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O Velho Testamento

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TEOLoGIA 
 
 
 
 
 
 
BAcHAREL EM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Velho 
Testamento 
 
 
 
 
CONCEITO GERAL 
 
 
O Pentateuco, (nome que vem do grego e significa “cinco rolos”) também chamado de 
Livro da Lei pelos judeus, ou às vezes referido como a Lei de Moisés, este é a famosa TORAH 
judaica. 
Existem dois elementos que compõe este conjunto de cinco livros: 
(1) História – embora não seja um compêndio de história, o Pentateuco remonta à origem 
da raça humana e fala das regiões pelas quais ela se espalhou. 
(2) Lei – Este ponto é de tal modo proeminente no Pentateuco que recebeu o apelido de 
Livro da Lei (ou Torah). O 3º livro - Levítico – é inteiramente composto de leis 
(especialmente leis litúrgicas), os outros tem leis, discursos e história misturadas. O 
Gênesis é o livro que narra os tempos primitivos de Adão a Noé, e de Noé a Abraão. 
As leis no Pentateuco dizem respeito a todas as relações da vida humana, seja com 
Deus, ou seja, com o próximo. Impressionante é que toda a legislação do Antigo Testamento 
está contida nestes cinco livros. 
Um fato maravilhoso, e isto é um dos pontos que torna a Bíblia especial, é que os dois 
elementos (história e lei) estão expostos como duas linhas de pensamento fantasticamente 
combinados, formando um rio único de informações através do Pentateuco demonstrando 
um plano e uma unidade admiráveis. A história sem as leis não é compreensível, nem as leis 
são inteligíveis à parte da história, assim se tornam um conjunto único e de uma continuidade 
singular. 
Podemos classificar os temas de cada um dos cinco livros da seguinte forma: 
Gênesis – A fundação da nação hebraica; 
Êxodo – O Concerto com a nação hebraica; 
Levítico – As leis da nação hebraica; 
Números – A viagem para a Terra Prometida; 
Deuteronômio – As leis da nação hebraica. 
É importante notarmos que o Pentateuco tem aproximadamente 4000 anos de 
existência. Foi escrito durante o período da peregrinação do povo de Deus no deserto do Sinai 
(ca 1500 anos aC) e é o legado da formação da raça humana e de um povo de forma 
extraordinária. São as raízes do povo hebreu, sua identidade, sua história, seu papel entre as 
nações da terra e seu futuro. 
A importância primária do Pentateuco é muito mais teológica e não tanto histórica; a 
história é o pano de fundo das ações de Deus no fazer surgir uma nação especial. 
É nesta história inicial que Deus se revela e ensina o que significa ser Israel e servir ao 
Senhor como Israel. O tema central do Pentateuco está em Ex 19:4-6 
“Vós tendes visto o que fiz: aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos 
trouxe a mim. Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu pacto, 
então sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra; 
e vós sereis para mim reino sacerdotal e nação santa. São estas as palavras que falarás aos 
filhos de Israel.” 
Este texto central olha para o passado e para o futuro – é escatológico em sua essência, 
transpira glória e esperança. Conta a história a partir de Abrão, chamado de dentro do 
paganismo sumeriano para fundar uma nação que seria uma bênção a todas as nações. 
A humanidade, que Deus havia criado em Sua imagem e semelhança para governar 
sobre toda a criação havia violado a sagrada confiança e mergulhou todo o universo em uma 
ruína caótica de rebelião moral e espiritual, com trágicas conseqüências no mundo material. 
Daí a importância significativa de Israel – a de anunciar este Deus ao mundo e de ser 
um povo sacerdotal a todas as nações, ensinando, pela via prática, o que é seguir a este Deus 
supremo e soberano do universo. 
Assim Deus proveu o povo de Israel com uma base histórica e teológica para a sua 
posição como povo peculiar – isto é o que quer dizer “minha possessão peculiar”. 
A palavra Torah quer dizer “ensino, instrução”. Daví, o segundo rei da nação hebréia, 
e o rei segundo o coração de Deus, expressa esta visão através de um louvor que se constitui 
no maior poema composto – o Salmo 119. Todo este salmo gira em torno da maravilha que é 
a Lei de Deus, o privilégio de se seguir a Lei de Deus, os seus benefícios e sua sabedoria. 
No Salmo 19.7-8, Daví já nos fornece com uma visão prévia desta sua compreensão 
da Lei, quando diz: 
A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá 
sabedoria aos simples. 
Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é 
puro, e alumia os olhos. 
A importância fundamental e relevância do Pentateuco para nós hoje está em sua 
teologia, e não na sua forma literária ou outros aspectos. Perguntas como: 
a) Que verdade Deus está nos comunicando a respeito dele mesmo? 
b) O que Deus está revelando a respeito de Seus propósitos? 
c) O que significava esta revelação para o Israel do AT e para a igreja do NT? 
d) Qual o significado para o cristão contemporâneo? E sua igreja? 
O grande tema do Pentateuco é a reconciliação e restauração da humanidade e criação 
que foram afetadas pela desobediência humana. 
As instituições do Concerto do Sinai, as leis, os rituais litúrgicos, etc, capacitaram a 
nação a viver sua tarefa de serva como povo santo, e através desta santidade atrair a 
humanidade perdida ao único Deus vivo e verdadeiro. É apenas neste fundamento teológico-
histórico que podemos entender a missão do povo santo de Deus em Cristo – a igreja, Corpo 
de Cristo - nos dias atuais. Disto se deriva o entendimento de que somos um povo sacerdotal. 
 
Sl 103.17-18 
“Mas é de eternidade a eternidade a benignidade do Senhor sobre aqueles que o 
temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos, sobre aqueles que guardam o seu pacto, e 
sobre os que se lembram dos seus preceitos para os cumprirem.” 
 
GÊNESIS – UM PANORAMA 
 
Introdução 
Gênesis é palavra de origem grega, singular, feminina, que significa causa, princípio, produção, 
geração, criação, nascimento, origem e ação de tornar-se, em oposição a ser. Conjunto dos 
seres criados - a Criação. 
 
Gênesis é o nome do primeiro livro do Pentateuco, o conjunto dos livros que iniciam as 
Escrituras Sagradas. Moisés teria organizado o Pentateuco, em sua essência, por volta do séc. 
XIV a.C. mas, seu texto foi, gradualmente, completado, por redatores, posteriores a ele, que 
o suplementaram. 
 
O livro de Gênesis é também citado no Novo Testamento, Atos 15, e sua temática aparece em 
outros documentos antigos, como o Documento de Mari, um dos mais antigos documentos 
existentes sobre as migrações semitas, em direção à Sumer, na Mesopotâmia. Mari, 
atualmente, é denominada tell Hariri. No documento citado há referências a Abraão e Jacó. 
No entanto as condições apresentadas, leva-nos a deduzir que a presença dos semitas, na 
região, era ainda pouco desenvolvida, no séc. XXVIII a. C., porque as inscrições, em língua 
suméria, assim como a estatuária, demonstram que a influência dos semitas, na Mesopotâmia 
é bem mais recente (para a questão consultar: P. Jouguet e J.Vandier in Les Premières 
Civilizations, Col. Peuples et Civilizations, Paris, 1950, p.115). 
 
Ao tempo do rei Saul, sagrado em 1080, a.C., como o primeiro rei de Israel, atualizou-se a 
redação do Pentateuco. 
 
O Pentateuco estabelece relações entre a história, a lei e a doutrina. Através da história é 
explicada a origem do povo de Deus; e através da lei, Israel seria a nação, através da qual, 
Deus redimiria o homem. O Gênesis descreve a origem desta nação, ao mesmo tempo em que 
a lei será estabelecida, posteriormente, através do texto do Decálogo, no livro do Êxodo, 
capítulo 20. 
 
O texto em Gênesis pode ser dividido em duas partes: 
 
a) Dos capítulos 1-11, em que são descritas: as origens do mundo e da espécie humana, a 
queda do homem e o primeiro homicídio. 
b) Dos capítulos 12-50, em que é descrita a sucessão das gerações de Adão a Noé, e as de seus 
filhos, Sem, Cam, Jafté. Sem, seria seu filho mais velho,cujos descendentes, povoaram a Ásia: 
Elam, Assur, Arfaxad, Lud e Aram, fundadores de povos importantes, no povoamento da Ásia, 
como os elamitas, os assírios e os arameus. Abraão foi descendente de Arfaxad. 
 
No Gênesis é relatado o maior espaço de tempo histórico da Bíblia. Seus onze primeiros 
capítulos são uma introdução maravilhosa às Escrituras, pois n'Elas descrevem-se, não 
somente a Criação do mundo, da natureza e dos os seres vivos, animais e vegetais, como a 
do homem, também parte desta Natureza, mas a quem fôra atribuída uma parcela da 
Divindade, através de sua alma imortal. 
Além de tudo isto ainda são apresentadas aí, as principais doutrinas teológicas: 
 
a) Dos capítulos 1-11, descreve-se: a origem do mundo, da espécie humana, a queda do 
homem, e o primeiro homicídio. 
 
b) Dos capítulos 12-50, descrevem-se: a sucessão das gerações de Adão a Noé - de Sem , aos 
descendentes de Abraão, Isaac e Jacó - até a morte de José, portanto a história daqueles que 
aceitaram o Deus Único, àqueles, através dos quais, Deus mostrou-se ao homem. 
 
As Escrituras foram redigidas para todos os homens, em todos os tempos. Desta forma tornou-
se necessária uma linguagem que não se restringisse apenas a esta ou aquela cultura ou 
idioma, mas que fosse acessível a todas as línguas e culturas, em todo tempo. 
 
O “discurso bíblico” é - tanto no Velho Testamento, como no Novo Testamento - desenvolvido 
através de uma linguagem simbólica, em que, o sentido do que se quer dizer, ultrapassa o da 
expressão literal das palavras empregadas. Por isso é que, às vezes, algumas passagens 
parecem ao leitor, um tanto difíceis, mesmo um tanto obscuras. Importante é que se 
compreendam os significados variados, de conceitos gerais, tais como: morte, vida, corpo, e 
outros, que são especialmente encontrados no livro de Gênesis. 
 
É interessante ainda notar-se que o tempo, desde a criação é contado por unidades de sete 
dias, as semanas, correspondentes às fases do calendário lunar, tipo de cronologia, 
geralmente ligado aos povos pastoris. 
 
Quanto ao “Espaço Primordial” terrestre, não se restringe somente ao espaço Palestino. O 
Éden, criado por Deus para o homem, achava-se em parte, em região que na Antigüidade 
chamava-se Mesopotâmia, que significa “Região entre rios” no caso, a região hoje chamada 
Iraque, situada entre os rios Pison, Gion, Êufrates e Tigris, Gênesis 2.11-14. 
 
Inicialmente as condições em que vivia o homem, ligavam-no à Natureza, materialmente. Mas, 
no entanto, fôra o "sopro divino" que o tornara “alma vivente, à imagem e semelhança” de 
Deus, Gênesis 1.26, 5.1, 9.6, 11.7 e Tiago 3.9. 
Uma vez que os seres humanos foram criados à semelhança de Deus, como não o fôra criatura 
alguma, homens e mulheres podem, não só refletirem como reproduzirem - dentro de sua 
própria condição de criaturas humanas - os santos caminhos de Deus. 
 
Fomos criados dentro deste propósito e, num determinado sentido, seremos verdadeiros 
“seres humanos”, na medida em que o cumprirmos. 
Por imagem e semelhança, compreende-se: 
 
- A existência do homem como uma “alma” ou um “espírito”, isto é, como um ser pessoal, 
auto-consciente, com capacidade para pensar, conhecer e agir Gênesis 2.7. 
- Ser criatura moralmente correta - qualidade perdida na queda - mas progressivamente 
restaurada por Cristo. 
- Ter o domínio sobre o meio ambiente. 
- O corpo humano é o instrumento, através do qual, o homem experimenta a realidade, 
expressa-se e exerce o domínio. 
- Ter a capacidade, dada por Deus, de usufruir a vida eterna Efésios 4.24 e Colossenses 3.1- 
17. 
 
A condição humana original foi transformada por incapacidade do homem em controlar a 
tentação da vaidade, e desobedecer a Deus, o que provocou sua “morte”. A “morte de Adão” 
não foi física, mas significa que o homem perdera sua comunhão com Deus, não por ter 
ingerido o fruto que lhe fôra proibido, em si, mas pela desobediência explícita a Deus, Gênesis 
2.17-23. 
 
Conclui-se que, neste contexto, “morte” corresponde ao afastamento de Deus, e à perda da 
imortalidade, que só seria restabelecida, através da vinda de Cristo. 
 
Conseqüências: 
1. A consciência do erro, que se manifestou pela vergonha de sua nudez. 
2. A expulsão do Paraíso, o espaço em que fôra criado por Deus, para o abrigar. 
3. A mulher passou a ser dominada pelo homem, Gênesis 3.1-17, e a parir com dor. Há aí, 
quanto à mulher, uma relação entre sexo, gestação, dor e dominação pelo homem. 
 
4. Quanto ao homem a imposição de garantir o sustento a si e aos seus à custa de esforço 
físico, por seu trabalho. 
 
5. Quanto à expulsão, teve por objetivo afastá-los da árvore da vida e impedi-lo que 
conseguissem a vida eterna, Gênesis 3.23-24. Conclui-se, que neste contexto, mais uma vez, 
que “morte” corresponde a afastamento de Deus e perda da imortalidade, o que só seria 
restabelecida, através da vinda de Cristo. 
 
“Vagabundo e fugitivo” - Esta foi a sentença proferida por Deus contra Adão, o que significa 
que, sem abrigo ou proteção, foram levados ao nomadismo Gênesis 4.14. 
 
O livro do Gênesis é o livro inicial não só da Bíblia como também de toda a história da 
existência. Gênesis quer dizer começo, origem. Inicia-se com o primeiro ato da criação. 
 
O título é por demais adequado ao conteúdo do livro, pois tem a ver com a origem 
divina de todas as coisas, seja matéria ou energia, vivo ou inanimado. Implica em que à parte 
de Deus tudo pode ser rastreado até o ponto inicial quando os propósitos e obra de Deus 
vieram a existir. O Gênesis indica que Deus trouxe à existência “os céus e a terra”. 
 
O sumário da conclusão do Gênesis (46.8-27) se encontra no Êxodo 1:1-7, e serve como 
ponte entre os patriarcas e a libertação do êxodo, ressaltando a continuidade da história do 
Pentateuco. 
 
O Tema do livro de Gênesis – a criação - é duplo porém numa mesma direção: 
 
a) A criação do universo e da raça humana; 
b) A criação de um povo sacerdotal para a raça humana. 
 
- é como se fossem dois trilhos de uma linha de trem, que começam na criação e 
terminam na libertação (salvação). 
 
Entretanto, falar-se de começo apenas não é totalmente satisfatório porque não 
responde a uma pergunta histórica e teológica fundamental – por que? Saber o que Deus fez 
– que criou todas as coisas no começo – é importante, mas saber por que Deus atuou na 
criação e para a redenção é compreender a verdadeira essência da revelação divina. 
 
O tema do Gênesis centra-se em torno da primeira expressão comunicadora de Deus 
ao homem, quando disse: “Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai 
sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre 
a terra”. 
 
Deus deixa claro que Ele criou o homem e a mulher para abençoá-los para que 
pudessem exercer o domínio, por parte de Deus, sobre toda a criação. Foi a desobediência 
humana que ameaçou o propósito de Deus para a humanidade na criação. A isto Deus 
responde chamando Abraão, através do qual a bênção de Deus iria finalmente triunfar. Esta 
visão deriva não apenas do Gênesis em si, mas de uma visão total da teologia bíblica – algo de 
fundamental importância para uma verdadeira e saudável compreensão da revelação de 
Deus. 
 
O livro é estruturado sob forma de três grandes seções: 
 
1. a primeira dedicada aos eventos originais (Gn 1-11) escrita na forma de narrativa poética 
para facilitar a transmissão oral; 
2. a segunda que se constitui no relato dos 3 primeiros patriarcas (Gn 12-36; 38) são 
relatórios acerca destes ancestrais retidos num registro familiar; 
3. a terceira que é a narrativa de José (Gn 37; 39-50) sendo uma breve história contendo 
tensões e resoluções. 
 
É de fundamental importância entendermos que o livro do Gênesis apresenta uma 
história, na forma de narrativa que abraça uma variedade de tipos literários, para comunicar 
clara e eficazmente sua mensagem teológica, que essencialmente está declarada em Gn 12.2. 
 
O propósitobásico do livro era o de dar à nação de Israel uma explanação de sua 
existência, quando estavam no limiar da conquista de Canaã. Moisés, autor profético inspirado 
por Deus, tinha a tarefa de esclarecer o seu povo do como e por que Deus os trouxe a 
existência. Ele também queria que eles soubessem que sua missão era a de nação 
sacerdotal, fruto de um concerto, e como sua situação presente era o cumprimento de 
antigas promessas. 
 
Cuidadosa atenção dada aos temas que ligam o Gênesis aos demais livros do 
Pentateuco, esclarecem estes propósitos. Deus revelou a Abraão que lhe seria garantida uma 
terra – Canaã !2.1,5,7; 13.15); que seus descendentes deixariam aquela terra por um tempo 
(15.13); que eles seriam libertados da terra de seus opressores e retornariam à terra da 
promessa (15.16). Esta terra seria deles por todo o sempre (17.8) como sendo um centro a 
partir da qual eles seriam uma bênção a todas as nações da terra (12.2-3; 27.29). 
 
José entendeu isto e viu na sua própria viagem ao Egito a preservação divina do seu 
povo (45.7-8). Deus o havia enviado para lá para salvar o povo da extinção espiritual e física 
(50.20). Viria o tempo no qual Deus iria lembrar Sua promessa a Abraão, Isaque e Jacó, e os 
traria de retorno a Canaã (50.24). Aquí o povo serviria a Deus como agente redentivo, um 
catalisador em torno do qual as nações seriam reconciliadas com Deus (Dt 4.5-8; 28.10). 
 
Entretanto, a mensagem teológica do Gênesis vai além da estreita limitação de apenas 
Israel. O livro, além de fornecer a razão de ser de Israel, explica a condição humana que exigia 
um povo da aliança. Isto é, desvenda os grandes propósitos criacionais e redentivos de Deus 
que se focalizam em Israel como agente da re-criação (conceito da nova criatura) e salvação. 
 
Lembremos que o propósito eterno e original de Deus, delineados em Gn 1.26-28, foi 
ao criar o homem à Sua imagem e semelhança, abençoá-los de tal forma que pudessem 
exercer o domínio sobre toda a criação por parte de Deus – o domínio humano sobre a criação 
de Deus com a sanção divina. A queda da raça humana subverteu o objetivo de bênção e 
domínio de Deus. 
O processo de redenção e recuperação da aliança original se fazia necessário. Isto 
tomou forma na escolha de Abraão, através de cujo filho (Israel e em última análise o Messias) 
os propósitos criacionais divinos viessem a se realizar. Aquele homem e nação, unidos pela 
eterna aliança a Jeová, foram encarregados com a tarefa de serví-lO como modelo de um povo 
de domínio e o veículo através do qual um relacionamento salvífico pudesse ser estabelecido 
entre Deus e o mundo alienado das nações. 
 
A história mostra que Israel falhou em ser o povo servo, um fracasso antecipado na 
Torah (Lv 26.14-39; Dt 28.15-68). A grande lição teológica vivencial, no entanto, é que os 
propósitos de Deus não podem ser para sempre frustrados. O povo de Deus do AT serviu como 
modelo do Reino do Senhor e agência através da qual Sua obra reconciliadora na terra poderia 
ser alcançada através do Seu povo do NT. A igreja existe agora como Seu corpo para servir 
como Israel foi escolhida e redimida para servir. 
 
A teologia do Gênesis está envolta nos propósitos do Reino de Deus que, a despeito 
dos fracassos humanos, não pode ser impedido no Seu objetivo último de demonstrar Sua 
glória através de Sua criação e domínio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ÊXODO - UMA VISÃO GERAL 
Êxodo quer dizer “saída, caminho de saída, escape”. Moisés foi testemunha ocular 
de quase tudo o que está registrado neste livro, exceção às primeiras informações, 
que recebeu da mesma forma que as registradas no Gênesis. Foi composto como 
sendo um diário, tendo sido registrado à medida em que os vários episódios se 
desenrolaram ao longo do tempo. 
É muito difícil decidir-se sobre um tema único que unifique todo o material variado 
deste livro. 
Segue-se disto que várias abordagens ao livro, seu conteúdo e estrutura são 
possíveis. Umas são mais geográficas, outras mais históricas e outras ainda, mais 
teológicas. 
 
 
Uma primeira abordagem centra na parada no Sinai onde o povo redimido encontra-
se com Deus e concorda em associar-se a uma aliança com Ele como centro teológico. 
A perseguição de Israel no Egito; o nascimento de Moisés, seu exílio e retorno ao 
Egito como líder de Israel; as pragas e a poderosa saída – o próprio êxodo – todos 
levam ao clímax do compromisso da aliança. Da mesma forma, tudo o que vem após 
– o estabelecimento de métodos de culto, sacerdócio e tabernáculo – fluem do 
concerto e permitem o mesmo ser posto em prática. 
 
 
Uma segunda abordagem olha a presença de Deus com Israel e em meio a Israel como 
tema central. A presença salvadora de Deus com Israel resulta na sua libertação da 
escravatura egípcia. A presença continuada de Deus exige obediência ao 
compromisso da aliança e de culto. 
 
 
Uma terceira abordagem focaliza o senhorio de Deus como tema teológico central. 
No Êxodo Deus é revelado como sendo Senhor da história(1.1-7.7), Senhor da 
natureza (7.8-18.27); Senhor do povo da aliança (19.1-24.14), e Senhor do culto (25.1-
40.38). 
 
 
Uma abordagem, das mais interessantes, que focaliza um tema teológico central, é a 
que divide o livro em duas partes, uma enfocando o nascimento físico (1.1-15.27) e 
outra o nascimento espiritual (16.1-40.38) da nação de Israel. Esta permite ver o 
paralelo com a grande verdade universal: o nascimento da raça humana fisicamente 
e o “novo” nascimento espiritual, o que também se aplica a cada ser humano 
individualmente. 
 
 
Apesar de muitas vezes focalizar-se os 10 mandamentos como sendo o foco central 
do Êxodo, esta abordagem leva a grandes falhas de entendimento teológico da ação 
de Deus. Uma percepção teológica importante que se ganha no re-conhecimento de 
que os caps. 20-23 são um concerto na sua natureza e não apenas uma lei, não 
dependendo de comparações com outras leis antigas da época. O livro do Êxodo não 
é um tratado legal abstrato e frio. É muito mais; é lei nascida de uma situação 
concreta do compromisso com a aliança de Jeová com a nação de Israel, que Ele 
mesmo libertou da escravatura egípcia. 
 
 
Assim, este livro é a história de dois parceiros de um tratado – Deus e Israel. O Êxodo 
relata a narrativa de como Israel se tornou o povo de Deus e esclarece os termos do 
concerto pelos quais a nação deveria viver como povo de Deus. 
O Êxodo revela o caráter do Deus santo, fiel, poderoso e salvador que estabelece uma 
aliança com Israel. O caráter de Deus é demonstrado tanto pelo nome de Deus 
quanto pelos atos de Deus. Deus se designa primeiramente como o “Eu sou”, que 
está presente para o Seu povo e atua em seu favor. Outro aspecto do nome de Deus 
é a designação de “Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”, que ilustra Deus como 
Aquele que é fiel às Suas promessas aos patriarcas. 
 
 
Este livro também revela o caráter de Deus através de Seus atos, preservando a Israel 
da fome pelo envio de José ao Egito. Os faraós vinham e iam, mas Deus continuava o 
mesmo preservando o Seu povo através da opressão. Deus então resgata e salva, guia 
e provê, disciplina e perdoa. Uma grande revelação do caráter amoroso e imutável 
de Deus. 
O êxodo também demonstra o caráter fraco do povo, ao tempo em que demonstra o 
plano de Deus olhando para o passado e apontando para um futuro de promessas 
cumpridas. 
 
 
Um ponto alto teológico se encontra no cap. 19.4-6, que delineia a verdadeira 
natureza de Israel e seu papel no plano universal de Deus: 
 
 
“Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e 
vos trouxe a mim; agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes 
o meu concerto, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, 
porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e um povo santo. 
Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.” 
 
 
Emresposta o povo aceitou os termos da aliança com a expressão de 19.8: 
“Então todo o povo respondeu a uma voz, e disseram: Tudo o que o Senhor tem 
falado, faremos. E relatou Moisés ao Senhor as palavras do povo.” 
 
 
Para que o povo de Israel fosse um reino sacerdotal teria que funcionar como 
mediadores e intercessores, pois isto é o coração da função sacerdotal. O que o 
concerto do Sinai fez, não foi estabelecer um relacionamento e função, pois estes há 
muito já haviam sido definidos. O que a aliança do Sinai realizou foi definir a tarefa do 
povo de Deus. 
 
 
O povo de Deus foi formado para ser uma nação, levada a uma posição histórica 
e teológica onde poderiam aceitar voluntariamente (ou rejeitar) a responsabilidade 
de se tornarem instrumento de Deus para bênção de todas as nações (vide Sl 114.1-
2). 
 
 
Em conclusão, a teologia de Êxodo está enraizada na servitude. Está centralizada na 
verdade de que o povo escolhido, libertado da prisão de um povo hostil pelo poder 
de Jeová, foi trazido a um ponto de decisão. O que fariam com a oferta de Deus de 
torná-los um povo servo há muito prometido a Abraão? A sua aceitação voluntária a 
esta oferta generosa os obrigaria às condições, condições estas declaradas no Livro 
do Concerto (Ex 20.1-23.33) e no remanescente do mesmo. 
 
LEVÍTICOS - HOLOCAUSTOS, OFERTAS E SACRIFÍCIOS 
 
O livro de Levítico é o livro da instituição sacerdotal e litúrgica. Apesar de ser chamado 
de Levítico – apontando para os levitas (tribo sacerdotal) não são eles a figura central 
do livro mas sim o povo de Israel e Deus. O nome do livro indica apenas que é um 
manual para o ofício de levita. 
 
 
O último versículo do livro situa o livro no seu contexto escriturístico (Lv 27.34): 
“Estes são os mandamentos (obrigações da aliança) que o Senhor (o Deus da Aliança) 
ordenou a Moisés (o mediador da aliança), para os filhos de Israel (o povo da 
aliança), no monte Sinai (o lugar da aliança).” 
 
 
O tema geral do livro de Levítico é o de comunicar a tremenda santidade do Deus de 
Israel e delinear os meios pelos quais o povo poderia Ter acesso a Ele. Mostra que o 
abismo que separa o povo de seu Deus só poderia ser cruzado pela confissão de sua 
indignidade e de sua sincera adesão aos ritos e cerimoniais prescritos por Deus como 
pré-condição do relacionamento pessoal. 
 
 
O valor intrínseco do livro de Levítico consiste em 4 realidades: 
 
 
a) Levítico é uma revelação do caráter divino a nós hoje tanto como naquele tempo. 
b) É uma exposição simbólica dos princípios básicos que são base para o 
relacionamento entre Deus e os homens, tão verdadeiro no passado como hoje. 
c) Levítico fornece um corpo de uma Lei Cível para a teocracia; apesar de alguns 
detalhes estarem ociosos nos dias atuais, os seus princípios permanecem válidos e 
deveriam nortear as legislações de hoje. 
 
d) O livro é um tesouro de ensinos tipificados e simbólicos. As maiores verdades 
espirituais estão entesouradas aqui como símbolos vívidos. É uma pré-revelação da 
pessoa e obra de Jesus Cristo. 
 
Com estes fatos em mente vamos ao nosso primeiro estudo de uma série de 3 sobre 
o Levítico. Estudaremos aqui a parte referente aos holocaustos, ofertas e sacrifícios 
(caps. 1 a 7), que se estudados com detalhes oferecem uma fascinação irresistível, e 
uma seção sobre o sacerdócio (caps. 8 a 10) que é de interesse insuperável. 
 
 
As Ofertas – detalhadas nos caps. 1 a 5 e as leis que as regulamentam nos caps. 6 e 
7. Havia 5 tipos de ofertas, divididas em 2 grupos: as 3 primeiras eram ofertas de 
“cheiro suave” (oferta queimada ou de holocausto; oferta de manjares e oferta de 
paz ou sacrifício pacífico) eram voluntárias, e as 2 seguintes que eram “compulsórias” 
(oferta de expiação pelo pecado e oferta de expiação de culpas - transgressões) . Estas 
ofertas são riquíssimas em significado espiritual, apontando para o sacrifício supremo 
e multifocal do sacrifício de Cristo no Calvário. As ofertas de cheiro suave tipificam 
Cristo nas Suas próprias perfeições meritosas. As ofertas compulsórias (de cheiro não 
suave) tipificam Cristo suportando os deméritos do pecador. As ofertas de cheiro 
suave falam daquilo que a oferta de Cristo significa para Deus; enquanto que as 
ofertas compulsórias falam do que o sacrifício de Cristo significa para nós – e é em 
conexão com estas que encontramos nove ocorrências da expressão “e lhes será 
perdoado”. 
 
 
Vejamos alguns aspectos distintivos destas ofertas: 
 
 
Oferta de holocausto ou queimada: tipifica Cristo “oferecendo-se a Si mesmo sem 
mácula a Deus”. É um prenúncio de Cristo na Cruz do Calvário, não tanto no sentido 
de carregar nossos pecados, mas no sentido de cumprir a vontade de Deus (conforme 
Sua oração no Getsêmane). 
 
 
Oferta de manjares: tipifica a perfeita humanidade de Cristo. A ênfase está na vida 
que estava sendo oferecida – estabelece a perfeição de caráter que outorga a esta 
oferta o seu valor inexprimível. 
 
 
Oferta de paz (sacrifício pacífico): fala da comunhão restaurada resultando da 
perfeita satisfação alcançada em Cristo. Deus é propiciado e o homem é reconciliado 
– há paz! 
 
 
Oferta de expiação pelo pecado: tipifica Cristo como aquele que carregou nossos 
pecados – “feito pecado por nós” (2 Cor 5.21). 
 
 
Oferta de expiação de culpas ou transgressões: note-se culpas no plural! Tipifica 
Cristo como Expiador, fazendo restituição (expiação) pelas ofensas causadas pelos 
nossos atos errados. 
 
 
Observemos a ordem destas ofertas. No estudo sobre o Tabernáculo (Êxodo) verifica-
se que os móveis estão na ordem inversa da aproximação humana. Deus começa com 
a Arca do Santo dos Santos, movendo para fora, de Sí para o homem. A mesma 
seqüência é seguida nestas ofertas levíticas. Deus começa pela oferta de holocausto 
e termina com a oferta de expiação de culpas. Ele termina onde nós começamos. Se 
considerarmos estas ofertas na sua ordem inversa verificamos que 
elas correspondem exatamente à ordem de nossa apreensão espiritual de Cristo – a 
primeira coisa que vemos na cruz de Cristo ao despertarmos como crentes salvos é o 
perdão de nossas transgressões; e assim por diante! 
 
 
Na segunda parte, a que se refere aos Sacerdotes (caps. 8 a 10), A idéia é que se o 
relacionamento entre os redimidos (nós) e seu santo Deus é para ser mantida, então 
tem que haver não apenas um sacrifício (caps. 1-7), mas também um sacerdote (. 8-
10); ao lado da absolvição da culpa tem que haver a mediação! Isto também aponta 
para Cristo como sendo o nosso Sumo Sacerdote (Heb 10.19-21) – que fala do 
caminho VIVO por causa da ressurreição. 
 
 
Aqui temos no Cap.8 a CONSAGRAÇÃO dos sacerdotes – são separados para Deus; no 
cap.9 temos a MINISTRAÇÃO quando os sacerdotes iniciam seus ofícios de servir; e 
no cap.10 a VIOLAÇÃO desta consagração, quando Nadabe e Abiú oferecem “fogo 
estranho”. 
Belíssima ilustração da consagração temos no cap.8 onde vemos a ordem da 
consagração (vs 1 a 13) seguidas da BASE da consagração – o sangue (vs 14-36). 
 
 
Notemos que Aarão foi ungido antes da morte do sacrifício e seus filhos após a morte 
do sacrifício. Sem o derramamento do sangue Aarão e seus filhos não podiam estar 
juntos na unção – apontando para Cristo estando só no Calvário. Após o 
derramamento do sangue, Moisés unge Aarão e seus filhos com ele. Isto tipifica Cristo 
e Sua casa sacerdotal – unidos em ministério sacerdotal; assim estamos todos diante 
de Deus pela virtude de um só e mesmo sacrifício. 
 
 
Isto deveria acender em nós a consciência de que os mediadores ordenados por Deus 
(santos sacerdotes) estão imbuídos da continuidade do ministério da intercessão, 
modelado por Moisés, aperfeiçoado em Cristo, e continuado por nós. 
 
 
 
Leis, Proibições e Sacerdócio 
 
 
No estudo anterior focalizamos os Sacrifícios e o Sacerdócio. Neste segundo estudo 
sobre Levítico, nos caps. 11 a 17, focalizamos a parte que cabe ao POVO e o lugar do 
ALTAR. 
 
 
As leis e proibições constantesnos caps. 11 a 16, referem-se à questão da pureza – 
pureza do Povo! Esta pureza tinha que ser interna e externa – pois o Deus com 
quem se relacionariam era um Deus santo e puro! Neste caso pureza e limpeza são 
sinônimos perfeitos e aqui no Levítico são considerados assim. 
 
 
O propósito desta parte é “fazer a diferença entre pureza e impureza” (11.47) e de 
“separar os filhos de Israel de sua impureza” (15.31). Nisto reside o imperativo 
categórico relativo ao serviço sacerdotal – o de purificar (16.30). 
 
 
Os assuntos tratados são: 
 
 
- alimento puro (11) – questões de dietas; 
- corpo puro (12-13.46) – nascimento de filhos, doenças (lepra), asseio; 
- roupa pura (13.47-59) – tratamentos dos trajes; 
- casa pura (14.33-57) – higiene habitacional; 
- contatos puros (15) – higiene e preservação sexual; 
- nação pura (16) – purificação nacional pelo sacrifício expiatório. 
 
O primeiro – Alimento Puro – se referia à vida animal, pois nem todos os animais 
eram apropriados para consumo. Apesar de que princípios de higiene estavam 
envolvidos indiretamente, a lição maior a ser aprendida era porque Deus é santo Seu 
povo também tem que ser santo (puro) – 11:44,47. A santidade (ou separação) do 
povo era para ser ilustrada pelos seus hábitos alimentares distintos. 
 
 
O segundo – Corpo Puro – era um exemplo da diferença entre pureza ritualística e 
impureza visto na impureza associada com o nascimento de crianças. Comparação 
com a legislação do cap.15 esclarece que a impureza é originária das liberações do 
corpo associadas com o nascimento e não o ato do nascimento em si mesmo. Por que 
estas liberações corpóreas são consideradas impuras não é perfeitamente claro. Mas 
sugere-se que a perda de fluidos corpóreos, em especial sangue, poderia significar o 
início de morte, estado de impureza última (máxima). Ainda neste tópico, considera-
se as diversas manifestações de doenças infecciosas da pele (corpo) como sinal de 
impureza. De todas as doenças na bíblia nenhuma é mais séria do que aquelas muitas 
vezes (embora sem precisão) chamadas de lepra. Pela lista variada de prescrições de 
cura entende-se que apontam para uma variedade de diferentes afecções. Mas a 
questão da purificação é primordial. 
 
 
O terceiro ponto – Roupa Pura – é uma conseqüência imediata do ponto anterior em 
função da possibilidade do perigo de contágio. Daí o tratamento adequado do 
vestuário do doente e por extensão de sua casa. 
O quarto ponto – Casa Pura – é o seguimento natural do ponto anterior (roupa pura), 
em que as partes afetadas da casa deveriam ser imediatamente reparadas, ou até 
mesmo a destruição (derrubamento) da casa toda em casos extremos. 
O quinto ponto – Contatos Puros – tem a ver especificamente com as emissões de 
fluídos do órgão sexual masculino por razões de doenças, fluxo menstrual e outros 
tipos de emissão de fluídos femininos (incluindo sangue). Não que estes fluídos 
fossem necessariamente inerentemente impuros, ma simbolizam impureza e por isto 
tem que ser purificados por um ritual apropriado e sacrifício afim de que a santidade 
do povo de Deus possa ser assegurada e mantida. 
 
 
Finalmente (cap.16) a questão da Nação Pura – a necessidade do Dia da Expiação – o 
maior ato de purificação, pois envolvia toda a nação! Este era o único dia no qual 
o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos da tenda. Neste dia o sumo sacerdote 
oferecia sacrifício por si mesmo, para depois oferecer sacrifício pelo povo, e 
expulsava então um bode (daí “bode expiatório”) do acampamento como símbolo da 
remoção do pecado da comunidade. Seguindo-se a uma oferta de queima 
(holocausto) o acampamento era purificado de todo sangue e restos animais através 
de cerimoniais da banhos e queimas do lado de fora do acampamento. O escritor de 
Hebreus utiliza o quadro dos animais queimados fora do arraial como uma ilustração 
de Cristo sofrendo fora das muralhas de Jerusalém (Hb 13:11-12). 
 
 
Aprendemos, através de regulamentos extremamente práticos do dia-a-dia do povo 
de Israel, que havia uma intrínseca necessidade de separação entre o puro e o 
impuro. Deus havia chamado Israel para ser um povo separado para serviço 
sacerdotal (Ex 19.5-6). Entretanto, Israel era constantemente tentado a se conformar 
aos padrões dos povos vizinhos do Egito e de Canaã (Lv 18.3). As leis do puro e impuro 
testemunham da ”separação” de Israel do mundo e lembrar este povo de Deus de 
que Não pode haver comprometimento dos padrões divinos. O Senhor havia 
responsabilizado diretamente a Aarão a fazer distinção entre o santo e o profano 
(10.10). Os caps. 11 a 15 fornecem os exemplos disto. 
 
 
Alguma coisa era pura ou impura apenas na medida em que o Deus soberano a 
declarava assim, isto em linha com Seu próprio critério inescrutável e santidade 
inerente. Temos que entender que a partir da santidade perfeita e absoluta de Deus 
partem estes critérios cujo critério último é para nós inescrutável, pois somos 
limitados, imperfeitos e impuros! Apesar de nos parecerem muitas vezes arbitrários, 
estes valores e categorias deixam claro que a santidade é essencialmente um assunto 
da discreção divina. O Deus soberano criou estes critérios com finalidade educacional 
para nós. 
Israel fora convocada para ser santa nação (santo significando separado), por isto era 
tanto mais necessário que os sacerdotes fossem santos e puros, que em um certo 
sentido seriam os mediadores dos mediadores. Isto se aplica a nós se considerarmos 
que somos um sacerdócio santo em Cristo, que é nosso Sumo Sacerdote. 
 
 
O Altar – (cap.17) – Não podemos fugir de notar que nesse capítulo apenas, de forma 
muito enfática, temos 5 vezes indicação do lugar estipulado para sacrifício – o 
Tabernáculo / altar. O significado é muito simples: há só UM lugar e apenas um, que 
Deus, na Sua soberana graça, elegeu para se encontrar com pecadores penitentes – 
a Cruz, da qual o altar à porta do tabernáculo era um tipo! Nenhum outro sacrifício! 
Nenhum outro sacerdote! Nenhum outro altar! Isto aponta diretamente para Atos 
4.12! 
 
 
 
Costumes, Penas e Festas 
 
O assunto do livro de Levítico – Comunhão através da santificação – permite 
olharmos o livro em duas grandes partes: a primeira centrada nas Bases da Comunhão 
 – Sacrifício, que estudamos nas duas lições anteriores. A Segunda grande parte: O 
Andar na Comunhão – Separação, enfocaremos agora (caps.18-27). 
 
 
Esta parte de Levítico pode ser subdividida em 4 seções: 
 
 
1. Regulamentos referentes ao Povo 
• Proibições sexuais 
• Admoestações gerais 
• Sanções penais 
 
2. Regulamentos referentes aos Sacerdotes 
• Práticas proibidas 
• Pessoas proibidas 
• Ofertas proibidas 
 
3. Regulamentos referentes às Festas 
• O conjunto de estações anuais 
• O óleo e o pão 
• A penalidade da blasfêmia 
 
4. Regulamentos referentes á Terra (Canaã) 
• O ano sabático e do jubileu 
• Alternativas da aliança 
• Consagrações e dízimos 
 
Observamos que nesta parte do livro, que trata da vida de comunhão com Deus, a 
Expressão “Eu sou Jeová” aparece quase 50 vezes! Isto em si mesmo expressa a razão 
básica da insistência por parte de Deus, na santidade de Seu povo. 
 
 
A primeira seção, referente à conduta do povo (18-20), consiste de regulamentos 
morais para o povo como nação. Inicia-se esta parte por uma introdução formal e um 
encerramento formal. As proibições não se constituem em um código de conduta sexual 
exaustivo, mas é direcionado contra as violações mais grosseiras da castidade, que eram 
chocantemente prevalecentes entre as nações vizinhas. Demonstra que, tanto naqueles 
dias quanto hoje em dia, nada é mais vital do que proteção adequada das relações 
matrimoniais e familiares. Os elos matrimoniais e as relações familiares são santas para 
Deus e os cristãos deveriam se levantar em sua defesa! Nenhuma flexibilidade ou 
relaxamento que ponha em risco a proteção moral de toda a comunidade pode ser 
permitida. Isto também é válido nos dias atuais. 
 
 
Na segundaparte (21-22) a questão da conduta dos sacerdotes é tratada. Se o povo 
deveria ser santificado para o Senhor, quanto mais os sacerdotes! Tal como o 
Tabernáculo era organizado em uma estrutura tripla – o átrio exterior, o lugar santo, e 
o Santo dos Santos – assim a nação também foi estruturada de maneira a lhe 
corresponder – a congregação, os sacerdotes, e o sumo sacerdote. À medida em que 
cada parte do Tabernáculo se tornava sucessivamente mais santa, assim também 
deveria acontecer com a nação – a santificação de Israel era para alcançar o sua 
expressão culminante na pessoa do sumo sacerdote, que por esta razão usava uma 
coroa com a inscrição “Santo ao Senhor”. Da mesma maneira em que Deus conferia ao 
sacerdote determinados privilégios exclusivos e especiais, a partir de sua escolha, 
família, tribo, os sacerdotes deveria por isto serem marcado por uma extrema 
santidade; e para assegurar isto , mais regulamentos de conduta foram dados. 
Resumem-se estes regulamentos em práticas, pessoas e sacrifícios proibidos. O 
sacerdote deveria ser separado de tudo o que é profano afim de não dessecrar o lugar 
santo e a santidade divina. Esta secção do livro de Levítico fala de maneira muito 
enfática ao povo de Deus hoje. Há muita necessidade de uma santidade mais verdadeira 
e autêntica entre nós, nós os que fomos constituídos um sacerdócio santo em Cristo! 
 
 
A terceira parte trata das Festas (23). Aqui temos as 5 festas sazonais do ano hebreu. A 
Festa da Páscoa (também chamada de festa dos pães ázimos), a Festa do Pentecostes 
(chamada também de festa das semanas ou dos primeiros frutos), a Festa 
das Trombetas, o Dia da Expiação, e a Festa dos Tabernáculos (chamada também festa 
do ajuntamento). 
Todas estas cindo festas, ou estações determinadas, tinham em comum o fato de que 
eram ocasiões de sábados especiais, todas eram momentos de santa convocação, 
congregavam-se para culto e gratidão. 
 
 
N realidade estas 5 festas são sete ao todo: as duas outras – a do Ano Sabático e a do 
Ano Sabático do Jubileu, são encontradas no cap.25. Assim vemos um sistema fantástico 
de ciclo de sete: o sétimo dia, o sétimo mês, o sétimo ano e 7 vezes 7 anos. Assim Deus 
forneceu um perfeito sistema de relembrar a santidade divina, através dos 10 sabáticos: 
1. O Sábado semanal 
2. O primeiro dia dos pães ázimos 
3. O sétimo dia dos pães ázimos 
4. O pentecostes 
5. O primeiro dia do sétimo mês (trombetas) 
6. O dia da expiação (10º dia do sétimo mês) 
7. O 1º dia da Festa dos tabernáculos 
8. O 8º dia da festa dos tabernáculos 
9. O ano sabático (7º ano) 
10. O sabático de jubileu. 
O propósito destas “estações determinadas“ e observâncias mensais era a de 
reconhecer que toda colheita e outras bênçãos são provenientes de Deus; que todo 
novo ano e todo novo mês deveriam ser dedicados ao Senhor da ceara; que a terra 
pertencia a Deus e que era ocupada apenas por causa de Sua bondade. 
 
 
Todas as festas tem um significado simbólico espiritual para o novo testamento e 
exemplificamos apenas 2: a Páscoa, que era a celebração do livramento da escravidão, 
fala da salvação! Pentecostes (pente = 50; 50 dias após a Páscoa), que era a festa do 
encerramento da colheita – justamente no dia do início da igreja do Senhor; justamente 
50 dias após a ressurreição de Cristo! Assim todas as festas tem seu significado 
Neotestamentário. 
 
 
Por último a Terra (25-27) - Nada menos do que 30 vezes nestes 3 capítulos há 
referência a Terra demonstrando que Deus quer que Seu povo entenda bem e se 
preocupe com aquilo que é dado graciosamente por Deus para nossa vida! Deveríamos 
levar mais a sério nossas possessões como sendo de fato uma dádiva divina como 
privilégio estendido a nós! 
Nenhuma motivação maior para integridade pessoal e de comunhão pode ser 
encontrada do que a de Levítico 11:45. 
“Eu sou o Senhor, que vos fiz subir da terra do Egito, para ser o vosso Deus, sereis, 
pois, santos, porque eu sou santo”. 
 
NUMEROS - ESTATÍSTICA, DISCIPLINA E OFERTAS 
 
O estudo do livro de Números pode se tornar extremamente interessante, a despeito das 
muitas contagens, se tivermos em mente a estrutura histórica e geográfica do livro relativo 
ao desempenho espiritual do povo. É impressionante notarmos como a história acontece 
em função da obediência e fé, ou desobediência e falta de fé do povo. Consequentemente 
o livro ensina as gerações posteriores que a conformidade com a aliança traz bênçãos, mas 
a rejeição da aliança traz tragédia e lamento. 
 
O livro de Números também documenta a organização efetiva das tribos em uma estrutura 
comunitária religiosa e política discernível, em preparação para a conquista e ocupação de 
Canaã. 
 
Para melhor percebermos esta fantástica montagem histórica e geográfica de cunho 
espiritual, vejamos como o relato é estruturado: 
 
A primeira parte – caps 1 a 14 – diz respeito à geração antiga (a que morreu, saiu do Egito 
e não entrou em Canaã) e transcorre no trajeto entre o Sinai e Cades, havendo aqui uma 
primeira contagem, uma instrução e uma peregrinação; 
 
Na segunda parte – caps 15 a 20 – temos o período de Transição, a peregrinação no 
deserto; 
 
Na terceira parte – caps 16 a 36 – vemos a nova geração (a que nasceu no deserto e entrou 
em Canaã sem conhecer o Egito) transcorrendo no trajeto entre Cades e a planície de 
Moabe, há aqui uma nova contagem, uma nova instrução e uma nova peregrinação. 
 
Chama a atenção que há duas gerações (a que saiu do Egito e não entra em Canaã, e a que 
nasce no deserto e entra em Canaã sem conhecer o Egito) o que leva a duas contagens 
(censos) a duas jornadas e a duas instruções! Mais impressionante ainda é que a 
quantidade de pessoas que saíram (603.550) do Egito é praticamente a mesma que a 
quantidade de pessoas que entra (601.730) em Canaã – demonstrando que Deus 
realmente substituiu uma geração por outra quantitativamente e qualitativamente! 
Lembramos que foi a primeira geração que falhou na entrada em Canaã (no 2º ano após o 
Êxodo) resultando na peregrinação no deserto que tinha a finalidade de substituir a 
geração infiel e de pouca fé. 
 
Há um profundo valor teológico nesta história e relatos de Israel, e isto corroborado em 
diversas passagens no NT, chamando a nossa atenção para o fato de que isto é para nós 
uma lição (veja I Coríntios 10:1-12) onde destacamos o v.11 – “Ora, tudo isto lhes 
acontecia como exemplo, e foi escrito para aviso nosso, para quem já são chegados os 
fins dos séculos”. 
Os primeiros 4 capítulos estão em 2 pares: o primeiro conjunto assim - 
1 - contagem dos adultos masculinos; 
2 - distribuição das tribos; 
demonstrando uma organização que tinha finalidade militar pois revela o potencial da 
força combatente do povo. 
 
O segundo conjunto desta maneira : 
3 - contagem dos levitas masculinos; 
4 - distribuição das tarefas levíticas; 
este segundo grupo tinha a função especial de administração do serviço especial de culto 
a Deus. 
 
Assim temos a organização, a partir do centro do acampamento, do Tabernáculo 
(peça central), os mais próximos eram os levitas guardando a entrada do Tabernáculo, e 
as tribos “leigas” mais distantes com finalidade de proteção geral, tendo a tribo de Judá na 
posição de liderança de todo o contingente. Esta organização reforça a preservação da 
pureza do Tabernáculo! Do mesmo modo deve ser preservada a pureza do Templo que 
não é feito por mãos humanas - o nosso corpo! 
Os demais capítulos até o cap.10 dizem respeito a preservação da santidade do lugar do 
Tabernáculo e da pureza do povo de Deus o que pode ser visto na bênção Aarônica (6:24- 
27. Temos também as provisões para a manutenção de toda a estrutura orientada por 
Deus, culminando nas instruções de celebração da Páscoa e do levantar acampamento 
para marcha. 
 
As seguir, nos caps 10 a 14 temos o relato de que, quase 2 anos após a saída do 
Egito, o povo estava com saudades do Egito e da comida deliciosa de lá. Moisés, abatido 
com a carga da liderança solitária,conversa com Deus e o Senhor lhe provê com 70 líderes 
cheios do Espírito para assistí-lo na função de anciãos. Este fato enfurece a irmã de Moisés 
(Míriam) e o seu irmão Aarão. Ambos expressam suas desaprovações, considerando que 
os seus prestígios haviam sido diminuídos, e assim desafiam a verdadeira capacidade 
profética de Moisés. O resultado foi um castigo severo sobre os dois, uma vez que Deus 
falava pessoalmente com Moisés, abertamente e não através de visões e sonhos (12:5,8). 
O sinal disto foi demonstrado quando Moisés restaura sua irmã à pureza litúrgica e ritual. 
 
Não sendo suficiente estes incidentes, acontece outro! Na proximidade da terra de 
Canaã, Deus manda que Moisés envie 12 espias (entre eles Josué e Calebe) para avaliarem 
a terra e trazerem relatórios. A terra era rica e fértil mas a maioria (dez deles) argumentava 
que não podia ser conquistada – rejeitaram a dádiva de Deus! Mais uma vez a liderança 
de Moisés estava em questão, chegando o povo ao ponto de exigir sua 
renúncia em favor de alguém que os levasse de volta ao Egito (14:4-10). Como se não 
bastasse Deus também estava testando Moisés ameaçando destruir o povo. 
 
A resposta de Moisés é algo de extraordinário e ecoa até hoje como uma das maiores 
provas de fé e confiança e conhecimento de Deus. O argumento de Moisés foi o de que se 
Israel falhasse na entrada em Canaã – a Terra Prometida – o mundo inteiro veria Jeová 
como sendo um Deus não confiável. Deus haveria de perdoar o povo por causa de Seu 
próprio Nome que estava em jogo. É neste ponto que temos um dos relatos mais rígidos e 
ao mesmo tenros que há na Bíblia – Deus se move ao ouvir Moisés e seu argumento, mas 
a justiça não podia ser abolida. É aqui então que Deus anuncia a Moisés que esta geração 
não viveria para ver Canaã. Apenas Josué e Calebe, que confiaram na promessa e no poder 
de Deus foram os que pessoalmente colocaram os pés na terra que manava leite e mel 
(14:36-38). 
 
Após isto o povo foi levado ao norte apenas para ser confrontado com os Amalequitas e 
Canaanitas para serem derrotados, começando assim a sua peregrinação errante pelo 
deserto do Sinai e Negev. 
 
Aprendemos que é primordial o guardar da pureza pessoal e comunitária – moral e física 
– do povo que se chama pelo nome de Deus mantendo-se separado daquilo que é do 
mundo (representado pelo Egito) e é fundamental que guardemos a fidelidade à aliança 
que Deus selo com seu povo – no nosso caso em Jesus Cristo, expresso pelos princípios 
que governam o Reino de Deus declarados no Sermão da Montanha que se encontra em 
Mateus capítulos 5 a 7. 
 
Amigo leitor, diante deste quadro, qual é a tua opção de vida? Qual é o caminho que você 
está trilhando? Você está olhando para as coisas deste mundo ou está com os olhos fixos 
em Jesus Cristo, autor e consumador da fé salvadora? 
 
Que Deus o ilumine e abençoe na meditação para responder a estas perguntas 
 
Designação e Leis 
 
 
Estamos no meio do livro de Números. Em apenas 6 capítulos o livro cobre 38 anos de 
história, comparados com os 14 capítulos anteriores referentes a menos de 2 anos de 
história do povo! Este período pode ser considerado como uma suspensão no 
desenvolvimento da história de Israel. É um período de castigo em que Deus irá eliminar 
toda uma geração inteira por causa da desobediência e falta de fé dos 10 emissários e 
do povo. 
 
Este período se inicia após o incidente de Cades onde se dá a expressão da falta de fé 
em Deus, e termina no ano da morte de Aarão (cap. 20). Sabemos que apenas dois 
personagens entrara na terra prometida, Calebe e Josué, que assume a liderança em 
lugar de Moisés, dá continuidade à obra de levar o povo e lidera a entrada através do 
Jordão na altura de Jericó. 
 
Deste modo o livro de Números se torna o livro do progresso suspenso. Isto nos faz 
pensar nas diversas igrejas e crentes individuais que andam pela vida como se tivessem 
sua história suspensa. Não crescem, não apresentam frutos e não há desenvolvimento 
espiritual. Na realidade, como no caso de Israel, este período é marcado por um 
constante fracasso na confiança em Deus e um retorno parcial – é literalmente o que se 
poderia chamar de “sobrevivendo, dadas as circunstâncias”. 
 
Nesta seção do livro são dados mais alguns regulamentos ao povo; muitos líderes se 
rebelam contra Moisés; são formalizadas as responsabilidades dos sacerdotes e levitas 
e finalmente surge a nova geração que então é recenseada. 
 
Aprendemos algumas verdades fundamentais: quando o povo reclama contra Deus e 
critica Moisés, eles são severamente punidos: mais de 14000 pessoas morrem como 
resultado desta rebelião. Como resultado da rebelião do Corá, o próprio Corá, Datan e 
Abiram, juntamente com suas famílias morreram, juntamente com 250 falsos 
sacerdotes. O princípio teológico do Reino de Deus se faz sentir: se permitimos 
dissatisfação e descontentamento a permanecer em nossas vidas, isto poderá 
facilmente levar a um desastre espiritual e social. Deveríamos nos conter de criticar 
líderes e reclamarmos dos mesmos. 
 
Talvez o incidente de maior impacto em termos de relacionamento pessoal com Deus 
seja o incidente que ocorreu com Moisés. Moisés diante do povo rebelde por causa da 
falta de água, queimando de ira, fere a rocha ao invés de falara a ela conforme a 
orientação de Deus. Este pecado de Moisés é descrito como uma falha em respeitar a 
santidade de Deus (27:14). O ato intempestivo de Moisés resultou em bênção para o 
povo – água abundante – mas uma maldição para Moisés: repreensão e exclusão da 
Terra Prometida! De acordo com o Salmo 106:32, Moisés sofreu pelos pecados do povo. 
Podemos derivar algumas conclusões teológicas dos eventos deste livro: 
 
1. A sabedoria e fidelidade de Deus fornecem razão para esperança nas situações 
mais tenebrosas da vida. 
2. A história depende da liderança de Deus e da obediência humana, não de 
estatísticas militares ou expectativas humanas. 
3. A teimosia humana em rebelar-se tem que encarar punição. 
4. Até mesmo líderes fiéis tem que estar na expectativa de punição pela 
desobediência. 
5. O povo de Deus precisa de uma organização adequada e liderança para poder 
realizar a missão dada por Deus. 
6. Culto adequado é uma marca de identidade do povo de Deus. 
7. Deus sempre tem um futuro para Seu povo que a sua rebelião não pode destruir. 
Para os que estão em posição de liderança existe aqui uma lição preciosa: nenhum líder 
é indispensável para Deus. No entanto, tal como Moisés e Aarão perderam a 
participação no momento da vitória porque, num momento de ira e raiva, 
desobedeceram a detalhes da instrução de Deus., também os líderes de hoje devem 
aprender a lição do autocontrole e contenção emocional. Nenhum líder cresce ao ponto 
de estar acima e além da necessidade de confiar e obedecer a Deus. Deus prepara novos 
líderes para substituir os desobedientes e descontrolados. Nisto aprendemos também 
que Deus recompensa os líderes fiéis e obedientes. 
 
O livro de Números conclama os líderes do povo de Deus de hoje a atitudes e posturas 
de fidelidade a Deus, mesmo se tiverem que conduzir um povo ou rebanho rebelde e 
mesmo quando as suas decisões vão contra o ponto de vista da maioria! Lembremos 
que Deus não é democrata e espera que os Seus líderes confiem e obedeçam. 
 
Aprendemos que o livro de Números é um livro de esperança para um povo com uma 
história de rebelião. 
 
A história de Deus é uma história de esperança para o futuro, uma chamada para a 
última vitória frente a derrota. 
Amado aluno, você também é convocado a uma vida de revisão, obediência e fidelidade 
como princípios de compromisso de vida com Deus a despeito do que possa acontecer 
por causa deste seu compromisso. 
 
Que Deus o abençoe e ilumine afim de que você possa crescer e brilhar neste mundo 
em trevas. 
 
 
Os Fatos Ocorridos 
 
 
Que o senhor, Deus dos espíritos de toda a carne, ponha um homem sobre a 
congregação, o qual saia diante deles e entre diante deles,e os faça sair e os faça 
entrar; para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor. 
(Nm 27.16-17) 
 
Na realidade poderíamos chamar esta parte do livro de Números de “A Nova Geração” 
– trajeto de Cades até as planícies de Moabe. Toda uma nova movimentação se inicia; 
novas expectativas e novos desafios e uma nova esperança. 
 
Esta parte pode ser dividida em três divisões: 
 
a. A nova jornada (21 a 25), 
b. A nova contagem (26 a 27), e 
c. A nova instrução (28 a 36). 
Esta segunda jornada toma apenas o tempo de 5 (cinco) meses, pois o povo deixa o 
monte de Or cerca de um mês após a morte de Aarão (que aconteceu no 5º mês do 40º 
ano) e chegaram nas planícies de Moabe no 11º mês do mesmo ano, momento em que 
Moisés inicia seu grande desafio a Israel, e que constitui o livro de Deuteronômio. 
 
Nesta Segunda jornada vemos que o povo continua a enfrentar desafios à fé: primeiro 
Moisés buscou permissão do rei de Edom para passar pela estrada do rei, petição esta 
que lhe foi negada. Como resultado Moisés enfrentou os canaaneus de Arad, o que 
resultou em uma sólida vitória dos israelitas. Encorajados assim, aceleraram o passo 
para a Terra Prometida. Ainda assim persistiam em rebeliões de tempos em tempos, e 
finalmente alcançam Moabe. A sua chegada causou grande preocupação aos inimigos 
de Israel. O rei dos Amorreus tentou sustar o avanço do povo de Deus mas sem sucesso. 
O rei Og, de Basam, tentou o mesmo e igualmente sofreu uma derrota. Deste modo 
finalmente Moisés e o povo se encontram nas planícies de Moabe, imediatamente ao 
leste da Terra que Deus prometera a Abraão que lhes daria. 
 
Porém, antes de chegarem à Terra de Canaan, teriam que enfrentar obstáculos que só 
poderiam superar mediante confiança e fidelidade a Deus ao tempo em que exerceriam 
a obediência ao mandado divino. 
 
O primeiro obstáculo era de natureza externa ao povo: a ameaça da maldição de Balaão 
(22:2-24:25), maldições estas que foram transformadas, cada uma delas, em grandes 
bênçãos por parte de Deus para o Seu povo. Assim o plano diabólico de Balaque de 
amaldiçoar Israel resultou no oposto – uma magnífica demonstração das bênçãos de 
Deus sobre o Seu povo e, através deles, sobre todo o mundo. Aprendemos que se 
deixarmos as oposições e confrontos nas mãos de Deus Ele mesmo as transformará em 
bênçãos para nós e nossos familiares e descendentes. 
O segundo obstáculo era de natureza interna do povo: a ameaça de se comprometerem 
com os padrões morais e sexuais dos moabitas. A licenciosidade do culto a Baal logo os 
atraiu para as suas armadilhas. Apenas o zelo de Finéias, filho do sumo sacerdote 
Eleazar, preveniu a apostasia geral. Com sua espada matou os líderes desta rodada de 
imoralidade, onde milhares de israelitas pereceram em virtude da praga enviada por 
Deus. Isto nos mostra o quão rápido nos desviamos para as coisas que o mundo oferece 
e nos esquecemos de Deus, isto é apostasia. Foi exatamente isto 
– a apostasia - ou seja, o desvio dos padrões de Deus para padrões mundanos – que a 
Bíblia fala que aconteceria nos últimos tempos. Fiquemos alerta para esta tendência 
humana de flertar com as coisas que Deus deplora. 
 
O que Números nos ensina para hoje? Os princípios do poder e graça divinos podem 
vencer o fracasso da fé imperfeita, mas que esteja em desenvolvimento. Estes ensinos 
são de máxima importância para todos que levam a sério a autoridade do ensino do 
Espírito Santo. 
 
Do livro de Números podemos aprender que: 
1. a despeito de nossa rebelião, Deus irá cumprir Seus propósitos e promessas; 
2. apesar de Deus permanecer fiel às Suas promessas, Ele punirá uma geração infiel; 
3. a punição vinda de Deus pode nos preparar para tarefas maiores; 
4. a presença fiel e sábia de Deus é o centro de toda vida; 
5. fé em Deus resulta em necessidades físicas; 
6. temos que respeitar líderes ordenados, mas também saber que líderes infiéis 
também encaram os atos disciplinares de Deus; 
7. culto é a atividade principal do povo de Deus e deveria ser planejado e organizado 
adequadamente; e 
8. esperança é a palavra duradoura de Deus, que motivará o Seu povo mesmo através 
dos períodos mais tenebrosos da história. 
A vida na terra (prometida) é vida com Deus (35:34). O povo de Deus tem que saber 
como responder a Deus com gratidão e cultos regulares. Líderes de culto têm que ser 
escolhidos e preparados. Por causa da preparação no deserto, o sacerdócio sobreviveu 
desastres nacionais, tais como o próprio exílio, e preparou uma liderança para Israel, 
mesmo quando os líderes políticos não eram mais disponíveis. 
 
Assim também nós hoje – as nossas igrejas, como pequenos povos de Deus – devemos 
preparar líderes para o culto, líderes que possam nos dirigir mesmo quando toda outra 
liderança não seja mais confiável. 
 
Olhemos pois para o autor e consumador da fé – Jesus Cristo – e nos esforçar para não 
vacilarmos e comprometermos a santidade de Deus e com isto nosso testemunho. 
 
DEUTERONÔMIO - OS ENSINOS 
 
Consideramos a primeira etapa de três divisões do livro de Deuteronômio, isto é, os 
capítulos de 1 a 11. 
 
O nome Deuteronômio quer dizer “Segunda Lei” ou “Repetição da Lei”. Isto se fez 
necessário porque a geração que recebera e ouvira a exposição da Lei Sinaítica já não 
existia mais. Uma nova geração estava no amanhecer da entrada na Terra Prometida. 
Deste modo esta nova geração tinha a necessidade de ouvir a exposição renovada da Lei 
e ouvir o recontar da história do surgimento do povo e da própria Lei. Paralelamente 
com esta renovada apresentação da história e Lei de Deus, incluiu-se um desafio para 
decisão diante da obra de Deus (o que será visto na terceira parte deste estudo). 
 
É um livro caracteristicamente de transição, transição marcada por 4 tipo áreas 
distintas, e que são: 
a. uma transição para uma nova geração (a velha, do Sinai já havia desaparecido), 
b. que irá ter uma nova possessão (uma peregrinação sem terra para uma ocupação 
nacional de Canaã), 
c. caracterizado por uma nova experiência (casas em vez de tendas, fixação em vez 
de peregrinação, alimento variado em vez de dieta desértica), e, finalmente, 
d. uma nova revelação de Deus – Seu amor (6.5), repetida mais 4 vezes e reafirmada 
por Jesus aos fariseus (Mat 22.37), que é a base do toda a Lei! 
 
Este amor vem de gerações anteriores, pois no cap 4.37 Deus diz: “E, porquanto amou 
a teus pais, não somente escolheu a sua descendência depois deles, mas também te tirou 
do Egito” , princípio este que o povo de Israel infelizmente não entendeu e que, nós 
hoje, também não compreendemos muito uma vez que não nos detemos em 
apropriarmo-nos dos princípios de vida do Reino de Deus. Para a maioria é mais fácil 
viver de acordo com leis e normas e não princípios, pois estes nos responsabilizam 
diretamente pelo nosso andar. 
Estes primeiros 11 capítulos, que constituem a primeira parte deste livro, formam o que 
se chama de seção de Retrospectiva, os demais formam a parte Prospectiva do livro. 
Esta primeira parte, a da Retrospectiva, permite ao povo da transição olhar para trás e 
para frente, ponderando a ação de Deus sobre ambos. O povo deveria lembrar, refletir 
e resolver; daí nós temos retrospectiva e reflexão. Os capítulos 1 a 3 são uma “revisão 
do modo de vida desde o Sinai” e os caps 4 a 11 são uma revisão da “Lei do Sinai”. Isto 
nos ensina que também devemos olhar para trás, refletir, e depois, olhar para frente e 
decidir, e assim poderemos sempre dar honra e glória a Deus pelo feito e confiar em 
Deus pelo que está à frente. Por isto o salmista escreve (Sl 90.12) “Ensina- nos a contar 
os nossos dias de tal maneira que alcancemos corações sábios”. Percebemos que os 
princípios de conduta e atitude no Reino de Deus estão firmados desde os primórdios 
da história do povo de Deus. 
A Mensagem Central desta parte de Deuteronômio é a fidelidade divina. Isto é 
demonstrado na revisão da vida desde o Sinai: Jeová tem sido (passado) e sempre será 
(futuro)fiel às Suas promessas, Seus propósitos e Seu povo! Isto se constitui num 
fundamental princípio da nossa fé e confiança em Deus – Ele nunca falha! 
 
Temos também nesta parte do livro um fato básico, que na realidade está por baixo de 
tudo o mais, e com o qual vai o comando básico da Lei declarado no 6:4-6 
 
“Ouve, ó Israel; o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus 
de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças. E estas palavras, 
que hoje te ordeno, estarão no teu coração” 
 
É importante notarmos que o próprio Jesus Cristo nos afirma que este é o 
pronunciamento fundamental e o “primeiro da Lei” (Mc 12.29-30). Notemos ainda que 
ele é Ordenado e deverá estar (permanecer) em nosso coração. 
 
A estrutura desta parte de Deuteronômio é a seguinte: 
 
1. 1:1-5 = O contexto da Aliança; leva a memória do povo a um tempo 38 anos antes 
– no Sinai. 
2. 1:6-4:43 = O 1º sermão: Aprendendo da história do povo de Deus; 
a. 1.6-3.29 = Falhas e vitórias no caminho da Terra Prometida – importante 
revisão para reconhecimento da ação de Deus na história. 
b. 4.1-40 = Guardar os mandamentos de Deus; evitar a idolatria; maravilhar 
diante dos atos salvíficos de Deus. 
c. Estabelecendo as Cidades Refúgio – fundamental instrumento de preservação 
do povo e demonstração da misericórdia divina. 
3. 4.44 – 6.25 = Princípios Básicos da Aliança; 
a. 4.44-49 = Introdução que situa a Aliança no contexto entre o Êxodo do Egito e a 
conquista do território além do Jordão. 
b. 5.1-21 = O coração da Aliança: os 10 mandamentos – nunca anulados no 
contexto bíblico. 
c. 5.22-33 = O papel desempenhado por Moisés como Mediador da Aliança – 
exemplo de Cristo como Mediador da Nova Aliança. 
d. 6.1-25 = O princípio mais fundamental: O amor completo e exclusivo a Deus. 
4. 7.1-11.32 = Princípios auxiliares da Aliança. 
a. 7.1-26 = A total destruição dos canaaneus – nenhuma aliança ou casamentos 
eram admitidos. Isto era necessário para que Israel permanecesse a salvo da 
idolatria e das abominações praticadas por este povo. 
b. 8.1-9.6 = Jeová como fonte das bênçãos em Canaã, demonstrado no passado 
através da providência do maná, do não envelhecer e gastar das sandálias e do 
não inchar dos pés (8.2-5) 
c. 9.7-10.11 = Moisés como Mediador da Aliança e Intercessor – lembrança dos 
incidentes de rebelião do povo e das várias vezes em que Moisés funciona 
como intercessor diante de Deus e como isto resultou no renovo da aliança 
Sinaítica. 
d. 10.12-22 = Amor a Jeová e amor aos desamparados – a fidelidade e amor a Deus 
não podem estar divorciados desta mesma demonstração aos desamparados. 
e. 11.1-32 = Obediência como prova do amor a Deus – o amor tem que se 
manifestar e, em termos da aliança, isto tinha que ser demonstrado com 
obediência. 
Desta maneira, a primeira parte do livro de Deuteronômio nos apresenta uma 
extraordinária revisão dos atos de Deus na história, como o povo surge – planejado por 
Deus – e como Moisés funciona como uma ilustração vívida de Cristo diante da nova 
geração (a geração da Aliança da Graça). 
 
Vemos aqui também a necessidade primordial de darmos exclusividade a Deus em 
nossas vidas e isto afeta tudo o que pensamos, fazemos ou dizemos. Todo o nosso ser, 
viver, pensar, cultuar, falar, relacionamentos, etc. devem Ter Deus Jeová como centro 
exclusivo de tudo e o próximo como beneficiário da nossa postura. 
Assim, e só assim, as bênçãos eternas de Deus fluirão sem fim em e através de nossas 
vidas. 
 
 
As Festas e As Leis 
 
 
Olha desde a tua santa habitação, desde o céu, e abençoa o teu povo de Israel, e a terra 
que nos deste, como juraste a nossos pais, terra que mana leite e mel. Neste dia o Senhor 
teu Deus te manda observar estes estatutos e preceitos; portanto os guardarás e os 
observarás com todo o teu coração e com toda a tua alma. (Dt 25.15-16) 
 
Esta segunda seção do estudo sobre Deuteronômio, abrangendo os cap. 12 a 26, 
cobre uma parte central do livro e que é peculiar quanto ao seu conteúdo e propósito, 
tratando das Festas e das Leis que o povo deveria manter e seguir. A primeira parte (caps 
12 a 16.17) trata dos recursos e das ameaças ao culto do Deus Uno (lembrando que o 
povo de Israel era, na época, o único povo com uma religião monoteísta). A segunda 
parte (caps. 16.18 a 26) trata das “distintivas” do povo de Deus (o que destaca o povo 
de Deus dos demais povos). 
 
Ao analisarmos as diferentes subdivisões desta parte notamos o seguinte: 
 
I. Recursos e Ameaças ao Culto do Deus Uno (12.1- 16.17) 
a. O Santuário Central (12.1-28) – sendo Deus um Deus Uno e único, o local para Sua 
adoração também tinha que ser único e central – seria o lugar da habitação de 
Seu nome. 
b. Deuses pagãos e falsos profetas (12.29-13.19) – o povo de Deus era proibido de 
adotar práticas de culto dos povos nativos, à luz da realidade da Unicidade de 
Deus e do Seu culto. 
c. Preocupação distintiva por animais puros e impuros (14.1-21) – isto era para 
reforçar o fato de que o povo tinha que se conformar com as definições de pureza 
de Deus mesmo. 
d. Ofertas de corações agradecidos (14.22-29) – demonstrando o tipo de atitude 
interior que Deus espera de Seu povo escolhido, protegido e abençoado, tributo 
indispensável para um relacionamento com Deus. 
e. Preocupação distintiva pelos pobres e oprimidos (15.1-18) – instituindo uma 
forma prática de demonstrar a misericórdia e perdão de Deus. 
f. Ofertas e Festas do Santuário Central (15.19-16.17) – estas eram demonstrações 
das várias formas de dependência e relacionamento do povo com Deus. Em 
especial estavam 3 festas: a da Páscoa (livramento), a de Pentecostes (suprimento 
e proteção) e a dos Tabernáculos (comunhão e unidade). 
 
II. As Distintivas do Povo de Deus (16.18 – 26.19) 
a. Oficiais do Reino que amam a justiça e são Fiéis à Palavra de Deus (16.18-18.22) 
– prevendo o desenvolvimento da história de Israel, Deus assenta as bases para a 
escolha e prática dos governantes bem como dos profetas através dos quais 
haveria da falar ao povo em épocas posteriores. 
b. Distintiva da Lei Cível (19.1-21) – Uma vez que o povo de Israel se constituíam em 
uma comunidade religiosas, e isto por completo, mas ainda vivendo sob as 
contingências humanas e naturais, Deus colocou uma provisão para que a Sua 
justiça e misericórdia não viessem a ser manchadas – instituindo as Cidades 
Refúgio. 
c. A Conduta da Guerra Santa (20.1-21.24) – como a nação escolhida estava para se 
envolver em guerras de conquista e de defesa contra povos que se opunham 
visceralmente a Deus e Seus governo, algumas diretivas foram postuladas afim de 
que o povo de fato alcançasse as vitórias previstas. Desta maneira a escolha dos 
militantes e estruturamento estratégico militar vieram diretamente de Deus, e o 
povo deveria se enquadrar nas mesmas. Isto porque as guerras eram de Deus com 
um cunho totalmente espiritual. 
d. Mais distintivas da Lei Cível (21.15-22.4) – aqui Deus trata dos assuntos 
matrimoniais e familiares, tão necessários para uma sociedade estabilizada e com 
valores sólidos para uma educação de filhos segundo os ditames morais e 
espirituais do Reino de Deus. 
e. A Pureza distintiva (22.5-23.18) – esta parte trata do assunto já tantas vezes 
abordado – o da manutenção da santidade daquilo que tem a ver com Deus, o 
Deus Santo de toda santidade – reflexo de todos os ensinos da Lei Sinaítica e dos 
ditames encontrados no livro do Levítico. 
f. Relações interpessoais distintivas (23.19-25.19) – aqui Deus estabelece todas as 
implicações morais e éticas do relacionamento social de um povo que deveria 
viver de acordo com uma aliança feita para a vida baseada na fé. Fica patente 
nesta parte a diferença interior e exterior de um povo que se chama pelo nome 
de Deus! 
g. Reafirmação da Aliança no Culto (26.1-15) – este é um aspecto memorial. Assim 
que o povo entrasse na Terra Prometida deveria instituir uma prática de culto, 
através de determinadas festasespeciais, para reconhecer a provisão 
sobrenatural de Deus para manutenção de vida do povo – era a expressão 
máxima de gratidão. 
h. Interlúdio exortativo e narrativo (26.16-19) – após a declaração de um longo 
corpo de estipulações, o povo foi ordenado a obedecê-las de todo coração e de 
toda alma (26.16). A essência era a manutenção de uma comunhão santa e 
sagrada, que deveria expressar louvor e honra ao Senhor dos senhores e da ceara. 
 
Notamos que primeiro Deus lida com os aspectos concernentes ao culto que o povo 
deve prestar a Deus – os recursos que Deus coloca à disposição do povo para utilização 
na celebração de um culto que era e deveria continuar a ser diferenciado de modo 
distintivo de todas as demais práticas de culto existentes. Deus, o Deus Uno e Santo, 
requer uma liturgia e uma preparação bem como pureza especiais e perfeitas. Assim 
Deus mesmo se incumbe da orientação e instrução quanto à prática do culto e quanto a 
postura interior de cada pessoa que participasse dos cultos. 
 
Da mesma forma, e no mesmo contexto, Deus se preocupa com as ameaças possíveis e 
reais existentes à celebração dos cultos que Deus estava instruindo Seu povo. A questão 
dos deuses pagãos ou ídolos, juntamente com seus falsos profetas, que poderiam 
influenciar negativamente o povo, o culto e a atitude de cada um com este respeito. 
 
Na Segunda parte Deus trata de mostrar ao povo de como ele – o povo – é distinto 
(diferenciado) dos demais povos na terra. Eles possuíam uma Lei distinta de origem 
distinta; as guerras, todas elas, seriam guerras santas e por isto deveriam ser conduzidas 
de modo distinto dos demais povos. O povo de Deus deveria ser marcado por uma 
conduta de pureza que os distinguiria das demais culturas e religiões existentes. E 
finalmente o povo de Deus deveria ter padrões de relacionamento interpessoal distinto 
dos demais ovos e culturas. 
 
Como nós devemos ser marcados hoje de uma qualidade de atitude e valores morais 
distintivos que de fato e verdadeiramente reflitam a santidade de alguém que se chama 
por filho do Deus vivo em Cristo? 
Os Eventos 
 
As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem 
a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei. 
(29.29) 
Nesta última parte do estudo de Deuteronômio (Caps 27-34), veremos os fatos e 
eventos finais das semanas e meses que antecedem a entrada na Terra Prometida sob 
a liderança de Josué, sucessor de Moisés. 
 
Esta parte se divide em 4 divisões principais, que avaliaremos com alguns detalhes: 
 
1. Maldições e Bênçãos da Aliança (27.1-28.69) – esta parte reflete o aspecto das 
sanções em caso de quebra de pontos da aliança com Deus. 
a. A reunião em Siquém (27.1-10) = um cerimonial de bênçãos e maldições deveria 
acontecer após a conquista de Canaã, nas proximidades de Siquém, lugar onde 
os patriarcas haviam tido encontros com Deus – este seria o primeiro lugar de 
culto e de lembrança da Lei. 
b. Maldições conseqüentes da desobediência de estipulações específicas da Aliança 
(27.11-26) = uma disposição especial havia sido prevista para este cerimonial que 
lidava com casos específicos de violações da aliança. 
c. Bênçãos advindas da obediência geral da Aliança (28.1-14) = esta parte promete 
prosperidade física e material, reafirmando o propósito de Deus de exaltar Israel 
como povo santo, condicionado à sua obediência espiritual. 
d. Maldições advindas da desobediência da Aliança (28.15-68) = Esta Segunda lista 
de maldições é cerca de 3 vezes maior que a lista de bênçãos! Ameaça com a 
perda total das bênçãos de prosperidade física e material, mostrando ainda as 
conseqüências políticas e sociais – Israel, ao invés de povo exaltado, se tornará 
povo servil, escravo. Voltariam às condições pré-êxodo. 
 
2. Renovo do Compromisso com a Aliança (29.1-30.20) 
a. Relembrando os atos salvíficos de Deus (29.1-9) = é uma recitação dos atos e 
fatos que marcaram a história durante os primeiros anos de peregrinação. 
b. Uma antecipação da rebelião de Israel, do Julgamento de Deus seguido da graça 
divina sobre os arrependidos (29.10-30.10) = é uma visão profética da 
infidelidade futura do povo e da graça redentora de Deus que será exercida em 
futuro distante. 
c. Grande desafio da escolha: seguir a Deus e viver, ou rebelar e morrer (30.11- 
20) = o povo é colocado diante de uma decisão vital antes da entrada na Terra 
Santa, decisão esta que deveria ser relembrada a cada instante de desafio na 
vida do povo. 
 
3. O Futuro da Aliança (31.1-29) 
a. Deus é o único e verdadeiro líder de Seu povo (31.1-8) = apesar de não haver um 
compromisso formal, esta nova geração se comprometeu em seguir e obedecer 
a aliança dada e feita com seus pais. 
b. A palavra de Deus é para ser lida e relembrada (31.9-13) = uma provisão para o 
futuro que inclui um sucessor mosaico, Josué, como mediador da aliança bem 
como executor da lei. 
c. Provisão divina para o futuro: um líder, um cântico, um Livro da Lei (31.14-29) = 
a provisão futura, além de um líder, incluía um cântico com o propósito de 
lembrar a nação do compromisso feito com a aliança, e um registro da lei afim 
de que as gerações futuras pudessem conhecer a vontade de Deus. 
 
4. Cântico de Moisés e Conclusão Ministerial (31.30-34.12) 
a. Apresenta um hino extraordinário de exaltação a Deus, recontando a história 
dos atos de Deus criando o povo (31.30-32.43). 
b. Um interlúdio narrativo, antecipando a morte de Moisés, o ato final de Moisés 
abençoando o povo (33.1-29) e a morte de Moisés. 
 
De um modo geral o livro de Deuteronômio nos traz a um entendimento mais profundo 
do nosso relacionamento com Deus e Sua Palavra. Este livro nos mostra os seguintes 
pontos: 
 
a. Deus é soberano sobre a história, natureza e nossas vidas. Não devemos colocar 
nada, nenhuma coisa, instituição ou pessoa numa posição que esteja competindo 
com Seu senhorio; 
b. Deus nos ama o suficiente para nos mostrar como entrar em um relacionamento 
com Ele pela fé; 
c. Deus dá em abundância para prover para as necessidades de Seu povo; 
d. Deus deseja e quer que Seu povo esteja somente e totalmente devotado a Ele. Nada 
deve impedir o relacionamento entre Deus e nós. Qualquer coisa que o faça é 
considerado idolatria; 
e. Devemos amar a Deus com a totalidade de nosso ser e compartilhar este amor com 
outros – família e vizinhos; 
f. Deus escolheu a nós, pela Sua graça, para sermos um povo especial e singular que 
deve refletir a Sua natureza no mundo; 
g. Deus nos deu orientação (através de Sua Palavra) de como seguir e cumprir o 
propósito de sermos testemunhas de Seu caráter; 
h. Deus abençoa aqueles que O obedecem e julga aqueles que Lhe desobedecem. 
 
Fica claro que a obediência é o caminho da vida necessário para que a comunidade de 
Deus (o corpo de Cristo) mantenha a unidade, a pureza e o testemunho eficaz. Qualquer 
outra coisa interrompe esta comunhão fortalecedora e é considerado pecado ou 
rebelião. Mas lembremos que tudo isto está baseado na experiência do amor redentivo 
de Deus – a experiência da redenção nos leva a firmarmos este acordo de Aliança com 
Deus – no nosso caso na pessoa de Cristo – também aqui na base de Seu amor redentor 
provado no livramento de cada um. 
 
Jamais perderemos em sermos fiéis e obedientes aos mandamentos divinos uma vez 
que já fomos libertos e aguardamos bênçãos ainda maiores em futuro próximo – isto 
Paulo expressa quando diz “manter os olhos fixos no autor e consumador da nossa fé.” 
(Heb 12.2). 
Seja você também encorajado a manter firme os teus propósitos de obediência e 
fidelidade a Deus em Cristo Jesus, e serás vitorioso para a glória do Senhor que nos 
salvou. 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
Nesta última lição sobre o Pentateuco iremos olhar o livro (ou livros) como um todo. Os 
5 livros do Pentateuco têm os seus nomes oriundos do latim (da Septuaginta grega) e 
que indicam o conteúdo geral dos mesmos: Gênesis: significa Origem; Êxodo: significa

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