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A violência simbólica no meio de transporte Texto por: Bia Mansur, Carmen Lucia, Julia Cordeiro e Nicolle Baptista "A flor da pele e ao fundo da alma – assim é a violência no cotidiano, uma violência que corre e ricocheteia sobre todas as superfícies de nossa existência e que uma palavra, um gesto, uma imagem, um grito, uma sombra que seja, capta, sustenta e relança indefinidamente, e que, no entanto, desta espuma dos dias, abre à alma vertiginosos abismos em mergulhos de angústia que nos fazem dizer: ‘Sou eu mesmo toda essa violência?’ " - Roger Dadoun De acordo com os estudos de Roger Dadoun, a violência é considerada essência do homem, inseparável de seu modo de viver, comparando-a com o mundo animal e a relação entre presa e caçador. Em sua teoria, podemos ver a violência a partir de três figuras: Gênese, Extermínio e Terrorismo. Gênese remete a histórias bíblicas, que simbolizam um dos possíveis inícios da humanidade, no campo religioso. Histórias como a de Adão e Eva, Caim e Abel, demonstram violência desde a criação. O Extermínio é pelo ponto de vista de massacres, genocídios etc., onde os homens eliminam o que é diferente de si (como os judeus, negros, homossexuais e outros grupos sociais). E o Terrorismo é de cunho político, ideológico e religioso, onde pode-se avaliar a intolerância religiosa, por exemplo. Sabendo disso, devemos levar em conta aspectos relevantes para seguirmos para um exemplo atrelado ao cotidiano: a violência transcende o que as pessoas a consideram, como física e palpável. E é nesse momento que falamos de violência simbólica. A violência simbólica é mais imperceptível, pode acontecer através de uma conversa, um olhar, entre outros. Para exemplificarmos essa violência simbólica, usaremos o meio de transporte público. Se pensarmos no cotidiano da maioria da população brasileira, pensamos, em algum momento, em transportes públicos de diversos tipos: Trem, metrô, ônibus. E associamos também a imagem de um ambiente lotado, muitas vezes desagradável ou com falta de manutenção, isso, é claro, além do fator humano e coisas que acontecem diariamente como discussões, assédios físicos e morais etc. Como o foco é a violência simbólica, pensemos então em seu conceito (coisas imperceptíveis e geralmente não relacionadas à violência) e avaliemos o exemplo dado acima e por qual motivo este pode ser considerado uma violência. Todas essas situações acima, o desconforto, a falta de assento para todos em um transporte, a lotação excessiva dele, são fatores desgastantes na rotina diária de uma pessoa, às vezes sendo pior, por exemplo, enfrentar a ida e vinda para casa que uma carga horária inteira de trabalho. Uma das características da violência simbólica é a sua sutileza, afetar a parte psicológica ao invés da física. Se abordarmos o assunto de forma mais delimitada, temos uma taxa maior de violência simbólica, por exemplo, ao atrelarmos à problemática da violência de gênero em transportes, que é muito recorrente na sociedade brasileira e, apesar de haver campanhas de conscientização, ainda acontece de forma velada. E esses acontecimentos devem-se, muitas vezes, ao apelo psicológico, que é onde encontramos a violência simbólica. É claro que não devemos desconsiderar que também há violência em seu sentido mais físico em um transporte público, porém deve ser debatida a violência que ninguém vê, para que ela também seja contraposta de alguma maneira, assim como há projetos em prol da violência física. A sociedade em que vivemos, de acordo com as teorias de Dadoun, tem tendências a ser uma sociedade naturalmente violenta em diversos aspectos, e o exemplo dado é apenas um entre muitos outros que podem ser usados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DADOUN, Roger. A violência: Ensaio acerca do “homo violens”. Rio de Janeiro: DIFEL,1998. VILAÇA, Laura. A violência de gênero no âmbito do transporte público brasileiro. Artigo online em JusBrasil: 2016.
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