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Curso Gestao Hospitalar - Um Olhar Para a Saúde ET3

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GESTÃO 
HOSPITALAR 
UM OLHAR PARA A SAÚDE
3
O direito a saúde é provisionado na constituição de 1988, onde é descrita 
entre os direitos fundamentais, devendo ser garantida pelo Estado de forma 
universal, gratuita e equânime. Nesta etapa estaremos conversando um pouco 
mais sobre o sistema de saúde no território brasileiro, sua regulamentação, as 
propostas das reformas sanitárias, as conferências de saúde realizadas dentre 
outros aspectos.
Serão objeto de estudo os princípios do Sistema único de Saúde, que é 
a política pública de saúde deste território que pretende atender os cidadãos 
nos aspectos relacionados a promoção, prevenção e reabilitação da saúde.
Faremos uma retomada das questões que envolvem a responsabilidade 
civil nas ações e prestações de serviços em saúde, além da revisão dos 
conteúdos acerca dos indicadores epidemiológicos.
Saiba mais, bons estudos!
APRESENTAÇÃO
Organização
Sonia Adriana Weege
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
.01
1 INTRODUÇÃO
Está em curso uma reforma democrática não anunciada ou alardeada na 
área da saúde. A Reforma Sanitária brasileira nasceu na luta contra a ditadura, 
com o tema Saúde e Democracia, e estruturou-se nas universidades, no 
movimento sindical, em experiências regionais de organização de serviços. 
Esse movimento social consolidou-se na 8ª Conferência Nacional de Saúde, 
em 1986, na qual, pela primeira vez, mais de cinco mil representantes de 
todos os segmentos da sociedade civil discutiram um novo modelo de saúde 
para o Brasil. O resultado foi garantir na Constituição, por meio de emenda 
popular, que a saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado . 
(AROUCA, 1988 – grifo da autora). 
FONTE: Disponível em: <http://bvsarouca.icict.fiocruz.br/sanitarista05.html>. Acesso em: 21 set. 2013.
A Constituição de 1988, também chamada de a Constituição Cidadã 
representou uma vitória não apenas para o setor saúde, mas para o povo 
brasileiro em geral. Muitos direitos civis são considerados inalienáveis somente 
a partir desta data. 
Vamos transcrever a primeira parte que trata da saúde como um direito. 
Esta lei foi detalhada posteriormente pela Lei Orgânica do SUS, que teve a sua 
promulgação no ano de 1990, em duas etapas, com as leis nº 8.080 e nº 8.190. 
Depois disto, algumas emendas constitucionais se fizeram necessárias, pois 
como todos os processos, o sistema de saúde e a sociedade são dinâmicos e, 
portanto, passíveis de discussão, acertos e mudanças. A Constituição constitui 
como o direito à saúde de todo cidadão e subsequentemente o dever do 
Estado em fornecer condições para a sua obtenção.
A CONSTITUIÇÃO 
CIDADÃ DE 1988 – 
SAÚDE É DIREITO 
DE TODOS
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
Leia a seguir este trecho da Constituição que trata da saúde como direito. 
Transcrevemos apenas a primeira parte dele.
Seção II - DA SAÚDE
Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para 
sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197 São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo 
ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, 
fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através 
de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Art. 198 As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede 
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de 
acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
FONTE: Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. FONTE: Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/
html/pt/legislacao/constituicao_196_200.html>. Acesso em: 22 set. 2013.
2 LEIS Nº 8.080/90 E Nº 8.142/90 – A REGULAMENTAÇÃO DO 
SUS
Logo após a oitava conferência, abriu-se o processo constituinte, 
destinado a elaborar a nova Carta Magna. Constituíram-se, então, uma 
Comissão Nacional da Reforma Sanitária e a Plenária Nacional de Saúde, 
ambas encarregadas de elaborar uma proposta constitucional. A Comissão 
era paritária, isto é, tinha representantes do governo e da sociedade civil.
A Plenária Nacional de Saúde foi um capítulo à parte: representava 168 
entidades como sindicatos, universidades, partidos políticos de esquerda, 
associações de profissionais de saúde, de estudantes, e movimentos populares. 
Foi esta plenária que apresentou, no ano de 1987, durante o processo 
constituinte, a proposta da emenda popular, ratificada com 54.133 assinaturas 
e lida no plenário por Sérgio Arouca, presidente da FIOCRUZ e diretor da 8ª 
Conferência. (ESCOREL, 2000).
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
Atualmente, as passagens de avião têm custo acessível e a internet prolifera 
as campanhas virtuais de coleta de assinaturas, ironicamente chamadas pelos 
militantes mais antigos de “ativismo de sofá”. Porém, há 26 anos, quando a 
Plenária Nacional de Saúde iniciou as suas mobilizações, os documentos 
eram produzidos em máquinas de datilografia e não existia comunicação por 
e-mail, os telefonemas interurbanos custavam caro, não existiam celulares e, 
muitas vezes, as linhas telefônicas eram bastante congestionadas. 
No entanto, este movimento conseguiu produzir debates de alto nível, 
com uma representatividade nunca antes vista na história da democracia e 
reunir um número tão grande de assinaturas, (assinaturas físicas, em papel) 
que tornou a emenda popular da saúde uma proposta irrefutável!
Após a promulgação da Constituição, os trabalhos de discussão não 
cessaram, pelo contrário, a tarefa agora se desdobrava na discussão e redação 
da lei que construiria com detalhes o arcabouço jurídico do SUS. Novamente 
a Plenária Nacional de Saúde encabeçou as discussões que culminaram na 
Lei Orgânica do SUS.
Agora propomos a você que faça um “passeio virtual” pelas leis no 8.080, 
de 19/09/1990 e no 8.142, de 18/12/1990 e se familiarize com a sua 
linguagem. Conhecer estas leis é fundamental para qualquer profissional 
ligado à área da saúde. Você pode acessar as leis em: <http://portal.saude.
gov.br/portal/saude/Gestor/area.cfm?id_area=169>.
3 A CONTINUIDADE DAS PROPOSTAS DA REFORMA 
SANITÁRIA BRASILEIRA
É importante para nós, que trabalhamos com saúde, termos no horizonte 
de nosso pensamento a ideia de que a Reforma Sanitária e as conquistas 
obtidas na legislação não são estáticas. Elas são um processo em movimento 
dinâmico e sujeitas às contradições políticas e econômicas. 
Tão importante quanto conhecer a legislação que temos – e que é 
considerada pelos especialistas muito boa – é cuidar e fiscalizar para que a 
mesma seja cumprida. 
O SUS não é uma utopia socialista, embora tenha muitos críticos. Também 
não é um sistema de saúde primário para atender aos mais pobres. O SUS 
propõe um processo civilizatório, com profundas mudanças na sociedade. 
Muitas já foram conquistadas. Muitas outras são promessas por cumprir. 
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
Cabe aos que iniciam sua caminhada agora, no âmbito da academia e 
depois na atuação ou na gestão em saúde, familiarizar-se com nossas leis 
e sistema de saúde e sua história. E continuar em seu papel de ator social 
crítico: aquele que conhece a sua história, a história de seu país e de sua gente, 
e se sente participante dela, responsável pela continuidade das conquistas 
daqueles que o antecederam.
4 AS NOVAS CONFERÊNCIAS DE SAÚDE
Desde a Oitava Conferência em 1986, vinte e sete anos (e mais seis 
conferências) são passados. Nosso país seprepara agora para a 15ª Conferência, 
que será precedida das conferências de âmbito estadual e municipal.
Além destas, outras importantes conferências setoriais ampliarão o 
debate em seus espaços de atuação, agregando-se posteriormente ao debate 
nacional. Conferências setoriais de saúde mental, saúde indígena, assistência 
social, entre outras, têm como eixo condutor e instância máxima a Conferência 
Nacional de Saúde.
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
PRINCÍPIOS 
LEGAIS DO SUS
.02
1 INTRODUÇÃO
À medida que você for avançando neste curso e em suas leituras sobre o 
SUS e sobre a legislação orgânica da saúde, você se familiarizará e entenderá 
os princípios do SUS. Eles são muitos, mas nos detalharemos nos principais. 
De acordo com a classificação de Giovanella (2008), são:
a) Universalidade.
b) Integralidade.
c) Igualdade.
d) Descentralização.
e) Participação popular.
Antes de nos determos em cada um deles, vamos a uma definição 
acadêmica do SUS. 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o arranjo organizacional do Estado 
Brasileiro que dá suporte à efetivação da política de saúde no Brasil, e traduz 
em ação os princípios e diretrizes desta política. Compreende um conjunto 
organizado e articulado de serviços e ações de saúde, e aglutina o conjunto 
das organizações públicas de saúde existentes nos âmbitos estadual, 
municipal e nacional, e ainda os serviços privados de saúde que o integram 
funcionalmente para prestação de serviços aos usuários do sistema, de forma 
complementar, quando contratados ou conveniados para tal fim. O (SUS) foi 
instituído com o objetivo de coordenar e integrar as ações das três esferas 
de governo e pressupõe a articulação de subsistemas verticais (de vigilância 
e assistência à saúde) e subsistemas de base territorial – estaduais, regionais 
e municipais – para atender de maneira funcional às demandas por atenção 
à saúde. (CAMPOS et al., 2006, p. 531).
O SUS faz parte do chamado tripé da seguridade social mencionada 
no artigo 194 da Constituição Federal: “um conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os 
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988).
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
2.1 UNIVERSALIDADE
O primeiro dos princípios que sempre se menciona é este, a universalidade, 
porque o acesso para o sistema está aberto a todos, sem diferenciação 
e sem exceção. Quando se constituiu o arcabouço jurídico legal do SUS, 
somente os contribuintes do INPS – Instituto Nacional de Previdência Social 
–, trabalhadores de carteira assinada, que contribuíam mensalmente para a 
previdência, é que detinham o direito à assistência de saúde prestada pelo 
sistema anterior.
E antes disto, algumas categorias que se organizaram, como ferroviários, 
bancários, entre outros, detinham este direito. Os trabalhadores rurais foram 
tardiamente incluídos, mas também de forma desigual. Resumindo: o acesso 
à saúde era desigual, injusto e diferenciado, “com pelo menos 40 instituições 
públicas de cunho municipal, federal e estadual, cuidando dos serviços de 
saúde, além de unidades isoladas”. (FIGUEIREDO, 2005, p. 262-263 apud 
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
Esta foi a primeira coisa que o sistema se propôs a universalizar: o acesso 
igualitário aos serviços de saúde, independente das condições laborais deste 
usuário. Não existem para o acesso ao SUS nem exclusões, nem condições 
preexistentes, nem carências e nem nacionalidades. Todos os indivíduos que 
vivem neste país, brasileiros ou não e independente de sua condição legal 
ou política, têm legalmente acesso ao SUS.
Naturalmente que o SUS encontra problemas para cumprir tudo aquilo 
que a lei diz. Falta financiamento, existem filas e, como já mencionamos 
antes, quase 500 municípios brasileiros sem sequer um único médico. Mas 
o que está na lei é o horizonte para onde temos que mirar, a direção para 
onde orientar nossa participação política. Os esforços no sentido de cumprir 
as metas da Reforma Sanitária tornaram e tornam o Brasil um país mais justo 
e mais igualitário, com mais qualidade de vida.
2.2 INTEGRALIDADE
Quando pensamos em integral idade, devemos pensar em duas 
abordagens:
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
1) A integralidade do ser humano biopsicossocial. Bio: idade, sexo, compleição 
física, ciclo de vida. Psico: sua história de vida, nível de relacionamentos, 
estresse ocupacional, crenças, cultura. Social: condições de vida, habitação, 
trabalho.
2) A integralidade das ações em saúde direcionadas a este indivíduo, e que 
partem, em geral, de uma queixa, do doente. O sistema deve atuar de 
forma integrada para atender a esta pessoa em sua demanda, tratando 
o problema a curto prazo, mas olhando também a médio e longo prazo, 
direcionando-a, quando necessário, em níveis de maior complexidade, 
realizando a prevenção, estendendo os cuidados para a família em uma 
abordagem familiar, realizar as referências, encaminhar para outros setores, 
como centros de referência em assistência social ou educação (às vezes, há 
crianças que necessitam de creche pela vulnerabilidade social da família) 
e outros.
A queixa ou questão que o usuário traz (e que os profissionais devem 
escutar cuidadosamente) pode estar escondendo ou estar “na frente” de 
inúmeros outros problemas.
Enfim, poderíamos escrever muito mais sobre a integralidade, porque 
cada pessoa é única, como é única e criativa a sua estratégia de abordagem, 
mas tentamos sintetizar a ideia. Vejamos esta pequena história:
Sra. Ana, 73 anos, viúva, aposentada e mãe de três filhos é trazida pelo 
filho mais velho e pelo neto para realizar um curativo. Ela tem uma ferida 
na perna há mais de 3 anos. Às vezes, a ferida quase fecha, mas ela não 
deixa ninguém da família mexer. Faz os curativos sozinha e não gosta de 
tomar remédios. A enfermeira recebe a família e conversa com o filho que 
está nervoso, com pressa e irritado. Ela verifica a pressão dos três, e o peso 
também. Os dados da idosa são normais, o filho está com pressão alta e o 
neto de vinte anos está obeso. A senhora passa a vir todos os dias fazer o 
curativo, aceita a consulta médica e os antibióticos. 
Nas semanas seguintes, Ana comparece diariamente à unidade de saúde 
para os curativos. Às vezes, vem andando sozinha e, às vezes, trazida pelo 
filho ou pelo neto. Quando a ferida está melhorando ela para de vir. Quando 
a enfermeira consegue sair para fazer uma visita, uma semana depois, a ferida 
piorou. Ana conversa então com a enfermeira, chora, diz que se sente sozinha 
e que se a ferida fechar ela acha que ninguém mais da família vai aparecer 
na casa dela. A enfermeira escuta e estimula a doente a falar mais sobre ela e 
sobre a sua família. Ana conversa muitas coisas de sua vida. Ela então conta 
que um dos outros filhos bebe muito e a nora quer deixá-lo.
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
A partir desta visita, Ana volta a realizar os curativos na unidade e a 
enfermeira discute o caso com a equipe. Durante os curativos a enfermeira 
ou as técnicas procuram conversar bastante com Ana. Convidam a idosa para 
vir ao grupo de trabalhos manuais e às aulas de educação física do bairro. 
Com o passar do tempo o filho de Ana passa a frequentar a unidade de saúde 
e controlar a pressão arterial. Ana se torna menos queixosa e se reaproxima 
das noras. Ana passa a vir em dias alternados, e depois uma vez por semana 
(para o curativo), até que a ferida fecha. Ana passa vir à unidade de saúde 
duas vezes por semana, mas não para tratamentos: vem para a caminhada e 
o artesanato – estratégias preventivas, socializadoras e de saúde mental. O 
médico da equipe, acompanhado da ACS, faz uma visita para aquele outro 
filho de Ana que sofreu uma queda de bicicleta e cortou a testa. Encaminha 
a esposa deste para um grupo de familiares no CAPS – Centro de Atenção 
Psicossocialda cidade, pois o problema está muito mais grave do que Ana 
contou. O alcoolista pede para ficar no CAPS, porque ele está desempregado. 
A unidade encaminha-o para desintoxicação ambulatorial no CAPS, mas 
continua monitorando sua pressão diariamente (mas a pressão é um pretexto 
para fazê-lo vir à unidade, na volta do CAPS). Um dos profissionais do CAPS 
vem mensalmente às reuniões de equipe para o MATRICIAMENTO, isto é, 
discutir os casos compartilhados entre CAPS e Unidade de Saúde da Família. 
Ele conta que o filho de Ana está fazendo o tratamento e a esposa deste 
também frequenta as reuniões dos familiares.
FONTE: Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_humanizasus_atencao_hospitalar.
pdf>. Acesso em: 24 set. 2013.
AUTOATIVIDADE
Baseado(a) na história que acabou de ler, responda às questões a seguir:
1 Faça uma lista de todos os problemas de saúde (ou outros) que aparecem 
nesta família (não apenas em Ana).
2 Por que Ana não queria que a ferida fechasse?
3 Quantas pessoas com problemas de saúde na mesma família apareceram 
nesta história?
4 Se os profissionais que atenderam Ana não pensassem de maneira integral, 
teriam desconfiado que existissem mais doentes na família?
5 Houve uma intervenção educativa no atendimento de Ana?
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
Utilizar a criatividade no trabalho é muito importante para que os 
trabalhadores em saúde gostem daquilo que fazem. Falaremos sobre o 
trabalho criativo na Unidade 2 deste caderno.
2.2.1 Responsabilização e vínculo
Responsabilização e vínculo são desdobramentos da integralidade e 
também da territorialização dos cuidados. Explicando: só é possível realizar 
uma abordagem desta forma descrita no caso acima se há proximidade. Pelo 
que deduzimos do caso, todos os envolvidos moram no mesmo bairro e são 
atendidos pela mesma equipe de saúde da família. 
Desta forma, todos se conhecem bem (vínculo) e a equipe é (e se sente) 
responsável por eles. A enfermeira que fez o primeiro acolhimento percebeu 
que o filho apresentava sintomas de hipertensão e se sentiu responsável 
por ele. Da mesma forma, se sentiu responsável quando Ana não veio mais. 
Alguém que não tenha estudado este assunto pode dizer: mas se ela não 
veio mais, para que ir atrás dela? Isto não é passar da conta, procurar mais 
problemas para a unidade? Mas os profissionais de saúde sabem que atrás do 
não vir deve existir algum outro problema (ou muitos).
E falando do ponto de vista econômico e administrativo, as situações 
abordadas, no caso ainda são passíveis de resolubilidade na unidade de 
saúde, e se estas complicarem as pessoas vão voltar depois e dar muito mais 
trabalho e o tratamento vai custar muito mais caro. E além disto, o nível de 
sofrimento desta família vai piorar. Alguém que à primeira vista pensou que 
esta equipe está sendo “paternalista e ainda arranjando sarna para se coçar” 
não conhece como funciona um sistema de saúde calcado na prevenção, 
responsabilização, vínculo, resolubilidade, territorialização e integralidade.
AUTOATIVIDADE
Observe quantos princípios e atributos do SUS aparecem aí no último parágrafo 
e nesta história: você poderia descrevê-los com as suas palavras?
1 Integralidade
2 Responsabilização
3 Vínculo
4 Territorialização
5 Matriciamento
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
6 Prevenção
7 Resolubilidade
Resolubilidade – também é um dos atributos do SUS. A atenção básica 
deve dar resolubilidade a 80% da demanda de seus usuários. Mas para 
isto tem que investir na forma de cuidado preventiva, como foram 
abordadas as situações deste caso. Se as situações complicam pode haver 
necessidade de hospitalização destas pessoas, ou encaminhamento para 
especialistas. Note que mesmo no caso que a equipe encaminhou para 
atenção secundária, no caso do alcoolista que está se tratando no CAPS, 
o cuidado é compartilhado e as duas equipes (CAPS e Unidade de Saúde) 
estão de acordo por causa do MATRICIAMENTO, que é uma forma de 
trabalhar juntos. 
FONTE: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/
handle/10183/1862/000310803.pdf?sequence=1>. Acesso em: 24 set. 2013.
2.2.2 Complementaridade dos setores público e privado
Embora esteja em expansão em vários setores, notadamente na atenção 
básica, o SUS necessita comprar serviços de outros prestadores, pois não 
dispõe dentro do quadro de serviços públicos, de todos os profissionais, 
equipamentos ou leitos hospitalares necessários. E mais ainda: à medida que 
aumenta o acesso na atenção básica, há o risco de aumentar a demanda de 
serviços de mais densidade tecnológica, embora esta relação causa-efeito 
não devesse ocorrer desta forma.
Explicando: pode parecer óbvio que mais unidades de saúde = mais 
exames, mais consultas de especialistas, mais tratamentos de alto custo.
Porém se a atenção básica está qualificada, com financiamento adequado, 
formação profissional e com estrutura suficiente para atender de acordo 
com o que a estratégia do sistema preconiza, diminuirão as solicitações 
de exames e de procedimentos especializados , porque já se consegue 
trabalhar de maneira resolutiva e preventiva. Para isto servem de exemplo o 
caso da dentista ou a história da Sra. Ana, como vimos. Em ambos os casos, 
as equipes são resolutivas e cuidam da doença imediata que se apresenta, 
mas investem na promoção de saúde e na prevenção do agravamento dos 
problemas. Equipes como as descritas acima não vão aumentar as listas de 
encaminhamentos, pelo contrário.
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
Mas voltando à complementaridade dos setores, como ocorre esta 
parceria do público-privado? Vamos consultar a nossa Lei Orgânica do SUS, 
no 8.080/90:
CAPÍTULO II
Da Participação Complementar
Art. 24 Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a 
cobertura assistencial à população de uma determinada área, o Sistema Único 
de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela iniciativa privada.
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados 
será formalizada mediante contrato ou convênio, observadas, a respeito, as 
normas de direito público.
Art. 25 Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantrópicas e as sem 
fins lucrativos terão preferência para participar do Sistema Único de Saúde 
(SUS).
Art. 26 Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os 
parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela direção nacional 
do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional de Saúde.
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de pagamento 
da remuneração aludida neste artigo, a direção nacional do Sistema Único 
de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato em demonstrativo econômico-
financeiro que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços 
contratados.
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técnicas e 
administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), 
mantido o equilíbrio econômico e financeiro do contrato.
§ 3° (Vetado).
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entidades ou 
serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou função de confiança 
no Sistema Único de Saúde (SUS).
FONTE: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm>. Acesso em: 23 set. 2013.
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
2.2.3 Como o SUS regulamenta outras formas de atenção à 
saúde
Acreditamos que o item acima possibilitou a você compreender como 
ocorre esta complementaridade e a sua regulação. É livre, em nosso país, a 
prestação de serviços de saúde pela iniciativa privada, desde que cumpridas 
as disposições legais. E é permitido o contrato destes serviços privados pelo 
SUS, quando houver a necessidade, cumprindo-se o estabelecido na legislação.
2.3 IGUALDADE
Muitas coisas mudaram para melhor no acesso do usuário ao sistema. 
A igualdade foi uma mudança fundamental para acredibilidade do SUS. 
Ninguém pode ter privilégios por apadrinhamento político, nível social, raça, 
gênero. Ninguém pode solicitar atendimento prioritário através do tráfico de 
influência (a velha história do padrinho político). Tal atitude é considerada 
crime, passível de punição para todos os envolvidos.
Porém, muitos trabalhadores de saúde contam que foram assediados por 
pessoas importantes para arranjar um “encaixe” na agenda de uma consulta, 
procedimento ou exame. Os que trabalharam e trabalham na gestão de 
serviços de saúde pública ainda recebem bastante pressão neste sentido.
AUTOATIVIDADE
Entreviste informalmente algum gestor ou ex-gestor do SUS. Pode ser o 
coordenador de um programa, o enfermeiro ou a enfermeira, o coordenador 
de uma unidade de saúde próxima de sua casa, ou algum profissional de 
saúde no sistema público para perguntar se ele ou ela já foi abordado(a) para 
favorecer alguém. Lembre-se de não mencionar os nomes de ninguém e 
nem os locais de trabalho. Esta norma é importante para qualquer atividade 
acadêmica.
2.3.1 Equidade – (quando a igualdade não é bem igual)
É isto mesmo que você leu. Às vezes, a igualdade de acesso não funciona. 
Pense em um pronto-socorro repleto de gente esperando a vez. E agora 
imagine a ambulância trazendo alguém que está sofrendo um enfarto. Quem 
vai passar na frente de todos? Aquele que está em risco iminente de morrer. O 
pronto-socorro é um exemplo bem simples e bem fácil de entender: algumas 
pessoas precisam de prioridade pelo nível de risco de sua situação:
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
A equidade no acesso às ações e aos serviços de saúde traduz o debate atual 
relativo à igualdade, prevista no texto legal, e justifica a prioridade na oferta 
de ações e serviços aos segmentos populacionais que enfrentam maiores 
riscos de adoecer e morrer em decorrência da desigualdade na distribuição 
de renda, bens e serviços. Inclui-se à lógica do SUS, desta forma, o princípio 
da discriminação positiva para com os grupos sociais mais vulneráveis, 
buscando-se assegurar prioridade no acesso às ações e serviços de saúde 
aos grupos excluídos e com precárias condições de vida, considerando as 
desigualdades de condições decorrentes da organização social. (CAMPOS et 
al., 2006, p. 535). 
Caberá aos profissionais de saúde utilizar todo o bom senso possível 
para que os princípios do SUS sejam cumpridos. Não existe um protocolo para 
determinar quem apresenta mais risco ou necessita de atendimento prioritário. 
Cada caso é único em sua especificidade e necessita ser ouvido e alguma 
direção precisa ser dada para este usuário e sua queixa. Esta primeira escuta 
faz parte do processo terapêutico e é chamada tecnicamente de acolhimento.
Alguns prontos-socorros adotam uma espécie de protocolo para priorizar 
o que é urgência, que é chamado de classificação de risco. A classificação 
de risco também apresenta muitas opiniões discordantes quanto à sua 
implantação e não exclui o bom senso e escuta pessoal de cada caso pelo 
profissional de saúde.
2.3.2 SISREG – Os sistemas de regulação e as filas
O Sistema Nacional de Regulação é um sistema on-line que funciona 
para apoiar a regulação de oferta de serviços como consultas especializadas, 
exames e procedimentos. É por intermédio destas centrais de regulação que 
as consultas são marcadas. O sistema deve ser alimentado com a oferta e a 
procura de serviços e pode fornecer informações sobre os locais e tipos de 
atendimentos (ambulatórios, especialidades).
O SISREG deve gerenciar o complexo regulatório, humanizar os serviços, 
otimizar seus recursos, controlar os fluxos, e estar integrado com o setor 
de avaliação e registros, controle e auditoria. Este sistema também dificulta 
os encaminhamentos “por fora”, ou informais, porque tudo tem que estar 
registrado e informatizado. O SUS tem feito um monumental investimento 
em informatizar os ambientes de trabalho da atenção básica, (e nos outros 
níveis); criar prontuários eletrônicos e trabalhar com o tratamento destes 
dados e disponibilizar informações para usuários e profissionais da saúde.
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2.4 DESCENTRALIZAÇÃO
No livro Tratado de saúde coletiva (CAMPOS et al., 2006) consideram 
a descentralização a mudança mais signif icativa no aspecto polít ico-
administrativo da Reforma do Sistema de Saúde no Brasil.
A essência deste princípio é repassar aos municípios a gestão de seus 
serviços e suas ações de saúde. A base de nosso sistema de saúde é municipal 
e ao município cabe a responsabilidade da prestação direta da maioria dos 
serviços.
2.4.1 Territorialização
Baseada em modelos bem-sucedidos de atenção primária à saúde, 
implantados em Cuba e em outros países de orientação socialista, como a 
França e o Canadá, construiu-se no Brasil a estratégia de dirigir os atendimentos 
aos diferentes territórios em que se localiza a população a ser atendida.
A territorialização é um dos princípios da ESF. Cada unidade de saúde 
como porta de entrada do sistema, atende a uma população adscrita a seus 
limites territoriais. Cerca de quatro mil pessoas, no máximo, por equipe de 
saúde. Embora seja um importante critério organizativo, a territorialização 
não é excludente! Existem usuários que não têm domicílio fixo, tais como 
trabalhadores itinerantes, profissionais do sexo, andarilhos e pessoas em 
situação de rua. Estes deverão ser atendidos em todas as unidades por onde 
circulam, por não ter domicílio fixo e pelo alto grau de risco social e sanitário 
que podem vir a apresentar.
Outro caso onde os limites territoriais necessitam ser negociados é 
dos trabalhadores que atuam nas imediações das unidades de saúde. Muitas 
vezes estes trabalhadores residem em outras cidades e se deslocam por muito 
tempo para seu trabalho, por vezes entre cidades diferentes. Seria uma coisa 
tão absurda “contrabandear” as leis de território para que este trabalhador 
que atua próximo a uma unidade de saúde possa ser atendido ao lado de seu 
trabalho para controlar, por exemplo, uma hipertensão ou diabetes?
O exemplo do parágrafo acima é polêmico, mas como este é um curso 
para administradores de sistemas de saúde, a discussão é bem pertinente: 
a legislação foi feita para facilitar a vida das pessoas e não o contrário. Se a 
equipe da unidade negar o atendimento ao seu vizinho hipertenso que trabalha 
na padaria ao lado e mora em outra cidade e só vai para casa à noite, este 
hipertenso provavelmente não fará o tratamento, ou o fará quando já tiver o 
problema piorado e agravos à saúde instalados. 
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Precisamos lembrar sempre que as pessoas precisam trabalhar e nem 
sempre os empregadores são compreensivos com faltas e atestados. As 
pessoas não podem perder o emprego por estarem doentes e necessitarem 
de tratamento para recuperar a saúde. 
Você pode alegar que, se a equipe agir assim, vai sobrecarregar a sua 
unidade. Mas podemos pensar que, se todos agirem desta forma, haverá a 
complementaridade dos serviços e ninguém ficará sobrecarregado.
Desta forma, a população de um bairro está vinculada a uma equipe de 
saúde que conhece a todos e chama muitos dos usuários pelo nome próprio 
sem necessitar dos prontuários, porque já os tem de cor. Esta equipe pode 
atender de maneira integral e multiprofissional, encaminhando para atenção 
de maior complexidade apenas os casos necessários, mas mantendo o vínculo 
de gerenciamento do cuidado por parte da equipe. 
Conhecendo o usuário mais de perto, sua família e modos de viver, 
formando vínculos, a integralidade no cuidado virá de forma mais natural, pois 
muitos dos aspectos deste conhecimento só são possíveis com a convivência. 
A convivência com vínculos vai criando relações de confiança e 
revelando parte das dores que causam os sintomas da pessoa doente. Muitas 
vezes estas não estão no organismo físico, mas nas situações difíceis que a 
pessoa está vivenciando.Apropriar-se do território é o primeiro desafio lançado a uma equipe 
recém-chegada. É necessário lançar mão de mapas construídos em conjunto 
e debatidos pela equipe assinalando regiões de risco, acessibilidade, barreiras 
geográficas, aspectos populacionais.
2.4.1.1 A unidade de saúde do bairro como porta de entrada do 
sistema
O local de domicílio de um usuário será também a base territorial de 
seu tratamento. É em sua casa que ele recebe a ACS e as visitas da equipe, 
caso necessite. São os profissionais da USF, que encaminharão, se necessário, 
os tratamentos de maior complexidade que não poderiam ser feitos na sua 
unidade de saúde. Para isto é importante que você tenha assimilado o conceito 
de território.
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2.4.1.2 Distritos sanitários, áreas e microáreas
Um distrito sanitário é uma área delimitada para atuação de amplitude 
maior. Uma cidade inteira pode ser o distrito sanitário. Se a cidade for 
grande, se subdividirá em vários distritos. Um hospital, onde haja um centro 
especializado em oncologia, por exemplo, tem o seu distrito como sua 
área de abrangência. O lugar de onde lhes encaminham seus doentes para 
tratamento. Isto vale para um hospital geral ou clínica também.
À área de abrangência de uma unidade de saúde da família correspondem 
várias microáreas. Para cada microárea corresponde um ACS – Agente 
Comunitário de Saúde. Microárea é a menor parte do território de abrangência. 
Porém, conceitualmente, a menor unidade territorial do sistema de saúde é o 
domicílio onde o indivíduo vive e talvez o melhor lugar para este ser cuidado 
pela família, por sua rede de apoio (igreja, amigos, vizinhos) e por sua equipe 
de saúde de referência.
2.5 A PARTICIPAÇÃO POPULAR: OS CONSELHOS DE SAÚDE
A comunidade deve participar do SUS. A representação dos usuários 
do sistema nas reuniões de caráter consultivo (conselho local) e deliberativo 
(conferências e conselho municipal) é pré-requisito para que exista o conselho, 
que deve reunir-se mensalmente em reuniões ordinárias e com horários 
combinados. O município para cumprir suas metas pactuadas deve ter os 
conselhos atuantes e documentados.
É a participação popular no SUS, e em seus conselhos locais, municipais, 
estaduais ou nacionais e suas respectivas conferências de saúde, que 
apresenta uma instância democrática para a construção da consciência 
de cidadania, utilizando as lutas no campo da saúde como móbil social de 
uma prática libertadora. O movimento de reforma sanitária, calcado em 
movimentos populares, resultou em um sistema de saúde de orientação 
socialista, labutando em contexto econômico de orientação contrária. Apesar 
de suas contradições, o SUS apresenta índices impressionantes de redução 
de morbimortalidade populacionais. (PERNA apud ZETZSCHE, 2009, p. 31). 
O conselho local de saúde é a unidade mínima aonde se exerce o 
princípio determinado pelo SUS de participação popular. O CLS tem caráter 
consultivo, reunindo-se mensalmente. Caso a unidade de seu bairro ainda não 
possua um conselho local, ela está em descumprimento com as diretrizes do 
SUS. O CLS deve ter a representação da gestão municipal, dos trabalhadores 
de saúde, dos usuários e contar com os grupos organizados locais como 
participantes representando os usuários; (associação de moradores, escola, 
igrejas ou associações do bairro, clube de mães, ou outros grupos). Um 
conselho local de saúde pode ser formado também num hospital que preste 
seus serviços ao SUS.
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Já o Conselho Municipal de Saúde é formado por representantes de todo 
o município, incluindo os conselhos locais. E sempre respeitando a paridade 
para que todos: usuários, prestadores de serviços, gestores, associações 
de usuários e profissionais de saúde estejam representados. No Conselho 
Municipal de Saúde devem se fazer presentes também os outros conselhos 
locais existentes no município.
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PROGRAMA DE GERENCIAMENTO 
DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE 
SAÚDE (RSS)
.03
1 INTRODUÇÃO
O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos 
de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, 
normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e 
proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro, de forma 
eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde 
pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (ANVISA, 2006).
O PGRSS, quando elaborado, deve ser compatível com as normas locais 
relativas à coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos 
serviços de saúde, estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis pelas etapas. 
De acordo com Zamoner (2008), um programa eficiente de gerenciamento 
dos resíduos infectocontagiosos gerados nos estabelecimentos de saúde 
objetiva promover a melhoria das condições de saúde pública, através da 
proteção do meio ambiente. 
Um sistema adequado de manejo dos resíduos em um estabelecimento 
de saúde permitirá controlar e reduzir com segurança e economia os riscos 
para a saúde associados a esses resíduos (BRASIL, 1997). 
Segundo Zamoner (2008), o gerenciamento adequado destes resíduos 
é de extrema importância, favorecendo tanto a segurança de profissionais de 
saúde e a comunidade, quanto a preservação ambiental. 
Para Salomão, Trevizan e Günther (2004), o gerenciamento dos RSS, 
considerado como as diferentes etapas por que passam os resíduos, desde 
sua geração até sua disposição final, pode ser dividido em gerenciamento 
interno e gerenciamento externo, este último envolvendo a coleta, transporte 
e destinação final.
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2 GERENCIAMENTO DOS RSS
A ANVISA (2006) define o Gerenciamento dos RSS como um conjunto 
de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases 
científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a 
produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento 
seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, à preservação 
da saúde pública dos recursos naturais e do meio ambiente.
O gerenciamento inadequado dos RSS tem ocasionado um crescimento 
do número de funcionários que são acometidos por acidentes de trabalho, 
principalmente decorrentes do incorreto acondicionamento dos resíduos 
perfurocortantes, além de contribuir para o aumento da incidência de infecção 
hospitalar.
Cabe ressaltar que todo esforço para promover um papel ativo e contínuo 
na melhoria do gerenciamento dos RSS acaba por possibilitar uma maior 
segurança no manejo e, ao mesmo tempo, proporciona melhor organização 
dos serviços prestados. Uma correta técnica de gerenciamento pode reduzir o 
custo da disposição, enquanto mantém a qualidade dos cuidados ao paciente 
e a segurança dos trabalhadores (NERY e NAVARRO, 2012).
O gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento 
dos recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos 
humanos envolvidos no manejo dos RSS. Possibilitando que se estabeleça 
de forma sistemática e integrada, em cada uma delas, metas, programas, 
sistemas organizacionais e tecnologias, compatíveis com a realidade local. 
(BRASIL, 2006). 
Na prática, os modelos de gerenciar e fiscalizar o “caminho” dos resíduos 
no Brasil depende de muitos fatores, como a realidade econômica, interesse das 
autoridades locais (políticas, sanitárias e jurídicas) e ao nível de conhecimento 
e consciência sobre os riscos desses resíduos (SERAPHIM, 2010). 
Um grande obstáculo para as ações de gerenciamento dos RSS é que não 
há uma correta classificação destes resíduos, a qual requer a aplicação e 
o cuidado de todos, desde o médico e a enfermeira, que são geradores de 
resíduos ao utilizar equipamentos e materiais descartáveis; o pessoal de 
limpeza, que se encarrega de colocar sacos plásticos, recipienteslimpos e 
coletar o lixo; os mecânicos e técnicos, que dão manutenção nos meios de 
transportes e nos equipamentos; até os encarregados do transporte externo 
e da planta de tratamento. Se algum destes empregados se descuida ou não 
dá a devida importância à sua tarefa, altera-se o bom funcionamento do 
sistema e se agravam os riscos (BRASIL, 2001). 
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Conforme dados do IBGE de 2003, aproximadamente quatro mil 
toneladas de resíduos produzidos pelos serviços de saúde são coletados a 
cada dia em prefeituras de 5.507 municípios brasileiros (SERAPHIM, 2010). 
Portanto, lança-se a pergunta: será que todos estes resíduos estão recebendo 
o devido gerenciamento, ou estão colocando a população e o ambiente 
frente a possíveis danos causados pelo seu potencial infectante? A legislação 
brasileira estabelece que é de responsabilidade do gerador dos RSS a sua 
gestão, iniciando na geração até a destinação final, conforme legislação 
vigente.
É importante e imprescindível o gerenciamento adequado desses 
resíduos, e isso requer não apenas a organização e sistematização dessas 
fontes geradoras, mas, principalmente, a busca da consciência humana e 
coletiva dos profissionais que atuam nesses ambientes (SERAPHIM, 2010).
3 RESÍDUOS DE SAÚDE
Para Zamoner (2008), consideram-se resíduos de serviços de saúde todos 
aqueles que resultam de atividades exercidas no serviço que têm relação com 
o atendimento de saúde, tanto humana quanto animal, o que inclui serviços 
de atendimento domiciliar, laboratórios analíticos de produtos para saúde, 
necrotérios, funerárias, drogarias e farmácias (incluindo as de manipulação), 
unidades móveis de atendimento à saúde, centro de controle de zoonoses, 
serviços de acupuntura, tatuagens e outros similares. 
4 RESPONSABILIDADE CIVIL NOS SERVIÇOS DE SAÚDE
4.1 RESPONSABILIDADE CIVIL PELA NEGATÓRIA DE 
ASSISTÊNCIA
Não deveria tratar-se de rotina, entretanto as negativas ocorrem em 
demasia. As operadoras sempre negam a prestação de serviço sob o argumento 
das doenças e lesões preexistentes, e, também pelo não cumprimento das 
carências. Entretanto, sabemos que a operadora não pode deixar de prestar 
assistência à saúde do beneficiário do plano, sob esses argumentos, se não 
preenchidos os devidos requisitos que justifiquem os mesmos.
Quando falamos em doenças e lesões preexistentes, observa-se aquelas 
que o beneficiário possuía à época da celebração do contrato, e, caso tivesse 
conhecimento deveria ele informar à operadora sobre a existência da doença.
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Caso informado diretamente pelo contratante, a operadora na qualidade 
de prestadora do serviço deveria apresentar solução para aquele problema, 
trata-se, nesse caso, da aplicação do agravo durante a carência estabelecida 
pela Lei no 9.656/98 – Lei dos Planos de Saúde, onde o beneficiário pagará 
uma quantia extra para obter a devida cobertura à moléstia preexistente.
Entretanto, não é o que ocorre, a operadora utiliza-se apenas de uma 
entrevista antes do firmamento contratual, não utiliza a maioria, da solicitação 
de exames que demonstrem a existência ou não de enfermidade preexistente, 
sendo negligente, não agido com o devido dever de cautela.
Muitas vezes, o consumidor desconhece a doença que está portando 
ou desconhece sua gravidade, ademais, é dever da operadora exigir perícia 
médica para comprovação do estado de saúde do futuro beneficiário.
Borges (2016) ressalta que diante disso, não pode a operadora negar 
cobertura a tratamento argumentando que a doença era preexistente, e que 
ainda não foi cumprida a carência por parte do beneficiário. Deparando-se 
com tal situação, é dever da operadora prestar o serviço, uma vez que não 
verificado no momento oportuno a existência de enfermidades no beneficiário, 
não pode, agora, no momento de necessidade do mesmo, negar atendimento.
A operadora é obrigada a prestar o serviço, e se nega, deve o beneficiário 
buscar resguardo ao seu direito no Judiciário, para que seja imposta a devida 
obrigação objetiva de prestação do serviço, e ainda, quem deve provar que a 
doença é realmente preexistente é a operadora, pelo instituto da inversão do 
ônus da prova. Para que a operadora saia ilesa nessa situação é necessário 
demonstrar a má-fé do beneficiário à época da contratação, que o mesmo 
tinha ciência da existência da enfermidade e que ludibriou a operadora.
Portanto, uma vez celebrado o contrato e não verificada a existência de 
doença ou lesão preexistente, não pode a operadora no decorrer da vigência 
da carência, negar assistência, pois, a carência estabelecida é com relação a 
doenças e lesões preexistentes, e as mesmas não foram verificadas, por fim, 
deve a operadora assistir o beneficiário por imposição de dever contratual 
(BORGES, 2016).
Quando se fala em negatória de assistência pelo não cumprimento das 
carências estabelecidas no contrato, muitas vezes verifica-se que a operadora 
nega até cobertura em casos de urgência e emergência. Como o próprio nome 
diz, urgência e emergência são casos que fogem ao comum, são situações 
em que o beneficiário não tem o controle sobre os acontecimentos, são 
acidentes, acontecimentos externos que dão causa à necessidade de uso da 
assistência contratada com a operadora, sem culpa do beneficiário.
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Nesses casos, não pode a operadora escusar-se a cobrir o tratamento, 
pois assim o feito, se está contrariando a Constituição Federal de 1988, quanto 
à proteção do direito à vida e à saúde artigos 5º e 6º.
Igualmente, a própria Lei no 9656/98 – Lei dos Planos de Saúde, em seu artigo 
35-C estabelece:
Art. 35-C É obrigatória a cobertura do atendimento nos casos:
I – emergência, como tal definidos os que implicarem risco imediato de vida 
ou de lesões irreparáveis para o paciente;
II – de urgência, assim entendidos resultantes de acidentes pessoais ou de 
complicações no processo gestacional. [...].
Borges (2016) alerta que a Lei no 9.656/98 – Lei dos Planos de Saúde, em 
seu artigo 12, inciso V, alínea c, e diz ser de 24 (vinte e quatro) horas o prazo 
para cobertura de tratamento de urgência e emergência, soa absurdo, mas, são 
esses os termos da Lei, que em face dessa situação se entende perfeitamente 
aplicável o Código de Defesa do Consumidor para haver superado tal vedação 
emitida pela dita lei, vez que acarreta um ônus absurdamente excessivo ao 
consumidor, que é o de arcar com o tratamento diante de um acidente o 
qual qualquer ser humano está sujeito.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem com o seu entendimento nas 
decisões jurisprudenciais decidindo que não pode a operadora aplicar a 
regra da carência diante de casos de urgência e emergência. Mesmo que a 
Lei admita tal manobra, é abusiva frente ao consumidor e deve ser afastada.
4.2 RESPONSABILIDADE DA OPERADORA PELOS 
PROFISSIONAIS ASSOCIADOS
Para prestar os serviços aos beneficiários, as operadoras dos planos 
devem ter uma gama de profissionais associados para melhor prestação do 
serviço, onde esses profissionais preenchem um quadro de colaboradores 
em diversos ramos de atuação voltado à saúde.
Na prestação da assistência, o profissional da saúde deve sempre usar 
das melhores técnicas aplicadas ao caso e sempre atualizado com os avanços 
de sua área de atuação, pois a saúde é um ramo deveras complexo, e a cada 
nova descoberta muito se avança nos tratamentos.
Contudo, se porventura de sua atuação emerge um erro profissional, 
como deve ser apurada a responsabilidade deste? 
 CURSO LIVRE - GESTÃO HOSPITALAR - UM OLHAR PARA A SAÚDE 3
Sabe que o artigo 14, § 4º do Código de Defesa do Consumidor, traz: 
“art. 14 – [...] § 4º - a responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será 
apurada mediante a verificação da culpa”, ocorre que muitas vezes o erro 
‘médico’, não é tão claro, a não ser nos casos em que o cirurgião esquece um 
bisturi alojado no corpo do paciente,é de difícil percepção a sua constatação.
Todavia, o médico presta serviço em função do contrato firmado com 
a operadora do plano, e o consumidor, ora lesado, tem um contrato de 
prestação de serviço com a operadora, e que, portanto, tem ele o direito de 
haver indenizado seu dano em face da operadora, independentemente de 
culpa, ou responsabilidade objetiva pelos seus colaboradores.
Ademais, sabe-se que como pessoa jurídica, a operadora não realiza ou 
prática atos médicos, assim a ela não são aplicáveis o disposto no art. 951 
do Código Civil que dispõe o seguinte: “o disposto nos arts. 948, 949 e 950 
aplicam-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício 
de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar 
a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para 
o trabalho”.
Entretanto, ao observar o disposto no art. 932, inciso III do Código 
Civil que “são também responsáveis pela indenização civil: o empregador 
ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do 
trabalho que lhes competir, ou em razão dele”, portanto, conclui-se que 
responde solidariamente a operadora com o médico-associado/colaborador 
pelos erros advindos do seu ofício durante o exercício da sua função na 
instituição.
 Eis a importância e a obrigação da operadora escolher bem os seus 
colaboradores, associados, por se tratar de uma relação de consumo onde 
a prestadora do serviço é a operadora do plano, a figura médica é apenas o 
meio pelo qual o serviço é prestado.
4.3 RESPONSABILIDADE DA OPERADORA PELA MÁ 
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO
Na efetiva prestação dos serviços, a operadora do plano tem em sua 
rede além de profissionais, conforme exposto anteriormente, tem convênio 
com hospitais, ambulatórios e laboratórios, para prestar o serviço.
No entanto, diante da má prestação dos mesmos, dificuldades colocadas 
para realização dos devidos procedimentos, ou outras inadmissíveis, acarretam 
ao beneficiário do plano a pleitear indenização da operadora.
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Responde solidariamente a operadora do plano, seja com o laboratório, 
ambulatório ou hospital que causa dificuldade na prestação de serviço ou 
impõe ao consumidor uma prestação indevida para melhor atendê-lo.
4.4 RESPONSABILIDADE DA OPERADORA NA ASSISTÊNCIA 
REALIZADA PELO SUS
Reiterando o conteúdo anteriormente discutido, uma vez que o 
consumidor se utiliza dos serviços médicos, prestados pelo Sistema Único 
de Saúde – SUS, sendo este beneficiário de plano de saúde, e ainda, que o 
serviço público prestado esteja dentro das coberturas estabelecidas no plano, 
deve a operadora ressarcir os custos do tratamento ao SUS.
Tal ressarcimento está previsto na Lei dos Planos de Saúde – Lei no 
9.656/98, em seu artigo 32 que dispõe o seguinte:
Art. 32. Serão ressarcidos pelas operadoras dos produtos de que tratam o 
inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei, de acordo com normas a serem definidas 
pela ANS, os serviços de atendimento à saúde previstos nos respectivos 
contratos, prestados a seus consumidores e respectivos dependentes, em 
instituições públicas ou privadas, conveniadas ou contratadas, integrantes 
do Sistema Único de Saúde – SUS.
[...]
§ 3o A operadora efetuará o ressarcimento até o décimo quinto dia após a 
apresentação da cobrança pela ANS, creditando os valores correspondentes 
à entidade prestadora ou ao respectivo fundo de saúde, conforme o caso. [...].
Conforme dispõe a lei, não há que se questionar o ressarcimento ao 
SUS – Sistema Único de Saúde e deve o pagamento ser efetuado nos moldes 
do supracitado parágrafo 3º, em até 15 (quinze) dias após a apresentação da 
cobrança pela ANS – Agência Nacional de Saúde.
No que faz referência aos planos de saúde, levando em consideração 
a relação contratual estabelecida, haverá, sempre, responsabilidade solidária 
entre o médico que prestou diretamente o serviço e o plano de saúde que 
indicou o mesmo, o que de acordo com o código de defesa do consumidor, 
as empresas prestadoras de serviços sempre respondem, objetivamente 
pelos atos de seus prepostos, de forma que em constatado o erro médico, 
determinante do prejuízo suportado pelo contratante-paciente, devido à má 
prestação de serviço prestado, o plano de saúde responderá objetivamente 
por este dano.
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CONCEITOS DE 
EPIDEMIOLOGIA E 
SUA APLICAÇÃO
.04
1 INTRODUÇÃO
Ao longo de toda a disciplina, e durante a sua vida profissional, você 
encontrará importantes conceitos de epidemiologia que necessitará dominar 
para entender o que está escrito nas revistas, artigos e pesquisas. Muitos 
desses conceitos já foram apresentados até aqui. Tomamos o cuidado de 
colocá-los em negrito para indicar-lhe que esta palavra será encontrada muitas 
vezes e dominar e entender o seu significado é importante para a sua vida 
e para a disciplina. E lembre-se: o conhecimento é um processo contínuo e 
nunca está pronto. Segundo o educador Paulo Freire, um dos nomes mais 
queridos quando se fala em educação no Brasil e no mundo, o conhecimento 
nunca está pronto. Estamos o tempo todo nos educando, aprendendo uns 
com os outros e educando os demais. O trabalho em saúde é um trabalho 
educativo por excelência.
Quer um exemplo de como a educação é importante para a epidemiologia? 
Todos nós sabemos hoje que as vacinas são importantes e consideradas 
indispensáveis. Foi assim que doenças mortais como a varíola, a difteria, a 
poliomielite e o sarampo foram erradicadas. No entanto, no ano de 1904, 
durante a campanha de vacinação contra a varíola, a população do Rio de 
Janeiro se revoltou e recusou-se a receber os agentes vacinadores e tomar 
a vacina. Houve quebra-quebra, depredação das linhas de bonde, e muitos 
bondes foram virados e depredados pela população enfurecida. A revolta da 
vacina deixou um saldo de aproximadamente 30 mortos e 100 feridos. Quem 
estava no comando da campanha era o médico e sanitarista Oswaldo Cruz, 
um dos maiores nomes na história da saúde pública brasileira. O governo 
precisou suspender a obrigatoriedade da campanha e empreender um grande 
trabalho educativo para continuar a vacinação. 
E por falar nisto, como está a sua situação vacinal?
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2 INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS
Como se constrói uma medida para determinar a quantidade e qualidade 
de saúde de uma população? A ONU – Organização das Nações Unidas 
decidiu, no ano de 1952, convocar um grupo de trabalho para encarregá-lo 
de determinar o que seriam indicadores de saúde, ou maneiras confiáveis 
de avaliar os coletivos humanos. Não se encontrou nenhuma fórmula global 
para avaliar qualidade e quantidade de saúde, é lógico, mas o grupo sugeriu 
indicadores parciais agregados para:
• Condições de trabalho
• Ensino técnico (quantidade, disponibilidade e qualidade dos profissionais 
de saúde)
• Saúde 
• Nutrição
• Educação
• Recreação
• Transporte
• Habitação 
• Segurança social (ROUQUAYROL apud CAMPOS, 2012, p. 324)
Cinco anos depois, em 1957, dada a dificuldade de encontrar uma 
medida que indicasse o que seria saúde, a ONU, por meio do informe técnico 
número 137, passou a recomendar que se usassem os dados dos óbitos para 
avaliar a quantidade/qualidade de saúde das coletividades. Ou seja, as taxas 
de mortalidade passaram a ser o mais importante indicador epidemiológico.
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VIGILÂNCIA 
SANITÁRIA
.05
1 INTRODUÇÃO
Para clarear bem esta diferença entre as vigilâncias, achamos por bem 
transcrever a definição de Vigilância Sanitária constante do manual/glossário 
“O SUS de A a Z”, que é um material bastante interessante e que você, caro(a) 
acadêmico(a), também poderá ter disponível para consulta imediata: 
A vigilância sanitária é um conjunto de ações legais, técnicas, educacionais, 
de pesquisa e de fiscalização, que exerce o controle sanitário deserviços e 
produtos para o consumo que apresentam potencial de risco à saúde e ao 
meio ambiente, visando à proteção e à promoção da saúde da população. O 
campo de atuação da vigilância sanitária é amplo. Tem por responsabilidade 
o controle sanitário sobre medicamentos, alimentos e bebidas, saneantes, 
equipamentos e materiais médico-odonto-hospitalares, hemoterápicos, 
vacinas, sangue e hemoderivados, órgãos e tecidos humanos para uso em 
transplantes, radioisótopos e radiofármacos, cigarros, assim como produtos 
que envolvam riscos à saúde, obtidos por engenharia genética. Exerce também 
o controle sanitário dos serviços de saúde, portos, aeroportos e fronteiras, 
das instalações físicas e equipamentos, tecnologias, ambientes e processos 
envolvidos em todas as fases de produção desses bens e produtos e mais o 
controle da destinação de seus resíduos, do transporte e da distribuição dos 
produtos referidos. A vigilância sanitária é parte do SUS. A Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a instância federal do Sistema Nacional de 
Vigilância Sanitária e, como tal, formuladora de políticas e coordenadora 
desse subsistema do SUS. Em todos os estados brasileiros existem unidades 
específicas – coordenações, departamentos ou similares – que executam, 
implementam e orientam as ações de vigilância sanitária. O mesmo ocorre 
em muitos municípios brasileiros. (BRASIL, 2009 , p. 390).
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2 ÁREAS DE ATUAÇÃO DA ANVISA
• Agrotóxicos/análises de resíduos.
• Alimentos/registro.
• Cosméticos e produtos de beleza/registro.
• Farmacovigilância.
• Hospitais-sentinela.
• Infecção hospitalar/controle.
• Inspeção em vigilância sanitária.
• Medicamentos/remédios.
• Mercado de medicamentos.
• Portos, aeroportos e fronteiras.
• Programa Produtos Dispensados de Registro (Prodir).
• Propaganda de medicamentos.
• Rotulagem nutricional.
• Saneantes/produtos de limpeza.
• Tabaco/cigarro.
• Termo de Ajustes de Metas (TAM).
• Vigilância em saúde.
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DOENÇAS DE 
NOTIFICAÇÃO 
COMPULSÓRIA
.06
A PORTARIA Nº 1.271, DE 6 DE JUNHO DE 2014, define a Lista Nacional 
de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública 
nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, nos 
termos do anexo, e dá outras providências.
A portaria não inventa quais os tipos de doenças são perigosos para toda 
a população, mas estabelece como obrigatoriedade para notificação uma 
série de doenças. Esta indicação atende a um critério técnico e é atualizada 
periodicamente. Se houver emergências populacionais ou riscos de epidemia, 
outras doenças podem ser temporariamente acrescentadas.
Estas doenças ainda são as que mais preocupam os epidemiologistas 
brasileiros e deverão ser da competência de todas as ESF – equipes de saúde 
da família. Muitas delas podem ser tratadas sem problemas e com sigilo.
São doenças muito estudadas, dada a importância de ter seus tratamentos 
sabidos por todos os profissionais de saúde e seus tratamentos à disposição 
na rede pública de saúde. São obrigatoriamente notificáveis por todos os 
estabelecimentos de saúde, sejam eles públicos ou privados.
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VIGILÂNCIA 
EPIDEMIOLÓGICA – 
BREVE HISTÓRICO E 
DEFINIÇÕES
.07
De todas as vigilâncias, a que mais interessa para a nossa disciplina 
é a Vigilância Epidemiológica. A definição do que seria a VE passou por 
diversos estágios, pois esta sempre teve o caráter fortemente influenciado 
pela economia, uma vez que o adoecimento dos trabalhadores prejudica os 
processos de produção e o giro de mercadorias. Podemos dizer que nos dias 
de hoje igualmente há este caráter econômico a compor a vigilância, pois além 
de salvar vidas humanas e prevenir o adoecimento, prevenir doenças, reduz 
a mão de obra parada e inativa, os custos com tratamento e hospitalização 
e facilita o fluxo internacional de viajantes, turistas, mercadorias e negócios.
Podemos dizer que a Vigilância Epidemiológica toma a seu cargo as ações 
de investigação epidemiológica e as medidas de prevenção e controle das 
doenças transmissíveis. E também das doenças crônicas não transmissíveis. 
Quanto às doenças transmissíveis, a VE está encarregada de eliminar ou 
minimizar os riscos da disseminação ou prevalência da doença, diminuindo 
os impactos e o adoecimento e a mortalidade em decorrência das mesmas. 
Também está a cargo da VE normatizar condutas, preparar material didático 
acessível, divulgar ampla informação para capacitar os profissionais de saúde 
da rede pública e da rede privada a responderem às emergências e riscos 
de forma rápida e padronizada, de acordo com os insumos disponíveis. De 
acordo com a introdução do Guia de Vigilância Epidemiológica de 2009: 
O Guia de Vigilância Epidemiológica tem se constituído em importante 
instrumento de divulgação das normas e procedimentos de vigilância e 
controle de doenças transmissíveis de interesse para o Sistema Nacional de 
Vigilância em Saúde. Essa ação, atribuição específica do Ministério da Saúde, 
é essencial para assegurar a padronização de procedimentos em todo o país 
e permitir a adoção das medidas capazes de prevenir e controlar as doenças 
transmissíveis. (BRASIL, 2009c, p.15).

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