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Metodologia da Pesquisa

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METODOLOGIA DA PESQUISA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Dra. Ivonete Telles Medeiros Plácido
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
P698m
 Plácido, Ivonete Telles Medeiros
 Metodologia da pesquisa. / Ivonete Telles Medeiros Plácido. – 
Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 81 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-013-0
 ISBN Digital 978-65-5646-004-8
1. Pesquisa - Metodologia. - Brasil. Centro Universitário Leon-
ardo Da Vinci.
CDD 001.42
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO .....................................................................................7
CAPÍTULO 2
PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO POR 
MEIO DA PESQUISA E AS ETAPAS DO PROCESSO DE 
PESQUISAS CIENTÍFICAS ...........................................................37
CAPÍTULO 3
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC .......................63
APRESENTAÇÃO
Caro acadêmico, o livro Metodologia da Pesquisa Científica foi pensado 
para proporcionar a você um conteúdo com elementos que o ajudem no momento 
de elaborar seu trabalho de conclusão de curso. Não somente neste momento, 
mas que possas visitar e revisitar os escritos sempre que precisar consultar o 
material ao elaborar trabalhos acadêmicos! 
Durante a trajetória de sua vida acadêmica, você deve ter feito diversos 
trabalhos de cunho científico. Assim, podemos inferir que tenha um conhecimento 
prévio do que se utiliza na comunidade científica para este fim. 
De forma didática, o livro está dividido em três capítulos. No Capítulo 1, será 
abordado o processo de pesquisa, conhecimentos e método científico, em que 
será apresentada a definição de metodologia da pesquisa e o seu planejamento. 
Será apresentada as vantagens de se utilizar o método científico, os hábitos de 
estudo e o que caracteriza o conhecimento como sendo científico, bem como os 
tipos de conhecimento. 
No Capítulo 2, apresentaremos a produção e a transmissão do conhecimento 
por meio da pesquisa científica e as etapas do processo de pesquisas científicas, 
em que a jornada do saber inicia com breves reflexões sobre como a ciência 
evolui para se tornar conhecimento, também trataremos sobre as escolas do 
pensamento científico e como podemos entender o que é método e metodologia. 
No Capítulo 3, trataremos sobre a monografia e o trabalho de conclusão 
de curso, apresentando os tópicos básicos para a elaboração de um projeto de 
trabalho final de curso e também qual é o modelo utilizado pela instituição.
Portanto, esperamos que os conteúdos abordados estimulem sua leitura e 
que o livro de estudos seja útil e relevante em sua aprendizagem e formação 
profissional.
Boa leitura e bons estudos!
CAPÍTULO 1
PROCESSO DE PESQUISA: 
CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Entender o processo de pesquisa contextualizado com a metodologia da 
pesquisa científica.
� Conhecer os aspectos da ciência e a sua aplicabilidade no contexto da pesquisa 
científica.
� Compreender os tipos de conhecimento e a coexistência entre eles.
8
 Metodologia da Pesquisa
9
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A atividade intelectual da pesquisa visa à construção do conhecimento. Essa 
construção pode significar descoberta ou avanço para a ciência ou descoberta e 
avanço do conhecimento do aprendiz, na medida em que se apropria, individualiza 
ou faz seu o conhecimento já desenvolvido e tornado disponível pelas diversas 
ciências. Nos dois casos, a postura e o método científico são indispensáveis. 
Ruiz (1991) aponta muito bem para essas necessidades comuns entre os dois 
níveis da pesquisa ao dizer que a diferença entre os trabalhos dos cientistas e o 
dos estudantes universitários não deveria residir no método, mas nos propósitos. 
Os cientistas já estão trabalhando com o intuito de promover o avanço da ciência 
para a humanidade; os estudantes ainda estão trabalhando para o crescimento de 
sua ciência. Ambos, porém, devem trabalhar cientificamente. 
Os estudantes trabalham cientificamente quando realizam pesquisas dentro 
dos princípios estabelecidos pela metodologia científica, quando adquirem a 
capacidade não só de conhecer as conclusões que lhes foram transmitidas, mas 
se habilitam a reconstituir, a refazer as diversas etapas do caminho percorrido 
pelos cientistas. A seguir, um breve conceito e as vantagens de utilizar o método 
científico na elaboração de pesquisas.
2 DEFINIÇÃO 
Segundo Saunders, Lewis e Thornhill (2009), a metodologia refere-se 
aos fundamentos teóricos sobre como a pesquisa será realizada ou, ainda, 
estudos dos métodos que são empregados nas mais diversas ciências, com 
seus fundamentos e validações, bem como a relação com as teorias científicas. 
De acordo com Martins (2000), há teóricos que utilizam o termo metodologia, 
independente do seu cunho científico. 
A metodologia científica é o saber produzido através do raciocínio lógico 
aliado à experimentação prática, caracterizando-se por um conjunto de 
paradigmas para a observação, a identificação, a descrição, a investigação 
experimental e a explanação teórica de fenômenos. O método científico envolve 
técnicas exatas, objetivas e sistemáticas, implementadas através de regras fixas 
para a formação de conceitos, para a condução de observações, para a realização 
de experimentos e para a validação de hipóteses explicativas. 
10
 Metodologia da Pesquisa
O objetivo básico da atividade científica não é o de descobrir verdades ou ser 
uma compreensão plena da realidade, mas sim o de fornecer um conhecimento 
que, ao menos provisoriamente, facilite a interação com o mundo, permitindo 
previsões verificáveis sobre eventos futuros e indicando mecanismos de controle 
para que se possa intervir favoravelmente sobre eles.
3 VANTAGENS DA METODOLOGIA 
CIENTÍFICA
O uso do método científico agrega vantagens específicas ao saber por ele 
produzido, incluindo:
• A produção de um conhecimento prático e aplicável, que pode ser usado 
diretamente para a previsão e/ou controle de fenômenos e ocorrências.
• O uso de uma expressão objetiva e detalhada não apenas do saber que 
é produzido, mas também do modo como se chegou até ele, permitindo 
um conhecimento amplamente compartilhável e transmissível, 
independentemente do conteúdo; verificável e passível de quantificação 
do grau de confiança que se pode ter nele.
• Redução ou minimização dos vários tipos de viés que podem surgir na 
observação e interpretação dos diversos fenômenos que se pretende 
estudar.
• Fornecimento de suporte metodológico e representacional ao 
pensamento, permitindo o uso de ferramentas socioculturais e 
tecnológicas que favorecem a transcendência das limitações individuais 
do pesquisador em suas análises e sínteses.
Assim, tem-se que fazer ciência é um processo complexo, demorado e 
de difícil execução, porém o seu uso é justificado pelos benefícios que traz em 
termos de praticidade, transmissibilidade, verificabilidade, solidez e alcance. 
Nesse tópico, não exaurimos o assunto método, porém,no próximo capítulo, 
apresentaremos de forma mais específica este tema. 
Assim, para que se possa colocar em prática, apresentaremos no próximo 
tópico, sugestões para desenvolver hábitos de estudo.
11
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
4 HÁBITOS DE ESTUDO
A vida acadêmica de um estudante de qualquer nível traz consigo uma série 
de alterações nos seus hábitos estudantis. Isto porque muitas vezes o estudante 
não possui programação habitual de estudo e pesquisa.
Para a realização plena de um estudo, principalmente em cursos de 
graduação e pós-graduação, torna-se necessária a adoção de hábitos de estudo. 
De acordo com Bastos e Keller (1996), dizemos que, filosoficamente, o hábito 
pode ser definido como uma qualidade estável e permanente, boa ou má, que 
torna a ação fácil.
É importante que cada estudante descubra sua melhor maneira de estudar. 
Alguns acreditam que só aprendem com o outro lendo, outros, se isto acontecer, 
não gravam uma frase sequer; alguns preferem um canto quieto e sem movimentos 
que desviem a sua atenção; outros procuram estar de frente para uma avenida 
de grande movimento; alguns escolhem a opção de deitar-se no carpete, outros 
vão para o fundo da casa e passam grande parte do tempo mirando a paisagem; 
alguns buscam a beira-mar, outros atraídos pelos corredores agitados.
Não há muita diferença entre estudar e andar de bicicleta ou nadar, 
porque qualquer atividade requer repetição e disciplina, até incorporar-se ao 
comportamento do sujeito. Assim como andar de bicicleta ou nadar não se 
aprende teoricamente, mas andando ou nadando, da mesma forma estudar se 
aprende estudando, ou seja, formando hábito de estudo. A formação de hábito 
requer disposição, determinação e disciplinas pessoais. Para que o hábito 
de estudo seja desenvolvido, requer-se ainda uma determinada organização. 
Nesta organização para a formação do hábito de estudo devem ser levados em 
consideração três elementos: tempo, material e ambiente.
4.1 TEMPO
Para quem julga que não tem tempo para estudar, o que lhe serve de 
justificativa para o baixo rendimento acadêmico, responde-se “tempo é questão 
de preferência”. O espaço para estudar poderá ser: aberto, porque normalmente 
gasta-se mais tempo que o necessário para a execução de qualquer tarefa. É 
impossível que alguém não consiga abrir espaços de 10 ou 15 minutos entre uma 
atividade e outra, por exemplo: refeições, higiene, transportes etc. Pode parecer 
pouco, mas bem aproveitados, estes espaços representarão, pelo menos, 30 
minutos diariamente, 3 horas e meia por semana, 15 horas mensalmente e 180 
12
 Metodologia da Pesquisa
horas anualmente. Este tempo é superior a qualquer disciplina ofertada em um 
semestre. 
Uma vez aberto este espaço, deve tratar-se de aproveitá-lo com o máximo 
de concentração e atenção. Como faz parte do hábito, ou seja, da formação do 
hábito, é recomendável que os horários sejam sempre os mesmos.
4.2 MATERIAL
Considerando que, atualmente, temos à disposição muito material 
disponível de forma virtual, é necessário organizar o material que utilizaremos 
para estudo. Essa organização começa pela formação de um acervo pessoal, 
que consta livros introdutórios, textos fornecidos pelos professores, revistas 
e sites especializados, dicionários, além do aproveitamento de sala de aula. 
Esse acervo deverá ser formado no transcorrer do curso a partir das indicações 
fornecidas pelos professores das diversas disciplinas, segundo sua ordem de 
facilidade e importância. Em outras palavras, é a formação de uma biblioteca 
pessoal especializada. Claro que, hoje em dia, temos a tecnologia a nosso favor, 
então, esse acervo pode ser compilado em um pendrive, tablet ou até mesmo no 
smartphone.
4.3 AMBIENTE
É importante que o estudante tenha um local próprio e apropriado para 
o estudo. O local deverá satisfazer algumas condições como: iluminação, 
arejamento, silêncio e ordem.
Esses itens, de acordo com Marconi e Lakatos (2010), devem ser observados 
por questões fisiológicas e psicológicas, visto que a memória tem seu centro 
primitivo no olfato (arejamento); a memória é mais auditiva que visual (silêncio); 
ambientes mal iluminados tornam o estudo mais cansativo e, como é óbvio, 
danificam a visão: ambiente desordenado é a causa de dispersão da atenção 
(ordem).
Caso o estudante não consiga estudar sem ouvir música, recomenda-se que 
a utilize a seu favor com fator de associação, por exemplo, ouvindo o mesmo 
estilo de música para o mesmo assunto ou ao gosto do estudante. Nos tópicos 
seguintes, apresentaremos algumas sugestões para desenvolver hábitos de 
leitura.
13
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
4.4 A LEITURA TRABALHADA
Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos estudos. É preciso ler 
e, principalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá 
estudar, logo, escrever poderá se tornar uma prática pouco atrativa. Ler bem é 
o ponto fundamental para os que quiserem ampliar os conhecimentos do tema 
a ser pesquisado e desenvolver bom trabalho. É muito importante participar das 
aulas; elas não circunscrevem, não limitam, ao contrário, abrem horizontes para 
as grandes caminhadas do aluno que leva a sério seus estudos e quer atingir 
resultados plenos de seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras desenvolvem 
programas de pesquisas bibliográficas para que o aluno desenvolva temas e 
reconstrua ativamente o que outros já construíram. Para elaborar um trabalho de 
pesquisa, é necessário ir às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito 
e, principalmente, ler bem.
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, 
abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a 
facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo 
contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode 
ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência: quem não lê memoriza 
elementos de um todo que não se atingiu. Ao terminar um curso de graduação, 
deveríamos não só estar capacitados a repetir muitas das coisas aprendidas na 
faculdade, como também estar habilitados a desenvolver, através de pesquisas, 
temas nunca abordados em aula. Deveríamos ser pequena fonte, não um 
pequeno depósito de conhecimento, ou mero encanamento.
A leitura é um processo que envolve habilidades, entre as quais a 
interpretação do texto e sua compreensão. O processo inicia pelo reconhecimento 
das palavras impressas, o que pode ocorrer sílaba por sílaba, palavra por palavra, 
conjuntos de palavras ou captação de frases inteiras. Após o reconhecimento, 
passa-se a interpretação do pensamento do autor para, a seguir, compreendê-lo. 
O passo seguinte será a retenção das ideias do autor e, quando necessário, a 
reprodução das ideias de modo pessoal, o que confirma a compreensão.
A leitura não é simplesmente um deslizar dos olhos pelas letras impressas. 
Quando o olho salta, permanece cego, nada vê. Quando se fixa consegue ver. 
Veja algumas conclusões que se pode tirar do exercício da leitura:
• A boa leitura depende do número de fixação por linha.
• Captar um conjunto de palavras em cada fixação aumenta a velocidade 
da leitura.
• Quando se lê uma sílaba por sílaba ou palavra por palavra, além de a 
14
 Metodologia da Pesquisa
leitura ser mais lenta, o significado permanece truncado.
• Para alguém tornar sua leitura mais eficiente, precisa aprender a ler pelo 
significado, o que se consegue captando conjuntos de palavras.
4.5 REQUISITOS PARA UMA LEITURA 
TRABALHADA
a) Como selecionar o que ler
O título do livro é a primeira informação que temos sobre o seu conteúdo, 
mas não deve figurar como critério de escolha para a leitura. Devemos examinar 
sumariamente o livro cujo título nos interessa à primeira vista. É necessário 
verificarmos o nome do autor, seu curriculum; devemosler a “orelha” da obra, 
o índice da matéria, a documentação ou as citações de rodapé, a bibliografia, 
assim como verificar a editora, a data, a edição e ler rapidamente o prefácio. A 
convergência desses vários elementos ajuda a selecionar o que ler. Ademais, 
podemos consultar professores da respectiva área. No caso de artigos científicos 
e materiais acessados pela internet, podemos conseguir informações através do 
resumo.
b) Comodidade e higiene na leitura
O ambiente material de leitura deve reunir condições que a favoreçam. É 
preferível ler em ambiente amplo, arejado, bem iluminado e silencioso. É preferível 
ler sentado a ler em pé ou deitado. Além do texto a ser lido, é importante ter em 
mãos um bom dicionário, lápis e um bloco de papel. Não esqueça de concentrar-
se naquilo que se vai fazer. Mesmo nesta era de tecnologias, já podemos contar 
com apetrechos para anotação, como é o caso de tablets versão note, em que 
existe caneta específica para anotação ou, ainda, documentos em PDF que já 
permitem anotações. 
c) Definição de propósitos
A finalidade básica da leitura cultural é a procura, a retenção, a captação, 
a crítica e a integração de conhecimentos, e isso se faz, em primeiro lugar, pela 
procura das ideias-mestras, das ideias principais, também chamadas ideias 
diretrizes. Cada texto, cada seção, cada capítulo e, mesmo cada parágrafo, tem 
uma ideia principal, uma palavra-chave, um conceito fundamental.
Em cada parágrafo é importante o leitor captar a ideia principal, deve 
concentrar-se em sua procura. É importante que o leitor vá além das palavras, 
15
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
ou seja, deve perceber o pensamento contido e o decodificar, deve ler as ideias e 
as hierarquizar enquanto lê, de maneira a encontrar a ideia-mestra ou a palavra-
chave. Quem lê ideias é mais veloz na leitura e capta melhor o que lê. Isto, é 
claro, é fruto de treinamento e exercícios. À medida que lê vai elaborando mapas 
mentais sobre o tema. 
d) Sublinhar
Sublinhar é uma arte que ajuda a colocar em destaque as ideias-mestras, 
as palavras-chave e os pormenores importantes. Quem sublinha com inteligência 
está constantemente atento à leitura, descobre o principal em cada parágrafo 
e o diferencia do acessório. Esse propósito mantém o estudante concentrado e 
em atitude de crítica durante todo o tempo dedicado à leitura. Além desse efeito 
benéfico, já durante a leitura, o hábito de sublinhar com inteligência favorece o 
trabalho das revisões imediatas, bem como as revisões globalizadas posteriores.
Cada um pode adotar uma simbologia arbitrária e pessoal para sublinhar e 
fazer anotações à margem dos textos. Basta que a simbologia adotada mantenha 
uma significação bem definida e constante. Segundo Tierno (2005), o ato de 
sublinhar promove alguns ganhos para as técnicas de estudo. 
• Sublinhar apenas as ideias principais e os detalhes importantes.
• Não sublinhar por ocasião da primeira leitura, exceção aos que dominam 
a sua área.
• Reconstruir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas.
• Ler o texto sublinhado com a continuidade e plenitude de sentido de um 
telegrama.
• Sublinhar com dois traços as palavras-chaves da ideia principal e com 
um único traço os pormenores importantes.
• Assinalar com linha vertical a margem do texto e as passagens mais 
significativas.
• Assinalar com um sinal de interrogação a margem e os pontos de 
discordância.
Apresentamos informações sobre os elementos que compõem hábitos de 
estudo e de que forma podem ser introduzidos em nossa rotina de estudos, no 
próximo tópico, será apresentado como se desenvolve o processo de pesquisa. 
5 PROCESSO DE PESQUISA 
Por pesquisa, segundo Marconi e Lakatos (2010), entende-se como sendo 
16
 Metodologia da Pesquisa
um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo e que requer um 
tratamento científico.
O trabalho de pesquisa visando à construção do conhecimento desenvolve-
se por etapas, que se constituem num método, num caminho facilitador do 
processo. Essas etapas são didaticamente separadas em: preparação, construção 
e constatação. Veja, a seguir, cada uma delas. 
5.1 PREPARAÇÃO
O momento de preparação também pode ser considerado como o momento 
de ruptura. De acordo com Quivy e Campenhoudt (2005), todos carregamos 
uma “bagagem” teórica, que na hora de aplicar à pesquisa, pode nos empurrar 
para uma armadilha. Isto porque uma parte de nossas ideias se inspiram em 
aparências, partidarismo ou senso comum. Outras vezes, podem ser ilusórias 
ou preconceituosas no momento de construir pesquisa de cunho científico. 
Portanto, neste momento, da preparação, devemos romper com estas ideias, 
desconstruindo-as e nos cercando do conhecimento científico a fim de produzir 
pesquisas com bases sólidas.
5.2 CONSTRUÇÃO 
A construção pode ser entendida como a parte teórica e é considerada um 
ponto fundamental para a elaboração de propostas e planos de pesquisa científica 
sólidos. De acordo com Quivy e Campenhoudt (2005), a definição dos passos a 
serem realizados e estimativa dos resultados esperados também dependem da 
teoria. Sem este processo de construção não teremos propostas válidas. Isto nos 
leva ao próximo momento do processo, a constatação.
5.3 CONSTATAÇÃO
Quivy e Campenhoudt (2005) entendem este momento como aquele em que 
se apresenta uma proposta de pesquisa considerada científica, ou seja, quando 
a proposta pode ser avaliada por conter informações da realidade concreta. Pode 
ser chamada também de experimentação. 
A preparação, a construção e a constatação são três eixos principais e 
17
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
interdependentes que estão interligados no processo de pesquisa. Eles podem 
acontecer mais de uma vez durante a pesquisa e dizemos que, sem o momento 
de ruptura, não é possível a constatação. A qualidade da pesquisa depende da 
sincronia desses três elementos. 
Após as considerações iniciais do processo de pesquisa, iremos avançar, 
assim, poderemos perceber que os demais passos que seguimos no momento 
de pesquisar, está ou estará, em algum momento, acontecendo em uma das 
três oportunidades que apresentamos anteriormente (preparação, construção e 
constatação). 
Minayo (2002) nos diz que o processo de pesquisa se inicia com o que alguns 
autores denominam de “fase exploratória” da pesquisa. Essa fase não deve ser 
confundida com a chamada “pesquisa exploratória”, que será apresentada em 
momento oportuno. Mesmo apresentando certas semelhanças, a fase exploratória 
diz respeito a uma sequência de etapas que objetivam o aprofundamento e a 
compreensão preliminar do objeto estudado. Minayo (2002) apresenta algumas 
etapas da fase exploratória de pesquisa:
• a escolha do tópico de pesquisa;
• a delimitação do problema;
• a definição do objeto e dos objetivos;
• a construção do marco teórico conceitual;
• a escolha dos instrumentos de coleta de dados; 
• a exploração de campo (o campo empírico).
O planejamento dessa fase deve ser cuidadosamente elaborado e pode ser 
seguido para a realização de pesquisas para escrita de artigos, monografias, 
teses e dissertações, pois trata-se de um processo que é a base de um bom 
projeto de pesquisa. Trataremos especificamente sobre o projeto de pesquisa no 
Capítulo 3. 
O marco teórico é o estabelecimento de um conjunto bem 
articulado e coerente de teorias e conceitos, que fundamentam 
teoricamente a pesquisa. Em geral, o marco teórico é representado 
ao final de um capítulo ou de uma seção por um quadro-síntese 
conceitual denominado “quadro teórico”. Pode também ser 
denominado como “referencial teórico” ou “modelo de análise”. 
18
 Metodologia da Pesquisa
6 PLANEJANDO A PESQUISA 
A etapa do planejamento da pesquisa também pode ser entendida como 
um pré-projeto e faz parte da fase exploratória. A pesquisa científica objetiva, em 
última análise, responder àsnecessidades humanas. É, porém, uma atividade 
teórica, racional e deve, portanto, desde o início, assumir o formato de atividade 
intelectual planejada. É no pré-projeto que o pesquisador vai ter as primeiras 
ideias sobre o que pesquisar. O que se pretende é, a partir de um tema, gerar 
uma ou mais hipóteses. A necessidade de pesquisar e investigar só toma forma e 
concretiza-se diante de uma hipótese, pois temas apenas anunciam a presença 
de uma necessidade humana qualquer. A atividade intelectual propriamente dita 
inicia-se pela percepção e problematização da necessidade. Daí, pode-se dizer 
que sem hipótese(s) não há pesquisa.
Pode-se dividir a atividade de pré-projeto em cinco passos básicos: escolha 
do tema, revisão de literatura, problematização, seleção/delimitação e geração 
da(s) hipótese(s).
6.1 ESCOLHA DO TEMA
Sugerem-se alguns critérios que ajudarão na escolha adequada de um tema 
de pesquisa:
a) Gosto pessoal, preparo técnico e tempo disponível
Um tema da preferência do pesquisador gera empatia, entusiasmo e favorece 
a perseverança. A formação cultural e a vivência pessoal garantirão o início bem-
sucedido do processo de busca; o tempo para dedicação garantirá a continuidade 
do processo até o ponto necessário/desejado.
b) Importância ou utilidade do tema
 
Um tema tem relevância social quando o desenvolvimento e as conclusões 
acenam com uma contribuição direta para a sociedade.
c) Existência de fontes
 
É condição essencial. É até possível pesquisar algo desgostoso e irrelevante; 
é pesquisar sem fontes de dados.
 
19
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
Em resumo, o tema ideal para pesquisa é aquele que preenche as três 
características: atende ao gosto, aptidão e tempo do pesquisador; é relevante 
para uma sociedade, uma ciência ou para a escola; e sobre ele é possível 
obterem-se dados.
6.2 REVISÃO DE LITERATURA
Uma vez escolhido o tema, o próximo passo é procurar materiais escritos que 
tratem do assunto. Embora seja verdade que ao escolhermos determinado tema 
algo dele já nos é conhecido, a releitura exploratória tem o mérito de aumentar a 
extensão e a profundidade dos conteúdos conhecidos.
6.3 PROBLEMATIZAÇÃO
A problematização é a transformação de uma necessidade humana em 
problema que, por sua vez, define-se como “necessidade humana, quando 
pensada”. O que se faz, na realidade, é dividir a necessidade em seus aspectos 
componentes julgados importantes. Segue-se aquilo que foi aconselhado por 
René Descartes (2002): divide-se um problema em tantas partes quantas 
necessárias para bem resolvê-lo.
Sugere-se o “questionário” como instrumento de problematização. As 
respostas devem ser colocadas em uma frase única, que indique aquilo que o 
pesquisador sabe como resposta naquele momento, a respeito do assunto.
6.4 SELEÇÃO/DELIMITAÇÃO DO 
ASSUNTO
As pesquisas podem considerar a extensão e a profundidade do assunto, 
isto é, podem ser feitas privilegiando a multiplicidade de aspectos conhecidos 
que compõem um tema, seus aspectos “horizontais”, a extensão do assunto. 
Podem também se concentrar em aspectos “verticais”. Tenderia, neste caso, a 
diminuir a extensão do assunto e a sua multiplicidade horizontal, para possibilitar 
o aprofundamento.
Na prática, seleção/delimitação de um assunto consiste em escolher, entre 
os vários aspectos anteriormente levantados, aquele que merecerá estudo e 
20
 Metodologia da Pesquisa
investigação no momento. De qualquer maneira, mesmo que todos os aspectos 
fossem considerados importantes, seria tratado um por vez.
6.5 GERAÇÃO DE HIPÓTESE(S)
Hipótese é caracterizada como uma “verdade provisória”. É fundamental 
para qualquer processo de investigação científica, pois consiste no lançamento 
de uma afirmação a respeito de algo ainda desconhecido, ou pelo menos, não 
satisfatoriamente conhecido. Em pesquisas de ponta, lança-se uma afirmação 
a respeito do desconhecido, com base no conhecimento que a humanidade 
construiu e publicou a respeito do tema. Em pesquisas acadêmicas, faz-se a 
mesma coisa, porém com base no conhecimento já construído pelo pesquisador. 
É a partir de uma “base conhecida” que se lançará um novo desafio de conquista 
intelectual.
Tudo que foi apresentado até o momento pode ser sintetizado na figura 
apresentada a seguir.
FIGURA 1 – PERGUNTAS PARA A ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA
FONTE: Adaptada de Minayo (2002)
As respostas a essas perguntas constituem-se um roteiro que pode ser 
seguido no momento de iniciar a pesquisa. Todavia, de forma geral, nem sempre 
é possível responder todas essas questões logo no início, pois exigem clareza a 
respeito do objeto de pesquisa, que somente é possível após sucessivas leituras 
e troca de ideias com o orientador, necessitando muitas vezes certo conhecimento 
21
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
empírico. Nos próximos tópicos serão apresentados assuntos relacionados com o 
tema ‘conhecimentos e método científico’.
7 CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO
 
Neste tópico serão apresentados assuntos relacionados com o tema 
‘conhecimento e método científico’, visto que não é possível falar sobre este 
assunto sem antes tecermos algumas considerações sobre ciência e natureza da 
ciência. Em seguida, serão apresentados os tipos de conhecimentos.
7.1 DEFINIÇÃO DE CIÊNCIA
O termo ciência, em sentido geral, quer dizer “saber, conhecimento”; em 
sentido restrito, como é usada hoje a ciência, quer dizer “conhecimento das coisas 
pelas causas”, ou como diria Francis Bacon (1561-1626), “o conhecimento em si 
mesmo é o poder” (SUPERINTERESSANTE, 2015). Como vemos, a ciência gira 
em torno do conhecimento e da busca por ele.
A ciência é conhecimento, mas isso não implica afirmar que todo o 
conhecimento é ciência. Como já vimos anteriormente, há vários tipos de 
conhecimento e todos eles têm seus aspectos de verdade, mas isso não significa 
que todos sejam científicos. Segundo Chauí (2000, p. 10):
As ciências pretendem ser conhecimentos verdadeiros, obtidos 
graças a procedimentos rigorosos de pensamento.
Pretendem agir sobre a realidade, através de instrumentos e 
objetos técnicos.
Pretendem fazer progressos nos conhecimentos, corrigindo-os 
e aumentando-os.
7.2 NATUREZA DA CIÊNCIA
Duas dimensões devem ser explicadas quando se trata de analisar a 
natureza da ciência, mas que se apresentam inseparáveis:
a) A compreensiva (contextual ou de conteúdo).
b) A metodológica (operacional). Essa abrange aspectos lógicos e técnicos.
22
 Metodologia da Pesquisa
Pode-se conceituar o aspecto lógico da ciência como o método de raciocínio 
e de inferência acerca dos fenômenos já conhecidos ou a serem investigados; em 
outras palavras, pode-se considerar que o aspecto lógico constitui o método para 
a construção de proposições e enunciados, objetivando, dessa maneira, uma 
descrição, interpretação, explicação e verificação mais precisa.
A logicidade da ciência manifesta-se através de procedimentos e operações 
intelectuais que, de acordo com Trujillo (1974):
a) Possibilitam a observação racional e controlam os fatos.
b) Permitem a interpretação e a explicação adequada dos fenômenos.
c) Contribuem para a verificação dos fenômenos, positivados pela experiência 
ou pela observação.
d) Fundamentam os princípios da generalização ou o estabelecimento dos 
princípios e das leis.
Por sua vez, o aspecto técnico da ciência pode ser caracterizado pelos 
processos de manipulação dos fenômenos que se pretende estudar, analisar, 
interpretar ou verificar, cuidando para que sejam medidas ou calculadas com 
a maior precisão possível, registrando-se as condições em que eles ocorrem, 
assim como sua frequência e persistência, procedendo-se a sua decomposição e 
recomposição, sua comparação com outros fenômenos, para detectar similitudes 
e diferenças e, finalmente, seu aproveitamento. 
7.3 COMPONENTES DA CIÊNCIA
As ciências possuem:a) Objetivo ou finalidade: preocupações em distinguir a característica comum ou 
as leis gerais que regem determinados eventos.
b) Função: aperfeiçoamento através do crescente acervo de conhecimentos da 
relação do homem com o seu mundo.
c) Objeto: subdivido em:
o	 Material: aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, 
de modo geral.
o	 Formal: o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem 
o mesmo objeto material.
23
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
7.4 CARACTERÍSTICA DA CIÊNCIA
Através da análise, a ciência resolve os casos concretos e complexos 
em seus elementos simples e abstratos. Os seres são decompostos em seus 
elementos mais simples para serem medidos. O aspecto qualificativo dos fatos, 
para ser tratado cientificamente, tem de sofrer um processo de mensuração. 
Assim, a própria qualidade tem de ser expressa em termos de quantidade.
Os fatos são relacionados pelas leis, para que constituam princípios gerais 
ou teorias. A ciência satisfaz o espírito e esclarece dúvidas, explicando o “como” e 
o “porquê” dos fatos. Diz como se processa um fato e porque ele ocorre. Graças 
a essas maneiras de estudar os fatos, tornou-se possível à previsibilidade, tão 
necessária ao homem. A previsibilidade em Ciência não é mais do que o fruto 
de uma certeza quanto ao comportamento dos fatos. Ninguém, sinceramente, 
faria uma previsão sem ter certeza da veracidade dos dados de que dispõe. Essa 
certeza é oriunda de que todos os fatos se submetem a uma causa ou conjunto 
de causas e que não ocorrem espontaneamente, arbitrariamente. Em outras 
palavras, que nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os 
mesmos efeitos, o que vem dar o postulado fundamental, de que a natureza é 
uniforme e que um determinismo científico, absoluto, rege todos os fenômenos.
A ciência é fundamentalmente metódica. É certo que muitas descobertas 
científicas se realizaram à revelia de qualquer método, mas isso não passa de 
exceção. Um dos instrumentos de validade para os conhecimentos científicos é a 
metodologia adotada pela Ciência. A Ciência anda sobre o método, método para 
tudo: para investigar, comprovar e sistematizar.
O conhecimento científico, por certo, não satisfaz o homem somente 
pelo auxílio que lhe empresta, mas também pela satisfação que causa a sua 
curiosidade, com fim puramente especulativo. O que não se pode dizer é que 
o homem chegue a ‘fazer ciência desinteressadamente’, pois por mais que não 
haja, há o interesse pela própria ciência.
Assim, pode-se dizer que a ciência tem duas funções: especulativa e prática. 
• Na função especulativa, o homem encontra interesse no seu próprio 
trabalho, no descobrir novas relações de causalidade. 
• Na função prática, ao contrário, o homem tem interesse na aplicação dos 
conhecimentos teóricos para atender às necessidades de vida. As razões sociais 
são aquelas que plenamente justificam o esforço teórico, e é que dá sentido e 
razão de ser de todo esforço egoisticamente, isolado de seus semelhantes, mas 
unidos a todos, em esforço comunitário.
24
 Metodologia da Pesquisa
7.5 UTILIDADE DA CIÊNCIA
A Ciência satisfaz a sede de saber do homem, o que parece inesgotável, 
uma vez que ele também é um curioso. A curiosidade, aliada às necessidades de 
vida, impele o homem a conhecer cada vez mais. O conhecer, em nosso século, 
aliou-se à política e à economia. A necessidade de se manter globalizado e de 
produzir maiores riquezas, fazem com que a pesquisa científica seja patrocinada 
pelo Estado.
A Ciência prevê a marcha dos fenômenos e pode interferir no seu desenrolar, 
tendo em vista maior segurança para a vida individual e coletiva. As comunidades 
já estão marchando no sentido de terem o seu conselheiro-cientista.
A “visão comum da ciência” caracteriza-se por um grau de 
certeza alto, desfrutando assim de uma posição privilegiada com 
relação aos demais tipos de conhecimento (o do homem comum, 
por exemplo). Teorias, métodos, técnicas e produtos contam com 
aprovação geral quando considerados científicos. A autoridade 
da ciência é evocada amplamente. Indústrias, por exemplo, 
frequentemente rotulam de “científicos” processos por meio dos 
quais fabricam seus produtos, bem como os testes aos quais os 
submetem. Atividades de pesquisa nascentes se autoqualificam 
“científicas”, buscando afirmar-se: ciências sociais, ciência política, 
ciência agrária etc. Essa atitude de veneração frente à ciência deve-
se, em grande parte, ao extraordinário sucesso prático alcançado 
pela física, pela química e pela biologia, principalmente. Assume-se, 
implícita ou explicitamente, que por detrás desse sucesso existe um 
“método” especial, uma “receita” que, quando seguida, resulta em 
conhecimento certo, seguro. 
7.6 A CIÊNCIA E O ESPÍRITO 
CIENTÍFICO
O espírito científico requer uma série de qualidades ou atitudes que se 
manifesta em estudantes e demais frequentadores do ambiente acadêmico, como 
professores e pesquisadores. Uma das tarefas da Educação deve ser munir o 
25
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
maior número possível de homens de atitude científica.
É claro que o espírito compreende sólida formação moral, mas a ela deve-
se acrescentar: independência de pensamento, espírito positivo, imparcialidade; 
pensamento desinteressado, fé na Ciência e sentimento de responsabilidade.
a) Independência de pensamento
O espírito científico opõe-se ao conhecimento estabelecido pela simples 
autoridade. Não se contenta apenas com que o “fulano disse”; quer verificar, quer 
provas sobre a veracidade de asserção. Opõe-se ao dogmatismo, em que uma 
afirmação ou conhecimento tem de ser aceito sem discussão. Essa atitude de 
independência de pensamento implica livre exame às questões e independência 
intelectual, de maneira a não se prender a preconceitos, dogmatismos e 
autoridades discutíveis.
b) Espírito positivo
Espírito positivo é aquele que se orienta mais por dados objetivos do que 
subjetivos. Faz o mesmo esforço, para evitar que o subjetivismo influa em seus 
juízos. Raciona com base em dados e não em suposições. O espírito positivo 
é aquele que quer provas para aceitar um princípio e também fornece provas 
quando quer convencer alguém a respeito da verdade ou inverdade deste mesmo 
princípio. O espírito positivo é o contrário daquele que acredita em fatos que não 
possam ser provados ou para os quais são dadas explicações não naturais.
c) Espírito crítico
Espírito crítico é aquele que sempre alimenta certa dúvida e não dá total 
crédito às primeiras impressões sem antes examiná-las cuidadosamente. A 
atitude crítica não quer dizer desconfiança nem ataque, mas exame cuidadoso de 
todas as provas, mesmo daquelas que pareçam irrefutáveis. A essa atitude pode-
se dar também o nome de “dúvida cartesiana”. 
Na verdade, a própria ciência se renova e progride, em grande parte, graças 
ao espírito crítico. A atitude crítica é essencial para o espírito crítico. Deveria ser 
uma atitude desejável para todos os homens e não somente para o cientista. 
Quanto mais uma comunidade se compenetra em atitude científica, mais próxima 
ela se encontra em equacionar e resolver seus problemas.
 
d) Imparcialidade
O espírito científico é contrário a qualquer tipo de parcialidade, quer religiosa, 
26
 Metodologia da Pesquisa
política, familiar, racial, nacional ou cultural. Tem de fazer com que o seu afeto 
não perturbe a visão dos fatos, não torça a verdade, mesmo quando esta lhe seja 
desfavorável, no sentido pessoal.
e) Espírito desinteressado
O cientista não pode ficar preso em suas investigações, à aplicação prática, 
o que seria, talvez, tarefa demasiada para um só cérebro. Um cientista ou grupo 
de cientistas pode cuidar da investigação pura e outro cientista ou grupo de 
cientistas de sua aplicação prática. A verdade é que a aplicação prática deve ser 
uma decorrênciada pesquisa e, nos dias atuais, a sua justificativa mais forte. A 
preocupação de aplicação pelo investigador puro traria o perigo de limitar certas 
investigações que contribuiriam para melhor compreensão de certos problemas 
ou conjunto deles.
f) Acreditar na ciência
O cientista, apesar de eliminar preconceitos e não dar crédito a não ser a 
fatos comprovados, precisa crer, ter fé na ciência, decorrendo essa fé na crença 
de que a natureza é regida, determinantemente, por leis invariáveis. 
g) Sentimento de responsabilidade social
Por último, o cientista deve estar imbuído de suas responsabilidades sociais 
e certo de que seu trabalho tem dois objetivos: 
•	 o primeiro, de alcançar a verdade; 
•	 e o segundo, de trabalhar para o engrandecimento do homem, tendo 
em vista torná-lo mais consciente dos mistérios que o envolvem e mais 
próximo de seus semelhantes em colaboração e respeito.
7.7 CLASSIFICAÇÃO DA CIÊNCIA
Refletindo as suas diversas atividades, as ciências podem ser classificadas 
numa escala indicadora de níveis probabilísticos de predição, sendo que em uma 
escala ascendente, partindo da baixa predição à alta predição, classificaríamos a 
ciência na seguinte ordem, conforme Lakatos e Marconi (2011):
• Ciências Humanas.
• Ciências Sociais.
27
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
• Ciências Biológicas.
• Ciências Exatas.
 
Devemos refletir sobre o que se apresentou nos tópicos anteriores, pois até 
aqui, foi apresentado os caminhos que os acadêmicos de pós-graduação trilharão 
no momento de fazer ciência e escrever suas pesquisas, de se apropriar e fazer 
acontecer o conhecimento. Aqui, cabe um questionamento: será que este tipo de 
conhecimento – o conhecimento científico – é igual a outras formas existentes 
de conhecimento, que nos permitem compreender e explicar a realidade a nossa 
volta? Nos próximos tópicos, aprenderemos mais um pouco sobre os tipos de 
conhecimento. 
8 TIPOS DE CONHECIMENTO
O ser humano não age diretamente sobre as coisas. Sempre há um 
intermediário, um instrumento que faz a ponte entre o homem e seus atos. 
Quando o homem faz ciência, quando investiga cientificamente, isso também 
acontece, ou seja, existe esta ponte entre ele e sua realização científica. Ora, não 
é possível fazer um trabalho científico sem conhecer os instrumentos.
É por meio deste conhecimento que o homem atinge várias áreas da 
realidade a fim de possuí-la. Esta própria realidade é constituída por diversos 
níveis e estruturas diferentes. Isso significa que determinado assunto ou fenômeno 
pode ser compreendido de maneira mais simples ou avançar para uma forma 
mais complexa, de acordo com o resultado ou finalidade que queira ser atingida.
Esta abstração que existe na absorção da realidade leva o homem a 
compreendê-la em níveis diferentes, não no sentido de evolução, mas no sentido 
de apreciação de determinada realidade, levando em conta a área e a estrutura 
que o homem deseja penetrar. Assim, podemos considerar que os resultados 
desta absorção da realidade – o conhecimento adquirido – acontecem em níveis 
diferentes, que de acordo com Lakatos e Marconi (2011), coexistem entre si, em 
quatro níveis diferentes, a saber: 
• Conhecimento popular ou empírico.
• Conhecimento filosófico.
• Conhecimento religioso ou teológico.
• Conhecimento científico.
Apresentaremos, a seguir, um breve panorama de cada um deles, 
acompanhe:
28
 Metodologia da Pesquisa
8.1 CONHECIMENTO POPULAR OU 
EMPÍRICO
O conhecimento popular é aquele conhecido como sensível, vulgar, empírico 
ou senso comum. Este tipo de conhecimento é resultante das suposições, 
vivências e crenças pessoais, ele é adquirido nas inter-relações humanas através 
da herança dos antepassados. A forma de julgamento do conhecimento popular 
não é reflexiva, pois é desenvolvido para solucionar necessidades cotidianas 
imediatas, estando relacionado à praticidade factual.
O conhecimento popular é ocasional e assistemático, ou seja, baseia-se na 
“organização” particular das experiências próprias do indivíduo e não em uma 
sistematização das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os 
fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, 
desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida 
diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia a dia. Finalmente, é falível 
e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito 
do objeto, não se submetendo à crítica.
O conhecimento empírico se baseia quase que exclusivamente nos sentidos. 
São as impressões das coisas que fornecem o conhecimento, mas de modo 
superficial, sem ligação umas com as outras. Assim, o conhecimento é caótico, 
retalhado, sem articulação. Essas impressões, sendo individuais, criam maneiras 
diversas de compreender a mesma coisa, conforme as variações individuais. Isso 
dá ao conhecimento empírico um caráter muito particular, não só no sentido de 
que ele varia de indivíduo para indivíduo, como no sentido de que uma noção 
só se emprega a uma coisa em particular. O mundo não passa de um desfilar de 
fatos independentes, sem ligação entre si. 
Nestas circunstâncias, poucos são os fatos que apresentam explicação, a 
fim de podê-los prever. As coisas são vistas em toda a sua complexidade, sem 
discernimento de caracteres comuns, graças aos quais se reduz e simplifica. 
No conhecimento empírico há o predomínio do aspecto qualitativo sobre o 
quantitativo. As coisas são tomadas isoladamente e assim consideradas. 
Importa a diversidade aparente, a subjetividade e a falta de previsão, limitando, 
assim, o poder de ação do homem. Concluindo, o “conhecimento empírico” é 
profundamente particular e subjetivo.
29
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
8.2 CONHECIMENTO FILOSÓFICO
O conhecimento filosófico constitui-se de pressupostos críticos que orientam 
as ações, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses que não poderão 
ser submetidas à observação, por esse motivo, o conhecimento filosófico não é 
verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que 
ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados.
É racional e objetivo em virtude de consistir num conjunto de enunciados 
logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas 
hipóteses e enunciados visam uma representação coerente da realidade 
estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é infalível 
e exato, tendo em vista que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas 
as outras, quer na definição do instrumento capaz de aprender a realidade, seus 
postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da 
observação (experimentação).
8.3 CONHECIMENTO RELIGIOSO OU 
TEOLÓGICO
O conhecimento religioso, também chamado místico, dogmático ou 
teológico, apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), 
por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais 
verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento 
sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um 
Criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma 
atitude de fé perante um conhecimento revelado.
O conhecimento teológico, de acordo com Cervo e Bervian (1987), é feito 
com base na lei suprema da inteligência: aceitar a verdade venha de onde vier, 
contanto que seja legitimamente adquirida. 
8.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO
O conhecimento científico é gerado por meio de observação e descrição, 
sendo tanto quantitativo como qualitativo. Finalmente, o conhecimento científico 
é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda forma de 
existência que se manifesta de algum modo. 
30
 Metodologia da Pesquisa
Constitui um conhecimentocontingente, pois suas proposições ou hipóteses 
têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas 
pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata 
de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não 
conhecimentos dispersos e desconexos.
Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, 
absoluto ou final e, por esse motivo, é aproximadamente exato: novas proposições 
e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
O conhecimento científico tem origem na tentativa de explicações dos fatos. 
Este começa a existir, porém, quando o homem tenta explicar os efeitos pelas 
causas, pelas leis que os regem. As tentativas de explicação primitivas baseavam-
se em atribuir às coisas certas forças e poderes, como “a leveza”, “o peso”, “o 
calor” etc. Estas tentativas são realizadas por imposição das necessidades 
práticas da vida, que obrigam o homem a lidar com as coisas. Desse modo, o 
pensamento, de subjetivo que era, vai tornando-se objetivo.
Os conhecimentos de particulares tornam-se gerais graças à generalização. 
A mensuração toma parte constante em torno das coisas e dos fatos. Há uma 
sistematização de dados e circunstâncias para esgotar-lhes a cognoscibilidade. 
Com a descoberta das relações de causa e efeito, a previsibilidade torna-
se possível. Tem-se a ciência. O que possibilita erigir a ciência é a crença na 
uniformidade do universo, regida por um determinado natural, que preside todos 
os fenômenos.
Apresentaremos, a seguir, uma figura que contempla a síntese da ideia 
principal de cada um dos tipos de conhecimento:
FIGURA 2 – TIPOS DE CONHECIMENTO
FONTE: Adaptada de Lakatos e Marconi (2011)
31
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
Este é, pois, o postulado fundamental da Ciência: uniformidade do universo 
quanto às leis que o regem. É esta uniformidade, esta crença no determinismo 
natural, que possibilita a previsão e dá esperanças ao homem de poder conhecer 
e atuar sobre a natureza.
O conhecimento científico, segundo Santo (1992), pode ser interpretado 
resumidamente da seguinte forma:
• O conhecimento científico é racional. Isto porque não é constituído por 
sensações e imagens, mas por conceitos, juízos e raciocínios.
• O conhecimento científico transcende os fatos. Este conhecimento não 
se limita apenas aos fatos conhecidos e observados, mas procura ir além 
da observação superficial, inferindo o que pode haver por trás dos fatos.
• O conhecimento científico também é analítico. Ele é analítico em virtude 
de abordar um fato, processo, situação ou fenômeno, e, em seguida, 
decompõe o todo em suas partes componentes.
• O conhecimento científico é sistemático. Ele é sistemático porque é 
formado de um sistema de ideias relacionadas entre si. Seus sistemas 
são: de referências, teorias e hipóteses, fontes de informação e quadro 
explicativo das propriedades relacionadas.
• O conhecimento científico é cumulativo. Ora, uma vez que o seu 
desenvolvimento é uma consequência de contínua seleção de 
conhecimento, novos conhecimentos são cumulados.
• O conhecimento científico tem uma característica preditiva, isto porque, 
fundamentando-se em leis já estabelecidas, pode, através da indução 
probabilística, prever ocorrências.
1 Relacione a coluna da direita com a coluna da esquerda:
(1) Tempo.
(2) Material.
(3) Ambiente.
(4) Conhecimento empírico.
(5) Conhecimento filosófico.
(6) Conhecimento religioso.
(7) Conhecimento científico.
( ) É gerado por meio de observação e descrição, sendo tanto 
quantitativo como qualitativo.
( ) Apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas 
(valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural 
32
 Metodologia da Pesquisa
(inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas 
infalíveis e indiscutíveis (exatas).
( ) Tal conhecimento não é verificável, já que os enunciados das 
hipóteses, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não 
podem ser confirmados nem refutados.
( ) Este tipo de conhecimento é resultante das suposições, vivências 
e crenças pessoais, ele é adquirido nas inter-relações humanas 
através da herança dos antepassados.
( ) É importante que o estudante tenha um local próprio e apropriado 
para o estudo. O local deverá satisfazer algumas condições 
como: iluminação, arejamento, silêncio e ordem.
( ) Considerando que o ensino teológico, pelo menos em seus 
períodos iniciais é teórico, e, portanto, fundamenta-se em cultura 
livresca.
( ) Uma vez aberto este espaço, deve tratar-se de aproveitá-lo com 
o máximo de concentração e atenção. Como faz parte do hábito, 
ou seja, da formação do hábito, é recomendável que os horários 
sejam sempre os mesmos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) 5 – 4 – 7 – 6 – 2 – 1 – 3.
( ) 1 – 2 – 4 – 5 – 7 – 3 – 6.
( ) 6 – 5 – 7 – 1 – 4 – 3 – 2. 
( ) 4 – 5 – 3 – 7 – 2 – 6 – 1.
2 Qual o objetivo básico da atividade científica?
R.: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
33
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Iniciamos o capítulo falando sobre o processo de pesquisa considerando 
os hábitos de estudo. Em seguida, pudemos compreender que a ciência é um 
tipo de conhecimento diferente de outros, como o conhecimento religioso, o 
conhecimento filosófico e o conhecimento oriundo do senso comum, sendo que 
cada qual possui um conjunto específico de condições e características.
Vimos que a ciência é classificada com relação a seus objetos de estudos: 
ciências formais e factuais; e que também é classificada de acordo com os 
seus fins: ciências básicas e aplicadas. Nesse sentido, pudemos comparar as 
especificidades dos diversos tipos de conhecimento.
Foi possível compreender que a ciência é um tipo de conhecimento peculiar e 
diferente dos outros tipos, pois se utiliza de toda uma metodologia e racionalidade 
que permite que a ciência evolua e, na verdade, não é possível dissociar uma 
da outra, pois se complementam. Só há conhecimento se houver ciência, só há 
ciência se houver conhecimento. 
34
 Metodologia da Pesquisa
REFERÊNCIAS
BASTOS, C.; KELLER, V. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia 
científica. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
BUNGE, M. La ciencia, su método y su filosofia. Buenos Aires: Siglo 
Veinteuno, 1973.
CERVO, A. L. J.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: 
McGraw-Hill, 1987.
CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2000.
CHIBENI, S. S. O que é ciência? 2014. Disponível em: http://www.unicamp.
br/~chibeni/textosdidaticos/ciencia.pdf. Acesso em: 17 fev. 2020.
DESCARTES, R. O discurso do método. Tradução: Pietro Nasseti. São Paulo: 
Martin Claret, 2002.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: 
Atlas, 2011.
MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 
7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARTINS, G. A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São 
Paulo: Atlas, 2000.
MINAYO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 
Petrópolis: Vozes, 2002.
QUIVY, R.; CAMPENHOUDT, L. V. Manual de Investigação em Ciências 
Sociais. 4. ed. Lisboa: Gradiva, 2005.
RUIZ, J. A. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1991.
SANTO, A. do E. Delineamentos da metodologia científica. São Paulo: 
Edições Loyola, 1992.
SAUNDERS, M.; LEWIS, P.; THORNHILL, A. Research methods for business 
students. 5. ed. São Paulo: Pearson Education, 2009.
35
PROCESSO DE PESQUISA: CONHECIMENTOS E MÉTODO 
CIENTÍFICO Capítulo 1 
SUPERINTERESSANTE. FrancisBacon: “O conhecimento é em si mesmo um 
poder”. 2015. Disponível em: https://super.abril.com.br/ideias/o-conhecimento-e-
em-si-mesmo-um-poder-francis-bacon/. Acesso em: 1º maio 2020.
TIERNO, B. As melhores técnicas de estudo. São Paulo: Martins Fontes, 2005. 
TRUJILLO, F. A metodologia da ciência. 3. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974.
36
 Metodologia da Pesquisa
CAPÍTULO 2
PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO 
DO CONHECIMENTO POR MEIO 
DA PESQUISA E AS ETAPAS 
DO PROCESSO DE PESQUISAS 
CIENTÍFICAS
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer o processo de evolução da ciência e do conhecimento científico.
� Entender quais os posicionamentos filosóficos da pesquisa.
� Compreender a metodologia e os métodos da pesquisa científica.
38
 Metodologia da Pesquisa
39
PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO POR MEIO DA 
PESQUISA E AS ETAPAS DO PROCESSO DE PESQUISAS 
CIENTÍFICAS
 Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
“Para o espírito científico, qualquer conhecimento é uma resposta a uma 
pergunta. Se não tem pergunta não pode ter conhecimento científico. Nada se dá, 
tudo se constrói” (JAPIASSÚ, 1999, p. 84).
Com essa citação, iniciamos este capítulo dizendo que a busca pelo 
conhecimento é considerada a busca eterna do ser humano. Como parte do 
processo evolutivo, o ser humano foi ousado em filosofar e experimentar; este 
experimento fez com que descobrisse o conhecimento empírico, definisse 
regras e produzisse tecnologias; e tudo isso foi possível porque a força motriz 
foi a curiosidade. É a pesquisa que nos permite experiências para evoluirmos da 
barbárie à compreensão de tudo a nossa volta e é isso que torna a curiosidade o 
combustível que propulsiona o querer saber sempre mais. 
Assim, independente do domínio das nossas necessidades, devemos 
sempre manter a curiosidade aguçada, pois uma produz na outra a busca pela 
criação, pensar em novos métodos, técnicas e assim, fazer ciência e refletir sobre 
nossas ações no mundo. Segundo Boente e Braga (2004), são as experiências 
e os experimentos que promovem em nós a compreensão do todo. Assim, é 
importante manter o espírito investigativo, pois independente de dominarmos 
nossas necessidades, aquele promove neste o desejo da busca pelo criar 
novos métodos, novas experiências, técnicas e o mais importante, fazer ciência 
e a reflexão do porquê existimos. Este capítulo tratará sobre os caminhos que 
são importantes a serem percorridos para que haja a produção e a transmissão 
do conhecimento por meio da pesquisa e as etapas do processo de pesquisas 
científicas.
2 EVOLUÇÃO DA CIÊNCIA PARA O 
CONHECIMENTO
Desde que tomamos conhecimento da existência dos seres humanos, 
independente do seu contexto histórico, há sempre a busca por descobrir sobre 
tudo ou quase tudo ao seu redor. Assim, perguntas como: Em quais circunstâncias 
estamos vivendo? Quais as características deste mundo que estamos vivendo?, 
são uma constante na tarefa diária na busca pelo conhecimento. Além disso, de 
acordo com Aristóteles, em sua obra “Ética a Nicômaco”, alcançar a felicidade 
também deve ser uma constante na vida do ser humano (VALLANDRO; 
BORNHEIM, 1991).
40
 Metodologia da Pesquisa
Assim, dizemos que investigar ou procurar novos conhecimentos são 
características inerentes aos seres humanos. Dessa forma, podemos inferir que 
a investigação ou a busca por novos conhecimentos está no cerne de todo ser 
humano, o tornando inquieto e sedento pelo saber. 
Os meios para desenvolver as tarefas até conseguir avançar e ampliar este 
caminho, exigem dedicação para se fazer história; e mesmo que os caminhos 
pareçam pacíficos ou até mesmo suaves, sem o esforço da busca, não haverá a 
conquista do fazer história. 
Para que entenda esta busca constante, apresentaremos a seguir um texto 
que complementa as ideias até aqui apresentadas. O desejo da busca constante 
por descobertas deve ser a mola propulsora que nos impulsiona a sempre querer 
mais e mais, pois isto nos levará a fazer ciência.
Algo que sempre deslumbra o ser humano é contemplar as 
estrelas e o vasto mundo que o cerca; o interesse em desvendar o 
universo ainda o impulsiona e o acompanha nesta incrível aventura. 
A busca pelo aprendizado faz com que perceba que quanto mais 
sabe, mais precisa saber. Apresentaremos, a seguir, um trecho do 
livro do físico Roberto de Andrade Martins (1994), que trata sobre 
estes eternos questionamentos do ser humano. Mostra a angústia 
e a aventura do ser humano em sua jornada por descobrir o mundo. 
O texto procura trazer uma reflexão sobre esta busca constante que 
acompanha o ser humano desde os primórdios dos tempos. Boa 
leitura!
A origem do universo é um tema que sempre interessou à 
humanidade. Em todos os povos, em todas as épocas, surgiram 
muitas e muitas tentativas de compreender de onde veio tudo o que 
conhecemos. No passado, a religião e a mitologia eram as únicas 
fontes de conhecimento. Elas propunham certa visão de como um ou 
vários deuses produziram este mundo.
Há mais de dois mil anos, surgiu o pensamento filosófico. Ele 
propôs novas ideias, modificando ou mesmo abandonando a tradição 
religiosa. Por fim, com o desenvolvimento da ciência, apareceu um 
outro modo de estudar a evolução do universo.
Atualmente, a ciência predomina. É dessa ciência que muitos 
41
PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO POR MEIO DA 
PESQUISA E AS ETAPAS DO PROCESSO DE PESQUISAS 
CIENTÍFICAS
 Capítulo 2 
esperam obter a resposta as suas indagações sobre a origem 
do universo. Muitas vezes, lemos notícias em jornais e revistas 
apresentando pesquisas recentes sobre a formação do universo. 
Na tentativa de chamar a atenção para uma nova descoberta, 
os jornalistas às vezes exageram sua importância e publicam 
manchetes do tipo: “Acaba de ser provado que o universo começou 
de uma explosão”. Entretanto, foi provado, mesmo?
As notícias, quase sempre, dão a impressão de que acabaram 
todos os mistérios, que não há mais dúvidas sobre o início e a 
evolução do cosmo, mas a verdade não é exatamente essa. Há 
dezenas de anos, os jornais repetem as mesmas manchetes, com 
notícias diferentes. Quem se der ao trabalho de consultar tudo o que 
já se publicou sobre o assunto, verá que os meios de comunicação 
revelam sempre um enorme otimismo. O resultado de cada nova 
pesquisa é apresentado como se tivesse sido conseguida a solução 
final, mas se a notícia de trinta anos atrás fosse correta, não 
poderiam ter surgido todas as notícias dos anos seguintes – até hoje 
– repetindo sempre que certo cientista ou grupo de pesquisadores 
“acaba de provar” que o universo começou assim e assim.
A ciência tem evoluído, isso é inegável. Durante o século XX, 
nossos conhecimentos aumentaram de um modo inconcebível. 
Entretanto, nem todos os problemas foram resolvidos. A ciência 
ainda não esclareceu a maior parte das dúvidas. As teorias sobre a 
origem do universo ainda devem sofrer muitas mudanças no futuro. 
Por isso, ninguém deve esperar encontrar aqui a resposta final. A 
última palavra ainda não foi dita.
A ciência não é o único modo de se estudar e tentar captar a 
realidade. O pensamento filosófico e o religioso possuem também 
grande importância. As antigas indagações ressurgem sempre: será 
possível que esse universo tenha surgido sem uma intervenção 
divina? Até que ponto a ciência e a religião se contradizem ou se 
completam?
Ao longo da história da humanidade, desenrolou-se – e ainda 
se desenrola – um enorme esforço para descobrir de onde veio 
tudo aquilo que existe. É a história desse esforço que será descrita 
neste livro. Apenas sabendo todas as fases pelas quais já passou 
o pensamento humano, podemos tentar avaliar corretamente o 
estágio atual de nossos conhecimentos. Para isso, não podemos 
nos limitar apenas às investigações mais recentes, nem apenas à 
42
 Metodologia da Pesquisa
ciência. Devemos recuara um passado distante e acompanhar 
essa grandiosa aventura intelectual da humanidade: a tentativa de 
entender a origem do universo, a sua própria origem e o seu próprio 
significado.
Em nossa viagem, encontraremos alguns dos maiores 
pensadores de toda a história. Muitas teorias são difíceis ou 
obscuras. Será preciso certo esforço para entendê-Ias, mas vale a 
pena esse esforço de elevar-se e poder dialogar com alguns dos 
maiores gênios da humanidade.
Nossa viagem pela história do pensamento humano nos mostra 
muitas tentativas realizadas para se compreender a origem de nosso 
universo. Essa busca existiu em todas as civilizações, em todos os 
tempos, mas a forma de buscar essa explicação variou muito. O 
mito, a filosofia, a religião e a ciência procuraram dar uma resposta 
às questões fundamentais: O universo existiu sempre, ou teve um 
início? Se ele teve um início, o que havia antes? Por que o universo 
é como é? Ele vai ter um fim?
Nosso conhecimento moderno sobre o universo está muito 
distante daquilo que era explicado pelos mitos e pela religião. 
Nenhum mito ou religião descreveu o surgimento do sistema solar, 
do Sol, das galáxias ou da própria matéria. Esperaríamos da ciência 
uma resposta as nossas dúvidas, mas ela também não tem as 
respostas finais.
Por que não desistimos, simplesmente, de conhecer o início 
de tudo? Que importância pode ter alguma coisa que talvez tenha 
ocorrido há 20 bilhões de anos?
A presença universal de uma preocupação com a origem do 
universo mostra que esse é um elemento importante do pensamento 
humano. Possuir alguma concepção sobre o universo parece ser 
importante para que possamos nos situar no mundo, compreender 
nosso papel nele. Em certo sentido, somos um microcosmo. O 
astrônomo James Jeans explicou da seguinte maneira o interesse 
dos cientistas por coisas tão distantes de nossa vida diária:
“Ele quer explorar o universo, tanto no espaço quanto no tempo, 
porque ele próprio faz parte do universo, e o universo faz parte do 
homem”.
43
PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO POR MEIO DA 
PESQUISA E AS ETAPAS DO PROCESSO DE PESQUISAS 
CIENTÍFICAS
 Capítulo 2 
Essa busca de uma compreensão do universo e do próprio 
homem ainda não terminou. De uma forma ou de outra, todos 
participamos dessa mesma procura. Uma procura que tem 
acompanhado e que ainda deverá continuar a acompanhar todos os 
passos da humanidade.
FONTE: MARTINS, R. de A. O universo: teorias sobre sua origem e 
evolução. São Paulo: Moderna, 1994.
Contudo, neste movimento de questionamentos e respostas ou possíveis 
respostas, historicamente, as inquietações do ser humano são um esforço que 
encontram na aquisição do conhecimento as possíveis soluções para problemas 
de ordem teórica ou prática, que vão além da simples necessidade de conformar-
se com os desafios modernos que são de competência científica e que somente 
são passíveis de construção através da pesquisa, que resulte em capacidade de 
elaboração própria. 
Dessa forma, os seres humanos, através da evolução histórica do 
conhecimento, do saber e da liberdade, começaram a compreender o agir das 
forças que os movem e passaram a formular uma nova concepção de mundo e, 
consequentemente, do seu agir no contexto social a qual pertencem. 
3 ESCOLAS DO PENSAMENTO 
CIENTÍFICO: POSITIVISMO E 
CONSTRUTIVISMO
No tópico anterior, falamos sobre a constante busca do ser humano pelo 
conhecimento e como este movimento evolui para o fazer ciência. Acontece que, 
quando estudamos sobre ciência, existem duas posturas filosóficas que norteiam 
a pesquisa científica, a saber: o Positivismo e o Construtivismo. 
Um dos elementos que é considerado primordial neste posicionamento está 
relacionado ao conceito de verdade nas ciências. Não há consenso sobre o que 
é verdade; há sempre uma longa e exaustiva busca pela verdade, assim, nesta 
busca pela verdade, os filósofos propuseram certos critérios e métodos que têm 
como resultado as consagradas escolas do pensamento científico. Vamos 
explanar brevemente cada um deles.
44
 Metodologia da Pesquisa
Alguns autores, como Saunders, Lewis e Thornhill (2009), 
denominam o termo pensamento científico de paradigmas de 
pesquisa. De acordo com Kuhn (1996), os paradigmas podem 
ser entendidos como realizações científicas universalmente 
reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e 
soluções modelares a uma comunidade de praticantes de uma 
ciência. Assim, o termo paradigma sugere a partilha de crenças, 
valores, técnicas etc. por determinada comunidade. Entretanto, não 
há consenso sobre este conceito nas ciências e existem trabalhos 
que vão além do conceito, como o de Burrell e Morgan (1979), que 
sugerem a existência de quatro paradigmas nas ciências sociais: 
funcionalista, estruturalista, interpretativista e humanista radical. 
De acordo com Abbagnano (1998), paradigma significa um 
modelo ou padrão a seguir. 
Sobre os paradigmas de Burrell e Morgan, sugerimos a leitura a seguir.
Gareth Morgan, em seu trabalho “Paradigmas, Metáforas e 
Resolução de Quebra-Cabeças na Teoria das Organizações” (2005), 
apresenta questões ligadas aos diferentes paradigmas trabalhados 
pelo autor, o que para ele são visões explicitas ou implícitas da 
realidade social. Os paradigmas devem ser encarados como 
realidades alternativas, as quais guiam nossas ações e pesquisas 
em determinados momentos de nossas vidas, fazendo com que 
passemos a enxergar a realidade de uma ou de outra maneira, por 
meio de uma ou outra lente.
“Para entendermos a natureza da ortodoxia na teoria das 
organizações, faz-se necessário entender o relacionamento entre os 
modos específicos de teorização e pesquisa, e as visões de mundo 
que eles refletem” (MORGAN, 2005, p. 59). Enxergar a realidade a 
partir de diferentes lentes traz implícito o risco da adoção de uma 
lente única, geralmente aquela que mais se adéqua às necessidades 
ou conveniências que adotamos para ver o mundo. 
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PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO POR MEIO DA 
PESQUISA E AS ETAPAS DO PROCESSO DE PESQUISAS 
CIENTÍFICAS
 Capítulo 2 
Esta adoção acaba por nos colocar em uma posição a qual 
muitas vezes nos dá a sensação de que a lente adotada é superior 
às demais existentes, pois nos faz enxergar a realidade com mais 
clareza do que as demais. Contudo, esta sensação de superioridade 
é resultado do fato de que estamos “contaminados” por um 
emaranhado de modos de ver a realidade, os quais muitas vezes 
precisam ser reavaliados e repensados, pois como afirma Morgan 
(2005, p. 59), quando utiliza um exemplo mencionado por Mannheim, 
“os modos de pensar o mundo são mediados pelo ambiente social e 
a aquisição de novos modos de pensar depende de um afastamento 
da antiga visão de mundo”. Este afastamento diz respeito ao tomar 
pé de que existem outras maneiras tão válidas de aproximação com 
a realidade quanto àquelas que adotamos, também que não há uma 
visão correta em detrimento a uma visão equivocada da realidade.
Astley e Van de Ven (2005), Morgan (2005) e Reed (1998) 
apresentam definições muito parecidas, umas mais outras menos, 
sobre o como eles veem e analisam os paradigmas nos quais a 
Teoria das Organizações se baseia. Parece-me também que todos 
compartilham no aspecto de que é necessário:
[...] descobrir as principais suposições que caracterizam e 
definem uma dada visão de mundo para fazer com que seja 
possível consolidar o que há de comum entras as perspectivas 
dos teóricos cujos trabalhos poderiam, caso contrário, em um 
nível mais superficial, parecer distintos e de amplo alcance 
(MORGAN, 2005, p. 59).
É fundamental que se compreenda quais são as teorias que 
procuram entender, auxiliar ou ainda “explicar” as organizações e 
que se faça uma reflexão no sentido de buscar nestas teorias não 
uma concorrência ou a melhor a ser seguida, porém sim, procurar 
entendê-las, utilizando aqueles aspectos que possam nos ajudar 
em nossa busca e assim iniciar uma procurapor explicações que 
possam dar conta das complexidades analisadas à luz das teorias, 
porém nunca esquecendo que, como afirma Reed (1998, p. 64):
[...] a criação de uma teoria é uma prática intelectual situada em 
dado contexto histórico e que está voltada para a construção 
e mobilização de recursos, ideais, materiais e institucionais 
para legitimar certos conhecimentos e os projetos políticos que 
deles derivam.
No contexto deste trabalho, utilizaremos visão, lente e 
46
 Metodologia da Pesquisa
paradigma como sinônimos. Burrel e Morgan (1979) apresentam uma 
estrutura composta de quatro paradigmas para a análise da teoria 
social, sendo eles o funcionalista, o interpretativista, o estruturalista 
radical e o humanista radical, os quais são distribuídos em quatro 
dimensões, apresentadas na Figura 1.
FIGURA 1 – QUATRO PARADIGMAS PARA A ANÁLISE DA TEORIA SOCIAL
FONTE: Adaptada de Burrell e Morgan (1979)
A estrutura apresentada na Figura 1 deve ser analisada, 
inicialmente, tendo como ponto de partida o entendimento dos 
paradigmas propostos pelos autores, porém, após este primeiro 
momento, os paradigmas devem ser atrelados ao entendimento das 
dimensões que constituem os eixos propostos pelos autores. O eixo 
da sociologia da regulação versus sociologia da mudança radical tem 
relação com o movimento de que vai do entendimento ao conflito, 
sendo estes os marcos ontológicos da estrutura apresentada pelos 
autores. A regulação tem relação com a estabilidade, a integração e 
o consenso, privilegiando a manutenção dos status quo, da ordem 
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PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO POR MEIO DA 
PESQUISA E AS ETAPAS DO PROCESSO DE PESQUISAS 
CIENTÍFICAS
 Capítulo 2 
social coesa e integrada, da solidariedade e das necessidades de 
satisfação. Já a dimensão de conflito se relaciona com a mudança, 
a desintegração e a coerção, a privação, privilegiando a mudança 
radical, os conflitos estruturais, o questionamento aos modos de 
dominação, a contradição, a emancipação e as potencialidades.
Os marcos ontológicos estão ligados à essência da natureza 
dos fenômenos investigados. A realidade investigada pode ser 
entendida a partir de duas diferentes óticas, uma externa, de 
natureza objetiva, a qual se impõe e existe independentemente de 
cada um dos indivíduos que compõem os grupos sociais e outra 
interna, produto da consciência e cognição individual, portanto, 
construída a partir da interação entre os diferentes indivíduos 
que compõem os grupos sociais. Já o eixo objetividade versus 
subjetividade diz respeito aos marcos epistemológicos dos diferentes 
paradigmas apresentados. Os marcos epistemológicos dizem 
respeito à obtenção e à construção de conhecimento. O acesso ao 
conhecimento tem relação com as aproximações estabelecidas entre 
o indivíduo e a realidade, construída a partir das relações objetivas 
ou subjetivas estabelecidas nos grupos sociais. É esperado que 
pesquisadores utilizem metodologias que sejam consistentes com 
suas perspectivas teóricas sobre a natureza do ser e da realidade 
(ontologia) e a natureza do conhecimento (epistemologia).
Silva e Roman Neto (2006, p. 60-61), teorizando sobre a relação 
entre o eixo objetividade versus subjetividade, afirmam que:
Uma visão objetivista do mundo social como uma estrutura 
concreta encoraja uma posição epistemológica que enfatiza 
a importância de estudar a natueza das relações entre os 
elementos que constituem aquela estrutura. Nessa perspectiva, 
o conhecimento do mundo social implica uma necessidade de 
entender e traçar a estrutura social com ênfase na análise 
empírica de relações concretas em um mundo social externo. 
Por outro lado, a visão subjetiva encara a realidade como uma 
projeção da imaginação humana, cuja epistemologia enfatiza 
a importância de compreender os processos pelos quais os 
seres humanos concretizam sua relação com seu próprio 
mundo.
Os quatro paradigmas representam diferentes lentes ou 
cosmovisões de aproximação com a realidade: 1) o funcionalista é 
baseado na suposição de que a sociedade tem existência concreta e 
real, tendo um caráter sistêmico orientado para produzir um sistema 
social ordenado e regulado; 2) o interpretativista é baseado na visão 
48
 Metodologia da Pesquisa
de que o mundo social possui uma situação ontológica duvidosa e 
de que a realidade social não existe em qualquer sentido concreto, 
mas é um produto da experiência subjetiva e intersubjetiva dos 
indivíduos; 3) o humanista radical vincula sua análise ao interesse 
no que pode ser descrito como patologia da consciência, por meio 
da qual os seres humanos se tornam aprisionados nos limites de 
realidade que eles mesmos criam e sustentam; e o 4) estruturalista 
radical preocupado em entender as tensões intrínsecas e o modo 
como os que possuem o poder na sociedade procuram se manter 
nessa posição por meio de diversos modos de dominação.
Para Morgan (2005, p. 62), “cada um desses quatro paradigmas 
define os fundamentos de modos opostos de análise social e 
possui implicações radicalmente diferentes para o estudo das 
organizações”, pois refletem “uma rede de escolas de pensamento 
relacionadas, diferenciadas na abordagem e na perspectiva, mas 
compartilhando suposições comuns fundamentais sobre a natureza 
da realidade de que tratam” (MORGAN, 2005, p. 61). A rede de 
escolas de pensamentos citada por Morgan (2005) não foi detalhada 
neste trabalho, para efeitos de análise somente serão levados em 
consideração os quatro paradigmas apresentados pelo autor.
De todo modo é importante ressaltar a questão de que estes 
quatro paradigmas apresentados pelo autor não esgotam as 
possibilidades e nem representam a totalidade dos paradigmas 
adotados na produção do conhecimento científico. A matriz proposta 
por Morgan (2005) representa uma possível tentativa de estruturar 
as análises tanto da produção de conhecimento quanto das posturas 
adotadas pelos pesquisadores em relação às metodologias de 
produção do conhecimento, o qual é classificado, de acordo com 
cada paradigma, como científico.
Os paradigmas trabalhados por Morgan (2005) devem 
necessariamente ser relacionados ao debate, assumido por 
diversos autores, o qual procura discutir as questões relacionadas 
ao modernismo e ao pós-modernismo. No escopo deste trabalho 
serão apresentados os trabalhos de Cooper e Burrel (1988), Vieria 
e Caldas (2006) e Alvesson e Deetz (1998). Copper e Burrel (2006) 
ilustram questões sobre o modernismo, o pós-modernismo e a 
análise organizacional.
Cooper e Burrell (2007, p. 313) definem modernismo e 
pós modernismo: “Modernismo, com sua crença na capacidade 
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PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO POR MEIO DA 
PESQUISA E AS ETAPAS DO PROCESSO DE PESQUISAS 
CIENTÍFICAS
 Capítulo 2 
essencial da humanidade de buscar sua perfeição pelo poder de seu 
pensamento racional; e o pós-modernismo, com seu questionamento 
crítico e muitas vezes total rejeição do racionalismo etnocêntrico 
propugnado pelo modernismo”.
Estas duas correntes de pensamento determinam uma 
polarização, tanto ontológicas quanto epistemológicas, do debate 
relacionado aos diversos paradigmas possíveis de abordagem 
na elaboração e análise do conhecimento científico. A matriz 
apresentada por Morgan (2005) já não dá mais conta de explicar 
as complexidades da produção de conhecimento, pois limitam-se 
a lançar luz em análises fundamentadas nos quadro paradigmas 
apresentados por Burrell e Morgan (1979) e Morgan (2005), porém 
a inclusão do debate relacionado ao pós-modernismo traz consigo 
uma diversidade de possibilidades que incluem outras formas de 
pensar a realidade e a produção de conhecimento científico. 
Estas novas possibilidades podem ser melhor compreendidas 
a partir do entendimento de que a realidade encontra-se em 
constante construção e reconstrução, e que a constituição do sujeito 
é permeada não somente pelos marcos estabelecido pelo debate 
modernista, mas também

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