Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO: Letras – Inglês DISCIPLINA: História da Educação PROFESSOR (A) TUTOR (A): Daniel Tadeu do Amaral TÍTULO DA ATIVIDADE ESTRUTURADA: A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA, O BNCC E O BRASIL DE HOJE: AVANÇO REAL OU APENAS UMA TENTATIVA EM VÃO? ALUNO (A) AUTOR (A) DA ATIVIDADE: Aline de Souza Torres Homem Matrícula: 201908241471 INTRODUÇÃO: A Educação é a base de todo e qualquer país para seu desenvolvimento. O Brasil, como qualquer grande país, deveria se preocupar com esse aspecto sempre, mas sabemos que a Independência real é recente e que nem sempre foi assim. Hoje o país conta com um novo programa educacional recém-aprovado, aplicado no último ano, que nem todos aceitam muito bem. Ao longo do nosso relatório, veremos a História da Educação no nosso país e o porquê da Base Nacional Comum Curricular – BNCC – e o modelo geral de Educação não serem 100% adequados para o Brasil em pelo Século XXI. DESENVOLVIMENTO: Ao longo da história, a educação brasileira vem sofrendo mudanças importantes – e até um tanto quanto drásticas, em alguns momentos – de acordo com cada acontecimento e/ou fase política no país. Os Jesuítas foram os precursores da educação em nosso país (e, mesmo que o intuito tenha sido a colonização religiosa, sua contribuição tem um grande valor, com certeza), expulsos pelo Marquês de Pombal e a instituição do retrocesso da Era Pombalina e sua ausência de instrutores devidamente capacitados. Com a vinda da República e seu Positivismo – o projeto audacioso de Benjamin Constant para a educação com a total reestruturação educacional, o estabelecimento dos ensinos primário e secundário, das séries e das aprovações ao final dos anos – passamos a ter um sistema de ensino um pouco mais estruturado, mais sólido, mas ainda muito direcionado às classes dominantes e muito preso às diretrizes europeias. Apenas com a vinda da década de 30 e a Revolução/Golpe de 30, a Era de Getúlio Vargas e, em paralelo, o Manifesto dos Pioneiros da Educação, a estruturação da Educação Brasileira (com a ideia da Escola Nova) foi feita de forma que passou a ter uma estruturação devida, uma prévia da escola que hoje temos ativa no Brasil, fazendo com que a Constituição de 1934 trouxesse, pela primeira vez, um capítulo que regulamentasse a Educação no país. Desde então e até os idos de 1964, quando ocorreu o Golpe Militar, o Brasil vivenciou uma tentativa democrática com o desenvolvimento de movimentos populares de campanhas educacionais, tais como a criação da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), sancionado em 1961 após longo debate e o surgimento da Filosofia da Educação de Paulo Freire, popularmente conhecida como Método Paulo Freire e mundialmente conhecida e estudada até hoje. Durante os idos da ditadura, algumas modificações importantes foram feitas em todo o processo educacional, como a criação da pós-graduação, a institucionalização do ensino profissionalizante e a criação do ensino supletivo. Com a anistia e a promulgação da Constituição Federativa da República do Brasil, em 1988, não houve muitas mudanças no âmbito educacional brasileiro, o que veio a acontecer após 1994 em diante, com a criação da atual LDB (Lei 9394/96, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo ministro da Educação Paulo Renato em 20 de dezembro do mesmo ano – mas sendo uma grande briga de Darcy Ribeiro) que passou a determinar o que está vigente, como a criação do Plano Nacional de Educação (PNE), a carga horária mínima de oitocentas horas distribuídas em cento e oitenta dias letivos na educação básica e o gasto mínimo de 18% pela União e 25% pelo Estados e Municípios de seus respectivos orçamentos na manutenção e desenvolvimento do ensino público, por exemplo. É notório o avanço da Educação após a LDB de 96 e a Reforma da Educação, que resultaram no BNCC criado em 4 de dezembro de 2018 e tem como base os eixos de conhecimento no lugar das disciplinas, facilitando, assim, a integração permanente entre escolas de todos os tipos e todos os locais de um país tão vasto e tão diferente entre suas diversas regiões. No entanto, há uma enorme discussão quanto ao conteúdo da BNCC após uma discussão tão estendida: a questão da presença do Ensino Religioso nas escolas em um país laico, conforme determinado na Constituição Federal em seu artigo 19, inciso I: “Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;” Por decisão bem conturbada, mesmo que seja a matrícula seja opcional, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou, no Acórdão de 2017, o ensino religioso confessional nas escolas – o que é bem polêmico e tendencioso, podendo aumentar o número de instituições que ofereçam aulas de religião destinadas a uma crença específica e desorganizar a gestão das escolas, segundo especialistas. De acordo com Fischmann (2012, p. 16-17), a importância do Estado Laico se estabelece da seguinte forma: “Assim, o caráter laico do Estado, que lhe permite separar-se e distinguir-se das religiões, oferece à esfera pública e à ordem social a possibilidade de convivência da diversidade e da pluralidade humana. Permite, também, a cada um dos seus, individualmente, a perspectiva da escolha de ser ou não crente, de associar-se ou não a uma ou outra instituição religiosa. E, decidindo por crer, ou tendo o apelo para tal, é a laicidade do Estado que garante, a cada um, a própria possibilidade da liberdade de escolher em que e como crer, ou simplesmente não crer, enquanto é plenamente cidadão, em busca e no esforço de construção da igualdade.” Desta forma, fica clara a importância da laicidade do Estado e do perigo que o Ensino Religioso, mesmo que não seja obrigatório ou restrito a uma religião (mas com a possibilidade de ser confessional) oferece ao se tornar parte da grade de ensino em uma escola. O direito individual de cada um sobre sua opção religiosa deveria ser garantido, e o Ensino Religioso com certeza põe a perigo tal direito. CONCLUSÃO: E hoje, após todo esse processo, seus prós e contras, como está a educação em nosso país? Como disse o Prof. Rodrigo Rainha no vídeo sobre ‘A Pedagogia no Contexto Científico’, “todo pensador, toda dinâmica é fruto do seu próprio tempo”. Com a Educação, isso não poderia seguir de forma diferente: no Séc. XXI, finalmente o povo – usuário e principal interessado – questiona o conteúdo, a metodologia e a qualidade da Educação no Brasil, questionando os índices e as novas diretrizes estabelecidas pela BNCC. É fato que, no decurso da História, a educação no Brasil vem evoluindo e melhorando, sendo melhor distribuída dentre o povo e melhor aproveitada por todos nós. O que realmente preocupa a quem estuda para, em breve, ser parte da ala que educa é a brecha que se abre quando o novo Plano Nacional de Educação, dentro da BNCC supracitada, permite que algo tão pessoal e persuasivo quanto religiões seja parte do Ensino Fundamental, mesmo que de forma opcional, podendo assim causar divergências e a formação de polarizações desnecessárias. Religiões são questões tão pessoais quanto as outras ditadas no 5º artigo da Constituição Federal e não devem, portanto, fazer parte da Educação Básica, mesmo que de forma opcional – especialmente tendo a possibilidade mencionada acima quanto à confessionalidade. Ainda, com tantos assuntos mais importantes a serem abordados em um país multicultural, intercultural, plurirracial e tecnicamente atrasado perante o mundo, a Educação fica severamente atrasada quando prioriza a abordagem de assuntos tão desnecessários para o avanço de seus cidadãos em termos de conhecimentoscientíficos. É claro que a BNCC permite uma maior equiparação entre as escolas, mas isso ainda não é o suficiente: precisamos de muito mais para termos um país que cresça, de fato, em termos educacionais. Precisamos do interesse real do Estado em educar seu povo, precisamos que a Educação seja plenamente adequada a cada pedaço dessa país gigante para que evolua em cada parte conforme cada necessidade, para que atinja a evolução desejada por cada educador conforme a possibilidade de cada aldeia, cada cidade, cada estado. Precisamos de uma atenção menos interesseira e mais interessada em cada aluno que se interesse em aprender. BIBLIOGRAFIA: MONTEIRO DA CONCEIÇÃO, José Luis. Jesuítas na educação brasileira: dos objetivos e métodos até a sua expulsão. Fundação CECIERJ, 2017. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/17/3/jesutas-na-educao-brasileira-dos- objetivos-e-mtodos-at-a-sua-expulso. Acesso em: 18 nov. 2019. BRASIL. Lei nº 4024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lex: Legislação Informatizada, edição federal. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961- 353722-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em 19 nov. 2019. BRASIL. Lei nº 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Lex: edição federal. Diário Oficial da União - Seção 1 - 23/12/1996, Página 27833 (Publicação Original); Coleção de Leis do Brasil - 1996, Página 6544 Vol. 12 (Publicação Original). BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Base Nacional Curricular Comum. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base. Acesso em: 18 nov. 2019. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 18 nov. 2019. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4439. Brasília: 2017. Disponível em: http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=3926392. Acesso em: 19 nov. 2019. FISCHMANN, Roseli. Estado Laico, Educação, Tolerância e Cidadania para uma análise da Concordata Brasil – Santa Sé. São Paulo: Factash, 2012. p.16-17.
Compartilhar