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Teoria da Contabilidade 1ª edição 2017 Teoria da Contabilidade Presidente do Grupo Splice Reitor Diretor Administrativo Financeiro Diretora da Educação a Distância Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Gestora do Instituto da Área da Saúde Gestora do Instituto de Ciências Exatas Autoria Parecerista Validador Antônio Roberto Beldi João Paulo Barros Beldi Claudio Geraldo Amorim de Souza Jucimara Roesler Henry Julio Kupty Marcela Unes Pereira Renno Regiane Burger Deiseane Veiga Moreira Mariliza Rech Nardéli Alves Paulo Ricardo Bastos de Menezes Rafaela Pereira Rafael Mathias Robsney Gonçalves *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 44 Sumário Unidade 1 Origem e Evolução da Contabilidade ..........................6 Unidade 2 Objetivos da Contabilidade ........................................26 Unidade 3 Teorias das Contas .......................................................44 Unidade 4 Classificação das Contas .............................................64 Unidade 5 Contas Redutoras e Informações Adicionais ............81 Unidade 6 Contas Patrimoniais ....................................................98 Unidade 7 Contas de Resultado e Ajuste dos Resultados Contábeis ....................................................................113 Unidade 8 Escrituração Contábil ................................................130 5 Palavras do professor Caro aluno, seja bem-vindo à disciplina Teoria da Contabilidade. Você deve estar se questionando: “Afinal, qual a importância dessa disciplina para a minha carreira e vida profissional? ” Para escolher o curso de Ciências Contábeis, você se baseou nas suas expe- riências e afinidades, no que almeja para o seu futuro, na sua própria his- tória de vida etc. Esse desejo de se tornar um profissional da área contábil, seja um analista, contador, gestor, auditor, perito, professor ou pesquisador, motiva você a estar, neste momento, lendo esse material da disciplina. Essa relação que agora estabelecemos de compartilhar o conhecimento se dá cotidianamente dentro e fora da faculdade, mediada presencialmente ou virtualmente. Vai além, pois ocorre na nossa relação com a sociedade, quando recebemos e geramos informações. Assim, como somos partes interessadas, usuários internos, também fornecemos informações para os usuários externos, como quando movimentamos a nossa conta ban- cária, por exemplo. A contabilidade está presente de diversas formas no nosso cotidiano, mesmo quando não pensamos nela. A disciplina Teoria da Contabilidade está dividida em oito unidades de aprendizagem. Iniciamos agora esse estudo pela Origem e Evolução da Contabilidade e, ao final, você saberá responder às seguintes questões: Quais influências a contabilidade sofreu? Quais acontecimentos foram capazes de direcioná-la até onde estamos hoje? Quais são seus objetos e objetivos? De que forma se estruturou? Que teorias a fundamentam? Quais são e como se classificam as contas? O que é a escrituração contábil? Essa disciplina trata do desenvolvimento da contabilidade enquanto ciên- cia. Vamos nos conectar às nossas raízes, que nos mostrarão que a histó- ria mundial está diretamente relacionada ao desenvolvimento dessa tão importante e antiga ciência. Você entenderá que esse aprendizado não se limita ao espaço escolar e que ele proporcionará uma base de conheci- mento importante para sua trajetória de vida. Bons estudos! 6 1Unidade 1 Origem e Evolução da Contabilidade Para iniciar seus estudos Você está iniciando o estudo da primeira unidade da disciplina Teoria da Contabilidade. Preparado para começarmos essa jornada de conhe- cimento? Esta unidade versa sobre a origem da contabilidade. Você vai conhecer o método das Partidas Dobradas, o Tratado de Luca Pacioli e o objeto da contabilidade, além de conhecer as principais escolas que a desenvolveram: a europeia e a americana (anglo-saxônica). Encer- raremos a unidade estudando a contabilidade no Brasil, apresentando seus princípios, suas convenções e as Leis nº 6.404/1976, 11.638/2007 e 11.941/2009.Todos esses conhecimentos serão importantes para a melhor compreensão das futuras disciplinas a serem cursadas e servi- rão como base para o aprendizado que você está construindo a partir de agora sobre o tema. Então, vamos lá? Objetivos de Aprendizagem • Estudar a origem da contabilidade antes da existência da moeda, da escrita e dos números; • Conhecer as escolas americanas e europeias; • Compreender o método das Partidas Dobradas e suas particula- ridades; • Conhecer o tratado de Luca Pacioli; • Conhecer a escola anglo-saxônica; 7 • Conhecer e compreender o objeto da contabilidade no Brasil: informações estruturadas (econômico-financeira e física), usuá- rios internos e externos (stakeholders), entidades contábeis e prin- cípios e convenções contábeis; • Conhecer a Lei nº 6.404 de 15 de dezembro de 1976, Lei nº 11.638 de 2007 e Lein° 11.941 de 2009. 8 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade 1.1 Origem da Contabilidade Podemos dizer que a origem da contabilidade se iniciou com o homem primitivo, quando no tempo paleolítico começou a fabricar seus instrumentos de caça e armazenar alimento, controlando a quantidade de itens que possuía. Com o desenvolvimento das primeiras civilizações o homem deu início ao processo da agricultura e agropecuária, uma forma de controlar seu rebanho era fazer a contagem de cabeças e separar a mesma quanti- dade em pedras, no próximo ano, contava novamente e comparava com as pedras assim sabia se o seu patrimô- nio havia aumentado ou diminuído. Figura 1.1 - Inventário contábil. Legenda: A figura expressa marcas na pedra, simbolizando o crescimento ou a redução de patrimônio. Fonte: Plataforma Deduca (2017). A evolução da contabilidade foi de maneira lenta, pois ela acompanhou a evolução do homem durante a história, estando associada às primeiras manifestações humanas e a necessidade de controle e proteção à posse do que tinham, com as civilizações se organizando e surgindo as primeiras sociedades, o fato de delimitar o que era de cada um, deu inicio ao processo de separatividade e senso de propriedade, assim cada pessoa criava a sua própria riqueza, Com o surgimento das propriedades, algumas pessoas trocavam seus produtos com outras pessoas e produtos na qual tinham interesses aí davam o inicio ao comércio, neste período o controle da contabilidade sobre Bens Direitos e Obrigações se iniciava mesmo sem moeda de troca, quando alguém morria esta pessoa deixava o que tinha como herança para os filhos ou parentes assim, surgiu a termologia patrimônio, a herança recebida. Durante a idade média, por volta de 1.202 da era crista também aconteciam vários fatos em relação á contabili- dade, como a descoberta do conceito do zero, da álgebra e aritméticas. Com a pratica maior do comércio em torno de 1340 surgiu à primeira obra sobre costume comercial escrito por Francesco diBalduccioPegalotti e, que foi uma das obras que contribuíram consideravelmente para a Contabi- lidade, e em 1458 BenedettoCotrugli lança Della mercatura et del mercante perfeito, considerado um manual para práticas comerciais, sendo uma obra importante antes da teórica de Luca Pacioli. 9 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade As Cruzadas, realizadas do final do século XI ao século XIII, proporcionaram o desenvolvimento do comércio, em especial entre as cidades da Europa e o Oriente, pois houve grande desenvolvimentos nas atividades mercantis, econômica e cultural, principalmente nas cidadesitalianas. Nos séculos seguintes, passando pelo período Medieval que foi em torno dos séculos XII e XIV, o período Moderno, por volta dos séculos XV e XVII até os dias atuais onde teve o desenvolvimento das escolas americanas Como consequência da riqueza acumulada, a negociação individual deu lugar ao comércio, por meio de repre- sentantes e associações. Existia a chamada sociedade silenciosa (commenda), em que o sócio inativo (commen- dator) fornecia o capital ao sócio ativo (tractator) como forma de empréstimo. Para a contabilidade, a sociedade representou a separação da entidade (firma) e das pessoas (seus proprietários). Baseado nos estudos de Iudícibus; Marion; Faria (2009), entende-se que o resultado dos períodos era computado pela diferença entre os patrimônios líquidos por datas distintas, gerando uma espécie de Balanço Geral. Por isso, é dito que as demonstrações contábeis finais surgiram antes dos processos sistemáticos de registro. De forma resumida, podemos dizer que a contabilidade nasceu e evoluiu em decorrência de vários eventos ao longo da história mundial, como o descobrimento de novos continentes, e da evolução da sociedade, como a escrita, a aritmética, o uso da moeda e o desenvolvimento do conceito de propriedade privada, de crédito e de acumulação de capital. De acordo com Hendriksen; Breda (2012) destaca a importância do empreendimento conjunto e da empresa como sociedade para a criação do conceito de entidade contábil e de cálculo dos lucros. 1.2 O Método das Partidas Dobradas e o Tratado de Luca Pacioli O método das partidas dobradas, foi criado por um frei professor de matemática chamado Luca Pacioli, sendo a maior evolução da contabilidade pois, esta teoria é praticado até hoje. Seu conceito consiste em que para cada débito deve-se existir um ou mais créditos correspondente ou ao inverso para um crédito, um ou mais débitos desde que sempre exista uma igualdade. Então o que isto significa? Imagina, você compra um celular no valor de R$ 1.000,00 e paga 50% a vista e 50% a prazo, na contabilidade pelo método das partidas dobradas você deve reconhecer a aquisição do novo bem, a saída do caixa e o compromisso do pagamento. Portanto aplicando o método das partidas dobradas esses fatos ficam da seguinte maneira: Quadro 1.1 - Exemplo do Método das Partidas Dobradas D: Bem adquirido Celular (Ativo) R$ 1.000,00 C: Saída de dinheiro Caixa (Ativo) R$ 500,00 C: Reconhecimento do Compromisso - divida (Passivo) R$ 500,00 Legenda: Representação da aplicação do método das partidas dobradas Fonte: Elaborado pelo autor 2017, adaptado de Iudícibus, 2010, p.44. 10 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade No exemplo, os lançamos são um débito para dois créditos. Mas a situações em que a escrituração pode ter vários débitos e um credito e vários créditos e vários débitos, conforme os exemplos abaixo: D: Caixa R$ 1.000,00 D: Imóveis R$ 30.000,00 C: Capital Social R$ 31.000,00 Legenda: Representação da aplicação do método das partidas dobradas Fonte: Elaborado pelo autor 2017, adaptado de Iudícibus, 2010, p.44. D: Caixa R$ 1.000,00 D: Imóveis R$ 60.000,00 C: Capital Social R$ 31.000,00 C: Financiamento R$ 30.000,00 Legenda: Representação da aplicação do método das partidas dobradas Fonte: Elaborado pelo autor 2017, adaptado de Iudícibus, 2010, p.44. Mas, sempre os valores totais dos débitos devem ser iguais aos valores totais dos créditos. Ao analisar na prática como é o conceito deste método vamos conhecer um pouco mais como ele surgiu? Os primeiros sistemas de escrituração por partidas dobradas (débito e crédito) foram identificados em centros comerciais do norte da Itália, nos séculos XIII e XIV, e eram utilizados por grandes empreendimentos. De acordo com Hendriksen; Breda (2012), o primeiro registro de um sistema completo desse tipo de escrituração data do ano de 1340, na cidade de Gênova. No entanto, foram encontrados registros de sua utilização, de forma parcial, em períodos anteriores, compreendidos entre 1280 e 1335, conforme Iudícibus (2015). Figura 1.2 - Evolução da contabilidade. Legenda: A figura mostra um navio, simbolizando a viagem. Fonte: Plataforma Deduca (2017). 11 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade Apesar de as partidas dobradas já serem utilizadas na época, somente no período da Renascença é que o frei franciscano Luca Pacioli, professor e estudante de matemática, efetuou a codificação da contabilidade e no ano de 1494, foi publicado o livro de Pacioli chamado “Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et Proportio- nalitá”, que em português signifca Coleção de conhecimentos de aritmética, geometria, proporção e propor- cionalidade que, embora fosse uma obra matemática, trazia uma seção denominada “Particularis de Computis et Scripturis”. A obra marcou o início do pensamento científico da contabilidade, porque trazia descrito, pela primeira vez,o sistema de escrituração por Partidas Dobradas e o raciocínio utilizado para os lançamentos con- tábeis, por conta desta obra de Pacioll iniciou um período de dominação das escolas de contabilidade europeias, mais adianta as escolas américas tomaram este espaço conforme a evolução do mercado de capitais, trazendo novos conceitos para contabilidade, o fato mais importante é que mesmo assim o método das partidas dobradas de Paciolli se manteve. 1.3 Escolas Europeia e Americana A contabilidade evoluiu ao longo do tempo, dominando o cenário contábil até o início do século XX, e foi cha- mada de Escola Europeia. O sistema contábil oriundo dessa escola é chamado de modelo Europa Continental e é adotado por países como França, Alemanha, Itália, Japão, Bélgica, Espanha, países da Europa Oriental (países comunistas) e pela maior parte dos países da América do Sul. Com a ascensão e o desenvolvimento dos EUA, a partir dos anos 1920, as práticas contábeis norte-americanas sobressaíram-se, dando origem à Escola Americana. O sistema contábil proveniente dessa escola é chamado de modelo Anglo-Saxônico e é adotado por países como Grã-Bretanha (Inglaterra, País de Gales, Irlanda e Escócia), Austrália, Nova Zelândia, EUA, Índia, Canadá, Malásia, África do Sul e Singapura. 1.3.1 Escola Europeia Antes da publicação da obra de Pacioli, outros trabalhos foram escritos sobre práticas comerciais, como “Liber Abaci”, de Leonardo Fibonacci, em 1202. A obra trata de cálculos comerciais e é considerada um delimitador entre a Contabilidade Antiga e a Medieval. Outra obra foi “La pratica della mercatura”, de 1340, escrita por Fran- cesco di Balduccio Pegolotti, que era uma análise da evolução da contabilidade, de uso e costumes comerciais, conforme apresenta Iudícibus (2015). A partir do século XIII até o início do século XVII, cidades da Europa, como as italianas Veneza, Gênova e Florença, tiveram aumentos das atividades mercantis, econômica e cultural. A contabilidade evoluiu com o método das Partidas Dobradas no século XIII, que culminou com a publicação do Tratado de Pacioli no final do século XIV, tendo sua disseminação pelos demais países da Europa durante o século XV. O período seguinte da evolução da contabilidade se deu somente no século XIX e foi denominado de científico, onde a teoria contábil avançou em relação às necessidades e complexidades das sociedades. Os principais auto- res deste período eram italianos, como podemos verificar no quadro abaixo: 12 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade Quadro 1.2 - Escola Europeia no século XIX. Niccolo D’Anastasio, em 1803 Demonstração do caráter científico da contabilidade. Giuseppe Ludovico Crippa, em 1838 Precursor da teoria econômica das contas. Francesco Villa, em 1840 Início da contabilidade científica. Francesco Marchi, em 1867 Teoria personalista das contas. Giuseppe Cerboni, em 1886 Considerada uma obra-prima da contabilidade. Fábio Besta, em 1891 A contabilidade como ciência do controle econômico.Besta é considerado por muitos autores o primeiro e maior contador moderno. Desenvolveu a teoria materialista das contas, contrária ao trabalho personalístico de Marchi e Cerboni. Legenda: Resumo da escola europeia no século XIX. Fonte: Iudícibus (2015). No entanto, críticas foram vinculadas à escola europeia, dentre elas: falta de pesquisas indutivas; direcionamento para a contabilidade como ciência em detrimento às necessidades dos usuários da informação, uso exagerado das Partidas Dobradas prejudicando a flexibilidade necessária à gestão contábil, não aplicabilidade de teorias propostas, queda no nível do ensino e falta de ênfase na confiabilidade e importância da auditoria, dessa forma, com o passar do tempo à escola italiana perdeu força, e esse fato ocorreu devido aos excessivos trabalhos teóri- cos e à falta de aplicação e comprovação de suas ideias. Dentre os demais europeus, foram destaques os alemães que, assim como os italianos, difundiram a contabili- dade como elemento fundamental no controle dos bens das atividades produtivas e comerciais, e estas não ser- viam mais somente para registros, e sim como importante instrumento para a gestão. Já aos ingleses, atribui-se uma excelente tradição no desenvolvimento da auditoria. 1.3.2 Escola Americana No início do século XX, os EUA cresceram em um ritmo acelerado, apresentando o surgimento de grandes corpo- rações e um grande desenvolvimento no mercado de capitais, além da revolução industrial que contribuiu para desenvolvimento das empresas e a necessidade de criar novos métodos de controle e aperfeiçoamento da con- tabilidade. Esse desenvolvimento, aliado à herança da Inglaterra no campo da auditoria, favoreceu a evolução das teorias e práticas contábeis pela escola americana, Entretanto, esse cenário mudou com a quebra da Bolsa, em 1929. Dessa forma, a partir de 1930, houve um maior envolvimento do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) para a padronização da linguagem contábil e o desenvolvimento dos princípios contábeis. Segundo Iudícibus (2015), o objetivo era facilitar a comparabilidade das demonstrações financeiras e fortalecer a contabilidade como fonte confiável de informações gerencial e social. A participação das associações profissionais no desenvolvimento da contabilidade, tanto no caráter prático como no teórico, promoveu a expansão da contabilidade gerencial em relação à qualidade da informação. Por um lado, facilitou para a contabilidade gerencial o planejamento, o controle e a avaliação de desempenho e a tomada de decisões dos usuários internos e, por outro, proporcionou um progresso da contabilidade financeira e da análise dos relatórios contábeis, tanto por usuários internos, quanto por usuários externos, de acordo com Iudícibus; Marion; Faria (2009). 13 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade Figura 1.3 - Escola Europeia. Legenda: A figura expressa o desenvolvimento da auditoria na contabilidade norte-americana. Fonte: Plataforma Deduca (2017). Conforme Iudícibus, (2015), dentre as críticas à escola americana, podemos citar: pouca importância à sistema- tização dos planos de contas, dificuldade no entendimento das publicações (porque não há uma ordenação dos tópicos por grau de importância) e pouco tratamento de problemas inflacionários nas normas contábeis até os anos 1970. A princípio, a contabilidade americana tem como foco a tomada de decisões, preocupando-se primeiramente com o usuário da informação contábil, para, então, dar ênfase aos relatórios contábeis e, depois, aos lançamen- tos. Diferentemente da escola europeia, que dedicava atenção especial ao contexto do conhecimento humano, a escola americana tem como destaque o contexto administrativo e o tratamento de problemas econômicos. A escola norte-americana evoluiu no campo das pesquisas profissionais e normatizou as técnicas para o trabalho contábil. Criou várias comissões de fiscalização e a obrigatoriedade de avaliação por um profissional de auditoria, além da emissão de parecer sobre as demonstrações financeiras. De acordo com Iudícibus; Marion; Faria (2009), considera-se que a escola americana evoluiu graças às associações criadas, ao engajamento, à valorização, à padronização, à regulação governamental e à autorregulação das empresas. 14 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade Quadro 1.3 - Escola Europeia vs. Escola Americana. Algumas Razões da Queda da Escola Europeia especificamente italiana) Algumas Razões da Escola Norte-americana 1. Excessivo culto à personalidade: 1. Ênfase no usuário da informação contábil: Grandes mestres e pensadores da contabilidade ganharam tanta notoriedade que passaram a ser vistos como “oráculos” da verdade contábil. A contabilidade é apresentada como algo útil para a tomada de decisões, evitando-se endeusá-la demasiadamente. Atender os usuários é o grande objetivo. 2. Ênfase na contabilidade teórica: 2. Ênfase na contabilidade aplicada: As mentes privilegiadas produziam trabalhos excessivamente teóricos, apenas pelo gosto de serem teóricos, difundindo ideias com pouca aplicação prática. Principalmente na contabilidade gerencial. Ao contrário dos europeus, não havia uma preocupação com a teoria das contas em provar que a contabilidade era uma ciência. 3. Pouca importância à auditoria: 3. Bastante importância à auditoria: Principalmente na legislação italiana, o grau de confiabilidade e a importância da auditagem não eram enfatizados. Como herança dos ingleses e transparência para os investidores das Sociedades Anônimas (e outros usuários) nos relatórios contábeis, a auditoria é muito enfatizada. 4. Queda do nível das principais faculdades: 4. Universidades em busca de qualidade: Principalmente as faculdades italianas, superpovoadas de alunos. Grandes quantias para as pesquisas no campo contábil, a dedicação exclusiva do professor e o aluno em período integral valorizando o ensino nos Estados Unidos. Legenda: Comparativo das escolas europeia e americana. Fonte: Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 15). Em resumo, segundo Iudícibus; Marion; Faria (2009), a escola europeia tem uma visão mais abrangente da conta- bilidade, com conceitos e teorias que visam a todos os ramos e a define como a ciência do controle patrimonial. Já a escola americana é mais objetiva e tem como foco a transmissão da informação econômica e a contabilidade para usuários externos. 1.4 A Contabilidade no Brasil A escola italiana influenciou a base contábil brasileira. A primeira escola brasileira especializada em contabili- dade foi a Escola de Comércio Álvares Penteado, em 1902. No entanto, conforme Iudícibus (2012), alguns anos antes a Escola Politécnica de São Paulo já incluía a disciplina de Escrituração Mercantil no seu currículo. No ano de 1945, por ocasião da Lei nº 7.988, foram criados o curso de Ciências Contábeis de nível superior e o técnico de nível médio. Em 1946, foi fundada a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP, com o curso de Ciências Contábeis e Atuariais. Assim, teve início no Brasil o primeiro núcleo de pesquisa contábil, com professores dedi- cados ao ensino e à pesquisa em tempo integral, segundo Iudícibus (2015). 15 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade Com o passar dos anos, à medida que investimentos internacionais foram realizados no país, a base italiana ini- cial foi revertida para a escola americana. Parte por influência de empresas internacionais de auditoria indepen- dente de origem americana que aqui se instalaram. Da mesma forma, de acordo com Iudícibus (2012), as filiais e subsidiárias de empresas estrangeiras instaladas aqui também influenciaram. No ano de 1964, a faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP adotou o método didático norte- -americano, difundindo assim o novo enfoque, o que influenciou os novos profissionais. Também nesse período,foram aprofundados estudos e geradas pesquisas sobre a contabilidade e o problema das flutuações de preços. A partir daí, surgiu a escola de correção monetária, que constitui uma contribuição substancial à escola brasileira de contabilidade, segundo Iudícibus (2012). Seguindo a mesma influência, a legislação comercial brasileira, que era de inspiração europeia, passou a adotar uma filosofia norte-americana, após a Resolução nº 220 de 1972 e da Circular nº 179 do Banco Central. Já em 1976, baseando-se em Iudícibus (2015), com a promulgação de Lei das Sociedades por Ações, foi reconhecida a influência norte-americana nos padrões de contabilidade brasileira, estando esses dispositivos legais de acordo com as normas de avaliação e de padronização das demonstrações contábeis. 1.4.1 Informações Estruturadas Podemos considerar que o objetivo da contabilidade é fornecer informação estruturada de natureza econômica e financeira e, de forma complementar, física, produtiva e social, tanto aos usuários internos, quanto aos externos. O objeto da contabilidade (stakeholders) é o patrimônio, onde estuda suas variações, e para que seja analisando as modificações quanto ao patrimônio, é necessário a coleta de informações referente às operações, conforme Iudícibus; Marion; Faria (2009), quando falamos de informação estruturada, significa que a contabilidade viabi- liza um sistema esquematizado e planejado de informações, e não de forma aleatória e dispersa. Estas informações são as operações da entidade que são estudadas pela ciência contábil e organizadas e clas- sificadas por um manual de contas chamado plano de contas onde organiza as informações para assim gerar as demonstrações contábeis a seus usuários, que as principais e mais utilizadas são: • Balanço Patrimonial, que demonstra a posição do patrimônio em um determinado momento e posição de saldos das contas; • Demonstração de Resultado do Exercício, que demonstra os fluxos econômicos e os lucros ou prejuízos; • Demonstração de Fluxo de Caixa que apresenta os fluxos financeiros. Para os usuários internos, além dos mesmos relatórios utilizados pelos usuários externos, são necessários outros que são tratados pela contabilidade gerencial e, muitas vezes, são desenvolvidos em decorrência desses primei- ros, de forma que facilite ao gestor a tomada de decisão. 1.4.2 Entidades Contábeis 16 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade Existem entidades responsáveis por regular e normatizar a contabilidade no Brasil e internacionalmente. As prin- cipais no Brasil são: Quadro 1.4 - Entidades reguladoras e normativas da contabilidade no Brasil. Legenda: Entidades reguladoras e normativas. Fonte: CFC (2017). O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) tem, dentre suas finalidades, orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil no Brasil, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs) de cada estado brasileiro e no Distrito Federal (CFC, 2017). O Conselho Regional de Contabilidade (CRC) é uma Associação de Classe formada por contadores e técnicos contábeis eleitos em cada estado brasileiro e no Distrito Federal. É responsável pelo registro e pela fiscalização do exercício da profissão contábil e das empresas de serviços contábeis a nível estadual, trabalhando em conjunto com CFC (CRCRS, 2017). O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado em outubro de 2005, por meio da Resolução nº 1.055/05. O CPC é composto por representantes de diversas associações e entidades brasileiras: ABRASCA, API- MEC Nacional, BOVESPA, CFC, FIPECAFI e IBRACON. Dentre suas atribuições, estão: promover a convergência internacional das normas contábeis, que implicaria uma redução no custo da contabilidade e no risco; centralizar a emissão de normas contábeis; e ter uma representação e processos democráticos na emissão das informações (CPC, 2017). Além desses órgãos, no Brasil são atuantes nas normatizações contábeis: o Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Banco Central (BC) e a Receita Federal. Quanto às princi- pais entidades responsáveis por regular e normatizar a contabilidade internacionalmente, temos: O International Accounting Standards Board (IASB) e a International Federation of Accountants (IFAC). 17 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade Considerando o grande número de empresas de origem estrangeira que atuam no Brasil, o que você pensa que aconteceria se não houvesse essas mudanças nas normas e legislações contábeis brasileiras de adaptação às normas internacionais de contabilidade? 1.4.3 Princípios e Convenções Contábeis Os Princípios Contábeis são os conceitos básicos que devem orientar a profissão contábil em relação aos obje- tivos da contabilidade. Eles consistem em apresentar a informação estruturada para os usuários, de acordo com Iudícibus; Marion; Faria (2009). Desde as alterações promovidas pelas Leis nº 11.638/07 e 11.941/09, a contabilidade brasileira vem passando por mudanças significativas, e o objetivo é a conversão das normas brasileiras aos padrões internacionais. Dessa forma, a partir de 1º de janeiro de 2017, os Princípios de Contabilidade, sob o ponto de vista da estrutura concei- tual, passaram a ser comportados dentro da NBC TG Estrutura Conceitual (Resolução nº 1.374/2011) e dentro da NBC TSP EC. O que ocorreu foi uma diluição dos princípios nos diversos CPCs, e não uma extinção, de acordo com a publicação do próprio CFC (CFC, 2017). Seguem, então, os Princípios Contábeis: O Princípio da Entidade reconhece o patrimônio como objeto da contabilidade e afirma a autonomia patrimo- nial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, inde- pendentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nessa acepção, o patrimônio não se con- funde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. O Princípio da Continuidade pressupõe que a entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a men- suração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta essa circunstância. Dessa forma, deve-se fazer um planejamento para que isso ocorra, implantando inovações que o negócio exige e aprimora- mentos necessários. O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patri- moniais para produzir informações íntegras e tempestivas. A falta destas pode causar perda da relevância dos registros contábeis. O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicial- mente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. As transações devem ser contabilizadas pelo valor de aquisição, não sendo considerado o valor real. O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Pressupõe-se a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patri- 18 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade moniais que alterem o líquido. O objetivo é que ativos e receitas não sejam superestimados e que os passivos e despesas não sejam subestimados. Utilizando a bibliografia recomendada para a disciplina, veja os exemplos que os autores descrevem sobre os Princípios Contábeis e sua aplicabilidade. Vale a pena você ler! Por sua vez, as Convenções Contábeis têm por objetivo limitar ou restringir a abrangência dos Princípios Contá- beis, definindo com maiorprecisão e clareza o seu alcance e significado (CFC, 2017). Figura 1.4 - Contabilidade no Brasil. Legenda: A figura expressa a aplicação dos Princípios e das Convenções Contábeis no Brasil. Fonte: Plataforma Deduca (2017). A Convenção da Objetividade se refere à neutralidade que se deve atribuir aos registros dos fatos contábeis que envolvem a gestão do patrimônio das entidades. O profissional contábil deve escolher, dentre os procedimentos, o mais adequado para descrever o evento contábil. Sempre que possível, os registros devem estar baseados em documentos de forma a comprovar a ocorrência das respectivas transações. A Convenção da Materialidade determina que a contabilidade não deve se preocupar com valores ou fatos irre- levantes, considerando o registro e o controle. O profissional deve considerar a relação custo-benefício da infor- mação que será gerada, para evitar perda de recursos e de tempo da entidade. A Convenção da Consistência diz que os critérios adotados no registro dos atos e fatos administrativos não devem ser alterados frequentemente. Diz respeito à uniformidade, quanto à utilização de métodos e critérios uniformes ao longo do tempo para os registros dos fatos contábeis e para a elaboração das demonstrações financeiras. 19 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade A Convenção do Conservadorismo estabelece que o profissional contabilista deve manter uma conduta con- servadora em relação aos resultados que serão apresentados, evitando, assim, que os usuários façam projeções distorcidas. Essa posição de prudência do profissional deve ser para antecipar prejuízo, e não para antecipar lucro. 1.4.4 As Leis nº 6.404/1976, 11.638/2007 e 11.941/2009 A legislação brasileira que traz o ordenamento, ou seja, dita as regras que as empresas devem seguir sobre a contabilidade no Brasil, parte da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações. Essa lei possui 25 capítulos distribuídos em 300 artigos e, ao longo do tempo, sofreu mudanças por meio de outras leis, decretos-lei e medidas provisórias. É essencial que você conheça os dispositivos para que possa entender a disciplina e saber o funcionamento da contabilidade brasileira. Para se inserir melhor no cenário mundial, o Brasil iniciou a adoção de normas internacionais de contabilidade — International Financial Reporting Standards (IFRS) — como forma de reduzir os diferentes critérios e as diversas práticas de reconhecimento e mensuração contábeis utilizadas. A principal mudança foi direcionada à Lei nº 6.404/76, por meio da Lei nº 11.638/07, que trouxe as alterações originadas pela adoção das IFRS. A Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, “alterou e revogou dispositivos, estendeu às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras” (BRASIL, 2007). Os seus artigos 1, 2, 3, 7, 8 e 10 versam sobre as alterações pertinentes à Lei nº 6.404/76. Na sequência do processo, foi necessário melhorar alguns pontos que a Lei nº 11.638/07 não havia corrigido, como separar de forma definitiva a contabilidade fiscal da societária. A Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, alterou a legislação tributária federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários; concedeu remis- são nos casos em que especifica; instituiu regime tributário de transição, alterando decretos e leis, dentre elas a Lei 6.404/76 (BRASIL, 2009). Os seus artigos 26, 37 ao 40, 46, 61 e 62 são dedicados às alterações da Lei nº 6.404/76. Apresentamos um resumo dos artigos da Lei nº 6.404/76 que sofreram as mudanças, conforme des- taques do Quadro 3. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 11.941-2009?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei 11.941-2009?OpenDocument 20 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade Quadro 1.5 – Artigos alterados da Lei nº 6.404/76. LEI Nº 6.404, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1976 Alteração Lei nº 11.638/07 Alteração Lei nº 11.941/09 CAPÍTULO XII Conselho de Administração e Diretoria SEÇÃO I Conselho de Administração Art. 142 Competência CAPÍTULO XV Exercício Social e Demonstrações Financeiras SEÇÃO II Demonstrações Financeiras Art. 176 Disposições Gerais Art. 177 Escrituração SEÇÃO III Balanço Patrimonial Art. 178 Grupo de Contas Art. 179 Ativo Art. 180 Passivo Exigível Art. 181 Resultados de Exercícios Futuros (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 182 Patrimônio Líquido Art. 183 Critérios de Avaliação do Ativo Art. 184 Critérios de Avaliação do Passivo Art. 184-A Critérios de Avaliação em Operações Societárias SEÇÃO V Demonstração do Resultado do Exercício Art. 187 Demonstração do Resultado do Exercício SEÇÃO VI Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adicionado Art. 188 Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adicionado CAPÍTULO XVI Lucro, Reservas e Dividendos SEÇÃO II Reservas e Retenção de Lucros Art. 195-A Reserva de Incentivos Fiscais Art. 197 Reserva de Lucros a Realizar Art. 199 Limite do Saldo das Reservas de Lucro CAPÍTULO XVIII Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão SEÇÃO II Incorporação, Fusão e Cisão Art. 226 Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão CAPÍTULO XX Sociedades Coligadas, Controladoras e Controladas SEÇÃO I Informações no Relatório da Administração Art. 243 Informações no Relatório da Administração SEÇÃO IV Demonstrações Financeiras Art. 247 Notas Explicativas Art. 248 Avaliação do Investimento em Coligadas e Controladas Art. 250 Normas sobre Consolidação SEÇÃO V Subsidiária Integral Art. 252 Incorporação de Ações 21 Teoria da Contabilidade | Unidade 1 - Origem e Evolução da Contabilidade CAPÍTULO XXII Consórcio Art. 279 Consórcio CAPÍTULO XXVI Disposições Transitórias Art. 295 Disposições Transitórias Art. 299-A Disposições Transitórias Art. 299-B Disposições Transitórias Legenda: Alterações nas leis. Fonte: Elaborado pelo autor (2017). Lei seca Lei. N.º 6.404/76 e 11.941/09 adaptado As normas editadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) têm a responsabilidade de fornecer orien- tações de acordo com a realidade do cenário brasileiro, para serem utilizadas como um norteador para as con- tabilizações. Esse processo está em continuidade e, por isso, essas normas continuam passando por revisões e atualizações, na busca pelo modelo mais adequado à realidade brasileira (CFC, 2017). 22 Considerações finais Nesta primeira unidade da nossa disciplina, tivemos acesso a muitas informações e a conteúdos importantes que servirão como base para os novos conhecimentos tratados a partir de agora. Vamos retomar os pon- tos principais estudados até aqui? • Vimos que a contabilidade é uma ciência social aplicada, visto que é a ação humana que gera e modifica o fenômeno patrimonial. • A contabilidade advém das grandes civilizações e se iniciou com as primeiras contagens de rebanhos e instrumentos de caça e pesca, ainda no período do homem primitivo. • Do século XIII até o início do século XVII, a contabilidade evoluiu com o método das Partidas Dobradas, o que culminou com a publicação do tratado de Luca Pacioli no final do século XIV. Dessa forma, o período foi de domínio da escola europeia. No entanto, no início do século XX ocorreu o desenvolvimento da escola ame- ricana, com a padronização da linguagem contábil e o desenvol- vimento dos Princípios Contábeis, com destaque para o contexto administrativo e o tratamento de problemas econômicos. • Pode-se considerar que o objetivo da contabilidade é forne- cer informação estruturada de natureza econômica e financeira e, de forma complementar, física, produtiva e social (Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício etc.). Tais informaçõespodem ser direcionadas tanto aos usuários internos (administradores, funcionários etc.) quanto aos externos (bancos, investidores, etc.) à entidade objeto da contabilidade. • Devem ser seguidos os procedimentos contábeis de acordo com as normas direcionadas pelas entidades responsáveis, como: CFC, CRC, CPC, IBRACON, CVM, BC e a Receita Federal. • Os Princípios e as Normas contábeis são aplicáveis à contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patri- mônio das entidades. São os conceitos básicos que devem orientar a profissãocontábil em relação aos objetivos da contabilidade, que consistem em apresentar informação estruturada para os usuários. • Finalizamos conhecendo as leis que regem o ordenamento con- tábil, como a Lei das S.A., nº 6.404/76, e a sua adaptação às normas internacionais de contabilidade (IFRS) por meio das Leis nº11.638/07 e 11.941/09. Referências bibliográficas 23 BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 10 nov. 2017. ______.Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Brasília, 28 dez.2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 10 nov. 2017. ______.Lei nº 11.941, 27 de maio de 2009. Brasília, 28 maio 2009. Dispo- nível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/ lei/l11941.htm>. Acesso em: 10 nov. 2017. ______.Resolução nº 1.374 do CFC, de 8 de dezembro de 2011. Brasília, 8 dez. 2011. Disponível em: <http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/deta- lhes_sre.aspx?Codigo=2011/001374&arquivo=Res_1374.doc>. Acesso em: 10 nov. 2017. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE (CFC). Disponível em: <http:// cfc.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2017. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL (CRCRS). Disponível em: <http://www.crcrs.org.br/>. Acesso em: 10 nov. 2017. HENDRIKSEN, E.; VAN BREDA, M. Teoria da Contabilidade. 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INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS (IFAC). Disponível em: <https://www.ifac.org/>. Acesso em: 10 nov. 2017. IUDÍCIBUS,S; MARION, J; FARIA, A. Introdução à Teoria da Contabilidade para o Nível de Graduação. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2009. 271p. IUDÍCIBUS,S; MARION, J; FARIA, A. Contabilidade Introdutória. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2010 ______. Introdução à Teoria da Contabilidade para o Nível de Gradua- ção. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ______. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. http://www.ibracon.com.br/ibracon/Portugues/ https://www.ifac.org/ 26 2Unidade 2 Objetivos da Contabilidade Para iniciar seus estudos Que tal começar a conhecer mais sobre essa teoria? Nessa segunda uni- dade, você vai explorar os aspectos conceituais, devendo compreender as pesquisas sobre os conteúdos abordados e transformá-las em um instru- mento eficiente para os contabilistas e para qualquer usuário da informa- ção contábil. Veremos também as respostas de que as empresas necessitam para tomar decisões operacionais, estratégicas ou gerenciais através de uma lingua- gem universal. Isso serve de base para uma execução com qualidade de informação e garante aos gestores das organizações a possibilidade de empreender com decisões assertivas. Você está pronto para esse desafio? Sendo assim, um ótimo estudo! Objetivos de Aprendizagem • Apresentar os principais conceitos da contabilidade; • Aprender os objetivos fundamentais dessa ciência; • Compreender quais são os usuários dessas informações; • Conhecer as abordagens da Teoria da Contabilidade. 27 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade 2.1 Conceito de Contabilidade O ponto de partida para conceituar a contabilidade é promover uma breve analogia histórica da evolução. No início, ainda não considerada como ciência, o homem utilizava a contabilidade buscando avaliar suas riquezas e mensurar os seus ganhos e perdas, de forma a comparar o equilíbrio do seu patrimônio, sem escritas, sem núme- ros e sem moedas. A contabilidade era capaz de controlar, medir e preservar. Diante da necessidade de informações mais aperfeiçoadas, a contabilidade passou por um processo de consoli- dação enquanto ciência social, sendo método avaliativo expresso pelas Partidas Dobradas. Hendriksen (2012) afirma que a contabilidade pode ser definida como um produto de uma colaboração intelec- tual extraordinária entre judeus, cristãos e mulçumanos, em um empreendimento multicultural, sendo que o seu desenvolvimento foi estimulado pelos avanços tecnológicos. O CFC – NBC TA 1. IBRACON NPC nº 27 define: A Contabilidade, na sua condição de ciência social, cujo objeto é o patrimônio, busca, por meio da apreensão, da quantificação, da classificação, do registro, da eventual sumarização, da demonstração, da análise e do relato das mutações sofridas pelo patrimônio da entidade parti- cularizada, a geração de informações quantitativas e qualitativas sobre ela, expressas tanto em termos físicos, como monetários. Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2009) a contabilidade é uma ciência social de ação humana que gera e modifica o fenômeno patrimonial. Todavia, utiliza os métodos quantitativos (matemática e estatística) como principal ferramenta: A contabilidade é uma ciência essencialmente utilitária, no sentido de que responde por mecanis- mos próprios a estímulos dos vários setores da sociedade. Portanto, entender a evolução das socie- dades, em seus aspectos econômicos, nos usuários da informação contábil, em suas necessidades informativas, é a melhor forma de entender e definir a contabilidade. (IUDÍCIBUS, 2015, p. 30). Figura 2.1 - Equipamento de Aritmética – Calculadora. Legenda: Instrumentos utilizados para mensurar o patrimônio. Fonte: Plataforma Deduca (2017). ID 3403 28 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade O progresso da contabilidade para a inserção da ciência foi conquistado superando as adversidades experimen- tadas durante a ascensão econômica e as influências de outros países na economia global. A síntese teórica demonstrou o acompanhamento evolutivo da abordagem contábil em sua forma estrutural, reforçando o aper- feiçoamento das ferramentas teóricas de direção e avaliação do patrimônio. Conforme as situações tecnológicas foram sendo aprimoradas e a economia consolidada, o conceito contábil foi formando novos aspectos geren- cias, associados de forma direta com o grau de desenvolvimento da gestão dos negócios, sendo eles: comercial, social, institucional, cultural e econômico. Vídeo do professor Sérgio de Iudícibus a respeito da Teoria da Contabilidade e dos Princípios Contábeis: <https://goo.gl/UAvDSs>. 2.2 Objetivos da Contabilidade O principal objetivo da contabilidade é ser um instrumento útil para a tomada de decisão. Esse enfoque é reali- zado através da capitação dos sistemas de informações vinculados aos usuários. Assim o sistema seria capaz de promover a consolidação das informações e as análises das características econômicas,financeiras ou produtivas de cada entidade. É importante salientar que existe uma base teórica desses objetivos. Eles estão associados à necessidade de mensuração e evidenciação dos dados contábeis, que precisam atender adequadamente às áreas correlaciona- das à contabilidade. Pode-se, portanto, afirmar que, no fundo, o objetivo da contabilidade é conduzir os interes- ses dos usuários, combinando as informações como ferramentas necessárias. Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2009), o objetivo da contabilidade é permitir, a cada grupo principal de usu- ário, a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, em um sentido estático, bem como fazer infe- rência sobre tendências futuras. Segundo Iudícibus (2015), o objetivo básico da contabilidade pode ser resumido no fornecimento de informa- ções econômicas para os vários usuários, de forma a proporcionar decisões racionais. Vamos verificar o fluxo de informações a seguir: https://goo.gl/UAvDSs 29 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade Figura 2.2: Objetivos da Contabilidade. Objetivos da Contabilidade Método de Apuração Econômica Administrativa Apurar o resultado Controlar o patrimônio Legenda: Hierarquia de elementos referenciais. Fonte: Adaptado de Hendriksen (2012, p. 91). O fluxo contábil dos objetivos mostrado anteriormente representa as caraterísticas necessárias para elaborar e compreender as informações fornecidas, que servirão ao conhecimento para apoiar as diretrizes gerenciais das entidades. Por isso, independentemente do seu caráter científico, a contabilidade encarrega-se da importância como componente de avaliação da entidade e de seus dirigentes e da prestação de contas da gestão realizada, promovendo os insumos necessários para que seus usuários, sejam eles internos ou externos, tenham condições de tomar decisões. Um bom caminho já foi percorrido para que possamos entender o objetivo da contabilidade e suas variações, tanto qualitativas quanto quantitativas. Embora tenhamos consistências de informações, essa teoria ainda é capaz de promover diversas abordagens em seus aspectos econômicos, financeiros e sociais. Elencaremos a seguir os conceitos definidos por Hendriksen (2012), a partir do qual iremos aprimorar os conceitos que utilizare- mos ao longo da nossa pesquisa. I. Abordagem ética: método desenvolvido para apresentar um formato “justo” e “não enviesado” (verda- deiro) para os usuários da informação contábil, demonstrando dados conjuntos e informações assertivas. Capaz de avaliar os custos históricos e as premissas de forma subjetiva. II. Abordagem comportamental: método desenvolvido através de uma abordagem de informações con- tábeis elaboradas nos aspectos “sob medida”, apresentando demonstrativos financeiros mais adequados para a tomada de decisão gerencial. III. Abordagem macroeconômica: método desenvolvido com abordagem subjetiva, de forma a obter infor- mações macroeconômicas que estão determinadas através de estudos de cenários econômicos diversos, apurando a possibilidade de identificar resultados diferentes. IV. Abordagem sociológica: método desenvolvido através de procedimentos contábeis, visando a atender a função social de forma mais ampliada, inclusive descrever adequadamente aos usuários de informações a abrangência e sua utilização. V. Abordagem sistêmica: método desenvolvido com o objetivo de identificar, mensurar e comunicar as informações econômicas, financeiras, físicas e sociais, a fim de permitir decisões adequadas por parte dos usuários da informação. 30 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade A metodologia uma vez estabelecida nos leva seguramente ao interesse em desenvolver informações estrutura- das na tentativa de fornecer dados que sejam utilizados no planejamento decisório das organizações. É impor- tante considerar que a avaliação dos usuários pressupõe a correlação entre os eventos passados e futuros. Assim, fornecem referências contábeis que serão utilizadas para predizer outras variáveis, que vão refletir com mais efi- ciência e credibilidade nas demonstrações financeiras. 2.3 Os usuários e as suas necessidades de informação De uma maneira geral, pode-se dizer que os usuários da informação contábil são aqueles que estão interessados na maximização dos resultados e do seu crescimento patrimonial. Consequentemente, estão obtendo informa- ções através do fluxo contábil, que serve de insumo para o gerenciamento e a tomada de decisões no presente ou, até mesmo, para planejar o futuro. Podemos ainda reforçar esse conceito, conforme afirma Iudícibus (2015), aos vários tipos de usuários que estão mais interessados em fluxos futuros, seja ele de renda ou de caixa, do que propriamente em dados do passado. A seguir, elencamos as principais metas de cada usuário e a necessidade de prover uma informação contábil útil para a tomada de decisão econômica. Quadro 2.1 - Usuários da informação contábil. Tipo de usuários da informação contábil Tipo de usuário Objetivos das informações gerenciais Acionista Minoritário Interno Fluxo regular de dividendos. Acionista Majoritário com grande participação Interno Fluxo regular de dividendos, valor de mercado da ação, lucro por ação. Acionista Preferencial Interno Fluxo de dividendos mínimos ou fixos. Emprestadores em Geral Externo Geração de fluxos de caixa futuros suficiente para receber de volta o capital mais os juros, com segurança. Entidades Governamentais Externo Valor adicionado, produtividade, lucro tributável. Empregados em geral, como assalariado Interno Fluxo de caixa futuro capaz de assegurar bons aumentos ou manutenção de salário, com segurança e liquidez. Média e alta administração Interno Retorno sobre o ativo, patrimônio líquido, situação de liquidez e endividamento confortáveis. Legenda: Tipos de usuários x objetivos de informações. Fonte: Adaptado de Iudícibus, Marion e Faria (2009). Para os usuários internos, a informação contábil é a origem da tomada de decisão, visando à produção dos rela- tórios gerencias que servirão de base para atender aos desejos dos acionistas/dirigentes. Ademais, para os usu- ários externos, a informação é utilizada para a consolidação das demonstrações financeiras, que determinam a saúde empresarial dos negócios. 31 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade 2.4 Funções da Contabilidade As funções da contabilidade estão diretamente ligadas aos objetos contábeis, aos quais os conceitos estão cor- relacionados em essência teórica. Assim, verifica-se que a contabilidade tem funções que compreendem e evidenciam a situação patrimonial, que pode ser destacada em: registrar, organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do patrimônio, conforme Figura 2.3: Figura 2.3: Funções contábeis. ORGANIZAR DEMONSTRAR REGISTRAR ACOMPANHAR ANALISAR CONTABILIDADE Legenda: Funções da contabilidade. Fonte: Adaptada de Iudícibus (2015). • Registrar: relacionar os acontecimentos de fatos geradores apresentados em valor monetário. • Organizar: utilizar recursos e estruturas para estabelecer diretrizes às entidades. • Demonstrar: comprovar os dados contábeis financeiros e patrimoniais da entidade com base nas infor- mações captadas. • Analisar: preparar os dados obtidos com o objetivo de apresentar as informações dos resultados adqui- ridos pela entidade. • Acompanhar: participar da realização dos aspectos do resultado econômico, promovendo a concretiza- ção dos planejamentos executados. Dessa forma, pode-se concluir que as funções da contabilidade são meios de se atingir os objetivos através dos fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, compreendendo a classificação e o registro dos fatos contábeis com interpretação do resultado econômico apurado. 32 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade 2.5 Áreas de Atuação da Contabilidade Dentro de uma empresa, a contabilidade tem dois objetivos bem definidos: oprimeiro deles considera a necessi- dade de abordagem, para que possa fornecer informações similares a todos os usuários; o segundo corresponde a apresentar informações diferenciadas, conforme a necessidade. Logo, percebe-se que a contabilidade pro- move aos usuários informações úteis ao processo resolutivo. A contabilidade evoluiu muito enquanto ciência, portanto, para atender aos controles de cada área de atuação, foi necessário efetuar a ramificação das funções, com o objetivo de identificar, medir, informar e obter dados de forma mais minuciosa sobre os registros de informações contábeis. Diante dessa necessidade, elencaremos algumas das ramificações existentes: • Contabilidade Financeira: efetua a elaboração das informações econômicas e financeiras, desempe- nhando o papel de assegurar a análise financeira para os usuários internos e externos. Utiliza-se de infor- mações monetárias e índices de rentabilidade. • Contabilidade de Custos: tem como fundamento fornecer e processar informações que possam formar indicadores monetários para auxiliar os gestores, atingindo seus objetivos. • Contabilidade Fiscal ou Tributária: essa área está direcionada ao entendimento dos aspectos da legis- lação em vigor em cada país, elaborando assim as apurações de tributos. • Contabilidade Gerencial: a informação elaborada por esse ramo está direcionada aos usuários internos das organizações, pois visam a preparar insumos de informações econômicas. • Contabilidade Ambiental: são informações sobre a gestão ambiental de uma determinada entidade, cujo objetivo é apresentar resultados tanto monetários quanto não monetários. • Contabilidade Atuarial: sua metodologia é caracterizada pela análise dos riscos em relação às segura- doras e aos fundos de pensões, proporcionado dados financeiros e econômicos. Assim, a contabilidade nas suas áreas de atuação continua transformando fatos ocorridos na empresa em lan- çamentos contábeis, que, por sua vez, geram dados que poderão ser transformados em informações gerenciais, fiscais, financeira, atuarias, ambientais e de custos. Estes, então, darão suporte às diversas decisões tomadas pelos gestores das organizações. Pense em outras profissões que possuam um leque tão grandioso de alternativas quanto a área contábil. 33 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade 2.6 Áreas de Atuação Específica A formação de um profissional contábil proporciona a oportunidade de atender a diversos ambientes organiza- cionais, estando presente e atuante em diversos segmentos, dentre eles: Quadro 2.2: Ambientes organizacionais para o contador atuar. CONTADOR NA EMPRESA CONTADOR GERAL AUDITOR INTERNO CONTROLADOR FISCAL CARGOS ADMINISTRATIVOS INDEPENDENTE AUDITOR INDEPENDENTE CONSULTOR ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE PERITO CONTÁBIL NO ENSINO PROFESSOR PESQUISADOR ESCRITOR CONSULTOR ÓRGÃO PÚBLICO CONTADOR PÚBLICO FISCAL DE TRIBUTOS CONTROLADOR DE ARRECADAÇÃO TRIBUNAL DE CONTAS Legenda: Locais em que o contador pode atuar. Fonte: Adaptada de Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 47). O profissional de contabilidade deve se preparar para atuar em diversas demandas e compreender a necessi- dade de obter habilidades e conhecimentos necessários para contribuir com o desempenho das organizações. É necessário que o profissional passe a desenvolver um senso crítico, ampliando sua visão de mercado e negócio, de forma a qualificar os dados oferecidos aos acionistas para a tomada de decisões. Para mais informações sobre o novo perfil de profissões, acesse o link: <https://exame.abril. com.br/carreira/o-novo-perfil-de-uma-das-profissoes-mais-estaveis-do-brasil/>. https://exame.abril.com.br/carreira/o-novo-perfil-de-uma-das-profissoes-mais-estaveis-do-brasil/ https://exame.abril.com.br/carreira/o-novo-perfil-de-uma-das-profissoes-mais-estaveis-do-brasil/ 34 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade 2.7 Princípios, Convenções e Normas As convenções contábeis são utilizadas para restringir ou qualificar as operações, permitindo que os usurários possam aplicar os postulados e princípios contábeis em atenção aos conceitos dispostos. A contabilidade é um exercício composto por diversos princípios e normas. A seguir, destacaremos aqueles que, inicialmente, atingem o comportamento diário das entidades. Regime de Competência (receita e despesa): o regime da competência visa determinar a classificação das receitas e despesas demonstradas através da apuração do resultado da entidade, ocorrendo simultaneamente ou não, mas independente de recebimento ou pagamento. Por exemplo uma loja vendeu no mês de janeiro R$ 25.000,00 metade desse dinheiro foi recebido a vista e a outra metade mediante cartão de crédito, no entanto toda a receita auferida em janeiro deverá ser contabilizada neste mês, porque esse foi o valor vendido, mesmo que a loja ainda não tenha recebido, efetivamente, todo o dinheiro, assim o reconhecimento da receita ou da despesa é consequentemente respeitado ao período em que ocorrer sua geração. • Continuidade: enuncia-se que as entidades, para efeitos de contabilidade, são consideradas empreen- dimentos em andamento, sendo possível observar em termos usuais a sua continuidade. As informações dos seus ativos e passivos devem ser avaliadas de acordo com o resultado gerado de benefícios futuros para as empresas, na continuidade de suas operações, e não pelo valor que podíamos obter se fossem vendidos. Dessa forma, as entidades não teriam a intenção de liquidez imediata. Os princípios ou postu- lados são premissas determinantes para os usuários da informação contábil, pois continuam avaliando os pilares aplicados às demonstrações contábeis. Os princípios fundamentais da contabilidade representam o núcleo central da própria contabilidade na sua con- dição de ciência social. Por isso, os princípios jamais podem ter hierarquização, dado que são elementos predo- minantes na constituição de um corpo organizacional, predisposições que se colocam no início de uma dedução, e são deduzidos de outras dentro do sistema, conforme Indícibus (2015). Um dos conceitos mais consolidados no princípio contábil é o relacionado ao conceito da uniformidade. Esse princípio é aplicado nas diversas organizações, sendo conceituado pelos auditores com representatividade do impacto nos relatórios financeiros. O conceito está relacionado à utilização das informações nos relatórios, de forma que os exercícios sociais tenham sido executados com as mesmas premissas contábeis, portanto devendo estar de forma comparável. 35 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade 2.8 Características Qualitativas das Demonstrações Contábeis Podemos considerar que a informação contábil sempre deve estar apresentada de forma estruturada. Assim, os usuários vão elaborar uma análise mais adequada dos dados fornecidos, permitindo uma gestão mais efetiva para a administração econômica e financeira da empresa. A existência da informação com alto poder qualitativo e quantitativo nos permite auferir decisões assertivas sobre o futuro das organizações, reportando confiabilidade dos elementos patrimoniais da entidade. Dessa forma, torna-se um elemento primordial para a contabilidade gerencial e a geração de riquezas. Uma das formas de avaliar o desempenho da informação contábil é através das suas características, sendo elas: a. Compreensibilidade; b. Relevância; c. Confiabilidade; d. Comparabilidade. As termologias utilizadas para definir a qualidade dos dados contábeis apresentam o custo econômico pequeno em relação aos benefícios esperados. O sistema de informação gerado pela comparação de dados permite a obtenção de fluxos adicionais de referências, tentando estabelecer a experiência para mensurar qualquer dificul- dade organizacional. 2.9 Demonstrações Financeiras Os relatórios contábeis são instrumentos elaborados com a finalidade de demonstrar aos usuários inter- nos e externos, ao final de cada exercíciosocial, todas as movimentações monetárias e não monetárias ocorridas. Vale salientar que as demonstrações contábeis devem ser elaboradas com base nos princípios fundamentais que já estudamos. A composição das demonstrações contábeis são: • Balanço Patrimonial: é a mais importante demonstração contábil de “posição” das contas em um deter- minado momento, de acordo com Iudícibus, Marion e Faria (2009). Conforme o plano de contas, a estrutura de balanço atualmente deve conter: 36 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade Tabela 2.1: Modelo de balanço patrimonial. ATIVO Ativo circulante Disponibilidade Contas a receber Estoques Ativo não circulante Imobilizações Realizável a longo prazo PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Passivo circulante Fornecedores Impostos Exigível a curto prazo Passivo não circulante Exigível a curto prazo Patrimônio líquido Capital Reservas legais Lucros acumulados/reserva de lucros Legenda: Modelo do balanço contábil. Autor: Adaptada de Iudícibus (2015). • Demonstração do Resultado do Exercício: destina-se a evidenciar as situações econômica e financeira das organizações através de dados, como receita, despesa, custo, impostos e outros aspectos necessários ao conhecimento dos resultados. Tal demonstração pode ser elaborada para acompanhar mensalmente os percentuais de evolução. Abaixo elaboramos um modelo de DRE que atende as empresas optantes pela tributação do Lucro Real. 37 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade Tabela 2.2 - Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício. DRE Receita Bruta • (-) Deduções e Abatimentos • (=) Receita Líquida • (-) CPV (Custo de Produtos Vendidos) • (=) Lucro Bruto • (-) Despesas com Vendas • (-) Despesas Administrativas • (-) Despesas Financeiras • (=) Resultado antes IRPJ CSLL • (-) Provisões IRPJ e CSLL • (=) Resultado Líquido Legenda: Modelo do DRE. Autor: Adaptada de Iudícibus (2015). • Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados: neste demonstrativo, como mostra a tabela 2.3 a seguir, deve-se registrar as informações que movimentaram a conta de lucros ou prejuízos acumulados. Tabela 2.3 - Modelo de demonstração de lucros e prejuízos. Demonstração de Lucros e Prejuízos Saldo Inicial - Lucro Líquido - Destinação do Lucro do Exercício: Reserva Legal - Dividendos a distribuir - Saldo Final - Legenda: Modelo do DLPA. Autor: Adaptada de Iudícibus (2015). • Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido: tem como objetivo evidenciar a destinação do resultado do exercício. Cabe a ela, também, manter os históricos de movimentações ocorridas no capital das organizações, bem como nas reservas legais e nos obrigadores relacionados ao lucro. Tabela 2.4 - Modelo de DMPL. 38 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade Histórico Capital Social Reserva de capital Reserva de lucros Lucros acumulados Total Saldos iniciais Ajustes de Exercícios Anteriores: • Efeitos de mudança de critérios contábeis • Retificação de erros de exercícios anteriores Aumento de Capital: • Com lucros e reservas • Por subscrição realizada Reversões de Reservas: • De contingências • De lucros a realizar Lucro Líquido do Exercício: Proposta da Administração de Destinação do Lucro: • Reserva legal • Reserva estatutária • Dividendos a distribuir (R$x por ação) Saldo em 31.12.xx Legenda: Modelo da DMPL. Autor: Adaptada de Iudícibus (2015). • Demonstração dos Fluxos de Caixa: demonstrativo capaz de refletir as operações das disponibilidades em seus efeitos e suas movimentações em determinado período. Tabela 2.5 - Modelo de fluxo de caixa. 39 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade ENTRADAS (+/-) VENDAS À VISTA (+/-) DUPLICATAS A RECEBER (+/-) RENDIMENTOS DE APLICAÇÕES (=) TOTAL DE ENTRADAS SAÍDAS (+/-) SALÁRIOS (+/-) ENCARGOS (+/-) CTAS. A PAGAR (FORNEC.) (=) TOTAL DE SAÍDAS SALDO DO DIA SALDO ANTERIOR SALDO ATUAL Legenda: Modelo de fluxo de caixa. Autor: Adaptada de Iudícibus (2015). • Demonstração do Valor Adicionado: relatório desenvolvido com o objetivo de demonstrar o valor adi- cionando/distribuído calculado pela diferença entre receitas e despesas. Tabela 2.6: Modelo de Demonstração do Valor Adicionado (DVA). 40 Teoria da Contabilidade | Unidade 2 - Objetivos da Contabilidade 1. RECEITAS 1.1 Vendas de mercadoria, produtos e serviços. 2. INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui ICMS e IPI) 2.1 Matérias-primas e custos consumidos. 3. VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2) 4 RETENÇÕES 4.1 Depreciação, amortização e exaustão. 5. VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4) 6. VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA 6.1 Resultado de equivalência patrimonial e receitas financeiras. 7. VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6) 8. DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 8.1. Despesas diversas. Legenda: Modelo da DVA. Autor: Adaptada de Iudícibus (2015). • Notas Explicativas: são parte integrante das demonstrações contábeis e são obrigadas a divulgar dados não monetários que possam ser acompanhados de forma complementar aos dados monetários (demonstrações contábeis). • Relatório da Administração: representa a consolidação das informações da Administração, descrevendo suas ações realizadas ao longo do exercício social e identificando os riscos que podem ocorrer na natu- reza das operações ou do ambiente externo. Com base no nosso aprendizado sobre as demonstrações contábeis, podemos afirmar que os relatórios são de extrema importância para as operações gerencias. Essas operações serão desenvolvidas e apresentadas através de instrumentos para analisar, identificar, criticar, levantar e avaliar as decisões operacionais. São, portanto, um conjunto de procedimentos desti- nados capazes de demonstrar a posição financeira e patrimonial da entidade. Dentre as demonstrações contábeis apresentadas, qual deveria destacar-se por ser a infor- mação financeira mais importante? 41 Considerações finais Nesta unidade, aprendemos os principais objetivos da contabilidade, suas funções e as habilitações necessárias ao bom andamento gerencial. • Entendemos a importância que a contabilidade exerce sobre os usu- ários da informação e a necessidade de seguir normas e padrões, a fim de produzir com qualidade a informação. Assim, podemos ava- liar o comprometimento necessário que o profissional deve ter para que as melhores práticas contábeis sejam executadas. • Demonstramos a relevância dos recursos na elaboração das demonstrações contábeis e de suas partes integrantes. Além disso, identificamos as inúmeras possibilidades do desenvolvi- mento do profissional contábil e o seu vasto campo de atuação, reafirmando a importância do profissional de se manter atuali- zado no mercado de trabalho. Referências bibliográficas 42 HENDRIKSEN, S.; VAN BREDA, F. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2012. 550 p. IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015 ______; MARION, J.; FARIA, A. Introdução à Teoria da Contabilidade para o Nível de Graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 271 p. NBC TA 1. IBRACON NPC nº 27 – DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS – 2017. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/ibra- con/npc27.htm>. Acesso em: 22 jan. 2017. http://www.portaldecontabilidade.com.br/ibracon/npc27.htm http://www.portaldecontabilidade.com.br/ibracon/npc27.htm 44 3Unidade 3 Teorias das Contas Para iniciar seus estudos Estamos iniciando a terceira unidade da disciplina Teoria da Contabi- lidade. Vamos aprender mais sobre a contabilidade? Aqui você terá a oportunidade de conhecer algumas das teorias que os pensadores das ciências contábeis desenvolveram desde a sua origem. Veremos as teo- rias Personalista, Materialista, Patrimonialistae mais outras sete dentre as teorias existentes. Ao conhecermos essas teorias, o nosso estudo sobre contabilidade, a forma como é utilizada hoje e como nos é ensinada farão mais sentido para você. Aproveite e bons estudos! Objetivos de Aprendizagem • Aprender e compreender a Teoria Personalista: agentes consigna- tários, agentes correspondentes e proprietários. • Aprender e compreender a Teoria Materialista: contas integrais e contas diferenciais. • Aprender e compreender a Teoria Patrimonialista: contas patri- moniais e contas de resultado. • Conhecer outras escolas: Pseudopersonalismo, Contismo, Con- trolismo, Aziendalismo, Reditualismo, Universalismo e Neopatri- monialismo. 45 Teoria da Contabilidade | Unidade 3 - Teorias das Contas 3.1 Teoria Personalista A escola Personalista surgiu em 1867 e deu personalidade às contas, procurando explicar as relações de direitos e obrigações. Francesco Marchi é conhecido como o primeiro idealizador dessa teoria, mas Giuseppe Cerboni foi quem a desenvolveu. Giovanni Rossi também foi um de seus principais pensadores. Figura 3.1 -Teoria Personalista – Criadores da Teoria. Legenda: Autores, criador da Teoria - Francesco Marchi , Giuseppe Cerboni , Giovanni Rossi Fonte: www.google.com Nessa teoria, a ciência contábil é considerada o estudo das variações da riqueza em relação à azienda, sendo que a contabilidade é considerada a ciência da administração aziendal. Toda entidade tem um proprietário que deve ser considerado no processo de escrituração. De acordo com Iudícibus, Marion e Faria (2009), não se confunde o ato de “ter” com o de “administrar”. As contas deveriam ser abertas tanto para pessoas físicas como jurídicas (pessoas verdadeiras) e, segundo Santos (2011), o dever e haver representavam débitos e créditos das pessoas a quem as contas foram abertas, sendo: • Proprietários: pessoas físicas ou jurídicas, são quem recebe; • Correspondentes: terceiros que transacionam com a entidade, são quem fornece ou entrega; • Agentes consignatários: empregados a quem o proprietário confia a guarda dos valores, são quem recebe ou entrega; • Administrador: todo o balanço representa o administrador. Cada perfil corresponde a uma conta que são abertas tanto para pessoas físicas como jurídicas e assim cada uma representa o debito e o credito. Segundo Santos (2011), o dever representavam os débitos e o haver represen- tavam os créditos referente a conta das pessoas a quem foram abertas, sendo assim cada conta é representada pelo proprietário, administrador, correspondente e agentes consignatários são quem escrituram os fatos ocorri- dos, conforme suas características de receber e fornecer. Assim as características atribuídas são: • Proprietários que recebe – é debitado • Correspondentes são quem fornece ou entrega os créditos • Agentes consignatários e os correspondentes são debitados à medida que o proprietário é creditado e vice-versa. 46 Teoria da Contabilidade | Unidade 3 - Teorias das Contas Dentre as doutrinas estudadas pela teoria personalista, está a logismografia, que trata do inter-relacionamento entre a economia, a contabilidade e a administração, em que a contabilidade representa o estudo da administra- ção. Conforme Santos (2011), essa doutrina era composta pelos estudos da: • Determinação das leis da azienda; • Organização interna da azienda; • Computisteria: aplicação da matemática aos fatos administrativos; • Método da coordenação e representação dos fatos administrativos da azienda, análise de seus processos e efeitos jurídicos e econômicos, representados em uma única e contínua equação. Alogismografia possui dois sistemas de escrituração, conforme apresentado no Quadro 1: Quadro 3.1 - Sistema de escrituração – Teoria Personalista. Sistema Patrimonial O objetivo é a elaboração do balanço patrimonial. Assim, utiliza-se as contas de proprietário, terceiros e correspondentes. Sistema Financeiro O objetivo é elaborar um balanço de previsões. Utiliza-se uma conta para o proprietário e outra para o administrador. Legenda: Teoria Personalista. Fonte: Adaptado Santos(2011). Ainda de acordo com Santos (2011), a logismografia é fundamentada nos princípios da personificação das con- tas e da contraposição, conforme Quadro 3.2, em que: Quadro 3.2 -Princípios – Teoria Personalista. Personificação São as operações que representam as relações jurídicas que ligam o proprietário e a propriedade. O objetivo da contabilidade é revelar essas relações entre as pessoas, e os administradores são considerados credores e devedores do proprietário. Contraposição Ocorre como resultado da existência da propriedade e do trabalho para administrá-la, que gera interesses conflitantes entre ambos. Legenda: Teoria Personalista. Fonte: Adaptado SANTOS (2011). Podemos destacar que foi por meio dessa escola que a contabilidade passou a ser considerada um instrumento informacional sobre a gestão das entidades, em vez de uma mera técnica de registro de transações econômicas. Dessa forma, passou a ser reconhecida como uma disciplina ligada à gestão e ao processo de tomada de decisão, segundo Iudícibus, Marion e Faria (2009). 47 Teoria da Contabilidade | Unidade 3 - Teorias das Contas 3.2 Teoria Materialista A escola Materialista diz respeito à forma como se materializam os fatos registrados pela contabilidade. Ela julga que todo fato administrativo é efeito de um movimento de forças da riqueza individualizada. Dessa forma, con- forme Iudícibus, Marion e Faria (2009), é considerada um efeito físico, ou mecânico, e como grandeza. São exemplos de pensadores que desenvolveram teorias declaradas materialistas: • Fábio Besta – teoria das “contas a valor”, em razão de se basear na doutrina econômica do valor e consi- derar elementos e mutações destes. • Emanuele Pisani– método estatmográfico, que contempla o movimento patrimonial, classificando os fatos administrativos em estáticos, dinâmicos e estático-dinâmicos. • Giovanni Rossi – método de xadrez, que se baseia nas grades patrimoniais, positivas e negativas. • J. Dumarchey – teoria positivista, que tem seu ponto de apoio no valor econômico. Precisamos entender que, na teoria Materialista, a chamada dualidade do débito e crédito é utilizada para as relações jurídicas entre pessoas. Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2009), para os demais casos, usa-se: carga e descarga; mais e menos; positivo e negativo; mutação ativa e mutação passiva. O princípio que comanda o registro dos fatos é o do aumento ou diminuição das espécies materiais, em que: • O que se adiciona a uma espécie positiva da corresponde a débito – tomando esse vocábulo em seu sentido técnico de valor ativo. • Tudo que se deduz de uma espécie corresponde a crédito – como diminuição de valor ativo. Não havendo uma espécie ativa, admite-se o conceito jurídico do crédito a pessoas (o que corresponde ao valor negativo ou, então, passivo patrimonial). No entanto, essa exceção quebra o princípio diretivo do registro, pri- vando-o do conceito universal que deve ser característico nas concepções teóricas. Figura 3.2 -Teoria Materialista. Legenda: Moeda representa o movimento da força da riqueza. Fonte: Plataforma Deduca (2017). 48 Teoria da Contabilidade | Unidade 3 - Teorias das Contas 3.3 Teoria Patrimonialista A escola Patrimonialista tem origem no livro “Ragioneria Generale”, de Vicenzo Masi, de 1926. Para essa escola, o objeto da contabilidade é o patrimônio, considerado uma grandeza real que se transforma com o desenvolvi- mento das atividades econômicas. Essa contribuição deve ser conhecida para que se analisem adequadamente os motivos das variações ocorridas no decorrer de determinado período, conforme Santos (2011). Segundo o autor, inicialmente, a escola Patrimonialista criticou os contistas por atribuírem demasiado valor ao mecanismo da escrituração contábil, não se preocupando com o conteúdo. Também criticou a moderna escola italiana por compreender um sistema de ciências
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