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DEFESA PRÉVIA - REPRESENTAÇÃO OAB

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0 
 
EXMO. SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO SECCIONAL DA ORDEM DOS 
ADVOGADOS DO BRASIL DO ESTADO DE XXX 
 
 
 
À COMISSÃO DE ÉTICA E DISCIPLINA 
 
 
REPRESENTAÇÃO DISCIPLINAR DE Nº XXX/XX 
 
 
 
 
 
LUCIANO, brasileiro, estado civil XXX, advogado inscrito na OAB/MF 
sob o n° XX.XXX, inscrito no CPF sob o nº XXX, portador da cédula de identidade nº XXX, 
com escritório profissional na Rua XXX, nº XXX, bairro XXX, CEP XXX, município de 
XXX/XX, por seus procuradores, vem, respeitosamente, por meio desta, apresentar DEFESA 
PRÉVIA na representação em epígrafe, formulada por HUGO, LUIZ E JOSÉ, pelos motivos de 
fato e de direito a seguir aduzidos: 
DOS FATOS 
De plano, infere-se que o cliente Antônio de Souza procurou o 
advogado REPRESENTADO para defender seus interesses nos autos do processo de inventário de 
Ricardo de Souza, o qual possui o nº dos autos XXX. 
O cliente Antônio entregou ao REPRESENTADO todos os documentos 
que estavam em seu poder e que comprovavam a sua relação de parentesco com o falecido. 
Antônio afirmou ao REPRESENTADO ser sobrinho de Ricardo, filho de um irmão que se 
chamava Adalberto. 
Em razão das regras da sucessão hereditária, como Ricardo não havia 
deixado descendentes, ascendentes ou cônjuge/companheiro(a), Antônio, o único colateral em 
sua classe, acabaria por arrecadar totalmente a vultosa herança. 
Os demais interessados em arrecadar a herança, Hugo de Souza, Luiz 
de Souza e José de Souza, ora REPRESENTANTES e sobrinhos-netos que conviviam com 
 
	 1 
bastante frequência com o falecido, estranharam o aparecimento do sobrinho Antônio, cuja 
existência supostamente desconheciam. 
Os REPRESENTANTES constituíram o advogado Malaquias Santana, 
objetivando buscar um levantamento sobre a documentação apresentada por Antônio. 
Malaquias afirmou que reuniu provas que demonstravam a suposta falsidade dos documentos 
apresentados por Antônio nos autos do processo de inventário e pleiteou ao Juízo do 
Inventário a exclusão de Antônio do processo, e sua remoção do cargo de Inventariante. 
O Juiz de Direito da Vara da Família e das Sucessões responsável, 
ordenou a nomeação de um inventariante dativo, além de determinar a apuração dos fatos na 
esfera penal, diante do noticiado pelo advogado Malaquias. 
Os representantes alegam ainda que o advogado REPRESENTADO teria 
confrontado Antônio, ocasião em que o mesmo teria confessado que os documentos eram 
falsos. Ainda segundos os REPRESENTANTES, o REPRESENTADO teria instruído Antônio a 
mentir em juízo, dizendo que ele jamais deveria afirmar ser o autor da documentação. Segunda 
a narrativa dos REPRESENTANTES, o REPRESENTADO teria construído, a partir daí, uma história 
fantasiosa, que faria pairar a culpa pela documentação na mãe já falecida de Antônio. 
Instaurado o processo penal, os REPRESENTANTES afirmam que o 
REPRESENTADO teria passado a instruir as testemunhas, para que afirmassem que a mãe de 
Antônio era a culpada pelo ocorrido. Confrontadas em audiência, as testemunhas acabaram 
por confessar que o REPRESENTADO supostamente havia instruído que mentissem. 
Em sua decisão, o Juiz de Família ordenou que fossem remetidas 
cópias ao MP para que fosse apurada a prática de crimes de falso testemunho (artigo 342 do 
CP) por parte das testemunhas e do REPRESENTADO e falsificação de documentos público e 
privado (artigos 298 e 299 do CP). O membro do MP requereu a instauração de Inquérito 
Policial, o que ocorreu no 1º DP da comarca de São Paulo. 
Logo após a instauração do inquérito, os REPRESENTANTES 
ingressaram com a presente representação junto à OAB, por meio de seu advogado Malaquias, 
contra o REPRESENTADO. 
 
 
	 2 
As alegações, em apertada síntese, dão conta de que o REPRESENTADO 
teria incorrido nas infrações ético-disciplinares previstas nos seguintes incisos do artigo 34 do 
EAOAB: X, XIV, XV, XVII, XXVIII, solicitando, por fim, que o advogado REPRESENTADO 
seja excluído dos quadros da OAB. 
DOS FUNDAMENTOS 
De início, vejamos quais as condutas que estão sendo imputadas pelos 
REPRESENTANTES em face do REPRESENTADO, as quais estão dispostas no artigo 34 do 
Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), incisos X, XIV, XV, XVII 
e XXVIII: 
Art. 34. Constitui infração disciplinar: 
[…] 
X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do 
processo em que funcione; 
[...] 
XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de 
julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte 
contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa; 
XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, 
imputação a terceiro de fato definido como crime; 
[...] 
XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato 
contrário à lei ou destinado a fraudá-la; 
[...] 
XXVIII - praticar crime infamante; 
Dito isso, faz-se necessário afastar a incidência de cada um dos incisos 
supracitados, para, ao final, justificar a necessidade de arquivamento da presente 
representação, sem que isso implique em um processo disciplinar em face do REPRESENTADO. 
Primeiramente, os REPRESENTANTES apontam que o REPRESENTADO 
teria acarretado, “conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em 
que funcione”, conforme inciso X do artigo 34 do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB). 
No ponto, é possível vislumbrar que o REPRESENTADO não causou a 
nulidade de qualquer processo ou ato processual mediante sua conduta face o caso ora 
exposto, no qual atuou em favor de seu cliente Antônio. 
 
	 3 
Inclusive, não há qualquer prova cabal de que tal fato tenha ocorrido, 
motivo pelo qual as afirmações dos REPRESENTANTES não passam de meras ilações. Se, de 
fato, os documentos apresentados pelo seu cliente Antônio foram comprovadamente falsos e 
eles tenha conhecimento disso, irá arcar com a sua responsabilidade perante a justiça criminal. 
No entanto, o REPRESENTADO, na sua esfera de atuação, não tinha o 
conhecimento de que os documentos apresentados por seu cliente eram falsos, tampouco 
detêm conhecimento técnico para analisa-los a ponto de constatar uma falsificação ou 
alteração em seu teor. 
Ainda, extrai-se da jurisprudência do conselho de ética da OAB, em 
caso em que também não houve qualquer comprovação por parte dos autores da 
Representação: 
A infração ao inciso XXV, do artigo 34, do EOAB, depende de prova 
estreme de dúvida, aliada ao requisito de habitualidade, situações essas 
que, no caso em análise, não foram sequer ventiladas durante a 
instrução. Representação totalmente improcedente. 
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Processo Disciplinar 
no 10R0003942011, acordam os membros da Décima Turma Disciplinar do 
Tribunal de Ética e Disciplina, da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção 
São Paulo, por votação unânime, nos termos do voto do Relator, em julgar 
improcedente a Representação e determinar o arquivamento dos autos1. 
(Grifou-se) 
E mais: 
Advogado. Alegação de que teria, por culpa grave, causado prejuízo aos 
seus patrocinados (artigo 34, IX, do EAOAB). Improcedência da 
representação. Ausência de justa causa. Inteligência dos artigos 68 do 
EAOAB e, 395, I e III, do CPP. 
 
Vistos, Relatados e examinados estes autos de PD22R000064/2012, acordam 
os Membros da Vigésima Segunda Turma do E. TED/SP, acolher por 
unanimidade, o voto do Relator Original para o fim de julgar improcedente a 
Representação, por inexistir prova da falta ética que foi dirigida ao querelado 
(artigo 34, inciso IX, do EOAB). Por consequência foi decretada a absolvição 
do Querelado e arquivamento deste PD2. (Grifou-se) 
 
 
1 OAB/SP; Sala das Sessões, 22 de agosto de 2014. Rel.: Dr. Mário José Ciappina Puatto - Presidente de sala: Dr. 
Achilles Benedicto Sormani. 
2 OAB/SP; Sala das sessões, 06 de junho de 2014. Rel.: Dr. Marcos ViniciusGonçalves Floriano - Presidente: Dr. 
Miguel Ângelo Guilen Lopes. 
 
	 4 
O segundo ponto a ser analisado é o descabimento da representação 
feita em face do REPRESENTADO por suposta violação do inciso XIV do artigo 34 do Estatuto 
da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB): “deturpar o teor de dispositivo de 
lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações 
da parte contrária, para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa”. 
Novamente, repisa-se que os REPRESENTANTES não possuem provas 
cabais de que o REPRESENTADO diligenciou no sentido de fraudar os documentos apresentados 
em juízo, tampouco coagiu os depoentes a mentir perante o magistrado da causa. 
O que se viu, sobretudo, foi uma indução aos depoentes em plena 
audiência a afirmarem que o advogado REPRESENTADO teria os influenciado a mentir sobre o 
teor dos documentos supostamente falsos. Todavia, nenhum desses fatos foi provado de 
maneira inequívoca, estando todos os fatos ainda sob apuração do poder judiciário, o que 
enseja o afastamento da presente representação, sob pena de violação do princípio da 
presunção da inocência do REPRESENTADO. 
Além disso, conforme bem observa o Artigo 2º, §2º, do Estatuto da 
Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que o advogado diligência no sentido 
de convencer o magistrado em relação a narrativa fática de seu cliente, defendendo, sobretudo, 
o seus direitos, mesmo que a verdade dos fatos seja diversa, cabendo ao juiz, enquanto 
representando do estado, a incumbência de fazer valer a justiça, com base em todo o 
arcabouço probatório e fático disponíveis para si. No ponto, o referido dispositivo assim 
consigna: 
Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça. 
[...] 
§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão 
favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos 
constituem múnus público. 
Nesse sentido, já decidiu a Conselho de Ética e Disciplina da OAB/RJ: 
Acórdão não unânime de Turma da Segunda Câmara. Representação julgada 
improcedente pelo Conselho Seccional. Ausência de provas de autoria e 
materialidade. Incidência do postulado in dubio pro reo. Recurso 
improvido. 1) A ausência de provas inequívocas de autoria de infração 
disciplinar indica a aplicação do postulado in dubio pro reo, de modo 
que os indícios constantes nos autos não são o bastante para 
fundamentar a aplicação de sanção disciplinar, por gravitar em torno do 
acusado a presunção de inocência. 2) Recurso improvido, mantida a 
decisão do Conselho Seccional, de improcedência da representação. Acórdão: 
 
	 5 
Vistos, relatados e discutidos os autos do processo em referência, acordam os 
membros da Segunda Câmara do Conselho Federal da Ordem dos Advogados 
do Brasil, observado o quórum exigido no art. 92 do Regulamento Geral, por 
unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do 
Relator3. (Grifou-se) 
Especificamente acerca da presunção de inocência, NUCCI4 destaca: 
Na medida em que a Constituição Federal dispôs expressamente acerca desse 
princípio, incumbe aos Poderes do Estado torná-lo efetivo – o Legislativo, 
criando normas que visem a equilibrar o interesse do Estado na satisfação de 
sua pretensão punitiva com o direito à liberdade do acusado; o Executivo, 
sancionando essas normas; e o Judiciário, deixando de aplicar no caso 
concreto (controle difuso da constitucionalidade) ou afastando do mundo 
jurídico (controle concentrado da constitucionalidade) disposições que não se 
coadunem com a ordem constitucional vigente. Em razão dessa tríplice 
função, discussões têm emergido na doutrina e na jurisprudência sobre a 
constitucionalidade de certas previsões determinadas pela legislação 
infraconstitucional. 
 
 
O princípio da presunção da inocência (ou princípio da não-
culpabilidade, segundo parte da doutrina jurídica) é um princípio jurídico de ordem 
constitucional, aplicado ao direito penal, que estabelece o estado de inocência como regra em 
relação ao acusado da prática de infração penal. Está previsto expressamente pelo artigo 5º, 
inciso LVII, da Constituição Federal, que preceitua que "ninguém será considerado culpado 
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". 
 
Ato contínuo, nota-se que o REPRESENTADO também não incorreu em 
violação dos incisos XV e XVII do artigo 34 do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB), conforme erroneamente aponta a representação ofertada. 
O fato da mãe do cliente do REPRESENTADO, senhor Antônio 
supostamente ter fraudado os documentos apresentados na esfera judicial trata-se de fato 
narrado pelo cliente e que pode estar respaldada por resquícios de veracidade, todavia, tal fato 
se torna de difícil averiguação, já que a pessoa que supostamente praticou referida conduta já 
faleceu. 
Sendo assim, não houve uma imputação falsa de crime à terceiro por 
parte do REPRESENTADO, mas, tão somente, referido fato foi narrado ao magistrado para que 
houvesse a apuração do fato, já que a narrativa partiu do próprio cliente, senhor Antônio. 
 
3 OAB/RJ; Brasília, 21 de maio de 2019. Ary Raghiant Neto, Presidente. Guilherme Octávio Batochio, Relator ad 
hoc. (DEOAB, a. 1, n. 100, 23.5.2019, p. 6. 
4 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 13. ed. rev., atual. e ampl. – Rio 
de Janeiro: Forense, 2016. p. 396. 
 
	 6 
No ponto, é preciso reiterar que todos esses fatos ainda estão sob 
apuração do Ministério Público, a fim de verificar a veracidade das informações e documentos 
fornecidos pelo senhor Antônio, cliente do REPRESENTADO. Todavia, a conduta do advogado 
Luciano no caso foi irreparável e ilibada, não havendo qualquer sinal de irregularidade ou 
ilegalidade que acarrete em uma infração disciplinar, já que agiu em defesa dos interesses de 
seu cliente e confiante na sua versão dos fatos. 
Quanto ao fato de que o REPRESENTADO teria participado de concurso 
com o cliente com objetivo de contrariar a lei e adulterar documento com o objetivo de fraudá-
la, insta salientar que referida argumentação é completamente desprovida de veracidade e 
qualquer tipo de comprovação nesse sentido. 
Por fim, quanto a suposta infringência do dispositivo constante no 
artigo 34, XXVIII do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 
ressalta-se novamente, que o REPRESENTADO possui conduta ilibada e respeitável no segmento 
da advocacia em que atua, não tendo exigido, em momento algum, qualquer valor para praticar 
ato ilegal ou com o intuito de induzir qualquer juízo que fosse ao erro, não tendo atuado, 
portanto, com desonra ou má-fé para atingir a imagem da profissão. 
Ademais, não há qualquer outro fato que desabone a conduta do 
REPRESENTADO, não havendo sentido para sua condenação por crime infamante, como requer 
os REPRESENTANTES. 
Nessa esteira, já decidiu a jurisprudência da OAB: 
Infração ao artigo 34, incisos IX e XI, do EAOAB, não configurada. 
Inércia profissional. Ausência de prova de prejuízo formal ou 
processual. Absolvição. A apresentação de razões recursais fora do 
prazo, no âmbito processual penal, é mera irregularidade. Assim, se a 
inércia profissional não causou nenhum prejuízo formal ou processual, a 
absolvição é medida que se impõe. 
 
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Processo Disciplinar no 
10R0003062011, acordam os membros da Décima Turma Disciplinar do 
Tribunal de Ética e Disciplina, da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção 
São Paulo, por votação unânime, nos termos do voto do Relator, em julgar 
improcedente a Representação e determinar o arquivamento dos autos5. 
(Grifou-se) 
 
5 OAB/SP; Sala das Sessões, 25 de julho de 2014. Rel.: Dr. Cristiano Biem Cunha Carvalho - Presidente: Dr. 
Ailton José Gimenez. 
 
	 7 
A doutrina6, ainda, faz a seguinteressalva sobre os chamados crimes infamantes: 
Crime infamante entende -se como todo aquele que acarreta para seu autor a 
desonra, a indignidade e a má fama (daí infame). Essas desvalorizações da 
conduta criminosa são potencializadas e caracterizadas como infames quando 
o crime é praticado por profissional do direito, que tem o dever qualificado 
de defender a ordem jurídica. O furto, cometido por um ladrão comum, não 
se equipara em grau de infâmia ao praticado por um advogado, que é sempre 
presumida. Nesse último sentido, a Segunda Câmara do CF/OAB (Re c. 
2.410/2001/SCA) qualificou como crime infamante a prática de crime de 
furto, cuja condenação transitou em julgado, e (Ementa n. 019/2007/1ª 
TSCA) a prática reincidente de falsificação de cheque , com sua utilização 
intencional para pagamento de dívida pessoal. 
 
E a verdade só pode ser descoberta através do estudo, da pesquisa e da 
apuração dos fatos que geraram os pretensos direitos subjetivos. Daí a importância da 
atividade probatória, porque é através dela que o julgador ira buscar o verdadeiro 
EQUILIBRIO de sua decisão. Assim, o REPRESENTADO se vê obrigado a refutar os fatos, que 
foram descritos na representação, ora contestada, que não são ao todo verdadeiros, a fim de 
que se faca JUSTICA. 
Por fim, em um eventual entendimento por parte dos r. Julgadores 
acerca do cometimento de infração disciplinar por parte do REPRESENTADO, insta salientar que 
o mesmo se enquadra em 2 dos incisos do artigo 40 do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB), a fim de atenuar uma eventual pena a ser cominada. Veja-se: 
Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins 
de atenuação, as seguintes circunstâncias, entre outras: 
I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional; 
II - ausência de punição disciplinar anterior; 
III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão 
da OAB; 
IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública. 
Sobre o tema, o doutrinador LÔBO7 aduz que: 
A discricionariedade está contida no grau de ponderação para reduzir ou 
ampliar a sanção disciplinar. Como decidiu a Segunda Câmara do CFOAB, 
“a dosagem das atenuantes, na forma do artigo 40 estatutário, repousa na 
discricionária avaliação do órgão julgador” (Re c. 0376/2003/SCA). 
O Estatuto optou por tipos abertos, permitindo que o órgão aplicador da 
sanção valore circunstância nele não prevista, em face de sua relevância e 
razoabilidade. Essa ductilidade de apreciação não é indiscriminada nem pode 
conduzir ao arbítrio ou juízos subjetivos de valor, mas a standards é ticos de 
comportamento que a comunidade profissional pratica ou defende. 
 
6 LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 10ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. p. 202. 
7 LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 10ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. p. 205. 
 
	 8 
 
Especificamente sobre os incisos em que o REPRESENTADO se enquadra, o autor8 
destaca: 
a) Defesa de prerrogativa profissional — Nesse caso, a falta de correu do 
excesso ou da exasperação, ferindo a ética profissional. O fim relevante não 
justifica a impropriedade dos meios empregados. Exemplo muito comum é o 
da defesa da inviolabilidade, excedendo-se em agressões desmedidas ao 
magistrado, como na hipótese de calúnia. 
 
b) Primariedade — Aqui inexiste ocorrência de aplicação de finitiva de 
sanção disciplinar anterior, não podendo ser considerada a existência de outro 
processo disciplinar não concluído com trânsito em julgado da decisão, ou a 
antecedência de infração apagada pela reabilitação, porque o registro é 
extinto dos assentamentos do inscrito. 
 
No mesmo sentido, ensina, ainda, a doutrina9: 
O art. 40 do EAOAB prevê os seguintes critérios a serem observados quando 
da aplicação das sanções disciplinares, para fins de atenuação da pena: 
 
a) Falta cometida na' defesa de prerrogativa profissional (art. 7° do EAOAB). 
Terá a seu favor circunstância atenuante se demonstrar que agiu na defesa das 
prerrogativas concedidas legalmente aos advogados; 
 
b) Ausência de punição disciplinar anterior. A primariedade é circunstância 
atenuante) de caráter objetivo e conhecimento obrigatório (Conselho Federal, 
Recurso nº 091/2006 - "A ausência de condenação disciplinar anterior do 
advogado é circunstância atenuante que deve, obrigatoriamente, ser levada 
em consideração pelo julgador, para minorar a punição disciplinar aplicada, 
sempre que superior ao mínimo legal); 
 
Portanto, tendo em vista que eventual falta cometida pelo 
REPRESENTADO tenha sido cometida em defesa de prerrogativa profissional e ausência de 
punição disciplinar anterior do mesmo, eventual condenação deve ser atenuada com base no 
referido dispositivo legal. 
 
 
 
 
8 LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 10ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. p. 205-
206. 
9 CRISTINA, Flávia; FRANCESCHET, Júlio; PAVIONE, Lucas. Exame da OAB – Todas as Disciplinas – 
Volume único. 9ª Ed. Editora JusPodivm, Salvador, 2018. p. 150-151. 
 
	 9 
DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer: 
a) Que seja a presente defesa recebida, eis que tempestiva conforme o 
artigo 69, do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do 
Brasil (EAOAB) e, em seu mérito provida, no sentido de ser a 
presente representação INDEFERIDA TOTALMENTE, 
determinando-se, por consequência, o seu arquivamento; 
b) Ademais, pugna-se pelo indeferimento da representação diante da 
inocorrência de qualquer infração ética, conforme bem corroborado 
nas razões acima elencadas, tendo o advogado Luciano sempre 
atuado com lisura e ética no desempenho de suas atividades 
profissionais; 
c) Subsidiariamente, seja a representação julgada improcedente em 
observância a presunção de inocência do REPRESENTADO; 
d) Ad argumentandum tantum, como utima ratio, em caso de 
entendimento pelo acolhimento da presente representação, seja a 
pena do REPRESENTADO seja atenuada, com base no artigo 40, I e 
II, do Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil 
(EAOAB); 
e) Requer, ainda, que seja oportunizado ao REPRESENTADO apresentar 
todas as provas permitidas e admitidas em DIREITO, em especial, 
mas não exclusivamente, a juntada de documentos e apresentação 
de testemunhas. 
Nestes termos, 
Pede DEFERIMENTO. 
Cidade XXX, 15 de maio de 2020. 
Advogado 
OAB n° XX.XXX/XX 
 
 
	 10 
REFERÊNCIAS 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8906.htm - Estatuto da Advocacia e a Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB) - LEI Nº 8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994. 
 
CARDELLA, Haroldo Paranhos. Ética Profissional da advocacia. São Paulo: Saraiva, 2006. 
 
CRISTINA, Flávia; FRANCESCHET, Júlio; PAVIONE, Lucas. Exame da OAB – Todas as 
Disciplinas – Volume único. 9ª Ed. Editora JusPodivm, Salvador, 2018. 
 
LÔBO, Paulo. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 10ª ed. – São Paulo: 
Saraiva, 2017. 
 
MACHADO, Paulo. 10 em Ética! Teorias e Questões Comentadas. 4ª Ed. Rio de Janeiro: 
Editora Armador, 2017. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 13. ed. rev., 
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense. 
 
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional, 23ª ed., São Paulo: Malheiros, 
2004. 
 
OAB/SP; Sala das Sessões, 22 de agosto de 2014. Rel.: Dr. Mário José Ciappina Puatto - 
Presidente de sala: Dr. Achilles Benedicto Sormani. 
 
OAB/SP; Sala das sessões, 06 de junho de 2014. Rel.: Dr. Marcos Vinicius Gonçalves 
Floriano - Presidente: Dr. Miguel Ângelo Guilen Lopes. 
 
OAB/SP; Sala das Sessões, 25 de julho de 2014. Rel.: Dr. Cristiano Biem Cunha Carvalho - 
Presidente: Dr. Ailton José Gimenez. 
 
OAB/RJ; Brasília, 21 de maio de 2019. Ary Raghiant Neto, Presidente. Guilherme Octávio 
Batochio, Relator ad hoc. (DEOAB, a. 1, n. 100, 23.5.2019, p. 6. 
 
NUCCI, Guilherme de Souza.Manual de processo penal e execução penal. 13. ed. rev., 
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense. 
 
www.stf.jus.br 
 
www.stj.jus.br 
 
www.tjsp.jus.br 
 
www.oab.org.br 
 
www.oabsp.org.br

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