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Faith Popcorn rascunho

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Faith Popcorn, de tempos em tempos, se manifesta expressando previsões sobre tendências futuras que observa e acompanha. É a responsável por identificar, nos anos 80, o que chamou de cocooning, a tendência ao encasulamento. Ou seja, as pessoas manifestavam o desejo de ficar mais em casa, desfrutar do ambiente do lar, que trazia segurança, tranquilidade e conforto. Com base nessa tendência, a indústria de eletroeletrônicos e de utensílios domésticos passou a oferecer produtos que contribuíam com o prazer de ficar em casa. Em sua entrevista para as jornalistas, Mercedes Cajaraville e Andrea Reinke (1998), Popcorn já admitira que essa tendência vinha se confirmando, porém evoluindo, apresentando mudanças. O que no início só se manifestava por prazer nos anos 90, indicava também que havia uma necessidade de segurança, de “lugares seguros” como ela menciona. Popcorn explica ainda que: 
É por esse motivo que elas se refugiam em lugares seguros. Isso é muito importante para as empresas porque reflete a aspiração dos consumidores de que tudo que os rodeia seja parecido com sua casa. Querem carregar com eles uma espécie de casulo que lhes dê segurança. (Cajaraville, 1998).
Essa tendência tem se manifestado até hoje, se refletindo nos escritórios e locais de trabalho, em cinemas (o conforto das novas salas), em shopping centers e em espaços para compra e diversão. Ela se destaca na forma como os espaços são pensados, na decoração, no conforto oferecido, na promoção de ambientes seguros, em comodidades como estacionamento cobertos etc. Outra tendência identificada por Popcorn, e complementar ao encapsulamento, é o que ela chamou de clanning, ou a tendência a nos unirmos a clãs, pessoas com interesses comuns aos nossos. Vejamos:
Semelhante ao encasulamento, é a formação de clãs, que denominei clanning. As pessoas gostam de reunir-se com outras que compartilham os mesmos valores, crenças e interesses. Muitos clãs se formam, por exemplo, na Internet, assim como em torno de determinados tipos de atividade que exigem certa afinidade. Existe um a identidade no grupo do qual as pessoas fazem parte e esse seria um bom lugar para desenvolver um produto, porque todos nós gostamos de fazer parte de uma associação. Em inglês esses grupos são chamados de PLU (people like us, ou seja, pessoas como nós) e constituem uma espécie de barreira de proteção e segurança contra o mundo externo ameaçador. 
Incluiremos, na sequência, um quadro com as tendências apontadas por Popcorn no livro Click, discutido na entrevista de Cajaraville (1998). Como poderemos observar, muitas dessas tendências, apontadas nos anos 90, se concretizaram e ainda têm efeito nos dias de hoje. Tal fato vem comprovar o tempo de efeito de uma tendência. Cajaraville ainda explora outras tendências, como ancoragem e 99 vidas. A primeira, ancoragem, refere-se a o fato de as pessoas buscarem regressar aos valores de suas origens, voltar às raízes, o que as leva a se interessarem por terapias alternativas (ioga, budismo etc.), para esta rem conectadas espiritualmente. Essa tendência, conforme explica Popcorn (Cajaraville, 1998), surge como uma maneira de “fugir” ou suportar a outra tendência, 99 vidas, que se refere aos diversos papéis que uma pessoa desempenha na vida moderna, tão atribulada. Afinal, um mesmo indivíduo é pai, f ilho, marido, empresário, profissional, voluntário, professor e assim por diante. O impacto no mercado se dá por meio da influência desses valores nas escolhas dos produtos a serem consumidos. Dessa forma, as empresas que se atentaram para tais impactos, desenvolveram produtos que vieram a atender tais necessidades, compondo a vida desses consumidores. Nas palavras de Popcorn: “muitas pessoas baseiam a escolha dos produtos nesses valores, e essa é uma informação de grande valor para as empresas. Além disso, a ancoragem é um antídoto para as 99 vidas, mais uma das tendências que identifiquei”. (Cajaraville, 1998)
Prever uma tendência, como já vimos, permite uma vantagem competitiva muito grande à empresa, mas por outro lado, não é um trabalho muito fácil. Uma série de dúvidas nos vem à mente quando falamos de tendências: O que é? Como identificá-las? Quais são os sinais? Como estar certo de que investir nesses sinais resultará em sucesso? Diversos autores apresentam suas definições de tendências e como conseguir detectá-las a tempo. Godoy (2018) comenta que “o estudo do passado e do presente é que determina a direção que leva ao futuro. Em empresas de tendências, os profissionais passam a analisar e pesquisar conexões sobre o que está ocorrendo. O futuro está presente nas ações cotidianas m ais frequentes, das quais devemos decodificar a cultura”. Ou seja, para ele é necessário incluirmos uma visão do passado no estudo de tendências. Para outros autores, o futuro está mais relacionado com o presente, o cotidiano. Por exemplo, Faith Popcorn, conhecida por muitos como a “Nostradamus do Marketing”, comenta em entrevista para a revista HSM Management (Cajaraville, 1998) que “o futuro não é repetição do passado ”, mas que “as empresas precisam abrir mão de velhas ideias e desenvolver novas”, para que possam entender uma tendência e vir a desenvolver algo para aproveitá-la. Assim, esse processo estaria relacionado ao presente e não ao passado. Aponta Godoy: Identificar tendências significa antecipar as mudanças que necessitam ser feitas de forma que tais mudanças façam parte do cotidiano. Representa a solidificação dos diferentes desejos individuais presentes no inconsciente coletivo, contendo energia, variedade e estabilidade suficiente para continuar avançando no mercado até tornar-se parte do deste. Segundo esse conceito, para identificarmos uma tendência devemos observar quais mudanças que ser realizadas e inseridas na rotina. Godoy ainda relaciona a tendência com a solidificação de desejos, com a concretização de vontades que estão presente no inconsciente coletivo. Ou seja, quando se trata de um desejo compartilhado por muitos indivíduos, há energia suficiente para que a tendência se forme e torne-se parte do mercado.
CAJARAVILLE, M. R. Do casulo às 99 vidas. HSM Manageme nt, p. 140-146, 1998. 
GODOY, G. Relatório Popcorn. Psicologia, Saúde e Cultura, 29 jan. 2018. Disponível em: <http://www.gilbertogodoy.com.br/ler-po st/relatorio-popcorn>. 
GROSSMAN, L. Trends: The quest for cool. Time, 8 set. 2003. Disponível em: <http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,1005612,0 0 .html>. 
KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. São Paulo: Pearson Education do Brasil Ltda, 2012. 
RASQUILHA, L. Coolhunting e Pesquisa de Tendências: observar, identificar e mapear as tendências e mentalidades emergentes do consumidor. São Paulo: Actual, 2015.

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