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123 Panorama da Aquicultura

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1Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
2 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
3Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011 3
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
carcinicultura brasileira tem realmente bons motivos para comemorar. Segundo a Associação 
Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), no ano que passou a indústria do camarão cultivado 
no país despescou 80 mil toneladas, chegando, portanto, muito perto da sua safra recorde de 90 
mil toneladas despescadas em 2003. Com os preços médios praticados na porteira, o setor faturou 
ao redor de R$ 600 milhões em 2010, ao vender seu produto para um mercado interno ávido e ainda não 
muito exigente.
Apesar de todo o camarão produzido no ano passado ter sido voltado para saciar esse mercado, um 
fato curioso revela a enorme fome desse monstro, que se mostrou muito maior do que o setor produtivo 
imaginava. Fascinados com uma enorme e surpreendente demanda, grandes empresas revendedoras de 
pescado travam, neste momento, uma batalha na justiça reivindicando que o governo brasileiro desconsidere 
a Instrução Normativa no 39, (4/11/1999), que proíbe a importação de camarão, abrindo, desta forma, o 
mercado nacional para inúmeros países aptos a atender essa crescente demanda com “precinhos sedutores”.
O setor sabe que produzir mais é preciso, mas não deve esquecer que em 2003, quando nadando de 
braçadas produziu 90 mil toneladas, foi pego de surpresa por doenças que o nocautearam. Preocupa então 
saber que, para alcançar as 80 mil toneladas atuais, o setor produtivo só pode estar usando densidades 
mais altas, se aproximando perigosamente do ponto em que o leite derramou da panela. Portanto, apesar 
dos bons ventos que sopram a favor, é preciso atenção para que o setor não reviva seus erros recentes.
Então, o que é preciso fazer para aumentar a produção na atual área alagada, sem se tornar vulnerável 
às doenças? Para onde a carcicincultura brasileira deve aprumar suas velas e aproveitar esse vento tão 
desejado que agora sopra?
Nesta edição, trazemos os resultados dos experimentos realizados pela equipe da bióloga Ana Carolina 
Guerrelhas, da Aquatec, que com sua experiência foi buscar tecnologia junto a produtores asiáticos. A seu 
ver, trata-se do manejo mais viável, sob todos os aspectos, para aumentar a produção de camarões, reduzir 
drasticamente o impacto ambiental e afastar os riscos sanitários, como as doenças e a ação dos varejistas 
que, obviamente, deve ser também considerada de grande risco sanitário. 
Escolhemos como matéria de capa o artigo que apresenta os resultados da incrível pesquisa realizada 
pela equipe do engenheiro de pesca Alberto J. P. Nunes, do LABOMAR/UFC, que trabalha com uma nova 
geração de rações para camarão com zero de farinha de peixe, e com resultados extremamente favoráveis, 
tanto no aspecto zootécnico quanto econômico. 
Nas próximas páginas o leitor encontrará ainda ótimas soluções para uma dor de cabeça que 
frequentemente ocorre nas pisciculturas: a indesejável presença das plantas aquáticas, além de muitos 
outros artigos interessantes. Terminamos essa edição com a certeza de que ela está ótima!
A todos, sempre, uma ótima leitura.
A
4 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
5Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
CAMARÃO MARINHO 
O negócio do camarão no Brasil e no 
mundo depende de boas técnicas de 
cultivo e de boas rações para engorda. 
Entretanto, esses alimentos dependem 
de ingredientes ricos em proteína 
como a farinha de peixe, cuja produção 
mundial está estagnada. A boa notícia 
é que estão nascendo nos laboratórios 
do LABOMAR-UFC , alimentos voltados para a carcinicultura, onde a farinha de 
peixe é integralmente substituída por ingredientes alternativos, de forma segura, 
sem que haja prejuízo zootécnico ou econômico. Leia na página 24 o artigo 
“As próximas gerações de rações para camarão marinho”, capa dessa edição.
...Pág 59
...Pág 63
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 10
...Pág 24
...Pág 36
Í N D I C E
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição: 
Alberto J. P. Nunes, Alex Alves dos Santos, Ana 
Carolina de Barros Guerrelhas, Ana Paula Teixeira, 
André Luis Tortato Novaes, André Luiz Vicente, 
Antonio Ostrensky, Carlos Alpoim, Carlos Augusto 
Gomes Leal, Eduardo Godoy, Fabiano Müller Silva, 
Fernando Kubitza, Glei dos Anjos de Carvalho-
-Castro, Hassan Sabry Neto, Henrique César Pe-
reira Figueiredo, Marcelo Vinícius do Carmo e Sá, 
Ricardo Tsukamoto, Robson Ventura de Souza
Os artigos assinados são de 
responsabilidade dos autores. 
A única publicação brasileira dedicada 
exclusivamente aos cultivos de 
organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Alegrete, 32 
22240-130 - Laranjeiras - RJ
Fone/fax: (21) 3547-9979
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
Skype: panoramadaaquicultura
ISSN 1519-1141
Assinatura:
Daniela Dell’Armi
& Fernanda Araújo
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Assistente:
Ricardo Carvalho 
ricardo@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use o cupom encartado, 
visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou 
envie e-mail.
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada 
edição, quantos exemplares ainda fazem parte 
da sua assinatura. Basta conferir o número de 
créditos descrito entre parênteses na etiqueta 
que endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 18,00 cada. Para 
adquiri-los entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 20, 
21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 
40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 
82, 83, 84, 85, 87, 88, 107, 111, 112, 113, 114
Projeto Gráfico:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na Grafitto Gráfica & Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a quali-
dade dos serviços e produtos anunciados. 
Capa: Arte Panorama da AQÜICULTURA
Foto: Alberto J. P. Nunes
Edição 123 - Janeiro/Fevereiro - 2011
Controle de plantas aquáticas em 
viveiros de criação de peixe. Página 14...
...Pág 42
...Pág 52
...Pág 14
Cultivo intensivo. Página 52...
...Pág 62
...Pág 63
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & Negócios on-line
Controle de plantas aquáticas em viveiros de criação de peixe
As próximas gerações de rações para camarão marinho 
Malacocultura em Santa Catarina
Sanidade Aquícola: Infecção por Streptococcus dysgalactiae: 
uma nova doença para a tilápia do Nilo
Cultivo Intensivo: pode ser a solução para o aumento 
da produção da carcinicultura?
Seria nosso velho mexilhão uma espécie exótica?
SOFIA 2010: uma radiografia mundial da Aquicultura 
e da Pesca em 2008
Camboriú receberá especialistas para o IV Workshop sobre Jundiá
José Graziano está cotado para ocupar a presidência da FAO
Ideli Salvatti recebe visita de ministra norueguesa e assina 
acordo de cooperação técnica
Ficha de Assinatura da Panorama da AQÜICULTURA
Calendário Aquícola
...Pág 63
...Pág 65
...Pág 66
6 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Notícias & Negócios
WAS EM NATAL - O World Aquaculture So-
ciety (WAS), o maior encontro da aquicul-
tura mundial, que reúne uma feira de ne-
gócios e congressos de diversos segmentos 
será realizado esse ano no Brasil, entre os 
dias 06 e 10 de junho, junto com a VIII
FENACAM - Feira Nacional do Camarão, 
evento tradicional do setor no Brasil, e que 
acontece anualmente em Natal - RN. Para 
que tudo dê certo no WAS 2011 o comitê 
organizador do evento já esteve no Cen-
tro de Convenções de Natal, para vistoriar 
o espaço de 4 mil m² de feira, onde cer-
ca de 120 empresas do Brasil e de outros 
países, já reservaram estandes para expor 
seus produtose serviços voltados para o 
mercado da aquicultura. No Centro de Con-
venções um espaço será dedicado à apre-
sentação de trabalhos técnico-científicos, 
envolvendo um auditório para as palestras 
do VIII Simpósio Internacional de Carcini-
cultura e mais doze salas para a realização 
de workshops. O programa técnico vai de-
bater os diversos aspectos do tema esco-
lhido para o WAS 2011/FENACAM: “Aquicul-
tura para um mundo em transformação”. De 
acordo com Wagner Valenti e Ronaldo Ca-
valli, membros do Comitê Científico, foram 
mais de 1.100 resumos submetidos. Estão 
sendo esperados 4,5 mil congressistas 
vindos de todo o mundo. Dentre os pa-
lestrantes confirmados para o evento, 
merece destaque George Chamberline, 
presidente da Aliança Global de Aqui-
cultura e produtor de camarão na Ma-
lásia. Os participantes brasileiros de-
vem fazer as inscrições através do site: 
www.fenacam.com.br e os estrangeiros 
pelo site: www.was.org. O ingresso para 
o evento inclui entrada para todas as 
sessões, workshops e a feira de negó-
cios, além de entrada para a solenidade 
de abertura e as recepções. Estudantes 
terão ainda a entrada gratuita para a 
festa dos estudantes. Mas, atenção: 
após o dia 1 de maio não serão mais 
aceitas inscrições via internet.
SEM FRONTEIRAS - A Guabi, uma das 
maiores empresas de nutrição para aquicul-
tura doou para a ONG “Aquaculture without 
Frontiers – AwF” (www.aquaculturewithou-
tfrontiers.org), 30kg de filés de camarão 
(caldas) para serem rifados durante o even-
to. De acordo com o técnico responsável 
pela área de aquicultura, João Manoel C. 
Alves, a Guabi não pode ficar alheia ao 
trabalho que vem sendo realizado por esta 
ONG em comunidades carentes ligadas a 
aquicultura em diversos países. As rifas, 
que custarão R$ 10,00 cada, serão ven-
didas durante o WAS/FENACAM 2011 pelo 
Comitê de Estudantes do evento. 
NOVA TECNOLOGIA - Cientistas do Insti-
tute for Agri-Food and Land Use da Queen’s 
University, em Belfast, Irlanda, desenvol-
veram uma nova tecnologia que avalia de 
forma rápida e segura se moluscos estão 
livres de toxinas e seguros para consumo. 
O novo monitoramento das toxinas poten-
cialmente perigosas em moluscos é mais 
rápido e confiável do que os métodos usa-
dos até então. O método tradicionalmen-
te usado precisa de dois dias de análise, 
enquanto o novo teste, que usa um bio-
-sensor para detectar diminutas quantida-
des de proteína, precisa de apenas 30 mi-
nutos para fornecer resultados confiáveis. 
De acordo com o coordenador do projeto, 
o professor Chris Elliott, diretor do Insti-
tuto, “as toxinas excretadas pelas algas, e 
que estão concentradas em mariscos, são 
uma grande ameaça para a saúde dos con-
sumidores, e podem levar a grandes perdas 
econômicas na aquicultura”. Para Elliott, 
há evidências crescentes de que as alte-
7Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Notícias & Negócios
rações climáticas podem causar episódios 
tóxicos em todo o mundo, que resultam no 
fechamento das áreas afetadas de cultivo 
de mexilhões, ostras, mariscos e vieiras. O 
teste está sendo desenvolvido como parte 
de projeto BioCop, que está sendo condu-
zido pela Queen’s University, e inclui a par-
ticipação de 32 parceiros internacionais de 
pesquisa e da Comissão Europeia.
 
ÁGUAS DE CHAPECÓ - A nova estação 
de piscicultura de Chapecó, que está sen-
do construída próximo à barragem Foz do 
Chapecó, e será voltada para o desenvolvi-
mento da piscicultura na região, é resulta-
do de um convênio firmado pela Fundação 
Universitária do Desenvolvimento do Oeste 
(Fundeste), com o Ministério da Pesca e 
Aquicultura. Com investimento de R$ 2,94 
milhões, essa unidade terá 40 mil m2 de 
área alagada, às margens do rio Uruguai. 
Atualmente já estão concluídos 25 viveiros 
que serão destinados ao desenvolvimento 
de tecnologia. Outros 45 viveiros serão 
construídos para que sejam utilizados na 
reprodução e larvicultura. A conclusão das 
obras das instalações do laboratório de 
reprodução, bem como escritório, audi-
tório, e alojamento para 24 pessoas, está 
prevista para março, enquanto o término 
total das obras da estação de piscicultura 
está previsto para junho de 2011, embora 
o convênio com o Ministério da Pesca e 
Aquicultura tenha seu prazo até dezembro 
de 2011. Dos R$ 2,94 milhões de inves-
timentos previstos no convênio, R$ 2,30 
milhões são advindos do MPA enquanto 
que a contrapartida de R$ 643,3 mil é de 
responsabilidade da Fundeste.
NUTRIAD EM NOVO ENDEREÇO - Dando 
continuidade ao seu plano de desenvolvi-
mento para o mercado brasileiro, a Nutriad 
Nutrição Animal (www.nutriad.net) empre-
sa belga presente em 80 países, anuncia 
mudança de endereço. Segundo o diretor 
geral da empresa Marcelo Manjabosco 
Nunes o novo escritório oferecerá melhor 
infra-estrutura, novas salas de reunião e 
instalações amplas e modernas, condizen-
tes com o crescimento da Nutriad aqui no 
Brasil. “A ideia é criar um ambiente onde a 
comunicação e transparência sejam valori-
zadas,” comenta Marcelo. Anote aí: Nutriad 
Nutrição Animal Ltda - Av. Dr. José Boni-
fácio Coutinho Nogueira, n° 214, Cj. 242 
- Cond. Spot Galleria - B. Jardim Madalena, 
Campinas, SP CEP: 13091-611. Os números 
de telefone (19 3206-0199), fax (19 3207-
0770) e o e-mail nutriad@nutriad.net.br 
continuam inalterados, assim como todos 
outros dados cadastrais da empresa. 
TAMBAQUICULTURA SUSTENTÁVEL - O 
cultivo do tambaqui de tamanho peque-
no, conhecido como curumim, possibilitou 
a mudança da conduta extrativista para a 
produtiva nas seis comunidades da Reserva 
de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do 
Tupé, fato que se deu a partir da implemen-
tação do projeto da pesquisadora e profes-
sora do Departamento de Ciências Pesquei-
ras da Universidade Federal do Amazonas 
(UFAM), Ana Cristina Belarmino de Olivei-
ra. Segundo Ana Cristina, a experiência foi 
inédita, pois, até então, coletava-se em 
campo e pesquisava-se em laboratório, 
sem nenhum relacionamento com as comu-
nidades rurais. “A partir da integração com 
esse público, percebi que a pesquisa só é 
realmente produtiva quando se consegue 
interagir com quem precisa do conheci-
mento e das informações geradas”, afirmou 
a professora. Nesse sentido, a pesquisa 
intitulada “Aspectos socioeconômicos do 
cultivo comunitário do tambaqui (Colosso-
ma macropomum) em tanques-redes, como 
8 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Notícias & Negócios
alternativa produtiva sustentável da reser-
va RDS do Tupé”, visou avaliar os aspec-
tos socioeconômicos do cultivo da espécie 
amazônica numa Unidade Familiar de Pro-
dução (UFP). “Experimentos para determi-
nar a densidade e a viabilidade econômica, 
dentre outras ações acadêmicas, serviram 
de indicativos que possibilitaram mensurar 
a quantidade de tanques necessários para 
viabilizar economicamente a criação da 
espécie em uma determinada comunida-
de”, explicou a professora, que conseguiu 
a aprovação de sete projetos para o Pro-
grama Institucional de Bolsas de Iniciação 
Científica, congregando estudantes das es-
colas comunitárias. 
ARENALES NO GUINNES - O Laboratório 
Veterinário Homeopático Fauna & Flora 
Arenales (www.arenales.com.br), de Presi-
dente Prudente, São Paulo, entrará para o 
Livro dos Recordes Guinnes do Rank Brasil 
como a primeira empresa a fabricar em es-
cala industrial medicamentos homeopáti-
cos destinados a animais, maior número de 
remédios fabricados e mais ampla empre-
sa do setor. “Entrar para o Guinnes Brasil 
será apenas o primeiro passo da nossa ca-
minhada, pois depois da audição do Rank 
Brasil, pretendemos entrar efetivamente 
para o Livro dos Recordes Mundial”, diz 
entusiasmada, Maria do Carmo Arenales a 
fundadora e diretora geral do laboratório.
INTERESSE POR MACROALGA - Represen-
tantes da FMC Agricultural Products, uma 
empresa que pesquisa e desenvolve tec-
nologias para indústria de medicamentos, 
alimentícia, têxtil, de baterias, de constru-
ção, de vidro, cerâmica, de plástico, além 
do setor agrícola,visitaram Florianópolis 
para conhecer a pesquisa de produção da 
macroalga vermelha em Santa Catarina, 
desenvolvido pela Epagri/Cedap e UFSC. 
Para o diretor de pesquisa da Epagri, Luiz 
Antonio Palladini, o interesse da multina-
cional reforça a importância da pesquisa, 
que é viabilizar inovações buscando novas 
alternativas para os produtores. O interesse 
da FMC está na carragenana, matéria-prima 
extraída da alga, utilizada como espessante 
e estabilizante. O Estado de Santa Catarina 
espera liberação ambiental do Ibama para 
o cultivo da macroalga, atualmente conce-
dida apenas a algumas áreas do litoral de 
SP e RJ. Segundo o pesquisador da Epa-
gri/Cedap Alex Alves dos Santos, a partir 
da licença concedida, Santa Catarina tem 
a perspectiva de iniciar uma nova cadeia 
produtiva e de dar aos maricultores uma 
nova alternativa de trabalho e renda. “Ter 
um comprador para essa produção, como é 
o interesse da FMC, é uma garantia a mais 
para o produtor”, disse Alex.
10 MIL OSTRAS POR DIA - Uma unidade 
de depuração de moluscos com capacidade 
para beneficiar até 10 mil ostras vai ga-
rantir qualidade ao produto produzido no 
Estado de Alagoas. A unidade construída 
com apoio da Agência Espanhola de Coo-
peração Internacional para o Desenvolvi-
mento (AECID) é a única no Brasil e foi 
instalada no município de Coruripe, no 
litoral Sul do Estado. De acordo com o su-
perintendente da Secretaria de Estado da 
Agricultura e do Desenvolvimento Agrário 
(SEAGRI), Edson Maruta, a unidade tem 
o Selo de Inspeção Estadual (SIE) e está 
pleiteando o Selo de Inspeção Federal 
(SIF), para que possa enviar um produto 
seguro e sem risco nenhum para a saú-
de humana a todos os estados do Brasil. 
A depuradora de ostras recebeu 300 mil 
dólares de investimentos da AECID, enti-
dade que faz parte do governo espanhol 
e é vinculada ao Ministério de Relações 
9Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Exteriores. O projeto tem como parceiros, além do governo do 
Estado e da AECID, a Prefeitura de Coruripe, o Instituto Am-
biental Brasil Sustentável (IABS) e o Sebrae/AL. 
PARABÉNS! - A Engepesca Ltda. (www.engepesca.com.br), pio-
neira no ramo de telas para aquicultura comemora esse ano o seu 
25o aniversário. A empresa que ajudou na construção do sucesso 
da aquicultura em nosso país tem no comando o engenheiro de 
pesca Philip Conolly, que durante todo esse período reuniu forças 
e enfrentou desafios para sempre oferecer ao setor novos produtos 
destinados à captura e manuseio. O atendimento com qualidade 
e agilidade somado à responsabilidade técnica sempre foi o prin-
cipal foco de atenção da Engepesca, assim como a diversificação 
dos seus produtos. Philip revela que a fórmula para conquistar e 
manter clientes é se antecipar ao mercado, se baseando em in-
formações sobre onde está o aquicultor e o que ele necessita. “O 
relacionamento com o cliente e com o fornecedor é muito impor-
tante”, afirma. A Engepesca foi fundada em 1986, na cidade de 
Itajaí, Santa Catarina, com o objetivo de projetar e construir redes 
de primeira linha para a aquicultura, pesca industrial e projetos 
especiais. Hoje, ao completar 25 anos de mercado, a empresa é 
ponto de referência para aquicultores de todas as regiões do Brasil, 
seja por seus produtos, projetos ou serviços. Como planos para o 
futuro, Philip conta que sua meta é sempre a expansão da sua 
clientela, que hoje soma cerca de 7500 pessoas em todo Brasil e 
no exterior, além de que quer preparar as gerações futuras para dar 
continuidade ao trabalho iniciado por ele.
CAMARÃO ORGÂNICO - A Nutrimar Pescados, localizada em Ara-
caú (CE), preocupada em agregar valor ao seu produto, dedica ao 
cultivo orgânico 10% da sua produção total de 8 mil toneladas 
de camarões anuais. “A valorização dos orgânicos é de pelo me-
nos 40% mais que os convencionais”, diz Ribeiro, um dos sócios 
da empresa, que pleiteia desde 2009 no Instituto de Propriedade 
Industrial (INPI) o selo de Denominação de Origem Comprovada 
(DOC). “Acreditamos que temos capacidade para produzir camarões 
de forma sustentável e ao mesmo tempo estimular a economia 
local. Isso não é extrativismo”, explica. A Nutrimar acompanha, 
orienta e compra a produção total de 32 produtores locais, mas o 
cultivo orgânico está centralizado na fazenda própria. Os orgânicos 
são produzidos exclusivamente para exportação, mas a populari-
zação do camarão entre os brasileiros pode acelerar o processo de 
inserção do produto orgânico no mercado doméstico.
FLEXIBILIZAÇÃO AMBIENTAL - O Estado do Ceará quer incenti-
var a criação intensiva de camarão em áreas de salinas, áreas de 
salgados, áreas de apicuns, áreas de restinga, em toda e qualquer 
área adjacente aos manguezais, rios, lagoas e dunas, respeitando 
as Áreas de Preservação Permanente (APP´s). Para isso está em 
debate na Assembleia Legislativa um projeto-de-lei que discute 
a instalação de empreendimentos nessas áreas, mas que proíbe o 
cultivo em áreas de manguezais e em Áreas de Preservação Perma-
nente, respeitando todos os limites da legislação ambiental. 
10 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Notícias & Negócios On-line
Participe da Lista de 
Discussão Panorama-L
Inscreva-se no site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
De: Luciano Kellner
lucianokellner@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Preço médio da tilápia
Os atravessadores e frigoríficos estão apro-
veitando a falta de informação, a falta de 
união, ingenuidade e a pouca orientação 
profissional dos piscicultores, e isto não 
pode acontecer. Precisamos trocar informa-
ções. Por exemplo, na minha micro-região 
(médio Rio Grande) tenho o seguinte cená-
rio: o preço médio do quilo da ração com 
32% de proteína está em R$ 1,19. O qui-
lo vivo de tilápia criada em tanque-rede e 
com peso médio de 900 gr está R$ 4,30 para 
pesque-pague e o filé está  sendo vendido 
com preço médio de R$ 15,50. 
De: Cristiano Gomes
cristiano.industriacruz@gmail.com
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Aqui no RN comprei tilápia inteira fresca de 
um produtor em Mossoró, com peso médio 
de 800 gr, a R$ 4,20. Com isso o filé de 
tilápia congelado com todos os custos de 
beneficiamento, embalagem e logística vai 
ficar em torno de R$ 17,00. Aqui fazemos 
uma classificação para o que vai ser cortado 
em postas, ser congelado inteiro ou filetado. 
Assim, durante o beneficiamento temos um 
melhor aproveitamento.
De: João Ribeiro
joaoacquasul@gmail.com
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Aqui na região do Baixo Sul da Bahia a ra-
ção de 32% de proteína custa R$ 1,24/kg. A 
tilápia de 800 gr é vendida entre R$ 3,70 e 
R$ 4,00/kg, filé de tilápia a R$ 17,00/kg e 
o custo do beneficiamento para fazer o filé 
é R$ 3,00.
De: Sergio Tamassia
tamassia.panorama@gmail.com
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Olá João, o custo do beneficiamento de 
R$ 3,00 a que você se refere são apenas as 
despesas como mão de obra, energia elétri-
ca, embalagens, etc. ou já incluem o lucro 
do beneficiador? O valor atribuído ao filé 
de R$ 17,00 é na indústria ou consumidor 
final? O produtor que processa o pescado? 
Ele participa de outras etapas da cadeia ou 
encerra a sua participação quando o peixe 
está pronto em sua unidade de produção? 
De: João Ribeiro
joaoacquasul@gmail.com
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Sergio, eu entrego o peixe e as embala-
gens na unidade de beneficiamento e eles 
me entregam o filé embalado e congelado. 
Este é o filé que vendo em hotéis, bares e 
restaurantes por R$ 17,00/kg. 
De: Francisco Leão
f_leao@hotmail.com
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
O preço de venda é quase o mesmo em todo 
o Brasil e o custo da ração de 32% não varia 
muito. Isso significa que a margem de lucro 
fica por conta da mão de obra e da duração 
do ciclo de produção. Claro que os custos 
não se aplicam à tilápia consorciada com 
suinocultura.De: Sergio Tamassia
tamassia.panorama@gmail.com
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Este é o filé vendido em hotéis, bares e res-
taurantes. Atuar em outros elos da cadeia, 
além da produção é fundamental, especial-
mente quando estes elos já são próximos do 
consumidor final. Isto permite que o produ-
to fique com preços competitivos, mas sem 
achatar muito os preços pagos ao produtor. 
Considerando o preço final de R$ 17,00/kg, 
quanto mais elos estiverem no meio, mais 
R$ o produtor perde. É fácil estruturar algo 
assim? Com certeza não. 
De: Francisco Leão
f_leao@hotmail.com
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Tamassia, o que “rola” é o seguinte: 1) As 
associações de produtores (pelo menos as 
que eu conheço) conseguem manter o pe-
queno produtor apenas flutuando. Elas, não 
conseguem baixar o custo da ração e outros 
insumos. A ração de 32% tem o mesmo pre-
ço em diferentes partes do país, seja para 
grandes médios ou pequenos. 2) Filé conge-
lado virou commodity, cujo preço é ditado 
pelos grandes produtores, os quais, devido à 
sua escala, têm um custo de produção que 
o pequeno e o médio jamais terão. Mas é 
ele quem dita o preço do filé congelado no 
atacado, assim como o CEASA dita o preço 
do peixe fresco no atacado. 3) Ficar perto 
do consumidor final é o sonho dourado de 
todo mundo, desde que você resolva o pro-
blema do alto custo da logística do pedido 
pequeno e picado, além da oferta constante 
e perene de um produto padronizado. Mas 
se você está perto de algum grande centro, 
a saída é a venda de peixe fresco em filé 
ou inteiro. Este é um serviço que o grande 
produtor de filé não pode entregar devido ao 
desenho do seu negócio e à sua estrutura. 
Foi assim que os primeiros criadores de tru-
ta conseguiram sobreviver: eles começaram 
vendendo a truta fresca para restaurantes e 
foram escalando a produção a medida que 
os clientes novos iam aparecendo. Se você 
está a menos de 100 km de uma centena 
de pesqueiros e se você produz menos do 
que 150 ton de tilápia por ano, o pesquei-
ro leva tudo, paga os R$ 4,20 por kg e a 
sua inadimplência vai ser de uns 5%, se 
você souber administrar as suas contas a 
receber e o crédito. Some-se a isto o que 
você vende no varejo a R$ 7,00 o kg. No 
meu caso são uns 350 kg/mês. O que en-
tra em dinheiro vivo eu pago 70% da mi-
nha folha, mas conheço pisciculturas que 
estão se inviabilizando por problemas de 
logística para tirar a produção do lugar. 
Outros empreendimentos estão afundando 
porque não têm escala para operar no ata-
cado e não têm pesqueiros em volta. Estes 
são obrigados a vender o peixe abaixo do 
custo e muitos deles sequer sabem qual 
é o preço de custo. Sobre o CEASA: este 
entreposto tem 11% de comissão e você 
tem que colocar o peixe fresco lá na ma-
drugada e no gelo. Fazendo a conta, se o 
CEASA vende o seu peixe a R$ 4,00 ele vai 
pagar R$ 3,60. Deste valor você tem que 
abater o frete e o gelo. Portanto, sobram 
11Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Notícias & NegóciosOn-line
R$ 3,30. Eu duvido que seja possível produ-
zir menos do que 100 ton/ano a um custo 
inferior a R$ 2,90 (a não ser a piscicul-
tura consorciada com suinocultura). Por-
tanto, o médio e o pequeno não podem 
vender para o CEASA, que se abastece de 
tilápia do grande ou da pesca extrativis-
ta. Cada lugar tem um mercado com ca-
racterísticas distintas: em Fortaleza você 
vende o peixe vivo na peixaria. Em São 
Paulo você vende para o pesqueiro e para 
o restaurante japonês a tilápia de 1kg por 
8 ou 9 reais. Se você quiser se meter com 
processamento em pequena escala, o meu 
conselho é que você seja totalmente clan-
destino, porque você nunca vai conseguir 
atender às exigências do SISP e muito me-
nos do SIF. Portanto, faça o produto na sua 
cozinha e leve diretamente no ponto de 
venda do cliente, caso contrário você não 
sobreviverá. Isto é o que está rolando no 
Brasil real (não no Brasil do Real). Quem 
tem o pé sujo de barro e a roupa fedendo 
a peixe como eu, sabe direitinho do que 
estou falando.
De: Francisco Leão
f_leao@hotmail.com
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Outra coisa muito importante é que este 
segmento da tilápia é muito dinâmico e 
muda muito. Há pouco mais de 10 anos 
você ia nos EUA e o povo de lá nunca 
tinha ouvido falar de tilápia. Hoje está 
em tudo o que é restaurante. O brasilei-
ro também aprendeu a comer tilápia e já 
sabe que Saint Peter, Stirling e tilápia é 
tudo a mesma coisa. O número de produ-
tores cresceu muito e o que vai falar mais 
alto não é quem tem o peixe, mas sim 
quem tem a logística. Hoje o transporta-
dor de peixe vivo cobra por quilo não im-
portando a distância, isto encarece o seu 
peixe no cliente da esquina e você acaba 
perdendo os seus vizinhos para os con-
correntes. Se você tiver o próprio trans-
porte e cobrar por km rodado, você vai 
ver que o seu peixe vai atingir um preço 
melhor, sem contar que você estará junto 
ao seu cliente. Outro caminho é conse-
guir uma carteira de clientes que justi-
fique você sair com uns 300kg de peixe 
fresco abatido no dia e entregar no pica-
do do varejo um peixe fresquinho. Esta é 
a palavra mágica: “fresquinho”. Nem que 
você tenha que colocar um tanque com 
peixe vivo no seu carro e sair vendendo. 
Este é um diferencial para restaurante 
que os grandes distribuidores não têm 
e se o restaurante quiser comprar o filé 
de peixe fresco no supermercado ou na 
peixaria vai pagar mais do que R$ 20,00 
o kg, pois está pagando R$ 17,00 pelo 
congelado. Tudo isto, com muito mais 
detalhes está no artigo do Fernando Ku-
bitza no último número da Panorama da 
AQÜICULTURA (ed.122), e que todo mun-
do tem que ler. Da informação toda, a 
tônica que eu não acredito é nas 113 mil 
toneladas de tilápia produzidas no Brasil. 
Este número é ficção, mas para os produ-
tores médios, tanto faz se são 113, 130 
ou 90 mil, porque atuam somente na sua 
microrregião. E esta você tem que conhe-
cer na palma da mão.
12 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Notícias & Negócios On-line
De: Silvia Midei
produtos@pratsy.com.br
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Essa semana nos ofereceram R$ 2,70 para 
peixe de 550 gr. Garantiram que compram 
no noroeste paulista e que o produtor tem 
lucro vendendo a esse preço. O segredo des-
ses produtores, além da escala de produção, 
parece estar na compra da ração, já que se-
gundo as informações, pagam 20% menos 
na ração de 1ª linha. Já tentamos tudo: 
carga fechada, pagamento antecipado e não 
chegamos nesse desconto. E, mesmo que se 
chegássemos, considerando todos os custos 
(+depreciação, custo financeiro, etc.) esta-
ríamos no “osso”, trocando seis por meia 
dúzia. Deve ter algum milagre e só não des-
cobrimos o santo! 
De: Francisco Leão
f_leao@hotmail.com
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Não dá pra fazer milagre com a ração. Eu po-
deria comprar ração a R$ 0,90/kg a de 32%. 
Ocorre que me dei mal: o peixe ficou doente 
porque a ração é vagabunda! 
De: Silvia Midei
produtos@pratsy.com.br
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
A ração que eles usam é de 1ª linha, de em-
presa super conceituada e da mesma marca 
que usamos. Só que enquanto eu pagava a 
de 32% a R$ 28,80 a carga fechada + pgto 
antecipado, eles afirmavam pagar R$ 24,00! 
Estamos fazendo gestões junto ao fornece-
dor para entender como isso é possível! 
De: Alvaro Graeff
agraeff@epagri.sc.gov.br
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Por que utilizam sempre a ração de 32%PB 
em cultivo de tilápia? Existem inúmeras pes-
quisas afirmando terem bons resultados com 
28% de PB. É necessidade biológica ou eco-
nômica que estamos a procurar? Se são os 
dois podemos utilizar o manejo de seis dias 
com alimentação e o sétimo jejum total, 
dando uma economicidade de 26 dias sem 
ração em um tempo de 180 dias. 
De: Fábio Susselsussel@apta.sp.gov.br
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Alvaro, não se usa ração de 28% PB na 
tilapicultura porque os produtores ainda 
insistem em comprar a de 32%. É fato 
que as atuais rações de 28% existentes 
no portfólio das fábricas é uma ração “de 
combate”. É ração pra quem quer apenas 
manter um peixe já terminado pra pesque-
-pague e pra quem tem um tanquinho de 
peixes no fundo de casa. Ou seja, esta ra-
ção de 28% não é formulada com os mes-
mos ingredientes de qualidade usados na 
ração 32%. Os níveis de garantia contidos 
no rótulo são respeitados. Nenhuma fábri-
ca ousa fazer uma ração de 28% e apre-
sentá-la aos produtores como sendo capaz 
de proporcionar os mesmos resultados da 
32%. O produtor achará que isto é conver-
sa do vendedor, o que não é verdade. Uma 
ração de 28% ou até uma de 26%, pode 
sim trazer os mesmos resultados que uma 
de 32%. Com uma vantagem muito impor-
tante: o ambiente de cultivo agradecerá! 
Amigos produtores: cobrem das fábricas 
uma ração de 28% de PB para tilápias com 
os mesmos ingredientes da 32%. Se a di-
ferença de preço não for grande o ambien-
te de cultivo agradecerá!
De: Ricardo Campos
ricardoncf@yahoo.com.br
Para:lista@panorama-L.com.br 
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Há dez anos usávamos ração com 28%PB 
aqui no Ceará com ótimos resultados. Mas 
chegou um vendedor de olhinho puxado 
e puxando o errrrrrre, e todo mundo fi-
cou impressionado com a conversa da 
32%PB. Se aí em São Paulo os resulta-
dos com a 28% podem ser bons, imagine 
por aqui, com temperatura média anual 
de 27°C,  insolação constante o ano in-
teiro, baixí ssima variação térmica diária, 
etc. Tenho um cliente que acredita nis-
so, tem ótimos resultados, tem um lucro 
bom, mas os que se acostumaram com a 
32% PB não acreditam.
 
13Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Notícias & NegóciosOn-line
De: Fábio Sussel
sussel@apta.sp.gov.br
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Pois é Ricardo, as condições climáticas cons-
tantes aí do Nordeste realmente favorecem 
bons resultados com 28% de PB. Aliás, in-
dependente da ração ser de 28 ou 32% os 
resultados daí são superiores. Apenas quero 
enfatizar que as possibilidades de bons re-
sultados com ração de 28%, aí no Nordes-
te, são mais prováveis. A disposição que 
os peixes daí têm para se alimentar é uma 
maravilha. E isto é um bom indicativo da 
“aptidão” que o peixe cultivado aí tem para 
“botar peso”. Exemplo disso é o cliente seu 
que acredita na ração de 28% e vem conse-
guindo bons resultados. Por outro lado, eu 
não vejo nada de errado quando há 10 anos 
atrás um profissional saiu do Paraná para 
explorar um mercado em potencial apresen-
tando uma ração de 32%. Na época os resul-
tados com a ração de 32% foram superiores 
aos resultados da 28% não necessariamente 
pela diferença percentual de proteína, mas 
sim pela melhor qualidade dos ingredientes 
contidos na de 32%. Mesmo a ração de 32% 
sendo de maior custo do que a de 28%, fo-
ram os produtores que optaram em usar a 
de 32%. Não acredito que o profissional em 
questão tenha sido tão determinante nesta 
decisão. Além do mais, há 10 anos atrás a 
ração de 32% realmente era uma tendência. 
Talvez não para academia, mas para as fábri-
cas de ração sim. Hoje todas as fábricas (eu 
disse todas!) são sabedoras que não precisa 
destes 32% de PB. Mas como já expliquei 
no e-mail anterior, todas preferem manter 
suas vendas. Apesar de todas as grandes 
marcas terem um grande compromisso com 
desempenho, acima de tudo elas visam lu-
cro. Normal! Digo que as grandes fábricas 
têm compromisso com desempenho porque 
o grande desafio delas é não perder clientes 
e, aos poucos, ir conquistando mais. E pra 
isto elas jogam com qualidade de fórmula. 
Porque se jogarem com preços baixos, per-
dem qualidade de fórmula, e aí ganha um 
cliente aqui e perde um acolá. Isto não 
interessa a nenhuma delas e só bagunça o 
mercado. Agora, bacana mesmo seria se to-
das começassem a jogar com esta qualidade 
de fórmula em cima de 28%. De lambuja o 
produtor ganharia uma redução no custo da 
ração e o ambiente de cultivo algumas tone-
ladas a menos de nitrogênio. Discursar sobre 
isto é relativamente fácil. Sei que executar 
na prática não é algo tão simples assim. 
O primeiro passo é tentar conscientizar os 
segmentos envolvidos deste propósito. 
De: Ricardo Pereira Ribeiro
rpribeiro@uem.br
Para: lista@panorama-L.com.br
Assunto: Re: Preço médio da tilápia
Fábio, faz tempo que eu gostaria de ver essa 
discussão, parabéns pela iniciativa. A litera-
tura já apresenta vários resultados compro-
vados de rações com fórmula e ingredientes 
adequados, com resultados até superiores ao 
que temos no mercado, inclusive com dietas 
com níveis bem inferiores a 28%. O que se 
precisa é saber como acabar com este hábi-
to comercial que impera entre os aquiculto-
res e fornecedores.
14 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Por:
Fernando Kubitza, Ph. D.
Acqua Imagem Serviços Ltda
fernando@acquaimagem.com.br
plantas aquáticas
em viveiros de criação de peixe
O que favorece o desenvolvimento de plantas aquáticas 
e algas filamentosas nos tanques de piscicultura?
Diversos fatores contribuem com a proliferação de plantas 
aquáticas e algas filamentosas nos tanques de criação, sendo os 
principais relacionados a seguir:
l	Alta taxa de renovação de água;
l	Insucesso na formação (estabelecimento) do fitoplâncton;
l	Excessiva aplicação de fertilizantes (nutrientes), em 
 especial os fosfatados;
l Viveiros muito rasos ou áreas muito rasas nos viveiros 
 e açudes;
l Erosão do solo nas imediações dos viveiros;
l Entrada de macrófitas e algas através da água 
 de abastecimento.
Controle de
 lantas aquáticas e algas filamentosas podem tomar conta dos viveiros de 
criação de peixes, prejudicando a qualidade 
da água, dificultando o manejo da alimentação 
e a captura dos peixes. Uma vez instaladas, 
o controle destas plantas pode ser difícil e 
dispendioso, particularmente em viveiros e 
açudes de grandes dimensões. Neste artigo 
serão discutidas as principais práticas de pre-
venção e controle da proliferação de plantas 
aquáticas em tanques de criação de peixes.
15Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Controle de plantas aquáticas
Os principais tipos de plantas aquáticas
Existem diversas espécies de plantas aquáticas, 
cada qual com uma forma peculiar de desenvolvimen-
to e ocupação dos viveiros e açudes. Para a finalidade 
deste artigo, vamos agrupar as plantas aquáticas em 
4 grupos, a saber:
 
•	Algas	filamentosas:	 são algas em forma de 
longos filamentos ou com formato de malha de rede 
(Ex. Hydrodctium). Algumas até mesmo se parecem 
com plantas de folhas finas. Exemplos: Chara e Nitela.
•	Plantas	submersas: são plantas enraizadas ou 
não no substrato dos viveiros e que são capazes de viver 
completamente embaixo da água. Exemplos: Elodea, 
Cabomba, Sagitaria, Valisneria, entre outras. 
•	 Plantas	 emersas: são plantas geralmente 
enraizadas no substrato dos viveiros e açudes, mas 
que precisam projetar parte do caule e das folhas 
acima da superfície d’água para respiração e captura 
Figura 1. Aglomerados de algas filamentosas em viveiros de criação de peixes. A alta transparência da água favorece o desenvolvimento 
destas algas. Mesmo com a água ficando turva, estas algas podem se desenvolver nas laterais mais rasas dos tanques, onde conseguem 
receber adequada luz. (Fotos do autor)
 
Figura 2. Plantas aquáticas submersas – plantas enraizadas ou não no substrato dos viveiros e que podem ficar com suas partes vegetativas totalmente 
cobertas pela água. (Fotos a e b: do autor; Foto c: cortesia do Eng. Agrônomo Fábio Mori) 
de gás carbônico para a fotossíntese. Exemplos: pinhei-
rinho d’água, potamogeton, taboa, braquiária do brejo, 
entre outras.
•	Plantas	flutuantes: são aquelas dotadas de capa-
cidade de flutuação na superfície da água, mantendo as 
folhas emersas e as raízessubmersas. Exemplos: aguapé, 
alface d’água, salvínia, lentilha d’água, entre outras.
Como evitar que as plantas aquáticas tomem 
conta dos viveiros e açudes?
Algumas dicas aqui para evitar o desenvolvimento de 
plantas aquáticas em viveiros e açudes usados na criação de 
peixes ou mesmo para recreação.
• Evite construir viveiros muito rasos. Assegure uma 
profundidade de pelo menos 60-80 cm nas partes mais rasas 
dos viveiros (margens). Em locais muito rasos as plantas 
aquáticas recebem mais luz. Além da luz, as plantas são 
favorecidas pelos nutrientes disponíveis no solo próximo às 
margens dos tanques.
16 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
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• Não renove água sem necessidade. Muitos produto-
res ainda acreditam que é preciso renovar a água continua-
mente para não faltar oxigênio nos tanques de criação. Tais 
produtores desconhecem o importante papel do fitoplâncton 
na oxigenação da água dos viveiros, através da fotossíntese. 
Uma renovação de água excessiva deixa a água dos viveiros 
muito transparentes, favorecendo a entrada de luz na coluna 
d’água e, assim, o desenvolvimento de algas filamentosas 
e plantas aquáticas no fundo dos viveiros.
• Promova um rápido desenvolvimento do fitoplânc-
ton. Isso reduzirá tanto a entrada de luz na coluna d’água, 
como a disponibilidade de nutrientes (nitrogênio, fósforo 
e outros), dificultando o desenvolvimento de plantas aquá-
ticas e algas filamentosas no fundo dos viveiros. 
• Evite a aplicação de adubos fosfatados. Não apli-
que fertilizantes diretamente sobre o fundo dos viveiros. A 
aplicação excessiva de fósforo e o excesso de nutrientes no 
solo do fundo dos viveiros favorecem o desenvolvimento 
de plantas aquáticas e algas filamentosas.
• Não deixe os viveiros drenados por muito tempo. 
Sempre os mantenha com água até seu nível máximo, 
mesmo que não sejam estocados com peixes. No entanto, 
não renove água nestes viveiros sem peixes e procure aju-
dar o fitoplâncton a se desenvolver, realizando a calagem 
Figura 3. Plantas aquáticas emersas se fixam no substrato dos viveiros, porém, projetam sua parte 
vegetativa acima da superfície d’água (Fotos: cortesia do Eng. Agrônomo Fábio Mori)
Figura 4. Plantas aquáticas flutuantes mantêm sua parte vegetativa acima da superfície da água e as 
raízes submersas (Foto a: do autor; Fotos b e c: cortesia do Eng. Agrônomo Fábio Mori)
(quando necessário) e a fertilização da água com um adubo 
nitrogenado (uréia ou nitrato de cálcio).
• No caso de açudes, proteja as áreas no entorno, evi-
tando que ocorra erosão e aporte de sedimentos, que resulta 
em pontos de assoreamento nos açudes, locais favoráveis 
para o crescimento de plantas aquáticas. Nos locais de mar-
gens muito rasas (menos de 40 cm de profundidade) deve 
ser feito um aprofundamento até atingir cerca de 50-60 cm.
• Use telas nas entradas de água dos viveiros, preve-
nindo a entrada de plantas aquáticas e sementes das mesmas. 
Plantas flutuantes como o aguapé, salvínia, azola, dentre 
outras, podem facilmente adentrar os viveiros e açudes 
através da água de abastecimento.
O que fazer quando as plantas já tomaram 
conta dos viveiros?
Geralmente as plantas aquáticas se desenvolvem em vi-
veiros com excessiva renovação de água. A renovação de água 
lava os nutrientes gerados na criação dos peixes. Com poucos 
nutrientes na coluna d’água, o fitoplâncton não se desenvolve 
a contento. Assim, com uma água de alta transparência, uma 
grande quantidade de luz chega ao fundo do viveiro. Isso favo-
rece o desenvolvimento de plantas aquáticas submersas e algas 
17Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Controle de plantas aquáticas
filamentosas, que além da luz, se beneficiam das reservas 
de nutrientes disponíveis no solo. Esse desenvolvimento 
de plantas e algas filamentosas é ainda mais agravado em 
viveiros rasos.
Controle	físico	(remoção	manual)	- em um viveiro 
tomado por plantas, a primeira medida é a redução da massa 
vegetal. Isso pode ser feito através da remoção manual. 
Plantas flutuantes podem ser removidas com o auxílio 
de uma rede de arrasto rasa ou uma rede na qual a linha 
de chumbo foi enrolada sobre a linha de bóia, de forma 
que o arrasto ocorra apenas na superfície. Isso possibilita 
concentrar as plantas próximo às margens sem grandes dis-
túrbios aos peixes. As plantas então podem ser removidas 
manualmente ou com a própria rede ou outros utensílios 
(puçás, cestos, etc.). Algas filamentosas também podem 
ser removidas em grande parte com o arrasto de uma rede 
(aberta, neste caso), concentrando as algas em uma das 
extremidades do viveiro. Os peixes vão sendo empurrados 
junto com as algas. Isso não é adequado em tanques com 
pequenos alevinos, mas pode ser realizado com peixes 
maiores. Pouco antes de chegar à margem, a rede deve ser 
recolhida, de forma que os peixes possam fugir do local 
de concentração das algas filamentosas. Os peixes devem 
ser espantados para o lado oposto do viveiro. Após alguns 
minutos, o produtor novamente posiciona a rede no ponto 
onde parou e finaliza o arrasto até a margem. Poucos pei-
xes serão capturados no meio das algas procedendo dessa 
maneira. Plantas submersas enraizadas no fundo são mais 
difíceis de serem retiradas com o auxílio de uma rede, 
exigindo remoção manual ou outras formas de combate a 
serem discutidas mais adiante neste artigo.
limpa e livre de obstáculos, para onde os peixes podem ser 
atraídos (com ração, por exemplo) e capturados com rede 
de arrasto. Diversas capturas parciais podem ser necessárias 
até que a maior parte dos peixes seja removida. Feito isso, 
o viveiro pode então ser drenado aos poucos, facilitando 
a remoção das plantas. Caso a remoção das plantas não 
seja completa, com o viveiro já sob um reduzido volume 
de água, pode ser realizado o envenenamento das plantas 
restantes com o uso de herbicidas. Mais detalhes sobre o 
uso de herbicidas serão apresentados ao longo deste artigo. 
Após o envenenamento do restante das plantas, o viveiro 
pode ser drenado por completo. O excesso de material 
vegetal (plantas mortas e vivas) deve ser removido, para 
que não haja um grande consumo de oxigênio no início do 
cultivo seguinte. Feita essa remoção, o viveiro está pronto 
para ser colocado em uso novamente.
Figura 5. Viveiros totalmente tomados por plantas aquáticas, tornando muito difícil 
o manejo da alimentação e da captura dos peixes. A melhor opção para corrigir 
o problema é a remoção manual das plantas. Herbicidas podem ajudar a matar as 
plantas. Porém, após a aplicação e morte das plantas, é preciso remover o máximo 
possível dessa massa orgânica, para que não haja declínio do oxigênio dissolvido 
na água viveiros (Fotos do autor)
Quando	não	há	peixes	nos	viveiros	ou	quando	é	pos-
sível	remover	a	maior	parte	dos	peixes (mesmo com as difi-
culdades impostas pelas plantas ao arrasto com rede), a melhor 
opção é drenar os viveiros e remover as plantas manualmente. 
Quando a remoção dos peixes for difícil, a alternativa é remo-
ver o máximo possível de plantas, procurando deixar uma área 
Figura 6. Viveiro sendo drenado. As macrófitas acabam se concentrando 
em um menor volume de água, facilitando a remoção manual ou, mesmo, o 
envenenamento das plantas com herbicidas (Foto do autor)
Quando	os	viveiros	não	puderem	ser	drenados	
e/ou	os	peixes	não	puderem	ser	removidos, a alternati-
va é tentar promover o desenvolvimento do fitoplâncton 
de forma a diminuir a transparência da água e, com isso, 
dificultar o desenvolvimento das plantas aquáticas e algas 
filamentosas. Nesse momento alguns produtores se pre-
cipitam, aplicando fertilizantes na água como forma de 
estimular a formação do fitoplâncton. Acabam, assim, favo-
recendo ainda mais as plantas aquáticas que já dominam o 
ambiente. Para criar condições adequadas para a formação 
do fitoplâncton, sugerimos a seguinte sequência de ações: 
Primeiro	passo. Fechar a entrada de água nos vivei-
ros. Isso evitaa diluição excessiva dos nutrientes gerados 
durante a criação (através da excreção fecal e nitrogenada 
dos peixes e a decomposição da matéria orgânica aportada 
nos viveiros, reciclando assim os nutrientes fornecidos 
nos alimentos e adubos, bem como presentes nas plantas 
e algas em decomposição).
18 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
19Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Controle de plantas aquáticas
Segundo	passo. Remover o máxi-
mo possível de plantas. Essa remoção ge-
ralmente resulta em distúrbios no fundo 
dos viveiros e açudes, suspendendo argila 
e a água do fundo. Uma grande quanti-
dade de argila em suspensão pode causar 
irritação nas brânquias e dificuldade de 
respiração para os peixes. A água dos 
estratos mais profundos pode estar com 
baixo oxigênio e altas concentrações de 
compostos tóxicos aos peixes (amônia, 
nitrito, gás sulfídrico e metano, entre 
outros). Assim, em viveiros e açudes 
completamente tomados por plantas 
e algas filamentosas, essa remoção 
deve ser feita um pouco a cada dia, 
cerca de 10 a 15% da área total do 
viveiro por dia, para evitar prejuízos 
à qualidade da água e desconforto aos 
peixes. De início, procure remover 
os aglomerados de plantas das áreas 
mais profundas, processo facilitado 
pela ainda boa visibilidade com a água 
transparente. Conforme a água vai 
ficando um pouco mais turva, comece 
a fazer a remoção de plantas submer-
sas nas áreas mais rasas, próximas às 
margens dos viveiros. 
Terceiro	passo. Quando não for 
possível realizar a remoção manual das 
plantas, ou se, mesmo com tal remoção 
ainda sobrou um bocado de plantas nos 
viveiros, o produtor deverá partir para 
outras alternativas de redução da popu-
lação de plantas aquáticas. Uma delas 
é a estocagem de peixes como a carpa 
capim, que consome plantas tenras e 
algas filamentosas, contribuindo com 
este controle. A outra é o uso de her-
bicidas / algicidas. Estas alternativas 
serão discutidas oportunamente neste 
artigo e podem ser necessárias para 
uma redução mais eficaz da população 
de plantas aquáticas.
Quarto	 passo.	 Correção da 
alcalinidade e realização de aduba-
ção nitrogenada.	Após a redução na 
população de plantas, o produtor 
pode agora pensar em estimular o de-
senvolvimento do fitoplâncton. Uma 
aplicação de calcário pode ser neces-
sária, para elevar a alcalinidade total 
da água para valores próximos de 30 
mg CaCO3/l. Para tanto, pode ser 
necessário aplicar algo entre 100 
a 500 g de calcário agrícola por 
metro quadrado de viveiro (1 a 5 
toneladas/ha). O calcário eleva a 
alcalinidade da água, melhorando 
a oferta de gás carbônico para a 
fotossíntese do plâncton. Também 
ajuda a aumentar um pouco a trans-
parência da água que ficou turva 
com a suspensão de argila durante 
a remoção das plantas. Aplicado o 
calcário, agora podemos realizar a 
adubação da água para estimular o 
desenvolvimento do fitoplâncton. 
Partimos de uma dose próxima a 5 
kg de nitrogênio / 1.000 m2 ou 50 
kg de N/ha. Usando uréia (45% N) 
aplicamos 11 kg do fertilizante / 
1.000 m2; se usar nitrato de cálcio 
(15,5% de N), aplicamos 32 kg deste 
adubo / 1.000 m2. 
Os fertilizantes devem ser 
diluídos previamente em água antes 
da aplicação. A aplicação deve ser 
feita de forma homogênea sobre 
toda a superfície do viveiro onde 
estamos combatendo as plantas 
aquáticas. O bombeamento de um 
pouco de água verde de um viveiro 
com fitoplâncton já estabelecido 
serve como inóculo e favorece a 
rápida formação do fitoplâncton 
no viveiro onde as plantas estão 
sendo combatidas. Aguardamos, 
então cerca de 7 a 10 dias para ver 
o resultado, tempo suficiente para 
que a água comece a ganhar um 
tom esverdeado e a diminuir sua 
transparência. Se isso não ocorrer, 
pode ser necessário repetir a aplica-
ção de nitrogênio, tomando cuidado 
para observar se as plantas aquá-
ticas não estão se recuperando e 
tomando conta de novo do viveiro.
Com o tempo, a aplicação 
de nitrogênio já não é mais neces-
sária. A morte das plantas e a sua 
decomposição fornecem nutrientes 
e gás carbônico em quantidades 
suficientes para o desenvolvimento 
e sustento do fitoplâncton. Além 
disso, sempre há um aporte de 
nutrientes nos viveiros. Estes pro-
vêm da excreção nitrogenada dos 
"Quando os viveiros 
não puderem ser 
drenados e/ou os 
peixes não puderem 
ser removidos, 
a alternativa é 
tentar promover o 
desenvolvimento 
do fitoplâncton de 
forma a diminuir a 
transparência da água 
e, com isso, dificultar 
o desenvolvimento 
das plantas aquáticas 
e algas filamentosas. 
Nesse momento 
alguns produtores se 
precipitam, aplicando 
fertilizantes na 
água como forma de 
estimular a formação 
do fitoplâncton. 
Acabam, assim, 
favorecendo ainda 
mais as plantas 
aquáticas que já 
dominam o 
ambiente."
20 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
peixes e da decomposição das fezes, 
sobras de ração e materiais orgânicos 
diversos, suprindo a necessidade do 
fitoplâncton. Assim, controlando o 
excesso de plantas e fechando a en-
trada de água, os nutrientes gerados 
na produção dos peixes ficam mais 
disponíveis ao fitoplâncton, favore-
cendo o seu desenvolvimento.
Peixes herbívoros no controle 
de plantas aquáticas
Uma boa opção para o pisci-
cultor no controle de macrófitas é 
a estocagem de peixes herbívoros 
nos viveiros e açudes. Peixes como 
a tilápia e a carpa capim podem aju-
dar nesse controle. Pelo fato de não 
se reproduzir em viveiros e açudes, 
consumir grande volume de material 
vegetal e não exercer canibalismo 
sobre outras espécies de peixes, par-
ticularmente com peixes pequenos, 
a carpa capim é a primeira opção. 
Outra vantagem da carpa capim é o 
fato dela tolerar grande amplitude 
térmica, pode ser usada tanto em 
áreas tropicais, como em regiões de 
inverno bem rigoroso. Em diversos 
países a carpa capim tem sido usada 
como importante ferramenta para 
o controle permanente de plantas 
aquáticas. A carpa capim se alimenta 
de uma grande variedade de plantas 
aquáticas tenras e algas filamento-
sas presentes nos viveiros e açudes. 
Porém, não são capazes de consu-
mir plantas mais grosseiras como o 
aguapé e a taboa. Carpas pequenas 
são pouco eficientes nesse controle, 
pois, além do hábito alimentar her-
bívoro ainda não estar bem definido, 
consomem pouca massa de plantas. 
Peixes com tamanho acima de 20 cm 
são mais eficientes no controle de 
macrófitas. Carpas capim de maior 
porte chegam a consumir diariamen-
te uma quantidade de plantas e algas 
equivalente a 30 a 45% do seu peso 
corporal. Em geral é recomendada a 
estocagem de 50 a 200 carpas capim 
(entre 25 e 30 cm) por hectare. No 
entanto, o número adequado de car-
pas para o estoque não é tão simples 
de ser determinado, pois depende 
muito da quantidade de plantas existen-
tes, do tamanho das carpas, da tempe-
ratura da água (que afeta a quantidade 
de plantas consumidas pelos peixes), 
dentre outros fatores. Quanto maiores 
forem as carpas, menor for a infestação 
de plantas e maior for a temperatura, 
menos peixes são necessários por área 
de viveiro. Assim, vale o bom senso 
e a observação para determinar se a 
quantidade de carpas estocadas está 
promovendo um adequado controle das 
plantas. Se colocamos carpas demais 
ou de menos, isso não é problema. 
Podemos adicionar mais peixes ou 
remover parte dos peixes, conforme o 
resultado visualizado no controle das 
plantas. Tomar como base a biomassa 
de carpas estocadas é melhor do que 
apenas considerar o número de peixes. 
Alguns estudos sugerem a necessidade 
de estocar algo entre 5 e 25 g de carpa 
capim para cada m2 de área coberta com 
plantas aquáticas. Por exemplo, se um 
viveiro de 1.000 m2 apresenta cerca de 
50% de sua área coberta por plantas 
aquáticas (500 m2) seria recomendável 
estocar algo entre 2,5 e 12,5 kg de car-
pa capim. Ficando com a média, algo 
próximo de 8 quilos de carpa. Se os ju-
venis tiverem 100 g, seriam necessários 
80 peixes. Para juvenis de 200 g, 40 
peixes seriamsuficientes. Para carpas 
com 1 kg, oito peixes seriam capazes 
de promover o controle. Se o mesmo 
viveiro estivesse completamente toma-
do por plantas aquáticas, o número de 
carpas estocadas deveria ser dobrado. 
Estoques de carpa entre 200 e 1.000 kg 
de peixes por hectare são capazes de 
eliminar todas as plantas de um viveiro 
ou açude em menos de 30 dias.
Herbicidas no controle 
de plantas aquáticas
 
Herbicidas e algicidas podem 
ajudar no controle de macrófitas e 
algas filamentosas. No entanto, é 
recomendável que esses produtos se-
jam usados somente após haver sido 
retirado o máximo possível de plantas 
dos viveiros e açudes. A eficiência do 
uso dos herbicidas depende de diversos 
fatores. Por exemplo, o tipo de planta a 
ser controlada, a estratégia (modo) de 
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 "O uso dos 
herbicidas depende 
de diversos fatores 
como por exemplo, 
o tipo de planta a 
ser controlada, o 
modo de aplicação 
do produto, as 
possíveis interações 
dos herbicidas 
com a qualidade 
da água, as 
condições climáticas 
prevalentes, o 
estágio de 
desenvolvimento 
das plantas, dentre 
diversos outros 
aspectos. Diante 
disso, o piscicultor 
deve sempre contar 
com profissionais 
experientes para 
tomar a decisão 
sobre o uso ou não 
de herbicidas e a 
escolha dos produtos 
mais adequados às 
necessidades da sua 
piscicultura."
21Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
aplicação do produto, as possíveis interações dos herbicidas 
com a qualidade da água (dureza, alcalinidade, argila em 
suspensão, pH, entre outros fatores), as condições climáticas 
prevalentes (chuvas, temperatura, etc.), o estágio de desen-
volvimento das plantas, dentre diversos outros aspectos. 
Diante desses detalhes, o criador deve sempre contar com o 
suporte de profissionais experientes no assunto para tomar 
a decisão sobre o uso ou não de herbicidas e a escolha dos 
produtos mais adequados às necessidades e condições de 
sua piscicultura. 
No Brasil existem diversos herbicidas registrados 
para o controle de plantas aquáticas, sendo muito usados no 
controle de plantas em grandes reservatórios de hidrelétri-
cas e de abastecimento de água para diversos municípios. 
Estes herbicidas e seus princípios ativos também são apro-
vados para uso no controle de plantas aquáticas em açudes, 
Tabela 1 – Alguns compostos herbicidas usados no controle de plantas aquáticas
viveiros e tanques usados para a criação de peixes 
em outros países. No Brasil, ainda não há herbicidas 
especificamente registrados para uso na aquicultura. 
No entanto, os herbicidas regularmente usados na 
agricultura, em especial para o controle de plantas 
aquáticas, podem ser aplicados ao controle de plantas 
em viveiros e açudes com peixes. Na Tabela 1 são 
relacionados alguns destes herbicidas. Os herbicidas 
para este fim devem ter componentes ativos de baixa 
toxicidade aos peixes e aos demais animais aquáticos 
e terrestres que podem vir a ter contato com o am-
biente onde o produto foi aplicado. Dependendo do 
produto utilizado, o criador também deve respeitar 
um período de carência maior ou menor, de acordo 
com os outros usos que a água dos açudes ou viveiros 
tratados com herbicidas possa vir a ter na propriedade 
Controle de plantas aquáticas
22 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
23Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
(irrigação, consumo animal, recreação, en-
tre outros). Na dúvida sobre estes detalhes, 
procure orientação especializada.
Na opção pelo uso de herbicidas, o 
criador deve realizar o envenenamento das 
plantas de forma parcial (um pouco a cada 
dia). As plantas mortas começam a ser de-
gradadas nos açudes e viveiros, consumindo 
oxigênio e gerando grande quantidade de gás 
carbônico e outros compostos tóxicos. Assim, 
para evitar problemas com a degradação da 
qualidade da água (em particular com o baixo 
oxigênio dissolvido) após o uso de herbicidas, 
é recomendável limitar o uso de herbicidas a 
um controle de 10 a 15% do estande de plantas 
por dia. Mesmo tomando esses cuidados, é 
recomendável monitorar os níveis de oxigênio 
na água durante o processo de controle das 
plantas, e contar sempre com um aerador para 
alguma eventual emergência.
Outras formas de controle 
de plantas aquáticas
Além da remoção manual, do uso de 
peixes herbívoros (como a carpa capim) e 
do uso de herbicidas, outras ferramentas 
já foram avaliadas no controle de plan-
tas aquáticas. Nem todas elas podem ser 
facilmente aplicadas em viveiro e açudes 
de criação de peixes, particularmente em 
viveiros de grandes dimensões. Dentre 
muitas, merecem destaque:
A	manipulação	de	nutrientes	 - em 
particular o sequestro de fosfatos da coluna 
d’água e sua deposição no substrato sob 
formas menos disponíveis. Isso pode ser 
feito com aplicações de sulfato de alumínio 
ou gesso.
O	bloqueio	de	luz	- há três formas de 
realizar isso: a) através de cobertura física so-
bre as plantas no fundo dos viveiros ou mes-
mo sobre uma parte das plantas flutuantes; b) 
uso de corantes que diminuem a entrada de 
luz e filtram os diferentes espectros de luz, 
impedindo a entrada dos espectros que esti-
mulam a fotossíntese; c) aumento intencional 
da turbidez mineral da água, suspendendo a 
argila do fundo dos viveiros ou aplicando 
argilas na água (tornando a água barrenta). 
Geralmente em uma a duas semanas as plan-
tas começam a morrer por falta de luz.
O	revestimento	das	laterais	e	do	
fundo	 dos	 tanques - o revestimento do 
fundo e das laterais dos viveiros e canais 
com mantas de vinil, concreto ou outros 
materiais previne o crescimento de 
plantas aquáticas. A relação benefício/
custo desta medida deve ser avaliada.
O	uso	do	fogo	- plantas aquáticas 
podem ser queimadas, com o auxílio de 
lança chamas. Após uma aplicação de 
herbicida, o fogo também pode ser usado 
como complemento no controle das plan-
tas. A queima do material ressecado pelo 
herbicida ajuda a danificar as partes das 
plantas não atingidas. O uso do fogo deve 
ser feito com cuidado e de forma bem pla-
nejada, para não correr o risco de espalhar 
chamas para outras áreas da propriedade.
Manipulação	do	nível	da	água	
nos	 viveiros - algumas plantas podem 
ser controladas através do roçado e sub-
sequente inundação antes que elas tenham 
oportunidade de projetar suas partes aére-
as na superfície. O material roçado deve 
ser removido do viveiro, para não provo-
car grande demanda de oxigênio para a 
sua decomposição quando o viveiro for 
novamente enchido. No caso de plantas 
submersas sensíveis à exposição direta ao 
sol ou à desidratação, o controle pode ser 
realizado através da drenagem completa 
dos viveiros, mantendo-os secos por algu-
mas semanas. Também é recomendável a 
aplicação de um herbicida sobre as plan-
tas ainda vivas nas áreas mais úmidas do 
fundo dos viveiros. Isso complementa o 
controle. Também nesse caso, as plantas 
mortas devem ser removidas para que não 
haja uma depleção severa no oxigênio 
dissolvido após o enchimento dos vivei-
ros para um novo ciclo de cultivo.
Considerações finais
O controle de plantas aquáticas, 
portanto, exige ações integradas, envol-
vendo não apenas o controle das plantas 
em si, mas também medidas preventivas 
e estratégias de condução da criação 
que dificultem o desenvolvimento des-
tas plantas e mantenham os viveiros e 
açudes livres das mesmas durante todo 
o ciclo de produção. Dessa forma, os 
criadores que enfrentam problemas 
crônicos com infestação por plantas 
aquáticas não devem hesitar em recorrer 
a um suporte profissional especializado, 
evitando perda de tempo e desperdício 
de recursos e dinheiro com medidas 
ineficazes ou de curta duração. 
Controle de plantas aquáticas
"O controle 
de plantas 
aquáticas 
exige medidas 
preventivas e 
estratégias de 
criação que 
mantenham 
os viveiros e 
açudes livres das 
mesmas durante 
todo o ciclo 
de produção. 
Dessa forma, os 
criadores não 
devem hesitar 
em recorrera um suporte 
profissional 
especializado, 
evitando perda 
de tempo e 
desperdício 
de recursos 
e dinheiro 
com medidas 
ineficazes ou de 
curta duração."
24 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
 cultivo de camarões marinhos é a atividade mais lucrativa de toda indústria aquícola. Em 2008 foram despescados 3,4 mi-
lhões de toneladas de camarão de fazendas marinhas, resultando em 
uma movimentação financeira da ordem de US$ 14,3 bilhões (Fig. 1). 
Atualmente os camarões estão entre os frutos do mar mais consumidos e 
apreciados no mundo. Para atender a crescente demanda, os produtores 
desse crustáceo tiveram que triplicar sua produção em apenas oito anos. 
Entre 2000 e 2008, a velocidade no crescimento anual da produção de 
camarões cultivados chegou a 15,1% (FAO, 2010).
Este rápido aumento no volume de camarão cultivado foi alcan-
çado primordialmente por avanços na genética e nutrição dos camarões 
peneídeos e pela modernização das técnicas de cultivo. Em 2006, mais 
de 15 milhões de ton. de toda produção mundial de peixes e camarões 
em cativeiro já era realizada mediante o uso de rações balanceadas 
(Fig. 2). Até 2020, este volume deverá alcançar 45 milhões de ton., 
representando ¾ de toda produção de peixes e camarões cultivados no 
mundo (Tacon & Metian, 2008). Estas mudanças têm permitido realizar 
cultivos cada vez mais seguros, rápidos e rentáveis.
Apesar dos sistemas comerciais de cultivo de camarão apresen-
tarem variações no seu nível de intensificação (uso de recursos capitais, 
tecnologia e mão-de-obra), desde baixa intensificação (entre 10 e 35 
camarões/m2) até super-intensivos (> 100 camarões/m2), estes sistemas 
têm em comum a dependência no aporte de alimento externo para 
viabilizar a produção. As rações para engorda de camarões possuem 
níveis proteicos elevados, podendo chegar até 40% de proteína bruta. 
Isto requer a utilização de ingredientes ricos em proteína para fabricação 
destas rações. Os ingredientes proteicos geralmente empregados são de 
Por:
Alberto J. P. Nunes, Ph.D.*
alberto.nunes@ufc.br
Marcelo Vinícius do Carmo e Sá, Dr.**
marcelo.sa@ufc.br
Hassan Sabry Neto, M.Sc.*
Universidade Federal do Ceará
LABOMAR - Instituto de Ciências do Mar*
Departamento de Engenharia de Pesca**
Fortaleza, Ceará
CAMARÃO MARINHO
As próximas gerações 
de ração para
Camarões estão entre os pescados mais 
apreciados em todo o mundo, fazendo 
com que os carcinicultores precisem au-
mentar a sua produção de forma rápida 
e segura para atender a esse mercado 
super aquecido. O negócio do camarão, 
porém, se utiliza de técnicas modernas 
de cultivo e de boas rações para en-
gorda, geralmente elaboradas com 
ingredientes ricos em proteína como a 
farinha de peixe, um importante insu-
mo cuja produção mundial encontra-se 
estagnada. Então, qual a melhor saída 
para esse impasse? O presente artigo 
resume os principais avanços na nutri-
ção de camarão, discutindo alguns dos 
resultados de estudos realizados no LA-
BOMAR/UFC. Esses trabalhos têm como 
objetivo substituir integralmente a 
farinha de peixe em rações de camarões 
marinhos por ingredientes alternativos, 
em associação com diferentes aditivos. 
Os novos conhecimentos buscam com-
pensar restrições de disponibilidade 
mercadológica e de preço da farinha de 
peixe, de forma segura, sem que haja 
prejuízo zootécnico ou econômico.
Camarões alimentados com dietas com proteína 100% 
vegetal despescados após 72 dias de cultivo
25Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Figura 1: Produção de camarões marinhos cultivados em cativeiro entre 1980 e 2008. Linhas indicam a tendência no cultivo das duas principais espécies de camarões 
peneídeos. Fonte: FAO (2010) 
Figura 2: Produção mundial de peixes e crustáceos (ton. x 1.000) e percentual 
dependente de rações industrializadas. Não estão incluídas as espécies de peixes 
filtradores. Estimativas segundo Tacon & Metian (2008). 
origem marinha (farinha e óleo de pei-
xe), produzidos a partir de subprodutos 
da agricultura (farelo de soja, farelo de 
trigo, glúten de milho), ou advindos do 
abate de animais terrestres (farinha de 
penas, farinha de carne e ossos, farinha 
de sangue, farinha de vísceras de aves). 
Embora a aquicultura ainda seja a 
atividade zootécnica que mais consome 
farinha de peixe no mundo (3,7 milhões 
de ton. em 2006, 68,2% da produção 
mundial), a produção estagnada deste 
insumo, aliada a limitada capacidade 
dos estoques pesqueiros de sustentar 
demandas crescentes, tem causado aumento progressivo nos seus 
preços, quando comparados a outras fontes proteicas disponíveis 
no mercado (Fig. 3). Essa situação tem levado a mudanças signi-
ficativas no desenho das rações de camarões. Em 1995, a farinha 
de peixe constituía 28% da composição das rações de camarão, 
hoje não ultrapassa uma média de 12% (Tacon & Metian, 2008).
Restrições e Avanços
A criação de camarão marinho é o segmento aquícola que 
mais consome farinha de peixe em termos absolutos, à frente da 
indústria de cultivo de salmão e peixes marinhos, e isto se deve ao 
fato de sua produção ser mais elevada quando comparada a estas 
outras atividades aquícolas. Na verdade, os camarões são menos 
Figura 3: Flutuações no preço (US$/ton.) da farinha de Anchoveta 
produzida no Peru e do farelo de soja. Fonte: Josupeit (2010)
Rações para cam
arões m
arinhos
26 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
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s
27Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
dependentes em relação ao uso de proteína marinha do que o salmão 
e os peixes marinhos cultivados. Um maior conhecimento sobre 
as exigências nutricionais1 dos camarões tem sido primordial para 
o desenvolvimento de rações balanceadas que melhor atendam 
essas exigências e estejam corretamente alinhadas aos sistemas de 
cultivo e metas produtivas das fazendas. Com isso, a necessidade 
de uso da farinha de peixe se torna cada vez menor. No passado, as 
formulações de rações para camarões marinhos ainda se baseavam 
em “receitas prontas” ou fórmulas fixas. Isto geralmente resultava 
em dietas nutricionalmente sobredimensionadas, ou seja, com 
perfil nutricional muito além do exigido pela espécie cultivada. 
Essa realidade frequentemente levava a desperdícios, com custos 
financeiros e ambientais desnecessários.
A redução no nível de inclusão de farinha de peixe em ra-
ções para camarões marinhos pode ser acompanhada pela análise do 
fator FIFO (Fish In: Fish Out). Esse fator tem sido frequentemente 
utilizado por ambientalistas para estimar a quantidade de peixe pe-
lágico capturado, necessária para produzir 1 kg ou 1ton de camarão 
ou peixe em cativeiro. Em 2020, o FIFO para os camarões marinhos 
deverá ser de 0,3 (serão necessários 300 kg de peixes pelágicos, 
processados como farinha de peixe, para produzir 1 tonelada de 
camarão em cativeiro). Em 1995, esse fator para camarões era de 
1,9 (Fig. 4). Portanto, a carcinicultura marinha saiu de uma situação 
deficitária, ou seja, havia maior captura de peixes pelágicos para 
transformação em farinha de peixe que produção de camarão, para 
uma situação superavitária, ou seja, há maior produção de camarão 
que uso de peixes pelágicos na forma de farinha.
Somente ao longo dos últimos 15 anos se conseguiu esta-
belecer as exigências nutricionais dos camarões peneídeos para os 
nutrientes essenciais mais importantes, como os aminoácidos e os 
ácidos graxos (Tabela 1).
Tabela 1: Quantidades mínimas de nutrientes essenciais necessárias para o 
Penaeus monodon e o Litopenaeus vannamei alcançarem crescimento máximo. 
Todas os valores estão apresentados na base seca.
Figura 4: Histórico do volume de captura de peixes pelágicos para uso em 
rações para criação de camarão marinho. Área azul indica as tendências da 
relação FIFO (Fish IN: Fish OUT). Estimativas segundo Tacon & Metian (2008) 
1 A exigência nutricional de uma espécie é definida como o nível mínimo de um determinado 
nutriente necessário parasobrevivência e crescimento máximo de uma espécie.
1Para o P. monodon de acordo com Millamena et al. (1996a,b, 1997, 1998, 1999) e para o L. vannamei 
segundo Fox et al. (1995, 1999) e Huai et al. (2009); 2Para o P. monodon de acordo com Glencross & 
Smith (1997, 1999, 2001a,b) e Glencross et al. (2002a,b); 3Na forma de cloreto de colina 
Rações para cam
arões m
arinhos
28 Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
Os aminoácidos são as unidades básicas constituintes 
das proteínas. Por isto, quanto mais disponível e próximo for 
o perfil de aminoácidos essenciais da exigência nutricional 
do camarão, melhor será a qualidade nutricional do ingre-
diente ou ração utilizada. Para o camarão Penaeus monodon, 
já se conhece a exigência para os 10 aminoácidos considera-
dos essenciais à dieta (AAE): arginina, histidina, isoleucina, 
leucina, lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano 
e valina. Pelo fato do Litopenaeus vannamei apresentar 
tendências alimentares mais herbívoras, especula-se que 
essa espécie possua uma menor exigência de AAE quando 
comparado com os níveis já estabelecidos para o P. monodon. 
Nas rações balanceadas, todos os aminoácidos essenciais 
precisam estar presentes em quantidades adequadas para ob-
tenção de crescimento máximo. Se estiverem em quantidades 
insuficientes ou em formas não biologicamente acessíveis 
aos camarões, o crescimento máximo não ocorrerá.
Em relação aos ácidos graxos, quatro são considera-
dos essenciais para os peneídeos, os ácidos linoléico, lino-
lênico, eicosapentaenóico (EPA) e docosaexaenóico (DHA). 
O ácido araquidônico é pouco exigido, podendo deteriorar o 
crescimento do P. monodon em níveis elevados. Os ácidos 
graxos altamente insaturados da série omega-3 (EPA e DHA) 
são encontrados em abundância somente em óleos marinhos, 
tais como no óleo de peixe, lula, Krill e em outros organis-
mos marinhos ainda pouco competitivos comercialmente 
para uso em rações animais, como as microalgas. Os óleos 
vegetais e as gorduras de animais terrestres são desprovidos 
dos ácidos graxos EPA e DHA.
Além de aminoácidos e ácidos graxos, outros nutrien-
tes essenciais são os fosfolipídios e o colesterol. Os fosfoli-
pídios atuam no transporte de colesterol, facilitam o arma-
zenamento de lipídeos no hepatopâncreas que, servem de 
reserva energética durante o processo de muda dos camarões. 
O colesterol é um esteróide essencial que está diretamente 
ligado à muda do camarão. Há alguns anos atrás se descobriu 
existir uma interação inversa entre o nível de fosfolipídios 
e de colesterol na dieta (Gong et al., 2000). Na medida em 
que os níveis de fosfolipídios aumentam, decrescem as 
exigências de colesterol na dieta do camarão. A exigência 
de colesterol para o L. vannamei é de 0,35% quando não há 
fosfolipídios presentes na dieta, mas de somente 0,13% da 
dieta quando o nível de fosfolipídios alcança 3%. A relevância 
desta informação se deve ao alto custo do colesterol para uso 
em dietas animais, ao contrário dos fosfolipídios que podem ser 
obtidos em altas concentrações através da lecitina de soja, uma 
fonte relativamente barata.
Rações à Base de Proteína Vegetal
A soja é vista como a matéria-prima de maior potencial 
para substituir integralmente a farinha de peixe em dietas para 
camarões, por apresentar boa digestibilidade, bom perfil de 
aminoácidos essenciais e ser a semente oleaginosa mais pro-
duzida no mundo, com colheitas anuais que ultrapassam 250 
milhões de ton. Cerca de ¼ deste total é convertido em farelos 
e tortas de soja para uso na alimentação animal. Em rações para 
organismos aquáticos, os produtos derivados da soja incluem 
fontes proteicas e lipídicas, tais como o farelo de soja (SBM), o 
concentrado proteico de soja (SPC), o óleo de soja e a lecitina de 
soja. Os dois últimos são utilizados em rações primordialmente 
para suprir energia digestível, ácidos graxos essenciais e fosfo-
lipídios em níveis exigidos pelos camarões marinhos cultivados.
Muitas rações balanceadas para camarões marinhos já 
apresentam níveis de inclusão de SBM (farelo de soja) de até 
45%. Porém, uma fonte mais refinada de proteína da soja é o SPC 
(concentrado proteico de soja), no qual os carboidratos solúveis 
são removidos durante o processamento, havendo redução de 
fatores antinutricionais e concentração da proteína em até 65%. 
Hoje o uso do SPC é bastante reduzido em rações para camarões 
marinhos. No entanto, o SPC tem recentemente despertado um 
crescente interesse no setor produtivo devido sua maior disponi-
bilidade no mercado nacional e, consequentemente, preços mais 
competitivos. Por estas razões, e pelo fato do Brasil ser um dos 
líderes mundiais na produção de soja, o SBM e o SPC foram 
escolhidos como os concentrados proteicos para substituição de 
farinha de peixe, nas pesquisas realizadas no LABOMAR.
Pesquisas no LABOMAR
Foram realizados quatro estudos consecutivos que foram 
conduzidos nas instalações de pesquisa em nutrição de organis-
mos aquáticos do LABOMAR, entre abril de 2008 e setembro 
de 2010 (Tabela 2). 
Tabela 2: Características dos quatro estudos realizados no LABOMAR
Nesses trabalhos, fo-
ram empregados tanques de 
500 L (0,57 m2 de área) que 
operam em área coberta e pos-
suem água clara, sem alimento 
natural, com aeração constante 
e filtragem mecânica. As pes-
quisas foram realizadas com 
juvenis do camarão L. vanna-
mei estocados na densidade 
de 70 animais/m2 que foram 
alimentados duas vezes ao 
dia, oferecendo-se refeições 
aos animais em função do 
consumo alimentar observado.
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29Panorama da AQÜICULTURA, janeiro, fevereiro, 2011
l	1: Substituição da Farinha de Peixe pelo 
Concentrado Proteico de Soja (SPC)
O primeiro estudo objetivou uma substituição pro-
gressiva na inclusão de farinha de peixe pelo SPC em dietas 
práticas para o L. vannamei. Neste trabalho, uma dieta basal 
(FPX) foi desenvolvida com 18% de farinha de peixe de 
Anchoveta e farinha de peixe nacional (relação de 5:1), sem 
conter SPC (Tabela 3).
Sistema de cultivo para experimentos de nutrição com 
camarões marinhos do Labomar
Tabela 3: Composição de dietas práticas com substituição progressiva da farinha 
de peixe pelo concentrado proteico de soja (SPC), sem inclusão de óleo de soja
A partir da dieta basal, quatro outras dietas experimen-
tais foram formuladas para substituir de forma progressiva 
a proteína da farinha de peixe pela proteína do SPC em 
130,0% de farelo de soja, 20,0% de farinha de trigo, 3,0% de 
farinha de carne e ossos, 1,5% de lecitina de soja, 1,0% de 
glúten de milho, 1,0% de premix-vitamínico mineral, 1,0% de 
sal comum e 0,1% de ácido ascórbico polifosfatado
25% (C25), 50% (C50), 75% (C75) e 100% (C100). 
A substituição da farinha de peixe pelo SPC foi 
realizada assegurando-se níveis mínimos de amino-
ácidos essenciais (AAE) nas fórmulas. Assim, para 
compensar a queda de metionina nas dietas com alta 
inclusão de SPC, foi realizada a suplementação com 
DL-metionina sintética. As dietas com SPC também 
continham 2,0% de farinha de lula inteira para pre-
servar a atratividade e a palatabilidade. O trabalho 
iniciou com camarões juvenis de 4,0 ± 0,73 g (media 
± desvio padrão), empregando-se 25 tanques durante 
72 dias de cultivo.
Dietas empregadas no estudo #1 com substituição progressiva de farinha 
de peixe pelo concentrado proteico de soja
l	2: Níveis Mínimos Possíveis de Óleo de Peixe 
O primeiro estudo empregou inclusões de óleo 
de peixe entre 1,9 e 2,5% nas dietas contendo SPC. O 
óleo de peixe aporta ácidos graxos essenciais da série 
omega-3 para os camarões. Contudo, este ingredien-
te é obtido do processamento da farinha de peixe e 
também sofre as mesmas limitações de oferta e preço 
que a farinha. O segundo experimento empregou as 
projeções de Tacon & Metian (2008) sobre o uso de 
farinha e óleo de peixe em rações de camarões para 
os anos de 2010, 2015 e 2020. Esse trabalho objeti-
vou determinar os níveis mínimos

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