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resumo civil 5

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08/02
Conceito, conteúdo, objeto, princípios e natureza do Direito de Família 
1. Conceito: por meio do Livro IV do Código Civil, arts. 1.511 a 1.783, verificamos que o Direito de Família regulamenta o casamento (celebração, validade, dissolução), a união estável e as relações recíprocas de natureza pessoal e patrimonial entre cônjuges ou companheiros, pais e filhos e parentes, abrangendo, também, os institutos da tutela e curatela, por serem conexos com o direito de família. 
2. Conteúdo: tem o Direito de Família as seguintes divisões: a) direito matrimonial (casamento); b) direito convivencial (união estável); c) direito parental (parentesco, filiação, adoção, poder familiar e alimentos); d) direito assistencial (guarda, tutela, curatela e medidas específicas de proteção ao menor). 
3. Objeto: é a própria família que, numa acepção amplíssima, abrange todas as pessoas que estejam ligadas pelo vínculo da consanguinidade ou da afinidade. Porém, há doutrinadores que incluem estranhos como se fosse também da família, como as pessoas do serviço doméstico (art. 1.412, § 2º, CC) ou que vivam a expensas de uma determinada família, conforme anota Dimas Messias de Carvalho.
	Na acepção lata, família abrange os cônjuges, companheiros, os filhos, os parentes na linha reta e na colateral até o quarto grau e os afins (parentes do cônjuge ou companheiro) na linha reta e na colateral até o segundo grau (art. 1.591/1595 CC). No sentido restrito, de considerar como família os pais e os filhos, independente do estado civil (arts. 1.511, 1.513, 1.567, 1.716 e 1.723, CC e 226, § 3º da CF) ou a formada por apenas um dos pais e seus descendentes (família monoparental ou unilinear). 
	Assim, do que acima vimos e também face ao disposto no artigo 226 e seguintes da Constituição Federal, podemos considerar, hoje, as seguintes espécies de família, de livre escolha da parte interessada, sem intervenção do estado:
a) família matrimonial, advinda do casamento;
b) família não matrimonial: constituída fora do casamento (união estável e famílias monoparentais);
c) família adotiva: constituída pelo vínculo de adoção;
d) família substituta: que se configura pela guarda, tutela (art. 28 do ECA);
e) família homoafetiva, formada por pessoas do mesmo sexo. 
	Com relação à família homoafetiva, há, ainda, nos Tribunais resistência em considerá-la. Porém, entendemos que desconsiderá-la é desprezar o princípio da dignidade da pessoa humana, bem como o princípio da legalidade, eis que não há nenhum dispositivo legal proibindo que pessoas do mesmo sexo vivam em família, existindo afeto entre ambos. Ademais, o artigo 226 da Constituição Federal admitiu outras formas de constituição de família, além da advindo do casamento. Tal dispositivo legal, em seus diversos parágrafos, é apenas exemplificativo. Assim, outras formas de entidades familiares não-matrimonializadas poderão existir, a exemplo da família homoafetiva.
1. Entidades familiares
*Casamento: é a união entre pessoas de sexos diferentes ou não, que dentre as várias entidades familiares escolheu esta para convivência em comum.
*União estável: a diferença entre casamento e união estável, nos dias hodiernos é o documento, pois para viver a segunda não se faz necessário este. A união estável surgiu da vontade das pessoas de lutar contra as burocracias Estatais presentes no casamento. A união estável consiste na união entre pessoas de sexos diferentes ou não, que escolheram a união estável para viver em conjunto.
*Família monoparental: é aquela forma sem a presença do outro companheiro, ou seja, mãe ou pai solteiro (art. 226, §4º, CF).
Para compreender melhor as entidades familiares, é importante ler os artigos 226 e seguintes da CF.
CAPÍTULO VII
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado;
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá:
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das váriasesferas do poder público para a execução de políticas públicas.
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
4. Princípios do Direito de Família
4.1. Princípio da ratio do matrimônio e da união estável: afeto. O afeto é que levará o casal a escolher a maneira como viverão juntos, seja através do casamento ou não. Não existindo mais a affectio, não há comunhão de vida e, por consequência, não há que se falar mais em família. Na verdade, poder-se-ia, acabando o afeto, ajuizar ação de separação, sem demonstração de culpa. Entretanto e contraditoriamente, o Código Civil ainda insiste na necessidade de demonstração de culpa, para que seja julgado procedente o pedido de separação. Não havendo culpa, mesmo inexistindo afeto, o casamento persistirá. O que já não acontece na união estável, eis que, de imediato, um ou ambos os conviventes poderão dissolver a convivência. 
4.2. Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges ou conviventes: a Constituição de 1988, em seu artigo 226, § 5º, sepultou, de vez, a família patriarcal, através da qual o homem mandava e a mulher apenas cumpria as ordens do marido. Aliás, a mulher, antes do Estatuto da Mulher casada (Lei 4.121/62) com o casamento se tornava praticamente irresponsável pelos seus atos, eis que para tudo dependia da autorização do marido. Com a Lei 4.121/62 a mulher passou a ser colaboradora do marido, ou seja, na verdade passa a ser semi-responsável pelos seus atos. Somente a Constituição de 1988 é que acabou com absurda discriminação, com a igualação de direitos e deveres entre os cônjuges ou conviventes. Vale ressaltar-se que, antes da atual Constituição, o marido podia propor ação de anulação de casamento, em razão do desvirginamento da mulher, antes do matrimônio. 
	Aliás, o Código Civil atual corrigiu, com a mudança de nome, o equívoco que persistia mesmo depois do advento da atual Constituição Brasileira, ao falar, corretamente, em poder familiar, em vez de pátrio poder, que era restrito apenas ao pai. Na verdade, ambos os pais são responsáveis pela guarda, criação, educação dos filhos e qualquer divergência deverá ser solucionada judicialmente. 
4.3. Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos: pelo artigo 227, § 6º da Constituição Federal, “os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. Portanto, a Constituição Republicana de 1988 também sepultou os rótulos que estigmatizavam os filhos para sempre, de bastardos ou adulterinos. Na verdade, encerrada restou à fase hipócrita do direito de família, através da qual o filho era o único responsável pelos atos do pai. De ressaltar-se que sequer podia, até então, o filho ajuizar ação investigatória de paternidade, se o suposto pai fosse casado. Privilegiava-se a instituição casamento em detrimento do filho, que ficava sem pai, enquanto seu genitor fosse casado.
4.4. Princípio do pluralismo familiar: já mencionado ao estudarmos as diversas espécies de família, admitidas pela Constituição Federal vigente. Assim, família não é apenas a que advém do casamento, como previam todas as demais Constituições que antecederam a vigente. Assim, temos a família advinda do casamento, da união estável, a família monoparental e a família homoafetiva, dentre outras que ainda poderão surgir, através do afeto. 
4.5. Princípio da liberdade: ditado pelo art. 226, § 7º da Constituição e realçado pelo artigo 1.513 do Código Civil, ao vedar qualquer forma de imposição ou restrição na constituição da família. Assim, além de escolher qual família pretende constituir, o planejamento familiar (art. 1.565) é também de livre escolha do casal, que, ainda, salvo nos casos de separação obrigatória, poderá optar pelo regime de bens que melhor lhe aprouver (art. 1.639), bem como tem livre escolha na aquisição e administração do patrimônio familiar (art. 1.642 e 1.643) e poderá optar pelo modelo de formação educacional, cultural e religiosa dos filhos (art.1.634), também sem nenhuma interferência. 
4.6. Princípio do respeito da dignidade humana: previsto, de maneira genérica, no artigo 1º, III, da Constituição Federal e, especificamente no Direito de Família, no art. 226, § 7º da Carta Republicana de 1988. É através deste princípio, dentre outros, que afirmamos, acima, existir a família homoafetiva no nosso ordenamento jurídico. O fato de duas pessoas do mesmo sexo se unirem, afetivamente, não significa que deixaram de ser dignas ou que não são mais seres humanos. Devemos, por mandamento constitucional, respeitar a opção do outro, sob pena de estarmos excluindo esse outro da convivência em sociedade, como cidadão.
2. Princípios do Direito de Família
A. Princípio da ratio do matrimônio e da união estável: é o afeto/amor, que é razão principal de se constituir uma entidade familiar.
B. Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges ou conviventes: pretendeu a CF/88, pelo menos formalmente, mudar a cultura patriarcal, pois anteriormente a esta, a mulher era interditada quando casava, devido a total dependência do marido. A CF/88 igualou os direitos e deveres, de forma que não existe mais “chefia da sociedade”, a responsabilidade é de ambos.
Exemplo: - antes da CF/88 se o filho precisasse viajar para o exterior, quem autorizava sozinho era o marido. Para a mulher ajuizar uma ação era necessária a autorização do marido. - Com a CF/88 se o filho precisa viajar para o exterior, ambos os pais devem autorizar, e se houver divergência o judiciário quem resolve. A questão não á querer judicializar, a proposta é a de democratizar o direito de família, ou seja, se ambos os pais não querem permitir, deve haver um debate para verificar qual o melhor argumento.
I. Cônjuges: são quem vive no estado de casado. A pessoa deve estar no estado de solteira, viúva ou divorciada, para mudar para o estado de casada.
II. Conviventes: são quem vive em união estável. Ao viver em união estável não há mudança de estado, já que não existe “estado de conviventes”, uma vez que este termo é utilizado apenas para fins de impedimentos, de forma que mesmo em união estável, o estado que a pessoa pode ter é solteira; viúva; divorciada; ou “casada”, mas este último será desde que “separada de fato” (estar separado de corpos do ex-cônjuge). É importante ressaltar que não há prazo para gerar direitos em união estável, de forma que, por se tratar apenas de um acerto de vontade entre os conviventes o regime de bens nesta é de comunhão parcial de bens, independentemente do esforço em comum. Destaca-se também que, união estável já pressupõe hétero ou Isoafetiva.
Veremos que o regime legal/supletivo no Direito Brasileiro é o de comunhão parcial de bens. “legal” refere-se que dispensa burocracia no pacto antenupcial.
Exemplo: Reginaldo se casou sem fazer o pacto antenupcial (contrato por escritura pública), desta forma, seu regime de casamento será o de comunhão parcial de bens, ou seja, tudo que Reginaldo adquiriu durante o casamento, salvo doações e sucessões, se comunicam.
C. Princípio do singularismo familiar: vem do singular, uma só entidade familiar, sendo o “casamento”, princípio este que vigorava antes da CF/88, que as uniões que ocorriam fora do casamento eram excluídas/marginalizadas/estigmatizadas.
Exemplo: antes da CF/88, Aline e Bruno viveram juntos por 10 anos sem que casados fossem, logo, ambos eram concubinos,isso porque esta entidade familiar denominava-se como “concubinato” (deitar-se com outro/adentrarem ao recinto), de forma que a mulher era vista como indigna, pois o direito não reconhecia.
Ele trabalhava fora, recebia bons salários e comprava imóveis; ela era doméstica. Com o fim do relacionamento, ela decidiu ir a juízo, contudo, não havia regulamentação na lei, e embora parecesse óbvio que tivesse que ser feita a comparação deste relacionamento com o casamento, na época com toda a burocracia e conservadorismo que prevalecia, por analogia, Aline teve que entrar com ação na vara cível de dissolução de sociedade de fato (não era feita na vara de família), da qual estava prevista no código civil, ou seja, era como se fosse uma sociedade que Aline e Bruno montaram, mas que não deu tempo de registrar na junta comercial.
A ação de dissolução de sociedade de fato cumulava-se com partilha de bens (meação), todavia, naquela época tinha que provar esforço comum, de forma que os juízes, machistas que eram, devido à cultura da época, não conseguiam entender que a mulher ao ficar no lar trabalhando, já estava contribuindo para aquisição dos bens, de forma que a mulher perdia toda a partilha, e os bens ficavam apenas com o homem. Os advogados enxergavam essa situação como uma indignidade, pois, não era isso que tinha ocorrido de fato, de forma que na petição inicial faziam um pedido sucessivo “ou, se não comprovado, pede-se a indenização por serviços domésticos prestados”, ou seja, a mulher de amante/companheira passava a ser doméstica, porém, era uma alternativa que garantia pelo menos um salário mínimo durante os anos vividos como concubinos.
- Antes da CF/88 havia a seguinte divisão:
*Concubinato Puro: quando na união entre homem e mulher, não há impedimento para se casar.
*Concubinato impuro: quando na união entre homem e mulher, há impedimento para se casar.
Exemplo: não pode haver casamento entre irmãos, pois há impedimento. Mas, como não tem como o Estado entrar com ação proibindo, é possível viver e ter filhos entre irmãos; e entre pais e filhos.
- Nos dias hodiernos há a seguinte divisão:
*Concubinato puro: atualmente passou a ser chamada a união estável, mas incluindo também pessoas de mesmo sexo;
*Concubinato impuro: equivale ao concubinato propriamente dito, que continua havendo impedimento.
	O questionamento que se faz é se concubinato é entidade Familiar, de forma que ao analisar o código civil verifica-se que não, mas o estudioso na área de direito de família irá dizer que assim, tendo em vista o princípio do afeto.
Exemplo: Murilo e Letícia embora sejam irmãos, são concubinos. Para o direito de família, é entidade familiar, pois Murilo e Letícia ao viverem juntos, o faz por amor.
	Newton Teixeira Carvalho explica que, se for entendido que concubinato não é entidade familiar, a questão de Murilo e Letícia seria discutida na vara cível, sendo considerada dissolução de sociedade de fato, ocorrendo do mesmo modo como antes da CF/88 (vide exemplo dado anteriormente). Isso porque, atualmente na união estável, tudo que um dos conviventes adquire, salvo documento dizendo contrário, independentemente de esforço comum, há meação.
- Para tratar de impedimento, é necessário entender parentesco
*Parentesco por consanguinidade: por ter o mesmo sangue.
*Parentesco em linha:
• Reta: deve dizer se é ascendente que é de baixo para cima, ou descendente que é de cima para baixo.
• Colateral: deve ir ao ancestral comum e fazer a curva (não se fala em ascendente e descendente), portanto, neste não há 1º grau.
*Parentesco por grau: exclui-se o ponto de partida e inclui-se o ponto de chegada.
Exemplos: - D e E são primos: o parentesco entre eles é por consanguinidade, na linha colateral, do 4º grau.
- D e C são respectivamente, sobrinho e tio: o parentesco entre eles é por consanguinidade, na linha colateral, do 3º grau.
- D e A são respectivamente, neto e avós: o parentesco entre eles é por consanguinidade, na linha reta ascendente, do 2º grau.
- B e C são irmãos: o parentesco entre eles é por consanguinidade, na linha colateral, do 2º grau.
- A e B são respectivamente, pais e filho: o parentesco entre eles é por consanguinidade, na linha reta descendente, do 1º grau.
*Parentesco por afinidade: o parentesco por consanguinidade do outro cônjuge e convivente passa a ser parentesco por afinidade.
Exemplo: a sogra de Eduardo, por lei é como se fosse sua mãe dele, devido ao parentesco por afinidade.
Obs.: entre cônjuges e conviventes não há parentesco.
Exemplos: - B e A são respectivamente, genro e sogra: o parentesco entre eles é por afinidade, na linha reta ascendente, do 1º grau.
- B e C são cunhados: o parentesco entre eles é por afinidade, na linha colateral, do 2º grau.
- B e E são respectivamente tio e sobrinho: o parentesco entre eles é por afinidade, na linha colateral, do 3º grau.
	É importante ressaltar que não existe ex-sogra, isso porque, conforme art. 1.595, §2º, CC, o fim do casamento não dissolve o parentesco por afinidade na linha reta, por questões morais, já na colateralidade se dissolve.
CC - Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro.
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
Exemplo: - Eduardo apaixonou por sua sogra, e está morando com ela. A entidade familiar é concubinato, pois há impedimento.
- Aristóteles é casado com Lúcia, mas, como se interessou por sua cunhada Ana, também vive com ela. A entidade familiar entre Ana e Aristóteles é concubinato, pois ele é caso com Lúcia e não está separado de fato.
- Aristóteles é casado com Lúcia, mas separou de fato, e foi morar com sua cunhada Ana. A entidade familiar é união estável.
União Estável putativa: quando um dos conviventes acredita que o outro está separado de fato de seu cônjuge, quando na verdade não está. Portanto, estar-se-á diante de uma entidade familiar que gera efeitos jurídicos diferentes, pois para o convivente de boa-fé é considerado união estável, e para o convivente de má-fé é concubinato.
Exemplo: Raul foi morar junto com Dalila, que acreditava estar ele separado de fato de sua esposa Filomena, quando na verdade ainda mantinha contato com a “ex”. Para Dalila que está de boa-fé podemos considerar união estável putativa, já para Raul é concubinato, pois tem ciência que é impedido, e está agindo de má-fé.
D. Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos: com a CF/88 não se adjetiva mais “filho ilegítimo/bastardo/de criação”. Antes desta o filho adotado e fora do casamento não tinha alguns direitos, ou seja, em nome da entidade abstrata chamada casamento até a CF/88 um relacionamento fora do casamento protegia o homem casado, de forma que o filho que nascia do relacionamento extraconjungal não tinha direito a ação investigatória de paternidade contra seu pai, devida ele ser casado, com isso a alternativa deste filho era “torcer” para que seu pai divorciasse ou ficasse viúvo, para aí então poder propor a ação. Nos dias hodiernos, se não for reconhecido o filho fora do casamento, este poderá propor ação declaratória de paternidade e cobrar alimentos, na mesma consonância e na mesma opinião dos filhos do casamento. Portanto, atualmente todos os filhos no direito sucessório tem igualdade de direitos.
E. Princípio do pluralismo familiar: existência de várias entidades familiar, e outras que podem vir a existir, ou seja, não são numerus clausus/fechado.
F. Princípio do respeito da dignidade humana: respeitar o direito do outro, independente de orientação religiosa.
G. Princípio da liberdade: os companheiros que escolhem se querem se comprometer ou não, assim como também podem sair do casamento ou união estável imediatamente se não quiserem continuar. Os dispositivos constitucionais que respaldam esse princípio são cláusulas pétreas.
Exemplo: o Presidente da República não pode baixar um decreto executivo dizendoque “a partir do dia X, tendo em vista a crise econômica, nenhum casal poderá ter mais de um filho”, pois isso é inconstitucional.
5. Natureza do Direito de Família: temos que analisar dois dispositivos legais para concluirmos qual a natureza jurídica do Direito de Família: se de direito público ou direito privado. O primeiro, artigo 226 da Constituição Federal, dispõe que a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Porém, o artigo 1.513 do Código Civil aduz que é defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família. É a consagração do princípio da liberdade, acima mencionado. 
	Entretanto e apesar da forte proteção do Estado, o direito de família é ramo do direito civil. Portanto, direito privado, não obstante a maioria de suas normas serem cogentes ou de ordem pública. Assim, pelo princípio da liberdade, podemos escolher a forma de família que queremos; podemos também adotar filhos e escolher o regime de bens etc. Entretanto, após a escolha, submeteremos as normas cogentes, de interesse público, que, na verdade, são mais deveres, do que direito, como acontece, por exemplo, com o poder familiar. 
	É também o direito de família personalíssimo. Portanto, intransferível, intransmissível por herança e irrenunciável. Ninguém pode transferir ou renunciar sua condição de marido ou de filho, por exemplo. 
6. Conclusão: com o advento da CF/88 e agora com o Código Civil de 2002, o Direito de Família há que ser despido de preconceitos ou de falsa moralidade. Compete às próprias pessoas escolher como pretendem viver a dois. A intervenção do Estado, no tocante à escolha, é nenhuma. Também não é correto afirmar que, dentre as diversas formas de constituição de família, o casamento é a melhor. Na verdade e como dito, a escolha compete ao casal e o que sobressai, em respeito ao princípio da liberdade e da dignidade da pessoa humana, neste momento, é o afeto. Existindo afeto e traduzido este em felicidade, a eficácia do Direito de Família estará garantida.
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13/02
Direito matrimonial
1. Noções gerais sobre o matrimônio
1.1. Conceito e fins do casamento: o casamento é a relação jurídica solene existente em pessoas de sexos diferentes ou não, com a finalidade de constituição de família e que terá a direção conjunta de ambos os casados. Assim, tem as seguintes finalidades:
a) Instituição da família matrimonial: por opção do próprio casal que, inclusive, poderá escolher outra forma de família, a exemplo da união estável; 
b) Procriação dos filhos: consequência lógico-natural do casamento. Porém, não é da essencialidade do casamento a existência de filhos. Não são raros os casais sem filhos e tal fato em nada afeta o casamento. Pessoas em idades avançadas ou que, em razão de doenças, não podem procriar não estão impedidas de se casar. Porém, a lei exige aptidão física dos nubentes, eis que, regra geral, só permite o casamento de pessoas acima de 16 (dezesseis) anos e também faculta a sua anulação diante da impotência de um dos cônjuges para a prática do ato sexual; 
c) Prestação do auxílio mútuo: consequência da convivência em comum entre os cônjuges. Desta convivência surgirão também adversidades que, através do afeto e do diálogo, deverão ser superadas pelos cônjuges;
d) Estabelecimento de deveres entre os cônjuges, patrimoniais ou não: assim têm os cônjuges o dever legal, de caráter patrimonial, de prover, na proporção dos rendimentos do seu trabalho e de seus bens, a manutenção da família, exigência do artigo 1.568 do CC. Como dever não-patrimonial, temos o da fidelidade recíproca; o do respeito e consideração mútuos (CC, art. 1566, I e V); 
e) Educação da prole: exercido conjuntamente pelos pais, através do poder familiar, que seria mais corretamente se chamasse dever familiar dos pais. Com efeito, os pais têm o dever de criar, educar e assistir os filhos, material e psicologicamente (art. 1.634 do CC e artigo 22 do ECA);
f) Atribuição do nome ao cônjuge (art. 1.565, § 1º do CC) e aos filhos: hoje consequência da igualdade de direitos e deveres, tanto o homem como a mulher poderá utilizar o nome do outro. Antes do atual Código Civil, somente a mulher podia, com o casamento, usar o nome do marido. 
3. Direito matrimonial
“Matrimonial” é o casamento, que se refere a uma relação jurídica (vínculo que estabelece direitos e deveres entre as pessoas) solene (passa por uma burocracia estatal, por meio de um contrato realizado no cartório) entre pessoas, com objetivo de constituir família que é dirigida pelos cônjuges (em consonância com o princípio da igualdade jurídica entre os cônjuges, pois o objetivo da CF/88 é “sepultar” a família patriarcal).
A. A finalidade do casamento é:
I. Instituição da família matrimonial: como vimos, é possível escolher várias entidades familiares como, união estável, Isoafetiva ou hétero e etc., logo, o direito pretende que, se for escolhido o casamento, que tal opção seja do casal.
II. Procriação dos filhos: ao se casar, por consequência lógico/natural significa ter filhos, todavia, essa decisão cabe ao casal, de forma que por exceção, pode ser acordado entre eles em não ter.
Exemplo: como veremos o fato de não ter filhos pode levar a anulação do casamento, mas, neste caso o que prevalecerá é o princípio da boa-fé. Antonieta e Romário faziam planos de se casar e ter filhos, ao concretizar o casamento, Antonieta descobriu que Romário, antes de se casar, por meio do exame espermograma já tinha conhecimento que devido ao nº pequeno de espermas não poderia ter filhos, logo, Romário agiu de má-fé, portanto, caberá a anulabilidade do casamento por erro essencial contra a pessoa, tendo em vista que ele ocultou o fato do qual se ela soubesse provavelmente não casaria. Todavia, se Romário não tivesse conhecimento antes do casamento, não estaria de má-fé.
III. Prestação do auxílio mútuo: a regra no casamento é um preocupar com o outro, refere-se ao auxílio psicológico, material, ajuda, presença, preocupação e etc.
Exemplo: acabaria sendo negação do casamento, se cada um dos cônjuges cuidasse da própria vida, com um não preocupando com o outro, cegando em casa a hora que quer e etc. É importante ressaltar que, pode haver um casamento deste, contudo, refere-se a uma exceção a regra.
IV. Estabelecimento de deveres entre os cônjuges, patrimoniais ou não: como vimos, casamento é uma relação jurídica da qual estabelece deveres.
* Deveres não patrimoniais: posteriormente, ao tratarmos da dissolução do casamento discutiremos se ainda há separação no direito brasileiro, que na litigiosa deve ser demonstrada à culpa, em que o culpado é aquele que infringe deveres do casamento como, por exemplo, fidelidade, coabitação, relação sexual sob pena de entrar em débito conjugal e etc., ou seja, se for descumprido um desses deveres pessoais, está sendo infringida a relação jurídica livremente estipulada.
* Deveres patrimoniais: leia-se regime de bens, ou seja, ao se casar há uma fusão de patrimônios de acordo com o regime de bens, a ponto também de não haver fusão de patrimônio de acordo com o regime de bens. O que irá gerir os bens adquiridos é o regime de bens, do qual será estipulado por meio de um contrato chamado “pacto antenupcial”, e se este não existir o regime de casamento é o de comunhão parcial de bens, que é o regime legal (porque despensa o pacto antenupcial) ou supletivo (se for feito o pacto antenupcial, mas se este for nulo, automaticamente retornar para o regime de comunhão parcial de bens).
V. Educação da prole: pelo princípio da igualdade entre os cônjuges, os pais exercem o poder familiar sobre os filhos. O antigo “pátrio poder” mudou no novo Código Civil para “Poder Familiar”, pois, na época do antigo Código Civil/1916 quem exercia o poder sobre os filhos era somente o pai, mas esta situação mudou e hoje a responsabilidade sobre os filhos é de ambos os pais.
A discursão que ocorre nos dias hodiernos é se de fato os pais exercem poder sobre os filhos, ou se na verdade temdeveres para cumprir. Para que o filho não cresça mal educado, considerando esses “deveres” os mesmos se traduzem em “autoridade parental” (que vem do poder familiar). O termo “autoridade” refere-se que o pai deve ter autoridade para com o filho, colocando limites.
VI. Atribuição do nome ao cônjuge e aos filhos: como não a consenso na gramática e no direito, para tratarmos deste assunto, chamaremos o homem de o cônjuge varão e a mulher de o cônjuge viral, como adjetivo para distingui-los.
Exemplo: o nome completo do cônjuge varão é Newton Teixeira Carvalho, neste diapasão, nome é Teixeira Carvalho, e Newton é prenome que em regra é “imutável”.
	Na época da família patriarcal, o homem era tão importante que cedia o nome para a mulher, contudo, se houvesse separação a mulher não poderia permanecer com ele. Todavia, começou a haver a discursão no sentido que, este nome pode ter incorporado ao patrimônio ou se retornando ao estado de solteira poderia dificultar a identificação dos filhos, de forma que a partir da CF/88 passou-se a decidir que, se a mulher já é reconhecida pelo nome do marido ou se houvesse dificuldade na identificação dos filhos, mesmo na separação sendo considerada culpada (Ex.: traição), continuaria usando o nome.
Exemplo: Marta Teresa Smith de Vasconcellos Suplicy traiu seu marido Eduardo Matarazzo Suplicy (casados de 1964 a 2001), com o publicitário franco-argentino Luís Favre (casados de 2003 a 2009). Ao ser considerada culpada da separação por ter sido infiel, ele não conseguiria fazer com que ela retornar-se com o nome de solteira, tendo em vista que descaracterizaria a figura pública de “Marta Suplicy”.
	A CF/88 diz que tanto o homem quanto a mulher podem levar o nome um do outro, inclusive, no caso de divórcio o novo cônjuge pode levar esse nome. Vale ressaltar que é um direito protestativo que a pessoa tem, de querer ou não abdicar do nome do ex-cônjuge.
1.2. Natureza jurídica do casamento
Na verdade há duas correntes acerca da natureza jurídica do casamento, a contratualista e a institucionalista. 
O casamento como contrato tem origem no direito canônico, que via como fundamental na celebração das núpcias o consentimento dos nubentes. A intervenção do sacerdote, na formação do vínculo matrimonial, era secundária. Essa corrente considera o casamento como contrato civil, regido pelas normas comuns a todos os pactos, e que se aperfeiçoará com o simples consentimento dos nubentes. Entretanto, dentre desta própria corrente há os que afirmam ser o casamento um contrato especial ou sui generis, posto que tenha regras próprias no que tange à capacidade dos contraentes, aos vícios de consentimento e aos efeitos. 
Na verdade e face ao disposto no art. 1.535 do Código Civil, os teóricos que veem o casamento apenas como contrato restaram mais enfraquecidos ainda, eis que por esse dispositivo legal não basta a afirmação dos nubentes de que pretendem se casar por livre e espontânea vontade. Há necessidade de que o juiz de paz declare efetuado o casamento, nos termos ditados pelo artigo ora aludido. Sem essa declaração não há casamento.
Já a concepção institucionalista, a qual filiamos, vê o casamento como instituição social que advém da vontade das partes. Entretanto, as normas, os efeitos e forma encontram-se preestabelecidos pela lei. Não podem as partes desprezar os ditames legais, por vontade própria. Portanto, os nubentes são livres para escolher o seu parceiro, decidir se vai casar ou não. Porém, realizado o matrimônio, já em consonância com o Direito de Família, os direitos e deveres, a forma de resolver a sociedade ou o vínculo conjugal, os direitos e deveres dos cônjuges, o poder familiar, após o nascimento do filho, incidem imediatamente e não podem ser derrogados ou modificados pelo casal. 
Diante da liberdade inicial em escolher o casamento, como forma de entidade familiar, o momento próprio para celebração das núpcias, o regime de bens, salvo nos casos em que a separação total é obrigatória, bem como, após a celebração das núpcias, a incidência imediata das leis que regem o Direito de Família, surge à doutrina eclética ou mista. Assim, é o casamento para esses teóricos um ato complexo, por ser contrato na formação, ao prevalecer, até então, a vontade dos nubentes, e instituição no conteúdo, com a império da lei. 
4. Natureza jurídica do casamento
Quem entende casamento como instituição são os conservadores ou aqueles que confundem casamento sacralizando e trazendo para o lado homem somente, dos quais defendem a teoria institucionalista, da qual perdurou quando, por exemplo, não existia divórcio no direito brasileiro (a partir da admissão deste, aperfeiçoou a teoria contratualista). Casamento tem natureza jurídica de contrato, do direito privado previsto no CC, pois de acordo com o princípio da liberdade, os nubentes quem escolhe com quem casará, que marcam a data para tanto, e se não quiserem permanecer nele entram com divórcio. A teoria contratualista combina mais com o momento atual da democratização do direito de família, pois para eles o casamento é um contrato solene, feito por escritura pública, que precisa de acordo de vontade das partes.
1.3. Caracteres do casamento
a) Liberdade na escolha do nubente: o Código Civil exige apenas a diversidade de sexos, para que exista a instituição casamento. A interferência da família não passa de conselhos, orientações, posto que, se maior, a escolha do nubente será exclusiva da parte interessada em se casar; 
b) Solenidade do ato nupcial: o casamento exige celebração em consonância com a lei. A formalidade é que o distingue da união estável; 
c) Leis de ordem pública: sobrepõe à vontade das partes, razão de aderirmos à teoria que vê o casamento como uma instituição; 
d) Dissolubilidade do vínculo matrimonial: com a Lei nº 6.515/77, o vínculo matrimonial passou a ser dissolúvel, por uma vez. Após a Constituição Federal de 1988, não há mais limitação de vezes para o divórcio; 
e) União exclusiva: a fidelidade conjugal é exigida pelo art. 1.566, I, do CC. Portanto é um dos deveres do casamento. A descriminalização do adultério (art. 240 do CP) terá reflexo apenas na área criminal. O adultério deixou de ser crime. Porém, a infidelidade ainda é causa de dissolução da sociedade conjugal, se requerida à separação pelo cônjuge prejudicado com o comportamento de seu parceiro.
5. Caracteres do casamento
A. Liberdade na escolha do nubente: refere-se que a pessoa deve ter autonomia para escolher quem será a pessoa da qual irá se casar, embora ainda haja interferência.
Exemplo: há lugares que ainda o pai obriga a filha a se casar, porém o rigor jurídico determina este casamento nulo, pois faltou à vontade. Porque a pessoa quem escolhe com quem irá viver.
B. solenidade do ato nupcial: como vimos, o casamento é uma relação jurídica solene, logo, é formal, fato este que o distingue de união estável (só acerto de vontade, sem prazo).
C. Leis de ordem pública: são leis que as pessoas não podem revoga-la por vontade, que são feitas por questão de política administrativa, logo, a liberdade dos nubentes vai até onde não ferir a lei. Como veremos posteriormente, o pacto antenupcial é o documento feito entre os nubentes/noivos com o propósito de estabelecer o regime de bens que vigorará após o casamento, que podem ser incluídas outras cláusulas, mas desde que estas não interfiram na lei do direito de família ou na interpretação sistemática.
Exemplo: não é possível colocar cláusula no pacto antenupcial que ambos os cônjuges estão renunciando o direito de alimento caso venha haver divórcio. Todavia, como veremos no princípio da fidelidade, é possível colocar no pacto a infidelidade, que permite que eles se “traiam”.
C. Dissolubilidade do vínculo matrimonial: se casa no cartório, contudo, para se divorciar se for litigioso se faz necessário ajuizar ação judicial, mas se não houver menor incapaz e for consensual é possível que seja feito direto no cartório, em ambos os casos não há prazo. A Lei nº 6.515/77 apresentada na ditadura militar pelo SenadorNelson Carneiro, revolucionou o direito de família, pois trouxe a introdução do divórcio no Brasil, contudo, era possível divorciar somente uma vez.
Exemplo: em 1977, Andreia se apaixonou por Alfredo, porém, ao tomar ciência do estado dele de divorciado, ela decidiu não se casar, pois isso significava que se quisesse se separar não poderia, já que Alfredo estava impedido de divorciar pela segunda vez.
Antes da aprovação desta lei falava-se em desquite, porém, este termo foi marginalizado/estigmatizado, e utilizando a técnica vinda da psicologia, quando isso ocorre muda-se o nome, logo, não existe mais desquite e sim separação desde a aprovação desta lei. Com a CF/88 passou a ser liberado quantas vezes as pessoas queiram se divorciar. Para Newton Teixeira Carvalho entende que desde a EC 66/10 não existe separação no direito brasileiro, isso porque deve ser demonstrado culpa.
EC 66/10 - CF - Art. 226, § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
E. União exclusiva: a fidelidade ainda é exigida no direito brasileiro, mas essa exigência pode ser quebrada no pacto antenupcial.
1.4. Princípios do direito matrimonial
Face ao que foi dito até o premente momento, fácil será concluir que os princípios do casamento são:
a) A livre união dos futuros cônjuges: corolário do princípio constitucional da liberdade. Os nubentes é que escolherão quando pretendem celebrar o casamento;
b) A monogamia: adotada pela maioria dos países, eis que entendem que a entrega mútua só é possível no matrimônio monogâmico. O Código Civil no art. 1.521, inciso VI, sustenta tal princípio ao impedir o casamento entre pessoas já casadas. E o artigo 1.548, II, também do Código Civil esclarece que “é nulo o casamento contraído por infringência de impedimento”. O artigo 235 do Código Penal considera a poligamia como é crime e penalizado tal delito com a pena de 2 a 6 anos; 
c) A comunhão indivisa: ditado pelo art. 1.511 do Código Civil, ao estabelecer que “o casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”. Com a igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges, ditada pela Constituição da Republica de 1988, tal princípio restou fortalecido. Antes, havia apenas formalmente a comunhão plena de vida, já que o marido com suas ordens exclusivas e nem sempre corretas, praticamente anulava a esposa.
6. Princípios do direito matrimonial
A. A livre união dos futuros cônjuges: se há o princípio da liberdade, os nubentes também escolhem o momento de se casarem.
B. A monogamia: Newton Teixeira Carvalho diz que este princípio está balançado e que em 20 anos será extinto. Monogamia é princípio do direito ocidental, sendo instituto exclusivamente do direito de família, que consiste no fato de ao estar no estado de casado não pode contrair outro casamento, pois neste caso estar-se-ia praticando o crime de poligamia (união conjugal de uma pessoa com várias outras).
C. A comunhão indivisa: os cônjuges são um só corpo, não é possível dizer qual o corpo que prevalece, pois ambos estão em comunhão indivisa.
1.4 Esponsais ou promessa de casamento
Esponsais ou noivado é, na verdade, promessa recíproca que fazem um homem e uma mulher de se casarem, futuramente. Portanto, devem assumir esse compromisso duas pessoas, de sexos diferentes, que não estejam impedidas de se casarem. Tem por finalidade possibilitar melhor conhecimento entre os nubentes para que a instituição casamento não seja apenas uma aventura ou uma aposta que poderá dar certo ou não. É, pois, um ato preparatório do matrimônio. 
A dúvida, desde a Lei de Casamento Civil de 1890, do Código Civil de 1916 e do atual, já que tais legislações deixaram de regulamentar o assunto, é se o rompimento de tal promessa de casamento enseja consequência jurídica, isto é, permite o ajuizamento da ação indenizatória de perdas e danos. 
Porém e pelo artigo 186 do Código Civil (culpa aquiliana ou extracontratual) há que se entender que é possível o ajuizamento da ação de indenização por perdas e danos, desde que presentes todos os seguintes requisitos:
a) Promessa de casamento concretizada diretamente pelos próprios noivos: era comum, num passado não muito distante, pais assumirem, até mesmo sem a anuência dos filhos, futuros casamentos de suas proles. Neste caso, nenhuma responsabilidade há com relação ao filho, que não fez promessa alguma. Porém, se o fez diretamente e uma vez presentes os demais requisitos adiante aludidos, deverá o nubente arcar com as consequências deste ato. Para comprovar a existência de promessa de casamento, todos os meios de provas são admitidos, inclusive prova testemunhal;
b) Recusa de cumprir a promessa esponsalícia: tal requisito pode ser comprovado expressa ou tacitamente. Ex.: o noivo contrai outro noivado ou viaja, por longo período, perdendo contado com a noiva; 
c) Ausência de motivo justo: a recusa, para dar ensejo à indenização, há que ser imotivada ou oca. Os motivos que permitem o noivo desfazer promessa de casamento, sem arcar com indenização alguma, são os oriundos de culpa grave por parte do outro nubente, tais como: erro essencial, infidelidade, sevícia, injúria grave ou abandono. Também a culpa leve (prodigalidade, condenação por crime desonroso, situação econômica ou social diversa da apresentada, aversão ao trabalho, falta de honestidade etc.) ou levíssima (mudança de religião, grave enfermidade, ruína econômica que ponha em risco a estabilidade matrimonial e etc.) permite o rompimento do noivado, sem direito à indenização;
d) Existência de dano: na atualidade e uma vez presentes os requisitos anteriores, apenas os danos morais são suficientes para o ajuizamento da ação indenizatória pelo nubente prejudicado. É admissível que o nubente, com o desfazimento do noivado, tenha depressão, além do constrangimento que tal fato poderá acarretar a ele, perante a comunidade em que vive, dissabor esse que aumenta à medida que se aproxima da data do casamento. Existindo também danos materiais (gastos com o preparo de documentos, preparação da cerimônia, enxoval, perda do emprego, por exigência do noivo e etc.), nada impede que haja cumulação de pedidos, em uma única ação, na Vara Cível, posto que o Juiz de Família é competente para dirimir apenas questões envolvendo casamento e estado de pessoas. 
Pelo artigo 546 do Código Civil o inadimplemento doloso ou culposo dos esponsais por parte de um dos noivos acarreta também a devolução dos presentes trocados, das cartas e dos retratos, eis que, “se tiver havido doação feita em contemplação de casamento futuro, só ficará sem efeito se o casamento não se realizar”.
7. Esponsais ou promessa de casamento
 	O rompimento do noivado gera indenização, todavia, tal ação será ajuizada na vara cível e não na de família (pois, não há família), mas desde que ocorra às seguintes hipóteses cumuladas:
A. Promessa de casamento concretizada diretamente pelos próprios noivos: em alguns casos o pai escolhe os noivos, e sendo assim, não caberia indenização, pois para tanto os nubentes quem devem o fazer.
B. Recusa de cumprir a promessa esponsalícia: tal recusa pode ser tácita ou explicita.
Exemplo: Lorena e Adriano noivaram, porém passados 15 anos ainda permanecem como noivos. Marco noivou com Juliana, e passados três anos também ficou noivo de Janaina, “noivado posterior revogou o anterior”. Ambos os casos são considerados recusa tácita.
C. Ausência de motivo justo: o motivo justo é avaliado no caso concreto, e se não o for, será passível de indenização.
Exemplo: Rafael rompeu o noivado com Marina, pois descobriu que ela é lésbica, neste caso há motivo justo para romper, pois a cultura de Rafael não aceita.
D. Existência de dano: principalmente no direito de família que a honra da pessoa pode ser ultrajada, o fato de haver o rompimento automaticamente o dano moral já é devido, contudo, o dano material deve ser provado.
8. Processo civil no direito de família
 	A idade núbil/para casar é de 16 anos, e a capacidade civil/processual adquire-se com a maior idade, entre a primeira ea segunda idade a pessoa é relativamente incapaz.
CPC - Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo.
Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei.
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela Defensoria Pública, nos termos da lei.
Exemplo: Pedro tem 17 anos e deseja propor ação de revisão de alimentos em face de sua filha Aline, com o objetivo de diminuir a verba alimentícia. O autor da ação/polo ativo será Pedro assistido por sua mãe Madalena; a ré/polo passivo será a filha Aline representada pela Mãe. O oficial de justiça ao citar Aline deve pegar a assinatura somente da Mãe, pois do contrário o ato será nulo; assim como também, Pedro ao ser intimado deve constar a assinatura dele e de Madalena que o assiste.
	Se a pessoa tem a idade núbil, para se casar precisará da autorização dos pais no cartório, que consiste na habilitação do preenchimento de um formulário com a assinatura dos pais, e o regime de casamento será aquele que os nubentes escolherem. Mas, se a pessoa alcançou a idade núbil, quer se casar e os pais não autorizam, o menor poderá propor ação de suprimento de vontade paterna. É importante ressaltar que, sempre que houver autorização judicial para o casamento, o regime de bens será o de separação total obrigatória.
Para compreender esse procedimento, se faz necessário distinguir jurisdição voluntária da litigiosa. Se usar o termo “ação” refere-se à pretensão resistida/lide, neste caso então não pode haver consenso; já o “requerimento” refere-se que não há lide, ou seja, a jurisdição é voluntária.
Exemplo: Augusto e Fabiane querem se divorciar, neste caso deve haver “requerimento de divórcio”, ambos configuram como requerentes, pois não há pretensão resistida. Junior quer divorciar e Ana não aceita, neste caso como há pretensão resistida, o nome da peça será “ação de divórcio”, ele autor e ela ré.
- Francisco tem 17 anos e quer se casar, porém os pais não concordam, logo, há pretensão resistida, de forma que Francisco/autor irá ajuizar ação de suprimento de vontade paterna em face dos pais/réus:
1º - O advogado para formular a petição inicial deverá abrir um capítulo nesta dizendo “verifica-se MM. Juiz que há colisão interesse entre o autor e os réus que são seus pais, desta forma, requer curador à lide, conforme determina o art. 72, II e paragrafo único, CPC”.
2º - O Juiz ao receber a petição dirá “verifico de realmente há colisão de interesse, intima-se a Defensora Pública Raquel dos Anjos, ora nomeada como curadora especial, para manifestar no prazo de 15 dias”.
3º - A Defensora diz “MM. Juiz, verifico que a petição está perfeita, requeiro a citação dos pais réus na ação” ou “MM. Juiz verifico que a petição precisa do seguinte aditamento (..)”. O Defensor público irá trabalhar em prol do assistido.
	Havendo decisão judicial favorável a Francisco, o regimento de casamento será de separação total obrigatória.
- Lívia tem 16 anos e quer se casar, porém há concordância somente por parte da mãe, neste caso haverá ação de suprimento de vontade, em que Lívia será a ré, assistida pela mãe, e o pai será o réu. Havendo decisão judicial favorável a Lívia, o regimento de casamento será de separação total obrigatória.
	A proposta do legislador indo ao encontro da medicina é que a idade núbil fixada refere-se que a mulher está apta/corpo formado para engravidar sem maiores prejuízos. Desta forma, abaixo da idade núbil é permitido o casamento, mas somente no caso de gravidez, porém neste caso deve necessariamente ir a juízo, ou seja, ainda que os pais concordem a autorização não é realizada em cartório, mas sim ambos devem entrar com requerimento de suprimento de idade, em que os autores serão os pais (não há réu, por se tratar de mero requerimento), todavia, se não houver concordância dos pais significa que ambos não concordam com o casamento, desta forma, o advogado irá entrar com ação de suprimento de vontade paterna em face dos pais, cumulado com o requerimento de suprimento de idade. O requerimento de suprimento de idade não é ação, pois não há pretensão resistida e a lei exige que o Juiz verifique essa questão.
A. Petição inicial
CPC - CAPÍTULO II; DA PETIÇÃO INICIAL; Seção I; Dos Requisitos da Petição Inicial
Art. 319. A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
§ 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
§ 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.
§ 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.
Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
	O art. 319, III, CPC liga o direito processual ao direito material, “fatos” é causa remota, da qual permite a pessoa ir a juízo; “fundamentos jurídicos do pedido” é causa próxima que é a pretensão da qual está sendo resistida/descumprimento do direito. A teoria da substanciação consiste na exigência de na petição inicial seja descrito a causa remota e a causa próxima.
Exemplos: - Marina e Érico estão se divorciando, pois ele a traiu, na ação de separação: à causa remota é o casamento, isso porque se não for casado não há como ser ajuizada; a causa próxima será a infidelidade, em que será descrito como ocorreu.
- Alice tem 16 anos e quer se casar, porém os pais não autorizam, na ação de suprimento de vontade paterna: a causa remota será namora/casamento “é a autora namorada de Rodrigo, e pretendem se casar (...)”; a causa próxima será a ausência de autorização.
- No requerimento de suprimento de idade: a causa remota será o namoro e o casamento; a causa próxima será a necessidade de propor o requerimento em razão da idade.
- A ação de rompimento de noivado que gera indenização, é ajuizada na vara cível: a causa remota será o noivado; a causa próxima será os prejuízos do rompimento do noivado em razão rompimento.
- O advogado ajuizou ação de separação na vara de família, dizendo “é a autora casada com réu”, neste caso ela descreveu a causa próxima; “o autor vem praticando sexo nada convencional com a autora” neste caso foi descrito a causa próxima. Contudo, neste caso o advogado seguiu a rigor o pudor/não quis esclarecer o que seria “sexo nada convencional”, de forma que o Juiz pede para que seja aditada a petição inicial.
	Ao narrar a causa remota e próxima, consequentemente é feito um pedido compatível com esta.
CC - LIVRO IV; Do Direito de Família; TÍTULO I;Do Direito Pessoal; SUBTÍTULO I; Do Casamento; CAPÍTULO I; Disposições Gerais
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei.
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.
Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua celebração.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento civil.
§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.
§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
CAPÍTULO II; Da Capacidade PARA O CASAMENTO
Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.
Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode ser suprida pelo juiz.
Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
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20/02
1.5 Impedimentos matrimoniais e causas suspensivas (CC, arts. 1.521 a 1.524)
O Código Civil, sob o nome de impedimento, proíbe que as pessoas aludidas nos incisos I a VII do artigo 1.521 se casam. É enfático: “não podem casar”. O casamento, se celebrado com infringência deste dispositivo legal, é considerado nulo. Já o artigo 1.523 do Código Civil tem consequências menos drásticas, ao sugerir que “não devem casar” as pessoas mencionadas nos incisos I a IV daquele dispositivo legal. Neste caso, estamos diante das chamadas causas suspensivas, que se desrespeitadas implicará na aplicação automática do disposto no artigo 1.641, inciso I, do Código Civil, ou seja, o casamento será celebrado sob o regime de separação obrigatória de bens. 
Com os impedimentos ou as causas suspensivas evitam-se uniões que afetem a prole, a ordem moral ou pública ou interesses de terceiros, já que o casamento tem consequência imediata em toda a sociedade. Assim, impedimento matrimonial é a ausência de requisitos para casamento que, se mesmo assim celebrado, ensejará a propositura de ação de nulidade.
Os impedimentos envolvem causas relacionadas à instituição da família e à estabilidade social. Assim, podem ser opostos por qualquer interessado e pelo Ministério Público, como representante da sociedade, até o momento da celebração do casamento (art. 1.522, do CC).
As causas suspensivas, estatuídas no interesse de um dos nubentes, procura preservar a livre manifestação do consentimento. Assim, o regime de bens será o de separação obrigatória.
Não há que se confundir incapacidade para casamento com impedimento matrimonial. O impedido de se casar não é incapaz de contrair casamento. A incapacidade se refere à vontade e à idade núbil (CC, arts. 1.517 a 1.520). Ex.: o genro, divorciado, não pode se casar com a sogra, em razão do laço de parentesco por afinidade, que é para sempre. Porém, poderá se casar com outra mulher. Tem ele capacidade para tanto. Porém, o menor de 11 (onze) anos não tem aptidão para se casar com pessoa alguma. É incapaz. A incapacidade é geral, enquanto o impedimento circunstancial, isto é, existe apenas nos casos ditados pelo Código Civil. O impedido não tem legitimação para casar-se, embora seja capaz para o matrimônio.
A causa suspensiva da celebração do matrimônio era denominada, pelos doutrinadores do Código Civil anterior, de impedimento impediente ou meramente proibitivo ou, ainda, de impedimento suspensivo. Porém, não é correto confundir a causa suspensiva como espécie de impedimento, posto que não proíbe casamento, mas apenas adverte os nubentes que não devem casar-se, sob pena de separação obrigatória. 
Em se tratando de matrimônio de estrangeiro no Brasil, de aplicar-se a norma brasileira, quanto aos impedimentos e às formalidades de celebração (art. 7º, § 1º da LICC). No tocante às causas suspensivas, antes chamadas de impedientes, de aplicar-se o estatuto pessoal (a lei do estrangeiro). Assim, se a lei nacional do estrangeiro não prescrever que, se não observadas às causas suspensivas, o regime será o de separação obrigatória de bens, não haverá para ele tal sanção.
9. Impedimentos matrimoniais e causas suspensivas
CC - CAPÍTULO III; Dos Impedimentos
Art. 1.521. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.
Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo.
CAPÍTULO IV; Das causas suspensivas
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins.
Impedimento leia-se “não podem casar”, é uma determinação, de forma que a consequência se a pessoa se casar infringindo o impedimento é o casamento nulo,por meio da ação de nulidade ou nulificação do casamento (não confundir com ação anulabilidade). Nas causas suspensivas leia-se “não devem casar”, é uma recomendação, ou seja, a pessoa pode se casar, e a única consequência de infringir o art. 1.523, CC que dita às causas suspensivas é casamento sob regime de separação total obrigatória (não é causa de nulidade).
Há somente três causas no Brasil que leva ao regime de separação total obrigatória:
* Sempre que a autorização do casamento advir do Juiz (Ex.: no caso de suprimento de idade e de vontade);
* Sempre que infringir causas suspensivas;
* Sempre que o casamento for realizado com um dos nubentes maior de 70 anos de idade.
A. Impedimentos
1.5.1 Impedimentos
São distribuídos em três categorias pelo atual Código Civil:
1) Impedimentos resultantes de parentesco (CC, art. 1.521, I a V), que têm a seguinte subdivisão:
a) Impedimento de consanguinidade: existe para evitar núpcias incestuosas e a imoralidade no ambiente familiar, bem como em razões de ordens biológicas ou eugênicas (taras fisiológicas, defeitos psíquicos, malformações somáticas e etc.). Portanto e pelo art. 1.521, I, do Código Civil “não podem casar: os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil”. Ex.: não podem contrair matrimônio pai com filha, bisavô e bisneta. De ressaltar-se que na linha reta o impedimento vai até o infinito. Assim, abrange todo e qualquer grau de parentesco da linha reta, advindo ou não do casamento. A proibição do matrimônio por consanguinidade abrange os irmãos, unilaterais ou bilaterais e os demais colaterais até o 3º grau (tios e sobrinhos) inclusive (art. 1.521, IV, CC). Entretanto, acerca do impedimento entre colaterais de 3º grau, de ressaltar-se que nos termos dos arts. 1º e 3º do Decreto-lei nº 3.200/41, poderá haver casamento entre tio e sobrinha se dois médicos, nomeados pelo juiz, atestarem a sanidade dos requerentes, afirmando não ser inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, a realização do casamento. Assim, através de simples requerimento de jurisdição voluntária, o juiz poderá permitir o casamento entre tios e sobrinhos. Tal Decreto foi recepcionado pelo atual Código, por ser lei especial e face ao disposto no art. 2.043 do Código Civil, que não o revogou expressamente. 
b) Impedimento de afinidade: estabelecido no art. 1.521, II, do Código Civil ao determinar: “Não podem casar os afins em linha reta”. Parentesco por afinidade é o estabelecido em virtude do casamento entre um dos cônjuges e os parentes do outro. Assim, o pai do cônjuge é parente por afinidade do outro cônjuge (sogro e nora). O irmão do cônjuge é parente afim do irmão do outro cônjuge (cunhado). A afinidade só é impedimento matrimonial quando em linha reta. Portanto, não podem se casar sogra e genro, sogro e nora, padrasto e enteada, madrasta e enteado ou qualquer outro descendente do marido (neto, bisneto) nascido de outra união, embora tenha sido dissolvido o casamento que originou a afinidade. É que, pelo artigo 1.595, § 2º do Código Civil, “na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável”. Por conseguinte, não pode o viúvo casar com a mãe ou filha de sua falecida mulher; da mesma forma não pode o filho casar com a mulher de seu pai. O impedimento de afinidade extingue-se na linha colateral. Portanto, com o desfazimento do vínculo conjugal não há que se falar mais em cunhado. Assim, o viúvo poderá casar-se com a irmã de sua finda mulher. 
c) Impedimento de adoção: pelo artigo 1.521, I, do CC, não podem casar os ascendentes com os descendentes de vínculo ou parentesco civil (CC, art. 1.593). Portanto, o adotante não pode contrair matrimônio com a adotada e vice-versa. Já o artigo 1.521, III, do CC, proíbe o casamento entre o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem foi cônjuge do adotante, por razões morais. O artigo 1.521, V, proíbe-se casamento do adotado com o filho do adotante, que terá, na família, a posição de irmão do adotado. Tal impedimento fica resolvido no de consanguinidade se aplicarmos o artigo 227, § 7º, da Constituição Federal e artigo 1.626, parágrafo único, do Código Civil, a proibir qualquer discriminação entre os filhos. 
2) Impedimento de vínculo (art. 1.521, VI): que deriva do princípio da bigamia. Assim, enquanto não dissolvido o vínculo matrimonial por morte, anulação ou nulidade de casamento ou divórcio, não poderá haver segundo casamento;
3) Impedimento de crime: pelo artigo 1.521, VII não podem casar o cônjuge sobrevivente com o condenado como delinquente no homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Evidentemente que tal dispositivo diz respeito apenas ao homicídio doloso. No culposo não há intenção alguma de matar um consorte para casar com o outro.
I. Impedimentos resultantes de parentesco:
* Impedimento de consanguinidade: na linha reta, e na colateralidade até o 3º.
Exemplo: - Daniela e Eduardo são primos, e podem se casar, pois o parentesco entre eles é por consanguinidade, na linha colateral, do 4º grau;
- Daniel e Carla são respectivamente, sobrinho e tia, logo, pelo CC não podem casar, pois o parentesco entre eles é por consanguinidade, na linha colateral, do 3º grau. Essa mesma proibição existia no código civil de 1916, mas por volta de 1930 a 1940 isso ocorria, nessa época a entidade familiar nesses casos era concubinato impuro. Na época Vargas houve o decreto lei 3.200/1941, permitindo o casamento entre tio e sobrinho desde que dois médicos atestem não haver maiores consequências, e seja feito o requerimento de autorização judicial, por meio da jurisdição voluntaria. Neste requerimento é feito o pedido para o Juiz desconsiderar o impedimento entre tio e sobrinho, e este é o único impedimento que o Juiz pode desconsiderar.
O questionamento que se faz é se este decreto lei, que na época fazia às vezes de lei especial, foi recepcionado pelo CC/2002 ou o legislador quis proibir o casamento entre tio e sobrinho sabendo da existência deste decreto. Para Newton Teixeira Carvalho este decreto foi recepcionado e que não é inconstitucional, ele explica que na época do decreto não existia o princípio do afeto e ainda assim permitia o casamento entre tio e sobrinho, logo, a maior razão para nos dias hodiernos permitir este casamento.
 
* Impedimento de afinidade: na linha reta mesmo que dissolvido o casamento, e enquanto existir o casamento até o 3º grau.
Exemplo: - Carlos não pode se casar com sua cunhada Marlene, pois neste enunciado se Marlene ainda é sua cunhada, significa que Carlos ainda está casado com a irmã de Marlene, logo, há impedimento.
- Carlos pode se casar com sua ex-cunhada Marlene, pois significa que já houve divórcio, logo, não há impedimento.
- Carlos não pode se casar com sua ex-sogra, pois, ainda que dissolvido o casamento, o parentesco por afinidade na linha reta permanece, de forma que podemos dizer que não existe ex-sogra. O mesmo entendimento serve para enteado e madrasta.
* Impedimento de adoção: a partir do momento em que o filho foi adotado, fica sendo como filho consanguíneo do casal que adotou, logo, aplica-se o mesmo impedimento por consanguinidade e afinidade tanto com a família que o adotou como com a biológica. É importante ressaltar que, adoção é plena ou total, de maneira que ficticiamente, a partir do momento que a pessoa for adotada, é como se estivessem mortos os pais biológicos, sendo emitida uma nova certidão com o nome dos pais adotivos e data verdadeira de nascimento, mas ainda assim há impedimento com relação à família natural.
II. Impedimento de vínculo: significa o vínculo do casamento, o que reforça o princípio monogâmico, a pessoa casada não pode casar de novo enquanto não dissolvido o casamento (se ocorrer o crime de bigamia o segundo casamento é nulo), o que não se aplica a união estável, ou seja, pode haver mais de uma união estável, sendo aplicada a questão de ser putativa ou não.
Exemplo: a separação não dissolve o casamento, somente o faz com o divórcio,isso significa que a pessoa separada não pode se casar novamente.
III. Impedimento de crime: está em desuso, pois era utilizando quando no Brasil não poderia haver divórcio.
Exemplo: Antônio e Lúcia se apaixonaram, mas não podia se casar, pois ele era separado de Lucinda e ela casa com Eduardo. Na época, como não havia divórcio no Brasil, para que eles pudessem se casar, Lucinda e Eduardo tinham que morrer. Na atualidade basta o divórcio para que está questão seja resolvida.
B. Causas suspensivas
1.5.2. Causas suspensivas
Estabelecidas com o escopo de evitar a confusio sanguinis e a confusão de patrimônios, na hipótese de segundas núpcias, ou no interesse do nubente, presumivelmente influenciado pelo outro. 
Assim, para evitar confusão de patrimônios, proíbe o Código Civil, no artigo 1.523, I, o casamento de viúvo ou viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer o inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros. O viúvo ou viúva que desrespeitar tal dispositivo legal sofrerá as seguintes sanções: celebração do segundo casamento sob o regime de separação de bens (CC, art. 1.641, I) e hipoteca legal de seus imóveis em favor dos filhos (CC, art. 1.489, II). Porém, se provada à inexistência de prejuízo aos herdeiros (CC, art. 1.523, parágrafo único), tais sanções deixarão de ser aplicadas. 
Para evitar a confusão de sangue, proíbe o Código Civil, no artigo 1.523, II, o casamento de viúva ou de mulher cujo matrimônio se desfez por ser nulo ou por ter sido anulado, até 10 meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, salvo se antes de findo esse prazo provar a inexistência da gravidez ou parir algum filho (CC, art. 1.523, parágrafo único). Tal dispositivo legal quer evitar a incerteza da paternidade. Imaginemos a viúva, três meses depois da morte do primeiro marido, convolando núpcias. Porém, no 7º meses desse segundo casamento nasce um filho. Dúvida resta acerca da paternidade, se o falecido ou do segundo marido. A violação desse preceito acarreta a obrigatoriedade do regime de separação de bens (art. 1.641, I, do CC).
Também para evitar confusão de patrimônio da antiga com o da nova sociedade conjugal, não deve casar o divorciado enquanto não homologada ou decidida a partilha dos bens do casal (CC, art. 1.523, III), sob pena de ter de se adotar o regime obrigatório de separação de bens (CC, art. 1.641, I), salvo se demonstrar que não haverá qualquer dano ao ex-cônjuge (CC, art. 1.523, parágrafo único). 
O artigo 1.523, IV, do Código Civil afirma que não podem casar “o tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas”. Evita-se, com tal norma, que o administrador dos bens do incapaz possa encontrar no casamento um meio de se ver livre da prestação de contas, judicialmente, se dilapidou o patrimônio daquela que estava em poder dele. Violado esse preceito, a consequência também será a obrigatoriedade do regime de separação de bens (CC, art. 1.641, I), salvo comprovação de inexistência de prejuízo para o tutelado ou curatelado (CC, art. 1.523, parágrafo único). 
	Ao descumprir o dispositivo de causas suspensivas à consequência é o regime de separação total obrigatória, pois o objetivo destas é evitar a confusão de patrimônio e sanguínea. Como vimos há somente um impedimento que pode ser desprezado pelo Juiz a requerimento da parte, sendo ele o casamento entre tio e sobrinho, já as causas suspensivas, em todos os casos podem ser feitas requerimento para que o Juiz não as leve em consideração. Portanto, é inerente das causas suspensivas requerer ao Juiz que as desconsidere, não levando a diante essa “recomendação de não casar” de forma que a pessoa estará livre para escolher o regime de bens.
I. Causas suspensivas para evitar confusão de patrimônio.
Exemplo:
Art. 1.523, I - Matilde e Pedro são casados e tem um filho chamado Joaquim. Com o falecimento de Pedro, Matilde deve abrir o inventário e fazer a partilha, se não fizer poderá haver confusão de patrimônio com o seu atual Marido Felisberto, de forma que terá infringido uma causa suspensiva, tendo como consequência o casamento no regime de separação obrigatória e assim não haverá confusão patrimonial.
- Pedro faleceu e deixou o patrimônio de R$ 2.000.000,00, o inventário já está em andamento e quase acabado, apenas pendente do Estado calcular os impostos. Neste caso, não haverá maiores prejuízos, sendo assim Matilde pode realizar requerimento na jurisdição voluntária, requerendo que desconsidere essa causa suspensiva, de forma que ela e Felisberto possam se casar no regime em que escolherem.
Conforme art. 1.523, III – os cônjuges podem divorciar sem fazer a partilha dos bens deixando para que seja feita posteriormente, e ao contrair casamento com outra pessoa o regime será de separação obrigatória por ter infringido causa suspensiva, até que seja feita a partilha.
Exemplo: Margarida e Pascoal eram casados sem filhos, com R$ 20.000,00 de bens, de forma que ela propôs ação de divórcio contra Pascoal, em que a causa remota nesta ação foi “casamento”, e a causa próxima embora não seja necessário constar pode ser “o desamor, Margarida não ama mais Pascoal”, cumulada com partilha de bens. É importante ressaltar que neste caso haverá o julgamento parcial de mérito, pois, “se um não quer dois não briga”, de forma que o Juiz decretará o divórcio e seguirá com o julgamento da partilha (fato incontroverso será somente a partilha). Margarida poderá requerer ao Juiz que desconsidere essa causa suspensiva (ainda não houve partilha de bens), tendo em vista que a questão já está sendo judicializada, para que assim possa escolher o regime de casamento com seu novo cônjuge.
Conforme o art. 1.523, IV, tutor é o representante do menor de idade em que ambos os pais estão ausentes, o curador é para o maior de idade.
Exemplo: os descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos do tutor ou o curador de Dalila, ou eles próprios, não devem casar com ela, enquanto não prestadas às contas.
II. Causas suspensivas para evitar confusão sanguínea
Conforme o art. 1.523, II – Desfeito o casamento pelo motivo que for, a mulher não pode casar até 10 meses depois de dissolvida com a sociedade conjugal.
Exemplo: Juscelino, marido de Firmina, faleceu em 03/05/2007, mas ela já tinha um namorado quando ele faleceu, porém estava gravida, e neste caso não era possível saber de qual dos dois era esse filho, logo, é uma causa suspensiva por confusão de sangue, de forma que o código sugere que da data do falecimento há 10 meses depois, sugere-se que ela não case. Contudo, essa é uma causa suspensiva de fácil pedido para o Juiz desconsidera-la, devido o exame de DNA.
10. Habilitação
Formalidades preliminares à celebração do casamento: o casamento é ato formal, devendo respeitar as normas formais de ordem pública, demonstrando-se a capacidade nupcial ou a habilitação dos nubentes.
1 – Habilitação: a habilitação é um procedimento que se encontra narrado na Lei dos Registros Públicos (Lei 6015/73, arts. 67 a 69). Vários documentos serão apresentados para que os nubentes demonstrem que estão habilitados para o ato nupcial. Esse ato transcorre perante o Oficial de Registro Civil do domicílio dos nubentes e, caso sejam domiciliados em locais distintos, do Registro Civil de qualquer um deles, sob pena de nulidade relativa do ato (art. 1525, 1550, IV, 1560, II e 1554). Os noivos deverão apresentar requerimento subscrito por eles ou por procurador (art 1525/CC) e, se ambos ou algum deles forem analfabetos, será assinado a rogo, com duas testemunhas. 
Art. 1525 “O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:”.
“I – certidão de nascimento ou documento equivalente”: essa exigência é fundamental não apenas para comprovação da idade núbil

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