Prévia do material em texto
Gota - Cristais de Urato A gota é uma doença metabólica na qual cristais 1 de sais de urato, proveniente do ácido úrico, são depositados nos tecidos das articulações, usualmente porque a concentração de urato no plasma está elevada, induzindo um processo inflamatório crônico. O paciente que possui gota tem um desvio bioquímico no qual existe um erro na eliminação de ácido úrico, produzido em processos fisiológicos em seu organismos, e há acumulo do mesmo. É uma doença com crises dolorosas intermitentes de artrite aguda, ou seja, é uma doença muito dolorosa e faz com que o paciente se atente mais e faça o tratamento corretamente, caso contrário, ela terá uma predisposição em evoluir para artrose. A gota possui uma tendência de iniciar-se nas extremidade (dedos do pé e mão) e avançar para o tronco. Alguns pacientes, ainda, podem ter gota em locais pontuais, como joelho ou ombro somente. O ácido úrico está presente em todos os líquidos corporais e é solúvel no sangue até certa quantidade. Após esse limite ele se precipita em sal de urato, na forma de cristais irregulares/ pontiagudos, e acumula-se nas articulações. As ‘pontas’ desses cristais irregulares causarão uma irritação na articulação e o início de um processo inflamatório. Como o cristal de ácido úrico se di!olve? Quando há a diminuição da concentração de ácido úrico no sangue, os cristais acumulados na articulação começam a se dissolver de fora (das pontas) para dentro. Esse processo diminui o estímulo que ele causa na articulação lesionada e, consequentemente, o processo inflamatório também diminui. Como o ácido úrico aumenta no sangue? O aumento do ácido úrico no sangue pode ser feito através do aumento da sua produção, obviamente, e/ou se o organismo diminuir a sua eliminação. A eliminação do ácido úrico é feita, basicamente, através da excreção renal. Portanto, qualquer situação que diminuição a função renal favorecerá a apresentação da gota. Imagem: Formação Bioquímica do Ácido Úrico Fatores Modificáveis São os fatores que trabalharemos de maneira cognitiva com o paciente para que ele seja adepto na alteração desse fatores para melhorar o seu prognóstico. Entres esses fatores estão: - Peso ➝ quanto maior o peso do paciente, maior o aumento de cristais e maior a intensidade das dores; - Exercício físico ➝ auxilia na redução do peso 2 e na solubilização do ácido úrico. - Controle da Doença Crônica ➝ controle de outras doenças crônicas que o paciente possa ter; - Alimentação ➝ está diretamente relacionada às crises de gota. Ela pode diminuir a eliminação ou aumentar a produção de ácido úrico. Carambola (nefrotóxica), tomate e abacaxi são alimentos que diminuem a eliminação do ácido úrico. Carnes, derivados da cevada, aveia e derivados de xantina/ Não confunda com doença auto-imune. 1 Nesse fator, estamos discutindo sobre exercício físico regular e não sobre exercício físico de alta performance. Esse último causa um quadro 2 de piora na doença. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG metilxantina (chocolate, mate, café e medicamentos) são alimentos que favorecem a síntese de ácido úrico. Se a pessoa possui, de maneira genética, mais RNA que expressam a XO, ela terá maior quantidade de síntese de ácido úrico, tornando-se um fator importante para o seu acúmulo. Esse paciente deve cuidar muito mais da alimentação, porque é ela que fornece os substratos para a produção do ácido úrico. Fatores Não Modificáveis São os fatores que não podemos fazer alteração alguma, mas são valiosos para o planejamento terapêutico e como será a conduta clínica a partir dos mesmos. Entre esses fatores estão: - Idade ➝ a partir dos 50 anos, a TFG adquire uma piora todo ano; - Presença de outras doenças crônicas. Tratamento e Prevenção da Gota De maneira farmacológica e simples, temos duas opções para tratar e previnir a gota. A primeira é através da inibição da Xantina Oxidase (XO) e a segunda é a estimulação da Uricase. Manejo O manejo da gota é feito através do tratamento agudo e o tratamento crônico. O paciente fará o tratamento crônico de forma contínua e o tratamento crônico + agudo quando ocorrerem crises. O maior erro dos pacientes é utilizar somente os medicamentos quando houverem crises e não tratar de maneira contínua. Além disso, alguns medicamento do tratamento crônico, se utilizados no início da forma aguda, podem acentuar a manifestação da doença. Tratamento Crônico Atualmente, o melhor medicamento para o tratamento crônico da gota é um fármaco chamado Pegloticase. Ele possui um alto custo e não está disponível no SUS. O Pegloticase é um anticorpo monoclonal e sua função é agir como análogo da uricase. O antígeno seria o próprio ácido úrico. Esse medicamento é o melhor no mercado devido ao fato que o paciente não precisará fazer uma restrição alimentar tão rigorosa no dia a dia. Mesmo que ele ingira muito substrato para a formação do ácido úrico, ele terá muita ‘enzima uricase’ para fazer essa eliminação. Resumindo, do ponto de vista clínico é o mais interessante, porém do ponto de v ista farmacoeconômico, não. Visando o interesse econômico, utilizamos o Alopurinol (inibidor da XO) e a Probenecida (uricosúrico). O Alopurinol está disponível pelo SUS, porém o seu problema é a vasta interação medicamentosa que ele possui. Além disso, o Alopurinol causa farmacodermias, ou seja, qualquer manifestação na pele causada por medicamentos. Algumas são toleradas pelos pacientes, mas outras não. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Purinas, compostos nitrogenados e AA Metilxantina Xantina Ác. Úrico Alantoína Eliminado de maneira solúvel XO - xantina oxidase Obs.: o ácido úrico também é eliminado pelo rim e uma parte pode ser reabsorvido no TCD, mas a maneira mais efetiva de fazer a eliminação quando há uma grande concentração do mesmo é degradá- lo em alantoína para que ele seja eliminado da maneira mais solúvel possível. Uricase Fonte: Rang & Dale - 8a. Ed. A Probenecida bloqueia a reabsorção tubular do ácido úrico. Ao invés do ácido úrico ser reabsorvido no TCD, ele ‘passa direto’ e é eliminado na urina. Esse tipo de medicamento é chamando de uricosúrico. Sulfimpirazona também é uma alternativa de uricosúrico. Esses fármacos podem ser uma alternativa para pacientes alérgico ao Alopurinol. Tratamento Agudo É o manejo agudo para quando o paciente apresentar crises. Ele pode ser de diversas maneiras: (1) AINE ➝ a escolha dele depende da intensidade da crise. Exemplos: ibuprofeno, piroxicam, celecoxibe e naproxeno. (2) AINE + Corticoide ➝ são associados quando somente a utilização do AINE não é suficiente. Exemplo: prednisona + AINE. (3) Colchicina ➝ por vezes é o medicamento de primeira escolha dependendo da periodicidade das crises, podendo ser utilizada até de forma crônica ou por determinado período. Além disso, é utilizada quando os AINEs são contraindicados. A colchicina é um alcaloide extraído do açafrão-do-prado. Ela possui mecanismos de inibir a polimerização de microtúbulos, ou seja, impede a migração de neutrófilos (diapedese) para a articulação aparentemente por ligação à tubulina, resu ltando em despo l imer ização dos microtúbulos e redução da motilidade celular. Em doses mais elevadas que as usadas para tratar a gota, a colchicina inibe a mitose, tendo um risco de depressão grave da medula óssea. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Observação Pacientes podem utilizar diuréticos por conta própria ao imaginar que o aumento do volume de urina melhorará a excreção do ácido úrico através da mesma. Essa automedicação causará a piora da doença e das crises de gota, porque diuréticos são medicamento para eliminação de sódio e essa troca pode ser feita por bombas de troca em que excretam Na⁺ e reabsorvem ácido úrico. Além disso, a utilização de diuréticos faz com quehaja maior eliminação de água. Isso torna o ácido úrico que estava mais ou menos diluído no plasma, muito mais concentrado.