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DIREITO TRIBUTÁRIO (PGE-BA 2014) *Imunidade Tributária (instituição de educação). **Matéria relacionada= constitucional. DOUTRINA LEGISLAÇÃO JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE _____ x ____ _____ art. 14 do CTN. _______ Questão 03 . Uma instituição educacional, após dois anos de funcionamento, solicitou ao fisco local o reconhecimento de sua imunidade para fins tributários em relação ao seu patrimônio, renda ou serviços, e, para tanto, encaminhou diversos documentos a fim de demonstrar que era uma instituição sem fins lucrativos e que se adequava aos requisitos legais exigidos. Durante a análise feita pelo fisco local, constatou-se que os diretores recebiam salários muito acima dos existentes no mercado e que haviam instituído fundação que distribuía valores para diversas outras entidades, cujos sócios eram os mesmos diretores da referida instituição de educação. Diante desses fatos, a administração tributária consultou a procuradoria a respeito do deferimento ou não do pedido de reconhecimento da imunidade da instituição educacional. Considerando a situação hipotética apresentada acima, na qualidade de procurador responsável pela análise, discorra sobre os seguintes pontos invocados a baixo, à luz da Constituição Federal (CF) e do CTN. < Qual é o conceito de imunidade aplicada a instituição de educação? [valor: 4,00 pontos] < Toda e qualquer instituição de educação possui imunidade prevista na CF em relação ao seu patrimônio, renda ou serviços? Fundamente sua resposta. [valor: 7,50 pontos] < Analise a possibilidade de ser reconhecida a imunidade para a referida instituição educacional, esclarecendo se o fisco poderá cobrar os valores de tributos que não foram pagos até a solicitação do reconhecimento da imunidade. [valor: 7,50 pontos] PADRÃO DE RESPOSTA CESPE O candidato deverá elaborar um texto dissertativo analisando a hipótese levantada, devendo abordar necessariamente os itens de 1 a 3, e pelo menos, o que abaixo se descreve: 2.1- a imunidade é regra negativa de competência tributária, pois veda o exercício do poder de tributar do ente político, a fim de atender determinados direitos e garantias fundamentais reconhecidos e assegurados às pessoas e instituições pela carta política. No caso da imunidade aplicada às instituições de educação, ela é subjetiva, visto que depende de suas condições para que a mesma seja aplicada, não sendo válida para todos os casos; 2.2- não é qualquer instituição de educação que poderá gozar da imunidade constitucional, pois a mesma é subjetiva, dependendo, portanto, se a instituição atende aos requisitos infraconstitucionais previstos no art. 14 do CTN; 2.3- diante do caso hipotético, não há que se deferir a imunidade ao requerente, uma vez que um dos requisitos básicos não está sendo atendido, qual seja, o de não ser a instituição sem fins lucrativos, dado que faz repasses diretos e indiretos para seus diretores de valores oriundos da atividade, e que não podem ser enquadrados como salários ou rendimentos salariais. Assim, os valores que deixaram de ser pagos devem ser ressarcidos aos cofres públicos com multa e penalidade pecuniária. COMPLEMENTAÇÃO *Dispositivo citado pelo espelho: **Art. 14 do CTN. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. *Dispositivos pertinentes: **Art. 5º - XXXIV, da CF - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; **Art. 146 da CF. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) I - será opcional para o contribuinte; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) ** Art. 146-A da CF. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) ** Art. 149 da CF. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art146iiid http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art146iiid http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc42.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1 33, de 2001) I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) **Art. 150 da CF. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013) § 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. § 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. § 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc33.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc03.htm#art2%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc03.htm#art2%C2%A72 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc75.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc75.htm#art1 § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) **Art. 151 da CF. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. **Art. 184 da CF. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. (LEIA-SE IMUNE...o Poder Constituinte Originário tinha dificuldades em tributário). **Art. 195 da CF. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. (LEIA-SE IMUNE...o Poder Constituinte Originário tinha dificuldades em tributário). **Art. 9º do CTN. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - cobrar imposto sobre: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc03.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc03.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc20.htm#art12 a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; (Redação dada pela Lei Complementar nº 104, de 2001) d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros. § 1º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros. § 2º O disposto na alínea a do inciso IV aplica-se, exclusivamente, aos serviços próprios das pessoas jurídicas de direito público a que se refere este artigo, e inerentes aos seus objetivos. **Art. 12 do CTN. O disposto na alínea a do inciso IV do artigo 9º, observado o disposto nos seus §§ 1º e 2º, é extensivo às autarquias criadas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, tão- somente no que se refere ao patrimônio, à renda ou aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais, ou delas decorrentes. . **Art. 14 do CTN. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp104.htm § 2º Osserviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. . **COMPLEMENTANDO: Padrão de Resposta da Prova Cespe TCE-PR 2016 (pergunta sobre imunidade): . Os fatos que não possuem aptidão para gerar tributos integram a seara da não incidência. Entre esses fatos, há aqueles que não foram incluídos entre as situações tributáveis, embora a sua inclusão fosse possível. A não inclusão pode decorrer da ausência de competência para fazê-lo, ou da vontade discricionária do legislador. A imunidade é um instituto que delimita a competência tributária e, portanto, só pode ser tratada pela Constituição Federal, a qual não reconhece a competência necessária ao legislador para a criação de tributo sobre determinado fato ou base imponível, ou seja, caso a lei venha a instituir um tributo sobre algum fato imune, tal lei deverá ser considerada inconstitucional e, portanto, nula. No caso da imunidade, os fatos que possuem aptidão para gerar tributos são afastados da incidência, ou seja, a imunidade fica restrita ao campo da não incidência tributária. Neste sentido é possível se afirmar que na imunidade não ocorre o fato gerador Parte da jurisprudência e da doutrina entendem que as imunidades devem ser interpretadas de forma extensiva. . Padrão de Resposta da Prova MPE-PR 2019 banca própria: . A imunidade tributária subjetiva, prevista pelo art. 150, inciso VI, alínea “c”, da Constituição Federal, é aplicável apenas ao contribuinte de direito. Como o ICMS é um imposto indireto, e no caso proposto os hospitais beneficentes seriam apenas contribuintes de fato, não há que se falar em imunidade. A transferência do custo do tributo ao adquirente é irrelevante. Tal entendimento foi fixado pelo STF, ao apreciar o tema de repercussão geral 342 (RE 608872): “A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuintes de direito, mas não na de simples contribuintes de fato, sendo irrelevante para a verificação da existência do beneplácito constitucional a repercussão econômica do tributo envolvido.” . **Julgados STF (citado pelo espelho): . EMENTA Recurso extraordinário. Repercussão geral. Imunidade do art. 150, inciso VI, alínea a, CF. Entidade beneficente de assistência social. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Aquisição de insumos e produtos no mercado interno na qualidade de contribuinte de fato. Beneplácito reconhecido ao contribuinte de direito. Repercussão econômica. Irrelevância. 1. Há muito tem prevalecido no Supremo Tribunal Federal o entendimento de que a imunidade tributária subjetiva se aplica a seus beneficiários na posição de contribuintes de direito, mas não na de simples contribuintes de fato, sendo irrelevante para a verificação da existência do beneplácito constitucional a discussão acerca da repercussão econômica do tributo envolvido. Precedentes. 2. Na primeira metade da década de sessenta, alguns julgados já trataram do tema, ensejando a edição da Súmula nº 468/STF. Conforme o enunciado, após a Emenda Constitucional 5, de 21/11/1961, o imposto federal do selo era devido pelo contratante não beneficiário de desoneração constitucional (contribuinte de direito) em razão de contrato firmado com a União, estado, município ou autarquia, ainda que a esses entes imunes fosse repassado o encargo financeiro do tributo por força da repercussão econômica (contribuintes de fato). 3. A Súmula nº 591, aprovada em 1976, preconiza que “a imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto sobre produtos industrializados”. 4. Cuidando do reconhecimento da imunidade em favor de entidade de assistência social que vendia mercadorias de sua fabricação (contribuinte de direito), admite o Tribunal a imunidade, desde que o lucro obtido seja aplicado nas atividades institucionais. 5. À luz da jurisprudência consagrada na Corte, a imunidade tributária subjetiva (no caso do art. 150, VI, da Constituição Federal, em relação aos impostos) aplica-se ao ente beneficiário na condição de contribuinte de direito, sendo irrelevante, para resolver essa questão, investigar se o tributo repercute economicamente. 6. O ente beneficiário de imunidade tributária subjetiva ocupante da posição de simples contribuinte de fato – como ocorre no presente caso –, embora possa arcar com os ônus financeiros dos impostos envolvidos nas compras de mercadorias (a exemplo do IPI e do ICMS), caso tenham sido transladados pelo vendedor contribuinte de direito, desembolsa importe que juridicamente não é tributo, mas sim preço, decorrente de uma relação contratual. A existência ou não dessa translação econômica e sua intensidade dependem de diversos fatores externos à natureza da exação, como o momento da pactuação do preço (se antes ou depois da criação ou da majoração do tributo), a elasticidade da oferta e a elasticidade da demanda, dentre outros. 7. A propósito, tal orientação alinha- se aos precedentes desta Corte no sentido de ser a imunidade tributária subjetiva constante do art. 150, VI, c, da Constituição aplicável à hipótese de importação de mercadorias pelas entidades de assistência social para uso ou consumo próprios. Essas entidades ostentam, nessa situação, a posição de contribuintes de direito, o que é suficiente para o reconhecimento do beneplácito constitucional. O fato de também serem apontadas, costumeira e concomitantemente, como contribuintes de fato é irrelevante para a análise da controvérsia. Precedentes. 8. Em relação ao caso concreto, dou provimento ao recurso extraordinário para declarar não ser aplicável à recorrida a imunidade tributária constante do art. 150, VI, c, da Constituição Federal. Sem condenação em honorários, nos termos da Súmula nº 512/STF. Custas ex lege. 9. Em relação ao tema nº 342 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF na internet, fixa-se a seguinte tese: “A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante para a verificação da existência do beneplácito constitucional a repercussão econômica do tributo envolvido.” (RE 608872, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 23/02/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-219 DIVULG 26-09-2017 PUBLIC 27-09-2017) Resumo do julgado A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido. • Se a entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva. • Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a imunidade subjetiva. STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22 e 23/2/2017 (repercussão geral) (Info 855). Comentários do julgado Imunidade tributária Imunidade tributária consiste na determinação feita pela Constituição Federal de que certas atividades, rendas, bens ou pessoas não poderão sofrer a incidência de tributos. Trata-se de uma dispensa constitucional de tributo. A imunidade é uma limitação ao poder de tributar, sendo sempre prevista na própria CF. Imunidades subjetiva, objetiva e mista Como vocês sabem, a doutrina adora criar classificações sobre os institutos jurídicos. As imunidades também são classificadas segundo diversos critérios. Uma das classificações diz que existem três espécies de imunidades: a) SUBJETIVA (PESSOAL) b) OBJETIVA (REAL)c) MISTAS Ocorre quando a imunidade foi instituída em razão das características de uma determinada pessoa. Ocorre quando a imunidade foi instituída em função de determinados fatos, bens ou situações. Verifica-se quando ocorre uma combinação entre os dois critérios anteriores. Ex: art. 150, VI, "a", "b" e "c", da CF/88. Ex: art. 150, VI, "d", da CF/88. Ex: art. 153, § 4º, II, da CF/88. Assim, a imunidade que beneficia instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos é uma imunidade subjetiva, considerando que foi criada em função da condição pessoal dessas instituições. A imunidade que recai sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão é objetiva porque não interessa quem seja a pessoa envolvida, mas sim esta lista de bens. A CF/88 prevê que o ITR não incide sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel. "Tal imunidade é mista porque depende de aspectos subjetivos (o proprietário possuir apenas um imóvel) e objetivos (a área da pequena gleba estar dentro dos limites da lei" (ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário, p. 206). Tributos indiretos Tributos indiretos são aqueles que permitem a transferência do seu encargo econômico para uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos mais conhecidos: IPI, ICMS, ISS e IOF. Assim, quando você recebe a conta de energia elétrica, por exemplo, vai ter um campo chamado detalhamento da conta. Nele você irá encontrar a discriminação dos itens que você está pagando enquanto consumidor: Consumo: R$ xxx ICMS: yyy Total: xxx + yyy Dessa forma, o "contribuinte de direito" ("pela lei") do ICMS é a empresa concessionária de energia elétrica. No entanto, ela oficialmente está autorizada a repassar este tributo para o consumidor. Logo, o consumidor final é quem acaba sendo o "contribuinte de fato". Como explica Ricardo Alexandre: "O ICMS é tributo indireto. Todo o seu ônus econômico-financeiro é transferido para o consumidor que, ao pagar o preço da mercadoria, paga também o valor do imposto que naquele preço se acha embutido". (ob. cit., p. 225). Tributos diretos são aqueles que, oficialmente, não permitem tal transferência. Contribuinte de direito e contribuinte de fato Assim, pode-se dizer que nos tributos indiretos surgem as figuras do contribuinte de direito e do contribuinte de fato: a) Contribuinte de direito: é a pessoa que realiza o fato gerador. b) Contribuinte de fato: é a pessoa que paga efetivamente o imposto considerando que o contribuinte de direito transferiu para ele este encargo. QUANDO A ENTIDADE IMUNE É CONTRIBUINTE DE DIREITO, HAVERÁ IMUNIDADE? Imagine a seguinte situação: A CF/88 prevê que as entidades de assistência social, sem fins lucrativos, na forma da lei, gozam de imunidade tributária (art. 150, VI, "c"). Imagine que determinada entidade de assistência social comercialize camisas. A venda de camisas está sujeita, em tese, ao pagamento de ICMS. Ocorre que esta entidade argumentou que não deveria incidir ICMS neste caso porque ela goza de imunidade tributária. O Fisco estadual, por sua vez, refutou o argumento afirmando que o ICMS é um tributo indireto e que esta entidade iria repassar o encargo econômico do imposto para o consumidor final (contribuinte de fato). Logo, para a Fazenda Pública, deveria sim incidir o imposto já que quem iria pagar não era a entidade imune. Qual das duas teses foi acolhida pelo STF? A tese das entidades imunes, ou seja, haverá imunidade neste caso. E QUANDO A ENTIDADE IMUNE É CONTRIBUINTE DE FATO, HAVERÁ IMUNIDADE? Vamos modificar o exemplo: Determinada entidade de assistência social adquire na loja um forno para preparar comida para pessoas carentes. No momento de pagar o valor, ao conferir a nota fiscal, o diretor da entidade percebe que está sendo cobrado dele o ICMS sobre a mercadoria vendida. Ele não se conforma e alega que não deverá pagar o imposto porque a entidade é imune. A tese da entidade foi acolhida pelo STF? NÃO. Segundo entende o STF, mesmo que o comprador da mercadoria seja uma entidade que goza de imunidade tributária, ainda assim deverá haver a normal incidência do imposto. As imunidades deverão ser interpretadas sob o aspecto formal (e não econômico). Dessa forma, tem-se que: · se a entidade imune for contribuinte de direito, o imposto não incidirá; · se a entidade imune for apenas contribuinte de fato, o imposto incidirá normalmente. O STF apreciou o tema sob a sistemática da repercussão geral e fixou a seguinte tese: A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido. STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22 e 23/2/2017 (repercussão geral) (Info 855). Assim, a imunidade tributária subjetiva aplica-se ao ente beneficiário se ele for o contribuinte de direito, não importando discutir se o tributo em questão pode ou não ter repercussão econômica para terceiros. Não se pode estender ao particular vendedor (contribuinte de direito) a imunidade tributária subjetiva que detém o adquirente de mercadoria (contribuinte de fato). O STF possui um enunciado antigo que transmite essa mesma ideia: Súmula 591-STF: A imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do imposto sobre produtos industrializados. Sobre o tema, já explicou Leandro Paulsen: “Importa, para a verificação da existência ou não da imunidade, a posição de contribuinte, nos moldes do raciocínio que inspirou a Súmula nº 591 do STF. Conforme orientação atual do STF, seguindo a linha da referida súmula, descabe verificar se o ente imune é ou não contribuinte de fato, pois a repercussão econômica não está em questão. Ora, se a Constituição diz que é vedado cobrar impostos das entidades de assistência social, é porque nega competência para tanto, não sendo dado ao intérprete perquirir quanto à repercussão econômica do tributo para efeito de decidir se é devido ou não." (PAULSEN, Leandro. Curso de direito tributário. 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 106). No exemplo que demos acima em que a entidade beneficente compra o forno, tal pessoa jurídica irá realmente arcar com o ônus financeiro dos impostos envolvidos nessa venda (IPI e ICMS) caso tenham sido realmente transferidos pelo vendedor (contribuinte de direito). No entanto, este valor que será pago pela entidade não possui natureza jurídica de tributo, mas sim de "preço", decorrente de uma relação contratual. Em outras palavras, a entidade está pagando apenas o preço total no qual, obviamente, o vendedor embutiu todos os seus custos (a fim de que ele possa ter lucro). Vale reiterar, porém, que o valor pago pela entidade não é tributo, mas sim preço. Hugo de Brito Machado trata sobre o tema com maestria, dando o exemplo de uma entidade do Poder Público (que é imune, nos termos do art. 150, VI, "a") que compra uma mercadoria. Veja: “O argumento de que o imposto sobre produtos industrializados (IPI) assim como o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias (ICMS) não incidem na saída de mercadorias que o particular (industrial, comerciante ou produtor) vende ao Poder Público, porque o ônus financeiro respectivo recai sobre este, não tem qualquer fundamento jurídico. Pode ser válido no âmbito da Ciência das Finanças. Não no Direito Tributário. A relação tributária instaura-se entre o industrial,ou comerciante, que vende, e por isto assume a condição de contribuinte, e a Fazenda Pública, ou fisco, credor do tributo. Entre o Estado comprador da mercadoria e o industrial, ou comerciante, que a fornece, instaura-se uma relação jurídica inteiramente diversa, de natureza contratual. O Estado comprador paga simplesmente o preço da mercadoria adquirida. Não o tributo. Este pode estar incluído no preço, mas neste também está incluído o salário dos empregados do industrial, ou comerciante, e nem por isto se pode dizer que há no caso pagamento de salários. Tal inclusão pode ocorrer, ou não. É circunstancial e independe de qualquer norma jurídica. Em última análise, no preço de um produto poderão estar incluídos todos os seus custos, mas isto não tem relevância para o Direito, no pertinente à questão de saber quem paga tais custos” (MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 30ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2009, p. 286/287) Resumindo: • Se a entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva. • Se a entidade imune for contribuinte de fato: não incide a imunidade subjetiva. PAGAMENTO INDEVIDO DE ICMS NAS CONTAS DE ENERGIA ELÉTRICA E LEGITIMIDADE PARA PEDIR A RESTITUIÇÃO Como vimos acima, tributos indiretos são aqueles que permitem a transferência do seu encargo econômico para uma pessoa diferente daquela definida em lei como sujeito passivo. Exemplos mais conhecidos: IPI, ICMS, ISS e IOF. Tributos diretos são aqueles que, oficialmente, não permitem tal transferência. Se houver pagamento indevido de tributo, o sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo (art. 165 do CTN). A isso se dá o nome de repetição de indébito. Nos tributos diretos, a regra relativa às restituições é simples: quem pagou um valor indevido ou maior que o devido tem direito à restituição. Nos tributos indiretos, a questão é um pouco mais complexa. Se o contribuinte de direito repassou oficialmente o encargo econômico do tributo a um terceiro e, mais tarde, percebeu-se que tal ônus não correspondia ao previsto na lei, havendo direito à restituição, seria justo restituir o excesso ao primeiro? Em outras palavras, sendo o tributo indireto, quem detém a legitimidade ativa ad causam para pleitear a restituição do indébito? Trata-se de questão difícil e polêmica. O STJ estabeleceu a seguinte distinção: 1) REGRA GERAL: a legitimidade para pleitear a restituição é do CONTRIBUINTE DE DIREITO. Argumento: o contribuinte de fato não integra a relação jurídica tributária. Ex: no caso de pagamento indevido de IPI sobre a fabricação de bebidas, o STJ decidiu que a legitimidade ativa ad causam para pleitear a restituição do indébito é do fabricante de bebida (contribuinte de direito) (REsp 903.394/AL, DJe de 26/04/2010). 2) No caso de tributos pagos indevidamente por CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA ELÉTRICA: a legitimidade para pleitear a restituição é do CONTRIBUINTE DE FATO (consumidor). Argumentos: a concessionária sempre evitará embates desgastantes com o Poder Público. Além disso, em caso de aumento de tributos, poderá repassar esse valor nas tarifas. Logo, o STJ concluiu que não haveria interesse das concessionárias em pleitear a restituição do indébito em caso de terem sido tributadas indevidamente. Desse modo, o consumidor iria arcar com a repercussão econômica do tributo pago a maior e, como a concessionária não iria pleitear a repetição do indébito, essa situação de abusividade na cobrança iria se perpetuar, em prejuízo ao usuário dos serviços públicos. Veja as palavras do Min. Cesar Asfor Rocha: “Sem dúvida, no caso das concessionárias do serviço público, diante de tudo o que foi dito acima, entendo que a legitimidade do consumidor final permanece. Decidir de forma diversa impede qualquer discussão, por exemplo, sobre a ilegalidade – já reconhecida neste Tribunal Superior – da incidência do ICMS sobre a demanda "contratada e não utilizada", contrariando as normas que disciplinam as relações envolvidas nas concessões de serviço público. Isso porque, volto a afirmar, em casos como o presente, inexiste conflito de interesses entre a Fazenda Pública, titular do tributo, e as concessionárias, que apenas repassam o custo tributário à tarifa por força do art. 9º, §§ 2º e 3º, da Lei n. 8.987/1995. (...) Situação diversa é a da fabricação e do comércio de bebidas, objeto do REsp 903.394/AL (repetitivo), não aplicável ao caso em debate. Se o fabricante simplesmente repassar ao preço do seu produto de venda o valor do ICMS cobrado indevidamente, as suas vendas poderão cair. Em virtude da concorrência no setor privado – o que dificilmente ocorre no fornecimento de energia elétrica –, o distribuidor (adquirente da bebida) poderá buscar outro fabricante, com produtos inferiores ou importados, com preços menores. Para compensar o ICMS pago a mais e a fim de não reduzir as vendas, terá o fabricante que reduzir custos e lucros, ao menos até que volte a dominar o mercado. Sem dúvida, portanto, nessa situação, há conflitos de interesses entre o credor do tributo e o fabricante, o que viabiliza o ingresso de ações na Justiça por parte deste.” (REsp 1.299.303/SC). Este entendimento do STJ permanece válido mesmo com a decisão do STF acima explicada. CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A imunidade tributária subjetiva é aplicada se a entidade imune for contribuinte de fato?. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b87517 992f7dce71b674976b280257d2>. Acesso em: 21/05/2020 https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b87517992f7dce71b674976b280257d2 https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/b87517992f7dce71b674976b280257d2 *PROVAS ORAIS: . 1) PROVA ORAL (Magistratura Estadual - Concurso: TJRJ - Ano: 2012 - Banca: TJRJ - Disciplina: Direito Tributário - Diferença entre imunidade e isenção.) SEM ESPELHO. 2) (PROVA ORAL CESPE) Ministério Público Estadual - MPE-AC - Ano: 2014 - Banca: CESPE - Disciplina: Direito Tributário - CF/88 - Art. 5º - XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; Art. 184 - § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Esses dispositvos se tratam de imunidade ou isenção? Diferencie imunidade de isenção. O que é taxa? SEM ESPELHO. 3) (PROVA ORAL CESPE) Magistratura Federal - TJDFT - Ano: 2014 - Banca: CESPE - Disciplina: Direito Tributário - Por que razão axiológica a União não pode tributar os templos e os livros? Onde a imunidade está prevista? Onde a isenção está prevista? SEM ESPELHO. 4) TJCE - Ano: 2019 - Banca: CEBRASPE - Direito Tributário - Apresente o conceito de imunidade tributária recíproca e, em seguida, responda, justificadamente, aos seguintes questionamentos. 1 O ente imune pode ser responsável ou substituto tributário? 2 A imunidade recíproca abrange o imposto sobre operações financeiras (IOF)? PADRÃO DE RESPOSTA 1 Conceito de imunidade tributária recíproca: A imunidade recíproca é uma limitação constitucional ao poder de tributar: ela impede que os entes federativos cobrem impostos uns dos outros. Essa imunidade é aplicável apenas aos impostos, não abrangendo taxas, contribuições e outras espécies tributárias. O fundamentolegal para tal limitação consta do art. 150, inc. VI, alínea a) da Constituição Federal de 1988: Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI – instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; Essa imunidade é aplicável igualmente às autarquias e fundações públicas, desde que vinculada às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes, ressalvados os fatos geradores relacionados com exploração de atividades econômica ou a empreendimentos privados nos quais exista contraprestação ou pagamento pelo usuário. Confiram-se os §§ 2.º e 3.º do art. 150 da CF: Art. 150 (...) § 2.º A vedação do inciso VI, ‘a’, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. § 3.º As vedações do inciso VI, ‘a’, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. 2 Possibilidade de o ente imune ser responsável ou substituto tributário: A imunidade recíproca não exime o ente imune das demais obrigações para com o fisco. Assim, não há impedimento constitucional para que a lei instituidora dos impostos preveja que esses entes figurem como responsáveis ou substitutos tributários. Essa questão encontra-se expressamente prevista no § 1.º, IV, art. 9.º do Código Tributário Nacional: Art. 9.º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV – cobrar imposto sobre: a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros; (...) § 1.º O disposto no inciso IV não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros. Tanto na substituição tributária como na responsabilidade, não há deslocamento na sujeição tributária passiva. Os responsáveis e os substitutos tributários não passam a ser contribuintes do tributo. Logo, a imunidade tributária não é aplicável. 3 Imunidade recíproca e o imposto sobre operações financeiras (IOF): A imunidade recíproca abrange todo e qualquer imposto, desde que as rendas em questão estejam vinculadas às finalidades essenciais do ente imune ou sejam delas decorrentes. Esse é o entendimento sedimentado do STF, que aponta que a imunidade recíproca abrange todos os impostos, incluindo-se o IOF, diante da ausência de ressalva constitucional em relação a esse tributo. IMPOSTO – IMUNIDADE RECÍPROCA – Imposto sobre Operações Financeiras. A norma da alínea ‘a’ do inciso VI do artigo 150 da Constituição Federal obstaculiza a incidência recíproca de impostos, considerada a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Descabe introduzir no preceito, à mercê de interpretação, exceção não contemplada, distinguindo os ganhos resultantes de operações financeiras. (STF, RE 197940 AgR/SC, min. Marco Aurélio, Segunda Turma, j. 04/03/1997) 5) Magistratura Federal - TJDFT - Ano: 2014 - Banca: CESPE - Disciplina: Direito Tributário - Por que razão axiológica a União não pode tributar os templos e os livros? Onde a imunidade está prevista? Onde a isenção está prevista? SEM ESPELHO 6) Magistratura Federal - TJDFT - Ano: 2014 - Banca: CESPE - Disciplina: Direito Tributário - Imunidade recíproca fundamenta- se em que tipo de federalismo? SEM ESPELHO **O julgado abaixo é por minha conta: E M E N T A: AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA – JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CONSOLIDADA QUANTO À MATÉRIA VERSADA NA CAUSA – POSSIBILIDADE, EM TAL HIPÓTESE, DE O RELATOR DECIDIR, MONOCRATICAMENTE, A CONTROVÉRSIA JURÍDICA – COMPETÊNCIA MONOCRÁTICA QUE O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DELEGOU, VALIDAMENTE, EM SEDE REGIMENTAL (RISTF, ART. 21, § 1º) – INOCORRÊNCIA DE TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE – PLENA LEGITIMIDADE JURÍDICA DESSA DELEGAÇÃO REGIMENTAL – ICMS – EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS – EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO – RECONHECIMENTO, EM SEU FAVOR, DA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA (CF, ART. 150, VI, “a”), QUE TRADUZ UMA DAS PROJEÇÕES CONCRETIZADORAS DO PRINCÍPIO DA FEDERAÇÃO – PRECEDENTES – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. – A Constituição da República confere ao Supremo Tribunal Federal a posição eminente de Tribunal da Federação (CF, art. 102, I, “f”), atribuindo-lhe, nessa condição institucional, o poder de dirimir controvérsias cuja potencialidade ofensiva revele-se apta a vulnerar os valores que informam o princípio fundamental que rege, em nosso ordenamento jurídico, o pacto da Federação. Doutrina. Precedentes. – A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), que é empresa pública, executa, como atividade-fim, serviço postal constitucionalmente outorgado, em regime de monopólio, à União Federal, qualificando-se, em razão de sua específica destinação institucional, como entidade delegatária dos serviços públicos a que se refere o art. 21, inciso X, da Lei Fundamental, o que exclui essa empresa governamental, em matéria de impostos (inclusive o ICMS), por efeito do princípio da imunidade tributária recíproca (CF, art. 150, VI, “a”), do poder de tributar deferido aos entes políticos em geral. Precedentes. – Consequente inexigibilidade, por parte do Distrito Federal, do ICMS referente às atividades de transporte de encomendas executadas pela ECT na prestação dos serviços públicos: serviço postal, no caso. (ACO 2654 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 03/03/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-053 DIVULG 21- 03-2016 PUBLIC 22-03-2016) . **Trechos do voto acima: . É importante pôr em destaque, neste ponto, a própria razão de ser da cláusula que instituiu a imunidade tributária recíproca. Sabemos que a Constituição do Brasil, ao institucionalizar o modelo federal de Estado, perfilhou, a partir das múltiplas tendências já positivadas na experiência constitucional comparada, o sistema do federalismo de equilíbrio, cujas bases repousam na necessária igualdade político-jurídica entre as unidades que compõem o Estado Federal. Desse vínculo isonômico que parifica as pessoas estatais dotadas de capacidade política deriva, como uma de suas consequências mais expressivas, a vedação – dirigida a cada um dos entes federados – de instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços uns dos outros, bem assim de suas instrumentalidades administrativas, como esta Suprema Corte vem decidindo a respeito de semelhante questão. A imunidade tributária recíproca – consagrada pelas sucessivas Constituições republicanas brasileiras – representa um fator indispensável à preservação institucional das próprias unidades integrantes do Estado Federal, constituindo, ainda, importante instrumento de manutenção do equilíbrio e da harmonia que devem prevalecer, como valores essenciais que são, no plano das relações político-jurídicas fundadas no pacto da Federação. A concepção de Estado Federal que prevalece em nosso ordenamento positivo impede – especialmente em função do papel que incumbe a cada unidade federada desempenhar no seio da Federação – que qualquer delas institua impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços tanto das demais pessoas políticas quantodas respectivas pessoas administrativas, quando criadas para executar, mediante outorga, serviços públicos constitucionalmente incluídos na esfera orgânica de competência das entidades governamentais. No processo de indagação das razões políticas subjacentes à previsão constitucional da imunidade tributária recíproca, cabe destacar, precisamente, a preocupação do legislador constituinte de inibir, pela repulsa à submissão fiscal de uma entidade federada a outra, qualquer tentativa que, concretizada, possa, em última análise, inviabilizar o próprio funcionamento da Federação. 7) Magistratura Federal - TJDFT - Ano: 2014 - Banca: CESPE - Disciplina: Direito Tributário - Lei Complementar pode criar novas limitações ao poder de tributar? SEM ESPELHO **Trecho do livro DIREITO TRIBUTÁRIO (Ricardo Alexandre Ed. GEN 2016, pg. 101): A Carta Magna estatui as principais limitações ao exercício da competência tributária, mas não necessariamente todas. Isto é percebido pela simples leitura do art. 150 da CF. O dispositivo inaugura a Seção denominada “Das limitações do poder de tributar”, deixando claro que as garantias que estatui existem “sem prejuízo de outras (…) asseguradas ao contribuinte”. Assim, é lídimo afirmar que as garantias ali estatuídas formam um rol não exaustivo, pois existem outras estipuladas em dispositivos diversos da Constituição Federal (art. 5.º, inciso, XXXIV, por exemplo), além daquelas que decorrem do regime e dos princípios adotados pela própria Carta ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte (CF, art. 5.º, § 2.º). Nessa linha, no concurso para Advogado da União, realizado em 2002, o CESPE propôs a seguinte afirmativa (correta): “O poder de o Estado criar e cobrar tributos não é ilimitado no Estado democrático de direito; no caso brasileiro, esse poder sofre diversas limitações: boa parte delas, mas nem todas, está no capítulo que regula o Sistema Tributário Nacional”. **Trecho interessante: . 1. DAS IMUNIDADES CONSTITUCIONAIS A Imunidade é um obstáculo à tributação expressa na própria Constituição. Assim sendo, o que é imune, conforme hipóteses definidas pelo poder constituinte originário, jamais poderá ser tributado. Portanto, trata-se de uma limitação à competência tributária das pessoas políticas. Assim, a Constituição Federal determina uma série de imunidades. Então, em que pese haver o tributo sido instituído por lei etc., se configurado algum caso de imunidade constitucional, não haverá incidência. Sua natureza é dúplice, portanto. É ao mesmo tempo um óbice constitucional à tributação e um direito subjetivo de certas pessoas beneficiárias do instituto. Leciona nesse sentido Regina Helena Costa, que com a costumeira precisão, define a imunidade tributária como: a exoneração, fixada constitucionalmente, traduzida em norma expressa impeditiva da atribuição de competência tributária ou extraível, necessariamente, de um ou mais princípios constitucionais, que confere direito público subjetivo a certas pessoas, nos termos por ela delimitados, de não se sujeitarem à tributação. É claro que imunidade difere da isenção. Isto porque, imunidade é a não tributação constitucionalmente qualificada, isto é, prevista na própria Constituição. Contudo, a isenção é uma vedação da tributação, mas legalmente qualificada, ou seja, prevista em lei, que evidentemente é norma de hierarquia inferior à Constituição. Desta forma, a isenção pode ser extinta, desde que por lei de mesma hierarquia daquela que a criou, o que não ocorre relativamente à imunidade. 1. DAS IMUNIDADES CONSTITUCIONAIS A Imunidade é um obstáculo à tributação expressa na própria Constituição. Assim sendo, o que é imune, conforme hipóteses definidas pelo poder constituinte originário, jamais poderá ser tributado. Portanto, trata-se de uma limitação à competência tributária das pessoas políticas. Assim, a Constituição Federal determina uma série de imunidades. Então, em que pese haver o tributo sido instituído por lei etc., se configurado algum caso de imunidade constitucional, não haverá incidência. Sua natureza é dúplice, portanto. É ao mesmo tempo um óbice constitucional à tributação e um direito subjetivo de certas pessoas beneficiárias do instituto. Leciona nesse sentido Regina Helena Costa, que com a costumeira precisão, define a imunidade tributária como: a exoneração, fixada constitucionalmente, traduzida em norma expressa impeditiva da atribuição de competência tributária ou extraível, necessariamente, de um ou mais princípios constitucionais, que confere direito público subjetivo a certas pessoas, nos termos por ela delimitados, de não se sujeitarem à tributação. É claro que imunidade difere da isenção. Isto porque, imunidade é a não tributação constitucionalmente qualificada, isto é, prevista na própria Constituição. Contudo, a isenção é uma vedação da tributação, mas legalmente qualificada, ou seja, prevista em lei, que evidentemente é norma de hierarquia inferior à Constituição. Desta forma, a isenção pode ser extinta, desde que por lei de mesma hierarquia daquela que a criou, o que não ocorre relativamente à imunidade. Fonte: https://jus.com.br/artigos/80984/limitacoes-constitucionais- ao-poder-de-tributar-na-jurisprudencia-dos-tribunais 8) Magistratura Federal - TJDFT - Ano: 2014 - Banca: CESPE - Disciplina: Direito Tributário - EC pode desfazer imunidade? Tratado pode ser revogado por Lei Tributária? SEM ESPELHO **Artigo interessante: Nessa seara, a rigidez constitucional celebra as chamadas cláusulas pétreas, por traduzir a impossibilidade do Poder Constituinte Derivado Reformador de alterar as disposições constitucionais que exprimam garantias fundamentais: “O poder constituinte originário também estabeleceu algumas vedações materiais, ou seja, definiu um núcleo intangível, comumente chamado pela doutrina de cláusulas pétreas. (i) a forma federativa de Estado; (ii) o voto direto, secreto, universal e periódico; (iii) a separação dos Poderes; e (iv) os direitos e garantias individuais.” Adriana Zawada Melo, em importante lição, assevera sobre as cláusulas pétreas: “[as] “cláusulas pétreas”, representam o núcleo intangível de uma Constituição, gravado com uma cláusula de eternidade (em alemão, ewigkeitsgarantien), a fim de conferir uma força especial, frente às eventuais reformas, aos princípios de maior importância na manutenção da decisão política fundamental, base de determinada Constituição. Essas cláusulas de garantia ou de irreversibilidade gozam, como diz Oscar Vilhena Vieira, de uma superconstitucionalidade (no sentido de possuir uma rigidez maior), o que impede que os princípios alçados à condição de cláusulas intangíveis, de serem suprimidos ou https://jus.com.br/artigos/80984/limitacoes-constitucionais-ao-poder-de-tributar-na-jurisprudencia-dos-tribunais https://jus.com.br/artigos/80984/limitacoes-constitucionais-ao-poder-de-tributar-na-jurisprudencia-dos-tribunais desfigurados, podendo apenas ser admitida a sua reestruturação ou ampliação”. Essa imutabilidade representa uma muralha imposta pelo legislador Constituinte originário para preservar a integridade formal e material da Constituição, inibindo modificações constitucionais que possam mutilar ou diminuir a eficácia dos preceitos constitucionais garantidores da harmonia jurídico-social: “O significado último das clausulas pétreas está em prevenir um processo de erosão da Constituição. A cláusula pétrea não existe tão-só para remediar situação de destruição da Carta, mas tem a missão de inibir a mera tentativa de abolir o seu projeto básico. Pretende-se evitar que a sedução e de apelos próprios de certo momento político destrua um projeto duradouro.” Nessaseara, Kildare Gonçalves Carvalho disserta sobre o assunto em foco: “Constituem o chamado cerne imodificável da Constituição, suas cláusulas pétreas. Expressam as opções que o constituinte originário elegeu, traduziu nas regras estruturadoras do edifício constitucional, que tratam do conteúdo, do teor do texto constitucional. (…) A primeira limitação material, na Constituição de 1988, impede a mudança da forma federativa. Não se pode, portanto, transformar o Estado brasileiro em unitário, mesmo descentralizado. Em seguida, a Constituição coloca a salvo o voto direto, secreto, universal e periódico, expressão do princípio democrático. Constitui ainda óbice ao poder de reforma a separação de poderes. Trata-se de proibir a supressão de qualquer dos poderes do Estado – Legislativo, Executivo e Judiciário, bem como de resguardar as atribuições básicas de cada um deles. Finalmente, os direitos e garantias individuais são imodificáveis por via de emenda à Constituição. Entendemos que se acham abrangidos, pela cláusula de irreformabilidade, quaisquer direitos fundamentais, como, por exemplo, os direitos sociais, bem como outros direitos fundamentais além daqueles declarados no Título II da Constituição. Também os direitos fundamentais decorrentes de tratados internacionais de que o Brasil seja parte, apesar da controvérsia doutrinária e jurisprudencial, têm, em nosso entender, eminência constitucional.” As cláusulas pétreas exprimem a impossibilidade, instituída pelo legislador constituinte, de modificar regras estruturais ou garantias constitucionais. Essa impossibilidade é vislumbrada nas normas que emitem os efeitos jurídicos da imunidade tributária. As normas imunizantes possuem um antecedente normativo que contém um ou mais direitos fundamentais, e no seu consequente há uma garantia de não nascimento da obrigação principal (sem o dever de pagamento de tributo, mas com dever de cumprir os deveres instrumentais). Como as imunidades possuem um antecedente que veicula direitos fundamentais, há nítida relação com a rigidez constitucional, pois as normas imunizantes, ao exprimirem os valores consagrados pelos direitos fundamentais, subsumem ao conceito de cláusulas pétreas. Isto quer dizer que inexiste possibilidade de o legislador ordinário restringir, modificar (diminuir) ou mutilar (totalmente ou parcialmente) os preceitos fundamentais que versam sobre imunidade tributária. Este também é o entendimento de Roque Antônio Carrazza: “[…] temos por indisputável que desobedecer a uma regra de imnidade equivale a incidir em inconstitucionalidade. Nem a emenda constitucional pode anular ou restringir as situações de imunidade contempladas na Constituição. Por muito maior razão, a ação do legislador ordinário, neste campo, encontra limites insuperáveis na Constituição. Ora, se até o constituinte derivado e o legislador ordinário não podem ignorar as imunidades tributárias, por muito maior razão não poderá fazê-lo o aplicador das leis tributárias, interpretando-as, a seu talante, de modo a costeá-las. (…) Em termos mais precisos, o direito à imunidade é uma garantia fundamental constitucionalmente assegurada ao contribuinte, que nenhuma lei, poder ou autoridade pode anular.”[15] Nesta sintonia, José Souto Maior Borges aduz: “Sistematicamente, através da imunidade resguardam-se princípios, ideias-força ou postulados essências ao regime político. Consequentemente, pode-se afirmar que as imunidades representam muito mais um problema do direito constitucional do que um problema do direito tributário. Analisada sob o prisma do fim, objetivo ou escopo, a imunidade visa assegurar certos princípios fundamentais ao regime, a incolumidade de valores éticos e culturais consagrados pelo ordenamento constitucional positivo e que se pretende manter livre das interferências ou perturbações da tributação.” Ainda sobre o tema em foco, Regina Helena Costa aduz: “[…] quando a exoneração tributária é outorgada por uma Constituição, pretende-se seja perene. Se a Constituição é rígida, tal perenidade está assegurada em termos mais consistentes, diante do maior grau de dificuldade estabelecido para sua modificação. (…) No caso da Constituição Brasileira, no que tange às imunidades tributárias, a rigidez constitucional atinge seu grau máximo. Isto porque as normas imunizantes são cláusulas pétreas, autênticas limitações materiais ao exercício do Poder Constituinte Derivado” Entendidos os direitos fundamentais como cláusulas pétreas, os seus efeitos jurídicos também o serão. As imunidades tributárias são conseqüências jurídicas asseguradoras da eficácia de direitos fundamentais e também suportaram serem subsumidas ao conceito de cláusulas pétreas. Fonte: https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/imunidade- tributaria-e-as-clausulas-petreas/ . . https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/imunidade-tributaria-e-as-clausulas-petreas/#_ftn15 https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/imunidade-tributaria-e-as-clausulas-petreas/ https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-tributario/imunidade-tributaria-e-as-clausulas-petreas/ . **A seguir questões da PROVA ORAL TJ SP 184 (apostila montada pelos candidatos, creio eu): . IPTU: em se tratando de cemitério de administração de entidade religiosa, caberia a imunidade do art. 150, VI, CF? A CF fala em templos de qualquer culto: qual a intepretação dessa interpretação? Se restringe aos prédios físicos ou não? [o examinador trouxe situação de cemitério que tem gavetas funerárias e que as oferece para venda]: nesse caso, haveria a imunidade do IPTU? (07/08) O STF decidiu no RE 578562/BA que os cemitérios que constituem extensões de entidade religiosas estão abrangidos pela imunidade. Não houve uma análise aprofundada sobre a natureza jurídica do cemitério isoladamente considerado. Ou seja, se o cemitério, por si só, seria templo de qualquer culto e, dessa forma, estaria imune a impostos. Na verdade, se o destino da renda de venda de gavetas funerárias for revertido para a finalidade essencial da entidade religiosa, será imune ao IPTU. . MJ: Poder de tributar: diga o que achar que deve dizer sobre os princípios limitativos ao poder de tributar [o examinador mencionou que perguntou dessa forma porque o candidato é procurador; em seguida, o examinador interrompeu o candidato e disse que poderia fazer isso quando achasse necessário]. 22/07/2014. A CF, no intuito de resguardar os valores que dela emanam, consagra 02 grandes limitações constitucionais ao poder de tributar, titularizado pela União, Estados, Municípios e DF, alcançando tanto o Poder Legislativo, quanto o Poder Executivo, quais sejam: 1. PRINCÍPIOS + 2. IMUNIDADES Cumpre alertar para o entendimento firmado pelo STF que, examinando o princípio da anterioridade tributária, afirmou que os princípios tributários são cláusulas pétreas. (Percebi que o edital segue essencialmente o livro do Paulo de Barros Carvalho - PBC, que é a fonte de onde extraí os princípios abaixo – rol exemplificativo) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS GERAIS: 1. Da justiça: diretriz suprema, subjetividade, sobreprincípio fundamental. 2. Da certeza do direito: também sobreprincípio, implícito, certeza jurídica, previsibilidade. 3. Da segurança jurídica: decorre de fatores sistêmicos, planejamento de ações futuras e garantia do passado (irretroatividade) 4. Da igualdade (5, caput) 5. Da legalidade (5, II) 6. Da irretroatividade das leis (5, XXXVI) 7. Da universalidade da jurisdição (5, XXXV) 8. Ampla defesa e devido processo legal 9. Isonomia das pessoas constitucionais 10. Direito de propriedade 11. Liberdade de trabalho (5, XIII) 12. Direito de petição13. Supremacia do interesse público 14. Indisponibilidade dos interesses públicos PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 1. Estrita legalidade (150, I – maior severidade no direito tributário) • Lei deve descrever o fato e impor os deveres >>tipicidade tributária 2. Anterioridade 3. Anterioridade nonagesimal (noventena) 4. Irretroatividade da lei tributária 5. Tipologia tributária: tipo tributário = hipótese de incidência + BC 6. Proibição de tributo com efeito de confisco 7. Vinculabilidade da tributação: os expedientes da maior importância são pautados por estrita vinculabilidade (atos vinculados). Mas, na fiscalização, há atos discricionários. 8. Uniformidade geográfica (151, I) 9. Não discriminação tributária, em razão da procedência ou destino dos bens (152) 10. Territorialidade da tributação (limites geográficos da pessoa política que a editou) 11. Indelegabilidade da competência tributária 12. Não cumulatividade (concretiza justiça da tributação, capacidade contributiva). . Fale sofre os princípios limitadores do poder de tributar. Pergunta já respondida (dia 22/07) . Tributário. O que é incidência, não incidência e a diferença entre imunidade e isenções? (14/08) . Fale dos princípios constitucionais do direito tributários? (Pergunta parcialmente feita no dia 22.07 e no dia 25.07) . **A seguir questões de provas de TRF respondidas pelos candidatos habilitados à PROVA ORAL do TRF 1 2012 (apostila): . . . 23) Imunidade sobre livros, as fitas de vídeo, de conteúdo didático fazem jus à esta imunidade? Resposta: CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA - PRODUTO COMPOSTO DE LIVRO, CDs E FITAS DE VÍDEO - APLICABILIDADE DA IMUNIDADE AOS LIVROS. I - A imunidade tributária sobre livros, jornais e periódicos é objetiva. Seu fundamento é político e cultural; II - A liberdade de expressão do pensamento e a disseminação da cultura inspiraram o legislador constituinte a erigir in casu o livro à condição de material imune à tributação; III - O fato dos livros fazerem parte de coleção e virem embalados em conjunto a CDs e fitas de videocassetes não impedem a incidência da imunidade objetiva conferida pela Constituição Federal no art. 150, inc. VI, letra ''d''; IV - Ainda que agregadas a outras mercadorias, o livro não perde a característica que o identifica; V - A despeito de a autoridade coatora afirmar que os CDs e as fitas de videocassetes determinam a essencialidade do produto final, é facilmente verificável através dos documentos trazidos à colação pela impetrante que o valor unitário dos fascículos superam em muito o das demais mercadorias integrantes do respectivo conjunto; VI - Apelação parcialmente provida para que seja concedida a segurança, determinando sejam excluídos da base de cálculo dos impostos exigidos pela autoridade aduaneira os valores relativos a livros. (AMS 9902112633, Desembargador Federal NEY FONSECA, TRF2 - PRIMEIRA TURMA, DJU - Data::20/11/2001.) . 25) Imunidade de templos, renda de imóveis locados, há imunidade constitucional? Resposta: Não impede o alcance do benéfico a circunstância de o imóvel encontrar-se locado, vez que a renda auferida está voltada às suas finalidades essenciais (RE-AgR 357824, EROS GRAU, STF) Inteligência da Súmula 724: "Ainda quando alugado a terceiros permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades". . 06) Princípio da imunidade. Resposta: A imunidade tributária constitui norma negativa de competência tributária, de estatura constitucional, e que demarca a base econômica passível de tributação pelo legislador. Destina-se basicamente a conferir efetividade a determinados direitos e garantias fundamentais reconhecidos e assegurados às pessoas e instituições, a exemplo do pacto federativo, da liberdade sindical, da liberdade de culto, da liberdade de organização partidária, da liberdade de expressão intelectual, entre outros. Trata-se, pois, em alguma instância, de uma garantia que tem por escopo impedir que o legislador impeça ou dificulte pela via da tributação algum direito fundamental ou preceito institucional considerado fundamental à ordem política e social brasileira. . 07) Discorra sobre a imunidade recíproca e se ela abrange empresas públicas e sociedade de economia mista. Resposta: Em regra, as regras de imunidade tributária recíproca não se aplicam às empresas públicas e sociedades de economia mista, por se tratarem de pessoas jurídicas de direito privado, excluídas, portanto, da regra do art. 150, §2°, da Constituição. Outro motivo decorre do disposto no art. 173 da Constituição, que veda a essas entidades o gozo de privilégio fiscal não extensível ao direito privado, como uma forma, sobretudo, de evitar possíveis desequilíbrios concorrenciais. A despeito disso, a jurisprudência tem reconhecido a extensão da imunidade tributária a algumas empresas públicas ou sociedades de economia mista, desde que prestem serviços públicos, que não tenham fins lucrativos, e que a extensão não implique em prejuízo à concorrência (ex. monopólio, privilégio, etc.). Foi como o STF decidiu com relação, por exemplo, aos CORREIOS e à INFRAERO. . **Diversos (não achei fonte): . Questão 8: Em que consiste o instituto da imunidade tributária? Diferencie de isenção, de não incidência e de alíquota zero. O art. 195, parágrafo 7º, CF, fala em isenção de contribuições previdenciárias; do ponto de vista técnico, isso está correto? A que espécie legislativa o dispositivo se refere? . Imunidade é a hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada, ao passo que a isenção é hipótese de exclusão do crédito tributário, sempre prevista em legislação infraconstitucional. O dispositivo constitucional supramencionado incorreu em atecnia. Se houve a exclusão da incidência tributária por meio de norma constitucional, estamos diante de imunidade, e não de isenção. A imunidade, por configurar limitação constitucional ao poder, deve ser regulamentada por lei complementar, nos termos do art. 146, II, da Constituição. Não incidência se refere às situações em que um fato não é alcançado pela regra de tributação e pode se dar por 3 formas: (i) ente tributante, podendo fazê-lo, deixa de definir determinada situação como hipótese de incidência tributária; (ii) ente tributante não dispõe de competência para defini determinada situação como hipótese de incidência do tributo. Exemplo: IPVA sobre bicicleta; (iii) própria CF/1988 delimita a competência. Exemplo: imunidades. Como visto acima, imunidade é uma hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. Isenção é uma dispensa legal do pagamento do tributo. Natureza jurídica de causa de exclusão do crédito tributário. Impede a constituição do crédito tributário, mas não impede o nascimento da obrigação tributária com o fato gerador. A isenção é a dispensa legal do pagamento do tributo, por limitação de um dos critérios da hipótese de incidência, demonstrando as nuances doutrinárias quanto à sua definição e o que está estabelecido legalmente. Neste último aspecto, interessante observar que o inciso I do art. 111 do CTN prevê interpretação literal para as causas de exclusão do crédito tributário, a saber, a isenção e a anistia e que, posteriormente, o mesmo diploma normativo enumera a isenção ao lado da anistia, como formas de exclusão do crédito tributário (art. 175) e que, salvo disposição legal em contrário, a isenção genérica não se aplica às taxas e contribuições de melhoria, que têm caráter contraprestacional, e aos tributosinstituídos posteriormente à sua concessão (art. 177 do CTN). Isenção necessita de lei específica (peculiaridades do ICMS – CONFAZ). A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares (art. 151, I da CF, que permite a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes regiões do País). A isenção pode ser concedida em caráter geral (objetivo) ou em caráter individual (subjetivo ou pessoal). STJ – Resp 196.473. São aplicáveis à isenção concedida em caráter individual as regras constantes do art. 155 do CTN. Revogação de isenção e anterioridade: segundo o art. 104, III do CTN, lei que extinga ou reduza isenção relativa a imposto sobre o patrimônio ou a renda entra em vigor apenas no exercício seguinte. O STF, no entanto, tem precedentes no sentido de que a revogação de isenção não se submete à anterioridade tributária. Na questão das isenções heterônomas há que ser diferenciada a posição da União, ora como integrante da federação, ora como representante dessa mesma federação nas relações internacionais. A CF/1988 traz outras 2 exceções à vedação de isenções heterônomas: a) o art. 155, § 2º, XII, “e”, autoriza o Poder Legislativo da União, por Lei complementar, a excluir da incidência do ICMS serviços e outros produtos exportados para o exterior; b) o art. 156, § 3º, II, autoriza a União a editar lei complementar que exclua da incidência do ISS as exportações de serviços para o exterior (implementada pela LC 116/03). Na alíquota zero, não há tributo a ser pago em razão de uma operação matemática. . Questão 9: Fale sobre a imunidade constitucional recíproca e os seus limites de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal. É vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros (independentemente da finalidade). Esta imunidade não alcança taxas e contribuições – STF, RE-AgR 378.144/PR e RE 364.202/RS. A regra é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público (§ 2º do art. 150 – a denominada imunidade tributária recíproca extensiva), no que se refere ao patrimônio, renda ou serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou delas decorrentes. Trata-se de cláusula pétrea, fundada no pacto federativo. Com relação às empresas públicas e sociedade de economia mista: quando prestadoras de serviços públicos de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, são abrangidas pela imunidade recíproca. Entendimento jurisprudencial sedimentado pelo STF no RE 407.099/RS (ECT) e na AC 1.550-2 (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia). Importante lembrar que serviço notarial e de registro é uma atividade estatal delegada, mas, por ser exercido em caráter privado, com intuito lucrativo, não é imune ao ISS (STF, ADI 3.089; STJ passou a seguir). SÚMULA Nº 583 do STF: O promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do Imposto Predial Territorial Urbano. O entendimento da Corte Excelsa somente abrange as entidades quando a mesma se encontra na posição de contribuinte de direito, e não contribuinte de fato. Com base nesse entendimento, o STF negou o pedido de um município que invocava direito a imunidade quanto ao ICMS incidente no fornecimento de energia elétrica para iluminação pública, por estar o município na posição de contribuinte de fato, logo a imunidade recíproca não beneficia o contribuinte de fato (AI-AgR 671.412/SP, 2ª Turma, 1º/04/2008) STF entende que o Estado está amparado pela imunidade recíproca quando faz aplicações no mercado financeiro. STF – Pleno 2003 (interpretação FORMAL): a imunidade recíproca em relação aos impostos indiretos aplica-se às operações de VENDAS de mercadorias, desde que o lucro obtido seja vertido na consecução da finalidade precípua da entidade. Assim, quando contribuinte de fato (ente público COMPRANDO), o ente público não é imune. A ECT, atuando como empresa pública prestadora de serviço público, está albergada pela imunidade recíproca prevista no art. 150, VI, ‘a’, do texto constitucional, nos termos da ACO 2.654/DF). No entanto, atente-se que esta imunidade não afasta a responsabilidade tributária por sucessão, como já decidido no RE 599.176. . Questão 22: Quando a entidade imune é contribuinte de direito, permanece a imunidade? A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação da existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido. STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Minº Dias Toffoli, julgado em 22 e 23/2/2017 (repercussão geral) (Info 855). Questão 23: Cabe imunidade recíproca em relação às autarquias e empresas públicas? E sociedade de economia mista? De acordo com o artigo 150, § 2º, da CF, a vedação à instituição de tributos sobre patrimônio, rendas e serviços uns dos outros (imunidade recíproca), “é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes”. Com relação às empresas públicas e sociedades de economia mista, necessária a distinção entre aqueles que prestam serviço público e as que exercem atividade econômica em regime de concorrência, nos termos do art. 150, § 3º, da CF, segundo o qual a imunidade recíproca “não se aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário”. Segundo o STF, o exercício simultâneo de atividades em regime de exclusividade e em concorrência com a iniciativa privada. Irrelevância. Existência de peculiaridades no serviço postal. Incidência da imunidade prevista no art. 150, VI, a, da CF. Sobre a sociedade de economia mista: “A jurisprudência do STF entende que a sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto é abrangida pela imunidade tributária recíproca, nos termos da alínea a do inciso VI do art. 150 da CF.” (RE 631.309-AgR). . . Questão 3: Imóvel de entidade imune mas cedido à pessoa jurídica de direito privado pode sofrer a incidência de IPTU? Cediço que, nos termos do art. 34 do CTN, pode ser sujeito passivo do IPTU o proprietário, o titular de seu domínio útil ou possuidor a qualquer título. No plano prático, de acordo com a redação da Súmula nº 399 do Superior Tribunal de Justiça, “cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano)”. Pois bem, no que tange à pergunta formulada, em 19/04/2017, o STF, por força do julgamento do Recurso Extraordinário 601720, fixou a seguinte tese: “incide o IPTU considerado o imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica de direito privado devedora do tributo”. . **A seguir questões de provas respondidas pelos candidatos à prova do TJ SP 188 (acho que é isso mesmo): . 1. O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO “LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR? Poder de Tributar significa a prerrogativa política de instituição de tributo, que compete às entidades tributantes (União, Estados, Municípios e DF), ou seja, o poder de invasão patrimonial, balizado pelos princípios, que possuem o condão de separar o fenômeno tributário constitucional daquele que é inconstitucional. As limitações ao poder de tributar compreendem
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