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Quarto do despejo

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MATERIAL DE LITERATURA – PROF. VIVIAN MORENO
Quarto de Despejo - Carolina Maria de Jesus
- Carolina Maria de Jesus, anônima, mulher negra, mãe solteira, pouco instruída e moradora da favela do Canindé (em São Paulo).
- O livro foi publicado em agosto de 1960.
- A obra é a reunião de cerca de 20 diários escritos por Carolina.
- Quarto de Despejo foi um sucesso de vendas e de público porque lançou um olhar original da favela e sobre a favela.
- Traduzido para treze idiomas, Carolina ganhou o mundo e foi comentada por grandes nomes da literatura brasileira como Manuel Bandeira, Raquel de Queiroz e Sérgio Milliet.
- No Brasil, os exemplares de Quarto de Despejo alcançaram uma tiragem de mais de 100 mil livros vendidos em um ano.
- Os relatos foram escritos entre 15 de julho de 1955 e 1 de janeiro de 1960. As entradas no diário são marcadas com dia, mês e ano e narram aspectos da rotina de Carolina.
A AUTORA
Nascida no dia 14 de março de 1914, em Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus foi mulher, negra, mãe solteira de três filhos, catadora de lixo, favelada, marginalizada.
Instruída até o segundo ano em uma escola primária de Sacramento, interior de Minas Gerais, Carolina assume:
"Tenho apenas dois anos de grupo escolar, mas procurei formar o meu carater"
Semi-analfabeta, Carolina nunca deixou de escrever, ainda que fosse em cadernos encardidos amontoados cercada de afazeres domésticos e trabalhos de catadora e lavadora de roupa na rua para sustentar a casa.
Foi na rua A, no barraco número 9 da favela do Canindé (em São Paulo) que Carolina deixou registradas as suas impressões cotidianas.
No dia 13 de fevereiro de 1977, a escritora faleceu, deixando seus três filhos: João José, José Carlos e Vera Eunice.
A PUBLICAÇÃO
Quem descobriu Carolina Maria de Jesus foi o repórter Audálio Dantas, quando foi produzir uma reportagem no bairro do Canindé.
Por entre os becos da favela que crescia a beira do Tietê, Audálio encontrou uma senhora com muita história para contar.
Carolina mostrou cerca de vinte cadernos encardidos que guardava no seu barraco e os entregou ao jornalista que ficou estupefato com o manancial que havia recebido nas mãos.
Audálio logo percebeu que aquela mulher era uma voz do interior da favela capaz de falar sobre a realidade da favela:
"Escritor nenhum poderia escrever melhor aquela história: a visão de dentro da favela."
Alguns trechos dos cadernos foram publicados em uma reportagem no Folha da Noite do dia 9 de maio de 1958. Outra parte saiu na revista O cruzeiro publicada no dia 20 de junho de 1959. No ano a seguir, em 1960, surgiria a publicação do livro Quarto de Despejo, organizado e revisado por Audálio.
O jornalista garante que o que fez no texto foi editar de modo a evitar muitas repetições e alterar questões de pontuação, de resto, diz ele, trata-se dos diários de Carolina na íntegra.
LINGUAGEM
Os relatos foram escritos entre 15 de julho de 1955 e 1 de janeiro de 1960. As entradas no diário são marcadas com dia, mês e ano e narram aspectos da rotina de Carolina.
Em termos textuais vale sublinhar que há falhas como a ausência de acento (em água) e erros de concordância (comesse aparece no singular quando a autora se dirige aos filhos, no plural).
CRITICA SOCIAL
Além de falar sobre o seu universo pessoal e os seus dramas cotidianos, o Quarto de Despejo também teve importante impacto social porque chamou a atenção para a questão das favelas, até então um problema ainda embrionário na sociedade brasileira. Foi uma oportunidade de se debater tópicos essenciais como o saneamento básico, a recolha de lixo, a água encanada, a fome, a miséria, em síntese, a vida em um espaço onde até então o poder público não havia chegado.
O PAPEL DA MULHER
Quarto de Despejo também denuncia o lugar da mulher nesse contexto social.
Se Carolina muitas vezes se sente vítima de preconceito por não ser casada, por outro lado agradece o fato de não ter um marido, que para muitas daquelas mulheres representa a figura do abusador.

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