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92 panorama da aquicultura

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1Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
2 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
3Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005 3Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
Editorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
F oi expedida, enfi m, a primeira Licença de Operação (LO) para um empreendimento de piscicultura em tanques-rede instalado em águas da União. Em outubro passado, o CPRH, órgão ambiental do Estado de Pernambuco, deu um passo histórico ao conceder a LO para a Associação Jovens Criadores 
de Peixe, instalada no lado pernambucano da represa de Moxotó, no município de Jatobá – PE. 
 Essa é uma notícia espetacular, que chega para iluminar o caminho de centenas de piscicultores 
rumo à legalização dos seus empreendimentos. Além do mais, já deu a hora da piscicultura deixar para 
trás o estigma de ser uma atividade não licenciável. Os piscicultores, alguns há seis anos, aguardam a 
oportunidade de ter a sua licença ambiental. Estão todos de parabéns! Dessa história, vou guardar na 
lembrança o que disse um amigo piscicultor, diante da LO emoldurada na parede da Associação: “Jomar, 
é como ver uma cabeça de bacalhau... A gente sabia que existia, mas nunca tínhamos visto”.
 Mas não acabam aí as boas notícias para os criadores de peixe em tanques-rede. No início 
de dezembro, durante um seminário realizado em Paulo Afonso, pelo Sebrae e pela Bahia Pesca, o 
Banco do Nordeste do Brasil – BNB anunciou que não exigirá mais a licença ambiental para conceder 
o fi nanciamento de custeio para as pisciculturas que já estão em operação. A licença ambiental 
continuará, porém, a ser exigida se os fi nanciamentos se destinarem à investimentos.
 Para a carcinicultura, no entanto, o ano foi um dos mais difíceis. Mas, por conta dessas 
difi culdades, inúmeros novos conhecimentos sobre o manejo sustentável foram adquiridos, bem como 
foi possível conhecer melhor a dinâmica do vírus da mionecrose - IMNV. A expectativa do setor é que, 
com o amadurecimento do produtor, 2006 termine com resultados bem melhores que os alcançados 
em 2005. Um olhar sobre o ano que passou é um dos artigos dedicados ao cultivo de camarão, que 
publicamos nessa edição.
 Fica a torcida para que os carcinicultores de Santa Catarina, castigados demais pela Mancha 
Branca, sejam favorecidos pela sorte e pelo bom clima, para que possam contribuir com boas despescas 
em 2006. Março vem aí com mais uma Fenacam e, o maior evento da carcinicultura é sempre uma boa 
oportunidade de compartilhar informações e avaliar perdas e ganhos.
 E para os que pensam que o mar não está para peixe, trazemos também nessa edição um 
artigo sobre a larvicultura do bijupirá, que fecha a trilogia de artigos sobre esse peixe, iniciada com a 
engorda e seguida pelos cuidados com os reprodutores. Como das outras vezes, as informações sobre 
o bijupirá vêm do sangue novo que irriga o cenário da aqüicultura brasileira. O autor do artigo dessa 
edição, Marcell Boaventura Carvalho, é um engenheiro de pesca recém-formado, que faz parte da nova 
safra de especialistas na aqüicultura.
 Pois bem, diante de um 2005 bastante dinâmico, as minhas expectativas são as de que teremos 
um 2006 de boas safras. É isso que desejo compartilhar com todos.
 Uma boa leitura,
 
 
 
4 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
5Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
Edição 92– novembro/dezembro, 2005
Editor Chefe:
Biólogo Jomar Carvalho Filho
jomar@panoramadaaquicultura.com.br
Jornalista Responsável:
Solange Fonseca - MT23.828
Direção Comercial:
Solange Fonseca
publicidade@panoramadaaquicultura.com.br
Colaboradores desta edição:
Alberto Nunes
Fernando Kubitza
Marcell Boaventura Carvalho
Marco Antonio Mathias
Sérgio Melo
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores. 
Assinatura:
Fernanda Carvalho Araújo
e Daniela Dell’Armi
assinatura@panoramadaaquicultura.com.br
Para assinatura use o cupom encartado, visite 
www.panoramadaaquicultura.com.br ou envie e-mail.
ASSINANTE - Você pode controlar, a cada edição, quan-
tos exemplares ainda fazem parte da sua as si na tu ra. 
Basta conferir o número de créditos des cri to entre 
parênteses na etiqueta que endereça a sua revista.
Números atrasados custam R$ 15,00 cada. Para adquiri-los 
entre em contato com a redação. 
Edições esgotadas: 01, 05, 09, 10, 11, 12, 14, 17, 18, 
20, 21, 22, 24, 25, 26, 27, 29, 30,33, 34, 35, 36, 37, 38, 
39, 40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65, 76, 77, 78, 79, 
80, 81, 82, 83, 84, 85, 87, 88
Projeto Gráfi co:
Leandro Aguiar
leandro@panoramadaaquicultura.com.br
Design & Editoração Eletrônica:
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
 Impresso na SRG Gráfi ca & Editora Ltda.
Os editores não respondem quanto a qua li da de dos 
serviços e produtos anunciados. 
A única publicação brasileira dedicada exclusiva-
mente aos cultivos de organismos aquáticos
Uma publicação Bimestral da: 
Panorama da AQÜICULTURA Ltda.
Rua Mundo Novo, 822 # 101
22251-020 - Botafogo - RJ
Tel: (21) 2553-1107 / Fax: (21) 2553-3487
www.panoramadaaquicultura.com.br
revista@panoramadaaquicultura.com.br
 
ISSN 1519-1141
Capa: Arte Panorama da Aqüicultura
Foto: Arquivo Panorama
...Pág 55
...Pág 34
...Pág 37
...Pág 48
...Pág 59
...Pág 60
...Pág 60
...Pág 59
...Pág 61
...Pág 63
...Pág 66
Í N D I C E
...Pág 61
...Pág 25
...Pág 26
Somos legais !!!
Um cultivo de tilápias, na margem pernambucana do reservatório de 
Moxotó, no município de Jatobá, será sempre lembrado na história 
da piscicultura brasileira como sendo o primeiro empreendimento de 
cultivo em tanques-rede em águas da União a receber a “Licença de 
Operação – LO”. O potencial da piscicultura em tanque-rede como 
fonte de emprego e renda na região de Paulo Afonso chamou a 
atenção do Padre Antônio, levando-o a estudar não só o manejo 
dos tanques-rede, mas também a forma como tradicionalmente 
são administradas as associações de piscicultores da região. Na 
ocasião da implantação do projeto, a falta do licenciamento ambiental impedia que os associados tivessem 
acesso ao fi nanciamento, fato que o que levou a buscar recursos no valor de R$ 210 mil, junto à Conferência 
Episcopal da Itália. Leia esse caso vitorioso em artigo da página 55.
...Pág 41
...Pág 06
...Pág 03
...Pág 15
...Pág 25
...Pág 10
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & negócios on line
Impressões da Piscicultura em 2005 
Aqüicultura equipara energia elétrica com a da agricultura irrigada
Lançamento editorial: espécies nativas para a piscicultura
Carcinicultura: Um ano de mudanças, perdas e danos
Carcinicultura em busca da sustentabilidade 
Ibama: Estatística de 2004
Entrevista com o novo Diretor da Seap, Felipe Matias 
Larvicultura de bijupirá
Licenciamento Ambiental: Somos legais!!!
GAA: restaurantes e supermercados exigem certifi cação de camarões
BNB abre crédito para a piscicultura
Cresce a oferta de camarão para o mercado interno
Calendário da 2ª Conferência de Aqüicultura e Pesca
Para comer camarão sem medo
Projeto de Lei benefi cia a carcinicultura potiguar
Nova legislação garante segurança dos alimentos na União Européia
Calendário Aqüícola
6 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
CESTA DE NATAL – De olho no público pau-
lista e em empresas locais que entregaram 
cestas aos funcionários, para presenteá-los 
no Natal, a empresa Pescados Santa Catarina 
Indústria e Comércio (PESC), localizada em 
Itajaí (SC), criou kits especiais para as festas 
de final de ano. Os kits, que contêm pescados 
como linguado, pescada, camarões e lula, ao 
invés dos tradicionais peru e tender, foram 
concebidos em caixas térmicas de isopor 
e embaladas com motivos decorativos, e 
apresentados nas versões platinum e aureum, 
que variam na quantidade e variedade dos 
pescados. Esse é o segundo ano que a PESC 
usa essa alternativa para a comercialização 
de seus produtos. 
CIVA 2006 – Já está agendado para o pe-
ríodo de 15 de novembro a 15 de dezembro 
de 2006, a quarta edição do Congresso 
IberoamericanoVirtual de Aqüicultura 
2006, recomendado pelo Capítulo Lati-
no-americano e Caribenho da Sociedade 
Mundial de Aqüicultura e pela Sociedade 
Espanhola de Aqüicultura (que participa da 
organização do CIVA 2006). As inscrições 
para participação no evento da internet são 
gratuitas e a entrega de trabalhos técnicos 
e científicos será possível até o dia 15 de 
julho. Informações sobre o CIVA 2006 já 
podem ser obtidas na página http://www.
civa2006.org/parts/normas.asp
WAS 2005 ONLINE – Estão disponíveis 
em formato de arquivo PDF na página 
eletrônica da World Aquaculture Society 
– WAS, http://www.was.org/Meetings/
SessionsByDay.asp?Meetingcode=WA2005 
os resumos e também a íntegra de muitas 
conferências (não todas) apresentadas no 
último encontro anual da WAS, realizado 
em Bali, na Indonésia. 
FENACAM 2006 – Para o presidente da Co-
missão Científica da Fenacam 2006, Walter 
M. Maia Jr, o próximo evento que se realizará 
entre os dias 22 e 24 de março, novamente no 
Centro de Convenções de Natal – RN, terá como 
seu maior desafio a superação das versões 
realizadas em 2004 e 2005. Segundo Walter, 
os trabalhos dedicados à cadeia produtiva do 
camarão marinho, representarão uma grande 
oportunidade para que a comunidade cientí-
fica possa apresentar suas pesquisas e trocar 
conhecimentos sobre os avanços tecnológicos, 
os entraves e as perspectivas para expansão 
do setor. Walter Maia espera contar com a 
participação de todos os envolvidos com o 
desenvolvimento tecnológico da carcinicul-
tura, através da apresentação de trabalhos 
técnico-científicos em forma de pôsteres ou 
apresentação oral. A entrega dos resumos deve 
ser feita até 1º de fevereiro e os trabalhos na 
íntegra deverão ser enviados até 15 de março 
de 2006. Mais informações: waltermaia@
mcraquacultura.com.br
 
EPAGRI/FUNDAGRO – Foi aprovado o projeto 
“Implementação da Produção de Sementes da 
Vieira “Pata de Leão”, Nodipecten nodosus 
(Linnaeus,1758) em Santa Catarina”, subme-
tido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agro-
pecuária e Extensão Rural de Santa Catarina 
– Fundagro, e que tem como executor a Epagri 
e co-executor a UFSC. Para o pesquisador Gui-
lherme Rupp, da Epagri/Cedap, esse projeto 
será um importante impulso para subsidiar a 
ampliação da produção de sementes de vieiras 
em laboratório. Estas sementes poderão ser 
repassadas para os produtores, viabilizando a 
implantação do cultivo de vieiras em escala 
comercial em Santa Catarina. O valor solici-
tado para o projeto foi de R$ 340 mil. Além 
desse, um outro projeto também foi aprovado 
dentro da chamada pública de aqüicultura, 
comunicada pela FINEP: “Caracterização 
Genética e Melhoramento de Ostras Nativas 
do Gênero Crassostrea”, que foi submetido 
pela UFSC/FAPEU e tem a Epagri como insti-
tuição parceira, juntamente com outras oito 
instituições nacionais. 
BIBLIOTECA DIGITAL - A US National Sea 
Grant Library, biblioteca que faz parte do Sea 
Grant, programa de apoio e concessão de 
bolsas às pesquisas marinhas (uma espécie de 
CNPq norte-americano) organizou recentemen-
te a Biblioteca Digital de Aqüicultura, que pode 
ser acessada pela Internet. A biblioteca digital 
possui um arquivo de trabalhos que inclui a 
aqüicultura em geral, a aqüicultura em mar 
aberto, cultivos em tanques-rede e cercados, 
sistemas de recirculação, intensificação de 
cultivos, leis e regulamentações e, projetos e 
construção. Os trabalhos estão disponíveis em 
sua íntegra e muitos deles não constam de pu-
blicações. A biblioteca digital parece ser uma 
boa fonte de informações para quem não tem 
acesso ao portal Capes, do governo federal. A 
biblioteca digital pode ser acessada na página 
http://nsgl.gso.uri.edu/aquadig.html.
PRÊMIOS - Além de bons lucros, uma boa 
parceria pode também gerar bons prêmios. A 
empresa catarinense Bluefish Piscicultura, que 
produz o catfish americano (Ictalurus puncta-
tus) para a exportação através da sua parceria 
com a Leardini Pescados, está comemorando o 
recebimento de dois troféus na entrega do 11º 
Prêmio Talentos Empreendedores, promovido 
pelo SEBRAE. O evento incentiva o desen-
volvimento de micros e pequenas empresas, 
premiando as melhores de Santa Catarina nos 
setores de serviço, comércio, base tecnológica 
7Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
e turismo. Mais de 1.400 empresas concor-
reram aos oito prêmios, cabendo a Bluefish 
Piscicultura o Prêmio Especial Exportação além 
de ter sido a vencedora na Categoria Agro-
negócio. A parceria da Bluefish Piscicultura 
com a Indústria Leardini Pescados, permite o 
processamento mensal 45.000 kg de catfish 
com média de 600 gramas, o que resulta na 
carga de 18 toneladas de filés que seguem 
mensalmente para os EUA. A Bluefish foi a 
primeira empresa do Brasil a exportar filés de 
catfish para os EUA, fato que aconteceu em 
2003. Segundo o diretor da empresa, André 
Luiz Theiss, esta parceria da piscicultura com a 
indústria de processamento e o agente impor-
tador tem sido fundamental para a excelente 
qualidade final do produto, quesito da maior 
importância para o comércio com esse exigente 
mercado norte-americano.
CATFISH DO MEKONG – Em breve as lojas 
da cadeia norte-americana de fast food 
Mc Donald’s de todo o mundo, poderão ser 
abastecidas com o catfish proveniente do 
Vietnã (basa). Representantes da empresa 
Mazzetta, maior fornecedora de pescados para 
o Mc Donald’s, estiveram na região do delta 
do rio Mekong visitando a Agifish, grande pro-
dutora de pescados, de olho na possibilidade 
de negociação com a cadeia de fast food, que 
planeja oferecer, tanto filés de catfish quanto 
de tilápia, em seus sanduíches Mc Fishes. 
EMBUTIDOS DE TILÁPIA - A Produção de 
embutidos à base da carne de peixe foi o 
tema escolhido por Ricardo Targino Moreira, 
da Universidade Federal da Paraíba, para a sua 
tese de doutorado na Faculdade de Engenharia 
de Alimentos (FEA) da Unicamp – SP. A idéia 
beneficia também produtores que, com isso, 
ganham uma alternativa para agregar valor à 
tilápia e, à população de regiões distantes dos 
centros produtores, permitindo que tenham 
acesso à proteína animal com alto valor 
nutricional. O processamento dos embutidos 
de peixe é similar aos praticados com carnes 
bovina, suína ou de frango. Contudo, por conta 
da consistência da carne, que possui uma maior 
quantidade de água, foram feitas pequenas 
modificações no preparo da mortadela e sal-
sicha de peixe. Deu-se também preferência à 
gordura vegetal, ao invés da animal, além de 
proteína de soja, visto que um dos objetivos 
do preparo desse produto foi a obtenção de 
um alimento mais saudável. O pesquisador 
realizou, ainda, testes de aparência, cor, sabor, 
aroma e textura dos embutidos de tilápia, além 
de uma pesquisa sobre intenção de compra, 
onde se concluiu que os produtos obtiveram 
uma aceitação acima de 80% e que poderão 
ser vendidos por R$10,00 o quilo.
TRUTAS SALMONADAS – Pesquisadores da 
Estação Experimental de Salmonicultura de 
Campos do Jordão (SP) apresentaram para 
produtores e compradores uma truta que rece-
beu uma pigmentação alaranjada, semelhante 
à do salmão, como uma alternativa para os 
restaurantes que trabalham com a culinária 
japonesa. De acordo com a bióloga Yara Aiko 
Tabata, pesquisadora da Estação de Salmoni-
cultura, que é ligada à Apta (Agência Paulista 
de Tecnologia Agropecuária), utilizando-se o 
processo de tripoidização, a truta salmonada 
pode chegar a dois ou três quilos em dois anos 
de engorda, com boa qualidade da carne. No 
Brasil, a truta vem sendo comercializada com 
no máximo 300 gramas de peso médio, após 
um ano de engorda. A salmonização é obtida 
com a utilização de pigmento à base de leci-
tina de soja acrescentada à ração, cerca de 
60 dias antes do abate. O produto final é um 
peixe ideal para o consumo na forma de filés 
crus ou cozidos. 
CONSUMO NOS EUA – Uma pesquisa auto-
rizada pela Red Lobster, maior cadeia norte-
americana de restaurantes de frutos do mar, 
com 679 restaurantes nos EUA e no Canadá,mostrou que quase a metade dos consumidores 
habituais de pescados está, hoje, consumindo 
mais pescados que há cinco anos atrás. Os 
resultados da pesquisa indicam também que 
três entre quatro entrevistados consomem 
pescados pelo menos uma vez por mês. Dois 
terços disseram que consomem pescados por 
ser uma melhor alternativa e um alimento 
mais saudável que a carne de boi ou de frango. 
Dentre os pescados, o camarão foi apontado 
como o item mais consumido, seguido do atum 
enlatado, salmão, caranguejo, catfish, atum 
fresco, bacalhau e moluscos. Isso explica o 
porquê que muitos países, mesmo pagando 
tarifas antidumping, insistem em ter os EUA 
como mercado preferencial.
TECNOLOGIA PARA A INDÚSTRIA - A 3ª 
edição da Seafood Expo Latin América – Feira 
Internacional de pescados, frutos do mar e 
tecnologia para a indústria da aqüicultura e 
pesca acontecerá entre os dias 24 a 26 de maio 
de 2006, no Pavilhão Amarelo do Expo Center 
Norte, em São Paulo. O evento, organizado 
pela VNU Business Media do Brasil, terá este 
ano, dentro da feira, uma área exclusiva de 
Tecnologia para a Indústria da Aqüicultura e 
Pesca, focado em ração, ingredientes alimen-
tícios, insumos, equipamentos e máquinas 
para processamento, embalagens, transporte e 
armazenagem, tanques e aeradores e produtos 
e serviços para a indústria naval. Na última 
edição da feira a visitação de aqüicultores e fa-
zendeiros de água doce e marinha foi muito 
8 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
grande, daí a razão de segmentar o evento 
criando-se esta área exclusiva que terá o nome 
de Seafood Tech. Em 2005 a feira recebeu a 
visitação de 5.125 profissionais do setor, sendo 
que 12% foram compradores internacionais 
de mais de 20 países, entre os quais Estados 
Unidos, França, Itália, Alemanha e Espanha. 
Simultaneamente acontecerá o 3° Congresso 
Seafood que abordará as tendências e novas 
tecnologias para o setor. A Seafood Expo tem o 
apoio da ABCC, Conepe, Abracoa, Instituto de 
Pesca, Seap, Univali, Sindipi, GI Pescado, MRE, 
Acapesp , Abrasel-SP, Acapesp e ACNielsen. 
Mais informações: (11) 4613-2000 – e-mail: 
seafood@vnu.com.br – www.seafood.com.br
NÚMERO TRÊS – Se você tenta e não conse-
gue completar a sua ligação telefônica para 
algumas cidades do Brasil, experimente colocar 
o 3 (três) na frente do número que pretende 
falar. Muitas cidades adotaram essa mudança, 
mas nem sempre as companhias telefônicas 
disponibilizam essa informação quando 
tentamos completar a discagem. Isso tem 
dificultado importantes contatos comerciais 
e pessoais. Assim, se você está tentando se 
comunicar e não está conseguindo, lembre-se 
de colocar o 3 na frente do número. Pode ser 
esse o motivo.
MEDICAMENTOS – A Schering-Plough do 
Brasil, uma das principais indústrias de medi-
camentos veterinários do país, deverá iniciar 
a importação de medicamentos voltados para 
a piscicultura e à carcinicultura, a partir do 
primeiro trimestre de 2006. Para isso, a empre-
sa está investindo cerca de R$1 milhão, com 
a expectativa de que esta linha de produtos 
venha a representar algo próximo de 3% do 
faturamento anual da empresa. Deverão ser 
trazidos dos EUA e da Europa, antiinflama-
tórios, antibióticos e antiparasitários para 
tilápia, camarão e salmonídeos.
MEDIDA PROTECIONISTA? – A Associação 
Catarinense dos Criadores de Camarão (ACCC), 
divulgou um comunicado alertando para o 
comércio de camarões suspeitos de serem 
portadores de enfermidades, provenientes de 
Estados das Regiões Sudeste, Norte e Nor-
deste, o que contraria a portaria estadual Nº 
026/2003, que proíbe a entrada de camarões 
in natura no Estado. Para entrar no mercado 
catarinense, os camarões precisam estar cozi-
dos e embalados. Para a Associação Brasileira 
de Criadores de Camarão (ABCC), a medida 
é uma barreira comercial contra o produto 
proveniente do Nordeste. Na opinião da Bahia 
Pesca, trata-se de uma retaliação comercial e 
não sanitária, uma vez que o Brasil exporta 
camarão in natura para diversos países sem 
nenhuma restrição.
CAMARÃO DE ÁGUA DOCE – Desde 1999 que 
o camarão de água doce Macrobrachium rosen-
bergii vem sendo uma das principais espécies 
alvo para o desenvolvimento das atividades 
de aqüicultura, para o ministério da pesca do 
Vietnã. Recentemente, o governo deste país 
implementou uma política que irá permitir a 
conversão de áreas improdutivas para o plantio 
de arroz em fazendas de cultivo de camarões de 
água doce. A produção atual dessa espécie é de 
pouco mais de 10.000 toneladas anuais, mas 
com os novos incentivos do governo vietnami-
ta, espera-se que a produção alcance 60.000 
toneladas no ano de 2010. No Brasil, na região 
do Baixo São Francisco, também existem mui-
tas áreas outrora utilizadas para o plantio de 
arroz que, por conta da baixa competividade 
do produto, se encontram agora desativadas. 
A CODEVASF vem há muito tempo incentivan-
do o uso dessas áreas para a piscicultura e, a 
exemplo do Vietnã, o M. rosenbergii também 
se mostra como uma boa opção.
CÂMARA DOS DEPUTADOS - Itamar de Paiva 
Rocha, presidente da ABCC filiado ao PMDB-
RN, está se candidatando a Deputado Federal. 
Segundo Itamar a Aqüicultura vem há muito 
cogitando e necessitando de uma representa-
ção comprometida com a defesa dos direitos e 
interesses setoriais na Câmara dos Deputados, 
tema esse, que vem sendo discutido no âmbito 
da ABCC, ANCC(RN) ACCC(CE) e ACCP (PI), es-
pecialmente em épocas de acirramento de con-
flitos com o IBAMA, MMA, MPF. Para Itamar, 
que acredita ter chances reais de sucesso, essa 
candidatura apesar de ter uma base estadual, 
tem uma conotação muito mais ampla, porém 
só se viabilizará se tiver o apoio de todos os 
segmentos envolvidos com a Aqüicultura e 
Pesca no Brasil. O Rio Grande do Norte conta 
atualmente com 8 (oito) vagas para Deputado 
Federal. O Estado possui 33 Municípios onde 
se desenvolve a carcinicultura, cujo número 
de eleitores (1.200.000) representa 55% do 
total de votos do Estado, sendo que cerca de 
450.000 se encontram no município de Natal. 
A candidatura conta com o apoio do Sindicato 
das Empresas de Pesca do Rio Grande do Norte, 
bem como dos pescadores, representados por 
Colônias e pela própria Federação. Contatos 
com o comitê poderão ser feitos através do 
e-mail abccam@abccam.com.br
PEIXES NATIVOS – Será realizada na cidade 
colonial de Morélia, no México, em novembro 
de 2006, a 1ª Conferência Latino-americana 
sobre Cultivo de Peixes Nativos e 3ª Conferên-
cia Mexicana sobre Cultivo de Peixes Nativos, 
onde deverão ser discutidas a situação atual 
e o futuro potencial da maioria das espécies 
e dos importantes grupos para o desenvolvi-
mento da aqüicultura na América Latina. A 
conferência, que terá a duração de três dias, 
tem o apoio da Fundação Darwin dentre outras 
importantes instituições. Mais informações 
e detalhes sobre a conferência, podem ser 
obtidos na página http://www.aqua.stir.
ac.uk/GISAP/conference/index.htm.
CUBA LANÇA ESTIMULANTE – Um novo 
produto desenvolvido em Cuba, denominado 
Acuabio 1, demonstrou grande eficácia como 
estimulante do crescimento, bem como forta-
lecedor do sistema imunológico de espécies 
utilizadas na aqüicultura. Testes realizados em 
laboratório comprovaram que o uso desse novo 
produto, aumentou a sobrevivência de larvas 
de camarão que durante os experimentos, 
tiveram um crescimento em peso e tamanho 
de cerca de 130%, conforme foi apresentado 
no Congresso Internacional de Biotecnologia 
9Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
Habana 2005, realizado na capital cubana de 
27 de novembro a 2 de dezembro. Já os cama-
rões adultos tratados com o mesmo produto 
tiveram um aumento de peso e tamanho de 
40%. Os resultados comprovam a eficiência do 
produto, que já se encontra em processo de 
introdução no programa nacional cubano de 
aqüicultura, que é patrocinado pelo Ministério 
da Indústria Pesqueira. Dentre as vantagens 
da utilização do novo produto, ressalta-se sua 
ação no reforço do sistema imunológico,além 
da visível homogeneidade no tamanho dos 
animais, que é alcançada com a sua utilização, 
informou Mario Pablo Estrada, pesquisador do 
Centro de Ingeniaría Genética y Biotecnología 
(CIGB), situado en la capital cubana. O Acuabio 
1 também está sendo testado em tilápias, 
carpas e outras espécies de peixes. A grande 
novidade deste produto está no fato de que os 
seus princípios ativos não se baseiam no em-
prego tradicional de fungicidas e antibióticos, 
mas numa combinação de proteínas.
ANÁLISES DE SOLOS - A produtividade na 
aqüicultura, está intimamente ligada à saúde 
do meio ambiente de cultivo. As condições 
predominantes para o bom desenvolvimento 
de espécies aquáticas incluem essencialmente 
a qualidade da água e também a dos solos 
subjacentes. Enquanto a água dos viveiros 
de criação normalmente pode ser renovada 
regularmente e aerada quando necessário, os 
solos permanecem com a história e herança 
dos cultivos anteriores. Além da granulome-
tria, que pode auxiliar a calcular as taxas de 
percolação e o tempo de residência da água, 
outras análises do solo, como o teor de matéria 
orgânica, o pH, o potencial redox, porosidade, 
densidade real e densidade aparente, são im-
portantes para apoiar a decisão de escolha de 
terras apropriadas para o desenvolvimento da 
atividade, além de orientar a melhor gestão do 
próximo ciclo de cultivo. Para tanto, os inte-
ressados em realizar avaliações desta natureza 
em solos de viveiros de criação de peixes e 
camarões podem agora contar com o LAQUA-
SIG - Laboratório de Aqüicultura e Sistemas de 
Informação Geográfica da Universidade Santa 
Úrsula, no Rio de Janeiro, sob coordenação 
dos professores Philip C. Scott e Ricardo G. 
Pollery pelos emails: philip@laquasig.bio.br 
e pollery@usu.br
ENGENHARIA DE PESCA – Será realizado em 
fevereiro de 2006, o vestibular para o curso de 
engenharia de pesca na Fundação Educacional 
da Região dos Lagos (FERLAGOS), localizada 
em Cabo Frio, no Rio de Janeiro. Os interessa-
dos podem obter informações a respeito pelo 
telefone (22) 2645-6100, ou diretamente com 
o responsável pelo curso, o engenheiro de 
pesca Modesto Guedes Ferreira Junior, pelo e-
mail mgfjunior@globo.com. Da mesma forma, 
informações ainda não confirmadas indicam 
que a Universidade Federal de São Paulo 
também está criando o curso de engenharia 
de pesca, que deverá ser ministrado na cidade 
paulista de Santos.
DOMÍNIO CHINÊS – De acordo com os mais 
recentes números da FAO (The State of Food 
and Agriculture 2005 - SOFA 2005), a produção 
mundial de pescados provenientes da aqüicul-
tura representou em 2003, 32% da produção 
total mundial de pescados (considerando pesca 
e aqüicultura), ou seja, das 132,5 milhões de 
toneladas de pescados produzidas em todo o 
mundo em 2003, 42,3 milhões de toneladas 
foram provenientes da aqüicultura marinha e 
de água doce. Grande parte do crescimento 
da participação da aqüicultura no contexto 
mundial da produção de pescados, se deve à 
China, que segundo o documento da FAO, foi 
responsável no ano de 2003, por 2/3 de toda a 
produção mundial de pescados proveniente da 
aqüicultura, ou o equivalente à 28,9 milhões 
de toneladas de pescados.
EMBAIXADORA DA ONU – A princesa Máxima, 
da Holanda, embaixadora da ONU na área 
de microcrédito, esteve no final do mês de 
novembro visitando pequenos maricultores 
de Santa Catarina. Formada em economia, a 
esposa do príncipe herdeiro da Holanda, teve 
encontros com autoridades, representantes 
de instituições financeiras e ONG’s, visando 
ampliar o acesso de pequenos empreendedores 
aos microfinanciamentos.
CAMARÃO NA EUROPA - A redução das taxas 
de importação dos países da União Européia 
para camarões frescos de 12% para 4,2% e, 
para camarão processado de 20% para 7%, 
deverá desviar parte do camarão do mercado 
norte-americano para o mercado europeu. 
Por outro lado, a devastação causada pelos 
vários furacões que atingiram a costa norte-
americana nos últimos meses, também poderá 
causar impactos no abastecimento interno de 
camarões nos EUA, decorrendo na elevação dos 
preços no mercado norte-americano. A oferta 
de camarões na maioria dos países produtores 
é considerada de moderada à boa. Em 2005 
ocorreram algumas alterações na composição 
dos fornecedores de camarão para os países 
da União Européia, com a China se tornando 
o principal fornecedor para a Espanha, seguido 
do Brasil, que perdeu espaço em função dos 
problemas com enfermidades. Apesar da re-
dução do volume das importações, a Espanha, 
continuou a ser o principal importador de 
camarões da União Européia. De toda forma, 
as importações européias provenientes de pa-
íses asiáticos, principalmente China e Vietnã, 
aumentaram. As importações de camarão da 
França, na primeira metade do ano, foram 
similares aos níveis recordes alcançados em 
2004 e o Brasil foi o principal fornecedor de 
camarões congelados para este país. A França 
passou a importar também de outros países 
como Equador, Indonésia e Índia. Na Itália, 
o volume de camarões importados cresceu 
cerca de 5% na primeira metade de 2005 e 
as estatísticas indicam que o Equador conso-
lidou sua posição como principal fornecedor 
de camarões congelados para este país. A 
Alemanha aumentou as suas importações de 
camarão em 16% no mesmo período, tendo 
a Índia como seu principal fornecedor. De 
acordo com a a Globefish /FAO, durante 
2005, na Espanha, França e Reino Unido, os 
preços de importação se mantiveram estáveis, 
enquanto na Itália e Alemanha, ocorreu uma 
queda nos preços unitários médios para o 
camarão importado pelos países membros 
da União Européia.
10 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
Para fazer parte gratuitamente da 
Lista Panorama-L vá ao site 
www.panoramadaaquicultura.com.br
 clique em Lista de Discussão 
e siga as instruções.
De: Fábio Sussel 
sussel@aptaregional.sp.gov.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Infiltração de Água no Solo
Necessito de informações referentes a 
utilização de algum produto que mini-
mize as perdas de água por infiltração 
no solo. Considerando uma represa de 
10.000 m2 (solo mais pra argiloso do 
que para misto) a qual não pretendo 
utilizar lona ou Gel Membrana. Alguém 
já ouviu falar do uso de esterco orgâ-
nico (formação de colóides que tapam 
os poros do solo)? Ou do uso do Gesso 
Industrial?
De: Eduardo Turra 
geneforte@geneforte.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Infiltração de Água no Solo
Nossa experiência com esterco bovino 
é muito boa. Também em situações pa-
recidas com a sua - solo mais argiloso 
que arenoso, mas viveiros novos - uma 
camada pequena se mostrou suficiente. 
Usamos cerca de 3 caminhões (10 a 15 
m3/caminhão) de esterco para forrar o 
fundo e parte do talude de um viveiro 
de cerca de 2.000 m2. O interessante 
é espalhar uma camada, gradear mis-
turando com os primeiros 10-20 cm 
do solo e recompactar com o próprio 
peso do trator que fez o serviço ante-
rior (logicamente levantando a grade). 
Tínhamos viveiros que infiltravam 40 
cm por dia e passaram a 10 cm no dia 
seguinte ao serviço. Com o passar das 
semanas, não muitas, 2 cm é o máximo 
que se infiltra. O preço para nós depen-
deu da distância da granja leiteira, pois 
o frete encarece. Pagamos R$ 150,00 pelo 
esterco e R$ 100,00 pelo frete (R$ 250,00 
/ caminhão, distância de 25-50 km).
De: Jorge Luiz Vieira Cotan 
jlcotan@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Reprodução de Tilápias
Possuo um pequeno laboratório de 
reprodução de tilápias para incubação 
artificial dos ovos e aconteceu um fato 
interessante que não sei se é normal. 
Ocorre que fazemos a verificação de 
desovas de 13 em 13 dias quando sepa-
ramos as fêmeas que desovaram após a 
retirada dos ovos das mesmas. Estas são 
colocadas em caixas d’água separadas 
dos machos para descansarem durante 
os 13 dias. Quando fomos pegar estas 
fêmeas para juntá-las com os machos, 
verificamos a presença de ovos (não 
fecundados, brancos) na boca de algu-
mas. Semprepensei que a presença do 
macho fosse necessária para ocorrer a 
desova da fêmea, mas parece que isto 
não é verdadeiro. Qual a explicação? A 
minha dúvida é que destas fêmeas foram 
retirados os ovos da boca e levados para 
incubação. Se existissem óvulos em 
maturação na fêmea estes não deveriam 
ser reabsorvidos pelo seu organismo já 
que não haveria estímulo para desova 
sem a presença dos machos?
De: Ricardo Tsukamoto 
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Reprodução de Tilápias
No mundo, as tilápias estão divididas 
em 3 gêneros, que se distinguem ba-
sicamente pelo comportamento repro-
dutivo. No gênero a que pertence a 
tilápia nilótica (Oreochromis), o macho 
prepara um ninho permanente, que é 
visitado sucessivamente pelas fêmeas 
em ovulação (igual com os ovos em 
fase de liberação no ovário). Com a 
chegada da fêmea preparada, ocorre o 
comportamento de corte sexual durante 
algumas horas para facilitar a ovulação 
e estimular a postura (desova). Após 
a desova, a fêmea guarda os ovos na 
boca e vai embora. O macho então, se 
prepara para outra, portanto, o ciclo 
de ovulação da fêmea não é controla-
do pela presença do macho. O macho 
apenas ajuda a fêmea a se excitar para 
terminar a ovulação e efetuar a deso-
va. Outro ponto interessante sobre o 
gênero Oreochromis é que o macho nem 
precisa lançar esperma sobre os ovos no 
ninho para fecundá-los. Ao invés disso, 
a fêmea deposita os ovos no ninho e 
imediatamente os recolhe com a boca. 
A seguir, vai até a papila genital do 
macho e dali recolhe o sêmen que vai 
fecundar os ovos dentro da boca. Isto 
garante uma elevada eficiência na 
fecundação dos ovos. Também explica 
porque o macho de tilápia nilótica pro-
duz uma quantidade tão pequena de um 
sêmen tão ralo (diluído), e ainda assim, 
dá conta de fecundar todos os ovos. E 
explica ainda porque os ovos não-in-
seminados de tilápia podem ficar um 
longo tempo imersos em água, e ainda 
se manterem aptos a serem fecundados 
(mais de 5 minutos, segundo meus 
11Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
experimentos). Ou seja, o macho tanto 
pode fecundar os ovos no ninho, como 
pode cortejar antes a fêmea e esperar o 
resultado. Portanto, a presença de ovos 
na boca de suas tilápias sem macho é 
natural, pois a única etapa que faltou 
do ciclo reprodutivo foi a fecundação. 
Quando os ovos são removidos da boca 
da tilápia, o ciclo de maturação da 
nova batelada de ovos é reiniciado 
imediatamente na fêmea. Se tal prática 
é realizada sob temperaturas elevadas 
(ambiente tropical), uma tilápia pode 
produzir bateladas sucessivas de ovos 
com intervalo de 12 a 16 dias, mas já 
foi constatado intervalo experimental 
de apenas 7 dias. Obviamente, esses 
intervalos curtos não são sustentáveis 
em laboratório comercial, se a fêmea não 
tiver tempo suficiente para se alimentar 
e repor os nutrientes usados para gerar 
os ovos. Por outro lado, indica a pos-
sibilidade de usar intervalo (= licença 
maternidade) mais curto se (a) a fêmea 
for alimentada com ração de excelente 
qualidade, (b) a temperatura for mantida 
constantemente elevada, e (c) na tria-
gem, os peixes sejam manipulados com 
cuidado, para passar logo o estresse e 
voltarem a se alimentar rápido.
De: Marco Antonio Pintaudi
ranaiim@widesoft.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Peixes ornamentais
Gostaria de saber se, como negócio, 
é interessante a compra de alevinos 
de peixes ornamentais para deixá-los 
crescer e depois comercializá-los nas 
casas de aquariofilia do ramo. Tenho 
uma ranicultura com tanques ociosos 
e penso numa maneira de usá-los. Se 
for viável, onde encontrar endereços de 
fornecedores.
De: Manuel Vazquez Vidal Junior 
mvidal@uenf.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Peixes ornamentais
A cadeia de produção de peixes orna-
mentais, no Brasil, não segue o mesmo 
modelo de diversificação da cadeia de 
peixes de corte. A figura do produtor 
de alevinos é inexistente, o que afeta 
até os sistemas empregados. Fora do 
Brasil é muito comum o uso de hapas 
(tanques-rede), pois é viável a aquisi-
ção de alevinos. Nos bolsões ou pólos 
de produção de peixes ornamentais 
(Grande Recife, Região de Muriaé, 
Região de Mogi, etc.), existem alguns 
casos de produtores que possuem uma 
capacidade de produção de alevinos 
superior à de engorda, e que formam 
parcerias com um ou mais sitiantes, 
fornecendo o alevino e garantindo a 
venda aos atacadistas. Falando, parece 
uma integração, mas é algo bem mais 
informal e de baixa sustentabilidade 
por diversos motivos, mas o principal é 
que os peixes de maior valor agregado 
são mantidos em engorda no produtor, 
que faz a reprodução. Nos parceiros são 
engordados os peixes de baixo valor 
comercial. Dependendo do número de 
tanques que você tem disponíveis (e do 
volume dos mesmos), você poderá pensar 
em criar algumas espécies que desovam 
naturalmente e cujos exemplares chegam 
ao tamanho comercial rapidamente. No 
grupo dos ciclídeos africanos temos mui-
tas espécies com esse perfil (supondo 
que seus tanques sejam de concreto, 
fibra, alvenaria etc).
De: Tarciso Lopes 
chef_lopes@terra.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Linhagem Híbrida em Or-
namentais
Prezados Amigos e Colegas da Panora-
ma, sou um pequeno criador de peixes 
ornamentais, e me dedico especial-
mente aos Pterophylum scalare “Acará 
Bandeira “. Gostaria de desenvolver 
uma nova linhagem com um padrão 
de cor e formato diferenciado do que 
existe atualmente no mercado. Alguém 
da lista poderia me informar como se 
desenvolve esse processo seletivo, e 
como se obtém estes híbridos?
De: Ernesto Medeiros
ernestomedeiros@gmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br 
Assunto: Re: Linhagem Híbrida em 
Ornamentais
Também sou um pequeno criador de 
ornamentais, e atualmente me dedico a 
reprodução de Pterophylum scalare, nos-
so popular Acará Bandeira, ou Bandarra, 
como é conhecido entre os piabeiros do 
Rio Negro. Primeiramente, gostaria de 
dizer que, comercialmente, o melhor 
é você trabalhar com as linhagens 
mestiças, principalmente as variações 
de marmoratos, que vendem bem e são 
fáceis de reproduzir e engordar. Pode-se 
trabalhar também com matrizes de li-
nhagens mais raras, mas devido aos cus-
tos, é preciso avaliar bem os objetivos. 
Se for de pesquisa e desenvolvimento 
de técnicas e aprimoramento genético, 
tudo bem, mas se for com finalidades 
comerciais, é preciso ter uma certeza do 
mercado consumidor, de preferência 
12 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
grandes compradores como as lojas de 
São Paulo que vendem muito, como 
Ecoanimal, Aquário Itaquera, dentre 
outras. Isso porque o valor agregado 
desses peixes é alto, e para compensar 
o trabalho, você precisará vendê-los 
por um preço que compense, penso em 
algo em torno de R$ 5 a 10 por peixe. 
Durante o processo reprodutivo, tenho 
como procedimento padrão a separação 
de peixes com características interes-
santes, como cauda em véu, cabeça e 
corpo laranja, marmoratos uniformes 
(50% branco e 50% preto), partes do 
corpo em determinada cor, formato do 
corpo, etc. Isso no aspecto aparência. 
A característica formato do corpo me-
rece aqui um comentário, pois tenho 
observado que encontramos nos peixes 
atuais as características dos ancestrais 
P. altum (corpo pequeno e barbatanas 
verticais e altas), leopoldi (corpo ova-
lado), scalare (corpo grande). Paralelo 
a isso, observo também os alevinos que 
se destacam no crescimento em relação 
aos demais, pois a vitalidade e rápido 
crescimento é sinal de melhoramento 
genético e não devem ser desprezados 
na seleção de novas matrizes. Enfim, 
o ideal é a conciliação desses dois as-
pectos. Se você quiser ganhar tempo, 
a solução é partir para a compra de 
matrizes já selecionadas, têm alguns 
criadores no Brasil e no exterior que 
podem te atender. Como exemplo, posso 
te indicar um site nos Estados Unidos que 
se especializou nos Orange Koi Angelfish, 
um Acará de corpo laranja que beira os 
100%de cor, são lindos, mas comercial-
mente falando não sei se são viáveis, 
pois as matrizes são caras, da ordem de 
US$100 o casal. O site é: www.mellowa-
quatics.com . Não vou entrar nos detalhes 
de genética pois não me aprofundei ainda 
nesses estudos, mas pode-se ainda fazer 
uma análise de um ponto de vista cien-
tífico. Os especialistas em ornamentais, 
como o Manuel Vidal, podem ter alguma 
informação a acrescentar.
 
De: Daniel Ashidate
dashidate@hotmail.com
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Tilápia x meio ambiente
Gostaria de saber se alguém conhece 
algum trabalho científico que diz res-
peito ao cultivo de espécies exóticas 
que causam ou não problemas ambien-
tais. Meu interesse maior é com relação 
ao cultivo de tilápias e saber se elas 
realmente “destroem” o meio ambiente 
natural. Caso não tenha, pode ser tam-
bém outras espécies cultivadas como 
camarão, outros peixes, etc.
De: Ricardo Tsukamoto
bioconsu@uol.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia x meio ambiente
Ironicamente, algumas espécies de 
peixes brasileiros são as que efetiva-
mente causaram problemas no meio 
ambiente quando foram transplantadas 
para outras bacias do próprio Brasil. 
São elas o tucunaré, a pescada-do-Piauí 
e as piranhas. Estes são os monstros 
verdadeiros, e que continuam a se 
espalhar sem controle. A pior espécie 
de caramujo aquático a invadir o mun-
do é o nosso comum aruá (Pomacea), 
que dizima toda a flora aquática dos 
lagos onde se estabelece. Já dentre 
as plantas aquáticas existentes no 
mundo, duas plantas brasileiras são as 
que mais causam problemas ambientais 
pelo mundo: o aguapé (baronesa) e 
a elódea. Por tais critérios, os outros 
países do mundo é que deveriam temer 
o Brasil como local gerador de mons-
tros aquáticos invasores. Portanto, 
não é o fato da espécie ser originária 
de fora das fronteiras políticas do país 
(“exótica”) que a torna problemática 
em potencial, e sim, as características 
biológicas e ecológicas particulares a 
cada espécie. Por exemplo, a piranha e 
o pacú são irmãos genéticos, pertencem 
à mesma subfamília, mas as conseqüên-
cias ambientais de ambos são opostas. 
A família de peixes a que pertence a 
tilápia - os peixes Ciclídeos - tem uma 
ampla variedade de espécies nativas no 
Brasil. Dentre estas, os variados carás e 
o tucunaré. Devemos lembrar que o pre-
dador voraz tucunaré é irmão genético 
do pacato acará bandeira dos aquários, 
e ambos são “nativos” daqui. No caso 
específico da tilápia nilótica, esta é 
uma espécie filtradora (que se alimenta 
de fito e zooplâncton) e onívora, sem 
especialização para predação de outros 
peixes. Portanto, o manejo correto da 
“exótica” tilápia deveria representar 
um risco muitíssimo menor do que o do 
“nativo” tucunaré (que era amazônico, 
mas já está chegando na Argentina 
após entrar nas grandes bacias). A 
quase totalidade dos ambientalistas 
é bem intencionada, e deseja sincera-
mente proteger a natureza (tal como 
a maioria dos membros desta lista). 
Porém, os ambientalistas se baseiam 
nas informações que chegam até eles, 
para decidir as suas ações. O problema 
é que, tanto aqui como na América do 
Norte e na Europa, os aqüicultores não 
são organizados o suficiente para gerar 
13Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
informações e mídia que mostrem o 
seu lado. Justamente para atuar nessa 
área é que, há vários anos, foi fundada 
a ONG americana denominada Global 
Aquaculture Alliance (Aliança Global 
da Aqüicultura), mas que se dedica 
principalmente a defender internacio-
nalmente a imagem da carcinicultura, 
e ainda representa uma gota d´água no 
oceano. Precisaríamos agir localmente 
para esclarecer a mídia e a sociedade 
(inclusive reconhecendo os problemas 
onde eles realmente existam).
De: George Yasui
yasui_hokudai@yahoo.com.br
Para: lista@panorama-l.com.br
Assunto: Re: Tilápia x meio ambiente
Apenas complementando, acho que o 
Tsukamoto tem razão quanto ao po-
tencial ambientalmente impactante 
das nossas espécies. Só para se ter uma 
idéia, em dois simpósios realizados na 
Ásia, para a minha surpresa, houve 
uma grande discussão sobre o nosso 
conhecido “cascudo” (Hypostomus sp.), 
que tem se propagado rapidamente 
pela China e outros países asiáticos, 
e também por alguns países da Améri-
ca Central e Norte. Há relatos de que 
esses “cascudos” prejudicam a desova 
de diversas espécies de peixes, inclu-
sive cecídeos da América Central e do 
Norte, os quais realizam incubação no 
substrato. Entretanto, não sei até que 
ponto isso é verdade.
De: Paul Johnson 
paulj-bel@uol.com.br
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: HDPE liners - revestimentos 
de polietileno de alta densidade
Alguém tem alguma experiência com 
a ocorrência de superaquecimento da 
água de tanques externos devido a uti-
lização de revestimentos de polietileno 
de alta densidade (HDPE liners) de cor 
preta? Estou no Nordeste do Brasil e 
planejando revestir os tanques, porém 
diversos produtores locais declararam 
que ao tentar revestir tanques sem 
um fundo de terra, a água dos tanques 
esquentou tanto que chegou a cozinhar 
os camarões. Algum comentário/experi-
ência com esses revestimentos?
De: Giovanni Chasin 
giovanni_chasin@yahoo.com.mx
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: HDPE liners - revestimen-
tos de polietileno de alta densidade
Os problemas mais comuns com a uti-
lização dos revestimentos HDPE em 
tanques são: 1) esses revestimentos 
são difíceis de instalar, devido à sua 
rigidez. Os revestimentos de PVC tra-
balham melhor; 2) são muito fáceis 
de romper quando utilizados para o 
revestimento de tanques de concreto 
ou de cimento. A temperatura não é 
problema para tanques revestidos com 
HDPE para a criação de camarões, no 
entanto, existem inúmeros materiais 
baratos destinados a cobertura de tan-
ques, visando reduzir a incidência solar 
direta. Você está pensando em revestir 
tanques de larvicultura ou viveiros de 
engorda?
De: Oscar L. Hennig 
ohennig@lava.net
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: HDPE liners -revestimentos 
de polietileno de alta densidade
Temos tanques e viveiros de engorda 
revestidos com HDPE aqui em Kona (Ha-
vaí), sem nenhum problema. De fato, 
a maior parte dos tanques que temos, 
são revestidos com um HDPE espesso 
e alguns deles estão instalados dentro 
de estufas.
De: Durwood M. Dugger
duggerdm@bellsouth.net
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: HDPE liners -revestimen-
tos de polietileno de alta densidade
A não ser que seus tanques fiquem 
muito rasos, aparentemente não deverá 
ocorrer nenhum problema. Na Flórida 
usamos revestimentos de cor preta 
(HDPE e EDPM), sem nenhum proble-
ma de aquecimento. Esta afirmação 
admite que a água dos seus tanques 
e a água de abastecimento estarão na 
mesma salinidade. A única vez que tive 
algum problema com revestimento de 
cor preta, foi há 25 anos, quando eu 
estava adicionando água doce a um re-
servatório de água salgada e não estava 
misturando a água doce efetivamente 
com a água doce que estava sendo adi-
cionada. Neste caso, você tem um efeito 
de estratificação termal, que cria um 
índice refrativo diferencial entre a água 
doce e a água salgada. Esse diferencial 
é bastante eficaz (usado em alguns 
tipos de coletores de aquecimento 
solar) na absorção e retenção de calor 
nos tanques e aí sim, você poderá ter 
problemas de superaquecimento, como 
eu tive em meu reservatório. Ele possuía 
1 metro de profundidade e 5 metros 
de diâmetro. O tanque estava com seu 
volume pela metade com água salgada 
que eu pretendia diluir para 15 ppt de 
salinidade. Eu adicionei a 
14 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
água doce antes de escurecer e deixei 
por um dia. Na tarde seguinte, quando 
cheguei para medir a salinidade final 
do tanque, minha caneta que estava 
no bolso de minha camisa caiu dentro 
do reservatório. Sem pensar meti a mão 
para apanhá-la e hoje dou graças à Deus 
por não ter mergulhado, pois queimei 
a minha mão. A água do tanque estava 
com 71ºC!!!Assim, a não ser que você 
esteja planejando trabalhar com siste-
ma de água clara e a não ser que você 
adicione água com baixa salinidade a 
tanques ou viveiros contendo água com 
salinidade mais alta e sem homogenei-
za-las adequadamente, seu revestimen-
to preto não deve trazer problemas, 
especialmente após o desenvolvimento 
de bloons de algas.
De: Neal Van Milligen
cavm@aol.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Alternativas para fazendas 
de camarão 
Quais são os usos mais populares para 
fazendas de camarão que encontram-se 
desativadas? Tenho visto inúmeras espé-
cies de peixes tolerantes à água salgada 
sendo criados. Existem usos alternativos 
que sejam particularmente atrativos?
De: Alexandre Wainberg
piau.nat@zaz.com.br
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: Alternativas para fazen-
das de camarão
Eu engordo ostras (Crassostrea rizo-
phorae) em bandejas flutuantes dentro 
dos viveiros de camarão (L. vannamei). 
A densidade das ostras não é alta o 
suficiente para alterar a qualidade da 
água. Estamos ainda começando a in-
trodução das ostras, com somente 1/m2 
(400.000/40 hectares), mas esperamos 
alcançar densidades de 8-10/m2. De 
acordo com o aumento da produção, é 
claro, os efeitos sobre a qualidade da 
água irão aparecer. Atualmente eu não 
tenho uma resposta para o tema ostra/
qualidade da água. Vamos aguardar o 
que irá acontecer no futuro.
De: Alex Wong 
alexwongnl@yahoo.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: Alternativas para fazen-
das de camarão
Posso sugerir a engorda de pepinos 
do mar (holotúrias). Existe um grande 
mercado para esses organismos, que 
podem “limpar” o fundo dos viveiros! 
As holotúrias podem ser comercializa-
das por excelentes preços, duplicando 
os benefícios para os produtores de 
camarão. 
De: Jorge Jalil 
jalilperna@yahoo.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: Alternativas para fazen-
das de camarão
Você tem alguma experiência com o 
cultivo de holotúrias? Quais os parâ-
metros ideais de cultivo para esses 
organismos?
De: Dipi Ghumman 
getdipi@yahoo.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: Alternativas para fazen-
das de camarão
Os pepinos do mar possuem uma grande 
demanda nos países asiáticos, mas a 
questão é: você ou alguém mais tentou 
esse cultivo antes? E quais as vantagens 
e desvantagens com respeito a produção 
de camarões, visto que o nosso trabalho 
primário é a produção de camarões de 
forma segura e econômica. Estou bas-
tante interessado nestes policultivos, 
mas não temos informações suficientes. 
O método de produção em policultivo é 
muito importante e espero que alguém 
possa esclarecer melhor.
De: Leland Lai 
lelandlai@aquafauna.com
Para: shrimp@yahoogroups.com
Assunto: Re: Alternativas para fazen-
das de camarão
Os pepinos do mar são amplamente 
cultivados na China, mesmo na região 
norte, onde são criados em raceways 
em instalações cobertas. Um detalhe 
a ser considerado, é a necessidade de 
fundo arenoso e desta forma, os tra-
dicionais viveiros de terra não devem 
funcionar bem. Mercados premium são 
para animais vivos, que são comerciali-
zados e transportados de caminhão por 
quilômetros, para os grandes mercados. 
Mercados de menor qualidade são para 
estoques de animais desidratados que 
visam o consumidor final ou a expor-
tação. O cultivo de garoupas é mais 
evidente no sul da China e atualmente 
é a principal alternativa para algumas 
fazendas de camarão. Novamente os 
cultivos alternativos são na maioria das 
vezes voltados para a exportação.
15Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
Impressões da Impressões da 
Piscicultura Piscicultura 
em 2005em 2005
Por:
Fernando Kubitza, Ph.D. 
(Acqua & Imagem, Jundiaí-SP)
fernando@acquaimagem.com.br
O bviamente que não fui capaz de testemunhar todos os acontecimentos que marcaram a piscicultura em 2005. Vocês nem imaginam como este nosso país é imenso. Imenso não apenas em sua extensão, mas também na diversidade de 
espécies, de recursos naturais, empreendimentos, experiências pessoais e condições 
sociais e políticas que moldam o cenário da piscicultura no Brasil. Infelizmente sou 
apenas um. Gostaria de poder ser mais quando o assunto é sair por aí conhecendo as 
genialidades e equívocos, sucessos e tropeços, persistências e rendições dos perso-
nagens e empreendimentos que dão forma e cor à face da piscicultura brasileira. Mas 
mesmo assim, dentro dos limites do que pude presenciar ou apreender da piscicultura 
no ano que passou, deixarei registradas aqui as minhas impressões.
A virada de página da tilapicultura no Brasil
O início de 2005 me pegou em meio à safra de alevinos da 
Indústria Brasileira do Peixe (IBP Ltda), sediada em Itupeva-SP. 
A IBP começou a ser idealizada em 2003 e desde seu princípio se 
espelhou em um modelo de integração semelhante ao adotado pela 
avicultura. Considero-me um privilegiado por ter, junto a um grupo 
competente de empresários e técnicos, contribuído com a estrutura-
ção da produção de alevinos e do sistema integrado de produção de 
Matrizes de tilápia vermelha da IBP Ltda. (Itupeva, SP)
Tanque com alevinos de tilápia vermelha da Indústria 
Brasileira do Peixe Ltda. (Itupeva, SP)
Baixo São Francisco I - Seminário de Marketing da Tilápia 
em Propriá-SE
Reafi rmando que a importância da tilapicultura não é res-
trita ao Sudeste e Sul do país, em março de 2005 foi realizado o 
primeiro seminário sobre qualidade e marketing da tilápia do Baixo 
São Francisco, região que se estende do reservatório de Xingó à 
foz do Rio São Francisco (áreas da Bahia, Alagoas e Sergipe).
tilápias vermelhas, além do prazeroso trabalho de capacitação da 
equipe de técnicos e funcionários da IBP. Privilégio ainda maior 
foi quando percebi que a IBP, mesmo ainda modesta em sua pro-
porção, somava esforços a outros empreendimentos de São Paulo 
com foco na tilapicultura industrial no país e na abertura de novos 
mercados para os produtos da tilápia. Uma virada de página no 
setor, impulsionada pela atuação de empresas como a Tilápia do 
Brasil (ressaltada na edição 91 da Panorama da AQÜICULTURA), 
da Geneseas e do Frigorífi co Santa Cecília, todos em São Paulo. 
Da Mar & Terra, no Mato Grosso do Sul e da Netuno Pescados, 
em Pernambuco, além de muitas outras empresas país afora. Re-
gistre-se o salto nas exportações brasileiras de fi lés de tilápia para 
os Estados Unidos e se reconhecerá a dimensão destes esforços. 
De modestas 8 toneladas exportadas em 2001 para 323 toneladas 
em 2004 e, seguramente, mais de 900 toneladas de produtos ex-
portados em 2005, particularmente na forma de fi lés.
16 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
Além da apresentação de palestras sobre qualidade e pro-
cessamento da tilápia, associativismo e dos resultados preliminares 
do contrato de trabalho fi rmado entre a INFOPESCA e a CODE-
VASF, um dos destaques do seminário foi o anúncio por parte da 
empresa Netuno Pescados de que entraria no mercado da tilápia, 
particularmente visando a exportação. De fato, a Netuno consoli-
dou sua intenção inicial e vem comprando tilápia em praticamente 
todo o Nordeste.
 
Tilápias oriundas 
de Alagoas sendo 
descarregadas no 
Mercado do Carlito, 
em Fortaleza, um 
importante endereço 
da tilápia cultivada 
no Estado do Ceará
I Encontro Nacional dos Piscicultores em Águas Públicas
Realizado em Buritama-SP, o encontro reafi rmou a con-
solidação da tilapicultura industrial em tanques-rede nos grandes 
reservatórios do oeste paulista. 
O evento contou com a participação de produtores e técnicos de 
diversos estados (notadamente São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, 
e alguns participantes do Nordeste), de diversos fabricantes de rações e 
algumas empresas de equipamentos. O objetivo central do encontro foi o 
de buscar soluções para o impasse em torno do licenciamento ambiental 
das pisciculturas em águas públicas, particularmente em tanques-rede. 
Além disso, um dos grandes destaques foi a visita ao frigorífi co e a uma 
das unidades de tanques-rede da empresa Tilápia doBrasil. 
Mais um pouco de tilápia, desta vez no Ceará
Posso mesmo dizer que se ainda não me tornei um cidadão 
cearense foi por mera incompetência de minha parte. Do Ceará 
é onde estou escrevendo agora. Desde julho tenho mantido uma 
rotina freqüente de viagens a Fortaleza, que merece ser distinguida 
como a Capital Nacional do “Cará” Tilápia. Não há em qualquer 
parte deste país um povo tão comedor de tilápia como o cearense. 
Como dizem meus colegas do Nordeste, “pense num peixe gos-
toso...”. A gôndola do Hipermercado Extra no Shopping Iguatemi 
abarrotada com tilápias, a maioria acima de quilo. Seguramente, 
mais de 50% da quantidade dos peixes ali expostos eram tilápias, 
o que demonstra o poder da aqüicultura na oferta de pescado no 
Estado. É tilápia que não acaba mais. 
17Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
Loja especializada na 
venda de tilápia viva em 
Forlateza, CE, recebe um 
carregamento pexies
Certamente sobrará pouco espaço para aqueles produtores 
que não se aprimorarem na gestão técnica e econômica dos seus 
cultivos. Serão necessários esforços para ampliar o mercado local, 
atingir outros grandes mercados no país e seguir rumo à exportação. 
E isso demandará organização do setor e investimentos na indus-
trialização da tilápia, a exemplo do que vem acontecendo na região 
Sudeste do país. Algumas empresas do Brasil e do Exterior já estão 
atentas a esta necessidade e oportunidade. Uma delas é a Pecém 
Agroindustrial (do grupo Ypioca), que já intensifi cou sua produção 
de alevinos e juvenis para atender a demanda dos produtores do 
Ceará e de estados vizinhos. Além disso, está se preparando para 
investir na industrialização da tilápia no Ceará, de olho em outros 
nichos do mercado local e na exportação.
Vista geral da fazenda de produção de alevinos da BRFISH (Pecém, CE)
A Pecém Agroindustrial também consolidou com a Nutron 
Alimentos Ltda. um contrato de operação de sua moderna fábrica de 
rações no município de Pecém. Além da Nutron Alimentos, outros 
fabricantes de rações também já estão se preparando para investir 
no estado. Sinais de novos tempos na aqüicultura cearense!
A aqüicultura continua na mira dos fabricantes de rações
A indústria de ração continua atenta e apostando no cresci-
mento da aqüicultura no país. Além das já consagradas empresas 
do setor, em 2005 dois fabricantes do Mato Grosso, dois de São 
Paulo, um de Minas Gerais e um do Mato Grosso do Sul coloca-
ram à disposição dos piscicultores linhas de rações específi cas 
para piscicultura, apostando na oferta de rações de alta qualidade. 
Três destas empresas contaram diretamente com meu suporte no 
desenvolvimento de seus produtos. 
Outros fabricantes de diversos estados também me consulta-
ram com o interesse de iniciar a produção de rações para peixes em 
2006. Fico feliz, primeiro em ver o desenvolvimento do setor, onde 
quem ganha com isso é o produtor. Segundo, por ter acompanhado 
todo o desenvolvimento deste setor e contribuído com o crescimento 
de diversos fabricantes de rações na área de aqüicultura. Um grande 
salto, se considerarmos que no início da década de 90 havia um único 
fabricante de ração extrusada para peixes no país.
 
Um breve registro da aqüicultura no Acre
Em maio/2005 fui convidado a ministrar um curso para téc-
nicos e piscicultores em Rio Branco. O curso foi tão bem aceito que 
em julho repetimos o treinamento, desta vez, em Cruzeiro do Sul. 
A Associação Cearense de Aqüicultura (ACEAq) fala em cer-
ca de 25.000 toneladas/ano. Técnicos e produtores do estado acredi-
tam em números mais modestos, entre 10 e 15 mil toneladas/ano. 
Além da oferta dos produtores cearenses, tilápias de pra-
ticamente todos os estados do Nordeste chegam ao mercado de 
Fortaleza. Assim, o volume de tilápia comercializado no estado 
seguramente ultrapassa as previsões de produção. E com o po-
tencial de produção no açude do Castanhão e a possibilidade 
de cultivo de tilápias em águas de salinidades moderadas em 
algumas fazendas de camarão marinho, esta produção poderá ser 
rapidamente ampliada. Seguramente vai faltar cearense para tanta 
tilápia. O resultado desta chuva de tilápia no mercado não poderá 
ser outro, que não a redução nos preços pagos aos produtores. O 
que já ocorreu em outros estados. 
"...Certamente sobrará pouco espaço 
para os produtores que não se 
aprimorarem na gestão técnica e 
econômica dos seus cultivos. Serão 
necessários esforços para ampliar 
o mercado local, atingir outros 
grandes mercados no país e seguir 
rumo à exportação. E isso demandará 
organização do setor e investimentos 
na industrialização da tilápia, a 
exemplo do que vem acontecendo na 
região Sudeste do país..."
18 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
19Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
Foi nessas duas oportunidades, 
de iniciativa do Sebrae/AC, que conheci 
um pouco da ainda modesta piscicultura 
acreana. No treinamento em Cruzeiro do 
Sul realizamos uma manhã de campo em 
Mâncio Lima, a cidade mais ocidental do 
Brasil, praticamente na fronteira com o 
Peru. Mâncio Lima estava sob a sombra 
da malária. Mais de mil casos registrados 
no município até aquele momento do ano. 
Por conta disso, as pisciculturas do mu-
nicípio estavam sendo pulverizadas sob a 
suspeita de serem focos de proliferação do 
mosquito.
Fui agraciado duplamente com estes 
dois treinamentos. Primeiro por ter tido a 
oportunidade de conhecer um pouco do 
Acre, estado que, juntamente com Roraima, 
ainda não havia entrado no meu mapa de 
viagens. Segundo por ter conhecido o ex-
tremo ocidental do Brasil, distante cerca de 
4.300km da Ponta dos Seixas, na Paraíba, 
que conheci em 1985 enquanto participava 
da Agronomíades Nacional em João Pessoa. 
Visto os dois extremos horizontais do país, 
aumentou minha vontade de conhecer os 
extremos verticais, Oiapoque e Chuí. Não 
foi muita surpresa de minha parte constatar 
que, além das espécies nacionais tradicio-
nalmente cultivadas, a tilápia estava presen-
te em diversas pisciculturas do Acre. 
O interesse dos piscicultores acrea-
nos pela tilápia é expressivo, o que refl ete 
a boa aceitação do mercado por este peixe. 
Isso confi rma a preferência, de freqüenta-
dores de um pesque-pague em Manaus (que 
visitei em 1998), pela tilápia em compara-
ção ao tucunaré, outro campeão em gos-
tosura. Alevinos de tilápia são produzidos 
por produtores locais e mesmo providos por 
produtores de outros estados. Há muito que 
se ponderar em relação às restrições ao cul-
tivo de tilápias nos estados da Região Norte, 
enquanto se permite o cultivo de espécies 
nativas da Bacia do Pantanal e do Prata 
(como o piauçu) e o híbrido tambacu. Isso é, 
no mínimo, um grande contra-senso. As ti-
lápias foram introduzidas há muitos anos no 
Acre e em outros estados da Região Norte 
(Amazonas, Amapá, Rondônia e Pará). No 
entanto, não há registro de estabelecimento 
de populações deste peixe em ambientes 
naturais, nem sequer registro de danos a 
elas atribuíveis sobre os ecossistemas e 
ictiofauna local.
Um gaúcho perspicaz na piscicultura de 
Rondonópolis
Foi uma grande satisfação e um 
aprendizado ainda maior ter conhecido o 
Sr. Oswaldo e a forma como ele conduz 
sua piscicultura em Rondonópolis-MT. O 
Oswaldo, gaúcho em sua origem, desafi ou 
as práticas convencionais de condução de 
uma piscicultura. Eu mesmo, se não tivesse 
visto, acharia seu relato impossível. E foi 
numa tarde de campo em sua piscicultura, 
juntamente com produtores e técnicos do 
Mato Grosso, que eu não só vi, como ouvi 
o testemunho do Sr. Jailton, proprietário 
de um pesque-pague em Rondonópolis e 
principal comprador dos peixes do Oswal-
do: “Quando passa a rede em um pequeno 
canto do tanque, a quantidade de peixes 
que pega não cabe no caminhão. Tem que 
devolver um monte pra água”. Agora, caros 
leitores, “Pensem num viveiro abarrotado 
de peixes...” Uma produção anual de 40 
toneladas de peixes redondos. Não pare-
ce muito, realmente, não fosse a área de 
5.000m2de tanques escavados e uma vazão 
de água apenas sufi ciente para renovar 3% 
do volume ao dia. É um “Baita Monte de 
Peixes”! Obviamente que não há milagres. 
Há muita disciplina na condução do culti-
vo, muita atenção ao comportamento dos 
peixes, intervenções oportunas no controle 
de parasitos, ração de boa qualidade e o uso 
de aeradores para garantir o oxigênio. Uma 
questão intrigante: com tamanha biomassa 
de peixes, altas taxas de alimentação e 
baixa renovação de água, como o sistema 
se mantinha livre de problemas com a 
amônia tóxica ou excessiva proliferação de 
fi toplâncton? A resposta: mantendo a água 
turva, com argila em suspensão, que con-
trolava o desenvolvimento do fi toplâncton 
e, assim impedia a elevação do pH devido 
a fotossíntese. Com o pH baixo (entre 
6,0 e 6,5) praticamente não havia amônia 
tóxica na água. O Oswaldo, prático na sua 
experiência, desconhecia essas interações 
Galpão da futura fábrica de ração da Pecém 
Agroindustrial (Grupo Ypioca) em Pecém, CE
".. Há muito que se 
ponderar em relação às 
restrições ao cultivo de 
tilápias nos estados da 
Região Norte, enquanto 
se permite o cultivo de 
espécies nativas da Bacia 
do Pantanal e do Prata, 
como o piauçu e o híbrido 
tambacu. Isso é um grande 
contra-senso. As tilápias 
foram introduzidas há 
muitos anos no Acre e em 
outros estados da Região 
Norte. No entanto, não há 
registro de estabelecimento 
de populações deste peixe 
em ambientes naturais, 
nem sequer registro de 
danos a elas atribuíveis 
sobre os ecossistemas e 
ictiofauna local..."
20 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
na qualidade da água. No entanto, conduzia como ninguém o sis-
tema de cultivo que ele mesmo montou. Pois esta experiência fi cou 
registrada junto aos participantes do curso e quem quiser ver isso 
de perto vai ter que agendar uma visita à piscicultura do Oswaldo 
em Rondonópolis.
E aproveitando o gancho, os piscicultores de Rondonópolis 
também estão enfrentando restrições quanto às espécies de peixes 
que podem ser cultivadas. Há pressão contra o cultivo do tambaqui e 
do híbrido tambacu em áreas que drenam para a Bacia do Pantanal. 
De outro lado, pressão contra o cultivo de tambacu e pacu em áreas 
que drenam em direção ao Rio Araguaia. Também sentem a difi cul-
dade de expandir a piscicultura através do cultivo exclusivo de peixes 
nativos, devido às restrições de mercado da maioria destas espécies. 
Muitos externam o interesse de investir no cultivo de tilápias, visto a 
expansão do cultivo e mercado deste peixe no Brasil e no mundo. No 
entanto, o cultivo de tilápias no Mato Grosso no momento está proibi-
do. Essas limitações de espécies para cultivo empunham a bandeira de 
uma pretensa necessidade de preservação da integridade da ictiofauna 
nos ecossistemas aquáticos do estado e da região. Pois é só trafegar 
pelas estradas do estado e verifi car a situação de degradação dos rios 
(assoreamento, destruição de matas ciliares, águas extremamente 
turvas e a poluição com o esgoto doméstico), que não é diferente do 
que está acontecendo em quase todo o país. Isso tudo, mais a pressão 
da pesca profi ssional sobre os já dizimados estoques remanescentes 
e, aí sim, a ictiofauna do Pantanal, do Araguaia ou de qualquer outro 
ecossistema aquático do país estará arrasada. 
Assim, é preciso que os órgãos ambientais e os ambien-
talistas de plantão, ao invés de adotarem uma postura impeditiva 
ao avanço da piscicultura no país, concentrem esforços sobre os 
agentes e ações que de fato estão impactando e dizimando os re-
cursos hídricos, os ecossistemas aquáticos e a ictiofauna no nosso 
país. Também é necessário que a SEAP/PR e outras instituições 
encarregadas de ordenar, estimular e fomentar o desenvolvimento 
tecnológico e a produção da piscicultura em âmbito federal e 
estadual sejam mais efi cazes na priorização de recursos para de-
senvolvimento e difusão de tecnologias que viabilizem o cultivo 
em escala comercial de peixes nativos de maior alcance e apelo de 
Vista aérea da Estação de Pisicultura de Itiúba – CODEVASF, sede 
do CERAQUA-SF em Porto Real do Colégio, AL
21Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
mercado. Dentre eles os surubins (com tecnologia de reprodução 
ainda restrita a poucos empreendimentos privados no país); os 
grandes bagres amazônicos, como a dourada e a piraíba, que já 
desfrutam de mercado consolidado em praticamente todo o Brasil, 
oriundas exclusivamente da pesca extrativa na Amazônia. 
O gigante de escama pirarucu, que mesmo após signifi cativa 
pesquisa realizada pelo DNOCS nos anos 50, fi cou mais de cinco 
décadas de castigo no canto da sala da nossa aqüicultura. Só agora, 
e ainda muito timidamente, foram destinados modestos recursos 
federais para desenvolvimento de pesquisas que viabilizem o cul-
tivo comercial deste peixe que seguramente será a principal estrela 
da piscicultura no país e no mundo. 
Mais recursos fi nanceiros e humanos devem estar envolvi-
dos no desenvolvimento de tecnologia para o cultivo do pirarucu, 
particularmente na Região Norte do país, onde há uma maior faci-
lidade de coleção de exemplares adultos na natureza para agilizar 
os estudos sobre sua reprodução controlada em cativeiro. 
Ibama repassa aos estados a responsabilidade do licenciamento 
ambiental
A boa nova deste fi nal de ano foi a transferência - do 
IBAMA aos órgãos estaduais de meio ambiente - da competência 
de emissão de outorga de uso da água e licenciamento ambiental 
paras as atividades aqüícolas. Com isso, alguns empreendimentos 
de cultivo de peixes em tanques-rede já conseguiram obter suas 
licenças ambientais para operação. Os grandes benefi ciários disso 
tudo: a aqüicultura do país, que contará com um processo mais ágil 
de licenciamento de seus empreendimentos e o meio ambiente, que 
contará com uma fi scalização mais criteriosa por parte das agências 
ambientais estaduais, que conta com funcionários e escritórios 
espalhados em diversas regionais de cada estado.
Baixo São Francisco II - desta vez em Penedo-AL
Penedo-AL é uma pérola colonial na margem esquerda do 
Rio São Francisco em seu baixo trecho rumo ao Atlântico. Nas-
cida sobre as remanescências do Forte de Nassau, Penedo mescla 
infl uências culturais dos portugueses, holandeses e franceses. Seus 
imponentes casarões, igrejas e conventos lhe asseguram o título de 
“Ouro Preto” de Alagoas. Penedo também é a terra do Marciano, poeta 
e repentista que propaga os encantos da cidade e de seu grande rio. Foi 
o segundo Marciano que conheci em toda a minha vida. O primeiro 
deles, conheci já criador de peixes, em Piracicaba-SP. O segundo 
participou dos cursos que ministrei este ano em Penedo e pretende 
ser piscicultor. Não tenho mais dúvidas de que Marte já não tem mais 
água. Os “Marcianos” estão invadindo a Terra para criar peixes. 
O Baixo São Francisco, na minha mais modesta opinião, 
é uma das regiões de maior potencial para a piscicultura no país. 
E por sorte, este potencial é reconhecido por instituições federais 
e pelos governos estaduais. Eu me sinto extremamente orgulhoso 
por ser um persistente colaborador junto a estas instituições na 
promoção da piscicultura na região. Assim sendo, em setembro 
de 2005, a convite do SEBRAE-AL, estive novamente em Penedo 
ministrando um curso de capacitação de técnicos multiplicadores 
dentro do Arranjo Produtivo da Piscicultura do Baixo São Fran-
cisco. Nas duas semanas do treinamento tivemos a oportunidade 
de conduzir as aulas práticas nas instalações do muito idealizado e 
pretendido Centro de Referência em Aqüicultura do São Francisco 
(o CERAQUA-SF). 
O CERAQUA de nome, mas ainda não de direito, utiliza a 
parcialmente reformada Estação de Piscicultura de Itiúba da CO-
DEVASF, em Porto Real do Colégio-AL. Durante o ano de 2002 eu 
e mais 5 profi ssionais da ACQUA IMAGEM estivemos na região 
por nove meses auxiliando a CODEVASF na concepção e planeja-
mento do CERAQUA e no acompanhamento das obras de reforma 
daEstação de Itiúba. Na ocasião ministramos diversos módulos de 
capacitação dos técnicos envolvidos com a piscicultura na região. 
Uma das equipes de técnicos de Alagoas e Sergipe que participaram de 
treinamento ministrado pelo equipe da Acqua Imagem nas instalações 
do CERAQUA-SF (Estação de Piscicultura de Iitiúba - CODEVASF)
Meu sentimento foi de grande realização ao retornar à Estação 
de Itiúba, três anos depois. Apesar das obras de reforma não terem 
sido concluídas como planejado e os laboratórios de suporte do 
CERAQUA ainda não terem sido equipados por falta de recursos, a 
equipe de técnicos e funcionários da Estação de Itiúba resgatou a im-
portância daquele centro na produção de alevinos para o peixamento 
de lagoas e para o atendimento de produtores da região. 
Os viveiros estão pouco a pouco sendo recuperados e, ca-
minhando pela estação foi fácil perceber a retomada da produção. 
O que não dá pra entender é a morosidade e timidez dos governos 
estadual e federal em fi nalizar a implantação do CERAQUA e 
implementar ações complementares concretas que estimulem o 
desenvolvimento e a consolidação da piscicultura na região. Se 
há de existir um plano estratégico para o zoneamento e desenvol-
vimento da aqüicultura, o Baixo São Francisco não pode estar em 
"...É preciso que os órgãos ambientais 
e os ambientalistas de plantão, 
ao invés de adotarem uma postura 
impeditiva ao avanço da piscicultura 
no país, concentrem esforços sobre os 
agentes e ações que, de fato, estão 
impactando e dizimando os recursos 
hídricos, os ecossistemas aquáticos e a 
ictiofauna no nosso país.." 
22 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
23Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
outro lugar, senão no topo da lista das regiões com real vocação 
para a aqüicultura no Brasil.
O sucesso do Simpósio Internacional de Nutrição de Peixes
Quando parecia que 2005 iria passar em branco sem um 
evento técnico-científi co de peso na área de nutrição de organis-
mos aquáticos (como nos anos anteriores), Botucatu-SP acolheu, 
em novembro, na minha melhor estimativa, algo entre 250 e 300 
profi ssionais e estudantes para o Io Simpósio de Nutrição e Saúde 
de Peixes. O evento foi fruto de esforços da equipe de professores 
e pesquisadores da UNESP (Dra. Margarida Barros e Dr. Luiz 
Edivaldo Pezzato), da ESALQ-USP (Dr. José Eurico Cyrino) e da 
UEM (Dr. Wilson Furuya) e de outros colaboradores, aos quais 
peço desculpas pela falta de lembrança do nome de todos. Além 
das brilhantes palestras proferidas por profi ssionais de renome no 
Brasil, o simpósio contou com a participação de palestrantes do 
exterior, entre eles o Dr. Chorn Lim, do Laboratório de Pesquisa 
de Organismos Aquáticos do USDA (Auburn, Alabama). 
A ausência do Dr. Delbert Gatlin, da Texas A&M University 
foi muito sentida, embora seu tempo de apresentação tenha sido 
brilhantemente preenchido pela esmerada palestra do Dr. Wilson 
Furuya. Um dos pontos merecedores de destaque, durante o encon-
tro, foi o reconhecimento feito ao Engenheiro Agrônomo, Professor 
e empresário, Dr. Newton Castagnolli. Uma homenagem modesta, 
porém impecavelmente justa pela sua imensurável contribuição 
na formação de um grande número de profi ssionais de destaque, 
nas áreas de pesquisa e produção em aqüicultura. Modesta, diante 
da sua inigualável trajetória profi ssional, com mais de 40 anos de 
trabalho dedicados à promoção e ao desenvolvimento da aqüicul-
tura no Brasil.
Finalizo aqui o registro dos acontecimentos mais rele-
vantes que presenciei em 2005, que na minha opinião saiu com 
um balanço do ano muito positivo. Acredito que 2006 será ainda 
melhor para todos que têm participado do aqua-negócio. Certa-
mente um Feliz Ano Novo.
Wilson Furuya, em nome dos organizadores do o Iº Simpósio de Nutrição e Saúde 
de Peixes, homenageia o Dr. Newton Castagnolli pela sua contribuição na formação 
de muitos profi ssionais da aqüicultura brasileira
24 Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
25Panorama da AQÜICULTURA, novembro/dezembro, 2005
O pleito da Associação Brasileira de Criadores de Ca-marão – ABCC no sentido de viabilizar para a aqüi-
cultura a equiparação da tarifa de energia elétrica já aplicada para 
a agricultura irrigada, foi finalmente alcançado em novembro 
último com a assinatura da Lei 11.196/05, também conhecida 
como MP do Bem. Após intensificar seus esforços nos últimos 
três anos, a ABCC conseguiu uma importante vitória, não só para 
a carcinicultura, mas também para a piscicultura brasileira.
As articulações iniciadas na década de 80, resultaram em 
contatos formais com os governos de Pernambuco, Rio Grande 
do Norte e Sergipe e, também, com o governo federal através 
da Seap/PR. Assim, com o apoio de alguns senadores e com 
empenho decisivo do deputado federal José Múcio Monteiro 
(líder do PTB – PE), a ABCC iniciou um movimento político 
para viabilizar a sua proposta via Senado Federal, elaborando 
até uma minuta de Projeto de Lei. 
Insistindo em seus objetivos, a ABCC tentou também 
fazer com que o benefício pudesse ser obtido através de uma 
Portaria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). 
Porém, entre idas e vindas, técnicos da ANEEL recomendaram 
que a ABCC marcasse uma audiência com o Ministro das Minas 
e Energia (MME), de forma a conseguir o apoio para ao seu 
Projeto de Lei. Foi quando a assessoria do ministro sugeriu a 
inclusão de um artigo especial na MP (Medida Provisória) do 
Bem, que estava em vias de ser assinada. Foi preparada então, 
a sua versão final, na forma como foi sugerida anteriormente 
pela ABCC. 
Após inúmeros percalços, a ABCC conseguiu ver final-
mente publicado na Lei 11.196/05, o artigo 121, que altera o 
artigo 25 da Lei nº. 10.438/2002, e inclui a aqüicultura entre 
as atividades beneficiadas com tarifas especiais de energia 
elétrica. 
Segundo Itamar Rocha, presidente da ABCC, a princípio 
apenas a carcinicultura seria beneficiada com a medida, mas por 
entender que a piscicultura dificilmente iria conseguir tal tipo 
de articulação, a ABCC decidiu incluir também a piscicultura 
na mesma proposta, ampliando a solicitação para toda a aqüi-
cultura brasileira. 
Com a nova lei, os produtores terão subvenção da energia 
elétrica, das 21h30min às 6h da manhã. O benefício é o mesmo 
praticado para a irrigação. Ou seja, o Governo Federal abre 
mão dos impostos sobre a energia elétrica garantindo com 
isso uma redução no custo de energia para o produtor em um 
percentual entre 28% e 30%. O benefício é extensivo a todos 
os produtores que utilizam a água, seja para bombeamento ou 
para aeração dos reservatórios, o que garante, neste último caso, 
maior produtividade no setor em todo o território nacional. Para 
os carcinicultores, a medida viabilizará uma melhor utilização 
de aeradores para oxigenação da água em decorrência da dimi-
nuição do custo de utilização da energia noturna. 
Para o Secretário Especial de Aqüicultura e Pesca, José 
Fritsch, com a nova lei, “o país vai ganhar muito, porque se por 
um lado o governo abre mão de impostos, por outro vai garantir 
aumento de produção, mais investimentos e mais renda, que 
reverterá em desenvolvimento econômico, empregos e riqueza 
para o nosso país”. 
O próximo passo será a regulamentação pela ANEEL 
que virá provavelmente após uma reunião programada para o 
dia 9 de janeiro. 
Dados sobre a criação de espécies brasileiras de pei-
xes geralmente estão distribuídos em 
revistas científicas ou em anais de 
congressos, sendo difícil para os pis-
cicultores e também para os cientistas 
obterem informações completas e 
atualizadas. Esse fato motivou o lan-
çcamento do livro “Espécies nativas 
para piscicultura no Brasil”, organiza-
do por Bernardo Baldisserotto e Levy 
C. Gomes e publicado pela editora 
Aqüicultura consegue equiparação da 
tarifa de energia elétrica com a que 
é aplicada à agricultura irrigada
O artigo 121 da Lei 11.196/05 assinada pelo Presidente da 
República em 21 de novembro de 2005

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