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Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC – Prof. Fábio Bertequini Leão / Sérgio Kurokawa 1 Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC 3.1. Amperímetros DC Um galvanômetro, cuja lei de Deflexão Estática (relação entre a corrente na bobina e a posição angular do ponteiro) é conhecida, pode ser representado pelo circuito mostrado na Figura 3.1. Figura 3.1 – Circuito modelo para o galvanômetro. Na Figura 3.1 Rm é a resistência da bobina que é conectada em série com um galvanômetro ideal. Quando a corrente no galvanômetro e, portanto em Rm é Im, a tensão entre os pontos A e B ou sobre Rm é VAB. Uma vez que a escala do instrumento está calibrada para medir corrente, diz-se que o galvanômetro atua como Amperímetro. E I R = Figura 3.2 – Circuito com fonte DC e resistência R. Inserindo um galvanômetro no circuito da Figura 3.2, de modo que o instrumento possa medir a corrente na resistência R teremos o circuito representado na Figura 3.3. ' m E I R R = + Figura 3.3 – Inserção do galvanômetro no circuito para medir corrente. Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC – Prof. Fábio Bertequini Leão / Sérgio Kurokawa 2 Na Figura 3.3 o galvanômetro irá mostrar o valor da corrente I’ que circula na bobina do mesmo. Observe que as correntes I e I’ são diferentes, pois a inserção do galvanômetro alterou o circuito. Neste caso temos as seguintes situações: 1) Se 0 ' amperímetro idealmR I I= ⇒ = ⇒ 2) Se 'mR R I I>> ⇒ ≅ Geralmente a corrente de fundo de escala do galvanômetro (máxima corrente que pode circular no instrumento) é pequena, fazendo com que o equipamento tenha uma aplicação bastante restrita como Amperímetro. Uma maneira de aumentar a corrente de fundo de escala de um Amperímetro é conectar uma resistência Rs em paralelo/shunt com o galvanômetro, conforme mostra a Figura 3.4. Figura 3.4 – Conexão de uma resistência shunt para aumento da escala do Amperímetro. A resistência shunt Rs é especificada em função das correntes de fundo de escala do galvanômetro e da nova escala desejada para o amperímetro. Do circuito da Figura 3.4 têm-se: ( )AB s s m m s m m mV R I R I R I I R I= ⋅ = ⋅ ⇒ ⋅ − = ⋅ (3.1) Isolando Rs na equação (3.1) temos: m m s m R I R I I ⋅= − (3.2) Sendo para o projeto da nova escala do Amperímetro: Im=Imax (Fundo de escala do galvanômetro) I=Nova escala do Amperímetro Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC – Prof. Fábio Bertequini Leão / Sérgio Kurokawa 3 A partir da especificação de Rs podemos encontrar o valor da corrente I no circuito da Figura 3.4 em função da corrente que passa no galvanômetro Im. Assim, da equação (3.1) vem: ( ) ( )s m m m s s m m m s m s mR I I R I R I R I R I R I I R R⋅ − = ⋅ ⇒ ⋅ − ⋅ = ⋅ ⇒ ⋅ = ⋅ + ⇒ 1 mm s R I I R ⇒ = ⋅ + (3.3) Sendo Im a corrente mostrada pelo galvanômetro. O Amperímetro mostrado na Figura 3.4 pode ser representado pelo seguinte circuito equivalente: s m A s m R R R R R ⋅= + a) b) c) Figura 3.5 – a) Circuito para o Amperímetro com a nova escala; b) Circuito equivalente; c) Resistência equivalente. Para obter um Amperímetro que possua várias escalas, pode-se utilizar o circuito mostrado na Figura 3.6. Figura 3.6 – Amperímetro de três escalas. No circuito da Figura 3.6 temos que as correntes e as resistências equivalentes do Amperímetro considerando as três escalas A, B e C são: Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC – Prof. Fábio Bertequini Leão / Sérgio Kurokawa 4 1) S na posição A: a corrente no Amperímetro e sua resistência equivalente são dadas por: 3 1 mm R IA I R = ⋅ + (3.4a) 3 3 m A m R R R R R ⋅= + (3.4b) 2) S na posição B: a corrente no Amperímetro e sua resistência equivalente são dadas por: 1 3 1 mm R R IB I R += ⋅ + (3.4c) ( )3 1 3 1 m A m R R R R R R R ⋅ + = + + (3.4d) 3) S na posição C: a corrente no Amperímetro e sua resistência equivalente são dadas por: 1 2 3 1 mm R R R IC I R + += ⋅ + (3.4e) ( )3 1 2 3 1 2 m A m R R R R R R R R R ⋅ + + = + + + (3.4f) Deve-se observar que quanto maior a escala do Amperímetro da Figura 3.6, maior é a resistência em série com o galvanômetro que é acrescentada conforme a chave S se desloca nas posições A, B e C respectivamente. Logo temos a seguinte relação de correntes e, portanto de escalas no Amperímetro: IA < IB < IC (3.4g) Exemplo 1: Especifique as resistências R1, R2 e R3 do Amperímetro da Figura 3.6 de modo a obter escalas de 0,1 A, 1,0 A e 10 A. Considere que a corrente de fundo de escala do galvanômetro é 10 mA e que sua resistência interna é 6Ω. Exemplo 2: Um galvanômetro de bobina móvel cuja corrente de fundo de escala é 1 mA possui uma resistência interna de valor Rm=100Ω. Este galvanômetro é utilizado para medir a corrente I no circuito da Figura 3.2 com E=0,5 V e R=1 kΩ. Determine o valor mostrado pelo instrumento. Calcule o erro percentual entre o valor medido e o real. Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC – Prof. Fábio Bertequini Leão / Sérgio Kurokawa 5 Exemplo 3: Utilizando o galvanômetro do exemplo 2 projete um amperímetro cuja corrente de fundo de escala seja 50 mA. Exemplo 4: Para o amperímetro projetado no exemplo 3, determine a relação entre a corrente no amperímetro e a corrente no galvanômetro. Exemplo 5: Considere o circuito mostrado na figura a seguir. Figura para o Exemplo 5. São dados: V=250 Volts; R1=10 kΩ; R2=R3=2Ω. Pede-se: a) Calcule as correntes I1 e I2; b) Utilize o amperímetro do exemplo 3 (RA=2Ω) para medir a corrente em R1; c) Utilize o mesmo amperímetro para medir corrente em R2; d) Calcule os erros percentuais entre as correntes medidas (itens b e c) com as correntes reais (item a); e) Nos itens b e c determine a corrente que circula no galvanômetro. Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC – Prof. Fábio Bertequini Leão / Sérgio Kurokawa 6 3.2. Voltímetros DC Considere um galvanômetro submetido a uma tensão VAB conforme ilustrado na Figura 3.1. Quando a tensão VAB é aplicada nos terminais do galvanômetro, irá circular no equipamento uma corrente Im cujo valor pode ser lido diretamente no instrumento. Uma vez que Rm é conhecido, podemos determinar o valor da tensão VAB através da Lei de Ohm, ou seja: AB m mV R I= ⋅ (3.5) Portanto se a escala do galvanômetro for construída com base na equação (3.5), o instrumento torna-se um medidor de tensão e é denominado Voltímetro . Considere o circuito mostrado na Figura 3.7. 1 2 E I R R = + 2 2 2 1 2 R V R I E R R = ⋅ = ⋅ + Figura 3.7 - Circuito com fonte DC e resistências R1 e R2. Se um galvanômetro, cuja resistência interna é Rm, é conectado no circuito mostrado na Figura 3.7 de modo a medir a tensão sobre R2 teremos: Figura 3.8 – Inserção do galvanômetro para medição da tensão em R2. Na Figura 3.8 a resistência equivalente Req é dada por: 2 2 2 1 1 1 m eq eq m m R R R R R R R R ⋅= + ⇒ = + (3.6) Portanto a tensão V2’ mostrada pelo voltímetro é dada por: 2 1 1 ' ' eqeq eq eq eq RE V R I R E R R R R = ⋅ = ⋅ = ⋅ + + (3.7) Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC – Prof. Fábio Bertequini Leão / Sérgio Kurokawa 7 Observe que V2 e V2’ são diferentes, pois a inserção do Voltímetro altera o circuito. Neste caso temos as seguintes situações: 1) Se 2 2 2' voltímetro idealm eqR R R V V→ ∞ ⇒ = ⇒ = ⇒ 2) Se 2 2 2 2'm eqR R R R V V>> ⇒ ≅ ⇒ ≅ A tensão de fundo de escala do galvanômetro (máxima tensão que pode ser aplicada no instrumento) mostrado na Figura 3.1 é dada por: max maxAB mV R I= ⋅ (3.8) Naequação (3.8) Imax é a corrente de fundo de escala do galvanômetro. Geralmente o valor de Imax é pequeno fazendo com que a tensão de fundo de escala do instrumento também seja pequena. É possível aumentar a tensão de fundo de escala do galvanômetro conectando em série com o instrumento uma resistência Rext conforme mostra a Figura 3.9. V ext mR R R= + a) b) c) Figura 3.9 – a) Conexão de uma resistência em série para aumento da escala do Voltímetro. b) Circuito equivalente; c) Resistência equivalente. A tensão VAB mostrada pelo Voltímetro da Figura 3.9 é dada por: ( )AB ext m mV R R I= + ⋅ (3.9) Isolando Rext na equação (3.9) temos: AB ext m m m ext m AB m mV R I R I R I V R I= ⋅ + ⋅ ⇒ ⋅ = − ⋅ ⇒ AB m m AB ext ext m m m V R I V R R R I I − ⋅ ⇒ = ⇒ = − (3.10) Sendo para o projeto da nova escala do Voltímetro: Im=Imax (Fundo de escala do galvanômetro) VAB=Nova escala do Voltímetro Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC – Prof. Fábio Bertequini Leão / Sérgio Kurokawa 8 Para obter um Voltímetro que possua várias escalas, pode-se utilizar o circuito mostrado na Figura 3.10. Figura 3.10 – Voltímetro de três escalas. No circuito da Figura 3.10 temos que as tensões e as resistências equivalentes do Voltímetro considerando as três escalas 1, 2 e 3 são: 1) P na posição 3: a tensão no Voltímetro e sua resistência equivalente são dadas por: ( )3 3AB m mV R R I= + ⋅ (3.11a) 3v mR R R= + (3.11b) 2) P na posição 2: a tensão no Voltímetro e sua resistência equivalente são dadas por: ( )2 2 3AB m mV R R R I= + + ⋅ (3.11c) 2 3v mR R R R= + + (3.11d) 3) P na posição 1: a tensão no Voltímetro e sua resistência equivalente são dadas por: ( )1 1 2 3AB m mV R R R R I= + + + ⋅ (3.11e) 1 2 3v mR R R R R= + + + (3.11f) Deve-se observar que quanto maior a escala do Voltímetro da Figura 3.10, maior é a resistência em série com o galvanômetro que é acrescentada conforme a chave P se desloca nas posições 3, 2 e 1 respectivamente. Logo temos a seguinte relação de tensões e, portanto de escalas no Voltímetro: VAB3 < VAB2 < VAB1 (3.11g) Capítulo 3 – Amperímetros e Voltímetros DC – Prof. Fábio Bertequini Leão / Sérgio Kurokawa 9 Exemplo 6: Um voltímetro de bobina móvel cujo galvanômetro possui uma resistência Ro e uma corrente de fundo de escala Io, possui uma tensão de fundo de escala igual a 100 Ro Io⋅ ⋅ . Determine o valor mostrado pelo voltímetro em função de E quando o instrumento é utilizado para medir tensão entre os pontos A e B do circuito mostrado na figura a seguir. 1 100R Ro= ⋅ 2 100R Ro= ⋅ Figura para o Exemplo 6. Exemplo 7: Considere o voltímetro de duas escalas ilustrado na figura a seguir. Figura para o Exemplo 7. Projete as resistências R1 e R2 considerando que o voltímetro deve ter as escalas de 50V e 100V. O galvanômetro de bobina móvel possui corrente de fundo de escala de 1 mA e uma resistência interna de valor Rm=100Ω. Revisão do Capítulo s m A s m R R R R R ⋅= + max, , =Nova Escala m m s m m R I R I I I I I ⋅= = − max, , =Nova Escala AB m m ext m AB m V R I R I I V I − ⋅= = V ext mR R R= +
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