Buscar

FICHAMENTO Marilena Chaui 2020

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO – CAMPO LIMPO 
 
 
 
 
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
VANESSA DE SOUZA CUNHA 
 
 
 
 
FICHAMENTO DO LIVRO “O QUE É IDEOLOGIA” (MARILENA CHAUI) 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
 
 
 
 
 
2020 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 
 
Chauí, Marilena 
 
O que é ideologia / Marilena Chauí 
 
- São Paulo: Brasiliense, 2012. – (Coleção Primeiros 
 
Passos; 13) 
 
17* reimper. da 2*ed. de 2001. 
 
ISBN 978-85-11-01013-8 
 
1.Ideologia 2. Ideologia - História 
 
l. Titulo ll. Série 
 
 
 
 
 
 
 
08-05957 CDD – 306.4 
O presente livro intitulado “O que é ideologia” se 
subdivide nos seguintes Capítulos: 
 
1. CAPÍTULO – Começando nossa conversa; 2. CAPÍTULO- Partindo de 
alguns exemplos; 3. CAPÍTULO – História do termo; 4. CAPÍTULO – 
A concepção marxista de ideologia; 5. CAPÍTULO – A ideologia da 
competência; O livro apresenta 5 Capítulos. 
 
 
Resumos dos capítulos: 
 
1. CAPÍTULO: Começando nossa conversa. 
No livro O que é Ideologia, logo de início a autora diz que “ideologia é um ideário, 
histórico, social e político que oculta a realidade, e que esse ocultamento é uma 
forma de assegurar e manter a exploração econômica, a desigualdade social e a 
dominação política”. 
 
 
2.CAPÍTULO: Partindo de alguns exemplos. 
Como alguns exemplos, Marilena Chauí cita o conceito de “movimento” , segundo 
os gregos, que consiste em toda e qualquer alteração de uma realidade, seja ela 
qual for ; e a teoria das quatro causas , de Aristóteles, a qual diz que uma causa é o 
que responde ou se responsabiliza por algum aspecto da realidade, e as quatro 
causas (causa material, causa formal, causa motriz ou eficiente e causa final) são 
responsáveis por todos os aspectos de um ser. Com a teoria das quatro causas, ou 
teoria aristotélica da causalidade, a autora afirma que temos uma teoria geral para a 
explicação da realidade e de suas transformações. Ela diz ainda que “uma teoria 
exprime, por meio de ideias, um Quando, porém, não percebe a raiz histórica de 
suas ideias e imagina que elas serão verdadeiras para todos os tempos e todos os 
lugares, corre o risco de estar, simplesmente, produzindo uma ideologia”. 
O pensamento moderno reduziu as quatro causas a apenas duas, a eficiente e a 
final, deixando a palavra “causa” com o sentido que utilizamos ainda hoje, o de 
operação ou ação que produz um e feito determinado. 
 A causa não responde simplesmente pelo efeito, mas o produz. Segundo a física 
moderna, a Natureza age de modo mecânico, como um sistema necessário de 
relações de causa e efeito, tomando a causa sempre e exclusivamente no 
sentido de causa motriz ou eficiente. Não há causas finais na Natureza. Já no 
campo das ações divinas e humanas, a vontade é livre e age tendo em vista fins ou 
objetivos a serem alcançados. Sendo assim, a Natureza obedece a leis necessárias 
e impessoais, enquanto Deus e os homens agem por vontade livre, constituindo o 
reino da finalidade e da liberdade. A autora explica que necessário é aquilo que é 
como é, e jamais poderá ser diferente do que é, e livre é aquilo que é tal como foi 
voluntariamente escolhido e poderia ser diferente se a escolha tivesse sido outra. 
Segundo Descartes, o homem é um “animal máquina” Por seu corpo, é uma 
máquina natural e impessoal que obedece à causalidade eficiente e, por sua 
vontade, é uma liberdade que age em vista de fins livremente escolhidos. 
 Filosofia e ciência são tomadas como poder humano para transformar e dominar a 
realidade. O conhecimento liga -se à prática de domínio técnico sobre a natureza e 
sobre a sociedade. Pouco a pouco, afirma -se que a manifestação por excelência 
do homem livre é seu poder transformador e dominador, atividade na qual sua 
vontade subordina seu corpo para obter determinado fim - O trabalho, que era 
desprezado pelos antigos e medievais e aparece então, como umas das expressões 
de privilégio do homem como ser natural e espiritual. 
Agora, surge uma nova sociedade, onde o homem valoriza se pelo poder 
econômico que adquiriu, e não por seu sangue ou sua família (como os senhores 
feudais e os aristocratas, que valorizavam a linhagem) 
Surge o burguês, que trabalha para a honra de Deus, segundo a ética protestante. 
Seu esforço pessoal resulta em poupança, que é investida em mais trabalho. De 
acordo com teólogos protestantes, ao perder o Paraíso, o homem foi posto na terra 
para trabalhar e honrar a Deus pelo trabalho. A ética protestante ordena ainda que a 
riqueza se transforme em capital, com a obrigação do homem de trabalhar, poupar e 
investir. 
Porém, essa nova sociedade não é composta apenas pelo burguês, mas também 
por outro homem livre. Segundo Marx, trata -se do moderno trabalhador livre: 
“Trabalhadores num duplo sentido, pois já não aparecem diretamente como meios 
de produção, como produção, como eram o escravo e o servo , e também já não 
possuem seus próprios meios de produção, como o lavrador que trabalha sua 
própria terra; livres e donos de si mesmos. O regime do capital pressupõe a 
separação entre o trabalhador e a propriedade das condições de realização de seu 
trabalho , portanto , o processo que engendra o capitalismo só pode ser um: o 
processo de separação entre o trabalhador e a propriedade das condições de 
trabalho, processo que, por um lado, converte em capital os meios sociais de vida e 
de produção, enquanto, por outro lado, converte os produtores diretos em 
assalariados . 
 Há, nessa nova divisão social, dois tipos de homens: o burguês, que tem os meios 
de produção e as condições de trabalho como sua propriedade privada, e o 
trabalhador, que não possui esses meios e condições, mas, “liberado” da servidão, 
se vê despojado dos meios de trabalhar livremente, tendo apenas a condição de 
trabalhar como assalariado. Esses dois tipos de trabalho se dividem, então, da 
seguinte forma: o lado livre e espiritual do trabalho é o burguês, que determina os 
fins, enquanto o lado mecânico e corpóreo do trabalho é o trabalhador, simples meio 
para fins que lhe são estranhos. De um lado, a liberdade. De outro, a “necessidade”, 
isto é, o autômato. 
 A autora explica, também, que o real não é constituído por coisas. Nossa 
experiência direta e imediata da realidade nos leva a imaginar que o real é feito de 
coisas (sejam elas naturais ou humanas), isto é, de objetos físicos, psíquico, 
culturais, oferecidos à nossa percepção e às nossas vivências. Não se trata de 
supor que há, de um lado, a “coisa” física ou material e, de outro, a “coisa” como 
ideia ou significação. Não há, de um lado, a coisa -em -si e, de outro lado, a coisa- 
para- nós, mas um entrelaçamento do físico -material e da significação, a unidade 
de um ser e de seu sentido, fazendo com que aquilo que chamamos de “coisa” seja 
sempre um campo significativo. 
Todos os entes reais são formas de nossas relações com a natureza mediada por 
nossas relações sociais, são seres culturais, campos de significação variados no 
tempo e no espaço, dependentes de nossa sociedade, nossa classe social e nossa 
posição na divisão social do trabalho, além dos investimentos simbólicos que cada 
cultura imprime a si mesma através das coisas e dos homens. 
 A história, segundo Chauí, não é uma sucessão de fatos no tempo, nem progresso 
das ideias, mas o modo como homens determinados, em condições determinadas, 
cria os meios e as formas de sua existência social, reproduzem ou transformam 
essa existência social que é econômica, política e cultural. 
 História é práxis. A través dessa perspectiva, a história é o real, e o real é o 
movimento constante pelo qual os homens, em condições que nem sempre foram 
escolhidas por eles, determinam um modo de sociabilidade e tentam fixa – ló em 
instituições determinadas. Além de tentar fixar seu modode sociabilidade através de 
instituições determinadas, os homens produzem ideias ou representações através 
das quais buscam explicar e compreender sua própria vida individual, social, suas 
relações com a natureza e com o sobrenatural. 
 Em sociedades divididas em classes, nas quais uma das classes explora e domina 
as outras, essas explicações ou essas ideias e representações serão produzidas e 
difundidas pela classe dominante para legitimar e assegurar seu poder econômico, 
social e político. Por esse motivo, essas ideias ou representações tenderão a 
esconder dos homens o modo real como suas relações sociais foram produzidas e a 
origem das formas sociais de exploração econômica e de dominação política. Esse 
ocultamento da realidade social chama-se ideologia. Por seu intermédio, os 
dominantes legitimam as condições sociais de exploração e de dominação, fazendo 
com que pareçam verdadeiras e justas. 
 
3.CAPÍTULO: História do termo. 
 
No terceiro capítulo, denominado “Histórico do Termo”, Marilena Chauí reúne um 
conjunto de teorias e hipóteses que buscam explicar o termo ideologia. O vocábulo 
surge pela primeira vez em 1801, no livro de Tracy, associado a uma teoria sobre a 
formação das ideias nos âmbitos da vontade, razão, percepção e memória. 
Também podemos ter contato com uma citação na qual Napoleão Bonaparte dirige-
se aos ideólogos como simples agentes de inversão das relações entre as ideias e o 
real. 
“Todas as desgraças que afligem nossa bela França devem ser atribuídas à 
ideologia, essa tenebrosa metafísica que, buscando com sutilezas as causas 
primeiras, quer fundar sobre suas bases a legislação dos povos, em vez de adaptar 
as leis ao conhecimento do coração humano e às lições da história.” (Declaração de 
Napoleão em discurso ao Conselho de Estado em 1812) 
Essa atribuição ao termo ideologia é conservada por Marx na sua concepção, que 
será discutida no terceiro capítulo. Com base na declaração de Bonaparte, 
percebemos então que a ideologia assume dois significados, como destaca a 
autora: 
“Por um lado, a ideologia continua sendo aquela atividade filosófico-científica que 
estuda a formação das ideias a partir da observação das relações entre o corpo 
humano e o meio ambiente, tomando como ponto de partida as sensações; por 
outro lado, ideologia passa significar também o conjunto de ideias de uma época, 
tanto como ‘opinião geral’ quanto no sentido de elaboração teórica dos pensadores 
dessa época”. (Chauí, 1984) 
A concepção positivista de ideologia também ganha destaque, por meio de 
preceitos descritos por Augusto Comte. O capítulo termina apresentando o ponto de 
vista de Durkheim, autor do livro “Regras para o Método Sociológico” e defensor da 
sociologia como ciência, isto é, tomar os fatos sociais como desprovidos de 
interioridade e subjetividade, de modo a permitir que o sociólogo encare uma 
realidade da qual participa como se não fizesse parte dela. 
 
4. CAPÍTULO: A concepção marxista de ideologia. 
 
No quarto capítulo, “A Concepção Marxista de Ideologia” – a autora explora de 
maneira detalhada o significado do termo ideologia sob a perspectiva de Karl Marx. 
Termos essenciais como contradição, mercadoria, valor de uso, valor de troca, 
mais-valia, materialismo, fetichismo e relações de produção são abordados para 
ilustrar tal ponto de vista. 
A princípio, somos apresentados a um diálogo entre o pensamento de Hegel e a 
análise proposta por Marx e Engels. Os três pensadores apresentam opiniões bem 
articuladas quanto ao fenômeno da história; no entanto, as duas posições 
apresentam divergências. Marx vê o fenômeno da história como fruto da união da 
história dos homens com a história da natureza, como podemos observar na 
passagem: 
“Conhecemos apenas uma única ciência, a ciência da história. A história pode ser 
examinada sob dois aspectos: história da natureza e história dos homens. Os dois 
aspectos, contudo, são inseparáveis; enquanto existirem homens, a história da 
natureza e a história dos homens se condicionarão mutuamente.” (Citação de Karl 
Marx sobre o fenômeno da história) (Chauí, 1984) 
Para ele, a história é história do modo real como os homens reais produzem suas 
condições reais de existência. 
Já Hegel não pensa a história como uma sucessão contínua de fatos no tempo, pois 
acredita que o tempo não é uma sucessão de instantes, nem é um recipiente vazio 
onde se alojariam os acontecimentos, mas é um movimento dotado de força interna, 
criador dos acontecimentos - os acontecimentos não estão no tempo, mas são o 
tempo. Esses acontecimentos são produzidos por um motor interno denominado 
contradição. 
Contradição é o primeiro conceito a ser apresentado, tornando-se gancho para 
outras formulações que, juntas, formarão base para a construção do termo 
ideologia. 
Contradição é um fenômeno descrito entre dois termos antagônicos que não podem 
ser tomados fora dessa relação, ou seja, são criados por essa relação e 
transformados nela e por ela. Na contradição, os termos que se negam um ao outro 
só existem nessa negação, por exemplo: o escravo é o não-senhor e o senhor é o 
não-escravo e só haverá escravo onde houver senhor e só haverá senhor onde 
houver escravo. A produção e separação das contradições é o movimento da 
história. Enquanto Hegel vê a história como um movimento do espírito, Marx a vê 
como uma sucessão de conflitos de classes sociais. 
Ainda na correlação entre os estudos de Hegel e de Marx, temos a descrição do 
fenômeno alienação, pela perspectiva do primeiro. Segundo ele, a alienação ocorre 
quando o sujeito não se identifica na sua obra, ou seja, no fruto de seu trabalho e na 
história, como se essas fossem forças distantes e separadas dos indivíduos e até 
mesmo intimidadoras. 
Ao fim da apresentação da perspectiva Hegeliana, Chauí afirma que Marx, em suas 
teses, conserva aspectos de Hegel, como as diferenças entre abstrato e concreto, 
imediato e mediato e aparecer e ser. 
Para entendimento desses termos, inclui-se o conceito de mercadoria. A mercadoria 
pode ser descrita como a forma mais simples e abstrata do modo de produção 
capitalista, ligada diretamente à produção, distribuição e consumo. Não é uma 
coisa, como parece à primeira vista, mas trabalho social, tempo de trabalho. O 
termo pode, ainda, ser aplicado à figura do trabalhador; ele aparece como ser 
humano, mas é, na verdade, uma mercadoria, pois vende a força de seu trabalho 
em troca de um salário. 
A mercadoria não é simplista pois, ao mesmo tempo, possui valor de uso e valor de 
troca. O valor de uso está diretamente ligado ao consumo imediato, ou seja, pela 
utilidade de um produto, por sua função. O valor de troca não é necessariamente o 
valor que adquire no mercado, e sim ligado ao tempo gasto no processo produtivo 
combinado ao salário pago aos operários. 
O salário corresponde ao pagamento pelo tempo gasto pelo trabalhador durante o 
processo de produção. No entanto, essa condição não condiz com o que ocorre na 
prática. Assim, surge o episódio denominado mais-valia. 
A mais-valia corresponde ao tempo de trabalho não pago, ou seja, o lucro que os 
proprietários dos meios de produção obtêm. 
“Suponhamos, então, que, para fabricar um metro de linho e para extrair um quilo de 
ferro, os trabalhadores precisam de oito horas de trabalho. Suponhamos que o 
preço desses produtos no mercado seja de Cr$ 16,00. Diremos, então, que cada 
hora de trabalho equivale a Cr$2,00. Porém, quando vamos verificar qual é o salário 
desses trabalhadores, descobrimos que não recebem Cr$16,00, mas sim Cr$8,00. 
Há, portanto, quatro horas de trabalho que não foram pagas, apesar de estarem 
incluídas no preço final da mercadoria.” (Chauí, 1984) 
Assim, concluímos que a origem do capital é o trabalho não pago. E, graças a mais-
valia, a mercadoria não é um valor de uso ou um valor de troca qualquer, mas um 
valor capitalista. Por ser um tempo de trabalhonão pago, a mercadoria oculta o fato 
de que há exploração econômica. 
Retomando a concepção hegeliana, a autora afirma que Marx conserva da visão do 
pensador, o caráter histórico da realidade, sendo esta capaz de realizar reflexões. 
Segundo ambos, a realidade seria um movimento de contradições reproduzindo o 
modo de existência social dos homens. No entanto, Hegel considerava o real capaz 
de reflexão uma vez que o real era o Espírito, porém a dialética marxista não era 
espiritualista, e sim materialista. 
A matéria, segundo as ciências naturais, é inerte, constituída por relações 
mecanizadas envolvendo causa e efeito, sendo tais relações constituídas de partes 
exteriores umas às outras. Logo, é inadmissível afirmar haver interioridade no meio 
material. Surge assim, o questionamento: como poderia Marx praticar uma dialética 
materialista se acreditava que o real é reflexionam-te? A resposta é o fato de que o 
materialismo desenvolvido por Marx corresponde à matéria social – as relações 
sociais compreendidas como relações de produção. 
Sendo assim, a dialética materialista corresponde ao modo como os homens se 
reproduzem como homens e organizam suas vidas; é a forma como produzem e 
reproduzem suas condições materiais de existência e de que maneira pensam e 
interpretam as relações de produção e convivência. 
As relações de produção capitalista – como citado anteriormente – podem ser 
descritas de forma simples e abstrata pelo conceito de mercadoria. A mercadoria é 
uma realidade social, o resultado das relações sociais tomadas como relações de 
produção. No capitalismo, o dinheiro pode ser assumir papel de mercadoria, por 
estabelecer um equivalente social a um determinado produto. Dessa forma, as 
coisas e mercadorias se relacionam como sujeitos sociais dotados de vida própria - 
autonomia descrita pelo termo fetichismo. 
O fetichismo constrói a mercadoria como uma coisa que existe em si e por si; ela é 
percebida e consumida como uma coisa dotada de vida. 
“As coisas produzidas e as relações entre elas (produção, distribuição, circulação, 
consumo) se humanizam e passam a ter relações sociais. Produzir, distribuir, 
comerciar, acumular, consumir, investir, poupar, trabalhar, todas essas atividades 
econômicas começam a funcionar e a operar sozinhas, por si mesmas, com uma 
lógica que ema delas próprias, independentemente dos homens que a realizam. Os 
homens se tornam os suportes dessas operações, instrumentos delas.” (Chauí, 
1984) 
Para entender o que é ideologia, em sua essência, precisamos analisar as relações 
de produção e como determinam a divisão social do trabalho e as classes sociais. 
As relações de produção consistem na venda da força de trabalho pelo trabalhador, 
que recebe um salário. O trabalhador aplica sua força nos meios de produção, 
pertencentes aos chamados proprietários. A combinação da força de trabalho 
operando os meios de produção tem como resultado o produto, a mercadoria. A 
posse e a força de trabalho separam os indivíduos em classes sociais; tais classes 
sociais levam os homens a realizarem seu trabalho de acordo com o que sua classe 
“determina”. O operário é aquele que vende a força de trabalho e o proprietário 
constitui a elite e controla os meios de produção. Marx apresenta uma visão crítica 
da divisão social do trabalho; para ele, a sociedade naturaliza essa divisão, quando, 
na verdade, ela é fruto das ações humanas. 
A divisão da sociedade em classes permite a compreensão e fundamenta o 
fenômeno da ideologia. A alienação, como forma inicial da consciência é, segundo 
Marx, um campo fértil onde a ideologia é possível; é o fato de que no plano da 
experiência vivida e imediata, as condições reais de existência social dos homens 
não lhes apareçam como produzidas por eles. 
A ideologia nasce então no momento em que ocorre a separação e independência 
das ideias em relação as condições materiais de existência, ou seja, a separação 
entre trabalho manual, feito por trabalhadores e trabalho intelectual, realizado pelos 
pensadores. 
O indivíduo em estado de alienação não ser percebe como agente construtor de 
realidade. As classes sociais, por exemplo, passam a ser vistas como algo natural e 
não pré-determinado. A luta de classes torna possível a ideologia, pois é quando 
uma classe impõe seus interesses sobre as outras, sem que as últimas percebam 
que se trata de interesses particulares e não comuns. Geralmente, essa relação de 
domínio é perceptível entre os proprietários, colocados como classe dominante e os 
trabalhadores, encarados como minoria. 
A ideologia só é efetiva através do ocultamento da luta de classes; seu poder 
aumenta quanto maior for sua capacidade de ocultar a divisão social. 
A imposição das ideias de uma classe sobre outra torna-se possível e legítima pela 
ação do Estado. O Estado legitima e aparece como realização e concretização do 
interesse geral, quando, na verdade, é o símbolo dos interesses da parte mais forte 
e poderosa da sociedade disfarçados de interesses de toda a sociedade. O Estado, 
porém, não poderia agir como regulador da sociedade se não aparecesse como 
uma forma muito especial de dominação, uma dominação impessoal e anônima, 
exercida através das leis ou o Direito Civil; graças às leis o Estado apresenta-se 
como um poder que não pertence a ninguém. 
“O papel do Direito ou das leis é o de fazer com que a dominação não seja tida 
como uma violência, mas como legal, e por ser legal e não violenta, deve ser aceita. 
A lei é direito para o dominante e dever para o dominado.” (Chauí, 1984) 
Com base nessas afirmações, a autora responde à pergunta que norteia o livro. A 
ideologia é então, descrita como o processo pelo qual as ideias da classe dominante 
se tornam ideias de todas as classes sociais, se tornam ideias dominantes, de modo 
que a dominação no plano material (econômico, social e político) se estenda para o 
plano espiritual. A ideologia é fruto da apatia da sociedade, que não se percebe 
como dividida em classes, aceitando ideias atribuídas pela classe dominante. A 
manutenção das ideias da classe dominante, mesmo quando se está lutando contra 
ela, descreve o conceito de hegemonia. 
A ideologia circunda o fenômeno da história, pois a história ensinada é sempre 
narrada do ponto de vista dos vencedores e/ou poderosos, transformados em 
únicos agentes dos acontecimentos. Com isso, a ideologia consegue manter sua 
hegemonia sobre os “vencidos”, uma vez que estes interiorizam o pensamento de 
que não são sujeitos da história, mas apenas seus pacientes. 
 
5.CAPÍTULO: A ideologia da competência. 
 
Chauí cita o Filósofo Francês Claude Lefort que em seu livro “A gênese da ideologia 
na sociedade moderna” observa que houve uma mudança no modo de operação da 
ideologia, desde meados do século XX. Até então o que regia era um discurso em 
que centrava a figura física de alguém que tinha o poder na mão. A partir dos anos 
30 com a mudança do processo social do trabalho surgiu o “fordismo” e em 
consequência a “organização”, que coloca o poder na chamada “lei de mercado”. 
Lefort chama a ideologia contemporânea de ideologia invisível que Marilena Chauí 
prefere chamar de ideologia da competência. 
Competência que reúne a organização, a gerência científica e tecnológica no 
processo de produção intelectual e surgem duas classes sociais resumidas, que são 
a dos que tem poder porque possuem o saber e dos que não tem poder porque não 
o possuem. 
Assim a ideologia da competência realiza a dominação pelo poder científico e 
tecnológico e quem não tem esses conhecimentos é excluído; porém essa ideologia 
que não tem história como afirmou Marx e Engels, também não tem condições de 
orientar a vida no seu cotidiano. 
Com esse domínio em nome do progresso, a burguesia se julga no direito de 
dominar os povos que não tem conhecimentos suficientes para enfrentar o mercado 
e se transforma em dono do tudoe de todos. 
Marilena Chauí considera que a grandeza dos dominantes depende sempre da 
exploração e dominação dos pequenos e que somente uma prática política nascida 
dos explorados e dominados, será de grande importância e que a crítica da 
ideologia deve desmascarar o que está escondido e assegura a exploração 
econômica dos outros. 
 
 
 
Analise crítica do fichamento 
 
O livro o que é ideologia de Marilena Chauí por mais que seja uma leitura difícil, vale 
a pena. Acredito que poderia ter sido mais direto e sem tantas repetições, mas nada 
que o menospreze a ponto de não ser lido. mas é preciso saber enxergar quando 
algo é bom, ele desperta reflexões a todo instante, e é isso que precisamos esperar 
de uma leitura, algo que nos faça pensar, refletir e que acrescente algo a mais para 
nossas vidas. Marilena tem grande conhecimento sobre o que diz e traz um 
panorama completo de tudo que está falando. 
Outra ponto que notei é que possui uma grande quantidade de palavras 
desconhecidas, um vocabulário que talvez eu nunca tenha visto antes (risos) 
quando comecei a leitura eu tive que ler o primeiro capitulo 3 vezes para conseguir 
me interessar pela obra, e começar entender o que ela estava querendo dizer. 
No começo me pareceu uma obra bem cansativa de ler e entender, mas aos poucos 
fui tendo curiosidades para saber o que ela iria dizer nos capítulos seguintes. 
Chauí nos mostra que a ideologia e algo presente em toda a história da 
humanidade, ela mostra como cada individuo age na sociedade. Como exemplo 
posso dizer que nos brasileiros como cidadãos temos nossos direitos distorcidos de 
acordo com os interesses de quem está no poder. 
Por fim Marilena Chauí incluiu tudo que era necessário para compreendermos o 
conceito de ideologia e essa é a maior qualidade do livro.

Continue navegando

Outros materiais