Buscar

tutoria - Metabolismo das proteínas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Tutoria- módulo 3
Problema 3- metabolismo das proteínas
Objetivos:
1. Entender o metabolismo das proteínas.
2. Conhecer os tipos de desnutrição e seus quadros clínicos (focar nas desnutrições proteicas).
3. Compreender os fatores responsáveis pela desnutrição infantil.
4. Elucidas as medidas do PNAN (Política Nacional de Alimentação e Nutrição).
conhecer OS TIPOS DE DESNUTRIÇÃO E SeuS quadroS CLÍNICoS
O estado nutricional adequado é o reflexo do equilíbrio entre a ingestão balanceada de alimentos e o consumo de energia necessário para manter as funções diárias do organismo. Sempre que existir algum fator que interfira em qualquer uma das etapas desse equilíbrio, os riscos de o indivíduo desenvolver desnutrição são eminentes. A doença, quase sempre, implica em alterações metabólicas, inflamatórias e imunológicas que impactam no estado nutricional. Ademais, o tratamento também interfere no equilíbrio nutricional. Esta situação pode determinar diminuição ou cessação da ingestão de alimentos, em geral, associada a aumento das necessidades energéticas e proteicas. A utilização alterada de nutrientes também pode ocorrer, caracterizando o desequilíbrio metabólico. Existe, consequentemente, na doença, enorme potencial de alteração da composição corporal (diminuição de massa muscular e tecido adiposo) e das funções orgânicas do indivíduo. A este estado denomina-se desnutrição. Segundo Jellife, a desnutrição é um estado mórbido secundário a uma deficiência ou excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais. 
A desnutrição infantil é uma doença de origem multicausal e complexa que tem suas raízes na pobreza. Ocorre quando o organismo não recebe os nutrientes necessários para o seu metabolismo fisiológico, devido à falta de aporte ou problema na utilização do que lhe é ofertado. Assim sendo, na maioria dos casos, a desnutrição é o resultado de uma ingesta insuficiente, ou fome, e de doenças.
Classificação do estado nutricional: O estado nutricional dum indivíduo é avaliado através das medições do seu peso, altura e idade. Com base nessas medições se pode determinar se o indivíduo está bem nutrido ou malnutrido; quando malnutrido, poderá ser por excesso (obesidade) ou por déficit (desnutrição). Para além da desnutrição o indivíduo poderá também sofrer de deficiência de micronutrientes, sendo as mais comuns a de ferro (Anemia), vitamina A e iodo. 
a. Malnutrição por excesso (obesidade) – é determinada pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que se calcula através do peso da pessoa dividido pela altura ao quadrado; quando o resultado é igual ou superior a 25 diz-se que a pessoa tem sobrepeso e quando é igual ou superior a 30 diz-se que a pessoa é obesa. 
b. Malnutrição por déficit, existem diferentes indicadores de desnutrição, que a seguir descrevemos: 
Desnutrição Crônica (Altura/idade): A desnutrição crônica é definida como baixa estatura para a idade (crianças baixinhas); A baixa estatura para a idade desenvolve-se no período entre a concepção e os dois anos, e dificilmente é recuperada depois desse período. Assim, a desnutrição crónica, é causada pela desnutrição tanto da mãe antes e durante a gravidez, e na lactação, bem como da criança durante os primeiros dois anos de vida. Esta falha precoce de crescimento aumenta a mortalidade na primeira infância e diminui a função cognitiva, mental e motora da pessoa, reduzindo o rendimento escolar e produtividade da pessoa. A desnutrição crônica pode ser eliminada em crianças menores de dois anos de idade; ela não tem origem genética, e crianças de todas raças têm o mesmo potencial para crescer. 
Desnutrição Aguda (Peso/Altura): definida como baixo peso para a altura (criança magra para a altura; magrinha). A desnutrição aguda pode aparecer em qualquer época da vida como resultado duma redução de consumo ou associado a infecções. Pode ser recuperada facilmente, através de boas práticas alimentares e cuidados de saúde adequados. Normalmente a desnutrição aguda ocorre em situações de emergência ou de insegurança alimentar; no caso das crianças é normal acontecer quando estas passam do aleitamento 
materno para a alimentação complementar. Este indicador é recomendado em avaliações de programas de intervenção, por ser sensível as mudanças do estado nutricional do menor. 
Desnutrição Actual (Peso/idade): definida como baixo peso para a idade. É o indicador normalmente usado pelo sistema de Saúde para o controle de crescimento dos menores de cinco anos (cartão de saúde da criança); e serve para monitorar o crescimento da mesma. 
A classificação mais usada talvez seja a de COSTE (1978: 87), baseada no déficit de peso em relação ao padrão normal para idade.
· Desnutrição de 1º grau – déficit de peso superior a 10%
· Desnutrição de 2º grau – déficit de peso superior a 25%
· Desnutrição de 3º grau – déficit de peso superior a 40%
	Classificação por deficiências nutricionais que originam a desnutrição:
1. Específica: quando falta um nutriente bem determinado, caracterizando síndromes específicas. (Exemplo: anemia por deficiência de ferro; escorbuto por deficiência de vitamina C; etc...)
2. Global: quando faltam vários nutrientes. Exemplo clássico constitui a desnutrição calórico-proteica.
As formas de manifestações clínicas da desnutrição são:
· Kwashiorkor: Desnutrição predominante proteica.
· Marasmo: Desnutrição energético-proteica equilibrada.
· Kwashiorkor-marasmático: Forma mista, em que existe a desnutrição energética e a proteica, porém desequilibrada.
Há três tipos de desnutrição calórico-proteica: seca (a pessoa está magra e desidratada), úmida (o indivíduo incha devido à retenção de líquidos) e um tipo intermédio.
Kwashiokor (desnutrição proteica em crianças): A palavra “kwashiorkor”, inicialmente usada no princípio do século passado para definir o estado nutricional de crianças africanas desnutridas, significa na língua de Gana “a doença da criança substituída”. Na verdade, esta palavra foi usada pela Dra. Cicely Williams para definir a síndrome (mais tarde identificada como desnutrição proteica) que ocorria em crianças privadas do aleitamento materno, em consequência do nascimento de um novo bebê. Estas crianças eram, por conseguinte, alimentadas com mingaus ricos em carboidratos e pobres em proteínas, o que gerou baixo peso, crescimento inadequado, edema de membros inferiores e ascite. O uso da palavra “Kwashiorkor” tem prevalecido ao longo de décadas, muito mais pelo valor histórico do que pela correta aplicabilidade na definição do estado nutricional. 
Logo após a II Guerra Mundial, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enviou pesquisadores para os países subdesenvolvidos para investigarem as causas e a frequência do "Kwashiorkor". O Brasil enviou um relatório onde enfatizou as diferenças entre o "Kwashiorkor e o marasmo, este último também chamado de jejum parcial ou desnutrição hipocalórica. Os casos intermediários entre o Kwashiorkor e o marasmo foram também descritos. Como conclusão dos relatórios, passou-se de um nome nativo (tipo código) para um nome causal: desnutrição proteica. No mesmo período, em função de se crer que as taxas de Kwashiorkor eram exorbitantes no mundo, as Nações Unidas desenvolveram um grupo de estudo e de aconselhamento em proteínas para estimular a produção de dietas infantis ricas em nesse nutriente.
A desnutrição grave de Kwashiorkor, também conhecida como molhada, é uma forma de desnutrição associada com extrema deficiência proteica da dieta e caracterizada por hipoalbuminemia, edema e fígado gorduroso aumentado; a gordura subcutânea é normalmente preservada e a perda muscular pode ser mascarada por edema. É uma forma de desnutrição protético-calórica. O nome vem de uma palavra africana que remete ao sentido de “primeira criança/segunda criança”, isto porque é uma condição comum quando o filho fica sem o leite da mãe.
 A criança com Kwashiorkor consome habitualmente uma dieta escassa tanto em energia como em proteínas. As infecções desempenham um importante papel. Alguns autores defendem que, quando a ingestãode proteína é muito baixa em relação aos carboidratos, o que pode ser agravado pelas perdas de nitrogênio nas infecções, ocorrem várias alterações metabólicas que podem resultar em edema.
É mais frequente em crianças menores de 5 anos e apresenta como características básicas: edema, diarreia, descamação da pele, despigmentação do cabelo, apatia, tristeza, face de lua.
Ocasiona diminuição da proteína em diversos setores do organismo: sangue, tecidos periféricos, músculos, fígado e outras vísceras.
A criança desmamada recebe outros alimentos ao invés do leite. Geralmente adquire uma dieta baseada em carboidratos, composta por inhame, arroz, batata doce e mandioca, por exemplo. A principal fonte de proteína, o leite, é cortada e a alimentação não faz a reposição. Esta condição leva a criança a uma deficiência de proteína que prejudica o corpo como um todo. A recuperação desta forma de desnutrição é, no entanto, mais rápida do que em outros tipos, como no marasmo.
Encontra-se com certa frequência em países subdesenvolvidos, verifica-se de preferência entre um e três anos.
Consequências:
O emagrecimento não atinge grau considerável. Mantêm-se uma certa quantidade de gordura subcutânea e logo aparece edema, seguido de lesões características da pele, cabelo e mucosas. Edema constante, ora se localiza nos membros inferiores e na face, ora se generalizada lembrando a nefrose. A infiltração edematosa e a conservação da gordura subcutânea dão à face aspecto redondo de “lua cheia”.
O fígado gorduroso provém do fato de que a desnutrição provoca perda da capacidade dos hepatócitos de metabolizar as gorduras, o que causa esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado). Mantém-se uma certa quantidade de gordura subcutânea em virtude da alimentação rica em carboidratos.
Ocorrem lesões cutâneas, o cabelo é escasso, fino, seco, frágil, quebradiço, cai facilmente, apresenta tom avermelhado, castanho claro ou mesmo amarelo. Os lábios são secos, ásperos, fendidos, as lesões acentuam-se nos cantos da boca, onde frequentemente vezes se infectam. A língua passa por duas fases: na primeira vermelha com as papilas salientes; na segunda pálida lisa e brilhante. Diarreia contínua ou intermitente. O fígado às vezes mostra-se hipertrofiado.
 Com relação ao desenvolvimento psicomotor do desnutrido foram observadas as seguintes características no Marasmático: há atraso mais ou menos acentuado nas épocas em que o lactente já deveria sustentar a cabeça, rolar, sentar, engatinhar, ficar de pé e deambular. Quando tardio o início da desnutrição, nota-se retrocesso no desenvolvimento. Desaparece o bom humor, que é um dos caracteres dos lactentes eutrófico. Os olhos perdem a vivacidade. O sorriso rareia cada vez mais até se extinguir de todo. No início pode-se observar excitação, inquietude, choro persistente e sono intranquilo.
 No Kwashiorkor as perturbações psíquicas são muito acentuadas e invariáveis, ou seja, uma associação de apatia com hiper-irritabilidade.
A ascite (barriga-d'água) que aumenta a permeabilidade dos capilares devido à produção aumentada de leucotrienos cisteínicos (LTC4 e LTE4) em função da deficiência generalizada de glutationa intracelular. Isto explica os efeitos da desnutrição na redução das proteínas plasmáticas, reduzindo a pressão coloidosmótica e consequentemente o fluxo osmótico através das paredes dos capilares.
Uma redução na concentração de proteínas plasmáticas, produzidas pelo fígado - entre elas, a albumina - levando a um padrão alterado de aminoácidos no sangue, com redução do nível de aminoácidos essenciais, mas com valores normais ou até elevados de aminoácidos não-essenciais.
Marasmo (seca): Provém de uma inanição quase total. Uma criança que tem marasmo consome muito pouco alimento, muitas vezes porque a mãe é incapaz de a amamentar, e está muito magra devido à perda de músculo e de gordura corporal. Quase invariavelmente desenvolve-se uma infecção. Se a criança sofre de algum traumatismo ou ferida ou se a infecção se propagar, o prognóstico é pior e a sua vida corre perigo.
O Marasmo, ou desnutrição seca, é uma forma crônica de desnutrição, na qual a deficiência primariamente de energia, em estágios avançados, é caracterizada por perda muscular e ausência de gordura subcutânea. A forma de maior frequência nos dois primeiros anos de vida. O que impressiona de imediato é o emagrecimento visto que é resultante da fome quase total, a redução considerável do panículo adiposo no abdômen, no tórax e nos membros.
A deficiência de crescimento é acentuada, bem como a de peso, a atrofia muscular, a ausência de gordura subcutânea e a caquexia. Apresenta face de idoso e pele enrugada. Normalmente são crianças irritadiças. Proteínas plasmáticas normais, ou levemente diminuídas. Grave privação ou absorção prejudicada de proteína, energia, vitaminas e minerais. Desenvolve-se lentamente; DPE crônica. 
É a forma mais comum de desnutrição proteico-energética e é causada pela ingesta inadequada de nutrientes, especialmente calorias totais. No início apenas o crescimento ponderal é atingido. Quando, porém, o estado se prolonga a altura também se retarda. (Crescimento: <60% do peso para a idade) O tônus muscular diminui (hipotonia), os reflexos tendinosos atenuam-se. A mucosa bucal, seca e vermelha, muitas vezes apresenta placas de sapinho. É frisante o contraste do rubor dos lábios com a palidez da pele. Apresenta hipotermia (baixa da temperatura corporal). O coração diminui de volume. O pulso é fraco. As fezes habitualmente escassas e duras, às vezes acontecem episódios diarreicos agudos, agravando o estado nutricional (diarreia de fome).
O marasmo ocorre quando a pessoa não se alimenta, durante muito tempo, em quantidade suficiente de nenhum tipo de nutriente necessário ao perfeito funcionamento do corpo humano. No marasmo, ocorre perda muscular marcante e depleção de gordura subcutânea, na tentativa de se proteger parcialmente os órgãos vitais, como cérebro, coração e vísceras, à custa de tecidos, tais como o músculo esquelético e adiposo, para manutenção do equilíbrio do organismo.
Kwashiorkor-marasmático: Existe uma combinação de sinais e sintomas, dos dois tipos de desnutrição, sendo comum a transição de um quadro clínico para outro. Em todos os casos, as crianças tendem a desenvolver diarreia, infecções e múltiplas deficiências de nutrientes. As crianças com este tipo de afecção retêm alguns líquidos e têm mais gordura corporal do que as que apresentam marasmo.
Tende a ser limitado a algumas partes do mundo (África rural, Caribe, Ilhas do Pacífico e Sudeste da Ásia), onde as comidas utilizadas para desmamar os bebês – como inhame, mandioca, arroz, batata-doce e bananas verdes – são deficientes em proteínas.
Na década de 70, Gopalan, na Índia, mostrou que as crianças desenvolveram tanto marasmo como "kwashiorkor" independentemente da ingestão dietética quantitativa e qualitativamente semelhante. Para contemporizar a falta de consenso, o termo desnutrição proteico-calórica ou energética surgiu como a terminologia que abrangeu o grande espectro da síndrome: de um lado o marasmo, refletindo deficiência de energia, e do outro lado o "kwashiorkor", resultado de relativa deficiência de proteínas. 
	
	Causas
	Sinais e Sintomas
	Kwashiorkor
(úmida)
	Alimentação pobre em proteínas;
Estresse fisiológico;
Mal do segundo filho;
Crianças maiores.
	Atraso metal e psicomotor;
Edema;
Atrofia do tecido muscular e hipertrofia do adiposo;
Fraqueza;
Diarreia;
Diminuição do apetite.
	Marasmo
(seca)
	0% de gordura corporal;
Quase total inanição;
Déficit geral de nutrientes;
Crianças menores de 2 anos.
	Faces envelhecidas;
Atraso mental;
Polifagia;
Atrofia muscular;
Astenia;
Diarreia;
Cabelo seco e descolorido;
Presença de infecções.
	Marasmo - Kwashiokor
	Mistura dos dois.
	Edemas;
Mais gordura que o marasmo.
Manifestações clínicas:
Diversos fenômenos orgânicos ocorrem como consequência da desnutrição e afetam praticamente todos os sistemas. Um dos mais afetados é o trato gastrointestinal, que além de realizara digestão e a absorção de nutrientes é considerado importante órgão imunológico ao atuar como barreira à entrada de microrganismos. Os componentes do epitélio intestinal são a própria mucosa intestinal, a mucina, a microbiota simbiótica, os anticorpos secretórios específicos (ex. a IgA secretória), os macrófagos e outras células imunológicas da lâmina própria do intestino e dos linfonodos mesentéricos. Todos estes componentes dependem de nutrição adequada para o adequado funcionamento. As células epiteliais do intestino são renovadas a cada dois a três dias, graças a substratos nutritivos recebidos pelo lúmen intestinal e sangue. Assim sendo, a ausência de nutrientes, a diminuição do fluxo circulatório e fenômenos hormonais podem interferir diretamente na capacidade de regeneração da mucosa intestinal. 
O melhor estímulo trófico para a proliferação de células é a presença de nutrientes no lúmen. O jejum, por curto período de tempo, em indivíduos voluntários sadios resultou em alterações das enzimas, do fluxo sanguíneo, do tempo de trânsito intestinal, do tamanho das vilosidades intestinais, da absorção e da permeabilidade intestinal e do "turnover" de células. O intestino grosso sofre, também, com o jejum, à medida que parece perder a capacidade de absorver água e eletrólitos, apesar de ter a capacidade secretória estimulada. Roediger mostrou que até mesmo o íleo tem a atividade secretória aumentada durante períodos de jejum, o que pode explicar os episódios de diarreia de pacientes com desnutrição grave, associados a mortalidade aumentada. Winter mostrou diminuição da função digestiva em pacientes desnutridos (síntese proteica, secreções gastropancreáticas, e absorção de gorduras e xilose) quando comparada com a de indivíduos sadios. A função imunológica de doentes desnutridos é alterada, o que provavelmente incorre na incidência aumentada de complicações infecciosas vistas neste grupo de pacientes. Contudo, é extremamente difícil conseguir definir como a imunidade destes indivíduos é afetada em consequência da desnutrição por si só, sem sofrer a interferência de outros fatores de confusão. Isto, principalmente, porque a presença de doenças crônicas e imunológicas por si só altera a imunidade. Alguns estudos têm mostrado que desnutrição é fator de risco para resposta imunológica diminuída. Segundo Chandra, a imunidade celular encontra-se prejudicada em presença de desnutrição. Pacientes com câncer de cabeça e pescoço, quando desnutridos, tiveram a expressão do HLA-DR de monócitos significativamente diminuída quando comparados com pacientes nutridos. EK et al. mostraram que indivíduos idosos desnutridos apresentaram associação entre a resposta a testes de sensibilidade cutânea diminuída e parâmetros antropométricos também diminuídos. Este mesmo grupo de pacientes apresentou risco aumentado para o desenvolvimento de úlceras por pressão e maior mortalidade mostraram que pacientes cirúrgicos desnutridos apresentaram redução do complexo de histocompatibilidade maior tipo II (MHC) quando estimulados com interferon-γ, com consequente diminuição do número de bactérias fagocitadas por célula. A expressão do MHC foi diretamente associada com a gravidade do estado nutricional. Twomey et al. evidenciaram que a desnutrição diminui a capacidade das enzimas mitocondriais dos linfócitos. 
COmpreender OS FATORES RESPONSÁVEIS PELA DESNUTRIÇÃO INFANTIL
Causas primárias: A pessoa come pouco ou“mal”. Ou seja, tem uma alimentação quantitativa ou qualitativamente insuficiente em calorias e nutrientes.
Causas secundárias: A ingestão de alimentos não é suficiente porque as necessidades energéticas aumentaram ou por qualquer outro fator não relacionado diretamente ao alimento. Exemplos: presença de verminoses, câncer, anorexia, alergia ou intolerância alimentares, digestão e absorção deficiente de nutrientes.
Outros fatores:
Desmame precoce: É o período de desmame uma fase crítica na ecologia nutricional da criança nos primeiros meses de vida, a introdução inadequada de prática alimentar artificial representa um grave risco para Desnutrição. Muitas mães, pertencentes a nível sócio-econômico baixo efetuam o desmame de seus filhos precocemente, alegando enfraquecimento ou falta de leite; porém, sem terem o que ou como oferecer outro tipo de alimentação, empregam pouca quantidade de leite pasteurizado no preparo da mamadeira ou ainda dispensam alimentos de grande valor nutritivo, tais como ovo e feijão, por crendices e preconceitos.
Socioeconômicos: Crianças provenientes de famílias de baixa renda apresentam um risco maior relacionado a deficiências alimentares. Além disso, condições sanitárias precárias contribuem para o aparecimento de infecções, parasitoses e da desnutrição.
Culturais: Fatores culturais influenciam muito o consumo de alimentos. Mitos, crenças e tabus podem interferir negativa ou positivamente nos aspectos nutricionais, sendo mais comuns os prejuízos que os benefícios.
Renda e disponibilidade de alimentos: Quanto mais alta a renda, maior é o gasto com hortaliças, frutas e outros elementos variados. A dieta, é claro, tem melhor qualidade. Quanto menor a renda, maior o comprometimento tanto da qualidade quanto da quantidade de alimentos consumidos.
A Desnutrição é resultado de um complexo de fatores sociais, econômicos, patológicos e entre os principais, destacaremos os que seguem:
Dieta: O desequilíbrio entre as proporções de proteínas e de carboidratos devido à ingestão inadequada de alimentos.
Infecção: Atuam principalmente como fatores desencadeantes.
Fatores Psicológicos: Podem ser muitas vezes relevantes na Desnutrição. Por exemplo, a privação materna, quando a mãe tem que se afastar ou mesmo se ausentar da convivência com o filho, sendo traduzida pela criança, principalmente, por anorexia.
Insuficiente Produção de Alimentos: Baixa produtividade agrícola da terra, carência de alimentos, alto custo dos alimentos.
Nutrição Materna: Nas áreas subdesenvolvidas, pouca atenção é dada à dieta da gestante. É sabido da grande necessidade nutritiva apresentada pelo feto, tornando de suma importância a qualidade alimentar da gestante.
Elucidar as medidas do pnan (política nacional de alimentação e nutrição)
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), aprovada no ano de 1999, integra os esforços do Estado brasileiro, que por meio de um conjunto de políticas públicas propõe respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação.
A PNAN apresenta como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição.
Está organizada, também, em diretrizes que abrangem o escopo da atenção nutricional no Sistema Único de Saúde com foco na vigilância, promoção, prevenção e cuidado integral de agravos relacionados à alimentação e nutrição; atividades, essas, integradas às demais ações de saúde nas redes de atenção, tendo a atenção básica como ordenadora das ações. 
A PNAN tem por pressupostos os direitos à Saúde e à Alimentação e é orientada pelos princípios doutrinários e organizativos do Sistema Único de Saúde, se somam os princípios a seguir: 
-A Alimentação como elemento de humanização das práticas de saúde 
-O respeito à diversidade e à cultura alimentar 
-O fortalecimento da autonomia dos indivíduos 
-A determinação social e a natureza interdisciplinar e intersetorial da alimentação e nutrição 
-A segurança alimentar e nutricional com soberania 
As diretrizes que integram a PNAN indicam as linhas de ações para o alcance do seu propósito, capazes de modificar os determinantes de saúde e promover a saúde da população. Sendo consolidadas em: 
1. Organização da Atenção Nutricional; 
2. Promoção da Alimentação Adequada e Saudável; 
3. Vigilância Alimentar e Nutricional; 
4. Gestão das Açõesde Alimentação e Nutrição; 
5. Participação e Controle Social; 
6. Qualificação da Força de Trabalho; 
7. Controle e Regulação dos Alimentos; 
8. Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e Nutrição; 
9. Cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional. 
Sete são as diretrizes programáticas desta Política que tem como fio condutor o Direito Humano à Alimentação e a Segurança Alimentar e Nutricional. 
1. Estímulo a ações intersetoriais com vistas ao acesso universal aos alimentos. 
2. Garantia da segurança e qualidade dos alimentos. 
3. Monitoramento da situação alimentar e nutricional. 
4. Promoção de práticas alimentares e estilos de vida saudáveis. 
5. Prevenção e controle dos distúrbios e doenças nutricionais. 
6. Promoção do desenvolvimento de linhas de investigação. 
7. Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos em saúde e nutrição. 
Diretrizes: 
1-Estímulo às ações intersetoriais com vistas ao acesso universal aos alimentos: O setor Saúde deverá promover ampla articulação com outros setores governamentais, a sociedade civil e o setor produtivo, cuja atuação esteja relacionada a determinantes que interferem no acesso universal aos alimentos de boa qualidade. Tal ação intersetorial consistirá, portanto, em ampla negociação e tem em conta que os principais determinantes da alimentação e nutrição saudáveis não são do domínio direto do setor Saúde, como por exemplos: o acesso ao trabalho, ao emprego e à renda; a produção, o armazenamento e a distribuição de produtos agrícolas; o crédito agrícola e o estímulo ao pequeno produtor; os estoques de alimentos; o abastecimento e a suplementação alimentar de diferentes segmentos populacionais e sociais, entre os quais os programas desenvolvidos de forma articulada com a produção de alimentos locais e regionais.
2- Garantia da segurança e da qualidade dos alimentos e da prestação de serviços neste contexto: O redirecionamento e o fortalecimento das ações de vigilância sanitária serão focos de atenção especial na busca da garantia da segurança e da qualidade dos produtos e da prestação de serviços na área de alimentos. Essas ações constituem, assim, instrumento básico na preservação de atributos relacionados com o valor nutricional e com os critérios de qualidade sanitária dos alimentos e na prestação de serviços neste âmbito, com vistas à proteção da saúde do consumidor, dentro da perspectiva do direito humano à alimentação e nutrição adequadas.
Ações Estratégicas da PNAN: 
Vigilância Alimentar e Nutricional: A avaliação contínua do perfil alimentar e nutricional da população e seus fatores determinantes compõe a Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN). Recomenda-se que nos serviços de saúde seja realizada avaliação de consumo alimentar e antropometria de indivíduos de todas as fases da vida (crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes) e que estas observações possam ser avaliadas de forma integrada com informações provenientes de outras fontes de informação.
Promoção da Saúde e da Alimentação Adequada e Saudável:A promoção da saúde consiste num conjunto de estratégias focadas na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e coletividades. Tem por objetivo apoiar Estados e municípios brasileiros no desenvolvimento da promoção e proteção à saúde da população, possibilitando um pleno potencial de crescimento e desenvolvimento humano, com qualidade de vida e cidadania. Além disso, reflete a preocupação com a prevenção e com o cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e nutrição como a prevenção das carências nutricionais específicas, desnutrição e contribui para a redução da prevalência do sobrepeso e obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis, além de contemplar necessidades alimentares especiais tais como doença falciforme, hipertensão, diabetes, câncer, doença celíaca, entre outras. Tem como enfoque prioritário a realização de um direito humano básico, que proporcione a realização de práticas alimentares apropriadas dos pontos de vista biológico e sociocultural, bem como o uso sustentável do meio ambiente.
Prevenção e Controle de Agravos Nutricionais: Requerem um conjunto amplo de ações de diversos setores. A PNAN constitui-se uma resposta oportuna e específica do SUS para reorganizar, qualificar e aperfeiçoar suas ações para o enfrentamento da complexidade da situação alimentar e nutricional da população brasileira. O Brasil tem vivenciado uma peculiar e rápida transição nutricional: de um país que apresentava altas taxas de desnutrição, na década de 1970, passou a ser um país com metade da população adulta com excesso de peso, em 2008. Os avanços são desiguais. Ainda persistem altas prevalências de desnutrição crônica em grupos vulneráveis da população, persistência das deficiências de ferro e vitamina A. Também se observa o ressurgimento de casos de Beribéri. Simultaneamente, o Brasil vem enfrentando o aumento expressivo do sobrepeso e da obesidade, assim como em vários países do mundo. Além dos agravos nutricionais mencionados acima, a PNAN também reconhece as necessidades alimentares especiais como demanda para a atenção nutricional no SUS, referidas na política como sendo as necessidades alimentares, sejam restritivas ou suplementares, de indivíduos portadores de alteração metabólica ou fisiológica que cause mudanças, temporárias ou permanentes, relacionadas à utilização biológica de nutrientes ou a via de consumo alimentar (enteral ou parenteral). Dessa forma, são exemplos: erros inatos do metabolismo, doença celíaca, HIV/aids, intolerâncias alimentares, alergias alimentares, transtornos alimentares, prematuridade, nefropatias, entre outros.
Programa Bolsa Família: É um programa federal de transferência direta de renda à famílias em situação de pobreza (renda entre R$70,01 a R$140,00 por pessoa) ou de extrema pobreza (renda de até R$70,00 por pessoa), com a finalidade de promover seu acesso aos direitos sociais básicos e romper com o ciclo intergeracional da pobreza. O Programa é realizado por meio de auxílio financeiro vinculado ao cumprimento de compromissos na Saúde, Educação e Assistência Social - condicionalidades. As famílias em situação de pobreza e extrema pobreza podem ter maior dificuldade de acesso e de frequência aos serviços de Saúde. Por este motivo, o objetivo das condicionalidades do Programa é garantir a oferta das ações básicas, e potencializar a melhoria da qualidade de vida das famílias e contribuir para a sua inclusão social.
O acompanhamento das famílias: 
Identificação de gestantes para recebimento do Benefício Variável à Gestante (BVG): 
Pesquisa, Inovação e Conhecimento: A gestão das ações em alimentação e nutrição são potencializadas por meio das pesquisas que geram avanço do conhecimento no campo além da geração de evidências e instrumentos necessários para implementação da Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Para traçar o perfil nutricional da sua população, o Brasil conta com inquéritos populacionais, pesquisas locais e com os Sistemas de Informação do Ministério da Saúde, com destaque para o SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional). Todas essas fontes possibilitam um diagnóstico contínuo e dinâmico da situação alimentar e nutricional da população brasileira. É uma pauta dinâmica, que deve observar atentamente as mudanças no perfil nutricional da população de interesse nacional e regional, pautada na agenda nacional de prioridades de pesquisa em saúde buscando além do conhecimento e monitoramento, respostas para reverter o atual quadro epidemiológico da população brasileira.
Controle e Regulação dos Alimentos: O planejamento das ações que garantam a inocuidade e a qualidade nutricional dos alimentos, controlando e prevenindo riscos à saúde, se faz presente na agenda da promoção da alimentação adequada e saudável e da proteção à saúde. A preocupação em ofertar o alimento saudável e com garantia de qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica à população é o produto finalde uma cadeia de processos, desde a produção (incluindo a agricultura tradicional e familiar), processamento, industrialização, comercialização, abastecimento até a distribuição, cuja responsabilidade é partilhada com diferentes setores de governo e da sociedade.
Participação e Controle Social: O SUS é marco da construção democrática e participativa das políticas públicas no Brasil. Sua legislação definiu mecanismos para que a participação popular, fundamental para sua constituição, faça parte do seu funcionamento através da prática do controle social nos Conselhos e Conferências de Saúde nas três esferas de governo. 
A participação social deve estar presente nos processos cotidianos do SUS, sendo transversal ao conjunto de seus princípios e diretrizes. Assim, deve ser reconhecido e apoiado o protagonismo da população na luta pelos seus direitos à saúde e à alimentação por meio da criação e fortalecimento de espaços de escuta da sociedade, de participação popular na solução de demandas e de promoção da inclusão social de populações específicas. 
Qualificação da Força de Trabalho: A situação alimentar e nutricional da população brasileira e o Plano Nacional de Saúde, combinados com o movimento em defesa da segurança alimentar e nutricional, fornecem indicações importantes para a ordenação da formação dos trabalhadores do setor saúde que atuam na agenda da alimentação e nutrição no SUS. Nesse contexto, torna-se imprescindível a qualificação dos profissionais em consonância com as necessidades de saúde, alimentação e nutrição da população, sendo estratégico considerar o processo de trabalho em saúde como eixo estruturante para a organização da formação da força de trabalho.

Outros materiais