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Estruturas Algébricas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Ana Paula Teles de Oliveira Revisão Textual: Prof. Ms. Claudio Brites Conjuntos, Aplicações e Operadores 5 • Aspectos Teóricos • Conjuntos • Operações com dois Conjuntos • Aplicação, Função e Operador · Revisar assuntos relacionados a conjuntos, aplicações e operações para fundamentar o estudo sobre as estruturas algébricas. Caro(a) aluno(a), Nesta unidade, veremos alguns assuntos importantes para o estudo das estruturas algébricas, como conjuntos, aplicações e operações. Ao término deste estudo, esperamos que você consiga distinguir o que é uma operação. Para um bom aproveitamento da aula, realize a leitura integral do conteúdo teórico, acompanhando e refazendo os exemplos resolvidos. Quando aparecer alguma dúvida, entre em contato com seu(sua) tutor(a), utilizando a ferramenta Mensagens ou o Fórum de Dúvidas. Não se esqueça de acessar o link Materiais Didáticos, onde encontrará o conteúdo e as atividades propostas. Bons estudos! Conjuntos, Aplicações e Operadores 6 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores Contextualização Talvez, por utilizarmos com frequência símbolos em matemática para a representação de números ou operações, tornando muitas vezes essa ação algo mecânico, nunca pensamos como foi complexa essa formação. Porém, a notação adequada foi fundamental para o desenvolvimento da matemática. Para você ter uma ideia, a obra mais antiga que faz referência ao uso do número zero está datada de 876 d.C. No período da álgebra clássica, existia interesse em resoluções de equações algébricas. Apesar dos gregos, babilônios e egípcios terem métodos para resolver alguns tipos de equações, não havia notações e métodos gerais. A primeira vez em que encontramos uma letra para indicar uma incógnita de uma equação é no séc. IV d.C., na obra de Diophanto. Ali o autor a denominava como o número do problema. Os gregos utilizavam interpretações geométricas, portanto a potência até o terceiro grau tinha significado concreto. Porém, na obra de Diophanto, aparecem potências superiores ao terceiro grau, como você pode ver na Tabela 1. Tabela 1: Nomes utilizados por Diophanto para designar a potência de uma incógnita Potência Diophanto Quadrado Quadrado Cubo Cubo Quarta Quadrado-quadrado Quinta Quadrado-cubo Sexta Cubo-cubo Observamos que, além de Diophanto utilizar potências maiores que três para designar a potência da incógnita, ele utilizava esses termos com notação diferente da que utilizamos atualmente. Para a representação de igualdade, durante muito tempo, pesquisadores como Kepler, Galileo, Torricelli, Cavalieri, Pascal, Napier e Fermat utilizaram palavras como aequales, esgale, faciunt, gheljck ou a abreviatura aeq. Robert Recorde introduziu o símbolo = em 1557. Agora, temos consciência de que é mais adequado à utilização de = do que qualquer palavra para a representação da igualdade. A aceitação de algo novo, contudo, é sempre complexa. Para termos uma ideia, apesar do símbolo de igual ter sido introduzido em 1557, somente em 1618 ele reapareceu em uma obra impressa. E para representar as operações de adição e subtração, alguns utilizavam as letras p e m, iniciais das palavras latinas plus e minus. O símbolo + e – aparecem primeiramente em um material impresso no ano de 1489. O autor desse trabalho foi Johannes Widman; porém, existe um manuscrito de um aluno seu utilizando esses símbolos em 1486. 7 No século VX, Nicolas Chuquet utilizou uma notação de expoente ao descrever expressões. Podemos ver como representamos as mesmas expressões atualmente na Tabela 2: Tabela 2: Utilização de expoente em expressões utilizada por Nicolas Chuquet e atualmente. Expressões Nicolas Chuquet Expressões atual 123 12x3 103 10x3 1203 120x3 120 12x0 71m 7-1 Em 1585, Simon Stevin escreveu um trabalho em que utilizava símbolos para a representação das unidades, dízimas, centésimas, como descrito na Tabela 3. Tabela 3: Símbolos utilizados por Simon Stevin para indicar unidades, dízimas, centésimas Indicação da posição Símbolo utilizado por Stevin Unidades 0 Dízimas 1 Centésimas 2 Stevin também faz uma notação parecida para representar os diferentes expoentes de uma variável. A partir de trabalhos conhecidos, como os de Diophanto e Stevin, Viéte, letras passam a ser utilizadas para representar tanto a incógnita como os coeficientes, as quantidades conhecidas de uma equação algébrica. No entanto, havia uma limitação, já que as letras representavam somente números positivos. Em 1657, John Hudde é o primeiro a utilizar letras em uma equação algébrica para representar coeficientes números tanto positivos como negativos. A utilização de letras no expoente, da maneira como utilizamos atualmente, foi introduzida por Isaac Newton em uma carta no ano de 1676 Stevin também faz uma notação parecida para representar os diferentes expoentes de uma variável. A partir de trabalhos conhecidos, como os de Diophanto e Stevin, Viéte, letras passam a ser utilizadas para representar tanto a incógnita como os coeficientes, as quantidades conhecidas de uma equação algébrica. No entanto, havia uma limitação, já que as letras representavam somente números positivos. Em 1657, John Hudde é o primeiro a utilizar letras em uma equação algébrica para representar coeficientes números tanto positivos como negativos. A utilização de letras no expoente, da maneira como utilizamos atualmente, foi introduzida por Isaac Newton em uma carta no ano de 1676. MILIES, C. P. Breve história da Álgebra Abstrata. In: II Bienal da Sociedade Brasileira da Matemática. Salvador. 2004. Disponível em: http://www.bienasbm.ufba.br/M18.pdf 8 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores Aspectos Teóricos Talvez você esteja até este momento acostumado a estudar a Matemática a partir de um conjunto, dando enfoque à natureza de seus elementos. Mas nesta disciplina daremos um enfoque diferente, focalizaremos os conjuntos com operações que possuem determinadas propriedades, isto é, algumas estruturas algébricas. Mas você poderá estar se perguntando: “Qual o objetivo de estudar as estruturas algébricas?”. Pois bem, quando estudamos uma determinada estrutura, de imediato, podemos generalizar todos os teoremas e resultados a todos os conjuntos que satisfazem essa estrutura, sendo então muito importante para os estudos em outras áreas da Matemática. Nesta unidade, nossa preocupação estará em recapitular assuntos presentes em toda a disciplina. Elaboramos um estudo sobre conjuntos, funções e operadores. Assim, estaremos preparados para estudar as estruturas algébricas, tema central desta disciplina. Conjuntos Quando falamos em conjunto, pensamos em uma coleção de objetos. Para designarmos um conjunto, usualmente utilizamos letras do nosso alfabeto, onde a letra maiúscula é utilizada para representar um conjunto e a minúscula para representar seus elementos. Assim, quando dizemos que o “elemento a pertence ao conjunto A" , a notação utilizada é a A∈ ; mas se o “elemento a não pertence ao conjunto A" , descrevemos a A∉ . Importante! Os símbolos ∈ e ∉ são utilizados para relacionar elementos e conjuntos. Apesar de estarmos preocupados em estudar os conjuntos, algumas vezes é interessante descrever um conjunto e seus elementos. Podemos fazer isso de diversas maneiras, entretanto, nesse curso, utilizaremos: • Lista dos elementos – Para descreve(rmos um conjunto A, com um número finito de elementos, listamos todos eles separando-os com vírgulas e delimitando com chaves, por exemplo: A = { }1 2 3, , 9 Para representar conjuntos com um número de elementos que seja complicado listar todos, utilizamos a reticências entre vírgulas, onde iniciamos descrevendo alguns elementos do conjunto, que possuem alguma regra, e terminamos com o último elemento do conjunto. Por exemplo: B = { }2 3 4 5 102, , , , ..., Sendo B o conjunto de números inteiros maioresdo que 1 e menores do que 103. Para representar conjuntos infinitos também podemos utilizar reticências, como por exemplo o conjunto dos números inteiros, que poderá ser representado por { }Z : , , , , , , ,... = − − −3 2 1 0 1 2 3 • Através de uma propriedade do conjunto – O conjunto B citado como exemplo no item anterior pode ser representado pela propriedade que seus elementos são números inteiros maiores do que 1 e menores do que 103, como por exemplo: B b Z b = ∈ < <{ | }1 103 Assim podemos descrever os elementos de um conjunto de diversas maneiras. Vejamos outros exemplos: a) Seja A = { ..., – 4, -2, 0, 2, 4,... }. Vamos descrever os elementos do conjunto A através de uma propriedade que caracterize seus elementos. Iniciamos observando o conjunto A, sabemos que: i. A é um conjunto infi nito; ii. Todo elemento de A é um número inteiro; iii. Todo elemento de A é par. Assim, o conjunto A pode também ser representado desta forma: A x Z x m onde m Z= ∈ = ∈{ } | 2 b) Seja B = { x ∈ Z | -3 < x ≤ 2}. Vamos descrever os elementos do conjunto B listando-os. Vejamos quais as características dos elementos de B, temos: i. Os elementos de B são números inteiros; ii. Os elementos de B são maiores do que -3; iii. Os elementos de B são menores ou iguais a 2; iv. B é um conjunto fi nito. 10 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores Assim, podemos descrever o conjunto B listando todos os seus elementos: B = − −{ }2 1 0 1 2, , , , Quando falarmos em conjunto nulo ou vazio, estaremos nos referindo ao conjunto que não possui elemento, o que representamos pelo símbolo ø ou { }. A seguir, descreveremos outros conjuntos que utilizaremos: • O conjunto dos números naturais é representado por N = {0, 1, 2, 3, ...}; • O conjunto dos números racionais é representando por Q p q p q Z q = ∈ ≠{ }/ , ,| 0 • O conjunto dos números reais é representado por R; • O conjunto dos números complexos é representado por C. C z a bi a b R e i = = + ∈ = −{ }| , 2 1 • O conjunto das matrizes quadradas de ordem 2, com as entradas sendo números reais – Ao nos referirmos a matrizes quadradas, pensamos nas matrizes que possuam a quantidade de números de linhas iguais à quantidade de números de colunas. Dessa forma, ao dizermos que a ordem de uma matriz é igual a 2, significa que a matriz tem 2 linhas e 2 colunas. A representação é: M R a b c d a b c d R2 ( ) | , , , }= ∈ Atenção Apesar de utilizarmos letras minúsculas para representar um elemento de um conjunto, ao considerarmos o conjunto de matrizes convencionalmente, utilizamos a letra maiúscula para a representação de uma matriz e as minúsculas para a representação das suas entradas. Por exemplo: Sejam D E i F= − = − = 3 1 2 1 0 10 , , 2 4 5 11 Vejamos, quais desses elementos pertencem ao conjunto M2(R) e expliquemos o motivo: i. Temos que D ∈ M2(R), pois D é uma matriz quadrada de ordem 2 e suas entradas (os números 3, -1, 2 e 1) são todos números reais; ii. Temos que E ∉ M2(R), apesar de E ser uma matriz quadrada de ordem 2, a entrada i não é um número real e sim um número complexo; iii. F ∉ M2(R), apesar de F ter todas suas entradas (os números 4 e 5) pertencentes ao conjunto dos números reais, temos que F não é uma matriz quadrada. Uma observação interessante é que, para um elemento pertencer a um conjunto, o elemento tem que satisfazer todas as propriedades do conjunto. Reflita Qual o conjunto representado por M3(R)? E o conjunto M3(N)? Enfim, o que representa Mn(K), onde n é um inteiro positivo e K é um conjunto numérico? Para aprofundar o conhecimento sobre matrizes, estude o capítulo 3 intitulado Matrizes e Álgebra Matricial, de Howard, p. 94 a 179. Acesso em Minha Biblioteca: http://goo.gl/iIFmTG • O conjunto dos polinômios de grau menor ou igual a 5 com coeficientes reais. A representação é: P R a a x a x a x a a R5 0 1 2 2 5 5 0 5( ) { }= + + + + ... ...,| , ε . Vejamos alguns exemplos de elementos do conjunto P5(R): i. O número 2, pois podemos escrevê-lo: 2 2 0 0 0 0 0 2 3 4 5= + + + + +x x x x x Dessa forma, temos: a) 2 = a0, b) 0 = a1 = a2 = a3 = a4 = a5 Observemos que podemos escrever o número 2 como um polinômio de grau 0, isto é, menor ou igual a 5 e com todos os coeficientes sendo reais. ii. O polinômio x2 – x, pois posso escrevê-lo: 12 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores Dessa forma, temos: a) 0 = a0 = a2 = a3 = a4 = a5. b) -1 = a1. c) 1 = a2. Assim, o polinômio x2 – x tem grau 2, ou seja, menor ou igual a 5, e todos os seus coeficientes são números reais. iii. O polinômio 7 2 3 42 3 4 5+ − − + − x x x x x pois reescrevemos: 7 2 3 4 7 2 3 4 1 2 3 4 5 2 3 4+ − − + − = + + − + − + + −( ) ( ) ( ) x x x x x x x x x 11 5( ) x Assim, temos: a) 7 = a0. b) 2 = a1. c) -3 = a2. d) -4 = a3. e) 1 = a4. f) -1= a5. Desta forma, o polinômio 7 2 3 42 3 4 5+ − − + − x x x x x tem grau 5 e seus coeficientes são todos os números reais. Agora consideremos alguns exemplos de elementos que não pertence ao conjunto P5(R): i. O número 2 + i, pois não é um número real (é um número complexo), e todos os coefi cientes dos polinômios que pertencem ao conjunto têm que ser números reais; ii. O polinômio x7 + x, pois o grau desse polinômio é 7, ou seja, o grau é maior do que 5. Porém, seus coefi cientes são todos reais. Em síntese • Ao falarmos em conjunto, estamos nos referindo a diferentes tipos de coleções, como: conjuntos dos números reais, conjuntos de matrizes, conjuntos de polinômios. São muitos os conjuntos que utilizamos em Matemática. Além de descrever os seus elementos, podemos compará-los e combiná-los. Esse será o assunto abordado no próximo tópico. 13 Operações com dois Conjuntos Neste tópico, referimo-nos a conjuntos que não são vazios, salvo os momentos que identificarmos o contrário. Sejam A e B dois conjuntos, se todo elemento de A é elemento de B, dizemos que A é subconjunto de B, e indicamos isso por A ⊂ B. Graficamente representamos da forma apresentada ao lado. Exemplificamos com os conjuntos numéricos: a) N ⊂ Z b) Z ⊂ Q c) Q ⊂ R d) {1, 2, 5} ⊂ { -3, 0, 1, 2, 4, 5, 9} O conjunto vazio { } é subconjunto de qualquer conjunto A, pois não existe elementos no conjunto vazio { }, tal qual não pertence ao conjunto A. E quando será que podemos dizer que dois conjuntos são iguais? Podemos dizer que o conjunto A é igual ao conjunto B, A = B, se A é subconjunto de B (A ⊂ B) e B é subconjunto de A (B ⊂ A). Para pensar Um conjunto é formado por elementos distintos! Dessa forma, o conjunto {1, 2} é o mesmo que o conjunto {2, 1, 1, 1, 2, 2}, ou seja, são dois conjuntos iguais! Por quê? Ao combinarmos dois conjuntos A e B, podemos formar novos conjuntos, como: 1) O conjunto A união B, que indicamos por A ∪ B, será o conjunto de todos os elementos pertencentes ao conjunto A ou ao conjunto B. A B x x A ou x B ∪ = ∈ ∈{ }| Graficamente podemos representar desta forma: A A U B B B A 14 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores Vejamos alguns exemplos. a) N ∪ Z = Z. Sabemos que o conjunto dos números naturais é um subconjunto dos números inteiros, isto é, N ⊂ Z. E quando fi zemos a união do conjunto dos números naturais e dos números inteiros, o novo conjunto obtido foi o conjunto número inteiros. Esse fato é válido. Como poderíamos generalizá-lo? b) Sejam A e B conjuntos tais que A = { 1, 2, 7, 8} e B = { -1, 5, 2, 8, 20}, então temos: A B ∪ = −{ }1 1 2 5 7 8 20, , , , , , Observamos nesse exemplo que A não é subconjunto de B e que B não é subconjunto de A. O conjunto A U B é distinto dos conjuntos A e B. Sejam A = { x ∈ Z | x = 2m, onde m ∈ Z} é o conjunto dos números pares, e B= { x ∈ Z | x = 2m + 1, onde m ∈ Z} é o conjunto dos números impares, temos: A ∪ B = Z 2) O conjunto A interseção B, que indicamospor A ∩ B, consiste nos elementos que pertencem ao conjunto A e ao conjunto B: A B x x A e x B∩ = ∈ ∈{ } | Graficamente podemos representar desta forma: BA A B U Quando o conjunto A ∩ B é um conjunto vazio, dizemos que os conjuntos A e B são disjuntos. Vejamos alguns exemplos: a) N ∩ Z = N. Sabemos que o conjunto dos números naturais é um subconjunto dos números inteiros, isto é, N ⊂ Z. E quando fi zemos a interseção do conjunto dos números naturais e dos números inteiros, o novo conjunto obtido foi o conjunto números naturais. Esse fato é sempre válido. Como poderíamos generalizá-lo? 15 b) Sejam A = { 1, 2, 7, 8} e B = { -1, 5, 2, 8, 20}, então temos: A ∩ B = {2, 8} Observamos, nesse exemplo, que A não é subconjunto de B e que B não é subconjunto de A. O conjunto A ∩ B é distinto dos conjuntos A e B. c) Sejam A = { x ∈ Z | x = 2m, onde m ∈ Z} é o conjunto dos números pares, e B = { x ∈ Z | x = 2m + 1, onde m ∈ Z} é o conjunto dos números ímpares, temos: A ∩ B = ø Uma observação interessante é que o conjunto dos números pares e o conjunto dos números ímpares são conjuntos disjuntos. 3) O conjunto diferença de A em B, que indicamos por A-B, é o conjunto composto pelos elementos de A que não pertencem a B: A B x A x B − = { | }∈ ∉ Graficamente podemos representar desta forma: BA A - B A B U Vejamos alguns exemplos: a) Z - N = { ... , -4, -3, -2, -1}. b) Sejam A = { 1, 2, 7, 8} e B = { -1, 5, 2, 8, 20}, então temos: A - B = {1, 7} Qual é o conjunto B – A? Esse conjunto é diferente de A – B? O que podemos concluir? c) Sejam A = { x ∈ Z | -10 < x < 10} e B = { x ∈ Z | -15 < x < 5}, temos: A - B = {5, 6, 7, 8, 9} 16 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores 4) O conjunto A produto cartesiano B, representado por A x B, é o conjunto formado por todos os pares ordenados, em que o primeiro termo será os elementos pertencentes ao conjunto A e o segundo termo os elementos que pertencem ao conjunto B: A x B a b a A e b B = ∈ ∈( ){ }, | Sejam (a,b), (c,d) ∈ A x B, dizemos que (a,b) = (c,d) se, e somente se, a = c e b= d. Vejamos alguns exemplos: a) Sejam A = {1, 2} e B = {5, 8}. Então, temos: A x B = {(1, 5), (1, 8), (2,5), (2, 8)} b) Sejam A = {3, 4, 7} e B= {1}, temos: A x B = { (3, 1), (4, 1), (7,1)} O conjunto R x R, ou seja, o conjunto dos pares ordenados onde a primeira e a segunda coordenada são números reais também pode ser representado por R2. Atenção Seja A um conjunto, outra maneira de representarmos A x A é A2. Será que o conjunto A x B é o mesmo que B x A? A resposta é negativa. Exemplifique isso! Sugestão: defina um conjunto A distinto do um conjunto B. Até este momento estudamos conjuntos. Podemos também fazer uma aplicação de um conjunto em outro. Esse é um dos conceitos mais abrangentes em matemática e será tratado na próxima seção. 17 Aplicação, Função e Operador Sejam X e Y dois conjuntos não vazios, então uma aplicação f de X em Y será uma regra que associa cada elemento x ∈ X a um único elemento f(x) ∈ Y. Denotamos por: f X Y→ x f x→ ( ) Denominamos o elemento f(x) ao elemento que pertence a Y e é a imagem de x por f. A coleção desses elementos é representada pelo conjunto: O conjunto X chamamos de domínio de f, representamos ele por Df = X; e o conjunto Y, de contradomínio de f. Quando restringimos as aplicações em conjuntos numéricos, podemos representá-las graficamente em um plano cartesiano pelo conjunto dos pontos (x, f(x)) tal que x ∈ X. Alguns nomes que utilizaremos para a aplicação pode ser função ou correspondência. Consideremos i : R → R tal que i(x) = x. Essa função é considerada função identidade e podemos representá-la graficamente no plano cartesiano. Observamos que tanto o domínio quanto o contradomínio da aplicação f são o conjunto dos números reais. Seja f : X → Y, dizemos que f é uma função bijetora se f é: • Injetora, ou seja, se dois elementos diferentes de X (x1, x2 ∈ X) têm imagens diferentes (f(x1) ≠ f(x2)); mas usualmente para verificarmos se uma aplicação é bijetora consideramos que f(x1) = f(x2) e mostramos que x1 = x2; • Sobrejetora, ou seja, se a imagem de f é o contradomínio (Im f = Y). Para aprofundar o estudo sobre a aplicação, estude da p.92 à 107 do livro Álgebra Moderna. (2003) 18 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores Consideremos a aplicação det: M2(R) → R tal que det a b c d = ad – bc, que é conhecida como determinante da matriz a b c d . Consideremos D M R= − ∈ 3 1 2 1 2 ( ). Temos: det D det ( ) − = ( ) = = − = = 3 1 2 1 3 1 1 2 3 .. ++ = 2 5 Portanto, det (D) = 5. Vemos que o domínio da função det é o conjunto M2(R), enquanto o contradomínio é R. Logo o domínio e contradomínio da aplicação det são distintos. Vamos agora o considerar a função: f : Z x Z → Z (n,m) → n+m Qual é o domínio da aplicação f? Isso mesmo, o domínio da f é o conjunto produto cartesiano Z x Z, isso é, Df = Z x Z. E o contradomínio? Parabéns, realmente é o conjunto dos números inteiros. Dessa forma, temos: f(n,m) = n + m Exemplificamos com alguns elementos de Z x Z. Tabela1: Valores da função: f : Z x Z → Z, tal que f(n,m) = n + m. (n, m) f(n, m) = n + m (0, 3) f(0, 3) = 0+3 = 3 (1, -2) f(1, 2) = 1+(-2) = -1 (10, 4) f(10, 4) = 10+4 =14 (100, 255) f(100, 255) = 100+255 = 355 19 Observamos que tanto a abscissa quanto a ordenada do par ordenado do domínio são números inteiros e a imagem também é um número inteiro. Seja A um conjunto não vazio, todas as funções que satisfazem: * : A x A → A (n,m) → n*m São denominadas de operações binárias internas fechadas em A. A palavra binária indica que o domínio é um produto cartesiano de dois conjuntos, interna significa que os conjuntos do produto cartesiano são os mesmos (A x A) e fechada porque o contradomínio é o conjunto A. Dessa forma, toda vez que neste curso nos referirmos à operação, estaremos nos referindo à operação binária interna fechada. Seja (a, b) ∈ A x A, utilizamos *(a, b) = a * b, onde lemos “a operado b”. Vejamos alguns exemplos de operações: A operação adição em N: + : N x N → N (n,m) ↦ n+m A operação adição em M2(R): + × → + M a b c d e f g h a b c d e f 2 2 2(R) M (R) M (R) ,( . ) gg h a e f c g d h = + + + b + Sejam A, B ∈ M2(R), tais que A = 3 2 0 5 − , B = 1 1 4 2 − 3 2 0 5 1 1 4 2 3 1 2 1 0 4 − + − = + + − + ( ) − + = − ∈ 5 2 4 1 4 3 2M R( ) 20 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores A operação adição em P R a a x a x a x a a R5 0 1 2 2 5 5 0 5( ) { }= + + + + ∈ ... ...,| , . + → + + + + + ( ) ( ) ( ) ... , P R x P R P R a a x a x a x b b x 5 5 5 0 1 2 2 5 5 0 1 + + + + + + + + + + ( ) → + ( ) ( ) b x b x a b a b x a b x a 2 2 5 5 0 0 1 1 2 2 2 5 ... ... bb x5 5( ) Vejamos um exemplo no conjunto dos polinômios P5(R). Sejam p, f ∈ P5(R), tais que p(x) = 2x + 3x2 -x5 e g(x) = 1 + 2x 2 + x3 + 2x5, temos que: p g x p x g x x x x x x x + = + = + − + + + + ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )2 3 1 2 22 5 2 3 5 == + + + + − + + + + + + = +( ( ) ( )0 2 3 0 0 1 0 2 0 2 0 1 2 3 4 5 2 3 4 5 x x x x x x x x x x )) ( ) ( ) ( ) ( )+ + + + + + + + + − + = + + + 2 0 3 2 0 1 0 0 1 2 1 2 5 1 2 3 4 5 2 x x x x x x x x ( ) 33 4 5 2 3 5 5 0 1 1 2 5 + + = + + + + ∈ ( ) x x x x x x P R Atenção Ao falarmos em operação adição, estamos nos referindo à operação de adição em diferentes conjuntos: conjuntos dos naturais, conjuntos de matrizes, conjuntos de polinômios, etc. A operação mutiplicação em Z: .: Zx Z → Z (c,d) ↦ c . d = cd. A operação subtração em Z: .: Z x Z → Z (e, g) ↦ e - g. Mas será que qualquer operação pode valer em qualquer conjunto numérico? Observemos o próximo exemplo: Seja (11, 22) ∈ Z x Z, ao utilizarmos a operação subtração, temos: 11 – 22 = -11 ∈ Z 21 Observemos que a subtração não é uma operação em N, pois, apesar de (11,22) ∈ N x N, temos a 11 - 22 = -11 ∉ N. As tábuas de operação de dupla entrada também são práticas e muito utilizadas. Exemplificamos com a e o conjunto A = {1, -1}. Na primeira linha da tábua e a primeira coluna colocamos os elementos do conjunto A. Tabela 2: Elementos do conjunto A = {1, -1} na tábua de uma operação. -1 1 -1 1 A operação multiplicação está localizada na primeira posição: Tabela 3: Elementos do conjunto A = {1, -1} e a na tábua. . -1 1 -1 1 As outras posições serão o valor dado pelos elementos que estão em interseção da linha pela coluna: Tabela 4: Calculando os elementos do conjunto A = {1, -1} com na tábua de operação. . -1 1 -1 (-1)(-1) = 1 (-1)1= -1 1 1(-1)=-1 1.1=1 Finalmente, chegando à seguinte tabela: Tabela 5: Tábua da no conjunto A = {1, -1}. . -1 1 -1 1 -1 1 -1 1 Vejamos outro exemplo. Seja A = {-1, 1}, construiremos a tábua com a adição e vejamos se é uma operação em A. Tabela 6: Exemplo que a adição não é uma operação no conjunto A = { 1, -1}.. + -1 1 -1 -2 0 1 0 2 Observemos que pela tabela a adição não é uma operação sobre o conjunto A, visto que o elemento -2 pertence ao contradomínio, porém -2 não pertence ao conjunto A. 22 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores Exemplos: 1) Seja A = {... –5, –3, –1, 1, 3, 5, ...}, descreva os elementos do conjunto A através de uma propriedade que caracterize seus elementos. Iniciamos observando o conjunto A, sabemos que: i. A é um conjunto infi nito; ii. Todo elemento de A é um número inteiro; iii. Todo elemento de A é ímpar. Assim, o conjunto A pode também ser representado desta forma: A = { x ∈ Z | x = 2m+1, m ∈ Z} 2) Sejam P4(R) = {a0 + a1x + a2x 2 + ... + a4x 4 | a0, ..., a4 ∈ R} e P5(R) = {a0 + a1x + a2x 2 + ... + a5x 5 | a0, ..., a5 ∈ R}, encontre os seguintes conjuntos: a) P4(R) ∩ P5(R) b) P4(R) ∪ P5(R) c) P5(R) - P4(R) Resolução: a) Por defi nição, temos P4(R) ∩ P5(R) = {p ∈ P(R) | p ∈ P4(R) e p ∈ P5(R)}. Assim, P4(R) ∩ P5(R) = P4(R). b) Por defi nição, temos P4(R) ∪ P5(R) = {p ∈ P(R) | p ∈ P4(R) ou p ∈ P5(R)}. Assim, P4(R) ∪ P5(R) = P5(R). c) Por defi nição, temos P5(R) – P4(R) = {p ∈ P(R) | p ∈ P5(R) e p ∉ P4(R)}. Assim, P5(R) – P4(R) = {ax 5 | a ∈ R}. 3) A subtração é uma operação em N? Não. Neste curso consideramos operações sendo funções binárias internas e fechadas em um conjunto. Observamos que 4, 5 ∈ N e 4 - 5 = -1 ∉ N, ou seja, a subtração não é fechada em N. Como a subtração não é fechada em N, ela não será uma operação em N. 23 Material Complementar Sites: Matrizes: HOWARD, A. C. B. R. Álgebra Linear Contemporânea. 2006. [VitalSource Bookshelf version]. Disponível em: goo.gl/HPJX0m O pensamento algébrico: WALLE, J. A. V. Matemática no Ensino Fundamental: formação de professores e aplicação em sala de aula. 6. ed. 2009. [VitalSource Bookshelf version]. Disponível em: http://goo.gl/XlpHVL Software para estudar função: http://www.geogebra.org/about Livros: ALENCAR FILHO, Edgard de. Elementos de álgebra abstrata. 4. ed. São Paulo: Nobel, 1988. 24 Unidade: Conjuntos, Aplicações e Operadores Referências ALENCAR FILHO, E. Elementos de Álgebra Abstrata. 3. ed. São Paulo: Nobel, 1982. DOMINGUES, H.H.; IEZZI, G. Álgebra Moderna. São Paulo: Atual, 2003. GARCIA, A.; LEQUAIN, Y. Elementos de Álgebra. Rio de Janeiro: Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, 2002. GONÇALVES, A. Introdução à Álgebra. Rio de Janeiro: Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, 2003. HEIRSTEIN, I, N. Tópicos de Álgebra. São Paulo: Editora da Universidade e Polígono, 1970. MONTEIRO, L. H. J. Iniciação às estruturas algébricas. 6. ed. São Paulo: Nobel, 1973. 25 Anotações
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