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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO – CAMPO LIMPO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO VANESSA DE SOUZA CUNHA FICHAMENTO DO LIVRO “O QUE É IDEOLOGIA” (MARILENA CHAUI) SÃO PAULO 2020 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Chauí, Marilena O que é ideologia / Marilena Chauí - São Paulo: Brasiliense, 2012. – (Coleção Primeiros Passos; 13) 17* reimper. da 2*ed. de 2001. ISBN 978-85-11-01013-8 1.Ideologia 2. Ideologia - História l. Titulo ll. Série 08-05957 CDD – 306.4 O presente livro intitulado “O que é ideologia” se subdivide nos seguintes Capítulos: 1. CAPÍTULO – Começando nossa conversa; 2. CAPÍTULO- Partindo de alguns exemplos; 3. CAPÍTULO – História do termo; 4. CAPÍTULO – A concepção marxista de ideologia; 5. CAPÍTULO – A ideologia da competência; O livro apresenta 5 Capítulos. Resumos dos capítulos: 1. CAPÍTULO: Começando nossa conversa. No livro O que é Ideologia, logo de início a autora diz que “ideologia é um ideário, histórico, social e político que oculta a realidade, e que esse ocultamento é uma forma de assegurar e manter a exploração econômica, a desigualdade social e a dominação política”. 2.CAPÍTULO: Partindo de alguns exemplos. Como alguns exemplos, Marilena Chauí cita o conceito de “movimento” , segundo os gregos, que consiste em toda e qualquer alteração de uma realidade, seja ela qual for ; e a teoria das quatro causas , de Aristóteles, a qual diz que uma causa é o que responde ou se responsabiliza por algum aspecto da realidade, e as quatro causas (causa material, causa formal, causa motriz ou eficiente e causa final) são responsáveis por todos os aspectos de um ser. Com a teoria das quatro causas, ou teoria aristotélica da causalidade, a autora afirma que temos uma teoria geral para a explicação da realidade e de suas transformações. Ela diz ainda que “uma teoria exprime, por meio de ideias, um Quando, porém, não percebe a raiz histórica de suas ideias e imagina que elas serão verdadeiras para todos os tempos e todos os lugares, corre o risco de estar, simplesmente, produzindo uma ideologia”. O pensamento moderno reduziu as quatro causas a apenas duas, a eficiente e a final, deixando a palavra “causa” com o sentido que utilizamos ainda hoje, o de operação ou ação que produz um e feito determinado. A causa não responde simplesmente pelo efeito, mas o produz. Segundo a física moderna, a Natureza age de modo mecânico, como um sistema necessário de relações de causa e efeito, tomando a causa sempre e exclusivamente no sentido de causa motriz ou eficiente. Não há causas finais na Natureza. Já no campo das ações divinas e humanas, a vontade é livre e age tendo em vista fins ou objetivos a serem alcançados. Sendo assim, a Natureza obedece a leis necessárias e impessoais, enquanto Deus e os homens agem por vontade livre, constituindo o reino da finalidade e da liberdade. A autora explica que necessário é aquilo que é como é, e jamais poderá ser diferente do que é, e livre é aquilo que é tal como foi voluntariamente escolhido e poderia ser diferente se a escolha tivesse sido outra. Segundo Descartes, o homem é um “animal máquina” Por seu corpo, é uma máquina natural e impessoal que obedece à causalidade eficiente e, por sua vontade, é uma liberdade que age em vista de fins livremente escolhidos. Filosofia e ciência são tomadas como poder humano para transformar e dominar a realidade. O conhecimento liga -se à prática de domínio técnico sobre a natureza e sobre a sociedade. Pouco a pouco, afirma -se que a manifestação por excelência do homem livre é seu poder transformador e dominador, atividade na qual sua vontade subordina seu corpo para obter determinado fim - O trabalho, que era desprezado pelos antigos e medievais e aparece então, como umas das expressões de privilégio do homem como ser natural e espiritual. Agora, surge uma nova sociedade, onde o homem valoriza se pelo poder econômico que adquiriu, e não por seu sangue ou sua família (como os senhores feudais e os aristocratas, que valorizavam a linhagem) Surge o burguês, que trabalha para a honra de Deus, segundo a ética protestante. Seu esforço pessoal resulta em poupança, que é investida em mais trabalho. De acordo com teólogos protestantes, ao perder o Paraíso, o homem foi posto na terra para trabalhar e honrar a Deus pelo trabalho. A ética protestante ordena ainda que a riqueza se transforme em capital, com a obrigação do homem de trabalhar, poupar e investir. Porém, essa nova sociedade não é composta apenas pelo burguês, mas também por outro homem livre. Segundo Marx, trata -se do moderno trabalhador livre: “Trabalhadores num duplo sentido, pois já não aparecem diretamente como meios de produção, como produção, como eram o escravo e o servo , e também já não possuem seus próprios meios de produção, como o lavrador que trabalha sua própria terra; livres e donos de si mesmos. O regime do capital pressupõe a separação entre o trabalhador e a propriedade das condições de realização de seu trabalho , portanto , o processo que engendra o capitalismo só pode ser um: o processo de separação entre o trabalhador e a propriedade das condições de trabalho, processo que, por um lado, converte em capital os meios sociais de vida e de produção, enquanto, por outro lado, converte os produtores diretos em assalariados . Há, nessa nova divisão social, dois tipos de homens: o burguês, que tem os meios de produção e as condições de trabalho como sua propriedade privada, e o trabalhador, que não possui esses meios e condições, mas, “liberado” da servidão, se vê despojado dos meios de trabalhar livremente, tendo apenas a condição de trabalhar como assalariado. Esses dois tipos de trabalho se dividem, então, da seguinte forma: o lado livre e espiritual do trabalho é o burguês, que determina os fins, enquanto o lado mecânico e corpóreo do trabalho é o trabalhador, simples meio para fins que lhe são estranhos. De um lado, a liberdade. De outro, a “necessidade”, isto é, o autômato. A autora explica, também, que o real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata da realidade nos leva a imaginar que o real é feito de coisas (sejam elas naturais ou humanas), isto é, de objetos físicos, psíquico, culturais, oferecidos à nossa percepção e às nossas vivências. Não se trata de supor que há, de um lado, a “coisa” física ou material e, de outro, a “coisa” como ideia ou significação. Não há, de um lado, a coisa -em -si e, de outro lado, a coisa- para- nós, mas um entrelaçamento do físico -material e da significação, a unidade de um ser e de seu sentido, fazendo com que aquilo que chamamos de “coisa” seja sempre um campo significativo. Todos os entes reais são formas de nossas relações com a natureza mediada por nossas relações sociais, são seres culturais, campos de significação variados no tempo e no espaço, dependentes de nossa sociedade, nossa classe social e nossa posição na divisão social do trabalho, além dos investimentos simbólicos que cada cultura imprime a si mesma através das coisas e dos homens. A história, segundo Chauí, não é uma sucessão de fatos no tempo, nem progresso das ideias, mas o modo como homens determinados, em condições determinadas, cria os meios e as formas de sua existência social, reproduzem ou transformam essa existência social que é econômica, política e cultural. História é práxis. A través dessa perspectiva, a história é o real, e o real é o movimento constante pelo qual os homens, em condições que nem sempre foram escolhidas por eles, determinam um modo de sociabilidade e tentam fixa – ló em instituições determinadas. Além de tentar fixar seu modode sociabilidade através de instituições determinadas, os homens produzem ideias ou representações através das quais buscam explicar e compreender sua própria vida individual, social, suas relações com a natureza e com o sobrenatural. Em sociedades divididas em classes, nas quais uma das classes explora e domina as outras, essas explicações ou essas ideias e representações serão produzidas e difundidas pela classe dominante para legitimar e assegurar seu poder econômico, social e político. Por esse motivo, essas ideias ou representações tenderão a esconder dos homens o modo real como suas relações sociais foram produzidas e a origem das formas sociais de exploração econômica e de dominação política. Esse ocultamento da realidade social chama-se ideologia. Por seu intermédio, os dominantes legitimam as condições sociais de exploração e de dominação, fazendo com que pareçam verdadeiras e justas. 3.CAPÍTULO: História do termo. No terceiro capítulo, denominado “Histórico do Termo”, Marilena Chauí reúne um conjunto de teorias e hipóteses que buscam explicar o termo ideologia. O vocábulo surge pela primeira vez em 1801, no livro de Tracy, associado a uma teoria sobre a formação das ideias nos âmbitos da vontade, razão, percepção e memória. Também podemos ter contato com uma citação na qual Napoleão Bonaparte dirige- se aos ideólogos como simples agentes de inversão das relações entre as ideias e o real. “Todas as desgraças que afligem nossa bela França devem ser atribuídas à ideologia, essa tenebrosa metafísica que, buscando com sutilezas as causas primeiras, quer fundar sobre suas bases a legislação dos povos, em vez de adaptar as leis ao conhecimento do coração humano e às lições da história.” (Declaração de Napoleão em discurso ao Conselho de Estado em 1812) Essa atribuição ao termo ideologia é conservada por Marx na sua concepção, que será discutida no terceiro capítulo. Com base na declaração de Bonaparte, percebemos então que a ideologia assume dois significados, como destaca a autora: “Por um lado, a ideologia continua sendo aquela atividade filosófico-científica que estuda a formação das ideias a partir da observação das relações entre o corpo humano e o meio ambiente, tomando como ponto de partida as sensações; por outro lado, ideologia passa significar também o conjunto de ideias de uma época, tanto como ‘opinião geral’ quanto no sentido de elaboração teórica dos pensadores dessa época”. (Chauí, 1984) A concepção positivista de ideologia também ganha destaque, por meio de preceitos descritos por Augusto Comte. O capítulo termina apresentando o ponto de vista de Durkheim, autor do livro “Regras para o Método Sociológico” e defensor da sociologia como ciência, isto é, tomar os fatos sociais como desprovidos de interioridade e subjetividade, de modo a permitir que o sociólogo encare uma realidade da qual participa como se não fizesse parte dela. 4. CAPÍTULO: A concepção marxista de ideologia. No quarto capítulo, “A Concepção Marxista de Ideologia” – a autora explora de maneira detalhada o significado do termo ideologia sob a perspectiva de Karl Marx. Termos essenciais como contradição, mercadoria, valor de uso, valor de troca, mais-valia, materialismo, fetichismo e relações de produção são abordados para ilustrar tal ponto de vista. A princípio, somos apresentados a um diálogo entre o pensamento de Hegel e a análise proposta por Marx e Engels. Os três pensadores apresentam opiniões bem articuladas quanto ao fenômeno da história; no entanto, as duas posições apresentam divergências. Marx vê o fenômeno da história como fruto da união da história dos homens com a história da natureza, como podemos observar na passagem: “Conhecemos apenas uma única ciência, a ciência da história. A história pode ser examinada sob dois aspectos: história da natureza e história dos homens. Os dois aspectos, contudo, são inseparáveis; enquanto existirem homens, a história da natureza e a história dos homens se condicionarão mutuamente.” (Citação de Karl Marx sobre o fenômeno da história) (Chauí, 1984) Para ele, a história é história do modo real como os homens reais produzem suas condições reais de existência. Já Hegel não pensa a história como uma sucessão contínua de fatos no tempo, pois acredita que o tempo não é uma sucessão de instantes, nem é um recipiente vazio onde se alojariam os acontecimentos, mas é um movimento dotado de força interna, criador dos acontecimentos - os acontecimentos não estão no tempo, mas são o tempo. Esses acontecimentos são produzidos por um motor interno denominado contradição. Contradição é o primeiro conceito a ser apresentado, tornando-se gancho para outras formulações que, juntas, formarão base para a construção do termo ideologia. Contradição é um fenômeno descrito entre dois termos antagônicos que não podem ser tomados fora dessa relação, ou seja, são criados por essa relação e transformados nela e por ela. Na contradição, os termos que se negam um ao outro só existem nessa negação, por exemplo: o escravo é o não-senhor e o senhor é o não-escravo e só haverá escravo onde houver senhor e só haverá senhor onde houver escravo. A produção e separação das contradições é o movimento da história. Enquanto Hegel vê a história como um movimento do espírito, Marx a vê como uma sucessão de conflitos de classes sociais. Ainda na correlação entre os estudos de Hegel e de Marx, temos a descrição do fenômeno alienação, pela perspectiva do primeiro. Segundo ele, a alienação ocorre quando o sujeito não se identifica na sua obra, ou seja, no fruto de seu trabalho e na história, como se essas fossem forças distantes e separadas dos indivíduos e até mesmo intimidadoras. Ao fim da apresentação da perspectiva Hegeliana, Chauí afirma que Marx, em suas teses, conserva aspectos de Hegel, como as diferenças entre abstrato e concreto, imediato e mediato e aparecer e ser. Para entendimento desses termos, inclui-se o conceito de mercadoria. A mercadoria pode ser descrita como a forma mais simples e abstrata do modo de produção capitalista, ligada diretamente à produção, distribuição e consumo. Não é uma coisa, como parece à primeira vista, mas trabalho social, tempo de trabalho. O termo pode, ainda, ser aplicado à figura do trabalhador; ele aparece como ser humano, mas é, na verdade, uma mercadoria, pois vende a força de seu trabalho em troca de um salário. A mercadoria não é simplista pois, ao mesmo tempo, possui valor de uso e valor de troca. O valor de uso está diretamente ligado ao consumo imediato, ou seja, pela utilidade de um produto, por sua função. O valor de troca não é necessariamente o valor que adquire no mercado, e sim ligado ao tempo gasto no processo produtivo combinado ao salário pago aos operários. O salário corresponde ao pagamento pelo tempo gasto pelo trabalhador durante o processo de produção. No entanto, essa condição não condiz com o que ocorre na prática. Assim, surge o episódio denominado mais-valia. A mais-valia corresponde ao tempo de trabalho não pago, ou seja, o lucro que os proprietários dos meios de produção obtêm. “Suponhamos, então, que, para fabricar um metro de linho e para extrair um quilo de ferro, os trabalhadores precisam de oito horas de trabalho. Suponhamos que o preço desses produtos no mercado seja de Cr$ 16,00. Diremos, então, que cada hora de trabalho equivale a Cr$2,00. Porém, quando vamos verificar qual é o salário desses trabalhadores, descobrimos que não recebem Cr$16,00, mas sim Cr$8,00. Há, portanto, quatro horas de trabalho que não foram pagas, apesar de estarem incluídas no preço final da mercadoria.” (Chauí, 1984) Assim, concluímos que a origem do capital é o trabalho não pago. E, graças a mais- valia, a mercadoria não é um valor de uso ou um valor de troca qualquer, mas um valor capitalista. Por ser um tempo de trabalhonão pago, a mercadoria oculta o fato de que há exploração econômica. Retomando a concepção hegeliana, a autora afirma que Marx conserva da visão do pensador, o caráter histórico da realidade, sendo esta capaz de realizar reflexões. Segundo ambos, a realidade seria um movimento de contradições reproduzindo o modo de existência social dos homens. No entanto, Hegel considerava o real capaz de reflexão uma vez que o real era o Espírito, porém a dialética marxista não era espiritualista, e sim materialista. A matéria, segundo as ciências naturais, é inerte, constituída por relações mecanizadas envolvendo causa e efeito, sendo tais relações constituídas de partes exteriores umas às outras. Logo, é inadmissível afirmar haver interioridade no meio material. Surge assim, o questionamento: como poderia Marx praticar uma dialética materialista se acreditava que o real é reflexionam-te? A resposta é o fato de que o materialismo desenvolvido por Marx corresponde à matéria social – as relações sociais compreendidas como relações de produção. Sendo assim, a dialética materialista corresponde ao modo como os homens se reproduzem como homens e organizam suas vidas; é a forma como produzem e reproduzem suas condições materiais de existência e de que maneira pensam e interpretam as relações de produção e convivência. As relações de produção capitalista – como citado anteriormente – podem ser descritas de forma simples e abstrata pelo conceito de mercadoria. A mercadoria é uma realidade social, o resultado das relações sociais tomadas como relações de produção. No capitalismo, o dinheiro pode ser assumir papel de mercadoria, por estabelecer um equivalente social a um determinado produto. Dessa forma, as coisas e mercadorias se relacionam como sujeitos sociais dotados de vida própria - autonomia descrita pelo termo fetichismo. O fetichismo constrói a mercadoria como uma coisa que existe em si e por si; ela é percebida e consumida como uma coisa dotada de vida. “As coisas produzidas e as relações entre elas (produção, distribuição, circulação, consumo) se humanizam e passam a ter relações sociais. Produzir, distribuir, comerciar, acumular, consumir, investir, poupar, trabalhar, todas essas atividades econômicas começam a funcionar e a operar sozinhas, por si mesmas, com uma lógica que ema delas próprias, independentemente dos homens que a realizam. Os homens se tornam os suportes dessas operações, instrumentos delas.” (Chauí, 1984) Para entender o que é ideologia, em sua essência, precisamos analisar as relações de produção e como determinam a divisão social do trabalho e as classes sociais. As relações de produção consistem na venda da força de trabalho pelo trabalhador, que recebe um salário. O trabalhador aplica sua força nos meios de produção, pertencentes aos chamados proprietários. A combinação da força de trabalho operando os meios de produção tem como resultado o produto, a mercadoria. A posse e a força de trabalho separam os indivíduos em classes sociais; tais classes sociais levam os homens a realizarem seu trabalho de acordo com o que sua classe “determina”. O operário é aquele que vende a força de trabalho e o proprietário constitui a elite e controla os meios de produção. Marx apresenta uma visão crítica da divisão social do trabalho; para ele, a sociedade naturaliza essa divisão, quando, na verdade, ela é fruto das ações humanas. A divisão da sociedade em classes permite a compreensão e fundamenta o fenômeno da ideologia. A alienação, como forma inicial da consciência é, segundo Marx, um campo fértil onde a ideologia é possível; é o fato de que no plano da experiência vivida e imediata, as condições reais de existência social dos homens não lhes apareçam como produzidas por eles. A ideologia nasce então no momento em que ocorre a separação e independência das ideias em relação as condições materiais de existência, ou seja, a separação entre trabalho manual, feito por trabalhadores e trabalho intelectual, realizado pelos pensadores. O indivíduo em estado de alienação não ser percebe como agente construtor de realidade. As classes sociais, por exemplo, passam a ser vistas como algo natural e não pré-determinado. A luta de classes torna possível a ideologia, pois é quando uma classe impõe seus interesses sobre as outras, sem que as últimas percebam que se trata de interesses particulares e não comuns. Geralmente, essa relação de domínio é perceptível entre os proprietários, colocados como classe dominante e os trabalhadores, encarados como minoria. A ideologia só é efetiva através do ocultamento da luta de classes; seu poder aumenta quanto maior for sua capacidade de ocultar a divisão social. A imposição das ideias de uma classe sobre outra torna-se possível e legítima pela ação do Estado. O Estado legitima e aparece como realização e concretização do interesse geral, quando, na verdade, é o símbolo dos interesses da parte mais forte e poderosa da sociedade disfarçados de interesses de toda a sociedade. O Estado, porém, não poderia agir como regulador da sociedade se não aparecesse como uma forma muito especial de dominação, uma dominação impessoal e anônima, exercida através das leis ou o Direito Civil; graças às leis o Estado apresenta-se como um poder que não pertence a ninguém. “O papel do Direito ou das leis é o de fazer com que a dominação não seja tida como uma violência, mas como legal, e por ser legal e não violenta, deve ser aceita. A lei é direito para o dominante e dever para o dominado.” (Chauí, 1984) Com base nessas afirmações, a autora responde à pergunta que norteia o livro. A ideologia é então, descrita como o processo pelo qual as ideias da classe dominante se tornam ideias de todas as classes sociais, se tornam ideias dominantes, de modo que a dominação no plano material (econômico, social e político) se estenda para o plano espiritual. A ideologia é fruto da apatia da sociedade, que não se percebe como dividida em classes, aceitando ideias atribuídas pela classe dominante. A manutenção das ideias da classe dominante, mesmo quando se está lutando contra ela, descreve o conceito de hegemonia. A ideologia circunda o fenômeno da história, pois a história ensinada é sempre narrada do ponto de vista dos vencedores e/ou poderosos, transformados em únicos agentes dos acontecimentos. Com isso, a ideologia consegue manter sua hegemonia sobre os “vencidos”, uma vez que estes interiorizam o pensamento de que não são sujeitos da história, mas apenas seus pacientes. 5.CAPÍTULO: A ideologia da competência. Chauí cita o Filósofo Francês Claude Lefort que em seu livro “A gênese da ideologia na sociedade moderna” observa que houve uma mudança no modo de operação da ideologia, desde meados do século XX. Até então o que regia era um discurso em que centrava a figura física de alguém que tinha o poder na mão. A partir dos anos 30 com a mudança do processo social do trabalho surgiu o “fordismo” e em consequência a “organização”, que coloca o poder na chamada “lei de mercado”. Lefort chama a ideologia contemporânea de ideologia invisível que Marilena Chauí prefere chamar de ideologia da competência. Competência que reúne a organização, a gerência científica e tecnológica no processo de produção intelectual e surgem duas classes sociais resumidas, que são a dos que tem poder porque possuem o saber e dos que não tem poder porque não o possuem. Assim a ideologia da competência realiza a dominação pelo poder científico e tecnológico e quem não tem esses conhecimentos é excluído; porém essa ideologia que não tem história como afirmou Marx e Engels, também não tem condições de orientar a vida no seu cotidiano. Com esse domínio em nome do progresso, a burguesia se julga no direito de dominar os povos que não tem conhecimentos suficientes para enfrentar o mercado e se transforma em dono do tudoe de todos. Marilena Chauí considera que a grandeza dos dominantes depende sempre da exploração e dominação dos pequenos e que somente uma prática política nascida dos explorados e dominados, será de grande importância e que a crítica da ideologia deve desmascarar o que está escondido e assegura a exploração econômica dos outros. Analise crítica do fichamento O livro o que é ideologia de Marilena Chauí por mais que seja uma leitura difícil, vale a pena. Acredito que poderia ter sido mais direto e sem tantas repetições, mas nada que o menospreze a ponto de não ser lido. mas é preciso saber enxergar quando algo é bom, ele desperta reflexões a todo instante, e é isso que precisamos esperar de uma leitura, algo que nos faça pensar, refletir e que acrescente algo a mais para nossas vidas. Marilena tem grande conhecimento sobre o que diz e traz um panorama completo de tudo que está falando. Outra ponto que notei é que possui uma grande quantidade de palavras desconhecidas, um vocabulário que talvez eu nunca tenha visto antes (risos) quando comecei a leitura eu tive que ler o primeiro capitulo 3 vezes para conseguir me interessar pela obra, e começar entender o que ela estava querendo dizer. No começo me pareceu uma obra bem cansativa de ler e entender, mas aos poucos fui tendo curiosidades para saber o que ela iria dizer nos capítulos seguintes. Chauí nos mostra que a ideologia e algo presente em toda a história da humanidade, ela mostra como cada individuo age na sociedade. Como exemplo posso dizer que nos brasileiros como cidadãos temos nossos direitos distorcidos de acordo com os interesses de quem está no poder. Por fim Marilena Chauí incluiu tudo que era necessário para compreendermos o conceito de ideologia e essa é a maior qualidade do livro.
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