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NETO, Moacir; PINHO, Victor. Código de defesa do consumidor (N. 8.078/1990). Fortaleza: Ouse Saber, 2020. Consumidor Direito. Defesa do Consumidor. ISBN:– 978-65-990143-6-9. código de defesa do consumidor (n. 8.078/1990) Moacir Neto Graduado em Direito pela UniFanor | Wyden Defensor Publico de Mato Grosso Especialista em Ciências Penais Victor Pinho Graduado em Direito pelo Centro Universitário Farias Brito Aprovado no concurso de Juiz do TJ.CE Assessor Jurídico com atuação em vara criminal #LEGIS Proposta do Legis A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur- sos públicos do país. Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públi- cos, bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei é que, cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova objetiva, o conhecimento adequado da legislação. Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante. Para vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legis- lação. No Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na preparação para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários rápidos e objetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamen- to do conteúdo estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e organização do estudo da lei em formato de plano dividido por dias. É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e agradável possível. Bons estudos e Ouse Saber! Filippe Augusto Defensor Público Federal Mestre e Doutor em Direito Coordenador do Legis 4 #LEGIS Sumário Plano de Leitura da Lei: Dia 01........................................................................... Dos Arts. 1º ao 4º Dia 02....................................................................... Dos Arts. 12º ao 27º Dia 03....................................................................... Dos Arts. 28º ao 45º Dia 04....................................................................... Dos Arts. 46º ao 80º Dia 05..................................................................... Dos Arts. 81º ao 119º 54 #LEGIS 5 DIA 1 Disciplina: Direito do Consumidor. Responsável: Prof. Moacir Neto. Dia 01: Do Art. 1ª ao 4º. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 TÍTULO I Dos Direitos do Consumidor CAPÍTULO I Disposições Gerais Art. 1° O presente código estabelece nor- mas de proteção e defesa do consumidor, de or- dem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. Comentários: Art. 5º (...) XXXII - o Estado promo- verá, na forma da lei, a defesa do consumidor; Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, ela- borará código de defesa do consumidor. Comentários: lei de ordem pública pode ser con- ceituada como toda lei imperativa ou proibitiva que organiza, disciplina e garante as condições existenciais da sociedade e o seu funcionamen- to, que defende o interesse de todos, e não pode ser alterada pela vontade ou por convenções dos particulares. Jurisprudência: São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam valores básicos e fundamentais da ordem jurídica do Estado So- cial, daí a impossibilidade de o consumidor delas abrir mão ex ante e no atacado (STJ, REsp 586316/ MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/03/2009). Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou ser- viço como destinatário final. Comentários: o artigo 2º, caput, do CDC traz a figura do consumidor stricto sensu ou standard. É entendimento da doutrina que o caput do arti- go tem relação com o elemento teleológico: uso como destinatário final. Assim, se ocorrer de uma empresa utilizar os serviços ou aquisição de pro- dutos com o fim de incremento da atividade pro- dutiva, isto é, como insumo, não será caracteriza- da a relação de consumo, e devem ser afastadas as normas protetivas do CDC. Jurisprudência: Em regra, a jurisprudência do STJ afirma que o art. 2º deve ser interpretado de forma restritiva e que deve ser considerado des- tinatário final tão somente o destinatário fático e econômico do bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica. Com isso, em regra, fica excluí- do da proteção do CDC o consumo intermediário, assim entendido como aquele cujo produto re- torna para as cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço final) de um novo bem ou serviço (Min. Nancy Andrighi). Embora consagre o critério finalista para inter- pretação do conceito de consumidor, a jurispru- dência do STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor desse critério para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre os adquirentes e os for- necedores em que, mesmo o adquirente utilizan- do os bens ou serviços para suas atividades eco- nômicas, fique evidenciado que ele apresenta vulnerabilidade frente ao fornecedor. Diz-se que isso é a teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada. Em suma, a teoria finalista mitigada, abrandada ou aprofundada consiste na possibilidade de se admitir que, em determinadas hipóteses, a pes- soa, mesmo sem ter adquirido o produto ou ser- viço como destinatária final, possa ser equipara- da à condição de consumidora, por apresentar frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade. Nesse sentido: REsp 1.195.642/RJ, Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em 13/11/2012. São espécies de vulnerabilidade: a) Jurídica: A vulnerabilidade jurídica ou científica pressupõe falta de conhecimento jurídico, contábil ou econômico. A vulnera- bilidade jurídica é presumida no caso do consumidor não-profissional. b) Fática (ou socioeconômica): A vulnera- bilidade fática ou socioeconômica abrange #LEGIS 6 situações em que a insuficiência econômi- ca, física ou até mesmo psicológica do con- sumidor o coloca em desigualdade frente ao fornecedor. c)Informacional: Trata-se de uma nova ca- tegoria, antes enquadrada como vulnera- bilidade técnica. A vulnerabilidade infor- macional ocorre quando o consumidor não detém as informações suficientes para rea- lizar o processo decisório de aquisição ou não do produto ou serviço. Parágrafo único. Equipara-se a consumi- dor a coletividade de pessoas, ainda que inde- termináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Comentários: O parágrafo único traz a figura do consumidor em sentido coletivo. A finalidade da equiparação é instrumental: viabilizar a tutela coletiva dos interesses dos consumidores, deter- mináveis ou não, sem que para isso se exija a prá- tica de um ato de consumo Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou es- trangeira, bem como os entes despersonaliza- dos, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comer- cialização de produtos ou prestação de servi- ços. Comentários: Fornecedor é quem “desenvolve atividade”. Exige-se habitualidade (que não se confunde com profissionalismo), excluindo-se da legislação consumerista os contratos celebra- dos entre consumidores ou entre o consumidor e o comerciante que age fora da sua atividade-fim. Súmulas: Súmula 297, STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições fi- nanceiras. Súmula 602, STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos empreendi- mentos habitacionais promovidos pelas sociedades cooperativas. Súmula 608, STJ: Aplica-se o Código de De- fesa do Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo os administrados por enti- dades de autogestão.Súmula 563, STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades aber- tas de previdência complementar, não inci- dindo nos contratos previdenciários cele- brados com entidades fechadas. § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade forne- cida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitá- ria, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Comentários: No que se refere aos serviços gra- tuitos, só são excluídos se forem pura ou intei- ramente gratuitos. Se houver uma remuneração indireta (serviços aparentemente gratuitos), im- põe-se a incidência do CDC. São aparentemente gratuitos, dentre outros: Transporte coletivo para maiores de 65 anos: há uma remuneração por parte da coletividade de usuários, que, de uma certa forma, submetem- se a uma tarifa maior para que a gratuidade seja le- vada a efeito; Estacionamentos gratuitos em supermercados, shopping centers, etc.: há uma intenção de remu- neração, pois o objetivo é atrair o consumidor ao estabelecimento. O fornecedor obtém benefícios indiretos. A empresa responde, perante o cliente, pela reparação do dano ou furto de veículo ocor- rido em seu estacionamento (súmula 130 do STJ), ainda que o consumidor nada tenha consumido; Associação que presta serviços médicos gratui- tos a seus associados: é evidente a remuneração indireta, porquanto esse tipo de associação é mantida pelo dinheiro captado dos próprios as- sociados; Empresa de captação e fornecimento de sangue doado: com efeito, embora o doador não receba nenhuma remuneração e o sangue não possa ser comercializado, o certo é que há uma remunera- ção indireta, pois, a infraestrutura é mantida pelo preço embutido noutros serviços. 76 #LEGIS 7 Anotações sobre os artigos anteriores: Para Fixação: Foi considerada INCORRETA a seguinte alternati- va na prova do TJ/BA – Juiz de Direito Subtituto – BA/2012 – CESPE: “Segundo a corrente finalista ou subjetiva, o destinatário final é o destinatário fático, não importando a destinação econômica dada ao bem nem se aquele que adquire o pro- duto ou o serviço tem, ou não, finalidade de lu- cro”. Foi considerada CORRETA a seguinte alternativa pela banca CESPE na prova para cargo de Juiz Federal – TRF-1 – Ano - 2015: “O fornecedor equi- parado é o terceiro intermediário ou aquele que auxilia na relação de consumo principal, a exem- plo dos bancos de dado nos serviços de proteção ao crédito.” Foi considerada INCORRETA a seguinte alternati- va no concurso MP/Piauí – 2002: “Em se tratando de produto industrial, ao fornecedor cabe prestar as informações relativas à saúde e à segurança nas relações de consumo, através de impressos que devam acompanhar o produto.” Foi considerada CORRETA a seguinte alternativa na prova para cargo de Promotor de Justiça – MPE – SC – SC/2013: “Ainda que no conceito de serviço presvisto no art. 3º, § 2º, do CDC esteja in- serido o requisito de que seja prestado mediante remuneração para que seja considerado como relação de consumo, também devem ser consi- derados os serviços oferecidos por meio de re- muneração indireta, partindo do pressuposto de que toda atuação do fornecedor no mercado de consumo tem por objetivo a obtenção de vanta- gem econômica”. Anotações: #LEGIS 8 CAPÍTULO II Da Política Nacional de Relações de Consumo Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparên- cia e harmonia das relações de consumo, aten- didos os seguintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; Comentários: A vulnerabilidade é o que justifica a intervenção do Estado no contrato, mediante edição de normas cogentes, cujo objetivo é o res- tabelecimento do equilíbrio da relação ali esta- belecida. Ressalta-se que há presunção legal absoluta de vulnerabilidade quando se tratar de consumidor pessoa física. Ou seja, em qualquer relação de consumo, a vulnerabilidade do consumidor é presumida pela lei, sem possibilidade de afasta- mento. Porém, em relação às pessoas jurídicas, a incidência do CDC em seu favor somente seria viável quando demonstrada a sua situação de vulnerabilidade. Ou seja, a pessoa jurídica, para ser reconhecida como vulnerável, deverá demonstrar no caso concreto a presença de alguma das espécies de vulnerabilidade. Além disso, existe a hipervulnerabilidade: vul- nerabilidade agravada por alguma circunstância fática e objetiva, como no caso de doença, gravi- dez, turistas, crianças e idosos, podendo ser per- manente ou temporária. Assim, o fornecedor poderia se aproveitar dessas condições e oferecer contratações abusivas, e o consumidor aceitaria sem tomar as devidas cau- telas. Importante ressaltar a diferença entre vulnera- bilidade e hipossuficiência, sendo a primeira um fenômeno de direito material com presunção ab- soluta – jure et de juris – enquanto a segunda, é um fenômeno processual que deverá ser analisa- do pelo juiz segundo as regras de experiência. A hipossuficiência não é requisito das relações de consumo. II - ação governamental no sentido de pro- teger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos à criação e desenvolvi- mento de associações representativas; c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, se- gurança, durabilidade e desempenho. III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consu- midor com a necessidade de desenvolvi- mento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constitui- ção Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumido- res e fornecedores; IV - educação e informação de fornecedo- res e consumidores, quanto aos seus di- reitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de quali- dade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; VI - coibição e repressão eficientes de to- dos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e cria- ções industriais das marcas e nomes co- merciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; VII - racionalização e melhoria dos servi- ços públicos; VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo. Art. 5° Para a execução da Política Nacio- nal das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros 98 #LEGIS 9 I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor ca- rente; II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Mi- nistério Público; III - criação de delegacias de polícia espe- cializadas no atendimento de consumido- res vítimas de infrações penais de consu- mo; IV - criação de Juizados Especiais de Pe- quenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de De- fesa do Consumidor. Anotações sobre os artigos anteriores: Para Fixação: Foi considerada FALSA a alternativa na prova para cargo de promotor de justiça – MPE-GO – Ano: 2016: “Por serem os princípios da hipossufi- ciência e da vulnerabilidade conceitos jurídicos, pode-se afirmar que todo consumidor é vulnerá- vel e, logicamente, hipossuficiente”. A banca CESPE considerou CORRETA a alternativa na prova para cargode juiz do TJ/PA – Ano 2012: “O CDC autoriza a intervenção direta do Estado no domínio econômico, para garantir a proteção efetiva do consumidor.” Anotações: #LEGIS 10 CAPÍTULO III Dos Direitos Básicos do Consumidor Art. 6º São direitos básicos do consumidor: Comentários: O artigo 6º traz, nos seus dez inci- sos, a síntese dos direitos que estão postos à dis- posição do consumidor. Observe que o mencio- nado artigo apenas trata sobre as regras gerais, sendo posteriormente detalhados os direitos no artigo 8º do CDC. I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços consi- derados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o con- sumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com es- pecificação correta de quantidade, carac- terísticas, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os ris- cos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência Jurisprudência: [...] O direito à informação visa a assegurar ao consumidor uma escolha cons- ciente, permitindo que suas expectativas em relação ao produto ou serviço sejam de fato atingidas, manifestando o que vem sendo deno- minado de “consentimento informado” ou “von- tade qualificada” (Resp 1121275/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, 3ª T. julgado em 27/03/2012, DJe 17/04/2012). IV - a proteção contra a publicidade enga- nosa e abusiva, métodos comerciais coer- citivos ou desleais, bem como contra prá- ticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; Artigo correspondente: Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1° É enganosa qualquer modalidade de infor- mação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de indu- zir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, proprie- dades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade dis- criminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e expe- riência da criança, desrespeita valores ambien- tais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de infor- mar sobre dado essencial do produto ou serviço. V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; Comentários: A primeira parte do inciso diz res- peito ao instituto da lesão no Código de Defesa do Consumidor, ensejando o direito de modifi- cação da cláusula contratual. Salienta-se que, de acordo com o CDC, basta a desproporção entre as prestações para ser possível a modificação da cláusula contratual, sendo dispensável qualquer requisito subjetivo. Difere-se, assim, a lesão do CDC da lesão do CC, já que pelo Código Civil, para a caracterização da lesão, é necessário que haja premente necessidade ou inexperiência da parte lesada. Comentários: a segunda parte do inciso V diz respeito à onerosidade excessiva, ensejando o direito à revisão das cláusulas contratuais em razão de fatos supervenientes que as tornem ex- cessivamente onerosas. O Código de Defesa do Consumidor adota a teo- ria do rompimento da base objetiva do negócio jurídico, dispensando a imprevisibilidade do fato posterior, ou seja, basta que o fato superveniente altere objetivamente as bases pelas quais as par- tes contrataram, tornando o contrato excessiva- mente oneroso para o consumidor. Difere, desse modo, da teoria da imprevisão ado- tada pelo Código Civil, segundo a qual é possível a revisão do contrato em razão de algum fato superveniente imprevisível que o torne excessi- vamente oneroso. Além disso, o CDC não exige que haja extrema vantagem para a outra parte, 1110 #LEGIS 11 ao contrário do que preceitua o artigo 478 do Có- digo Civil. Jurisprudência: “O preceito insculpido no inciso V do artigo 6º do CDC dispensa a prova do caráter imprevisível do fato superveniente, bastando a demonstração objetiva da excessiva onerosidade advinda para o consumidor” (STJ, REsp 370598/ RS, DJ 01.04.2002, Rel. Min. Nancy Andrighi). VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e ad- ministrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegu- rada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direi- tos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quan- do, a critério do juiz, for verossímil a ale- gação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de expe- riências; Comentários: O CDC adotou a regra da distribui- ção dinâmica do ônus da prova, podendo o ma- gistrado redistribuir (inverter) o ônus da prova, caso seja verificada a verossimilhança da alega- ção ou hipossuficiência do consumidor. Jurisprudência: A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6°, VIII, do CDC, não ocorre ope legis, mas ope judicis, vale dizer, é o juiz que, de forma prudente e fundamentada, aprecia os as- pectos de verossimilhança das alegações do con- sumidor ou de sua hipossuficiência. (Tese 03 da edição nº 39 da Jurisprudência em Teses do STJ). INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Ope Judicis Ope Legis Artigo 6º, VIII Art. 12, § 3º, II Art. 14, § 3º, I Art. 38 IX - (Vetado); X - a adequada e eficaz prestação dos ser- viços públicos em geral. Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de re- gulamentos expedidos pelas autoridades admi- nistrativas competentes, bem como dos que de- rivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e eqüidade. Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. Anotações sobre os artigos anteriores: #LEGIS 12 Para Fixação: A banca CESPE, em 2007, no concurso do TJ/AC, considerou CORRETA a seguinte assertiva: “se- gundo o entendimento jurisprudencial do STJ, os contratos de seguro por danos pessoais abran- gem automaticamente os danos patrimoniais e morais”. A banca CESPE na prova para Defensoria Pública/ AL – Ano: 2009, considerou CORRETA a seguinte alternativa: “O preceito do CDC de que constitui direito básico do consumidor a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam presta- ções desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessi- vamente onerosas dispensa a prova do caráter imprevisível do fato superveniente, bastando a demonstração objetiva da excessiva onerosidade advinda para o consumidor”. A banca CESPE na prova para Defensor Público – SE/2012, considerou ERRADA a seguinte asser- tiva: “De acordo com decisão pacificada no STJ, a inversão do ônus da prova do direito consume- rista é regra de julgamento, ou seja, deve ser ana- lisada na sentença” Anotações: CAPÍTULO IV Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos SEÇÃO I Da Proteção à Saúde e Segurança Comentários: Os artigos 8º, 9º e 10, todos doCDC, cuidam da responsabilidade “pós-contra- tual”. Assim, o fornecedor, mesmo já havendo lançado o produto ou serviço ao mercado de consumo, continua sendo responsável pelo alto grau de periculosidade ou nocividade que aquele possua. Serão três os tipos de modalidades de riscos: a) risco tolerado (artigo 8º); b) periculosidade ou nocividade potencial (artigo 9º) e c) periculosidade adquirida ou alto grau de nocividade (artigo 10). Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, ex- ceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigan- do-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. § 1º Em se tratando de produto industrial, ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, através de im- pressos apropriados que devam acompa- nhar o produto. (Redação dada pela Lei nº 13.486, de 2017) § 2º O fornecedor deverá higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e adequa- da, quando for o caso, sobre o risco de con- taminação. (Incluído pela Lei nº 13.486, de 2017) Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira os- 1312 #LEGIS 13 tensiva e adequada, a respeito da sua nocivida- de ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. Jurisprudência: (...) 3. O comando do art. 9º, do Código do Consumidor, indica os direitos básicos do consumidor à informação adequada e clara sobre o produto e sobre os riscos que apresen- ta, sobretudo, tratando-se de produto poten- cialmente nocivo à saúde, cuja informação deve ser feita de maneira ostensiva, a despeito da Lei 9.294/96 ter deixado de classificar como alcoóli- cas as bebidas com teor menor que 13 graus Gay Lussac, desviando-se das políticas públicas res- pectivas. 4. Assegurado o alerta básico em todos os co- merciais de produtos alcoólicos, sobre o seu teor alcoólico, de que o consumo de bebidas em ex- cesso pode causar dependência, não deve ser consumido por gestantes e de que é proibida a venda para menores de 18 anos. (...) (trf 4º r., AC 2002.04.04.000611-1 – PR – 3ª T. – Relª Deª Fede- ral Inge Barth Tessler, DJ 30.4.2003). Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. § 1° O fornecedor de produtos e serviços que, posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deve- rá comunicar o fato imediatamente às au- toridades competentes e aos consumido- res, mediante anúncios publicitários. § 2° Os anúncios publicitários a que se refere o parágrafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e televisão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. § 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a respeito. Jurisprudência: - A circunstância de o adquiren- te não levar o veículo para conserto, em atenção a RECALL, não isenta o fabricante da obrigação de indenizar. (STJ, REsp 1010392 / RJ Rel. Min. Humberto Gomes de Barros). Veja que o acórdão foi minucioso em sua argu- mentação, citando, inclusive, casos semelhantes em outros Estados da Federação; esclarecen- do que o procedimento Recall é muito comum, atualmente, entre as fábricas de automóveis; que só haveria culpa do consumidor, caso ele não atendesse ao chamado da fábrica para o conser- to da peça, mas que, como a correspondência foi enviada muito após o evento danoso, o consu- midor fica isento de qualquer responsabilidade; além de outros fundamentos, conforme podem ser constatados às fls. 426/434. (STJ, AgRg no Ag 555049/ PB, voto do Min. Rel. Aldir Passarinho Jú- nior, DJ 23.8.04). Art. 11. (Vetado). Para Fixação: Foi considerada CORRETA a seguinte assertiva pela banca CESPE na prova para cargo de Juiz Substituto – TJ – AM – Ano: 2016 “O recall efetua- do pelo fornecedor mediante anúncios publicitá- rios não afasta a sua obrigação de reparar o con- sumidor na hipótese de fato do produto pretérito decorrente desse defeito”. Anotações: #LEGIS 14 DIA 2 Disciplina: Direito do Consumidor. Responsável: Prof. Moacir Neto. Dia 02: Do Art. 12º ao 27º. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 SEÇÃO II Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço Comentários: o CDC, ao adotar a premissa da responsabilidade objetiva, quebra a regra da res- ponsabilidade subjetiva prevista no CC, fundada na culpa lato sensu, que engloba o dolo (inten- ção de causar prejuízo por ação ou omissão vo- luntária) e a culpa stricto sensu (desrespeito a um dever preexistente, seja ele legal, contratual ou social). A responsabilidade civil do fornecedor apresen- ta-se com a seguinte divisão: a) responsabilidade pelo fato do produto (art. 12). b) responsabilidade pelo fato do serviço (art. 14). c) responsabilidade pelo vício do produto (arts. 18 e 19). d) responsabilidade pelo vício do serviço (art. 20). Responsabilidade pelo vício do produto. Há solidariedade entre fabricante e comerciante. Responsabilidade pelo fato do produto ou de- feito. Não há solidariedade entre fabricante e co- merciante. Presente uma responsabilida- de direta ou imediata do fabricante e uma responsabilidade sub- sidiária ou mediata do comerciante. Responsabilidade civil pelo vício do serviço. Há solidariedade entre todos os envol- vidos na prestação. Responsabilidade civil pelo fato do serviço. Há solidariedade entre todos os envol- vidos na prestação. Art. 12. O fabricante, o produtor, o cons- trutor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de proje- to, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamen- to de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utiliza- ção e riscos. § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitima- mente se espera, levando-se em considera- ção as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circu- lação. § 2º O produto não é considerado defeituo- so pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabili- zado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 13. O comerciante é igualmente res- ponsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identifica- dos; II - o produto for fornecido sem identifica- ção clara do seu fabricante, produtor, cons- trutor ou importador; 1514 #LEGIS 15 III - não conservar adequadamente os pro- dutos perecíveis. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pa- gamento ao prejudicado poderá exercer o direi- to de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. Comentários: a responsabilidade do comercian- te é objetiva e somente ocorre quando verifica- das as hipóteses dos incisos deste artigo. Nessas hipóteses, outrossim, o comerciante responderá solidariamente aos demais integrantes da cadeia de consumo, ressalvada a hipótesede culpa ex- clusiva. Jurisprudência: 1. A Constituição Federal/88 elegeu a defesa do consumidor como fundamen- to da ordem econômica pátria, inciso V do art. 170, possibilitando, assim, a criação de autar- quias regulatórias como o INMETRO, com com- petência fiscalizatória das relações de consumo sob aspectos de conformidade e metrologia. 2. As violações a deveres de informação e de trans- parência quantitativa representam também ilíci- tos administrativos de consumo que podem ser sancionados pela autarquia em tela. 3. A respon- sabilidade civil nos ilícitos administrativos de consumo tem a mesma natureza ontológica da responsabilidade civil na relação jurídica base de consumo. Logo, é, por disposição legal, so- lidária. 4. O argumento do comerciante de que não fabricou o produto e de que o fabricante foi identificado não afasta a sua responsabilidade administrativa, pois não incide, in casu, o § 5º do art. 18 do CDC. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 1118302 SC 2009/0082309-1, Relator: Mi- nistro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamen- to: 01/10/2009, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 14/10/2009) Art. 14. O fornecedor de serviços respon- de, independentemente da existência de cul- pa, pela reparação dos danos causados aos con- sumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficien- tes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Comentários: No fato do serviço ou defeito, há evidente solidariedade entre todos os envolvidos na prestação, não havendo a mesma diferencia- ção para o comerciante prevista para o fato do produto, na esteira do que consta dos artigos 12 e 13 do CDC. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consi- deração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido. § 2º O serviço não é considerado defeituo- so pela adoção de novas técnicas. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. Jurisprudência: - Enunciado n. 460 da V Jornada de Direito Civil: a responsabilidade subjetiva do profissional da área da saúde, nos termos do art. 951 do Código Civil e do art. 14, § 4º, do Código de Defesa do Consumidor, não afasta a sua respon- sabilidade objetiva pelo fato da coisa da qual tem a guarda, em caso de uso de aparelhos ou instru- mentos que, por eventual disfunção, venham a causar danos a pacientes, sem prejuízo do direito regressivo do profissional em relação ao fornece- dor do aparelho e sem prejuízo da ação direta do paciente, na condição de consumidor, contra tal fornecedor. Jurisprudência: O médico deverá ser condena- do a pagar indenização por danos morais ao pa- ciente que teve sequelas em virtude de compli- cações ocorridas durante a cirurgia caso ele não tenha explicado ao paciente os riscos do proce- dimento. O dever de informar é dever de conduta decor- rente da boa-fé objetiva e sua simples inobser- #LEGIS 16 vância caracteriza inadimplemento contratual, fonte de responsabilidade civil per se. A indeni- zação, nesses casos, é devida pela privação sofri- da pelo paciente em sua autodeterminação, por lhe ter sido retirada a oportunidade de ponderar os riscos e vantagens de determinado tratamen- to que, ao final, lhe causou danos que poderiam não ter sido causados caso não fosse realizado o procedimento, por opção do paciente. O dever de informação é a obrigação que possui o médico de esclarecer o paciente sobre os ris- cos do tratamento, suas vantagens e desvanta- gens, as possíveis técnicas a serem empregadas, bem como a revelação quanto aos prognósticos e aos quadros clínico e cirúrgico, salvo quando tal informação possa afetá-lo psicologicamente, ocasião em que a comunicação será feita a seu representante legal. Para que seja cumprido o dever de informação, os esclarecimentos deverão ser prestados de forma individualizada em relação ao caso do pa- SITUAÇÃO FORNECEDOR RESPONDE? EXPLICAÇÃO Furto ou roubo no cofre do banco que estava loca- do para guardar bens de cliente. SIM O roubo ou furto praticado contra instituição financeira e que atinge o cofre locado ao cliente constitui risco assumido pelo banco, sendo algo próprio da atividade empresarial, configu- rando, assim, hipótese de fortuito interno, que não exclui o dever de indenizar (REsp 1250997/SP, DJe 14/02/2013). Cliente roubado no inte- rior da agência bancária. SIM Há responsabilidade objetiva do banco em razão do risco inerente à atividade bancária (art. 927, p. ún., CC e art. 14, CDC) (REsp 1.093.617-PE, DJe 23/03/2009). Cliente roubado na rua, após sacar dinheiro na agência. NÃO Se o roubo ocorre em via pública, é do Estado (e não do banco) o dever de garantir a segurança dos cidadãos e de evitar a atuação dos criminosos (REsp 1.284.962-MG, DJe 04/02/2013). Cliente roubado no esta- cionamento do banco. SIM O estacionamento pode ser considerado como uma exten- são da própria agência (REsp 1.045.775-ES, DJe 04/08/2009). ciente, não se mostrando suficiente a informação genérica (blanket consent). O ônus da prova quanto ao cumprimento do de- ver de informar e obter o consentimento infor- mado do paciente é do médico ou do hospital, orientado pelo princípio da colaboração pro- cessual, em que cada parte deve contribuir com os elementos probatórios que mais facilmen- te lhe possam ser exigidos. STJ. 4ª Turma. REsp 1540580-DF, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desem- bargador Convocado do TRF 5ª Região), Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/08/2018 (Info 632). Art. 15. (Vetado). Art. 16. (Vetado). Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equi- param-se aos consumidores todas as vítimas do evento. Se liga na tabela a seguir: 1716 #LEGIS 17 Roubo ocorrido no esta- cionamento privado que é oferecido pelo banco aos seus clientes e adminis- trado por uma empresa privada. SIM Tanto o banco como a empresa de estacionamento têm res- ponsabilidade civil, considerando que, ao oferecerem tal serviço especificamente aos clientes do banco, assumiram o dever de segurança em relação ao público em geral (Lei 7.102/1983), dever este que não pode ser afastado por fato doloso de terceiro. Logo, não se admite a alegação de caso fortuito ou força maior já que a ocorrência de tais eventos é previsível na atividade bancária (AgRg nos EDcl no REsp 844186/RS, DJe 29/06/2012). Passageiro roubado no interior do transporte co- letivo (exs.: ônibus, trem etc.). NÃO Constitui causa excludente da responsabilidade da empresa transportadora o fato inteiramente estranho ao transporte em si, como é o assalto ocorrido no interior do coletivo (AgRg no Ag 1389181/SP, DJe 29/06/2012). Cliente roubado no pos- to de gasolina enquanto abastecia seu veículo. NÃO Tratando-se de postos de combustíveis, a ocorrência de rou- bo praticado contra clientes não pode ser enquadrado, em regra, como um evento que esteja no rol de responsabilida- des do empresário para com os clientes, sendo essa situação um exemplo de caso fortuito externo, ensejando-se, por con- seguinte, a exclusão da responsabilidade (REsp 1243970/SE, DJe 10/05/2012). Fonte: DizeroDireito VÍCIO (VÍCIO DO PRODUTO) DEFEITO (FATO DO PRODUTO) Vício é a inadequação do produ- to ou serviço para os fins a que se destina. É uma falha ou deficiên- cia que compromete o produto em aspectos como a quantidade, a qualidade, a eficiência etc. Restringe-se ao próprio produto e não aos danos que ele pode ge- rar para o consumidor Ex: Paulo compra um Playstation® e ele não “roda” todos os jogos. O art. 12, § 1º do CDC afirma que defeito diz respeitoa circunstâncias que gerem a insegurança do produto ou serviço. Está relacionado, por- tanto, com o acidente de consumo. Ex: Paulo compra um Playstation®, ele liga o aparelho, começa a jogar e, de repente, o videogame esquenta muito e explode, ferindo-o. No entanto, a doutrina e o STJ entendem que o conceito de “fato do produto” previsto no § 1º do art. 12 pode ser lido de forma mais ampla, abrangendo todo e qualquer vício que seja grave a ponto de ocasionar dano indenizável ao patrimônio material ou moral do consumidor. Desse modo, mesmo o produto/serviço não sendo “inseguro”, isso po- derá configurar “fato do produto/serviço” se o vício for muito grave a ponto de ocasionar dano material ou moral ao consumidor. Foi nesse sentido que o STJ enquadrou o caso acima (do piso de cerâmica) como sendo hipótese de fato do produto. Prazo para reclamar sobre os ví- cios é decadencial: • 30 dias para serviços e produtos não duráveis; • 90 dias para serviços e produtos duráveis. O p;razo para ações de reparação por danos causados por fato do pro- duto ou do serviço prescreve em 5 anos. Fonte: DizeroDireito #LEGIS 18 SEÇÃO III Da Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou ina- dequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotu- lagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. Comentários: A responsabilidade civil dos for- necedores pelos vícios do produto ou serviço é objetiva, inclusive para os profissionais liberais, pois a exceção prevista no § 1º do art. 14 do CDC é restrita aos “acidentes de consumo”, isto é, aos danos pessoais oriundos do fato do serviço, e não aos danos meramente econômicos que ad- vém dos vícios do serviço. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo má- ximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 2° Poderão as partes convencionar a re- dução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser infe- rior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em se- parado, por meio de manifestação expres- sa do consumidor. § 3° O consumidor poderá fazer uso ime- diato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do ví- cio, a substituição das partes viciadas pu- der comprometer a qualidade ou caracte- rísticas do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. Comentários: Em regra, o ajuizamento de uma dessas ações só será possível se o fornecedor não sanar o vício, reparando a coisa, no prazo de 30 dias. Este prazo, que é de garantia, pode ser am- pliado, no contrato, para o máximo de 180 dias ou diminuído para até 07 dias. Trata-se de um prazo de garantia, é impeditivo, portanto, do iní- cio da fluência do prazo decadencial. Jurisprudência: Se o produto que o consumidor comprou apresenta um vício, ele tem o direito de ter esse vício sanado no prazo de 30 dias (art. 18, § 1º do CDC). Para tanto, o consumidor pode es- colher para quem levará o produto a fim de ser consertado: a) para o comerciante; b) para a as- sistência técnica ou c) para o fabricante. Em ou- tras palavras, cabe ao consumidor a escolha para exercer seu direito de ter sanado o vício do pro- duto em 30 dias: levar o produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabrican- te. STJ. 3ª Turma.REsp 1634851-RJ, Rel. Min. Nan- cy Andrighi, julgado em 12/09/2017 (Info 619). § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por ou- tro de espécie, marca ou modelo diver- sos, mediante complementação ou resti- tuição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o con- sumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu pro- dutor. § 6° São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade es- tejam vencidos; II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, cor- rompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em de- sacordo com as normas regulamentares 1918 #LEGIS 19 de fabricação, distribuição ou apresenta- ção; III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. Art. 19. Os fornecedores respondem soli- dariamente pelos vícios de quantidade do pro- duto sempre que, respeitadas as variações decor- rentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem pu- blicitária, podendo o consumidor exigir, alter- nativamente e à sua escolha: I - o abatimento proporcional do preço; II - complementação do peso ou medida; III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior. Comentários: no vício de quantidade não há de se falar em prazo de 30 dias para sanar a irregu- laridade, podendo o consumidor ajuizar uma das quatro ações judiciais mencionadas. O CDC só prevê o vício de quantidade do produto, mas por analogia aplica-se também aos vícios de quanti- dade do serviço. § 2° O fornecedor imediato será respon- sável quando fizer a pesagem ou a medi- ção e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impró- prios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da dispari- dade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capaci- tados, por conta e risco do fornecedor. § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que ra- zoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regu- lamentares de prestabilidade. Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de re- posição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabri- cante, salvo, quanto a estes últimos, autoriza- ção em contrário do consumidor. Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumpri- mento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compeli- das a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código. Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os víciosde qualidade por inadequação dos pro- dutos e serviços não o exime de responsabilida- de. Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expres- so, vedada a exoneração contratual do fornece- dor. Comentários: O prazo para reclamar o cumpri- mento da garantia legal está previsto no art. 26, do CDC, sendo de 90 dias caso o serviço ou pro- duto seja durável e de 30 dias caso o serviço ou produto seja não durável. Cumpre observar que, #LEGIS 20 além da garantia legal, é facultado às partes da relação consumerista avençar a garantia con- tratual. A garantia contratual é complementar a garantia legal, devendo ser contratada mediante termo escrito, não sendo obrigatória como a ga- rantia legal. Ademais, vale ressaltar que, no caso de contratação da garantia contratual, o prazo somente inicia após o término da garantia legal (obrigatória). Ou seja, caso o indivíduo adquira um bem durável e contrate a garantia contratual de 1 ano, seu prazo total de garantia será de 1 ano e 90 dias. GARANTIA LEGAL GARANTIA CONTRATUAL Decorre diretamente da lei Decorre do acordo/con- trato entre as partes Obrigatória Optativa Inicia na entrega do produto ou notérmi- no do serviço Inicia após o término da garantia legal Independe da vonta- de das partes Depende da vontade das partes Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas se- ções anteriores. § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responde- rão solidariamente pela reparação previs- ta nesta e nas seções anteriores. § 2° Sendo o dano causado por compo- nente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação. Anotações gerais: Para Fixação: Ano: 2014 / Banca: FCC / Órgão: MPE-PE / Prova: FCC - 2014 - MPE-PE - Promotor de Justiça De acordo com o Código de Defesa do Consumi- dor, a responsabilidade civil pelo fato do produ- to, em virtude de danos causados aos consumi- dores, é, como regra geral, do a) fabricante e do comerciante solidariamente. b) fabricante, apenas. c) fabricante e, subsidiariamente, do comercian- te. d) comerciante e, subsidiariamente, do fabrican- te. e) comerciante, apenas. Anotações: Gabarito: C 2120 #LEGIS 21 SEÇÃO IV Da Decadência e da Prescrição Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de forneci- mento de serviço e de produtos duráveis. § 1° Inicia-se a contagem do prazo deca- dencial a partir da entrega efetiva do pro- duto ou do término da execução dos ser- viços. Jurisprudência: O STJ entende que o prazo para ajuizar ação indenizatória por danos causados por vício do produto ou do serviço é o prazo de- cadencial do art. 26 e não o prazo prescricional do art. 27. A ação de indenização é uma ação con- denatória, passível de prescrição, mas, como os danos são decorrentes de vícios do produto ou do serviço, o STJ entende que são aplicáveis os prazos decadenciais (Info 224). Súmula: Súmula 477 do STJ: A decadência do artigo 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter esclarecimentos sobre cobran- ça de taxas, tarifas e encargos bancários. § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente for- mulada pelo consumidor perante o forne- cedor de produtos e serviços até a respos- ta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado). III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. Súmula: Não tem direito à reparação de perdas e danos decorrentes do vício do produto o consu- midor que, no prazo decadencial, não provocou o fornecedor para que este pudesse sanar o vício. STJ. 3ª Turma. REsp 1520500-SP, Rel. Min. Mar- co Aurélio Bellizze, julgado em 27/10/2015 (Info 573). § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Jurisprudência: O Código de Defesa do Consu- midor, no § 3º do art. 26, no que concerne à dis- ciplina do vício oculto, adotou o critério da vida útil do bem, e não o critério da garantia, podendo o fornecedor se responsabilizar pelo vício em um espaço largo de tempo, mesmo depois de expi- rada a garantia contratual. STJ. REsp 984106/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 20/11/2012. Art. 27. Prescreve em cinco anos a preten- são à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II des- te Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Jurisprudência: Em caso de pretensão de nu- lidade de cláusula de reajuste prevista em con- trato de plano ou seguro de assistência à saúde ainda vigente, com a consequente repetição do indébito, a ação ajuizada está fundada no enri- quecimento sem causa e, por isso, o prazo pres- cricional é trienal, nos termos do art. 206, § 3º, IV, do Código Civil. STJ. 2ª Seção. REsp 1361182-RS, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. para acórdão Min. Mar- co Aurélio Bellizze, julgado em 10/8/2016 (recur- so repetitivo) (Info 590). O furto das joias, objeto do penhor, constitui falha do serviço prestado pela instituição financeira, devendo incidir o prazo prescricional de 5 anos para a ação de indenização, conforme previsto no art. 27 do CDC. STJ. 4ª Turma.REsp 1369579- PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/10/2017 (Info 616). No que se refere ao prazo prescricional da ação de indenização por danos morais decorrente da inscrição indevida em cadastro de inadimplen- tes, promovida por instituição financeira ou as- semelhada, como no caso dos autos, por tratar- -se de responsabilidade extracontratual, incide o prazo de 3 (três) anos previsto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002. Não se aplica o art. 27 do CDC, que prevê o prazo de 5 (cinco) anos para ajuizamento da demanda, considerando que este dispositivo se restringe às hipóteses de responsabilidade de- corrente de fato do produto ou do serviço. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 663730/RS, Rel. Min. Ri- cardo Villas Bôas Cueva, julgado em 09/05/2017. #LEGIS 22 Súmulas: Súmula 101 do STJ: A ação de indenização do se- gurado em grupo contra aseguradora prescreve em um ano. Súmula 412 do STJ: A ação de repetição de indé- bito de tarifas de água e esgoto sujeita-se ao pra- zo prescricional estabelecido no Código Civil. Parágrafo único. (Vetado). Anotações gerais sobre os artigos anteriores: Para Fixação: Ano: 2008 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-CE / Cargo: Defensor Público Uma explosão, no interior de uma loja localiza- da no centro de uma grande cidade, causou da- nos a pessoas que se encontravam no interior e no exterior do estabelecimento. Com base nessa situação e nas normas de proteção e defesa do consumidor, julgue o item seguinte: O prazo para requerer a indenização em razão da explosão é de cinco anos, contados a partir da data da ocorrência do evento danoso. Anotações: GABARITO: O item está correto. No caso em questão verifica-se a configuração da relação de consumo. Portanto, aplica-se ao caso o prazo prescricional disposto no art. 27 do CDC. 2322 #LEGIS 23 DIA 3 Disciplina: Direito do Consumidor. Responsável: Prof. Moacir Neto. Dia 01: Do Art. 28ª ao 45º. Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 SEÇÃO V Da Desconsideração da Personalidade Jurídica Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a per- sonalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou con- trato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má adminis- tração. CÓDIGO CIVILArt. 50 CDC Art. 28 Hipóteses restritas Hipóteses amplas Aplicação da teoria maior Aplicação da teoria menor Exige confusão patri- monial ou desvio de finalidade Basta haver a insol- vência do fornecedor Não pode ser aplicada de ofício. Exige o re- querimento da parte ou do MP Pode ser aplicada de ofício. O CDC pres- creve normas de or- dem pública e inte- resse social. § 1° (Vetado). § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são SUBSIDIARIAMENTE responsáveis pe- las obrigações decorrentes deste código. § 3° As sociedades consorciadas são SOLI- DARIAMENTE responsáveis pelas obriga- ções decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. SOCIEDADE RESPONSABILIDADE Grupos societários Sociedade controla- das Subsidiária Sociedades consor- ciadas Solidária Sociedade coligadas Por culpa § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica SEMPRE que sua personali- dade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Para Fixação: Ano: 2008 / Banca: CESPE / Órgão: DPE-CE / Cargo: Defensor Público Ano: 2018 / Banca: VUNESP / Órgão: TJ-SP / Pro- va: Juiz Substituto Nas obrigações sujeitas ao Código de Defesa do Consumidor, pelo defeito do produto, as socie- dades a) coligadas, consorciadas ou integrantes dos grupos societários e as controladas são solida- riamente responsáveis, independentemente de culpa. b) coligadas só respondem por culpa, as consor- ciadas são solidariamente responsáveis e as in- tegrantes dos grupos societários, ou controladas, são subsidiariamente responsáveis. c) integrantes dos grupos societários e as con- troladas são solidariamente responsáveis, as consorciadas respondem subsidiariamente e as coligadas só responderão por culpa. d) consorciadas e as coligadas respondem soli- dariamente, mas só por culpa, e as integrantes dos grupos societários ou controladas são subsi- diariamente responsáveis. Anotações: R – B. #LEGIS 24 CAPÍTULO V Das Práticas Comerciais SEÇÃO I Das Disposições Gerais Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do se- guinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Comentários: A finalidade da equiparação é am- pliar o campo de aplicação do CDC, para alcançar os consumidores potenciais, assim entendidos os que, sem terem participado, concretamente, de um ato de consumo, estão expostos às práticas comerciais e contratuais irregulares e abusivas. SEÇÃO II Da Oferta Art. 30. Toda informação ou publicidade, SUFICIENTEMENTE precisa, veiculada por qual- quer forma ou meio de comunicação com rela- ção a produtos e serviços oferecidos ou apresen- tados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado. Art. 31. A oferta e apresentação de produ- tos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, ga- rantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresen- tam à saúde e segurança dos consumidores. Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados ofe- recidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. (Incluído pela Lei nº 11.989, de 2009) Jurisprudência: (...) 10. A informação deve ser correta (= verdadeira), clara (= de fácil entendimento, precisa (= não pro- lixa ou escassa), ostensiva (= de fácil constatação ou percepção) e, por obvio, em língua portugue- sa. 11. A obrigação de informação é desdobrada pelo art. 31 do CDC, em quatro categorias principais, imbricadas entre si: a) informação-conteúdo (= características intrínsecas do produto ou serviço), b) informação-utilização (= como se uso o produto ou serviço), c) informação-preço (= custo, formas e con- dições de pagamento), e d) informação-advertência (= riscos do pro- duto ou serviço). (...) 16. Embora toda advertência seja informação, nem toda informação é advertência. Quem infor- ma nem sempre adverte. (...) 20. O fornecedor tem o dever de informar que o produto ou o serviço pode causar malefícios a um grupo de pessoas, embora não seja prejudi- cial à generalidade da população, pois o que o or- denamento pretende é resguardar não somente a vida de muitos, mas também a vida de poucos. (...) STJ. REsp 586316/MG, Rel. Min. Herman Beja- min, DJe 19/03/2009. Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabri- cação ou importação do produto. Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por pe- ríodo razoável de tempo, na forma da lei. Comentários: o dispositivo somente se aplica aos fabricantes e importadores (e não a “forne- cedores”, como muitos dispositivos do CDC refe- rem-se); O CDC não estabeleceu um prazo nem o que se- ria esse “período razoável de tempo” em que se deve disponibilizar as peças no mercado. O De- creto nº 2.181/97 determina que esse período ra- zoável é nunca inferior à vida útil do produto ou serviço (art. 13, XXI). Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na transação comercial. 2524 #LEGIS 25 Parágrafo único. É proibida a publicida- de de bens e serviços por telefone, quando a cha- mada for onerosa ao consumidor que a origi- na. (Incluído pela Lei nº 11.800, de 2008). Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é SOLIDARIAMENTE responsável pelos atos de seus prepostos ou representantes autônomos. Jurisprudência: O STJ entende que não é neces- sária a existência de um contrato típico de traba- lho, sendo suficiente a relação de dependência ou que alguém preste serviço sob o interesse e o comando de outrem (STJ, REsp 304.673, Min. Bar- ros Monteiro, DJ 11/03/2002). Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apre- sentação ou publicidade, o consumidor poderá, ALTERNATIVAMENTE e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado da obri- gação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III - rescindir o contrato, com direito à res- tituição de quantia eventualmente anteci- pada, monetariamente atualizada, e a per- das e danos. SEÇÃO III Da Publicidade Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediata- mente, a identifique como tal. Parágrafo único. O fornecedor, na publici- dade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos inte- ressados, os dados fáticos, técnicos e científi- cos que dão sustentação à mensagem. Art. 37. É proibida toda publicidade enga- nosa ou abusiva. § 1° É ENGANOSA qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente fal- sa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, carac- terísticas, qualidade, quantidade, proprie- dades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. § 2° É ABUSIVA, dentre outras a publicida- de discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou peri- gosa à sua saúde ou segurança. § 3° Para os efeitos deste código, a publi- cidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. Jurisprudência: O supermercado veiculou pro- paganda em que praticava reduzido preço pro- mocional para determinado produto,sem que constasse qualquer limite na quantidade a ser adquirida por consumidor. Sucede que, ao ten- tar adquirir 50 pacotes do produto em oferta, o recorrido foi impedido de comprá-los pelo esta- belecimento comercial, justamente em razão da grande quantidade pretendida. Diante disso, ao prosseguir o julgamento, a Turma, por maioria, entendeu que não houve dano moral na espécie. A Min. Nancy Andrighi, apesar de ter por aceitável a ação preventiva do estabelecimento comercial de limitar a quantidade do produto em oferta, concedia a indenização em razão da publicidade omissa (art. 37 do CDC), que vincula o comercian- te à oferta sem necessidade de perquirição da existência da intenção de ludibriar o consumidor, induzi-lo a erro, ou de fazê-lo crer na possibilida- de da aquisição da quantidade almejada. (REsp 595.734-RS, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. Castro Filho, julgado em 02/08/2005). § 4° (Vetado). Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publi- citária cabe a quem as patrocina. Jurisprudência: As empresas de comunicação não respondem por publicidade de propostas abusivas ou enganosas. Tal responsabilidade toca aos fornecedores-anunciantes, que a patro- cinaram (CDC, Arts. 3º e 38). O CDC, quando trata #LEGIS 26 de publicidade, impõe deveres ao anunciante – não às empresas de comunicação (Art. 3º, CDC). STJ. REsp 604172/SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ 21/05/2007. Jurisprudência: Trata-se de REsp em que se discute a corresponsabilidade de determina- da empresa de comunicação pelo fato de haver veiculado, em programa de TV, por intermédio de seu apresentador, propaganda enganosa de empréstimo oferecido por instituição financeira anunciante, que teria descumprindo os compro- missos assumido no anúncio veiculado. (...) a re- ponsabilidade pelo produto ou serviço anuncia- do é daquele que confecciona ou presta e não se estende à televisão, jornal ou rádio que o divulga. (...) Destarte, a denominada publicidade de palco não implica a corresponsabilidade da empresa de televisão pelo anúncio divulgado. E o apre- sentador atua como garoto-propaganda, e não na qualidade de avalista formal, por si ou pela empresa, do êxito do produto ou serviço para o telespectador que vier no futuro adquiri-los. SEÇÃO IV Das Práticas Abusivas Art. 39. É vedado ao fornecedor de pro- dutos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) I - condicionar o fornecimento de produ- to ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; Jurisprudência: A prática de venda casada por parte de operadora de telefonia é capaz de rom- per com os limites da tolerância. No momento em que oferece ao consumidor produto com sig- nificativas vantagens - no caso, o comércio de linha telefônica com valores mais interessantes do que a de seus concorrentes - e de outro, im- põe-lhe a obrigação de aquisição de um aparelho telefônico por ela comercializado, realiza prática comercial apta a causar sensação de repulsa co- letiva a ato intolerável, tanto intolerável que en- contra proibição expressa em lei. (REsp 1397870/ MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/12/2014, DJe 10/12/2014) Jurisprudência: Nos contratos bancários em ge- ral, o consumidor não pode ser compelido a con- tratar seguro com a instituição financeira ou com seguradora por ela indicada. STJ. 2ª Seção. REsp 1639259-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseveri- no, julgado em 12/12/2018 (recurso repetitivo) (Info 639). Súmula: Súmula 473 do STJ: O mutuário do SFH não pode ser compelido a contratar o seguro ha- bitacional obrigatório com a instituição financei- ra mutuante ou com a seguradora por ela indica- da. II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; Súmula: Súmula 532 do STJ: Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa. IV - prevalecer-se da fraqueza ou igno- rância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços; V - exigir do consumidor vantagem mani- festamente excessiva; VI - executar SERVIÇOS sem a prévia ela- boração de orçamento e autorização ex- pressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumi- dor no exercício de seus direitos; VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacor- do com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas espe- cíficas não existirem, pela Associação Bra- sileira de Normas Técnicas ou outra enti- dade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); 2726 #LEGIS 27 IX - recusar a venda de bens ou a presta- ção de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de inter- mediação regulados em leis especiais; (Re- dação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) X - elevar sem justa causa o preço de pro- dutos ou serviços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890- 67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999 XII - deixar de estipular prazo para o cum- primento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclu- sivo critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente es- tabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999) XIV - permitir o ingresso em estabeleci- mentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. (Incluído pela Lei nº 13.425, de 2017) Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consu- midor, na hipótese prevista no inciso III, equipa- ram-se às amostras grátis, inexistindo obriga- ção de pagamento. Art. 40. O fornecedor de SERVIÇO será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem emprega- dos, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor. § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e so- mente pode ser alterado mediante livre ne- gociação das partes. § 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorren- tes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio. Art. 41. No caso de fornecimento de produ- tos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetaria- mente atualizada, podendo o consumidor exi- gir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. Para Fixação: Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Pro- va: MPE-SC - 2019 - MPE-SC - Promotor de Jus- tiça – Vespertina A Lei Federal n. 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) proíbe a publicidade enganosa, de- finida, exemplificativamente, como a publicida- de que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Ano: 2019 Banca:CESPE Órgão: DPE-DF Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público Segundo entendimento da 3.ª Turma e da 2.ª Se- ção do STJ, em consonância com o Código de De- fesa do Consumidor, a venda casada às avessas, indireta ou dissimulada, consiste no condiciona- mento da aquisição de um produto ou serviço principal à concomitante aquisição de outro pro- duto, secundário, quando o propósito do consu- midor é unicamente obter o produto ou o serviço principal. #LEGIS 28 Anotações gerais sobre as questões anteriores: Gabarito da questão: 01 - ERRADO | 02- ERRADO SEÇÃO V Da Cobrança de Dívidas Art. 42. Na cobrança de débitos, o consu- midor inadimplente não será exposto a ridícu- lo, nem será submetido a qualquer tipo de cons- trangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do in- débito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificá- vel. Jurisprudência: (...) 3. O entendimento desta Turma sobre a incidên- cia do art. 42, parágrafo único, do CDC é pacífi- co no sentido de que a devolução em dobro não está condicionada à existência de dolo ou má-fé. Entretanto, é possível a devolução simples por engano justificável, cuja prova cabal incumbe ao fornecedor. Precedente do STJ. 4. Na hipótese dos autos, consignou-se não ter havido erro imputável à parte recorrida (Enersul), de modo que, para acompanhar as razões recur- sais, no ponto, seria preciso verificar o conjunto fático-probatório, o que é vedado pela Súmula 7/ STJ. 5. A pretensão de que a condenação seja am- pliada para o período de2003 a 2007 não está associada a nenhuma violação de dispositivo le- gal, sendo deficiente a fundamentação recursal nesse ponto. Aplica-se, por analogia, a Súmula 284/STF. 6. Agravo Regimental não provido. (STJ - AgRg no REsp: 1275775 MS 2011/0211251-6, Rela- tor: Ministro HERMAN BENJAMIN, Data de Julga- mento: 25/10/2011, T2 - SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 28/10/2011) (...) 1. As Turmas que compõem a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmaram o enten- dimento de que “O engano, na cobrança indevi- da, só é justificável quando não decorrer de dolo (má-fé) ou culpa na conduta do fornecedor do serviço” (REsp 1.079.064/SP, Rel. Min. HERMAN BENJAMIN, Segunda Turma, DJe 20/4/09). 2. Não há falar em erro justificável na hipótese em que a cobrança indevida ficou caracterizada 2928 #LEGIS 29 em virtude da inexistência de prestação de servi- ço pela concessionária. 3. Agravo regimental não provido. (STJ - AgRg no REsp: 1221844 RJ 2010/0198132-0, Relator: Mi- nistro ARNALDO ESTEVES LIMA, Data de Julga- mento: 18/08/2011, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/08/2011) Art. 42-A. Em todos os documentos de co- brança de débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o núme- ro de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídi- ca – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente. (Incluído pela Lei nº 12.039, de 2009) SEÇÃO VI Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e da- dos pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. § 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos. § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. § 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, po- derá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais desti- natários das informações incorretas. § 4° Os bancos de dados e cadastros rela- tivos a consumidores, os serviços de prote- ção ao crédito e congêneres são considera- dos entidades de caráter público. § 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sis- temas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou di- ficultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. § 6o Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibi- lizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência). Jurisprudência: O SPC, instituído em diversas cidades pelas entidades de classe de comercian- tes e lojistas, tem a finalidade de informar seus associados sobre a existência de débitos pen- dentes por compra dos que pretendam obter novo financiamento. É evidente o benefício que dele decorre em favor da agilidade e da seguran- ça das operações comerciais, assim como não se pode negar ao vendedor o direito de informar-se sobre o crédito do seu cliente na praça, e de re- partir com os demais os dados de que dele dis- põe (STJ, REsp. 22337/RS, Rei. Min. Ruy Rosado Aguiar, Í· 13/02/1995). Jurisprudência: A comunicação sobre a inscri- ção nos registros de proteção ao crédito é obri- gação do órgão responsável pela manutenção do cadastro, e não do credor. (STJ – AgRg no REsp 617801/RS – Terceira Turma – Rel. Min. Humberto Gomes de Barros – j. 09.05.2006 – DJ 29.05.2006, p. 231). Jurisprudência: O simples erro no valor inscrito da dívida, em órgão de proteção ao crédito, não tem o condão de causar dano moral ao devedor, haja vista que não é o valor do débito que pro- move o dano moral ou o abalo de crédito, mas o registro indevido, que, no caso, não ocorreu, uma vez que a dívida existe, foi reconhecida pelo au- tor e comprovada, expressamente, pelo acórdão recorrido. (STJ, REsp. 831162/ ES, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 21108/2006) Jurisprudência: As entidades mantenedoras de cadastros de proteção ao crédito não devem in- cluir em sua base de dados informações coleta- das dos cartórios de protestos sem a informação do prazo de vencimento da dívida, sendo respon- sáveis pelo controle de ambos os limites tempo- rais estabelecidos no art. 43 da Lei nº 8.078/90. STJ. 3ª Turma. REsp 1630889-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 11/09/2018 (Info 633). Jurisprudência: No que diz respeito ao sistema credit scoring, definiu-se que: #LEGIS 30 a) é um método desenvolvido para avalia- ção do risco de concessão de crédito, a par- tir de modelos estatísticos, considerando diversas variáveis, com atribuição de uma pontuação ao consumidor avaliado (nota do risco de crédito); b) essa prática comercial é lícita, estando autorizada pelo art. 5º, IV, e pelo art. 7º, I, da Lei 12.414/2011 (Lei do Cadastro Positi- vo); c) na avaliação do risco de crédito, devem ser respeitados os limites estabelecidos pelo sistema de proteção do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da máxima transparência nas relações nego- ciais, conforme previsão do CDC e da Lei 12.414/2011; d) apesar de desnecessário o consentimen- to do consumidor consultado, devem ser a ele fornecidos esclarecimentos, caso solici- tados, acerca das fontes dos dados consi- derados (histórico de crédito), bem como as informações pessoais valoradas; e) o desrespeito aos limites legais na utili- zação do sistema credit scoring, configu- rando abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode ensejar a responsabilida- de objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável pelo banco de da- dos, da fonte e do consulente (art. 16 da Lei 12.414/2011) pela ocorrência de danos mo- rais nas hipóteses de utilização de informa- ções excessivas ou sensíveis (art. 3º, § 3º, I e II, da Lei 12.414/2011), bem como nos casos de comprovada recusa indevida de crédito pelo
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