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www.cers.com.br OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM Direito do Trabalho – Aula 11 Aryanna Linhares 1 RESOLUÇÃO DO PRIMEIRO EXERCÍCIO DE RECURSO ORDINÁRIO Tramita perante a 89ª Vara do Trabalho de Curitiba a RT nº 000153-80.2012.5.09.0089, ajuizada em 06.05.2012 por Sérgio Camargo de Oliveira, assistido por advogado particular, contra o supermercado Onofre Ltda. Nela foi proferida sentença que, em síntese, assim julgou os pedidos formulados a seguir. (i) Foi reconhecida a ilicitude da confessada supressão das comissões que eram pagas desde a admissão, ocorri- da em 13.10.2005, mas abruptamente ceifadas pelo empregador em 25.12.2006. Entendeu o magistrado que a prescrição, na hipótese, era parcial, alcançando os últimos 5 anos, e não total como advogado na peça de blo- queio, já que se tratava de rubrica assegurada por preceito de lei, além de se tratar de alteração prejudicial ao empregado, vedada pelo art. 468, caput, da CLT. (ii) Foi deferido o pagamento de duas cotas mensais de salário-família para os filhos capazes do reclamante, que na admissão do obreiro, contavam com 15 e 17 anos, respectivamente. Enfatizou o magistrado que não foi solici- tada a documentação pertinente quando do ingresso de demandante, gerando prejuízo financeiro para o trabalha- dor. (iii) Foi concedida indenização por dano moral pela humilhação sofrida pelo reclamante na saída. É que, por de- terminação do empregador, ele foi comunicado de sua dispensa por intermédio de um colega de trabalho que exercia a mesma função, que o chamou em particular em uma sala, para lhe dar a fatídica notícia. Encampou o magistrado o entendimento do reclamante, no sentido de que somente um superior hierárquico pode informar acerca da ruptura contratual e que a forma eleita pela ré seria indigna e vexatória. Uma vez que o autor foi contratado em substituição ao Sr. Paulo, dispensado em 05.10.2005, foi deferida a dife- rença salarial, porque o antecessor auferia salário 20% superior ao do reclamante, o que, segundo a decisão, violaria os princípios constitucionais da isonomia e da dignidade da pessoa humana. Foi deferida a reintegração ao emprego porque na dispensa, ocorrida em 06.04.2012, o autor não foi submetido a exame demissional, conforme previsto no art. 168, II, da CLT, gerando então, na ótica do reclamante e do magis- trado, garantia de emprego. Contudo, a tutela antecipada foi indeferida, pois foi constatado por perícia judicial que o autor encontrava-se em perfeito estado de saúde. Foi concedida verba honorária na razão de 15% sobre a condenação. A sentença foi proferida de forma líquida, com valor de R$ 60.000,00 e custas de R$ 1.200,00. Considerando que todos os fatos apontados são verdadeiros, e não cabendo Embargos de Declaração, visto que a decisão foi clara em todos os aspectos, apresente a peça pertinente aos interesses da empresa, sem criar da- dos ou fatos não informados (Valor: 5,00). Foi concedida verba honorária na razão de 15% sobre a condenação. A sentença foi proferida de forma líquida, com valor de R$ 60.000,00 e custas de R$ 1.200,00. RESOLUÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 89ª VARA DO TRABALHO DE CURITIBA, PARANÁ. Processo n° 000153-80.2012.5.09.0089 SUPERMERCADO ONOFRE LTDA., já qualificado nos autos em epígrafe, em que contende com Sérgio Camar- go de Oliveira, também qualificado, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu ad- vogado adiante assinado, com fulcro nos arts. 893, II e 895, I, da CLT, INTERPOR: RECURSO ORDINÁRIO Para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região. Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do recurso, dentre os quais se destacam a legitimidade, capacidade, interesse processual, tempestividade e regularidade de representação. Além desses, destacam-se ainda: a) depósito recursal: recolhido no valor de R$ 8.183, 06, no prazo do recurso, por meio da guia GFIP anexa. b) custas: no valor de R$ 1.200,00, correspondente a 2% sobre o valor da condenação, no prazo do recurso, por meio da guia GRU anexa. Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da outra parte para apresentar contrar- razões ao recurso ordinário, no prazo de 8 dias, de acordo com o determinado pelo art. 900 da CLT, e a posterior remessa ao Egrégio Tribunal do Trabalho da 9ª Região. www.cers.com.br OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM Direito do Trabalho – Aula 11 Aryanna Linhares 2 Nestes termos, Pede deferimento. Local e data. Advogado OAB n° EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO A respeitável sentença não merece ser mantida razão pela qual requer a sua reforma. I – PREJUDICIAL DE MÉRITO 1. Prescrição total – comissões O juízo “a quo” acolheu a prescrição parcial quanto às comissões que eram pagas ao recorrido e foram suprimidas pelo recorrente em 25.12.2006. A sentença não merece ser mantida, pois a supressão de prestação sucessiva, não prevista em lei, enseja a prescrição total, e não parcial, à luz da Súmula nº 294 do TST e da OJ nº 175 da SDI-1 do TST. Dessa forma, o prazo prescricional de 5 anos de verbas trabalhistas, previsto nos arts. 7º, XXIX, da CF e 11, I, da CLT, conta-se da data da supressão da parcela, ou seja, de 25.12.2006, logo, terminou em 25.12.2011. Como a reclamação trabalhista foi ajuizada após esta data, em 06.05.2012, ocorreu a prescrição total. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para que seja acolhida a prescrição total e determinada a extinção do processo com resolução do mérito, nos moldes do art. 487, II, do CPC, quanto às comissões postu- ladas. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA - Prescrição Total OJ 175, SDI-1, TST. Comissões. Alteração ou Supressão. Prescrição total (nova redação em decorrência da incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 248 da SBDI-1) - DJ 22.11.2005 A supressão das comissões, ou a alteração quanto à forma ou ao percentual, em prejuízo do empregado, é susce- tível de operar a prescrição total da ação, nos termos da Súmula nº 294 do TST, em virtude de cuidar-se de parce- la não assegurada por preceito de lei. Súmula 294, TST. PRESCRIÇÃO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. TRABALHADOR URBANO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 Tratando-se de ação que envolva pedido de prestações sucessivas decorrente de alteração do pactuado, a pres- crição é total, exceto quando o direito à parcela esteja também assegurado por preceito de lei. II – MÉRITO • Salário-família O juízo “a quo” deferiu o pagamento de duas cotas do salário-família para os filhos capazes do recorrido, muito embora na data de admissão do obreiro, contassem com 15 e 17 anos, respectivamente. A sentença não merece ser mantida, pois, à luz do art. 2º da Lei nº 4.266/63, do art. 66 da Lei 8.213/91 e do art. 83 do Decreto nº 3.048/99, a idade máxima dos filhos capazes, para fins de recebimento desse benefício previ- denciário, é de 14 anos. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para excluir da condenação o salário-família. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA - Salário-família Art. 2º, Lei nº 4.266/63 - O salário-família será pago sob a forma de uma quota percentual, calculada sobre o va- lor do salário-mínimo local, arredondado esta para o múltiplo de mil seguinte, por filho menor de qualquer condi- ção, até 14 anos de idade. Art. 66, Lei nº 8.213/91 O valor da cota do salário-família por filho ou equiparado de qualquer condição, até 14 (quatorze) anos de idade ou inválido de qualquer idade é de: I - Cr$ 1.360,00 (um mil trezentos e sessenta cruzeiros) , para o segurado com remuneração mensal não superior a Cr$ 51.000,00 (cinqüenta e um mil cruzeiros); II - Cr$ 170,00 (cento e setenta cruzeiros), para o segurado com remuneração mensal superior a Cr$ 51.000,00 (cinqüenta e um mil cruzeiros). www.cers.com.br OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM Direito do Trabalho – Aula 11 Aryanna Linhares 3 Art. 83, Decretonº 3.048/99 A partir de 1o de maio de 2004, o valor da cota do salário-família por filho ou equipa- rado de qualquer condição, até quatorze anos de idade ou inválido, é de: I - R$ 20,00 (vinte reais), para o segurado com remuneração mensal não superior a R$ 390,00 (trezentos e no- venta reais); e II - R$ 14,09 (quatorze reais e nove centavos), para o segurado com remuneração mensal superior a R$ 390,00 (trezentos e noventa reais) e igual ou inferior a R$ 586,19 (quinhentos e oitenta e seis reais e dezenove centavos). 2. Dano moral O juízo “a quo” condenou o recorrente ao pagamento de indenização por dano moral por entender que o recorrido sofreu humilhação na saída, uma vez que sua dispensa foi comunicada por intermédio de colega de trabalho que exercia a mesma função, que o chamou em particular numa sala para dar-lhe a fatídica notícia. A sentença não merece ser mantida, pois não se encontram presentes os requisitos da responsabilidade civil (culpa, dano e nexo), previstos nos arts. 186 e 927 do CC, autorizadores da reparação, uma vez nenhum direito da personalidade, como a vida privada, a honra ou a imagem do recorrido (art. 5º, X, da CF), foi lesado, uma vez que não existe lei que obrigue a informação da ruptura por um superior e o comunicado da dispensa deu- se em local reservado. Não há, portanto, ato ilícito ou dano no presente caso. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para afastar da condenação a indenização deferida. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA – Dano Moral Art. 186, CC/02. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927, CC/02. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Art. 5º, CF/88 Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeniza- ção pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 3. Equiparação salarial O juízo “a quo” deferiu diferenças salariais ao recorrido, uma vez que este foi contratado em substituição ao Sr. Paulo, dispensado em 05.10.2005, que auferia salário 20% superior ao seu. A sentença não merece ser mantida, pois, nos moldes da Súmula 159, II, do TST, quando vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a salário igual ao do antecessor. Ressalte-se que o Sr. Paulo foi dispensado em 05.10.2005 e o recorrido contratado em 13.10.2005, justamente para substituí- lo. Outrossim, um dos requisitos da equiparação salarial é a simultaneidade na prestação dos serviços (Sú- mula nº 6, IV, do TST), a qual não se verifica no presente caso. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para excluir da condenação as diferenças salariais defe- ridas. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA – Equiparação Salarial Súmula nº 159 do TST - SUBSTITUIÇÃO DE CARÁTER NÃO EVENTUAL E VACÂNCIA DO CARGO – I-Enquanto perdurar a substituição que não tenha caráter meramente eventual, inclusive nas férias, o empregado substituto fará jus ao salário contratual do substituído. II - Vago o cargo em definitivo, o empregado que passa a ocupá-lo não tem direito a salário igual ao do anteces- sor. Súmula nº 6 do TST- EQUIPARAÇÃO SALARIAL. ART. 461 DA CLT - IV - É desnecessário que, ao tempo da reclamação sobre equiparação salarial, reclamante e paradigma estejam a serviço do estabelecimento, desde que o pedido se relacione com situação pretérita. 4. Reintegração www.cers.com.br OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM Direito do Trabalho – Aula 11 Aryanna Linhares 4 O juízo “a quo” deferiu a reintegração do recorrido ao emprego porque na dispensa o autor não foi subme- tido ao exame demissional. O juiz julgou procedente o pedido mesmo tendo indeferido a tutela antecipada, pois foi constatada pela perícia judicial que o autor encontrava-se em perfeito estado de saúde. A sentença não merece ser mantida, pois a ausência de exame demissional não é causa de garantia no emprego ou estabilidade, especialmente porque o laudo comprovou que o empregado estava apto, de modo que não há base legal para a reintegração deferida. Trata-se apenas de irregularidade administrativa que não pode ter o condão de gerar a reintegração. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para afastar a reintegração deferida. 5. Honorários advocatícios O juízo “a quo” deferiu ao autor verba honorária na razão de 15% sobre a condenação, muito embora o recorrido estivesse assistido por advogado particular. A sentença não merece ser mantida, pois, com base nas Súmulas nos 219, I, e 329 do TST, no art. 14 da Lei nº 5.584/70, a assistência por advogado de sindicato é um dos requisitos para o cabimento dos honorários advocatícios, e este não se verifica no caso em tela. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para afastar da condenação os honorários deferidos. III – REQUERIMENTOS FINAIS Diante do exposto, requer o conhecimento do presente recurso, o acolhimento da prejudicial de mérito para reforma da sentença para acolher a prescrição quinquenal quanto às comissões e, no mérito, o seu provi- mento para fins de reforma da sentença para julgar improcedentes aos postulações do recorrido. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data. Advogado OAB nº
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