Recurso em Sentido Estrito Criminal Jusbrasil

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3 Comentários
Rafael, faça um comentário construtivo para
esse documento.
Fernando Maia Silva
7 meses atrás
excelente explanação!!!
Aderval Rocha 
1 mês atrás
Colega, no recurso em comento não foi
observado o pedido com reforma ao juízo de
retratação nos termos do artigo 589, "caput"
do CPP. Na prova foi pontuado 0,40. 
RI e AE, sempre precisam do pedido em
comento, nos termos do artigo supracitado.
Antonio Tomaz
1 ano atrás
Very good!
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   
Recurso em Sentido
Estrito Criminal
Prescrição; Nulidade; Incompetência
do Juiz
Publicado por Ana Vitoria Garcia
há 2 anos  10,4K visualizações
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOU-
TOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBU-
NAL DO JURI COMARCA DE MARI-
CÁ – RJ
Autos nº ...
RÔMULO, já qualificado nos autos da
ação penal que lhe move o Ministério Pú-
blico, vem, por intermédio de sua advoga-
da que esta subscreve, respeitosamente, à
presença de VOSSA EXCELÊNCIA, irre-
signada com a decisão de pronúncia, inter-
por tempestivamente
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
com fundamento no artigo 581, inciso IV,
do Código de Processo Penal. Requerendo
que após o recebimento destas, com as ra-
zões inclusas, ouvida parte contrária, se-
jam os autos encaminhados ao Egrégio
Tribunal, onde será processado e provido
o presente recurso.
Termos em que,
Requer e aguarda deferimento.
Maricá/RJ, 16 de março de 2020.
Advogada – OAB ...
EXCELENTISSIMO SENHOR DE-
SEMBARGADOR PRESIDENTE DO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTA-
DO DO RIO JANEIRO
Recorrente: Rômulo
Recorrido: Ministério Público
Autos de origem nº: ...
Egrério Tribunal de Justiça,
Colenda Câmara,
Ínclitos Desembargadores,
Douta Procuradoria de Justiça
Em que pese a respeitável decisão do Ex-
celentíssimo Juiz de Direito a quo, não
merece prosperar a pronúncia do recor-
rente pelas razões fáticas e jurídicas a se-
guir expostas, vejamos:
RAZÕES DE RECURSO EM SENTI-
DO ESTRITO
1. DOS FATOS
Rômulo, aqui réu, em 02 de janeiro de
2010 ficou inconformado por encontrar
mensagens de sua esposa Paola, vítima,
para Bruno, desejando a este, um prospero
ano.
Em razão disso, desferiu golpes de faca
nas mãos da vítima, pretendendo em se-
guida, utilizar a arma do crime para gol-
peá-la e causar sua morte. Ocorre que o
recorrente, se viu sensível com o sofrimen-
to que causou a sua esposa, após facadas
na sua mão, deixando o local dos fatos
para acalmar-se.
A vítima foi levada ao hospital e em segui-
da a Delegacia, onde narrou o corrido e
logo após o Delegado instaurou o inquéri-
to policial, realizando diligências para con-
firmar a versão da vítima.
Houve audiência, mas o réu não foi inti-
mado, apenas o seu advogado compareceu
para representa-lo.
Por fim, restou pronunciado, em de-
cisão prolatada. Vem, então, o re-
corrente requerer o que se segue.
1. DAS PRELIMINARES
2. Da prescrição;
Trata-se da extinção da pretensão à pres-
tação devida em função de um descumpri-
mento. Assim, um direito que continua
existindo na relação jurídica de direito
material.
O réu nascido em 04 de abril de 1991, ten-
do 19 (dezenove) anos no momento do
ocorrido, assim devendo o período da sua
prescrição ser reduzido pela metade, de
acordo com o disposto no artigo 115, do
Código Penal.
“Art. 115. São reduzidos de metade os pra-
zos da prescrição, quando o criminoso
era, ao tempo do crime, menor de vinte e
um ou maior de setenta anos”
Conforme o artigo 111, do Código Penal, é
estabelecido que o inicio da contagem do
prazo prescricional se dá antes mesmo da
propositura da ação penal, na data da
consumação do crime.
No caso em tese, o réu é acusado de Tenta-
tiva de Feminicidio, de acordo com o arti-
go 121, § 2º, VI, do Código Penal.
Sendo assim, deve-se considerar o prazo
prescricional do artigo 111 do Código Penal
para crimes tentados:
“Art. 111 - A prescrição, antes de transitar
em julgado a sentença final, começa a
correr:
I - do dia em que o crime se consumou;
II - no caso de tentativa, do dia em
que cessou a atividade criminosa;”
Ora, o fato ocorreu no dia 02 de janeiro de
2010 e o Ministério Público apenas ofere-
ceu Denúncia 10 (dez) anos depois, no dia
22 de janeiro de 2020.
Portanto, diante da inércia do Ministério
Público em oferecer denúncia dez anos
após o fato típico, a pretensão em punir o
réu torna-se inequívoca, conforme os ter-
mos do artigo 111, II, CP.
Superada tal questão, resta compro-
vada a prescrição da conduta do re-
corrente, nos termos do artigo 111,
II, CP devendo ser reformada a deci-
são.
1. Da nulidade;
Na fase inicial do procedimento do Tribu-
nal do Júri, foi designada audiência, po-
rém, o réu não foi intimado, estando pre-
sente apenas a sua advogada e, mesmo
sem a presença do mesmo, deu-se prosse-
guimento ao feito.
Veja, o Código de Processo Penal em seu
artigo 367 permite o prosseguimento do
processo sem o réu nos seguintes casos:
“citado ou intimado pessoalmente para
qualquer ato, deixar de comparecer sem
motivo justificado”, ou, “no caso de mu-
dança de residência não comunicar o
novo endereço ao juízo”.
É de total e absoluto direito do réu ser in-
timado pessoalmente para o compareci-
mento na audiência para que possa ter co-
nhecimento do teor da sentença/decisão,
conforme o disposto no artigo 392, II, Có-
digo de Processo Penal.
“Art. 392. A intimação da sentença será
feita:II – ao réu, pessoalmente, ou ao de-
fensor por ele constituído, quando se li-
vrar solto, ou, sendo afiançável a infra-
ção, tiver prestado fiança;”
Diante disto, pode-se perceber que não
condiz com o que ocorreu com o réu, visto
que, este não foi intimado para compare-
cer a audiência, sendo revel no seu próprio
processo, indevidamente.
Toda a produção de prova e interrogatório
foi realizada sem a presença do réu, o que
justifica o reconhecimento da nulidade,
em razão do principio da ampla defesa,
que está disposto no artigo 5º, LV, CF.
Ademais, a Súmula 523 do STF diz: “No
processo penal, a falta da defesa constitui
nulidade absoluta, mas a sua deficiência
só o anulara se houver prova de prejuízo
para o réu”.
Diante de todo o exposto, é notória a nuli-
dade absoluta resultante da não intimação
do réu para comparecer a audiência, visto
que, o seu depoimento e versão dos fatos
são peças-chaves para o caminhar do pro-
cesso.
Ante a todo o exposto, resta compro-
vada a nulidade processual, resul-
tante da não intimação do réu.
1. Incompetência do Juiz;
Sabe-se que a incompetência do Juízo
sempre anula os atos decisórios. De acor-
do com o artigo 567, do Código de Proces-
so Penal a “incompetência do juízo anula
somente os atos decisórios, devendo o
processo, quando for declarada a nulida-
de, ser remetido ao juiz competente”.
O réu foi acusado de tentativa de Femini-
cidio conforme os termos do artigo 121, §
2º, VI, do Código Penal, porém, de acordo
com os fatos já narrados houve desistência
voluntária, artigo 15 CP, por parte do réu.
Ocorre que o processo vem tramitou julga-
do no Tribunal do Juri, pois foi tratado
como um crime contra a vida, porém,
quando há desistência voluntaria por par-
te do agente, este só responde pelos atos já
praticados.
No caso em tese, os atos já praticados são:
facadas nas mãos, o que não se encaixa
nos crimes de competência do Tribunal do
Júri.
Assim, a nulidade pode ocorrer por conta
da incompetência da autoridade judiciária,
artigo 564, I do CPP.
Gomes Filho afirma que “a nulidade por
incompetência da autoridade judiciária em
processo criminal, por se cuidar de viola-
ção à Constituição, na esfera da violação às
garantias fundamentais, deveria ser abso-
luta, não se aproveitando qualquer ato
processual, seja decisório ou não.”
Assim, o Tribunal do Júri não tem compe-
tência para julgar qualquer ato dentro des-
te processo, visto que, o compete a este
apenas crimes contra vida e, aqui, não há
qualquer ato contra vida de alguém.
Diante disto, requer seja reconheci-
da incompetência deste Juízo diante
deste processo em epígrafe, devendo
assim ser considerado nulo de acor-
docom o art. 564, I, do CPP.
1. DOS PEDIDOS
Ex postitis, REQUER seja a sentença ora
impugnada reformada de modo a:
1. Preliminarmente, reconhecer prescri-
ção da conduta do recorrente nos ter-
mos do artigo 111, CP;
2. Reconhecer a nulidade processual,
nos termos do artigo 392, II, do Códi-
go de Processo Penal em razão da vio-
lação ao principio da ampla defesa,
previsto no art. 5º, LV, CF;
3. Subsidiariamente, reconhecer a in-
competência deste Juízo, para que
seja determinada a nulidade de acor-
do com o exposto no artigo 564, I,
CPP.
Termos em que,
Requer e aguarda deferimento.
Maricá/RJ, 16 de Setembro de 2019.
Advogada – OAB...
Ana Vitoria Garcia
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