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Princípios administrativos

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PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
1) REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO E SUA RELAÇÃO COM OS PRINCÍPIOS:
1.1) Definição: é o conjunto de regras que incidem sobre a administração envolvendo deveres e prerrogativas para a preservação dos interesses da coletividade. 
Para atuar a administração possui prerrogativas e, também encontra limitações para que não ocorram excessos em sua atuação. 
Dois princípios são muito importantes na definição do regime jurídico administrativo: princípio da supremacia do interesse público e princípio da indisponibilidade do interesse público. 
1.2) Objetivo da administração: interesse público primário (interesses da coletividade). 
1.3) Fundamentos legais: ART. 1º, CF: A expressão república representa a titularidade do povo. 
Toda vez que a administração se afasta do interesse público primário = desvio de finalidade, que é uma forma de ilegalidade. 
Desvio de finalidade = Controle de legalidade pelo judiciário. 
1.4) PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INTERESSE PRIVADO: 
a) Trata-se de princípio IMPLICÍTO que coloca a administração pública em uma posição de superioridade em detrimento dos particulares para que possa alcançar o bem-estar de todos. 
b) Exemplos práticos da aplicação desse princípio: 
 - Os atos fruto do poder de polícia, exemplo: a interdição de um restaurante pela vigilância sanitária. 
 - A requisição de bens, quando a Administração, no caso de iminente perigo público, poderá usar da propriedade particular (ART. 5.º, XXV, CF). 
- A presença das cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos. 
- Os privilégios processuais, como os prazos dilatados da Fazenda Pública. 
c) – É um princípio absoluto? 
O tema é polêmico na doutrina, existindo algumas correntes: 
1C: tal princípio não deveria existir, tendo em vista que o ordenamento jurídico atual dá grande importância aos direitos fundamentais, impondo ao Estado, além do dever de garantia desses direitos, grande limitação para que possam ser assegurados. 
2C – José dos Santos Carvalho Filho: o princípio da supremacia do interesse privado sobre o particular deve passar por uma reconstrução, devendo ser adaptado à dinâmica social para que os interesses se harmonizem. 
1.5) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO:
a) É considerado um princípio IMPLÍCITO. A titularidade do interesse público pertence à TODA a coletividade, não somente a administração ou seus agentes. Por essa razão, o gestor público deve atuar buscando atingir o interesse público e não suas vontades. 
b) Exemplos práticos da aplicação desse princípio: 
- Dever de licitar. 
- A alienação de bens públicos deve seguir procedimento legalmente estabelecido.
- Os princípios da supremacia e da indisponibilidade, por serem a base do regime jurídico administrativo, seriam hierarquicamente superiores aos demais princípios? 
NÃO, não existe hierarquia entre princípios. 
1.6) As prerrogativas da administração: 
a) Autoexecutoriedade dos atos administrativos: a administração não precisa de autorização de ninguém. 
b) Poder de polícia: permite a administração limitar, de forma unilateral, direitos individuais, em detrimento da coletividade. 
c) Imprescritibilidade dos bens públicos: bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião:
Súmula 340, STF: Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
2) PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS:
São divididos em expressos/explícitos e implícitos. 
DICA - Princípios reconhecidos: nomenclatura utilizada por José dos Santos Carvalho Filho para nomear os princípios que, embora NÃO ESTEJAM EXPRESSOS, têm sua aplicação amplamente reconhecida pela doutrina e jurisprudência. 
DICA: os princípios expressos são aqueles que estão no texto constitucional, são chamados também de princípios constitucionais. 
- Quem são os destinatários desses princípios? 
Toda a administração direta e indireta dos Poderes da União, Estados, Municípios e DF. 
ATENÇÃO: é administração direta E indireta. Nos concursos eles costumam colocar OU. 
A administração direta é composta por: Ministérios (União), Secretarias (Estados) e prefeituras regionais (municípios). 
A administração indireta é composta por pessoas jurídicas: autarquias, fundações, empresas públicas e sociedade de economia mista. 
- O que vale mais, princípio ou norma? 
Celso Antônio Bandeira de Mello: “violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto porque, com ofendê-lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda estrutura nelas esforçada”.
Em suma: é mais grave infringir um princípio, pois é norteador de todo um sistema. 
2.1) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS/ PRINCÍPIOS EXPRESSOS/EXPLÍCITOS: ART. 37, caput, CF
	LIMPE
L - legalidade
I – impessoalidade
M – moralidade
P – publicidade
E – eficiência
2.1.1) LEGALIDADE: 
a) Conceito: toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada por lei. 
A administração só pode fazer o que a lei expressamente determina. Para que a administração possa editar seus atos é necessário que exista lei anterior permitindo. 
Existe hierarquia e subordinação – a lei está acima dos atos administrativos.
Inicialmente cumpre ressaltar que o Estado Democrático de Direito é formado pela junção dos elementos povo, território, governo soberano e normas. 
As normas são aplicáveis aos particulares e também ao Estado. 
Estado de Direito – o Estado deve respeitar as leis que edita. 
A concepção de legalidade é diferente entre particulares e Estado – Hely Lopes Meirelles definiu bem “enquanto os indivíduos no campo privado podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”. 
	Legalidade para os particulares
	Legalidade para o Estado
	Conduta permissiva – pode fazer tudo que a lei não proíbe.
	Conduta negativa – pode fazer somente o que é permitido por lei. 
	Existindo lacuna legislativa pode agir 
	Existindo lacuna legislativa não pode agir, deve se abster 
	Autonomia da vontade – tem liberdade para agir 
	Submissão – o gestor público está submetido ao que a lei autoriza
DICA: a doutrina mais moderna do direito administrativo utiliza a expressão “princípio da juridicidade”. 
Princípio da juridicidade: a administração deve respeitar a lei em sentido amplo, ou seja, deve respeitar todas as espécies normativas englobadas no bloco da legalidade. 
Não é só para respeitar a lei em sentido estrito. 
Legalidade não pode ser confundida com reserva legal. 
	Legalidade
	Reserva legal
	Engloba todo bloco de legalidade, ou seja, engloba todas as espécies normativas constantes do ART. 59, CF
	necessidade de disciplinar determinados assuntos por meio de lei em sentido estrito (lei ordinária e lei complementar)
 
b) Exceções ao princípio da legalidade: situações em que não é necessária a existência prévia de lei para que o administrador haja, conforme redação da própria CF. 
	Medida Provisória - ART. 62 ,CF
	Estado de defesa – 
ART. 136 ,CF
	Estado de sítio – 
ART. 137,CF
	Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
	O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
	O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselhode Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I – comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; II – declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
	As medidas provisórias são leis em sentido material, já que podem inovar no ordenamento jurídico, mas não são leis em sentido formal, pois não passaram pelo regular processo legislativo. 
	O decreto que instituir o estado de defesa poderá fazer restrições aos direitos de reunião e ao sigilo das correspondências e das comunicações telegráficas e telefônicas. 
Perceba que, nesse caso, as limitações podem ser feitas diretamente por um decreto (ato administrativo), sendo dispensável a feitura de uma lei em sentido formal.
	Pode o decreto que instituir o estado de sítio impor, por exemplo, obrigação de permanência em localidade determinada; detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; suspensão da liberdade de reunião; busca e apreensão em domicílio, entre outras restrições. 
Todas estas limitações foram produzidas por um ato administrativo (decreto), e não por uma lei ordinária ou complementar
c) Jurisprudência aplicável ao princípio da legalidade: 
	Súmula vinculante 44: só a lei pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. 
Súmula 686, STF: Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
STF: o exame da OAB é constitucional, pois a realização da prova está prevista no Estatuto da Advocacia (lei). 
2.1.2) IMPESSOALIDADE: 
a) Conceito: o princípio da impessoalidade está relacionado com a atuação da administração em relação aos administrados e também está ligado a impessoalidade do administrador em sua atuação. 
Significa dizer que, em relação aos administrados, deve ser aplicada a igualdade de tratamento entre aqueles que se encontrem em situação idêntica. A atuação pública deve ser objetiva, e não subjetiva, não podendo beneficiar alguns indivíduos em detrimento de outros, nem prejudicar. 
Quanto à impessoalidade do administrador em sua atuação, é vedada a promoção pessoal do gestor público. 
Em sua, a atuação deve ser em conformidade com o interesse público primário. 
José dos Santos Carvalho Filho observa que o princípio da impessoalidade tem raízes em outros dois princípios: isonomia e finalidade. 
	DICA: atualmente se fala em buscar a igualdade material. Segundo Aristóteles, significa tratar os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual, na medida da sua desigualdade.
A igualdade formal se relaciona com o tratamento igual estabelecido por lei – todos são iguais perante a lei. 
A administração pode discriminar, desde que seja para preservar os interesses da coletividade (interesse público primário), MAS NÃO PODE SER DE FORMA GRATUITA. 
- O princípio da impessoalidade é absoluto? 
Não.
Celso Antônio Bandeira de Mello diz que você deve usar os fatos de discriminação versus o objetivo que se pretende alcançar. Quando preservar o interesse público, a discriminação é legítima. 
b) Fundamentos infraconstitucionais: 
ART. 2º, PU, III, 9784/99: Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
III) objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades. 
c) Casuística envolvendo a impessoalidade: 
- O poder público deve ser impessoal na contratação de pessoas – como regra exige o concurso público (ART. 37, II, CF). 
- Impessoalidade da contratação de serviços – é obrigatória realização de licitação (ART. 37, XXI, CF). 
- Impessoalidade nos atos de governo – não podem aparecer nomes, imagens e símbolos que representem promoção pessoal do administrador. 
- Impessoalidade para o pagamento de credores - é por meio de precatórios, que devem ser liquidados na ordem cronológica da sua apresentação. 
d) Jurisprudência aplicável ao princípio da impessoalidade: 
	STF E O SISTEMA DE COTAS: O STF, fundando-se no art. 5º, caput, da CF, e fazendo sobrelevar a igualdade material sobre a formal, considerou constitucional tal ação afirmativa, que traduz política de inclusão social com o objetivo de suplantar desigualdades oriundas do processo histórico do país, muito embora os destinatários obtenham maiores vantagens que os demais interessados.
Súmula 683, STF: O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF/88, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Súmula 615, STJ: Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.
CRÍTICA: Com efeito, a leitura da súmula reproduzida bem demonstra a consolidação ao nível do STJ da tese de liberação da inscrição de Municípios em cadastros de inadimplência quando a administração, que sucedeu ex-gestor faltoso, promove a adoção de todas as medidas tendentes ao ressarcimento ao erário dos prejuízos causados. Em outro dizer, pressupõe o cumprimento de requisito objetivo para a suspensão de eventuais restrições ao município, vale dizer, a imposição de medidas de cunho preparatório em âmbito administrativo e judicial em face dos gestores e/ou empresas responsáveis pela má administração de recursos públicos. Em síntese, libera a inadimplência do Município administrado por prefeito, que sucedeu ao administrador faltoso, quando tomadas todas as providências para os ressarcimentos dos cofres públicos. Assim sendo, a tese cristalizada na referida súmula afasta a regra geral, segundo a qual o ente federado, não importa o gestor, deve responder pela inadimplência e ser mantido no cadastro de devedores até que a obrigação seja devidamente cumprida. Desta forma, impede que sanções atinjam pessoas que não tenham participa do ato; não tenham dele se beneficiado; e não tinham como evitá-lo. Dentro desse contexto, cumpre salientar não se tratar de exoneração do município da obrigação de ressarcimento, mas de suspensão de sua inscrição no cadastro de devedores a fim de que possa continuar percebendo transferências voluntárias da União, consoante as diretrizes estabelecidas no art. 159, da CF. Diante desse cenário, é que a tese adotada pela referida súmula excepciona o princípio da impessoalidade, uma vez que faz incidir os ônus de obrigações não cumpridas, não sobre os Municípios, mas sobre os maus gestores.
A tese adotada pela referida súmula adota o princípio da instranscendência subjetiva: princípio da intranscendência subjetiva impede que sanções e restrições superem a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadoras do ato ilícito. 
Súmula vinculante 13: vedação ao nepotismo. 
2.1.3) MORALIDADE: 
a) Conceito: a moralidade administrativa está relacionada a adoção de conduta ética do administrador público e dos agentes integrantes da administração. O administrador está obrigado a praticar atos honestos. 
Toda vez que o administrador praticar um ato imoral pratica também um ato inconstitucional. 
Essa moralidade é administrativa – intimamente ligada a preservação do interesse público. 
DICA: o conceito de moralidade envolve atuação ética, em virtude disso é possível que, ao ferir o princípio da moralidade sejam violados, concomitantemente, outros princípios. 
b) Desdobramentos do princípio da moralidade:
- Lei de Improbidade Administrativa: a improbidade é uma espécie qualificada de imoralidade. Exige comprovação de dolo, em regra. 
- Ação popular (ART. 5º, LXXIII, CF + LEI 4717/65): instrumento muito importante conferido ao cidadão para preservação da moralidade administrativa. 
- É preciso haver efetiva lesão patrimonial para que o cidadão utilize a ação popular? 
José dos Santos Carvalho Filho: NÃO, bastando a ofensa ao princípio.- Ação civil pública (ART. 129, III, CF + LEI 7347/85). 
c) Jurisprudência aplicável ao princípio da moralidade: 
	Súmula vinculante nº 13: vedação ao nepotismo.
O alcance da SV13 foi reduzido no tocante ao nepotismo praticado por detentores de cargos políticos. 
DICA: nepotismo transverso (ou nepotismo cruzado) é aquele resultante de ajuste mediante designações recíprocas.
2.1.4) PUBLICIDADE: 
a) Conceito: dever de divulgar da maneira mais ampla possível os atos praticados pela administração. O objetivo de tal princípio é garantir o controle da legitimidade de tais atos. 
A publicidade viabiliza o controle social dos agentes administrativos. 
Como REGRA, o Poder Público é obrigado a dar transparência em relação a todos os seus atos e a todas as informações armazenadas em seus bancos de dados. 
ART. 5º, XXXIII, CF: Todos tem o direito de obter dos órgãos públicos informações de interesse particular, coletivo ou geral, no prazo da lei, sob pena de responsabilidade. (Esse dispositivo foi regulamentado pela Lei 12.527/11 – Lei de acesso a informações públicas.) 
Entretanto, o princípio da publicidade comporta EXCEÇÕES:
- ART. 24, Lei de informações: A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada.
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data de sua produção e são os seguintes:
Ultrassecretas = 25 anos 
Secretas = 15 anos 
Reservadas = 05 anos
- ART. 5.º, X, CF– são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 
- ART. 5.º, XXXIII, CF: todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 
- ART. 5.º, LX, CF – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.
b) Instrumentos aptos a concretizar o princípio da publicidade: 
- Direito de petição – ART. 5º, XXXIV, “a”, CF. 
- Direito a certidões – ART. 5º, XXXIV, “b”, CF. 
- A ação administrativa ex officio de divulgação de informações de interesse público
c) Ações constitucionais que corroboram o princípio da publicidade e servem para coibir violações: 
A garantia constitucional dependerá da natureza da informação pedida:
- Se for personalizada, a seu respeito = habeas data – ART. 5º LXXII, CF.
- Se for de outra natureza = mandado de segurança - ART. 5º, LXIX, CF. 
d) Publicidade como condição de eficácia dos atos administrativos: a falta de publicidade, por si só, não torna o ato inválido, mas o deixa ineficaz, de modo que não é apto a produção de efeitos. 
e) Jurisprudência aplicável ao tema: 
	STF: é constitucional e está de acordo com o princípio da publicidade a divulgação de vencimentos dos servidores públicos, ressalvando-se, contudo, a necessidade de figurar exclusivamente o nome e a matrícula funcional do servidor, vedada a divulgação de outros dados pessoais, como CPF, RG e endereço residencial
	ATENÇÃO: ler a lei geral de acesso a informações públicas e a lei geral de proteção de dados. 
2.1.5) EFICIÊNCIA: 
a) Conceito: Os principais objetivos do princípio da eficiência são a busca por: presteza, alto rendimento funcional, qualidade, rapidez e redução de desperdícios
A administração está obrigada a manter ou ampliar a qualidade dos serviços que presta e das obras que executa, sob pena de responsabilidade. 
DICA: é um princípio fruto do poder constituinte derivado, incluído por meio de EC em 1998. A administração passou a adotar o modelo gerencial – menos burocracia e mais eficiência, especialmente com os avanços tecnológicos alcançados nos últimos anos. 
b) Desdobramentos do princípio da eficiência:
- Necessidade de estágio probatório para servidores públicos. 
- Necessidade de aprovação em avaliação de desempenho funcional para garantir a estabilidade. 
- Avaliação de desempenho funcional. 
2.2) PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS IMPLÍCITOS
2.2.1) SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INTERESSE PRIVADO. 
2.2.2) INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO. 
	DICA: os princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público são considerados SUPRAPRINCÍPIOS. 
2.2.3) MOTIVAÇÃO: 
a) Conceito: a administração precisa indicar os fundamentos de fato e de direito que embasam sua decisão. 
A motivação deve ser prévia ou concomitante ao ato. 
	DICA: Qualquer ato feito pela comissão do concurso público deve ser motivado. 
ART. 50, III, 9484/99: Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública. 
2.2.4) AUTOTUTELA: 
a) Conceito: permite que a própria administração faça controle de legalidade e de mérito relativo a seus atos, podendo revisa-los. 
	Súmula 473, STF:
	ART. 53, Lei. 9.784/99:
	A administração PODE anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
	A Administração DEVE anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
	Na verdade, a administração tem um verdadeiro poder-dever de anular atos ilegais. 
ATENÇÃO a redação da questão, quando for cobrada a literalidade da súmula, é FACULDADE a revogação de ato ilegal. 
	Atos de anulação ou revogação deverão ser motivados. 
b) Limites: 
O princípio da autotutela não é absoluto e encontra alguns limites: os direitos adquiridos, decadência (ART. 54, LEI 9784/99)
ART. 54, LEI 9784/99: O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.
2.2.5) RAZOABILIDADE: 
a) Conceito: o agente público deve atuar sempre buscando o equilíbrio. 
2.2.6) PROPORCIONALIDADE/PROIBIÇÃO DE EXCESSOS: 
a) Conceito: a proporcionalidade pode ser entendida como um reflexo da razoabilidade e tem por objetivo coibir possíveis excessos na prática da atividade administrativa. 
Ao analisar esse princípio, o STF fez uma subdivisão, portanto, o princípio da proporcionalidade, na visão do STF, abarca 03 subprincípios: 
- Princípio da adequação: os meios adotados devem ser aptos a atingir os fins almejados. 
- Princípio da necessidade: o meio utilizado deve ser o menos gravoso possível. 
- Princípio da proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens da medida adotada devem ser maiores que as desvantagens. 
2.2.7) CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO:
a) Conceito: devido a sua essencialidade, o serviço público não deve ser interrompido. Mas essa ideia não é absoluta, podendo encontrar excessos legais. 
- Quando o serviço público pode ser interrompido? 
1) por razões de ordem técnica, desde que precedidos de aviso. 
2) Por inadimplência, desde que precedida de aviso. 
2.2.8) SEGURANÇA JURÍDICA: 
a) Conceito: é vedada a aplicação retroativa de nova interpretação de lei. 
O cidadão tem confiança nas decisões do Poder Público. 
É um princípio diretamente associado a proteção da confiança. 
	Teoria do fato consumado: baseada na ideia da proteção da confiança, impõeque uma situação já consolidada pelo tempo não pode ser desfeita. 
STF: o candidato a concurso público que obteve posse por decisão judicial provisória não pode invocar o princípio da proteção da confiança, pois conhece a precariedade da medida judicial. Não se aplica, nesse caso, a teoria do fato consumado. 
	SÚMULAS SOBRE O TEMA:
Súmulas vinculantes
Súmula 3. Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 
ATENÇÃO: INFORMATIVO 967, STF – a apreciação da legalidade de ato inicial concessivo de aposentadoria, reforma e pensão compete ao Tribunal de Contas. 
É uma exceção ao princípio do contraditória e da ampla defesa, isso porque não é necessário haver contraditório e ampla defesa no processo perante o Tribunal de contas que apreciará a legalidade do ato. 
O prazo para apreciação da legalidade do ato é de 05 anos, contados da chegada do processo ao Tribunal de Contas. 
Havia o entendimento de que, decorridos 05 anos sem que o TC apreciasse a legalidade do ato, era necessária dar ao interessado o direito do contraditório e da ampla defesa. 
HOUVE UMA MUDANÇA DE ENTENDIMENTO, CONFORME INFORMATIVO 967, STF: Se o Tribunal de Contas demorar mais de 5 anos para apreciar a legalidade, ele não poderá mais rever esse ato. Esgotado o prazo, considera-se que a aposentadoria, reforma ou pensão está definitivamente registrada, mesmo sem ter havido a análise pelo Tribunal de Contas.
Súmula 5. A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição. 
Súmula 13. A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 
ATENÇÃO: Como o STF entende a prática de nepotismo relativa a cargos de natureza política? 
Em regra, a proibição da SV 13 não se aplica para cargos públicos de natureza política, como, por exemplo, Secretário Municipal. Assim, a jurisprudência do STF, em regra, tem excepcionado a regra sumulada e garantido a permanência de parentes de autoridades públicas em cargos políticos, sob o fundamento de que tal prática não configura nepotismo.
EXCEÇÃO: quando pode restar configurada a prática de nepotismo em cargos de natureza política? 
Poderá ficar caracterizado o nepotismo mesmo em se tratando de cargo político caso fique demonstrada a inequívoca falta de razoabilidade na nomeação por manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral do nomeado.
DICA: nepoTismo = Terceiro grau 
Súmula 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
Súmula 21. É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. 
Súmulas do STF
Súmula 6. A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele Tribunal, ressalvada a competência revisora do Judiciário. 
Súmula 20. É necessário processo administrativo com ampla defesa, para demissão de funcionário admitido por concurso. 
Súmula 340. Desde a vigência do Código Civil, os bens dominicais, como os demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião.
Súmula 346. A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
 
Súmula 397. O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito. 
Súmula 473. A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 
Súmula 636. Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão recorrida. 
Súmula 683. O limite de idade para a inscrição em concurso público só se legitima em face do art. 7.º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Súmula 684. É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato a concurso público. 
Súmula 704: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. 
Súmulas do STJ
Súmula 373. É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo. 
Súmula 377. O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.
Súmula 467. Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a execução da multa por infração ambiental. 
Súmula 552. O portador de surdez unilateral não se qualifica como pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas em concursos públicos.
Súmula 615. Não pode ocorrer ou permanecer a inscrição do município em cadastros restritivos fundada em irregularidades na gestão anterior quando, na gestão sucessora, são tomadas as providências cabíveis à reparação dos danos eventualmente cometidos.
Súmula 619.  A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.
Princípio da impessoalidade 
Princípio da isonomia 
Diz respeito ao tratamento em condições de igualdade. 
Princípio da finalidade 
A finalidade almejada deve ser sempre o interesse público, não cabendo atuação para buscar interesse particlar. 
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
EXPRESSOS - ART. 37, caput, CF
Legalidade 
Impessoalidade
IMPLÍCITOS
Supremacia do interesse público 
Moralidade 
Publicidade
Eficiência 
Indisponibilidade do interesse público 
Autotutela
Motivação
Razoabilidade
Proporcionalidade
Continuidade do serviço público 
Segurança jurídica

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