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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM PROPOSTA DE PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR Observação de criança(s), adolescente(s) e/ou jovem(ns) para compreender características que ressaltam o desenvolvimento físico-motor, afetivo- emocional, intelectual, moral ou social desses sujeitos. CURSO: Licenciatura em Letras – Inglês DISCIPLINA: Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem PROFESSOR(A) TUTOR(A): Marília Cammarosano ALUNO: Anderson Wagner dos Santos – MATRÍCULA: 2019.09.13598-4 DATA: 02/06/2020 Objetivo Esta atividade foi desenvolvida a partir da observação e da análise de uma criança e de suas atividades, por um período determinado; buscando identificar e reconhecer características motoras, cognitivas, psicológicas, afetivas, morais e sociais relacionando-as a aspectos encontrados em indivíduos de sua faixa etária, de acordo com as diversas teorias sobre desenvolvimento humano e suas formas de aprendizagem, abordadas nas aulas da disciplina de Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Introdução O desenvolvimento de uma criança envolve muitos fatores. Mudanças nas áreas biossocial, cognitva e psicossocial acontecem simultaneamente e sabemos que muitas variáveis interferem nessas mudanças. Com o passar do tempo, muitos teóricos contribuíram com significativas reflexões e informações sobre o desenvolvimento e também para uma melhor compreensão sobre os processos de aprendizagem. A criança observada para essa atividade chama-se Laura e tinha 2 anos e 4 meses quando do período de observação. Até aquele momento, não havia tido experiência escolar. Ela mora com os pais e é filha única. Assim como proposto para esta atividade curricular, ela foi observada por 3 dias, por cerca de 3 horas em cada dia, sempre no período da manhã. Laura é uma criança saudável, aparentava boas condições físicas e de cuidados em geral e com desenvolvimento corporal compatível com crianças de sua faixa etária. Além disso, aparentava também ser uma criança afetuosa e feliz, e ainda, muito habituada à sua rotina e aos seus familiares. 1° dia Laura acorda diariamente por volta das 8h da manhã, pouco mais, pouco menos, o que varia a depender do horário em que tenha ido dormir na noite anterior. Logo ao se levantar, ela interage com seus pais e sempre procura pelo cachorro, por quem tem muito apreço. Sua mãe trocou sua fralda enquanto conversaram por alguns minutos. Laura pareceu não se importar dessa vez, mas há dias em que ela não coopera tanto e chora muito nesse processo, conta a mãe. Quando de pé, era a hora do café da manhã. Sua mãe faz questão de que todos sentem-se à mesa e pude notar que Laura adora esse momento em família. Carinhosa, ela pediu abraços sempre que precisou de ajuda para abrir uma tampa ou pegar algo que exigisse uma coordenação motora além da sua. Laura comeu aquilo que quis e um pouco de tudo o que havia na mesa, dentre as opções oferecidas por sua mãe. Depois do café, Laura pediu para assistir ao seu desenho animado favorito e, episódio após episódio, ela dividia sua atenção entre a televisão e os bloquinhos de montar que estavam espalhados pela sala, enquanto sua mãe a observava da cozinha. Nessa hora, percebi que ela procurou interagir muito com o desenho; algumas vezes repetindo as frases ditas pelos personagens e em outras, chamando pela mãe pra que ela viesse ver o que acontecia e participar também. Por volta das 10:30h, sua mãe preparou o banho dela e após uma rápida negociação, a convenceu a deixar o desenho por alguns instantes, sob a permissão de que ela levasse algum brinquedo para o banho também. Apesar disso, Laura aproveitou muito esse momento e brincava com seu patinho enquanto sua mãe a lavava. O problema foi tirá-la da água depois que já tinha se acostumado com ela. Uma negociação maior foi necessária e mesmo assim, ela saiu chorando e um tanto frustrada. Depois do banho, sua mãe gastou alguns minutos arrumando sua roupa e cabelos e as duas conversaram muito nesse processo. Quando terminou, sua mãe perguntou o que ela achava do seu vestido e Laura correu para mostrá-lo ao pai, esperando pela aprovação dele. Minutos depois ela pediu colo e, enquanto assistia à TV nos braços de sua mãe, pegou no sono. 2° dia A base da rotina de Laura se repetiu nesse segundo dia. Algumas diferenças pontuais: após o café, ela parecia um pouco irritada, pedindo constantemente para passear e visitar a avó que mora próximo à sua casa. Sua mãe contou que, devido ao momento de isolamento social ao qual estamos submetidos, as idas à casa da avó diminuíram de frequência e Laura sentiu isso um pouco. Na hora de assistir TV, ela não se concentrou muito e parecia agitada. Isso fez com que sua mãe interrompesse as suas tarefas por várias vezes para dar atenção a ela e tentar acalmá-la, o que aconteceu somente quando lhe ofereceu um pirulito e colo. A hora do banho também foi diferente, porque dessa vez Laura foi menos resistente e também não pareceu muito interessada nas brincadeiras. Na hora da soneca o sono também demorou mais a chegar, mas ela permaneceu mais calma no colo da mãe enquanto era amamentada. Sim, ela ainda mama! Sua mãe disse que ela faz isso mais como um gesto de afeto do que propriamente pela alimentação, raras as vezes durante a semana e tendo em vista a independência de Laura quanto à comida; ela já come frutas e verduras naturalmente, além da “mamadeira da tarde” e as refeições em família, à mesa. 3° dia No terceiro dia de observações, Laura estava sorridente e afetuosa com todos. Podia-se ouvir as gargalhadas de Laura durante os desenhos na TV, apesar de que, algumas delas, pareciam mais para chamar a atenção, do que uma expressão do que ela sentia. Dessa vez ela desenhava com lápis de cor e gizes de cera enquanto assistia. Não demorou muito, ela pediu pelo celular da mãe para jogar e demonstrou muita autonomia ao iniciar os aplicativos que lhe interessavam, sem ajuda. Percebi que, logo que se entediava de um jogo, também sozinha, alternava entre os aplicativos de desenho e outros jogos educativos. Outro ponto interessante foi que, dessa vez, ela concordou com o banho e estava muito comunicativa, de modo que se despedia de tudo, sempre que mudava de ambiente – “ Tchau desenho... Tchau banho... Tchau brinquedos...” Resultados Com base no que foi observado, podemos perceber que Laura é uma criança que possui um desenvolvimento compatível com o esperado para a sua faixa etária. Isso fica nítido, ao observarmos o seu desenvolvimento físico e de coordenação. Laura domina a maioria dos movimentos que precisam das habilidades motoras grossas, como correr, saltar ou subir no sofá da sala, porém ainda necessita desenvolver as habilidades motoras finas para ações como segurar o lápis propriamente (que lhes caíam das mãos, vez ou outra) ou ainda segurar talheres com firmeza. O que a insere, à luz da teoria piagetiana, num momento de transição entre os períodos sensório-motor e pré-operatório. Piaget destacou que nessa fase, as crianças não podem pensar operacionalmente, ou seja, não podem desenvolver um pensamento ou ideia de acordo com princípios lógicos. Seu pensamento se baseia no emprego de símbolos para representar objetos, comportamentos, experiências. Foi isso que vi quando Laura foi persuadida a concordar em tomar banho, pois um de seus brinquedos, no caso o patinho, “precisava” também. Naquele momento, ela o fez sem percerber que estava sendo “entretida” para que tomasse o seu próprio banho. Conclue-se que sua racionalidade crítica e lógica ainda carecem de desenvolvimento. Vygotsky considerava esse desenvolvimento cognitivo um aprendizado, no qual as crianças adquirem habilidades cognitivas por meio da participação dirigida nas experiências sociais que estimulam o crescimentointelectual. Nesse sentido, Laura é muito estimulada pelos pais a todo momento, principalmente durante as refeições, pois vi que, em tudo o que se lhe propunham, havia uma intenção didática envolvida; como quando sua mãe a estimulava a decidir o que comer à mesa, e permitia que ela mesma o fizesse, sob sua supervisão e, quando frequentemente, seus pais participavam das brincadeiras com bloquinhos e das pinturas no caderno de desenho, incentivando-a, mesmo que rapidamente, sempre que podiam. Já, quanto às características afetivas e morais, ela é uma criança muito estimulada também. Seus pais acreditam que, o fato de não a terem introduzido à vida escolar ainda, pode exercer certa influência sim, na formação de sua personalidade, que apresenta-se muito ingênua e inocente até aqui; mas procuram, sempre que possível, compensar essa ausência de pares da mesma faixa etária estando próximos a todo o tempo. Além disso, pude perceber que Laura é muito carinhosa e está sempre feliz, sorrindo e com bom-humor. Excetuando-se, é claro, as vezes em que ela foi contrariada por seus pais, mas isso também é característico às crianças de sua idade, sendo conflitos, normalmente bem contornados com conversa e persuasão. Aqui, podemos fazer referência também às ideias de Eriksson, que estudou o desenvolvimento da personalidade a partir de interações e relações sociais. Para ele a criança de 0 a 2 anos encontra-se no estágio da “Confiança versus Desconfiança”. Confiança que, no caso de Laura, é visívelmente depositada em seus pais, sempre ouvindo e acatando suas decisões, mesmo depois de relutar por alguns momentos. Esses momentos foram, em geral, superados rapidamente e invariavelmente terminavam com alguma atividade em conjunto. Demonstrações de afeto, como ir para o banho nos braços da mãe ou desligar a televisão e ficar no colo do pai com o aparelho celular sempre resultavam desses desentendimentos. Conclusão Para concluir esta atividade, acrescento que pude perceber nesse confronto entre os dados coletados com uma criança da geração atual e as diversas teorias estudadas sobre o desenvolvimento, como essas informações teóricas são importantes e devem ser levadas em consideração ao pensarmos na educação de crianças e jovens, ainda hoje. Apesar de esses teóricos terem buscado explicar as transformações que ocorrem a partir de diferentes linhas de pensamento e pontos de observação de diferente domínios e capacidade envolvidos nesse processo, todas as reações e comportamentos encontrados na criança em questão puderam ser identificados à luz dessas teorias. Referências Bibliográficas • Conteúdo das aulas da disciplina de Psicologia do desenvolvimento e da Aprendizagem, do Curso de Letras – Inglês, da Universidade Estácio de Sá.
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