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Aquaculture Brasil ED22

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EDIÇÃO
22
JAN/MAR
2021
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TA
Entrevista: Cintia 
Nakayama - UFMG/
Aquabio
Eles fazem a diferença: 
Vinicius Ronzani 
Cerqueira
Coluna: A magia dos 
pigmentos
Artigo: Profissionalização 
em sistema RAS na 
Europa
A Q U A C U L T U R E B R A S I L
Uma estratégia 
para conservação 
das espécies e 
geração de renda 
PANORAMA DA 
QUELONICULTURA 
NO BRASIL:
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AQU-campanha-2021-anuncio-revista-aquaculture-brasil-21x13,5cm.pdf 1 26/05/2021 10:30:48
https://www.engepesca.com.br/
http://www.aquatec.com.br/
https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/
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AQUACULTURE BRASIL
O MAIOR PORTAL DA AQUICULTURA 
BRASILEIRA!
EDITOR-CHEFE: 
Giovanni Lemos de Mello
redacao@aquaculturebrasil.com
EDITORES-ASSISTENTES:
Alex Augusto Gonçalves
Artur Nishioka Rombenso
Maurício Gustavo Coelho Emerenciano
Roberto Bianchini Derner
Rodolfo Luís Petersen
DIREÇÃO DE ARTE:
Syllas Mariz
Jéssica Brol
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:
Aldeniza Cardoso de Lima, André Macedo Brugger, 
Anndson Brelaz de Oliveira, César Serra Bonifácio Costa, 
Cintia Labussière Nakayama, Fernanda Garcia Sampaio, 
Filipi Andrade, Hênio do Nascimento Melo Júnior, Hugo 
Ricardo Bezerra Alves, Janderson Rocha Garcez, João 
Alfredo da Mota Duarte, Katt Regina Lapa, Lucas Gomes 
Mendes, Luís Tadeu Assad, Manuel Macedo de Souza, 
Marco Dellian Zanetta, Paulo Cesar Machado Andrade, 
Pedro Henrique Magalhães Cardoso, Pedro Lindenberg, 
Thiago Luiz Ferreira Anízio, Vinicius Ronzani Cerqueira, 
Wander da Silva Rodrigues.
Os artigos assinados e imagens são de 
responsabilidade dos autores.
COLUNISTAS:
Artur Nishioka Rombenso
Diego Maia Rocha
Eduardo Gomes Sanches
Fábio Rosa Sussel
Giovanni Lemos de Mello
Ivã Guidini Lopes
Juliana Antunes Galvão
Marcela Maia Yamashita 
Marcelo Shei
Maurício Gustavo Coelho Emerenciano
Roberto Bianchini Derner
Rodolfo Luís Petersen
As colunas assinadas e imagens são de 
responsabilidade dos autores.
QUER ANUNCIAR?
publicidade@aquaculturebrasil.com
A revista AQUACULTURE BRASIL é uma publicação 
trimestral da EDITORA 
AQUACULTURE BRASIL LTDA ME. 
(ISSN 2525-3379).
www.aquaculturebrasil.com
Av. Senador Galotti, 329/503, Mar Grosso, Laguna/SC, 
88790-000.
A AQUACULTURE BRASIL não se 
responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios de 
terceiros.
Giovanni Lemos de Mello, 
Editor-chefe.
Impressionante como a pandemia do Covid-19 
mexeu com a vida de todos nós. Qualquer pes-
soa do planeta, sem dúvidas, conhece alguém que 
lamentavelmente foi acometido por esta tragédia.
Escrevo este editorial em 21 de junho de 2021. 
Primeiro dia do inverno. Recentemente, o Brasil atin-
giu a triste marca de 500 mil vidas perdidas. A aqui-
cultura brasileira também foi duramente atingida.
Apesar de ser difícil nominar as vidas perdidas, 
e talvez correr o risco de cometer algum esqueci-
mento ou equívoco, gostaria de destacar três pro-
fissionais importantes para o nosso setor e que nos 
deixaram precocemente.
Na carcinicultura marinha, Chung Ji Hsiung (59 anos), um dos primeiros 
carcinicultores a intensificar a produção de L. vannamei no Brasil e apostar em 
novas tecnologias e inovações, além de incentivador do cooperativismo.
Na piscicultura continental, Marcelo Berriel Cardoso (53 anos), um dos 
maiores piscicultores do Brasil. Entusiasta da aquicultura, acreditava na atividade 
como fator de desenvolvimento, geração e distribuição de renda. Um homem 
de ação, decisão e atitudes. Compatibilizava a produção com gestão, eficiência 
e resultados. Um exemplo de produtor que se foi e que deixou sua marca na 
história da aquicultura brasileira.
Na ciência, a perda que talvez mais tenha comovido o setor pesqueiro e 
aquícola do País, foi a do Prof. Dr. Fábio Hazin (57 anos). O Engenheiro de Pes-
ca mais brilhante da história de nosso País. Uma referência mundial da Ciência 
Pesqueira. Nosso setor parou em 07/jun/21, consternado com a partida do 
Mestre Hazin.
Certamente Chung, Berriel e Hazin teriam ainda muito a contribuir com o 
nosso setor! E claro, tantos outros que nos deixaram precocemente... De acor-
do com alguns estudos, o Brasil pode ter a primeira redução da expectativa de 
vida desde 1940... Lamentável...
Vamos trabalhar por vocês, por cada vida perdida, pelo combate ao negacio-
nismo e pela valorização da ciência, das pessoas e da Aquicultura! 
E aqui está, mais uma edição da Revista Aquaculture Brasil.
Ótima leitura!
Anuncie sua empresa na 
A Q U A C U LT U R E B R A S I L 
Sua marca merece estar em destaque 
no maior portal da aquicultura brasileira
Fale com a gente:
p u b l i c i d a d e @ a q u a c u l t u r e b r a s i l . c o m
www.aquaculturebrasil.com
https://www.aquaculturebrasil.com/
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SUMÁRIO
AQUACULTURE BRASIL - edição 22 jan/mar 2021
 » p.18
 » p.26
 » p.10
08 FOTO DO LEITOR
10 CIRCULAÇÃO VERTICAL NA PISCICULTURA EM 
TANQUE-REDE DE AMBIENTES TROPICAIS E 
SEMIÁRIDO
18 CUIDADOS MÍNIMOS EM UM QUARENTENÁRIO 
CREDENCIADO PARA IMPORTAÇÃO DE ORGANISMOS 
AQUÁTICOS ORNAMENTAIS PARA IMPEDIR A 
INTRODUÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE PATÓGENOS
26 USO DE PLANTAS HALÓFITAS NA AQUICULTURA: 
DO TRATAMENTO DE EFLUENTE À ALIMENTAÇÃO 
ANIMAL
32 PANORAMA DA QUELONICULTURA NO BRASIL 
– UMA ESTRATÉGIA PARA CONSERVAÇÃO DAS 
ESPÉCIES E GERAÇÃO DE RENDA
42 AQUICULTURA E PESCA SUSTENTÁVEIS NO 
INSTITUTO BRASILEIRO DE DESENVOLVIMENTO 
E SUSTENTABILIDADE (IABS): ATUAIS AVANÇOS 
SOCIOPRODUTIVOS
48 PROFISSIONALIZAÇÃO EM SISTEMA RAS NA EUROPA
54 ESPAÇO EMPRESA - INVE
58 ARTIGOS PARA CURTIR E COMPARTILHAR 
59 CHARGES
7
 » p.42
 » p.84
 » p.90
60 ATUALIDADES E TENDÊNCIAS NA AQUICULTURA
62 ATUALIDADES DA CARCINICULTURA
64 BIOTECNOLOGIA DE ALGAS
66 AQUICULTURA ORNAMENTAL
68 GREEN TECHNOLOGIES
70 NUTRIÇÃO AQUÍCOLA
72 VISÃO AQUÍCOLA
74 RECIRCULATING AQUACULTURE SYSTEMS
76 SANIDADE
78 GESTÃO DE RESÍDUOS
80 NAVEGANDO NA AQUICULTURA
82 TECNOLOGIA DO PESCADO
84 ENTREVISTA - CINTIA LABUSSIÈRE NAKAYAMA
90 ELES FAZEM A DIFERENÇA 
96 DESPESCOU
 » p.48
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Cultivo das microalgas Nannochloropsis oculata, 
Chlorella vulgaris e Chaetoceros muelleri
(Fortaleza, CE) 
Giancarlo Lavor
Produção de carpa ornamental 
(Não-Me-Toque, RS)
Cleiton Kissmann
@acquadocepiscicultura
Camarão da fazenda Aqualuz cultivado em baixa 
salinidade
(Taubaté, SP)
Daniel Pereira e Dalton Nielsen
@aqualuzcamarao
Quando se põe amor até na preparação 
do viveiro para a próxima safra
(Laguna, SC)
Clemilson de Andrade
@mar.dobrasil
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redacao@aquacu l t u reb ra s i l . com
Envie suas fotos mostrando a aquicultura no seu dia a dia 
e participe desta seção.
>>
Fazenda “Acuacultores del Mar Azul”
(Sinaloa, México)
Arturo Nieves
@shrimpaquaculture
Alevinos de Pacu 
(Timbó, SC)
Aquacultura Nilótica
@aquaculturanilotica
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PARCEIROS NA 22 ° ED:
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https://altamar.com.br/
https://www.inveaquaculture.com/
http://www.aquatec.com.br/
https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/
https://www.nanoplastic.com.br/
https://trataguas.com.br/
https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/
https://www.engepesca.com.br/
https://www.textilsauter.com.br/
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A piscicultura em tanques-rede é uma das modalida-
des de aquicultura que mais 
tem avançado no Brasil se 
consolidando cada vez mais 
como um sistema de produ-
ção. Reservatórios e açudes 
têm permitido o avanço da 
modalidade de produção que 
ocorre diretamente no cor-
po hídrico. Apesar do cres-
cimento da piscicultura em 
tanques rede e dos avanços 
tecnológicos há ainda muito 
a avançar em relação as es-
tratégias de monitoramento 
ambiental e manejo eficiente 
para darsuporte aos sistemas 
de produção. Lacunas como 
as da influência de variações 
ambientais que podem resul-
tar em perdas de produção 
e mortalidade massiva tam-
bém ainda são uma área de 
demanda para dar suporte ao 
desenvolvimento desta mo-
dalidade de produção.
Estudos recentes indicam 
que variações meteorológi-
cas possam influenciar direta-
mente o sucesso das piscicul-
turas e que o monitoramento 
destas pode ser uma grande 
ferramenta para o produtor 
de peixes em tanques-rede. 
Dentre os eventos meteo-
rológicos que já estão sendo 
observados como de influên-
cia direta aos sistemas de 
produção em tanques-rede 
estão as variações térmicas 
e eólicas que promovem a 
circulação vertical. Nos úl-
timos anos a ocorrência de 
circulação vertical turbulen-
ta têm causado eventos de 
mortalidade em pisciculturas 
em tanque-rede em açudes e 
reservatórios. Entre os pisci-
cultores, estes eventos são 
conhecidos como “inversão 
térmica”. 
Circulação vertical na 
piscicultura em tanque-rede
de ambientes tropicais e 
semiárido
Hênio do Nascimento Melo Júnior
Universidade Regional do Cariri-URCA
Laboratório de Limnologia e Aquicultura-LLA
henio.melo@urca.br
 Lacunas como as da 
influência de variações 
ambientais que podem 
resultar em perdas de 
produção e mortalidade 
massiva ainda são 
uma área de demanda 
para dar suporte ao 
desenvolvimento deste 
sistema de produção. 
Fernanda Garcia Sampaio
Embrapa Meio Ambiente
fernanda.sampaio@embrapa.br
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PARCEIROS NA 22 ° ED:
Figura 1. Esquema de Circulação Vertical e as condições estruturais da coluna d’água em um lago estratificado e desestratificado. 
Adaptado de: Saraiva e Melo Júnior (2019).
Circulação vertical (CV)
A Limnologia caracteriza a CV através da estratifica-
ção e desestratificação da coluna d’água. Quando a co-
luna de água está dividida em três estratos, o epilímnio, 
metalíminio e hipolímnio, o ambiente está estratificado. 
Quando a coluna de água está homogênea, apresen-
tando características físicas e químicas semelhantes da 
superfície ao fundo, podemos afirmar que o ambiente 
está desestratificado ou homogêneo (Figura 01). Um 
ambiente estratificado possui condições limnológicas 
diferentes em cada uma das camadas e quando ocorre 
a desestratificação o ambiente fica misturado tendo as 
mesmas características limnológicas. A CV é um even-
to natural fundamental para a estrutura e organização 
dos processos químicos e biológicos de lagos, represas 
e açudes, e podem ser influenciados pela temperatura 
atmosférica, velocidade e direção do vento (Saraiva e 
Melo-Junior, 2019).
O que causa esse processo, quando e 
como ocorre?
No Brasil cada região possui um comportamento 
climatológico diferenciado, mas os principais fenôme-
nos responsáveis por originar a CV são a temperatura 
do ar, velocidade e direção do vento, regime de preci-
pitação pluviométrica e a ocorrência de frentes frias. O 
aquecimento diurno da atmosfera aquece o vento que 
em sequência aquece a camada superficial da água, ao 
longo do tempo a superfície aquecida transfere calor 
para a meia água, a qual em dado momento também 
transfere calor para água profunda. Nessa transferên-
cia de calor a temperatura decresce da superfície ao 
fundo.
A diferença térmica nas três camadas altera a den-
sidade da água, a qual é inversamente proporcional a 
temperatura. O diferencial de temperatura e densida-
de impedem a mistura das camadas de água, carac-
terizando a estratificação e o epilímnio, metalímnio e 
hipolímnio (Figura 02 A).
No resfriamento atmosférico circula vento frio so-
bre a superfície da água, resfriando-a e tornando-a mais 
densa provocando afundamento e mistura de água en-
tre epilímnio e metalímnio. O contínuo resfriamento 
superfícial aumenta a densidade e a mistura atingindo o 
hipolímnio desestratificando o ambiente (Figura 02 B). 
O vento também desloca as águas superficiais, 
esse transporte chama-se circulação horizontal (CH). 
Quando a água empurrada atinge a margem oposta, 
esta empurra a água do local para baixo causando cir-
culação de água (Figura 03 A e B). 
Circulação vertical (CV) e 
pisciculturas em tanques-rede
Para a piscicultura em tanque-rede a CV é de ex-
trema importância, pois a circulação das águas super-
ficiais oxigenadas pela fotossíntese transporta O2 para 
as águas mais profundas permitindo maior oxigenação 
da água e decomposição aeróbica da matéria orgânica 
excedente no sedimento. 
Porém quando a CV ocorre de forma mais pro-
nunciada ela é conhecida como circulação vertical tur-
bulenta (CVT). 
A estratificação antecede a ocorrência de uma CVT, 
porém a mudanças intensas e repentinas das condi-
ções físicas da atmosfera, queda de temperatura e ven-
to influenciam as condições físicas e químicas da água, 
promovendo uma circulação de forte impacto, remo-
vendo sedimento, transportando-os pela coluna de 
água até que se espalhem pelo epilímnio, onde estão 
posicionados os tanques-rede, tornando o ambiente 
turbulento e inadequado a sobrevivência dos peixes 
(Figura 4 A e B). 
https://altamar.com.br/
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http://www.aquatec.com.br/
https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/
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https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/
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Figura 2. A) Variação térmica determinante da estratificação do ambiente; B) Variação térmica determinante da desestratificação do 
ambiente. Adaptado de: Tundisi e Tundisi (2008).
Figura 3. A) Ação do vento na condição de ambiente estratificado; B) Ação do vento na formação de desestratificação. Adaptado de: 
Tundisi e Tundisi (2008).
Figura 4. A) Variações térmicas e eólicas diurnas determinantes da estratificação da coluna de água; B) Variações térmicas e eólicas 
noturnas determinantes da circulação vertical turbulenta. Adaptado de: Araújo e Melo Júnior (2019) e Sistema integrado de dados 
ambientais - SINDA/INPE.
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PARCEIROS NA 22 ° ED:
Os impactos resultantes de CVT 
podem ocorrer na seguinte ordem:
I. Alterações drásticas da temperatura do epilí-
mio causada por resfriamento atmosférico. Estas alte-
rações podem não levar a morte dos animais, mas, de-
pendendo da intensidade, poderão ser extremamente 
prejudiciais para a saúde e desempenho dos mesmos, 
levando ainda a diminuição do consumo de ração en-
quanto ocorrer o fenômeno;
II. O transporte de sedimento até a superfície de 
água, promove alterações que iniciam simultaneamen-
te, porém com efeitos e velocidades diferenciadas. Os 
peixes nos tanques-rede, sem possibilidade de fuga, es-
tão submetidos a exposição prolongada desses impac-
tos e a sequência de alterações metabólicas:
 • Alteração da cor, transparência, turbidez e 
odor da água, ficando amarronzada e com “cheiro de 
ovo podre”. Esses impactos foram verificados em even-
tos de mortalidade em pisciculturas (Melo Júnior, Dias 
e Vasconcelos, 2019) e em reservatórios de São Paulo 
(Chiba et al., 2009);
 • (NH3) íon amônia e (NO2) nitrito, gases re-
sultantes da decomposição aeróbica e importantes no 
ciclo de nutrientes, porém em altas concentrações são 
tóxicos. A NH3 também é o produto da excreção dos 
peixes, que ocorre por difusão, portanto, altas concen-
trações de NH3 na água impedem a excreção dos pei-
xes, intoxicando-os por excesso de NH3 no sangue e te-
cidos. O NO2 em altas concentrações na água pode ser 
absorvido pelas brânquias e inibir a respiração dos pei-
xes, nesse caso, é formado a metahemoglobina, “doen-
ça do sangue marrom”, oxidando o ferro da hemoglo-
bina e impedindo a fixação do O2 no sangue, o peixe 
morre por anoxia mesmo a água tendo O2 a disposição; 
 • (H2S) gás sulfídrico ou sulfeto e (CH4) meta-
no. São gases resultantes da decomposição anaeróbica, 
provoca “cheiro de ovo podre na água” e são potencial-
mente tóxicos aos peixes, a absorção branquialresulta 
rápido efeito letal. 
 • Diminuição das concentrações de O2 por 
decomposição aeróbica da matéria orgânica transpor-
tada na CVT e, em seguida, a cor e transparência re-
duzem a taxa de fotossíntese. Os efeitos da hipoxia e 
anoxia sobre os peixes, em maioria, ocorrem secunda-
riamente às intoxicações acima mencionadas; 
 • Sinais visuais de intoxicação dos peixes no 
cultivo, conforme os piscicultores: letargia, perda de 
apetite, natação desorientada, tentativa de respirar ar 
atmosférico “beber ar” e óbito (Melo Júnior, Dias e Vas-
concelos, 2019);
III. Fuga de peixes nativos livres, estes procuram 
áreas menos impactadas ou sem impactos;
Registros de CVT em ambientes com 
cultivo de peixes em tanques-rede
Eventos de mortalidade por CVT em pisciculturas 
em tanque-rede ocorreram em vários açudes, dos 
quais: Olho D’água em Várzea Alegre, Ceará (Santos 
et al., 2013); Rosário em Lavras da Mangabeira, Ceará 
(Melo Júnior, 2017); Umari em Upanema, Rio Grande 
do Norte (Henry-Silva, Melo Júnior e Attayde, 2019); 
Sítios Novos em Petencostes, Ceará (Oliveira et al., 
2011; Araújo e Melo Júnior, 2019).
Araújo e Melo Júnior (2019) analisaram os dados 
meteorológicos do evento de mortalidade em piscicul-
turas do açude Sítios Novos. Por meio dos registros me-
teorológicos, os autores constataram que entre a tarde 
e manhã dos dias 01/05/11 e 02/05/11, houve queda 
de 8,7°C na temperatura do ar, resfriando o epilímnio, 
e entre 21:00 e 00:00 ocorreu direcionamento da cor-
rente de vento, em sentido semelhante e com variação 
da velocidade entre 3,5 a 1,0 m/s (Figura 06 A a D). 
Essas variações determinaram a formação da CVT, 
fato também confirmado pelas informações etnolim-
nológicas dos piscicultores, sobre as alterações da 
água, relatadas em Oliveira et al. (2011). Igualmente as 
ocorrências verificadas nos açudes Olho D’água, Rosá-
rio e Umari, citados acima. Chiba et al. (2009), Tundisi 
et al. (2010), Melo Júnior (2017) e Silva e Melo Júnior 
(2018) reconhecem que ventos de pouca velocidade, 
porém na mesma direção por longo tempo, contri-
buem fortemente na formação da CVT.
Como ocorridos em outros açudes, no açude Sí-
tios Novos ficou evidenciado o efeito localizado da 
CVT dentre as duas áreas de cultivo, monitoradas PP2 
e PC3 (Figura 06), porém só ocorreu mortalidade em 
uma das pisciculturas (PP2). Possivelmente o relevo e 
morfometria minimizaram a influência térmica e eólica 
na área de piscicultura que não teve mortalidade (PC3) 
de maneira que não sofreu os impactos ambientais cau-
sados pela CVT mantendo os peixes cultivados ilesos. 
Na região Sudeste e Sul do país os eventos de CVT 
são principalmente impulsionados por passagens de 
frentes frias (FF), estas atuam alterando as condições 
térmicas e eólicas que modificam a estrutura da coluna 
de água nos reservatórios, os quais possuem períodos 
caracterizados de estratificação e desestratificação.
No período de estratificação, durante a passagem 
da FF (Figura 7), e cerca de 2 a 3 dias após, o aqueci-
mento diário das camadas superiores é enfraquecido e 
a coluna d’água se torna mais homogênea, com tempe-
raturas aproximadas de 24°C (Figura 8). Já no período 
de mistura, o mesmo fenômeno ocorre, porém com 
menores amplitudes térmicas. Entretanto as maiores 
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https://www.alisul.com.br/categorias/peixes/
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misturas da coluna da água promovida por FF neste 
período podem diminuir a temperatura de superfície 
da água a aproximadamente 22°C (Araújo et al., 2017).
O período ideal para cultivo da tilápia em Furnas 
parece ser o verão (período de estratificação) pois du-
rante o inverno (período de mistura), as temperaturas 
da superfície da água chegaram a valores abaixo dos 
22°C, podendo levar a mortalidade ou estressar os 
peixes, diminuindo a produção. 
O monitoramento de parâmetros meteorológicos 
pode ajudar no monitoramento ambiental da aquicul-
tura, pois com a maior ocorrência de FF no período de 
mistura, flutuações térmicas tendem a ocorrer influen-
ciando diretamente o desempenho dos peixes em culti-
vo, evitando sobras de ração e mortalidades em massa. 
Apesar da ocorrência de FF ser menor no verão, 
os efeitos desta na qualidade da água e na mistura 
térmica são mais danosas. Como o verão é a época 
de maior produção, o monitoramento da ocorrência 
das FF pode ser um ótimo instrumento para apoiar 
o manejo adequado, diminuindo perdas no processo 
produtivo e evitando impactos ambientas. Por outro 
lado, a passagem da FF aumenta o poder de diluição 
nos braços do reservatório por causar uma mistura 
parcial da coluna d’água, beneficiando as áreas de cul-
tivo (Araújo et al., 2017).
Tundisi et al. (2010) relatam caso de CVT ocorrida 
no lago Catalão localizado em Manaus-AM em maio de 
2006, sendo causado por passagem de FF ocasionando 
diferencial de temperatura, mistura completa da colu-
na d’água, liberação de H2S, redução da concentração 
de O2 e provocou a mortalidade de peixes do lago.
Figura 5. A) Variação de temperatura do ar e velocidade do vento na CVT; B) Direção do vento no final da tarde. Fonte: Araújo e Melo 
Júnior (2019)
A. B.
Figura 6. A) e B) Direcionamento do vento atuando na formação da CVT. Fonte: Araújo e Melo Júnior (2019)
A. B.
Consulte as referências bibliográficas em
www.aquaculturebrasil.com/artigos
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Conclusão
A identificação e compreensão dos sistemas me-
teorológicos com suas influências na dinâmica lim-
nológica como circulação vertical, propriedades fí-
sicas e químicas e seus resultados sobre a qualidade 
da água, são ferramentas importantes para o mane-
jo e sustentabilidade da piscicultura em tanque-rede 
em ambientes como lagos, açudes e reservatórios.
O verão representa a possibilidade de maior im-
pacto causado por CVT, nesse período sazonal ocorre 
o maior diferencial de temperatura no meio aquático 
determinado pelos fenômenos causadores da CVT, 
tornando-a mais intensa, sendo essa condição comum 
aos açudes do Semiárido e reservatórios de todo Brasil.
O monitoramento das passagens de FF, nas regiões 
Sul e Sudeste e a transição entre verão e inverno no 
Semiárido são fatores cruciais para o monitoramento 
da piscicultura em reservatórios e açudes. Portanto, 
há que haver muito investimento em estudo e tecno-
logia de monitoramento que atendam às necessida-
des da piscicultura em tanque-rede, tanto para gran-
des, médios como para pequenos produtores.
Figura 7. Realce em vermelho do reservatório de Furnas mais especificamente no município de Guapé (MG) e momento de registro da 
passagem da frente fria em 23, 24 e 25 de julho de 2014 (A, B e C respectivamente). Fonte: Araújo et al. (2017).
A. B. C.
Figura 8. Distribuição vertical diária da temperatura da água (Tw), A e C durante a passagem da frente fria e 3 dias após, e B e D 
sem a influência da frente fria, em período de estratificação (A e B) e mistura (C e D). Fonte: Araújo et al. (2017).
A. B.
C. D.
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Cuidados mínimos em um 
quarentenário credenciado 
para importação de organismos 
aquáticos ornamentais para impedir 
a introdução e disseminação de 
patógenos
A aquariofilia é um importante segmento na indústria de animais de companhia. Países desenvolvidos como Estados Unidos, Japão 
e alguns países da Europa apresentam um maior volu-
me desse mercado, fazendo 
com que os peixes sejam a 
categoria pet mais prevalen-
te nos domicílios no mundo, 
ficando na frente de cães, 
gatos e outros animais de 
estimação. No Brasil, o ce-
nário é um pouco diferen-
te, pois os peixes estão em 
quarto lugar na categoria de 
animais de estimação pre-
sente nos domicílios, fican-
do, portanto, atrás de cães, 
gatos e aves (AbinPet 2021).
Em todo o mundo são 
em média 4500 espécies 
de água doce (dos quais 
mais de 90% já são criados 
em pisciculturas) e 1450 de 
água salgada (dos quais cerca de 95% ainda extraídos 
de ambientes naturais). A grande maioria dos peixes 
são provenientes de países em desenvolvimento 
como Brasil, Colômbia, Filipinas, Indonésia, Malásia, 
Nigéria, Peru, Quênia, Sri Lanka e outros dos quais 
são exportados para diversos países desenvolvidos 
do globo (Whittington; Chong, 2007). 
Esse movimento de 
translocação através de 
importação, exportação 
e distribuição permite 
que animais cheguem 
em uma outra região 
totalmente diferente 
da original e podendo 
muitas vezes se 
reproduzir com muito 
sucesso e eficiência no 
novo local. A exemplo 
no Brasil temos a 
Zona da Mata de 
Minas Gerais, que é o 
principal polo produtor, 
com quase a totalidade 
de animais exóticos 
(Cardoso; Balian, 2018) 
como Betta splendens, Carassius auratus, Cyprinus 
carpio, Puntius tetrazona, Xiphophorus maculatus, 
Trichopodus leerii entre inúmeros outros (figura 1).
A nível mundial, os 
peixes são a categoria 
pet mais prevalente nos 
domicílios, ficando à 
frente de cães, gatos 
e outros animais de 
estimação.
Pedro Henrique Magalhães Cardoso
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal
Faculdade de Medicina Veterinária - FMVZ 
Universidade de São Paulo - USP
pedrohenriquemedvet@usp.br
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PARCEIROS NA 22 ° ED:
Quarentenários credenciados para 
importação de peixes ornamentais
Para que um peixe ornamental seja importado é 
obrigatório que ele seja submetido a um período mí-
nimo de quarentena (figura 3) antes de serem comer-
cializados para lojas e consumidores finais. No Brasil, o 
credenciamento de quarentenários para importa-
ção de organismos aquáticos para fins ornamentais 
é de competência do Ministério da Agricultura, Pe-
cuária e Abastecimento (MAPA) (Brasil, 2015). 
O quarentenário deve ter requisitos mí-
nimos para a aprovação da licença e deve 
funcionar sob responsabilidade técnica de 
um médico-veterinário, que deve moni-
torar os animais durante todo o período de 
quarentena com o intuito de impedir a introdu-
ção e disseminação de doenças transfronteiriças. Até 
a data de redação deste artigo o Brasil possuía um 
total de 24 quarentenários credenciados (figura 2) 
para importação de organismos aquáticos com fins 
ornamentais distribuídos pelas regiões do Brasil (últi-
ma atualização 12/06/2020) (Ministério da Agricultura 
Pecuária e Abastecimento, 2020).
A autorização para importação das espécies de 
peixes é de competência do Instituto Brasileiro do 
Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA), 
que possui legislações específicas com listas de espé-
cies que são permitidas para importação. Desde 2017 
o órgão também apresenta listas de peixes de água 
doce e peixes de água salgada cuja importação será 
negada com a devida justificativa como por exemplo 
quando se tratar de uma espécie com potencial de 
invasão (Ibama, 2018).
Figura 1. Principais peixes ornamentais exóticos reproduzidos na Zona da Mata de Minas Gerais: Betta splendens (A), Carassius 
auratus (B), Cyprinus carpio (C), Puntius tetrazona (D), Xiphophorus maculatus (E) e Trichopodus leerii (F). 
© Pedro Henrique M. Cardoso 
Figura 2. Distribuição dos 
quarentenários credenciados 
para importação de peixes 
ornamentais com fins 
comerciais.
 1 quarentenário
 2 quarentenários
 6 quarentenários
 15 quarentenários
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Figura 3. Peixes ornamentais de água salgada em quarentena em um 
quarentenário credenciado para importação.© Pedro Henrique M. Cardoso
A translocação de animais 
aquáticos e o aparecimento 
de doenças
A translocação de animais aquáticos 
permite também que outros organis-
mos venham de “carona” com os pei-
xes, logo, o comércio e circulação de 
animais vivos, sem o cumprimento de 
procedimentos técnicos padronizados 
e seguros, pode possibilitar a dissemi-
nação de inúmeros agentes causadores 
de doenças infecciosas e parasitárias. E 
muitas vezes as doenças podem causar 
sérios problemas sanitários em regiões 
indenes e ser responsável por prejuízos 
econômicos irreparáveis (Oata, 2008).
Em 2015, Cardoso e colaboradores 
relataram em São Paulo, a ocorrência do 
gênero Megalocytivirus causando mor-
talidade de 94% em piranhas verme-
lhas (Pygocentrus nattereri) após serem 
alimentadas com guppies (Poecilia reti-
culata). Amostras dos mesmos guppies 
que não entraram em contato com as 
piranhas também foram submetidos para 
diagnóstico e positivo para o vírus. Os 
gupppies não manifestavam a doença, 
sugerindo os autores que possa ter ocor-
rido transmissão horizontal da doença para as espécies 
nativas. Outros autores também detectaram o mesmo 
vírus em diversas outras espécies de peixes ornamentais 
cultivados aparentemente saudáveis, sugerindo desse 
modo que alguns peixes possam servir como reservató-
rio do vírus (Cardoso et al., 2017a). O mesmo vírus foi 
detectado em diversas pisciculturas produtoras de tilápias 
em regiões do Brasil (Panorama da Aquicultura, 2020).
Cardoso e colaboradores também relataram a pre-
sença de Neobenedenia melleni parasitando a pele e re-
gião ocular (figura 4) de Pomacanthus asfur, Pomacanthus 
maculosus, Pygoplites diacanthus e Chaetodon semilarva-
tus; Macrogyrodactylus sp. parasitando a pele e região 
ocular de Polypterus palmas; Uronema sp. infectando 
pele e órgãos internos (figura 5) de Chromis viridis, Chro-
mis vanderbilti, Heniochus acuminatus, Apolemichthys 
trimaculatus, Apolemichthys xanthopunctatus, Pseudan-
thias squamipinnis, Pseudochromis fridmani, Chaetodon 
auriga, Chaetodon vagabundus, Chaetodon semilarvatus; 
Haliotrema aurigae parasitando brânquias de Chaetodon 
rainfordi; Cryptocaryon irritans parasitando pele de Ze-
brasoma xanthurum. Sendo todas as espécies de pei-
xes citadas acima importadas 
e os patógenos detectados 
ainda na quarentena ou pós 
quarentena (Cardoso et al., 
2017b, 2018, 2020a, 2020b).
Figura 4. Peixe Anjo 
(Pomacanthus asfur) 
apresentando opacidade 
de córnea (A) causado pelo 
parasita Neobenedenia 
melleni (B). © Pedro 
Henrique M. Cardoso
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Figura 5. Peixes ornamentais de diferentes 
espécies e famílias com lesões hemorrágicas 
causado pelo parasita Uronema spp.
© Pedro Henrique M. Cardoso
Em aquicultura, biosseguridade 
é um termo que se refere às medi-
das aplicadas para reduzir a proba-
bilidade da disseminação e impactos 
causados por agentes ou organis-
mos biológicos a um indivíduo, po-
pulação ou ecossistema, logo, a 
falta de biosseguridade também 
restringe o desenvolvimento e a 
sustentabilidade de setores da aqui-
cultura por perdas na produção e 
aumento nos custos operacionais e, 
indiretamente, através de restrições 
no comércio e impactos na biodi-versidade (Cardoso; Balian, 2018). 
Portanto para impedir a introdução 
e disseminação de patógenos e do-
enças é muito importante que os 
envolvidos na importação e expor-
tação de peixes ornamentais ado-
tem práticas de biosseguridade a 
começar pela quarentena (figura 6).
Cuidados mínimos que 
devem ser seguidos antes 
e durante o período de 
quarentena para impedir 
a introdução, multipli-
cação e disseminação de 
doenças
Antes que os animais cheguem 
do local de origem é necessário 
que o importador no Brasil junta-
mente com o médico-veterinário 
responsável técnico se certifique 
que a quarentena esteja cumprindo 
não só os requisitos mínimos exigi-
dos em legislação, mas que uma sé-
rie de outras medidas sejam adota-
das pela empresa com o intuito de 
manter o mínimo de bem estar ani-
mal e biosseguridade. É primordial 
que os equipamentos estejam fun-
cionado corretamente, que a água 
esteja com parâmetros de qualida-
de adequado às espécies que vão 
receber, que a alimentação já tenha 
sido providenciada, assim como ter 
em estoque bactérias benéficas do 
ciclo do nitrogênio, responsáveis 
pela remoção de amônia e nitrito, 
dois principais elementos respon-
sáveis por intoxicação e morte.
Na maioria das vezes os ani-
mais chegam em embalagens com 
água e espaço limitado, devido o 
valor do frete da carga que prati-
camente triplica o valor dos indi-
víduos ao importador. Devido ao 
espaço limitado há um aumento 
nas concentrações de amônia na 
embalagem, brânquias e corrente 
sanguínea podendo causar into-
xicação, estresse e morte. Não 
é raro, uma taxa de mortalidade 
elevada na chegada à quarentena. 
Na minha experiência há 10 anos 
como responsável técnico em qua-
rentenários credenciados, vi taxas 
de mortalidade que variaram de 0 a 
16 % em cargas liberadas em situa-
ções normais e no tempo previsto.
Porém em cargas com erros na 
documentação e indeferimento da 
liberação, já vi animais ficarem reti-
dos por mais de 5 dias até a resolu-
ção do problema, culminando em 
55% de mortalidade. O restante 
dos animais dessa mesma carga que 
chegaram, muitos ficaram doentes 
(figura 7) devido ao severo estresse 
que sofreram devido às más condi-
ções de qualidade de água na em-
balagem que estavam acondiciona-
dos. Nos dias posteriores à chegada 
é comum observar picos de amô-
nia; por isso é necessário estar 
precavido de todos os problemas 
que possam acontecer, para que 
não haja surpresas desagradáveis 
durante o período de quarentena. 
O processo longo de viagem 
gera bastante estresse, que tem 
como efeito a diminuição no sis-
tema imunológico dos peixes. E é 
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Figura 6. Exemplar de Protopterus spp. (peixe pulmonado) que sobreviveu após 5 dias retido no aeroporto. Na foto há 
múltiplas lesões causadas pelo fungo aquático Saprolegnia spp. © Pedro Henrique M. Cardoso
desta forma que muitos patógenos, alguns com ca-
ráter oportunista podem aparecer. Logo na entrada 
na quarentena é possível administrar banhos de água 
doce em peixes de água salgada, para remoção de 
possíveis ectoparasitas como Neobenedenia melleni e 
outras monogêneas. Em peixes de água doce, reco-
menda-se a adição de sal para diminuir o gasto energé-
tico na osmoregulação sobrando energia para o peixe 
se recuperar e lutar contra possíveis patógenos. Além 
disso o monitoramento deve ser diário para detectar 
possíveis agentes causadores de doenças, e caso ne-
cessário o uso de agentes terapêuticos (grande desa-
fio na aquicultura no Brasil) que deverá ser solicitado 
aprovação pelo Serviço de Saúde Animal do MAPA.
A utilização de filtros de luz ultravioleta e a ozo-
nização da água (figura 8), dois equipamentos que 
Figura 7. Peixes 
ornamentais de 
diferentes espécies 
e famílias com 
lesões hemorrágicas 
causado pelo 
parasita Uronema 
spp.
© Pedro Henrique 
M. Cardoso
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sob meu ponto de vista são fundamentais em uma 
quarentena e deveriam ser obrigatórios. O filtro de 
luz ultravioleta tem um poder biocida e é muito eficaz 
para diminuir a pressão exercida pelos patógenos nos 
peixes, principalmente no que diz respeito às bacté-
rias. O acúmulo de matéria orgânica na água, favore-
ce a proliferação de inúmeros agentes causadores de 
doenças como os protozoários Uronema, Tetrahyme-
na, Tricodina e outros que podem causar doenças em 
peixes. A ozonização da água é responsável por fazer 
a quebra da matéria orgânica, deixar a água mais lim-
pa e cristalina potencializando o poder biocida do fil-
tro de luz ultravioleta contra os patógenos circulantes.
Conclusão
A translocação de animais aquáticos possibilita a in-
trodução e a disseminação de doenças em diferentes 
regiões do Brasil e do mundo e para que isso não acon-
teça, cuidados devem ser empregados antes e durante o 
período de quarentena. Ações, como banhos terapêu-
ticos e o tratamento da água de recirculação com filtro 
de luz ultravioleta e ozonização são eficazes no controle 
de patógenos causadores de doenças em peixes e reco-
mendo fortemente a utilização. Todos os pontos discuti-
dos anteriormente devem ser supervisionados pela em-
presa e por seu RESPONSÁVEL TÉCNICO. Qualquer 
prática IRRESPONSÁVEL, ilícita e fora da lei deve ser 
denunciada (mediante provas e evidências) aos órgãos 
reguladores que poderá submeter o estabelecimento 
quarentenário a sanções administrativas que vai desde 
a suspensão ao cancelamento do credenciamento.
Figura 8. Filtros de luz ultravioleta e aparelho gerador de ozônio instalados em uma quarentena credenciada para importação de 
peixes para desinfecção da água. © Pedro Henrique M. Cardoso
 Todos os pontos 
discutidos 
anteriormente devem 
ser supervisionados 
pela empresa e por seu 
responsável técnico.
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Uso de plantas Halófitas na 
aquicultura: Do tratamento de 
efluente à alimentação animal
Já imaginou a possibilidade de tratar o efluente de cultivo, alimentar os animais, gerar energia elétrica e reduzir custos 
com uma cajadada só? As 
plantas halófitas podem tor-
nar isso uma realidade.
Os vegetais mais cultiva-
dos e consumidos no Brasil 
(como a alface, a couve, a 
batata, o aipim, entre outros) 
precisam de água doce para 
o seu melhor crescimen-
to (< 3,0 dS m-1 ou < 2 g 
NaCl L-1) e consequemen-
te, seu cultivo. Essas plantas 
são classificadas como plan-
tas glicófitas (Grego, glico = 
açúcar/doce; fitas/phyton = 
planta). Por outro lado, ainda 
não muito populares e mui-
tas vezes classificadas como 
plantas alimentícias não con-
vencionais (PANCs), existe 
outro grupo de plantas que 
consegue passar por todo o 
seu ciclo de vida (germinação, crescimento e repro-
dução) sobre a influência de águas salinas ou salobras. 
Ou seja, são plantas que podem 
ser cultivadas com água salgada. 
Para essas plantas damos o nome 
de plantas halófitas(Grego, halo 
= sal) (Nikalje et al., 2018).
As plantas halófitas são na-
turalmente encontradas nos 
ambientes costeiros que sofrem 
influência constante ou periódi-
ca da água do mar e da mare-
sia (spray marinho), e em locais 
do interior fortemente afeta-
dos pela seca (Costa; Herrera, 
2016b). No Brasil, os ambientes 
que se destacam na quantidade 
e biodiversidade de plantas ha-
lófitas são os manguezais (e.g. o 
mangue vermelho, Rhizophora 
mangle), marismas (e.g. Sparti-
na alterniflora), dunas costeiras 
(e.g. Sporobulus virginicus) e pla-
nos salinos do semiárido nor-
destino (e.g. Sesuvium portula-
*Manuel Macedo de Souza e César Serra Bonifácio Costa 
Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Instituto de Oceanografia (IO) 
Laboratório de Biotecnologia de Halófitas (BTH)
Rio Grande, RS
*mcsouza@furg.br
O desenvolvimento 
de carcinicultura em 
águas oligohalinas, 
principalmente oriundas 
de poços e rios, 
forneceu novas fronteiras 
para a carcinicultura
mundial.
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castrum). Embora sejam diferentes, as plantas halófitas 
desses ambientes apresentam algumas características 
semelhantes entre si e com plantas halófitas de outras 
regiões salgadas do mundo, como no Oriente Médio 
e França (Albuquerque et al., 2014; Costa; Herrera, 
2016a). Mas...
Ao longo da sua evolução as plantas halófitas de-
senvolveram adaptações em suas partes interna e ex-
terna para tolerar o estresse salino (Rozema; Schat, 
2013). Embora cada espécie tenha suas singularida-
des, os mecanismos funcionais das plantas são bem 
semelhantes. Mas a quantidade de adaptações que 
essas plantas obtiveram foi dependente da salinidade 
do ambiente onde viviam. Ou seja, quanto mais es-
tresse as plantas sofriam, maior deveria ser o número 
de adaptações – características favoráveis para so-
brevivência e fecundidade. Era adaptação ou morte!
O halofitismo, que é o grau de tolerância a sali-
nidade, é bem diversificado e altamente dependen-
te do ambiente de desenvolvimento dessas plantas. 
Assim, dependendo do grau de tolerância a salinida-
de, as plantas halófitas podem ser classificadas des-
de plantas halotolerantes, que toleram água com 
baixa salinidade, até as halófitas extremas, que tole-
ram condições hipersalinas, isto é, mais salgadas que 
a água do mar (Costa, 2006; Duarte et al., 2013). 
Falamos até agora como as plantas halófitas evo-
luíram. Mas...
Vários compostos são produzidos pelas plantas ha-
lófitas para tolerar o estresse salino, como alguns açu-
cares (como o sorbitol), aminoácidos (como a prolina) 
ácidos graxos poli-insaturados, flavonoides, polifenóis 
e carotenoides. Compostos que além de serem uti-
lizados pelas plantas halófitas para tolerar o estresse 
salino, são importantes para alimentação animal e hu-
mana, além de possuírem atividades biológicas, como 
capacidade antioxidante, anti-inflamatória, bactericida, 
vermífuga, entre outras (Barreira et al., 2017; Costa 
et al., 2014; Costa, 2006; D’Oca et al., 2012; De 
Souza et al., 2018a, 2018b, 2020; Katiki et al., 2013; 
Ksouri et al., 2009; Tomazelli Junior et al., 2017).
Como isso é
possível?
O quê elas têm
de bom?
Figura 1. Halófitas de diferentes espécies:
Spartina 
alterniflora. 
© César Costa
Sesuvium 
portulacastrum.
© César Costa
Schinus 
terebinthifolius. 
© Manuel M. de 
Souza
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Na realidade, as plantas halófitas são utilizadas pelo 
ser humano a muitos séculos, tendo registro de uso 
há mais de 5000 anos na medicina indiana (Arya et 
al., 2019). A grande popularização destas plantas co-
meçou em países com pouca disponibilidade de água 
doce, como os países do oriente médio. Os Emirados 
Árabes Unidos, por exemplo, têm grande investimen-
to no desenvolvimento da agricultura salina e produção 
de biodiesel a partir das sementes de Aspargo marinho 
(plantas dos gêneros Salicornia e Sarcocornia, também 
consumidas como sal-verde, vegetais frescos ou em 
conserva), e gramados de campos de golfe e futebol 
com mudas de Paspalum vaginatum. Já a Quinoa (Che-
nopodium quinoa) começou a ser consumida na região 
dos grandes lagos salgados da América Latina (Bolívia, 
Colômbia, Equador e Peru) há mais de 4 mil anos e 
hoje se popularizou em dietas com baixas calorias, 
utilizadas para o emagrecimento (Centofanti; Bañue-
los, 2019; Panta et al., 2014). Hoje, plantas halófitas 
são utilizadas para alimentação humana (como vegetais 
frescos, em conserva ou como condimentos), alimen-
tação animal, na produção de biocombustíveis, como 
plantas ornamentais e paisagismo, na produção de me-
dicamentos, na produção de bebidas fermentadas etc 
(Abdelly et al., 2007). 
Além de tudo isso, novas características e funcio-
nalidades das, e para, as plantas halófitas estão sendo 
descobertas a todo o momento. Uma que nos deixou 
bastante entusiasmados é a descoberta que, embora 
ainda sejam resultados obtidos em experimento com 
ratos e ovelhas, os aspargos marinho do gênero Salicor-
nia herbacea e S. neei têm a capacidade de impedir que 
estes animais acumulem gorduras (Pichiah; Cha, 2015; 
Arce et al., 2016). Sim, isso mesmo. Imagine que mes-
mo comendo aquela picanha cheia de gordura no final 
de semana, a ingestão da planta poderia impedir que 
acumulemos parte dessa gordura. Isso não seria sensa-
cional? Num ramo totalmente diferente, estudos ainda 
preliminares demostram que é possível gerar energia 
nas raízes de plantas halófitas cultivadas em hidroponia. 
Resumidamente, este sistema de geração de energia 
consiste na oxidação de compostos liberados pelas raí-
zes das plantas por bactérias (Wetser et al., 2015).
Se as plantas halófitas são 
tão boas, porque não as 
conhecemos? 
Figura 2. a) Cultivo de quinoa com águas salinas em área desértica do International Center for Biosaline
Agriculture (Dubai, Emirados Árabes Unidos). © Kennia Doncato; b) Aspargo marinho (S. neei) produzidos com efluentes 
de aquicultura pelo Laboratório de Biotecnologia de Halófitas (BTH, FURG) e embalados para envio à restaurantes em Porto 
Alegre (RS). © César Costa
a b
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Há algum tempo as plantas halófitas já são utiliza-
das na fitorremediação dos efluentes salinos da aqui-
cultura (Fierro-Sañudo et al., 2020), seja em tanques 
de decantação ou em wetlands, por exemplo. Sendo 
também utilizadas para fixação das paredes dos tan-
ques de cultivo ou canais de irrigação. No entanto, 
utilizações mais nobres vêm sendo estudadas!
Embora ainda à nível acadêmico, o extrato da 
grama bermuda (Cynodon dactylon) demonstrou ter 
a capacidade de proteger o camarão marinho Lito-
penaeus vannamei contra o vírus da mancha branca 
(WSSV - white spot syndrome vírus). Além de auxiliar 
na saúde, as plantas halófitas também podem ser uti-
lizadas na alimentação dos animais cultivados. Os as-
pargos marinhos S. bigelovii e S. neei por exemplo, já 
foram utilizados para a alimentação de tilápias do Nilo 
(Oreochromis niloticus) e camarões marinhos (Litope-
naeus vannamei), respectivamente (De Souza, 2018; 
Ríos-Duran et al., 2013), alcançando desenvolvimen-
to zootécnico iguais aos dos animais alimentados com 
uma ração tradicional. 
Se pensarmos que as plantas halófitas podem ser 
produzidas com o efluente do próprio cultivo, damos 
mais um passo para alcançar uma aquicultura com eco-
nomia circular. E por fim, e não menos importante, o 
uso de aspargo marinho S. neei também proporcionou 
a diminuição de 40% do custo da ração (De Souza, 
2018) no cultivo experimenral do camarão marinho 
L. vannamei. Sabendo que o custo com a alimenta-
ção dos animais é muito alto, reduzir este gasto pode 
aumentar significativamente oslucros da produção.
E como as plantas 
halófitas são utilizadas na 
aquicultura?
Figura 3. Cultivo de Aspargo marinho (Salicornia neei) com água subterrânea salina no município de Ocara (CE). 
© César Costa 
 Os aspargos marinhos 
S. bigelovii e S. neei 
por exemplo, já foram 
utilizados para a 
alimentação de tilápias 
e camarões marinhos, 
os quais obtiveram 
desempenho zootécnico 
igual ao dos animais 
alimentados com ração 
tradicional.
https://altamar.com.br/
https://www.inveaquaculture.com/
http://www.aquatec.com.br/
https://www.msd-saude-animal.com.br/especies/aquicultura/
https://www.nanoplastic.com.br/
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Figura 6. Paspalum vaginatum (capim arame) cultivados 
com efluentes de carcinicultura marinha em sistema de 
bioflocos (BFT).© Manuel M. de Souza
Figura 4. Aspargo marinho (S. neei) cultivados com efluentes de carcinicultura marinha em sistema de bioflocos 
(BFT). © César Costa 
Figura 5. Aspargo marinho (S. neei) cultivados em sistema NFT (nutrient film technique) com efluentes de 
piscicultura marinha© César Costa 
Neste artigo falamos um pouco das caracte-
rísticas excepcionais das plantas halófitas e os seus 
usos atuais na aquicultura. Contudo, as possibili-
dades de uso futuro são infinitas. Embora pareça 
uma realidade distante, acredito que conseguire-
mos desenvolver tecnologias que possam fitorre-
mediar o efluente, alimentar os animais e gerar 
energia para o sistema de cultivo com as plantas 
halófitas de forma simultânea e integrada. Sei que 
pode parecer uma realidade bem distante, mas o 
futuro é logo ali.
Consulte as referências bibliográficas em
www.aquaculturebrasil.com/artigos
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Panorama da Quelonicultura 
no Brasil – uma estratégia para 
conservação das espécies e geração 
de renda 
Quelônios são um dos grupos de rép-teis mais antigos 
(240 milhões de anos) com 
uma carapaça protegendo seu 
corpo. Das 360 espécies atual-
mente reconhecidas em todo 
mundo, 61% estão ameaça-
das (Rhodin et al., 2018; Stan-
ford et al., 2020). A criação de 
quelônios ou quelonicultura é 
uma estratégia de conserva-
ção com potencial para mini-
mizar o impacto da demanda 
comercial de quelônios sobre 
as populações da natureza.
A criação de tartarugas de 
água doce é um componente 
importante da aquicultura de 
muitos países asiáticos. Pro-
dutos de quelônios estão em 
alta demanda na Ásia, impul-
sionados pela combinação 
de antigos hábitos arraigados 
as tradições orientais (culiná-
ria e medicina chinesa) e a ex-
pansão econômica da China. A 
produção de tartaruga chinesa 
(Pelodiscus sinensis) para abate 
e consumo, incrementada por 
novas técnicas e intensificação 
dos cultivos, cresceu, nos últi-
mos anos, de 92 para mais de 
350 mil toneladas/ano na China, 
equivalendo a 1% de sua pro-
dução aquícola total dos cultivos 
em água doce. Mesmo assim, 
para atender a demanda, a im-
portação de quelônios ou par-
tes deles para consumo foi de 
cerca de 323-2010 toneladas/
ano de carne (2.243.100 exem-
plares) e 76 toneladas de cara-
paças, entre 1998 e 2004 (Hai-
tou et al., 2008; Zhou e Jiang, 
2008; Shao e Lucas, 2019).
 A quelonicultura é 
uma estratégia de 
conservação com 
potencial para minimizar 
o impacto da demanda 
comercial de quelônios 
sobre as populações da 
natureza.
¹Paulo Cesar Machado Andrade*, ²Janderson Rocha Garcez, ³Aldeniza Cardoso 
de Lima, 4João Alfredo da Mota Duarte, 4Thiago Luiz Ferreira Anízio, 4Wander 
da Silva Rodrigues, ²Anndson Brelaz de Oliveira e 5Hugo Ricardo Bezerra Alves
¹Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Laboratório de Animais Silvestres
Manaus, AM
*pandrade@ufam.edu.br
²Instituto Federal de Educação Ciência e 
Tecnologia do Amazonas (IFAM)
4Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Programa Pé-de-pincha
5Instituto Federal de Educação, Ciência e 
Tecnologia de Roraima (IFRR)
³Universidade Federal do Amazonas - UFAM
Instituto de Ciências Biológicas
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Figura 1. Criação de quelônios em canal de igarapé, Sítio 3 irmãos, Iranduba/AM. © Paulo Cesar Machado Andrade
Entretanto, em todo mundo, a criação de quelô-
nios se concentra mais no seu valor como animais de 
estimação (pet), sendo que a quelonicultura para es-
ses fins se desenvolveu, inicialmente nos EUA, com a 
exportação de 8 milhões de tigres d’água (Trachemys 
scripta) principalmente para Europa e Sudeste Asiático, 
o que correspondia a 85% do comércio mundial de 
tartarugas na segunda metade do século XX. Atual-
mente, os maiores exportadores de quelônios para 
pet são a Malásia, EUA e Indonésia, sendo os maiores 
importadores a China, os EUA e o Japão, com a venda 
de mais de 2 milhões de filhotes nos últimos 10 anos, 
principalmente de quelônios terrestres (Testudinidae, 
35%) e semiaquáticos (Geoemydidae, 31%; Emydi-
dae, 19%) – (Luiselli et al.,2016). Na América do Sul, 
a produção de filhotes de tracajás (Podocnemis unifilis) 
por manejo comunitário no Equador e no Peru tem 
possibilitado a venda de 30% dos animais para o mer-
cado pet por U$1,5-6,0/unidade (Harju, Síren e Salo, 
2017). No Brasil, 77,4% dos criadouros comerciais de 
fauna silvestre são para atender o mercado de animais 
de estimação (pet), sendo responsáveis por 69,5% das 
vendas legalizadas de animais silvestres (Trajano e Car-
neiro, 2019).
Na Amazônia brasileira, considerada uma das re-
giões com maior riqueza de quelônios do mundo, com 
18 espécies (Vogt, 2008; Ferrara et al., 2017), os que-
lônios sempre foram recurso alimentar importante para 
as populações ribeirinhas (Pezutti et al., 2010; Andrade, 
2017). Os índios, já exploravam esse recurso consumin-
do os ovos e a carne de quelônios (Smith, 1974; Meza 
e Ferreira, 2015). Com a chegada dos colonizadores 
portugueses no século XVI, essa exploração tornou-se 
mais intensa, sendo abatidas milhões de tartarugas (Po-
docnemis expansa) e utilizados milhões de ovos para pro-
dução de óleo utilizado na iluminação pública, no pre-
paro de alimentos e misturado com breu, para calafetar 
as embarcações (Fiori e Santos, 2015; Andrade, 2017).
A captura comercial de quelônios é um dos fato-
res que, ainda hoje, mais contribuem para o declínio 
das populações de tartarugas aquáticas e terrestres em 
todo mundo (Stanford et al., 2020). Em geral, na Ama-
zônia, esses recursos são explorados pelas comunida-
des locais para consumo de subsistência ou vendidos 
para as cidades próximas ou grandes centros regionais 
como Manaus, Santarém e Belém (Andrade, 2008; 
Nascimento, 2009).
Apesar da captura e venda de animais silvestres, 
estar proibida no Brasil desde 1967 (Lei N°5.197/67), 
estima-se, com base nos dados dos órgãos ambien-
tais, que entre 1992 e 2019, tenham sido apreendidos 
98.843 quelônios e 59.031 ovos, só no Amazonas, 
que representam cerca de 66% de todos quelônios 
apreendidos, com uma média anual de apreensões de 
2.068 a 4.347 quelônios/ano e mais de 2 mil ovos/ano. 
Tartarugas são 29% dos quelônios apreendidos e 27% 
são tracajás. (Nascimento, 2009; Charity e Ferreira, 
2020). Em 1979, surgiu o Projeto “Quelônios da Ama-
zônia” através do qual o Governo passou a proteger 
as áreas de reprodução de quelônios. Graças a esse 
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trabalho de conservação, associado às inúmeras iniciati-
vas comunitárias de proteção, em 1996, a tartaruga da 
Amazônia, saiu da lista de animais ameaçados de extin-
ção no Brasil (Cantarelli et al., 2014; Forero-Medina et 
al., 2019).
 
Criação comercial de quelônios para 
abate e consumo:
Com os programas de conservação de quelônios foi 
possível recuperar as populações de tartarugas. Como 
uma estratégia de conservação ex-situ, a partir de 1987 
começaram a ser autorizados os primeiros criadores 
comerciais de quelônios no Brasil. A primeira portaria 
de criação pelo antigo IBDF foi a Portaria N°133/1988, 
seguida pela Port. IBAMA N°142/1992 e a de comer-
cialização foi a Port.N°070/1996. Por essas portarias, as 
pessoas interessadas em criar tartarugas e tracajás (as 
espécies permitidas) se registravam apresentando um 
projeto técnico ao IBAMA, e recebiam a doação dos 
filhotes do órgão ambiental para iniciarem sua criação 
(4.000 filhotes/hectare de espelho d’água), num siste-
ma de criação tipo Ranching. Desse plantel inicial, os 
criadores podiam vender os animais quando atingissem 
1,5 kg de peso, mas tinham de reservar 10% para se-
rem suas futuras matrizes e reprodutores, para produ-
zirem seus próprios filhotes e tornarem-se criatórios 
de ciclo completo, passando ao sistema tipo Farming. 
Atualmente, a criação de animais silvestres é regula-
mentada pela Instrução Normativa (IN) N°07/2015, e 
além de tartarugas e tracajás, podem ser criados iaçás (P. 
sextuberculata) e muçuãs (Kinosternon scorpioides).
No auge desta atividade (1999 a 2009), o Brasil 
chegou a ter 135 criatórios registrados (63% no Ama-
zonas) com mais de 938 mil animais em cativeiro e mais 
de 33 mil animais vendidos (RAN, 2009). Hoje, no Bra-
sil, existem 41 criadores comerciais de quelônios regis-
trados pelo IBAMA, com um plantel de 193.283 tarta-
rugas (Podocnemis expansa) e 18.224 tracajás (P. unifilis) 
em cativeiro (Trajano e Carneiro, 2019; IBAMA, 2019).
O Amazonas, é o maior criador de quelônios do 
Brasil, tendo atualmente 29 criatórios autorizados pelo 
IBAMA e IPAAM (79% do total nacional) com um 
plantel de mais de 155.648 tartarugas em criações co-
merciais (já chegou a ter 85 criadores e mais de 215 
mil animais) e mais 5.423 animais em sistemas de 
criação comunitários (Andrade, 2008; Trajano e Car-
neiro, 2019; IBAMA, 2019). Quelônios são o quinto 
organismos aquático mais criado no estado, só fican-
do atrás do tambaqui (Colossoma macropomum), ma-
trinxã (Brycon amazonicus), pirarucu (Arapaima gigas) 
e pirapitinga (Piaractus brachypomus) (Peixe BR, 2019; 
IBGE, 2019; IPAAM, 2021). São comercializados le-
galmente cerca de 2.623±561 animais/ano (12,7 a 
21,6 ton/ano). Entre 1999 e 2019, os queloniculto-
res do Amazonas conseguiram vender mais de 61 mil 
animais, produzindo mais de 302 toneladas e arreca-
dando cerca de R$6.741.000,00 (US$2.075.000,00).
Figura 2. Captura de matrizes e reprodutores de tartaruga no 
sítios 3 irmãos, Iranduba/AM. © Paulo Cesar M. Andrade
Figura 3. Fêmea de tartaruga da Amazônia (Podocnemis ex-
pansa) desovando em praia artificial do criatório Bicho do Rio, 
Iranduba/AM. © Paulo Cesar M. Andrade
Figura 4. Tanque e praia artificial para matrizes de tartaruga 
na fazenda Coco Laka, Manacapuru/AM. © Paulo Cesar M. 
Andrade
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Em 2017, o Amazonas reconheceu oficialmente os 
esforços de conservação das comunidades, criando 265 
áreas de proteção de quelônios e regulamentando um 
sistema comunitário de criação de quelônios, permi-
tindo as comunidades realizarem cria, recria e engorda 
de um percentual dos filhotes de P. expansa (10%) e P. 
unifilis (20%) que protegerem (Resoluções CEMAAM 
Nº25 e 26/17–DOE,2017). Esta possibilidade de ma-
nejo ex situ de quelônios para criá-los em condições 
semi-naturais para serem comercializados, parece ser 
uma solução, para gerar renda e cobrir parte dos gastos 
para proteção da espécie (Campos-Silva et al., 2018). O 
que parece ser promissor, não só pelo aspecto econô-
mico, como pela relevância na segurança alimentar e na 
cultura dos povos da região (Dantas-Filho et al.,2020).
Ao contrário de outros estados, os criadores ama-
zonenses conseguiram vender todos seus lotes de ani-
mais, com peso médio de 4,9±1,9 kg e preço atual va-
riando de R$ 25 a 40,00/kg vivo. Mais de 80% deles, já 
conseguiram a reprodução em cativeiro, tornando-se 
criações de ciclo fechado e de 2002 até 2019, já pro-
duziram mais de 57 mil filhotes (45.070 de tartarugas 
e 12.397 de tracajás) (Garcez, 2009; IBAMA, 2019).
O grande avanço da quelonicultura nesse estado 
parece estar relacionado a alguns fatores: 1) A grande 
demanda do mercado local para consumo da carne de 
quelônios; 2) O grande interesse dos produtores para 
se regularizarem (mais de 198 processos em análise); 
3) Ao incentivo e suporte técnico-científico (extensão 
e pesquisa) proporcionado pelo IBAMA/AM, fruto de 
uma parceria e cooperação técnica com a Universida-
de Federal do Amazonas (UFAM). Entre 1996 e 2004, 
através de projeto conjunto foram monitorados todos 
os criadouros de quelônios do estado, através de visitas 
técnicas bimestrais, nas quais eram realizadas biometria e 
pesagens dos animais, analisada a alimentação fornecida 
e recolhida informações sobre o manejo adotado e os 
gastos com o custeio da atividade. Com isso, foi pos-
sível sistematizar um roteiro mínimo sobre criação de 
quelônios, definindo tipos de instalações, densidades de 
cultivo, rações e níveis nutricionais, análise dos custos de 
produção, aspectos de sanidade e reprodução dos ani-
mais em cativeiro. Após um seminário em 2004, que re-
uniu os quelonicultores e técnicos do setor em Manaus, 
a Agência de Agronegócios do estado passou a apoiar a 
comercialização dos quelônios legalizados e exposições 
e feiras junto com pescado proveniente de cultivo ou de 
áreas de manejo, o que ajudou a divulgar e popularizar a 
venda e o consumo de quelônios de cativeiro, ajudando 
no marketing deste produto.
Além de todo incentivo e do trabalho de extensão e 
apoio técnico recebido pelos quelonicultores do Ama-
zonas, estes reuniam algumas características que, pos-
sivelmente, podem ter favorecido o sucesso de seus 
empreendimentos:
a) Proximidade do grande centro consumidor: A 
maioria dos criatórios ficava na região da metrópole Ma-
naus e municípios do entorno (90,3%) – Anízio (2009).
b) Pequenas e médias propriedades: A maioria entre 
9–35 ha (50%), com média de 22±18,4 ha. Os tanques 
variaram de 0,1 a 6,0 ha, embora a maioria estivesse 
entre 1 e 2 ha, e os berçários de 30 a 1.000 m2. A maio-
n° animais n° criadores
n°
 d
e 
an
im
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na
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cr
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çõ
es
n°
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ra
do
s
63
492.813
938.691
135
41
1
10.000
398.169
Figura 5. Número de quelônios em cativeiro e número de criadores autorizados pelo IBAMA entre 1989 e 2019. Fontes: RAN, 2006; 
Andrade, 2008; Trajano e Carneiro, 2019; IBAMA, 2019
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ria dos empreendimentos aproveitaram as barragens e 
tanques já construídos para atividade de piscicultura (An-
drade,2008).
c) Perfil sócio-econômico do criador: A maioria dos 
criadores exerciam outras atividades, sendo a queloni-
cultura uma atividade complementar. Em sua maioria 
eram comerciantes (33%) ou agricultores/produtores 
rurais (25%), com idade entre 40-59 anos (66,3%), ren-
da familiar na faixa de 5 a 10 salários mínimos (41,7%) e 
nível de escolaridade entre ensino fundamental e médio 
(58,3%). Além disso, a maioria dos criadores detinham 
conhecimentos empíricos sobre características biológi-
cas das tartarugas, como sua alimentação,reprodução e 
hábitos na natureza (Lima, 2000).
d) Sistemas de produção: a maior parte dos criatórios 
pertencia a pessoas físicas (61,5%) e que usaram recur-
sos próprios para investir. Adotaram sistemas de criação 
do tipo semi-intensivo ou extensivo (69%) consorciado 
com peixes como tambaqui, e começaram com lotes de 
1.000 a 5.000 animais (60%) – o que hoje, é conside-
rado um número pequeno para a atividade comercial e 
para criar capital de giro. 
e) Alimentação fornecida: Utilizaram subprodutos 
encontrados na região como vísceras bovinas (20%), 
resíduos de filetagem de pescado (40%), restos de fei-
ra, frutas e tubérculos (20%), sendo que apenas 20% 
forneciam ração comercial peletizada para peixe tipo 
alevinagem com 36 a 42% proteína, reduzindo dessa 
forma, os custos com alimentação (Andrade, 2008; Aní-
zio, 2009). Atualmente, 55% dos quelonicultores usam 
ração de peixe para alimentar seus animais. Nos cria-
douros que forneceram alimentação com maior teor de 
proteína animal (peixe e sobras de frigorífico e abatedou-
ros), os animais foram mais pesados do que os criados 
com proteína vegetal (verduras, frutos e ração a base de 
soja e milho) (Andrade, 2008).
f) Custos de produção e comercialização: A parti-
cipação dos custos fixos sobre os totais variou de 20 a 
25% e os custos variáveis ficaram entre 75 a 80 %. Os 
maiores custos foram com alimentação e variaram entre 
52,5 a 61% dos custos totais. O custo de produção gira 
em torno de 11 a 22% do valor de venda, sendo que 
atualmente os quelônios estão sendo comercializados 
entre R$25 a 40,00/kg de peso vivo, sendo a lucrati-
vidade estimada em 158 a 582% (Lima, 2000; Anízio, 
2009; IBAMA, 2019). Como os animais são vendidos vi-
vos, os quelonicultores tem optado por comercializarem 
animais maiores com 36 meses de cultivo (4,9 a 8,2 kg), 
com o preço médio por animal variando de R$160,00 
a R$533,00 (Garcez, 2009; Trajano e Carneiro, 2019). 
Os meses de maior venda são dezembro, março e maio 
em função das festas de Natal, fim de ano, Páscoa 
e dia das Mães. E os de menor venda são os meses 
da seca dos rios, quando quelônios capturados ile-
galmente inundam o mercado regional, competindo 
diretamente com os animais dos criatórios autoriza-
dos. Durante a enchente, ocorrem menos animais 
de tráfico (entressafra), ocasião em que os criatórios 
legalizados aumentam as vendas de suas tartarugas 
regularizadas.
A redução no número de criações de quelônios no 
Brasil foi motivada entre outros fatores pelas dificulda-
des de comercialização, falta de fomento e apoio técni-
co, e excesso burocrático. Então, após 2010, quando 
o registro e controle dos criatórios de fauna passa do 
IBAMA para os órgãos ambientais estaduais, muitos 
criadores optaram por encerrar suas atividades. Apesar, 
disso o número de animais comercializados e a pro-
dução (toneladas) aumentaram nos últimos 10 anos, 
passando de 152 para 190 toneladas neste período.
A situação da aquisição dos lotes iniciais de filhotes 
pelos criadores principiantes, que parece ser um pon-
to crítico no processo de criação, também tende a 
melhorar, com o aumento no número de nascimen-
tos de filhotes de tartarugas e tracajás nos criatórios 
Figura 6. Exemplares de tartaruga da Amazônia (P. expansa), 
a) Fêmea; b) macho. © Paulo Cesar M. Andrade
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mais antigos. Apesar, de a venda dos filhotes ainda não 
estar prevista na atual IN N°07/2015, existe o enten-
dimento pelo IBAMA de que os filhotes poderiam ser 
vendidos entre criadores autorizados para formar no-
vos plantéis de matrizes e reprodutores e para recria 
(COCFP/IBAMA, 2013).
Criação comercial de quelônios para 
o mercado pet:
Apesar da alta demanda do mercado mundial e na-
cional por filhotes de quelônios como animais de esti-
mação (pet), no Brasil, o registro de criações comer-
ciais com essa finalidade está suspenso desde 2002. 
Mesmo com a publicação da Resolução Conama Nº 
394/2007 que estabelecia critérios e competências 
para a publicação da lista de animais da fauna silvestre 
nativa, que poderiam ser criados e comercializados 
como animais de estimação, até hoje, essa lista não 
foi publicada (Trajano e Carneiro, 2019). Dessa for-
ma, apenas os criatórios que foram autorizados antes 
de 2002 é que ainda podem atender a esse merca-
do. Até 2001, haviam cinco (5) criatórios comerciais 
de jabutis (Chelonoidis carbonaria e C.denticulata) 
e um de tigre d’água brasileiro (Trachemys dorbigni). 
Atualmente, existem registrados no IBAMA ape-
nas quatro (4) criações comerciais de jabutis, com 
um plantel de 2.752 animais, e uma criação de tigre 
d’água, com um plantel de 2.620 animais. Entre 2015-
2018, esses criadores comercializaram 5.713 jabutis 
(R$120,4/ animal) e 11.628 tigres d’água (R$134,59/
animal) (Trajano e Carneiro, 2019).
A possibilidade legal de comercializar os filhotes 
de quelônios não só para novos criadores registrados, 
mas também para venda como animais de estimação 
(pet) poderia ser uma potencial opção de renda para 
os quelonicultores.
Figura 7. a) Ninhos de tartarugas da Amazônia transferidos para “chocadeira” na criação Bicho de Rio, em Iranduba/AM; b) Arra-
çoamento de matrizes de tartaruga. © Paulo Cesar M. Andrade
A.
B.
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nascimentos vendas (n°)
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produção (T)
19.546
33.898
37.913
41.167
n°
 d
e 
an
im
ai
s
To
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la
da
s 
(T
)
Figura 8. Número de filhotes (Podocnemis expansa e P. unifilis) nascidos em cativeiro, número de animais comercializados e produção 
em toneladas das criações comerciais de quelônios no Brasil entre 1990 e 2019. Fontes: Garcez, 2009; Trajano e Carneiro, 2019; 
IBAMA, 2019.
Figura 9. Despesca de tartarugas de lotes comerciais em tanques da criação Bicho de Rio, Iranduba/AM.
© Paulo Cesar M. Andrade
Consulte as referências bibliográficas em
www.aquaculturebrasil.com/artigos
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A.
Considerações 
finais:
A criação comercial de 
quelônios no Brasil, é uma 
atividade que pode comple-
mentar a renda de peque-
nas e médias propriedades, 
integradas à outros cultivos 
aquícolas, atendendo a um 
mercado regionalizado (Ama-
zônia) ou gourmet, com alta 
lucratividade, desde que, se-
jam atendidas as exigências 
de alimentação, instalações e 
técnicas de manejo adequadas.
Apesar da redução no 
número de criatórios em ati-
vidade no País, o número 
de vendas e a produção em 
toneladas tem aumentado, 
alavancados, principalmente, 
pelo estado do Amazonas, 
que possui o maior número 
de criadouros e o maior plantel 
de quelônios em cativeiro. Isso, em função de uma polí-
tica de incentivos, parcerias para assistência técnica, gera-
ção de conhecimentos científicos sobre a atividade e pela 
alta demanda de carne de quelônios pelo mercado local.
Também houve um aumento na produção de filho-
tes, que poderão ser utilizados para recria e engorda nas 
criações, que agora são em sua maioria de ciclo fechado, 
ou repassados para novos criadores. Outra possibilidade, 
muito aguardada pelos quelonicultores, seria a comercia-
lização dos excedentes desses filhotes no mercado pet.
Estudos de potencial mercado e da viabilidade econô-
mica da criação devem ser realizados a fim de se evitar pro-
blemas com a comercialização do produto, que foi o maior 
fator de desistência da atividade.
Entre os principais entraves encontrados por quem 
quer criar quelônios podemos destacar: 1) Falta de mais 
técnicos especializados na criação de quelônios; 2) Divul-
gação e popularização dos conhecimentos técnico-cien-
tíficos e sua extensão aos quelonicultores; 3) Indefinição 
entre os órgãos estaduais sobre a quem caberiaatender o 
criador de animais silvestres (Secretaria de Produção Rural 
ou de Meio Ambiente); 4) Adoção de políticas de incenti-
vo, fomento e assistência técnica pelos estados interessa-
dos em desenvolver essa atividade; 5) Reconhecimento 
e normatização da metodologia de abate pelo Ministério 
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; 6) Organização 
da comercialização, divulgação e marketing;. 7) Organiza-
ção dos quelonicultores em associações ou cooperativas; 
8) Necessidade dos órgãos ambientais tornarem mais ágil 
e eficiente as atividades que envolvem desde o registro 
do criador até a comercialização (faltam mais técnicos 
e recursos para a realização de todas as vistorias).
Figura 10. a) Biometria de fêmea adulta de tartaruga da Amazônia (P. expansa); b) Lacre do 
IBAMA aplicado a tartaruga (P. expansa) para a venda.© Paulo Cesar M. Andrade
B.
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O IABS nasceu em 2003, a partir de um grupo de pessoas diferentes entre si, mas com um objetivo comum: um novo mo-
delo de desenvolvimento, mais justo e sustentável. Os 
primeiros projetos estiveram 
voltados para a área da Pesca 
– ou melhor, para as comuni-
dades pesqueiras e os recursos 
naturais envolvidos. Entretanto, 
com a amplitude dos desafios 
e a maturidade que o Institu-
to adquiriu, a partir de 2006, 
começaram a atuar em outras 
áreas, com destaque para o Tu-
rismo, o Desenvolvimento Rural 
e o Fortalecimento Institucional. 
Naquela época, a parceria com 
a Agência Espanhola de Coo-
peração Internacional para o 
Desenvolvimento e as relações 
estabelecidas com diferentes 
atores foram fundamentais para 
consolidar e ampliar essa atua-
ção, o que contribuiu para o 
crescimento e aprendizado em 
diferentes áreas de cooperação 
para o desenvolvimento. 
Em 2015, o IABS já tinha executado ações em mais 
de 200 projetos com investimentos de diversos parcei-
ros nacionais e internacionais. O trabalho se dividia em 
núcleos que refletiam suas principais vocações: Meio 
Ambiente e Áreas Protegidas; Turismo Sustentável; 
Aquicultura e Pesca Sustentáveis; 
Desenvolvimento Rural e Tec-
nologias Sociais; Diálogo Social e 
Gestão de Conflitos; e Coopera-
ção e Fortalecimento Institucional, 
onde, futuramente, passou a virar 
programas dentro de perspectivas 
atuais: “Cidade Inclusiva”, “De-
senvolvimento Rural Sustentá-
vel” e “Inserção Socioprodutiva”. 
Também fortalecendo parcerias 
estratégicas, nacionais e interna-
cionais, que complementam e so-
mam esforços em prol de objeti-
vos e desafios ainda mais amplos. 
Hoje, uma das frentes tra-
balhadas pelo IABS é o Núcleo 
de Aquicultura e Pesca, cujos 
especialistas trabalham com 
objetivo de atingir os três prin-
cipais pilares que regem a sus-
tentabilidade: econômico, social 
e ambiental, fazendo com que coexistam e traba-
lhem entre si de forma plenamente harmoniosa.
 
 O IABS nasceu em 
2003, a partir de um 
grupo de pessoas 
diferentes entre si, 
mas com um objetivo 
comum: um novo modelo 
de desenvolvimento, 
mais justo e 
sustentável.
Aquicultura e Pesca 
Sustentáveis no Instituto 
Brasileiro de Desenvolvimento 
e Sustentabilidade (IABS): 
Atuais avanços socioprodutivos
André Macedo Brugger*, Lucas Gomes Mendes, Marco Dellian Zanetta, Luís Tadeu 
Assad e Filipi Andrade 
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS)
Núcleo de Aquicultura e Pesca Sustentáveis
Brasília, DF
*ambrugger@iabs.org.br
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Os Projetos de Aquicultura e 
Pesca
Ostras depuradas de Alagoas
Por meio do Projeto, as ostras são movi-
mentadas de uma ponta a outra da cadeia 
produtiva, fortalecendo-a e gerando renda e 
trabalho aos(às) produtores(as) envolvidos(as). 
O cultivo reduz a pressão ambiental do extra-
tivismo sobre os estoques naturais da espécie 
e promove a preservação do ambiente. Gra-
ças à salvaguarda dos estuários, o turismo de 
base comunitária vem ganhando cada vez mais 
espaço na renda das comunidades envolvidas. 
Atualmente, beneficia cerca de 100 famílias di-
vididas em cinco comunidades no litoral de Ala-
goas. O modelo de gestão é participativo, com 
comitê gestor formado pelos(as) líderes das 
associações e entidades locais que participam 
das decisões do projeto. É importante desta-
car o protagonismo feminino observado na produção de ostras, 
tendo em vista que 65% dos(as) beneficiários(as) são mulheres, 
e todas as associações têm mulheres nos cargos de liderança e 
organização comunitárias.
Camarão do 
Sertão
O IABS, junto a 
Companhia de De-
senvolvimento dos 
Vales do São Fran-
cisco e do Parnaíba 
(CODEVASF), tem 
o objetivo de imple-
mentar os serviços 
de instalação, mon-
tagem e operaciona-
lização de unidade 
de observação e de-
monstração (UOD) 
de cultivo do cama-
rão branco do pacífi-
co (Litopenaeus vannamei) em água doce, do rio São Francisco, e de poços salobros nos municípios de Petrolina, 
Cabrobó e Petrolândia - PE. Atualmente, o projeto encontra-se na fase Petrolina, onde já foram instalados dois 
berçários de 20 m³ cada; revestimento de geomembrana em dois tanques escavados, totalizando uma área 
de cultivo de 2.000 m²; sistema de aeração composto por sopradores de ar e mangueiras porosas; sistema de 
geração de energia elétrica; e um sistema de monitoramento remoto da temperatura e do oxigênio dissolvido 
na água do ambiente de cultivo do berçário.
 Foto © IABS
 F
ot
os
 ©
 IA
BS
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Melhoria da Pesca do Pargo no Norte do Brasil
Projeto que visa obter a certificação 
MSC (Marine Stewardship Council) da 
pesca sustentável do Pargo no Norte do 
Brasil. Após ter sido submetida a uma 
pré-avaliação sob o standard da MSC 
em 2014, foi revelada inconformidade 
em 16 dos 28 indicadores. Para mitigá-
-los, surgiu o FIP, que conta com apoio 
do setor privado (importadores, arma-
dores e cooperativas de pescadores), 
dos governos (local e nacional), da aca-
demia (Universidades) e do terceiro se-
tor (Ongs e Oscips). O Projeto adotou 
a plataforma FisheryProgress.org para 
seguir o BMT (Benchmarking Tracking 
Tool), ou seja, a ferramenta de monito-
ramento e acompanhamento de Projeto 
proposto pela MSC.
Pesca de Valor
Em decorrência do derrama-
mento de óleo que atingiu o litoral 
nordeste do Brasil no final de 2019, 
o consumo de frutos do mar caiu 
drasticamente diante da descon-
fiança e insegurança de seus con-
sumidores acerca da contaminação 
que o óleo pode causar aos pesca-
dos, principalmente moluscos, visto 
que são seres filtradores. Diante 
desse cenário totalmente desfavo-
rável à comunidade pesqueira de 
Itapissuma, Pernambuco, surgiu a 
proposta do Projeto Pesca de Va-
lor, firmado com a parceria entre 
a Agência de Desenvolvimento 
Econômico de Pernambuco (AD 
DIPER) e o Instituto Brasileiro de 
Sustentabilidade (IABS). O objetivo 
é auxiliar a comunidade pesqueira 
local a ter acesso a mais conheci-
mento, alcançar novos níveis de 
qualidade

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