porque o consumo se dá em quantidades muito maiores do que a nossa capacidade de lidar com o que resta desse material. Essa é a razão pela qual ele está tão disseminado no meio ambiente, porque depois que usamos o plástico não sabemos o que fazer com ele. Ainda não temos tantas alternativas de tecnologia para retornar esse material para um uso mais nobre e digno. (COSTA, 2018, p.02)
	Ainda que os malefícios sejam inerentes à matéria, a oceanógrafa dissertou ainda sobre a nobreza que existe nela, já que possibilitou crescimento em tantas esferas e é fruto de energia, recurso natural e tecnologia (COSTA,2018). Muito se conquistou com a invenção do plástico, e o seu correto manuseio e descarte é uma forma de utilizá-lo sem que os malefícios sejam destacados.
	As buscas de meios que diminuam a ação poluente do plástico contam com a conscientização a respeito da importância da reciclagem, e do plástico biodegradável, que encontra grande prejuízo no seu mecanismo de ação por não conseguir corresponder a carga de consumo. Mônica Costa traz um panorama do retrato da solução vista na reciclagem, e na veracidade encontrada no fabricante que coloca sua embalagem ou produto como biodegradável:
O que acontece é que alguns plásticos são reciclados tantas vezes, que eles perdem algumas propriedades importantes. Esse material poderia ter outra destinação, mas o problema é recolhê-lo e alcançar um volume suficiente para que ele seja destinado adequadamente. Então, aquilo que vem escrito na embalagem é parcialmente verdade, porque alguns plásticos não são reciclados não por falta de tecnologia, mas por falta de economia de escala.(COSTA, 2018,p.02)
	A mestra em química continua o raciocínio trazendo a visão do que seria uma solução mais eficaz, explicando a necessidade de que a participação social seja efetiva e consciente, e consuma o plástico de maneira diferente, colaborando para que a reciclagem seja o mais efetiva possível.
Se nos empenhássemos em trabalhar em um circuito fechado, em que todo plástico que fosse fabricado pudesse ser usado à vontade por todo mundo, desde que no final de sua vida útil ele voltasse para dentro de um processo de reciclagem, o plástico que não poderia ser usado para absolutamente mais nada seria muito pouco, como as embalagens de batata frita, biscoito e alguns tipos de copos; o problema é recolher esse material em escala (...) O pior gargalo é o caminho de volta, porque o plástico é injetado na sociedade com muita rapidez e eficiência, é barato, extremamente bem aceito e tem usos que, às vezes, nos surpreendem. Mas o problema é o caminho de volta, de sempre fechar esse ciclo. (COSTA,2018, p.02)
O microplástico
A poluição plástica nos oceanos cresceu e chegou a um estado em que as menores partículas de sua matéria são também grandes fontes de danos. O chamado de microplástico é um fragmento de plástico de tamanho ínfimo, que tem o potencial de poluição exatamente no tamanho diminuto, já que, assim, consegue contaminar organismos ainda menores. Em publicação científica acerca deste contaminante, Olivatto, Carreira, Tornisielo, e Montagner, conceituaram o mesmo:
Os resíduos plásticos maiores quando expostos no meio ambiente vão sofrendo sucessivas fragmentações e geram detritos de plásticos cada vez menores. Em 2004, o termo microplásticos foi empregado pela primeira vez por Thompson et al.24, para definir as partículas de plásticos de tamanho reduzido e tem sido utilizada até o presente momento pela comunidade científica. (CARREIRA, 2018; MONTAGNER, 2018; OLIVATTO, 2018; TORNISIELO, 2018)
	Os autores continuam o pensamento ao explicar que o microplástico possui duas classificações básicas, em acordo ao método de sua formação: primários e secundários:
Os microplásticos presentes no meio ambiente recebem dois tipos de classificações de acordo com a origem do material: microplástico primário e microplástico secundário. O microplástico primário é aquele que já foi produzido em tamanho microscópico para compor a formulação de determinados produtos, denominado pela indústria como “pellet” e o microplástico secundário é aquele resultante da fragmentação de artefatos de plásticos maiores descartados no meio ambiente, que tanto pode ocorrer no ambiente aquático ou terrestre. (CARREIRA, 2018; MONTAGNER, 2018; OLIVATTO, 2018; TORNISIELO, 2018)
Figura 2: Exemplos de microplásticos
Fonte: https://www.iguiecologia.com/microplastico-poluicao-invisivel/diferentes-tamanhos-de-microplasticos/ 2
Compreendendo as classificações, mostra-se fundamental a compreensão da formação primária desses fragmentos, que podem ser criados tanto pela matéria-prima para criação dos polímeros, como trazem Olivatto, Carreira, Tornisielo, e Montagner:
Para a fabricação de materiais plásticos nos mais variados setores a indústria utiliza, como matéria-prima, partículas microscópicas denominadas “pellets”. Esse material atinge o meio ambiente por meio do descarte inadequado de etapas de processos industriais e também por meio da perda acidental durante o seu transporte, sendo, portanto, comumente encontrados nas proximidades de portos, complexos industriais e também em alto mar. (CARREIRA, 2018; MONTAGNER, 2018; OLIVATTO, 2018; TORNISIELO, 2018)
Como também podem ter sua origem em produtos de uso pessoal e beleza desenvolvidos por empresas de cosméticos (CARREIRA, 2018; MONTAGNER, 2018; OLIVATTO, 2018; TORNISIELO, 2018), evidenciando a necessidade de se conscientizar a população acerca dos danos possíveis com a poluição causada por eles e coibir a fabricação de poluentes constatados.
 O estudo realizado pelo grupo de autores, traz também à baila que no Brasil e Reino Unido, medidas foram tomadas quanto a presença de microplástico em cosméticos:
Em contrapartida, o uso de microplásticos na formulação de cosméticos foi proibido por lei no Reino Unido36 e no Brasil, desde 2016, está sendo discutido no plenário a aprovação da Lei federal PL 6528/2016, a qual tem por finalidade proibir a manipulação, fabricação, importação e comercialização, em todo o território nacional, de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria que contenham a adição intencional de microesferas plásticas. (CARREIRA, 2018; MONTAGNER, 2018; OLIVATTO, 2018; TORNISIELO, 2018)
A POLUIÇÃO PLÁSTICA E A NATUREZA
Como visto, a poluição plástica causa danos gravíssimos à natureza e aos seres vivos, contaminando o meio tanto com fragmentos grandes quanto mínimos, chegando assim, a invadir o organismo de seres diminutos, e sendo a causa de um grande desequilíbrio.
Com o passar do tempo, desde o início da utilização de plástico em massa, e com o aumento exponencial de produção, consumo, e descarte incorreto, foi-se evidenciando cada vez mais a sua interferência negativa ao meio, e a gravidade do quadro de poluição marinha se tornou cada vez mais emergencial.
A oceanógrafa Mônica Costa relatou o quadro existente após séculos de poluição dos oceanos, que reflete o descarte inapropriado e mostra que o consumo desenfreado aumenta a tal ponto a demanda de necessidade de reciclagem, que não se consegue atender a todo o lixo produzido através dessa metodologia:
Existem estimativas, em nível mundial, de que uma quantidade significativa, em torno de 10% do plástico produzido na história, está nos oceanos hoje; isso é muito plástico. A situação, quando vamos ao ambiente, é crítica. A frequência com que temos nos deparado com exemplos de interação do plástico com organismos marinhos, principalmente os animais, está aumentando violentamente.(COSTA,2018, p. 03)
	Ela continua o raciocínio relatando sua experiência profissional:
Comecei a trabalhar com plástico no mar em 1999. Nessa época era difícil ver alguma coisa, mas hoje em diaé cada vez mais frequente assistirmos a cenas como aquelas das baleias sem rabo: elas ficam presas em resíduos plásticos e só se soltam se arrancam seus rabos. Esse tipo de situação foi aumentando e hoje estamos no máximo de percepção dela, mas tenho a impressão de que ainda veremos essa situação piorar antes que as nossas ações consigam surtir algum efeito de reversão nesse processo. A tendência é que não consigamos limpar o oceano e tirar todo o plástico que está depositado nele. Talvez consigamos limpar e tirar uma parte grande, aquela que ainda pode ser removida mecanicamente, mas a parte que foi fragmentada e virou microplástico não poderá ser retirada.(COSTA 2018, p.03)
	A expectativa negativa de piora do quadro atual, vinda de uma profissional voltada para o trabalho com o meio ambiente é alarmante, e a sua percepção ao longo dos anos mostra o quanto o aumento da poluição plástica é visível e agressivo, havendo assim necessidade de urgência na tomada de decisões que ajudem a diminuir a produção e o consumo excessivo de plástico e amenizar a situação catastrófica que se formou.
	Como visto acima, a presença do microplástico mostra um caminho sem volta para a poluição no oceano, já que, embora a busca por soluções possa acarretar em meios de limpeza para os fragmentos maiores, os diminutos estão tão arraigados ao meio que sua completa retirada deste se torna impossível.
	Os casos de animais marinhos que morrem por serem contaminados e até mesmo estrangulados por pedaços de plástico são cada vez mais vistos, a previsão é de que em 2050 os oceanos tenham mais do polímero que peixes. (WWF-BRASIL, 2018?). Uma pesquisa recente feita com mamíferos marinhos mortos na costa da Grã-Betanha, que analisou o sistema digestivo de diversas espécies de animais, revelou que todos os animais haviam ingerido microplástico.
	Em publicação recente da revista Galileu foi trazido o resultado dessa pesquisa:
O relatório da análise, publicado na Scientific Reports, mostra que pedaços de plásticos com menos de 5 milímetros de comprimento foram encontrados em todos eles. Geralmente, o maior número foi registrado nos estômagos desses animais. (...)"É chocante, mas não surpreendente, que todos os animais tenham ingerido microplásticos", comentou Sarah Nelms, em comunicado. "O número de partículas em cada animal foi relativamente baixo. Uma média de 5,5 partículas por bicho, sugerindo que o plástico eventualmente passa pelo sistema digestivo ou é regurgitado." A maioria das partículas era fibras sintéticas que vêm de roupas, redes de pesca, escovas de dente e outros produtos feitos de náilon. Outros fragmentos quebrados vinham de pedaços maiores, como embalagens de alimentos e garrafas plásticas. (GALILEU, 2019, p.01)
	As ocorrências cada vez mais frequentes de animais mortos por causa da poluição plástica mostram o grau de contaminação dos oceanos e a situação emergencial a que todos os seres vivos estão expostos. A publicação continua o relato alarmante ao dizer:
Os mamíferos marinhos são bons sentinelas de como os humanos impactam o meio ambiente. Um estudo de 2018 descobriu que os microplásticos estão crescendo na dieta alimentar marinha – desde pequenos animais, como caranguejos e mexilhões, até espécies predadoras, como focas e baleias – por meio do processo de transferência trófica. Cienistas afirmaram ter encontrado microplásticos em quase todas as espécies de animais marinhos observados, "desde pequenos zooplâncton até ictioplânctons, tartarugas, golfinhos, focas e baleias".(GALILEU, 2019, p.01)
Um caso descoberto recentemente foi o de uma baleia, cuja carcaça foi encontrada nas Filipinas. O animal foi encontrado com cerca de 40kg de plástico no estômago, sendo constatada que a causa de sua morte foi essa contaminação. O portal da BBC publicou artigo sobre o caso que trazia detalhes:
O corpo do animal, um macho jovem da espécie "baleia-bicuda-de-cuvier", foi resgatado a leste da cidade de Davao, no sábado, 16, por uma equipe do Museu D'Bone Collector - ONG dedicada a ações de educação sobre a vida selvagem e à recuperação de animais mortos. Em um post no Facebook, a ONG informou que "a causa final da morte da baleia foram 40 quilos de sacolas plásticas, incluindo 16 sacos de arroz, 4 sacos usados em plantações como a de bananas e várias sacolas de compras". (BBC, 2019,p.01)
	A causa da morte da baleia encontrada nas Filipinas por ingestão do poluente foi relatada em publicação do National Geographic, que também anexou uma imagem de um dos pedaços de plástico retirados do estômago do animal:
A baleia-bicuda-de-cuvier, um macho jovem de cerca de 4,5 metros de comprimento e pesando 500 kg, provavelmente morreu de fome e desidratação causadas pelo preenchimento do estômago com o plástico. As baleias absorvem a água do alimento ingerido, e não havia sinais de que os intestinos teriam recebido comida alguma por muitos dias. O corpo dela se autodestruía por dentro: o ácido do estômago, incapaz de romper o resíduo plástico, acabara por fazer furos no revestimento desse órgão. (BORUNDA, 2019,p.01)
	A imagem é o reflexo do grau de poluição a que não só essa espécie, mais todas as outras, estão expostas, e traz à tona a violência com que ocorre a intoxicação e morte dos seres vivos que entram em contato com os fragmentos plásticos despejados nos oceanos:
Figura 3: plástico encontrado em baleia.
Fonte: https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2019/03/jovem-baleia-morreu-com-40-kg-de-plastico-no-estomago-poluicao-filipinas-lixo 3
A publicação evidenciou ainda mais a gravidade do ocorrido, já que além de animais desse porte, os menores também são vítimas diárias dessa contaminação:
Com o crescimento da crise da poluição plástica, cada vez mais golfinhos, baleias, pássaros e peixes são encontrados mortos com os estômagos cheios de plástico. Em 2015, os cientistas estimavam que cerca de 90 por cento de todas as aves marinhas haviam ingerido algum tipo de plástico. A Unesco estima que 100 mil mamíferos marinhos morrem em função da poluição plástica todos os anos.A causa da morte varia. Às vezes, como neste caso, o plástico bloqueia a passagem do alimento do estômago para o intestino, fazendo basicamente o animal passar fome. Em outras ocasiões, os cantos pontiagudos abrem buracos nos órgãos internos. (BORUNDA, 2019, p.01)
Uma pesquisa rápida pela internet mostra a situação caótica que a poluição plástica está provocando cada vez mais nos oceanos, o lixo se integrando cada vez mais ao meio e envenenando-o, aos animais e também às pessoas, que fazem o ciclo seguir seu curso e também ingerem microplástico através dos animais marinhos. 
Veiga relatou em artigo o resultado de uma pesquisa que relata que cada pessoa ingere até 121 mil partículas de plástico por ano, tomando como rumo o questionamento de quanto deste polímero estamos consumindo:
Um grupo de cientistas do Departamento de Biologia da Universidade de Victoria, no Canadá, resolveu fazer um levantamento inédito. Liderados pelo pesquisador Kieran Cox, eles revisaram e compilaram 26 estudos anteriores que analisaram as quantidades de partículas de microplásticos em peixes, moluscos, açúcares, sais, álcoois, água - de torneira e engarrafada - e no próprio ar. Então, usando como base as Diretrizes Alimentares - guia com a recomendação do governo americano -, os cientistas avaliaram quanto desses alimentos costuma ser ingerido por homens, mulheres e crianças por ano. O resultado foi que a ingestão de microplásticos varia de 74 mil a 121 mil partículas por ano, conforme idade e sexo. (VEIGA, 2019, p.01)
	O resultado da pesquisa mostra que os reflexos negativos da poluição dos oceanos atingem diretamente os seres humanos também. O que torna extremamente importante que sejam tomadas providências em todas as áreas sobre esse ciclo de intoxicação em massa.
O DIREITO AMBIENTAL E A POLUIÇÃO PLÁSTICA
O direito ambiental é pautado na busca de proteção do meio ambiente e promoção de uma relação equilibrada entre os seres humanos e este, buscando assimum desenvolvimento sustentável. A poluição plástica tornou-se uma questão importantíssima com o seu aumento ao longo das décadas, e medidas voltadas para conservação e preservação da natureza, além de conscientização de consumo e descarte foram ficando cada vez mais necessárias.
	No Brasil há um conflito ideológico quanto as medidas de diminuição da utilização de plástico. Em 2018, a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu como tema a propagação de plástico no meio ambiente, o que promoveu iniciativas para reduzir sua utilização, especialmente nas áreas em que mais se encontram os poluentes.
	O canudo de plástico virou então alvo das ações de diminuição da poluição, por ser o 7º item mais coletado nos oceanos, como trazem Ziegler e Mendonça de barros:
Dentro desta problemática, o canudo plástico – 7º item mais coletado nos oceanos em todo o mundo no ano passado, segundo dados da ONG Ocean, Conservancy – é um dos assuntos mais discutidos do momento. No Brasil, alguns estados já apontam que os canudinhos estão com os dias contados. No Rio de Janeiro, por exemplo, vereadores aprovaram projeto de lei que obriga bares e restaurantes da cidade a usar canudos de papel biodegradável. De acordo com a proposta, quem descumprir a medida será multado em R$ 3 mil, valor que pode ser multiplicado em caso de reincidência. Se a lei for sancionada pelo prefeito Marcelo Crivella, a cidade será a primeira do país adotar a medida. (ZIEGLER, 2018; MENDONÇA DE BARROS, 2018)
	Ainda sobre o tema, continuam:
Iniciativa semelhante tramita na Câmara Municipal de Curitiba. O projeto, de autoria da vereadora Maria Leticia Fagundes (PV), também pretende banir o uso do canudo plástico em restaurantes, lanchonetes, bares e vendedores ambulantes. Além das multas para quem descumprir a norma, o local perderia a licença de funcionamento até a sua adequação. No contexto mundial, após muita pressão, empresas e governos começaram a se mobilizar, como o caso da gigante Mcdonald’s, que anunciou parar de oferecer canudo de plástico em suas locações britânicas.	(ZIEGLER, 2018; MENDONÇA DE BARROS, 2018)
A tomada de medidas como esta provocou a indústria de plástico no país, que entende que o problema da poluição não mora na disseminação deste, mas no descarte incorreto:
Em contrapartida, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), que representa aproximadamente 12,4 mil empresas e empregam um total de 320 mil pessoas, acredita que o material plástico não seja o principal responsável pela imagem ruim do canudo. A Associação explica que o plástico é formado de polipropileno, um derivado do petróleo, 100% reciclável. Se for descartado corretamente – indo para uma cooperativa, separado corretamente e encaminhado para a fabricação da matéria-prima reciclada – pode ser transformado em novos produtos. Assim, o desafio passa a ser a logística reversa. (ZIEGLER, 2018; MENDONÇA DE BARROS, 2018, grifo nosso)
	A respeito da logística reversa mencionada pela Abiplast, a oceanógrafa Mônica Costa trouxe o entendimento de que a desigualdade social atinge também a possibilidade de aplicação da Logística reversa, pois o acesso à educação, conscientização e meios de descarte adequado de plásticos fica restrita a quem tem um poderio econômico maior:
Quando a garrafa de refrigerante, por exemplo, sai da indústria e vai para o supermercado, ela vai atingir algumas comunidades onde será tratada como um material nobre. Mas essa garrafa também atingirá comunidades, rincões do nosso país, bolsões de pobreza, onde, após ser utilizada, não saberão o que fazer com ela. Por isso, é altíssima a probabilidade de que não haja controle sobre essa garrafa. Se não houver algum tipo de gasto público ou privado para que essa garrafa retorne a uma linha principal de coleta, ela vai se perder. Portanto, é preciso um ajuste tanto do consumidor quanto do produtor. (COSTA, 2018, p.02)
	A respeito do uso de sacolas plásticas na rotina das pessoas, a oceanógrafa traz o entendimento da importância de se discutir todos os tipos comuns de poluentes até que se chegue a uma decisão ecologicamente positiva: 
A discussão em torno do uso da sacola plástica faz parte de um ciclo: agora estamos discutindo o uso de canudos e de cotonetes, mas já tivemos a discussão do copinho e da sacola. Todos esses ciclos vêm e vão, mas o importante é que eles continuem aparecendo e que não deixemos a peteca do debate cair, porque não será no primeiro ciclo de debate que esses itens ou outros semelhantes serão eliminados. Talvez a questão das sacolas terá que ser discutida 20, 30 vezes até chegarmos a uma solução viável. (COSTA, 2018, p.02)
As soluções ambientais no Brasil para promoção da diminuição da poluição marinha, além da propagação da troca pela matéria biodegradável, também encontra espaço na questão do tratamento de esgoto:
O que existe hoje no Brasil é uma obrigação dos municípios, que frequentemente é repassada para os estados e até mesmo para a União, em relação ao tratamento de esgoto e de água da chuva. Existem algumas iniciativas privadas de tratamento de águas no interior, principalmente nas indústrias e agroindústrias, porque elas devem tratar a água antes que ela chegue ao corpo d’água receptor, para não poluir as bacias hidrográficas, que, consequentemente, não deveriam estar poluindo o oceano. . (COSTA, 2018, p.03)
A oceanógrafa continua tratando da importância de se executar o devido manejo dos resíduos:
Existem muitos grupos, até relativamente fortes, que vêm trabalhando em termos de promover a visibilidade e ações de tratamento do problema, como as ações de limpeza que, além de aumentarem a visibilidade dessa situação, começam a convocar as pessoas a experimentarem a dificuldade que é despoluir o mar. Essas iniciativas estão espalhadas por todo o litoral brasileiro e por muitas bacias hidrográficas. Algumas dessas iniciativas vieram — como deveria ser — de baixo para cima na sociedade, brotaram de pessoas que se incomodaram com o assunto e que têm talento mobilizador e conseguiram agregar outras pessoas em torno de si. Outras iniciativas vêm de empresas que viram nisso uma oportunidade de investimento ou uma oportunidade de visibilidade que, aos poucos, vem se transformando em ações. (COSTA, 2018, p.03)
	A questão que se coloca como fundamental é a manipulação correta do plástico, diminuição drástica do descartável e correto descarte, para minimizar o problema dos resíduos.
CONSCIENTIZAÇÃO SOCIAL
	Um dos grandes desafios para a diminuição e luta contra os resíduos plásticos é a conscientização social dos efeitos que eles causam, pois a maioria das pessoas não tem uma percepção do lixo que geram, e no Brasil, com a precariedade de educação, muitas pessoas não refletem sobre como diminuir a quantidade de poluentes na rotina por não compreender a dimensão do problema.
	A falta de entendimento e visão de para onde o lixo que a pessoa produz vai parar a torna dessensibilizada. O caminho que um resíduo vai percorrer depois de sair da vista de quem o produziu é o que mais causa a poluição marinha em números alarmantes, que precisam chegar até a população para instigar a busca por mais conhecimento e providências.
	É evidente a necessidade de campanhas de conscientização e projetos que envolvam a sociedade como um todo no aprendizado do correto descarte e nos métodos alternativos à utilização de plástico, especialmente os descartáveis.
	É preciso fazer com a que a população, a nível mundial, entenda para onde os descartáveis vão, e que, por mais que tenham uma solução imediata e prática, são a causa de danos que duram, literalmente, anos.
	O Senac de São Paulo, em publicação online, trouxe um gráfico explicando basicamente fatos sobre a poluição plástica:
Figura 4: gráfico de poluição plástica
Fonte: https://www.blogsenacsp.com.br/plastico-no-meio-ambiente/4
	A imagem reflete os aspectos mais nocivos da poluição, e funciona como uma alerta para que a informação se espalhe e incentive a sociedade como um todo a compreender a dimensão do impactoque suas atitudes mais básicas de consumo causam.
	Há também diversas ONGs que trabalham para promover a luta pelo equilíbrio ecológico, buscando não só salvar os animais e cuidar do meio, mas incentivar o consumo consciente e o envolvimento da sociedade como um todo na diminuição do consumo de materiais com potencial poluente. 
REFERÊNCIAS
MICHAELIS.COM.sv.”plástico”. Disponível em < http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/plastico/> Acesso em: 01 de junho de 2019.
MUNDO ESTRANHO. Como foi inventado o plástico? Disponível em https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-foi-inventado-o-plastico/. Acesso em: 29 de maio de 2019.
COSTA, Mônica. Plástico: Um dos grandes responsáveis pela poluição marinha. Entrevista concedida a Patrícia Fachin. Disponível em: < http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/580253-plastico-um-dos-grandes-responsaveis-pela-poluicao-marinha-entrevista-especial-com-monica-costa>. Acesso em:02 de junho de 2019..
 
WWF. Plástico vale ouro. Disponível em: < https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/programa_marinho/plasticovaleouro/>. Acesso em: 01 de junho de 2019
OLIVATTO, G.P et al. Microplásticos: Contaminantes de Preocupação Global no Antropoceno. Revista Virtual de Química, [S. l.], 17 dez. 2018. Disponível em: http://rvq.sbq.org.br/imagebank/pdf/MontagnerNoPrelo.pdf. Acesso em: 2 jun. 2019.
REVISTA GALILEU. Todos os mamíferos marinhos têm plástico no organismo, diz pesquisa. Disponível em: < https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2019/02/todos-os-mamiferos-marinhos-tem-plastico-no-organismo-diz-pesquisa.html >. Acesso em: 01 de junho de 2019.
BBC. Plástico no oceano: baleia é encontrada morta com 40 kg de sacolas no estômago. Disponível em: < https://www.bbc.com/portuguese/geral-47614367>. Acesso em: 02 de junho de 2019.
BORUNDA, Alejandra. Jovem baleia morreu com 40 kg de plástico no estômago. Disponível em: <https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2019/03/jovem-baleia-morreu-com-40-kg-de-plastico-no-estomago-poluicao-filipinas-lixo>. Acesso em: 02 de junho de 2019.
VEIGA, Edison. Cada pessoa come até 121 mil partículas de plástico por ano, diz estudo. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-485186 01>. Acesso em: 01 de junho de 2019.
ZEIGLER E MENDONÇA DE BARROS. Direito ambiental: as diferentes perspectivas no combate à poluição plástica. Zmb adv, [S. l.], p. 1, 16 ago. 2018. Disponível em: http://zmb.adv.br/direito-ambiental-as-diferentes-perspectivas-no-combate-a-poluicao-plastica/. Acesso em: 1 jun. 2019.

Outros materiais