Atividade Estruturada de Introdução de Estudos Teológicos

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Universidade Estácio de Sá 
 
Graduação - Teologia 
 
Introdução aos Estudos Teológicos - CEL 1004 
 
Rafael Mattos Ferretti (201907093133) 
 
Atividade Estruturada 2020 
 
Entre Sagrado e Humano 
 
Rio de Janeiro 
 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
O debate entre o sagrado e o humano, o santo e o profano, o consagrado e o secular, 
sempre foi um dos mais discutidos em toda história. Hoje em dia existe bastante conflitos de 
opiniões sobre o que é sagrado e o que não é. Uns consideram que algo é sagrado, outros acham 
que não tanto. Religiões e denominações da própria igreja surgiram como fruto dessa discussão. 
O que está em jogo nessa questão que tantos se dedicam é a santidade. Para alguns é para 
honrar a santidade de Deus, outros para seus deuses, mas é tudo em volta desse desejo de querer 
agradar o divino. Podemos citar sobre diversos religiões e a busca deles para santidade, mas 
neste trabalho focaremos na fé cristã e como que a Teologia Cristã aborda esse tópico. Como já 
citamos, dentro da própria Igreja existe bastante divisão sobre essa questão, mas vamos tentar 
descobrir a visão total da Bíblia tem a falar a respeito disso. 
Vamos observar em toda história da Bíblia começando no jardim do Éden e acabando nos 
dias atuais da Igreja hoje. Vamos observar como essa questão surgiu dentro do Pentateuco, os 
costumes do povo Israel a respeito disso, como que os Judeus pós-exílicos e também veremos 
como a Igreja de Cristo no primeiro século abordou essa questão. Muito importante observamos 
que bastante coisa muda no início do Cristianismo, podemos ver claramente em Atos e nas cartas 
Paulinas essa mudança drástica do Judaísmo para o Cristianismo para os seguidores de Cristo. A 
Bíblia tem uma história linear bem clara que pode ser dividida por etapas ou como dispensações. 
São eles; Criação, queda, a Lei, redenção e restauração. Em cada uma dessas etapas existe uma 
abordagem diferente sobre o que é sagrado e o que é profano. É de bastante importância que 
todos os cristãos conhecem bem esse assunto numa base teológica porque define tudo na vida 
cotidiano do ser humano. 
 
Desenvolvimento 
Criação 
 
No livro de Gênesis temos a história da criação onde Elohim; Deus Pai, Deus Filho e 
Deus o Espírito Santo chamam a existência do nada todo universo. Deus estabelece ordem no 
mundo, na terra e principalmente na humanidade. Vemos claramente que o propósito de Deus ter 
criado a humanidade foi para que os seres humanos reinaram na terra assim como Ele reina nos 
céus. Este reino seria baseado e dirigido em um relacionamento profundo de Adão e Eva com 
seu Criador e o fruto desse relacionamento daria em uma terra perfeita, sem nenhum defeito. 
Deus criou primeiro Adão e também entregou um trabalho a ele. O trabalho dele seria cultivar a 
terra e guardar todo Jardim do Éden para Deus. Logo após Deus cria Eva para ser auxiliadora 
idônea de Adão e ambos trabalham juntos cuidando de toda criação de Deus. 
Logo no início da história da Bíblia não vemos em nenhum lugar a distinção entre 
sagrado e profano. No Jardim do Éden tudo era sagrado, tudo era pra Deus. Interessante que a 
palavra “sagrado” não aparece nessa história. O que realmente aparece é a palavra “bom”. Tudo 
que Deus criou era bom no início, não tinha nada santo. Tudo que Adão e Eva fazia era sagrado 
podemos dizer, não existia essa separação. 
A palavra para santo na bíblia é ​Kadosh.​ Essa palavra aparece na bíblia 116 vezes. A 
primeira vez que essa palavra aparece na Bíblia é em Êxodo 3:5, na história de Moisés com a 
sarça ardente. Então tudo que Adão fazia podemos dizer que era santo. O trabalho dele dando 
nome para os animais era santo. As conversas que ele tinha com seu Criador na viração do dia 
era santo. O seu relacionamento com sua esposa era santo. Tudo que dizia a respeito da vida de 
Adão era santo porque ele era criado pelo Deus que é santo. O Deus que não se assemelha a nada 
nessa vida porque tudo veio Dele. 
 
Queda do Homem 
 
A queda do homem trouxe grandes problemas para toda vida da humanidade. A árvore do 
conhecimento do bem e do mal era uma oportunidade para o homem tomar conhecimento por si 
e definir o que é bom ou mau. YHWH tinha feito isso em Gênesis 1 dizendo o que era bom ou 
mau. Deus queria dar uma escolha para o homem se ele queria continuar confiando na definição 
do bem e do mal de Deus ou se ele iria confiar na sua própria definição do bem e do mal. 
Infelizmente o homem fez sua escolha e não foi a melhor. 
Com a queda do homem o pecado é introduzido na história da humanidade. Pecado 
trouxe separação entre Deus e o homem. Não era possível o mesmo nível de relacionamento que 
Deus tinha com os homens no Éden e proporcionalmente o homem foi perdendo seu real 
propósito de guardar a terra. Com andar do tempo o homem ao invés de ser o guardador da Terra 
se tornou um usurpador da terra, aproveitando seus recursos para adquirir poder e perdendo 
vagarosamente o seu papel como imagem de Deus na terra. 
Vagarosamente porque YHWH tinha seus episódios com alguns dos homens como Cain, 
Abraão, Noé, etc. A separação não foi completa imediatamente, mas foi em proporção da entrega 
do homem para o pecado. Deus tinha um plano de restaurar os seres humanos de volta para seu 
plano original e de volta para um relacionamento íntimo com ele. O Senhor escolhe e separa 
alguns com o foco em fazer eles veículos do seu plano de redimir os homem das garras do 
pecado. Ele começa escolhendo um homem chamado Abraão, através desse homem Ele escolhe 
sua família Jacó e seus filhos e finalmente Ele escolhe Israel o povo que veio da família de 
Abraão. 
 
Aliança Mosaica 
 
Depois de um tempo o povo de Israel se tornou escravo em Egito e Deus escolhe um 
libertador, chamado Moisés, para trazer seu povo escolhido para liberdade. Ele comissiona 
Moisés no Monte Horebe. Antes de Moisés se a chegar, o Senhor fala com Ele “​Não te 
aproximes até aqui. Tira tuas sandálias dos teus pés, porque o lugar em que estás é ​Kadosh 
Adamah​” é terra santa. 
A condição para Moisés se aproximar era tirar suas sandálias. Era nos costumes do povo 
de Israel, como a de muitos outros povos também, tirar as sandálias antes de entrar na casa de 
alguém. Este ato representar um lugar de humildade, de confiança e de amizade. Sem os calçados 
corremos o risco de pisar em alguma pedra ou algo que possa nos ferir. Deus pede para Moisés 
para confiar Nele e chegar mais perto Dele. 
A outra precausão é não se achegar tão perto. Pois pelo dano que o pecado trouxe para 
identidade humana, o ser humano não podia ficar na presença de Deus e viver. Deus era 
comparado muitas vezes como sol. Ao mesmo tempo que o sol traz luz e vida para tudo na terra, 
ele também é perigoso. Se ficarmos muitos expostos ao sol podemos ficar cegos em questão de 
segundos. 
Essa história é o princípio da divisão entre sagrado e profano. Futuramente quando Israel 
já é liberto do Egito e agora está em rumo de definir sua própria identidade como nação. Deus 
leva seu povo para fazer uma aliança junto com Ele no monte Sinai. É no monte Sinai que os 10 
mandamentos são entregues para o povo como mandamento de separação e diferenciação de 
todos os povos do mundo. Através da obediência da Lei o povo de Israel iria representar 
verdadeiramente a sabedoria de Deus e iria convidar todos os povos da terra para fazer parte do 
povo da Aliança de Deus. Após o cumprimento da Aliança no caminho do deserto as outras 613 
leis são entregues para o povo também. Essas leis abordam sobre que tipo de comida eles devem 
comer, como que seria o sistema de adoração deles para Deus e diversos ritos de purificação. 
As leis mais específicas nesse assunto entre sagrado e profano são as leis voltadas para os 
sacerdotes e os levitas. Na aliança Mosaica foi estabelecido a ordem dos sacerdotes e o 
Tabernáculo, local de seu exercício. Ossacerdotes serían aqueles que iriam representa Deus para 
o povo e também representarão o povo para Deus. Então o sacerdotes teriam que viver um estilo 
de vida muito diferente de todos os outros povos para servir de exemplo para o próprio povo. 
Eles viviam um padrão de moralidade e de separação muito mais elevado que homens dos outros 
tribos. Podemos ver diversas vezes no livro de Levítico, 3º livro do Pentateuco que é conhecido 
como o livro da Lei de Israel, em inúmeras versículos que os sacerdotes seriam “santos para 
Deus”. Nesse livro mostra como que eles tinham que obedecer uma grande quantidade de rituais 
para se manter consagrados e hábitos no serviço deles para Deus. 
Com o estabelecimento do sacerdotes encontramos um culto a Deus limitado a um certo 
grupo de pessoas. Enquanto o resto do povo as suas responsabilidades era para suprir esses 
sacerdotes financeiramente com seus dízimos e primícias. Os sacerdotes tinha um ministério 
integral a Deus, eles não tinha outro trabalho além de servir a Deus no tabernáculo e futuramente 
no templo. Eles eram responsáveis a oferecer sacrifícios a Deus, a se purificar pelo povo e 
conquistar a benção para nação de Israel. 
Os outros 11 tribos de Israel tinha seu dever de cumprir todas as leis e os mandamentos 
estabelecidos para eles também. Óbvio que não no mesmo nível dos sacerdotes e dos levitas. 
Eles tinham a crença que o falhar de cumprir as leis de Moisés tragaria a maldição para o povo e 
que o sucesso de guardar as leis iria garantir a benção de Deus sobre Israel. Cada homem, mulher 
e criança eram ensinados a ter temor a Deus. Não necessariamente o medo do Deus que escolheu 
eles como povo santo, mas sim uma reverência a Ele como Criador e Rei de todo universo. Eles 
sabiam que o pecado, o descumprir da Lei, traz maldição em níveis pessoais e em níveis sociais 
também. 
Isto tudo foi devido ao pecado. Era necessário para o homem com bastante esforço tentar 
reconquistar a posição original deles com Deus. Sendo que o tempo mostrou claramente que esse 
esforço seria em vão, pois existia algo de errado na essência do homem. Independente de quanto 
que ele tentasse, os homens jamais conseguirão manter a vida dele consagrado para Deus. Era 
questão de tempo. O coração do homem era inclinado para o profano. Todos grandes homens do 
velho testamento tiverem seus momentos de fracasso que era culpa do pecado. Era necessário 
que Deus transformasse o coração do homem. 
 
Cristo e a Redenção 
 
O povo de Israel tinha a promessa através de vários profetas da vinda do Messias, 
Mashiach ​em hebraico que significa “o ungido”. Os antigos reis de Israel nas suas inaugurações 
participavam de uma cerimônia onde o rei é ungido com óleo de azeite contido dentro de um 
shofar (Os sacerdotes e os profetas também participavam de uma cerimônia parecida no começo 
dos seus mistérios também). O shofar era um instrumento, parecido com uma trombeta, usado 
para declarar guerra contra uma nação inimiga e como um chamado para o povo de Israel 
triunfar sobre seus opositores. O azeite tinha diversas funções na cultura Israelita e Judaica. 
Azeite fazia parte da dieta do povo de Israel. Eles também aplicava sobre o rosto deles como 
item cosmética e era de costume deles aplicar azeite como medicina para feridas. 
Com tudo isso temos a imagem de que o Messias, o ungido, seria um guerreiro que 
derrotaria todos os inimigos de Israel e levará o povo a ter uma prosperidade abundante. O 
Messias seria essa figura de alegre festa onde o povo teria comida a sobra, cheio de beleza e 
saúde. Praticamente como aquele que resolveria todos os problemas do povo. 
Jesus quando entra em cena ele tem essa imagem que o povo tinha do Messias bem clara 
em sua mente. Pois ele vinha para resolver o maior problema de seu povo que não era os 
romanos, nem a fome e nem a injustiça. Jesus vinha para salvar seu povo do pecado. Ele viveu e 
morreu para cumprir essa missão. 
Jesus veio para dar um novo coração para os perdidos. O que é interessante que Jesus 
quebra todas as barreiras de sagrado e profano na época dele. Os Judeus tinha um conceito muito 
forte sobre profano e sagrado. Diversos práticas que eram considerados impuros para eles e que 
traz contaminação para o homem, Jesus fazia algumas dessas coisas de propósito. Esses atos 
ousados de Jesus confundia bastante todos as crenças que os líderes da época tinham. 
Um grande exemplo disso é o contato de Jesus com os leprosos. Na lei Mosaica, se 
alguém tocasse em um leproso ele era considerado impuro e tinha que fazer um ritual para 
conseguir de volta a pureza dele. Sendo que quando Jesus tocasse nos leprosos ele não era 
contaminado com a impureza deles, mas os leprosos era purificados com a sua santidade. Os 
líderes religiosos eram chocados com essas atitudes de Jesus. 
O que é interessante é que Jesus veio para trazer a era da graça. Ele veio para fazer a 
transição da Lei para Graça. De mandamentos para princípios. De atos para intenção de coração. 
Jesus ensinava que não eram atos que contaminam as pessoas, mas na verdade é a intenção do 
coração que trazia impureza para as pessoas. Ele ensinava que bastasse o homem olhar 
lascivamente para um mulher que era considerado como adultério para Deus. O estilo de vida de 
Jesus era de padrão para pessoas viveram como o templo de Deus na terra. 
A cruz de Cristo marca o fim dessa era a Lei e o início da Graça. Na aliança Mosaica as 
pessoas eram perdoado dos seus pecados através do sangue de animais sacrificados. Cristo 
derramou seu sangue como um cordeiro imolado e agora seu sangue puro, santo e perfeito corre 
nas veias de todos aqueles que colocam sua confiança Nele e reconhece Ele como Senhor e 
Salvador. Agora os homens não são mais pecadores que lutam para conquistar a santidade, mas 
em Cristo eles são santos que lutam para preservar sua santidade para Deus. Santos que juntos 
forma a Igreja de Cristo. 
 
 
Os Apóstolos e a Igreja 
 
O​ evangelho de Cristo trouxe bastante transformação para pessoas que escolheram seguir 
seus caminhos. Aqueles que colocam sua confiança em Cristo são inseridos em sua Igreja, 
Ekklesia ​em grego que significa “aqueles que são chamados para fora. Agora os cristãos são 
chamados para ir santificar as pessoas e restaurar eles de volta para propósito original deles, 
assim como Cristo fez. 
O apóstolo Paulo explica para Igreja do primeiro século que em Cristo nós nos tornamos 
o templo de Deus na terra. Através do sacrifício de Jesus na cruz nasceu a Igreja. A Igreja é que 
seria o novo templo de Deus na terra, onde as pessoas teriam acesso de volta para presença de 
Deus e para o propósito original deles. A Igreja é os seguidores de Cristo, juntos formariam o 
templo de Deus na terra. O templo era o lugar mais sagrado em toda história do povo de Israel. 
Como em Jesus as pessoas se tornam esse templo, tudo que acontece dentro do templo era 
sagrado. 
Por isso que Paulo fala 1 Coríntios 10:31 “​Portanto, quer comais, quer bebais ou façais 
qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. Antes na aliança Mosaica eram um número 
restrito de coisas que glorificam a Deus, mas agora na Nova Aliança até o alimento que você 
come pode glorificar a Deus. Basta agora que você ter a intenção, seguindo claramente o caráter 
de Deus revelada na sua palavra, que você traz glória para o nome Dele. 
 
Conclusão 
 
O plano de Deus de restaurar o homem de volta para seu propósito original se cumpriu. 
As evidências disso é justamente essa quebra da barreira entre sagrado e profano em Cristo. 
Quando o cristão nasce de novo e permite que a vida dele seja guiado na direção do Espírito 
Santo que ele volta a representar a Deus como deveria fazer desde do início. Agora em Cristo o 
homem é recolocado em sua posição de profundo relacionamento com Deus e agora o Senhor 
guia ele para que tudo que ele for fazer seja voltado para cultivar e aperfeiçoara terra. Agora o 
trabalho do homem, seus relacionamentos, seu serviço a Deus, tudo que diz respeito a sua vida 
pode glorificar a Deus. Tudo que eles fazem em Cristo é separado para Deus. 
Graças ao grande sacrifício, cheio de paixão e misericórdia, de Cristo os nossos corações 
podem ser restaurados para Deus. Em Cristo a divisão entre o profano e sagrado não existe mais 
e as nossas inclinações para profano cesa dentro de nós. Todas nossas escolhas podem glorificar 
a Deus. 
Não podemos cair no engano de achar até nossas más escolhas podem glorificar a Deus. 
Nossa vida deve ser dirigido pelo caráter de Deus revelado nas escrituras e pela direção do 
Espírito Santo de nós. Somente assim que toda nossa vida pode glorificar a Deus. 
Na fé cristã não existe especificamente um ato sagrado ou um rito que nos faz ser mais 
santos, mas existe nossa intenção de coração de buscar a Deus e encontrar nossa purificação 
Nele. Não vamos encontrar simplesmente um “fazer por fazer” no cristianismo, isso na verdade é 
denominado como hipocrisia pelo próprio Cristo. O que realmente é considerado de real valor 
não é especificamente o que fazemos, mas sim de termos um coração sincero diante de Deus e 
diante dos homens. Vivendo assim dia após dia, vamos conseguir ter uma vida santa e vamos 
conseguir agradar a Deus da forma que Ele merece. 
 
 
Referencias Bibliográficas 
 
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