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A ironia maiêutica no sentido do cárcere

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PRODUÇÃO TEÓRICA 
Sustentação de referencial teórico para o: Tema – História da filosofia: a ironia maiêutica no sentido do cárcere - Plano Geral de Aulas para o curso de Filosofia no ensino médio. Banco primário: DELEUZE, G; GUATTARI, F. O que é a filosofia? e, GUIDO, H.; GALLO, S.; KORAN, W. O. Princípios e possibilidades para uma metodologia filosófica do ensino de filosofia: história, temas, problemas. 
Tutora: Clêmie Ferreira Blaud
Cursista: Helena Rosa de Oliveira
 A proposta da (Abordagem problemática - a ironia maiêutica no sentido do cárcere), no Projeto de aula, seria pela intenção de fazer aulas de filosofia com base em crítica social de forma irônica, que consiste na multiplicação de perguntas, a induzir o estudante na descoberta de suas próprias verdades e na conceituação geral de um objeto, não no sentido da arte de gozação, de sátira, mas no sentido Socrático. Como pode ser observado abaixo:
Ia Sócrates caminhando por uma rua de Atenas, quando diante de si passa correndo um homem. Atrás deste vinha um outro a correr, enquanto gritava:
- Pega! pega! É um assassino!
- Um assassino? Que é isto? - Sócrates pergunta ao que vinha gritando.
- Um assassino é um homem que mata, respondeu o outro.
- Ah! disse Sócrates, um magarefe, então.
- Oh! não - acrescentou a rir o primeiro - um homem que mata outro homem.
- Então é um carrasco - tornou Sócrates.
- Não, não, explica o outro, já um tanto impaciente - um homem que mata outro sem autorização da justiça.
- Compreendo. Um soldado.
- Senhor - procurou esclarecer o primeiro, visivelmente irritado - um assassino é um homem que mata outro homem, sem motivo, fora do tempo de guerra, que não fora condenado em nenhum tribunal e que estava em casa tranquilo, sem esperar por isto.
- Ah! sim, então é um médico - concluiu tranquilamente o filósofo, enquanto o outro se afastava, certo de que havia falado com um louco.
Utilizando deste conceito como uma metodologia de ensino, visando a realidade do sujeito, incitando-o a um pensamento filosófico.
Porquanto, na praça pública, Sócrates interrogava os homens e instigava-os a refletir sobre si e sobre o mundo, sendo uma figura misteriosa, que questionava as pessoas que encontrava dizendo buscar a verdade. 
Todavia, a ironia tinha que ser acompanhada da maiêutica, isto é, o método socrático constituía-se de duas partes: a primeira mostrava os limites, as falhas, os preconceitos do pensamento comum e a segunda iniciavam no processo de busca da verdadeira sabedoria. Numa situação de conflito e de incertezas o ironista, depois de realizar o exercício da desconstrução e da negatividade, deve ajudar as pessoas a darem a luz às verdades que, no entender de Sócrates, traziam dentro de si. 
O exercício do filosofar, a partir das verdades encontradas, abria caminhos para múltiplas possibilidades de escolha e ação. A interrogação de Sócrates expunha os saberes dos sujeitos e, ao mesmo tempo, mostrava o quanto as pessoas não tinham consciência daquilo que realmente sabiam. Com a ironia, ao trazer à tona os limites dos argumentos comuns, ao mostrar as contradições ocultas na ordem comumente aceita, ao revelar, ao abalar as certezas que fundavam o cotidiano, Sócrates convida ao filosofar como um processo metódico de elaboração de novos saberes.
Neste sentido, os autores dará sustentação ao projeto de aula, nos atualiza informando que em seus primeiros usos:
 [...] methodos tem o sentido de caminho que se anda junto, uma procura de conhecimento conjunta, uma investigação e também o modo pelo qual se realiza essa procura ou investigação de forma tal que, em nossa área, o método faria referencia aos caminhos, as passagens que é preciso andar ao ensinar filosofia. (GUIDO; GALLO; KORAN, 2013, p. 101)
De maneira que o plano de aulas foi pensado em proporcionar através dos objetos de estudo, fazer os estudantes a fazerem este caminho que se anda junto com o intuito de analisarem os fatos sociais contemporâneos de modo a perceberem a ironia existente no contexto. Até porque, Galeno, (1999), reflete sobre o conceito de forma irônica e maiêutica, quem são os carcereiros, quem são os cativos? Poder-se-ia dizer que, de algum modo, todos nós estamos presos. Os que estão dentro das prisões e os que estamos fora delas. São livres, acaso, aqueles que são prisioneiros da necessidade, obrigados a viver para trabalhar porque não podem dar-se ao luxo de trabalhar para viver? Sócrates, por meio de sua atividade, mostra-nos que o exercício do filosofar é, essencialmente, o exercício do questionamento, da interrogação sobre o sentido do homem e do mundo. A partir dessa atividade Sócrates enfrentou problemas, foi julgado e condenado à morte.
Não foi uma ironia, morrer por buscar a verdade do que não se sabia, por pensar filosoficamente nos problemas da República na época em questão! Enfim, Sócrates, que viveu no séc. IV a.C., enfrentou o relativismo moral no qual se degenerou a democracia grega, com um método simples: é preciso conhecer para se poder falar.
Na ótica dos filósofos atuais Guido; Gallo; Koran, só pensa-se porque somos obrigados a pensar. E o que nos força a pensar? O problema. Para Deleuse o problema não é “natural”, é forçado. p. 121
Neste pressuposto, o plano de aulas, objetiva, dialogarem com os problemas do cotidiano dentro do universo do aluno, para que compreendam a ironia na filosofia e sua nuaces, por meio da abordagem problemática, e pensem até que ponto pode ser encarcerado, ou encarcerar alguém? Como observam a música (Diário de Um Detento - Racionais Mc's) “Aqui estou, mais um dia, Sob o olhar sanguinário do vigia, Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de uma HK, Metralhadora alemã ou de Israel, Estraçalha ladrão que nem papel, Na muralha, em pé, mais um cidadão José, Servindo o Estado, um PM bom, Passa fome, metido a Charles Bronson, Ele sabe o que eu desejo, Sabe o que eu penso, O dia tá chuvoso. O clima tá tenso”, alguma vez pararam para refletir no sentido das palavras ou somente curtiram o som, sem observar a ironia contido nos versos, pois os sujeitos privados de liberdade tem direitos a serem respeitados, pelo fato de ao ser confinado a cela de uma prisão, o homem sofre a suspensão do seu direito a liberdade, já que a cadeia impede que se possa mobilizar. Contudo, outros direitos (como a propriedade e a segurança) devem manter-se apesar do condenado se encontrar preso, dessa forma porque o detento teme por sua vida nesses espaços? Não é uma ironia, o estado tem a obrigação de velar pela vida de quem colocam cárcere, porém o sujeito não sente segurança, porque será? 
Para os autores Guido; Gallo; Koran, 2013, com base no conceito problematizante de Deleuze dissertam que a solução do problema nunca é dada, ela depende de como se agenciam a singularidade que compõem. Como multiplicidade, o problema é o resultado destes encontros e agenciamentos que se dão pela vizinhança da singularidade e, por sua vez, produz suas possíveis soluções através destes encontros e vizinhanças. p. 122 
Outrossim, O texto de Deleuze e Guattari, O que é filosofia?, utilizei para compartilhar com os cursistas no Forum, sobre Atendendo à pluralidade apresentada neste contexto, escolhi “O que é Filosofia?” de Gilles Deleuze; Guattari Felix - por considerar suas discussões desafiantes, que fazem o sujeito pensar, até porque, para alem de tudo que os colegas dissertaram sobre o constructo dos autores, Deleuze; Guattari são bem críticos ao mencionarem que os “Universais não explicam nada, eles próprios devem ser explicados”. p. 15 Ainda, trazem Nietzsche, para o debate ao dizer que os filósofos não devem aceitar os conceitos que lhes são dados, para somente limpá-los e fazê-los reluzir, mas é necessário que eles comecem por fabricá-los, criá-los, afirmá-los, persuadindo os homens a utilizá-los”. p 14-15 No entanto, de acordo com os autores, “é necessário substituir a confiança, pela desconfiança, e é dos conceitos que os filósofos devem desconfiar, mais, desde que ele mesmo não os criou”, p. 14, e eles desafiam, criticam,dizendo (Platão sabia isso bem, apesar de ter ensinado o contrário...) p. idem 
Referencia bibliográfica
DELEUZE, G; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Tradução Bento Prado Jr. E Alberto Alonso Munoz - Coleção Trans – Editora! 34
GUIDO, H.; GALLO, S.; KORAN, W. O. Princípios e possibilidades para uma metodologia filosófica do ensino de filosofia: história, temas, problemas.

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