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Alegações Finais - Guilherme Matheus

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 9ª VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUIDICIÁRIA DE SAMAMBAIA – DF. 	Comment by comentário: Nota:0.5
Autos do Processo nº ...
Marcílio de Tal, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, com fulcro no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, oferecer alegações finais por
MEMORIAIS
pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor: 
I – SÍNTESE DA DEMANDA
Marcílio de Tal fora denunciado por, supostamente, ter infringido o disposto no art. 244, caput, c/c art. 61, inciso II, “e”, ambos do Código Penal. Narra a exordial que o Réu teria, de maneira livre, consciente e sem justo motivo, deixado, em diversas ocasiões, de prover sustento a seu filho Vando de Tal, menor de 18 anos, não realizando o pagamento da pensão alimentícia fixada no processo nº 001/2005 e executada nos autos do processo nº002/2006, ambos em trâmite perante a 5ª Vara de Família de Planaltina – DF. 
A denúncia narra que o suposto abandono material teria ocorrido de janeiro de 2004 até, pelo menos, 4.4.2005. Recebida a denúncia em 1.12.2010, apresentada a defesa de próprio punho, sem o intermédio de advogado ou da Defensoria Pública, foi designada pelo Juízo audiência de instrução e julgamento. 
Na audiência de instrução o Réu compareceu sozinho, não lhe sendo nomeado defensor, sob a justificativa de que o Ministério Público seria suficiente. 
Durante a audiência a testemunha de acusação, Mauana de Tal, genitora de Vando de Tal, confirmou que o Réu atrasava a pensão alimentícia, mas efetuava o depósito parcelado dos valores devidos e, ainda, que estava aborrecida com o mesmo por ele hoje residir com outra mulher, a qual está desempregada, e tem 6 filhos menores de idade. 
As testemunhas de defesa, Margarida e Clodoaldo, conhecidos do Réu há mais de 35 anos, afirmaram que ele é carpinteiro, recebe um salário mínimo mensal, quantia usada para garantir a subsistência de sua companheira, 6 filhos, e pagamento da pensão alimenticia de Vando de Tal. 
Afirmaram, também, que o Réu está a procura de emprego para garantir uma melhor subsistência a todos e não atrasar o pagamento das pensões, visto que o que ganha mensalmente mal consegue garantir o alimento dele próprio, e a irregularidade nas pensões o preocupa muito. 
Encerrada a instrução, o Réu foi intimado por intermédio de seu advogado para apresentação de alegações finais. 
II – DAS PRELIMINARES E NULIDADES.
	II.1 – Nulidade Absoluta	Comment by comentário: Da nulidade por falta de defesa técnicaArgumentar a nulidade processual da resposta à acusação apresentada de próprio punho pelo reu... o 396-A, $2, determina que o juiz deveria ter nomeado advogado pra ele. Há flagrante prejuízo no sentido que na resposta o advogado pode alegar teses absolutórias e especificar provas, além de se manifestar sobre a suspensão condicional do processo de forma legítima. Além do que o teu compareceu à audiência sem advogado, o que consiste em flagrante nulidade por afronta aos artigos 261 e 263 do CPP. Além disso a súmula 523 do STF dispõe que se trata de nulidade absoluta, por efetiva afronta à ampla defesa e contraditório. Nesse sentido, o artigo 564, III, c, específica a nulidade por ausência de defesa técnica.Da nulidade da Audiência por ausência de interrogatório de réu presenteO artigo 400 específica que o último ato da instrução será o interrogatório. Sua ausência importa em flagrante violação ao artigo 5, LV da CF, pois impede que o acusado dê sua versão dos fatos, comprometendo sua defesa. O artigo 185 do CPP é claro no sentido de que o réu que comparecer em juízo Será interrogado na presença de seu defensor. Nesse sentido, o artigo 564, III, e, deixa claro o fato de constituir nulidade a falta de interrogatório do réu presente.
Excelência, é patente a nulidade absoluta da instrução realizada. Conforme narrado nos fatos em momento algum foi garantido ao Réu o contraditório e a ampla defesa na forma prescrita pelo art. 5º, LV, da Constituição Federal, ou no art. 261, CPP. 
	O art. 261 do Código de Processo Penal garante que nenhum acusado, ainda que foragido, será processado sem defensor. Na hipótese em comento, o que se vê é exatamente o oposto, Excelência, o Réu apresentou defesa de próprio punho e estava completamente desassistido durante a audiência de instrução, nesta última não lhe fora nomeado defensor sob o argumento de que a presença do Parquet supriria. 
	Ocorre que tal circunstância é causa de nulidade absoluta no processo penal, conforme preceitua a Súmula 523 do Supremo Tribunal Federal. 
	No tocante às nulidades absolutas Renato Brasileiro em seu Manual de Processo Penal prescreve que o vício constante do ato processual atenta contra o interesse público na existência de um processo penal justo. O que é exatamente a circunstância em comento, em nenhum momento foi oportunizado ao Réu um processo penal justo, com paridade de armas, havendo apenas o qualificado órgão acusador atuando contra um acusado que exerce seu labor como carpinteiro. 
	Portanto, nos termos do artigo 564, III, c, do Código de Processo Penal, devem ser declarados nulos todos os atos praticados sem a presença de um defensor. 
	
	II.2 – Da prescrição. 	Comment by comentário: Da extinção de punibilidade pela prescrição da pretensão punitivaArtigo 111, III, visto ser crime Permanente... 117, I, recebimento da denúncia... 115, ele é maior de 70... 109, IV E 107, IV, do CP. O aluno tem que constar o dia em que o crime prescreveu.
	Excelência, o delito imputado ao acusado possui pena máxima de 4 anos de detenção. Segundo o art. 109, IV, do CP, o delito prescreve em 8 anos, no entanto, observado o art. 115 do CP, tal prazo cai pela metade, em razão de o acusado ter nascido em 7.9.1930, sendo portanto, maior de 70 anos à época do cometimento do fato a ele imputado como crime. 
Entre e o fato e o recebimento da denúncia, causa interruptiva da prescrição, observa-se que transcorreram mais de 4 anos. Portanto, fulminada a pretensão punitiva estatal pela ocorrência da prescrição. 
 
III – DO MÉRITO
III.1 – Da Absolvição	Comment by comentário: Da absolvição por atipicidade da conduta por ausência de doloSustentar que o acusado, conforme prova testemunhal e da própria genitora do menor afirma que ele paga, atrasado, mas paga, não havendo dolo em deixar de prestar assistência. Além disso, os atrasos são justificados pelos problemas de saúde do réu e seu baixo salário, o que afasta a elementar “sem justa causa” prevista no tipo penal. Nesse sentido, absolvição é imperiosa conforme artigo 386, III, do CPP.
Excelência, a exordial acusatória fundamenta que o Réu incorreu em abandono material porquanto teria deixado de prover a subsistência a seu filho, Vando de Tal, no período de janeiro de 2004 até, pelo menos abril de 2005. 
Ocorre que, do depoimento pessoal de Mauana de Tal, genitora da suposta vítima, infere-se exatamente o oposto. A testemunha informou que o Réu, muito embora realizasse os depósitos em atraso, não deixou de realizar o pagamento, mas o fazia de forma parcelada. 
Logo, constata-se que a partir daí que em momento algum houve a pratica do delito do abandono material, porquanto ainda que de forma deficitária, o acusado vinha cumprindo com sua obrigação de prover a subsistência de seu filho menor de 18 anos, não tendo ele praticado o núcleo da conduta descrita no art. 244 do CP. 
Outro ponto, Excelência, que esvazia por completo a denúncia oferecida pelo Ministério Público, bem como seu pleito pela condenação, é de que inexiste no caso em comento a ausência de justa causa para o suprimento deficitário por parte do acusado. 
É inconteste nos depoimentos colhidos das testemunhas que o acusado preocupasse e provém financeiramente não somente seu filho Vando de Tal mas, também, sua companheira e seus 6 filhos, além de arcar com medicamentos para o controle da diabetes e problemas cardíacos. 
Portanto, a conduta praticada pelo réu, atrasar e parcelar as pensões alimentícias, não seamoldam ao tipo penal descrito na denúncia oferecida pelo órgão acusatório, não havendo ilícito a ser processado, tampouco sentença penal condenatória em desfavor do acusado, inexistindo fato típico. 
Dos depoimentos colhidos na audiência de instrução extrai-se a inexigibilidade de conduta diversa por parte do acusado, Excelência. Sobre o tema Guilherme Nucci, no livro Código Penal Comentado, narra que ser perfeitamente admissível seu reconhecimento no sistema penal pátrio. [...]Ora, nada impede que dentro da culpabilidade se retire essa tese para, em caráter excepcional, servir para excluir a culpabilidade de agentes que tenham praticado determinados injustos. É verdade que a inexigibilidade de conduta diversa faz parte da coação moral irresistível e da obediência hierárquica, embora se possa destaca-la para atuar isoladamente. 
Outrossim, diante da aplicação da inexigibilidade de conduta diversa, inegável a exclusão da culpabilidade de do crime imputado ao acusado pela inicial acusatória, inexistindo, portanto, fato típico e, ainda, culpável apto a gerar uma condenação em desfavor do acusado. 
 
III.2 – Da aplicação da pena	Comment by comentário: Da dosimetria de pena e do afastamento da agravante da ascendência por constituir bis in idem O direito penal adota o sistema trifásico, conforme artigo 68 do CP. Na primeira fase, pena base, não há qualquer circunstância judicial desfavorável, razão pela qual a pena base deve ser fixada em 1 ano. Na segunda fase, a agravante sustentada pelo MP é manifestamente improcedente, pois ser pai já é elementar do tipo, o que constitui bis in idem. Além disso, o réu é maior de 70 anos, o que constitui atenuante prevista no artigo 65, I, do CP. Na terceira fase não há causas de aumento ou diminuição, razão pela qual requer a defesa que a pena definitiva seja fixada em 1 ano. O regime a ser fixado deve ser o aberto conforme artigo 33, $2, c do CP, visto o réu ser primário. Além disso, por não haver violência ou grave ameaça no delito, requer o acusado que a pena seja convertida em 1 restrita de direito conforme $ 2 do artigo 44 do CP.
	Excelência, pelo princípio da eventualidade, caso entenda pela condenação do acusado, faz-se necessária a observância de determinados critérios quando da dosimetria penal. 
	A pena-base deve ser fixada no mínimo legal, porquanto o acusado é primário e portador de bons antecedentes, inexistindo razão para a exasperação da reprimenda basilar. 
III.3.1 – Das Atenuantes
Excelência, conforme já exposto anteriormente, o acusado é maior de 70 anos, razão pela qual faz jus à aplicação da atenuante de senilidade, conforme afirma o art. 65, I, do CP. 
III.3.2 – Da fixação do regime e da Conversão em pena Restritiva de Direito
Diante da dosimetria apresentada, inegável que o acusado faz jus ao regime aberto, nos termos do art. 33, § 2º, c, do CP. De igual forma, é possível a conversão medida encarceradora por restritiva de direitos, nos termos do art. 44, do CP, por serem consideradas direito subjetivo do acusado. 
IV – DOS PEDIDOS	Comment by comentário: Por todo o exposto pugna o Acusado: A) para que seja declarada extinta a punibilidade pela prescrição Conforme artigo 107, IV do CP e extinto o processo;B) declarada a nulidade do processo por ausência de resposta acusação apresentada por defensor técnico, conforme artigo 564, IV, do CPP, bem como nulidade da audiência por ausência de defesa técnica conforme 564, III, e do CPP;C) nulidade da audiência por falta de interrogatório de réu presente, conforme 564, III, e, do CPP;D) no mérito, a absolvição do réu por atipicidade da conduta nos termos do artigo 386, III, do CPP;E) entendendo pela condenação que a pena seja fixada em 1 ano, determinado o regime aberto para cumprimento nos termos do artigo 33, $2, c do CP e Convertida a pena em uma restrita de direitos conforme artigo 44, $ 2 do CP.
Por todo o exposto o acusado requer:
a)	Preliminarmente, que seja extinto o feito nos termos dos art. 109, IV e 115, ambos do CP, tendo em vista que a prescrição fulminou a pretensão punitiva que incidia sobre o feito.
b)	Pugna ainda a defesa para que seja acatada a nulidade por ausência de defesa técnica, conforme art. 564, III, c do CPP e Súmula 523 do STF, sendo declarados nulos todos os atos praticados sem a nomeação de defesa técnica.
c)	Subsidiariamente, o réu pugna, no mérito, para que este juízo absolva o acusado nos moldes do art. 386, III e VI, do CPP ante a patente comprovação da inexistência de conduta típica pelo réu, bem como da inexigibilidade de conduta diversa; 
d)	Entendendo pela condenação, o que a defesa argumenta por amor ao debate, que seja fixada a pena no mínimo legal, ante a ausência de circunstâncias judiciais desfavoráveis; além disso, que sejam considerada considerada a atenuante de selinidade previstas no art. 65, I, do CP. Ao final, postula pela fixação do regime aberto, conforme art. 33, § 2º, alinea ‘c’ do CP e a consequente conversão em uma restritiva de direitos, conforme preconiza o art. 44, § 2º, do CPB.
Termos em que pede deferimento.
Local/ 17.1.2011
Advogado
OAB

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