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1 UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE BÁRBARA CRISTINA TORRES ORIENTAÇÃO PARA IMPLEMENTAÇÃO DE ESCRITÓRIO DE PROJETOS NAS ORGANIZAÇÕES: MOTIVAÇÃO E ANÁLISE DAS PARTES INTERESSADAS São Paulo 2016 2 BÁRBARA CRISTINA TORRES ORIENTAÇÃO PARA IMPLEMENTAÇÃO DE ESCRITÓRIO DE PROJETOS NAS ORGANIZAÇÕES: MOTIVAÇÃO E ANÁLISE DAS PARTES INTERESSADAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-graduação Lato Sensu da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Gestão de Projetos. São Paulo 2016 3 De todo o meu coração, este trabalho é inteiramente dedicado aos meus pais, por acreditarem e investirem em mim. Mamãe, seu cuidado e dedicação foram cruciais para seguir em frente e Papai, sua presença sempre foi minha rocha e a certeza de que não estou sozinha nessa caminhada. 4 AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades. Aos meus pais, pelo amor, incentivo e apoio incondicional. Ao meu marido, pela paciência e compreensão. À esta Universidade e seu corpo docente que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior. Aos meus colegas de sala, pela a companhia nesses dois anos de estudos. Aos meus colegas de trabalho, pelas palavras de incentivo e apoio. E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, minha eterna gratidão. 5 “Cada sonho que você deixa para trás, é um pedaço do seu futuro que deixa de existir.” (Steve Jobs). 6 RESUMO Em um mundo de negócios complexo e desafiador, nenhum gerente de projetos tem controle absoluto sobre todos os aspectos que influenciam o sucesso ou a falha de um projeto. À medida que o gerenciamento “por projetos” foi se tornando popular nas organizações, cresceu também o movimento para implantar o Project Management Offices (PMOs) visando apoiar o gerenciamento de projetos, programas e portfólio. Assim, esta monografia está estruturada no sentido de apresentar os fatores históricos que desencadearam a necessidade das oficinas de projetos nas organizações, apresentar os conceitos de gerenciamento de projetos e seu alinhamento com o plano estratégico que se faz primordial; qual o perfil do profissional de projetos esperado no mercado de trabalho; quais as metodologias em gerenciamento de projetos disponíveis no mercado e a importância de se conhecer o grau de maturidade em gestão de projetos. Este trabalho ainda define as oficinas de projetos, seus benefícios e importância nas organizações, motivação para implementação bem como a estratégia para implementação com foco em análise das partes interessadas, a qual é fator decisivo para sucesso e/ou fracasso da concretização de um escritório. Palavras-chave: Implementação. PMO. stakeholders. 7 ABSTRACT In a complex and challenging business world, no project manager has complete control over all aspects that influence the success or failure of a project. As the management "by projects" was becoming popular in organizations, so the movement to deploy Project Management Offices (PMOs) to support project management, program and portfolio has increased. Thus, this monograph is structured in order to present the historical factors that lead to the need of project offices in organizations, to present the project management concepts and their alignment with the strategic plan that is primordial; what profile is expected from the project professional in the labor market; which methodologies of project management are available in the market and the importance of knowing the maturity degree in project management. This study also defines project offices, its benefits and importance in organizations, motivation for implementation and the strategy for implementation with focus on analysis of stakeholders, which is a decisive factor for success and/or failure of an office implementation. Keywords: Implementation. PMO. stakeholders. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 Os grupos de processos interagem em uma fase ou em um projeto .......... 25 Fluxograma 1 47 Processos de Gerenciamento de Projetos ............................................ 26 Gráfico 2 Modelo de liderança situacional ............................................................... 37 Gráfico 3 Distribuição percentual dos níveis de maturidade de empresas brasileiras nos anos de 2012 e 2014 .................................................................................................. 41 Gráfico 4 Principais funções do PMO e as as porcentagens das organizações que citaram o item. ................................................................................................................ 66 9 LISTA DE ESQUEMAS Esquema 1 Marcos importantes da Gerência de Projetos............................................ 17 Esquema 2 Conceito de Projetos, Programa e Portfólio ............................................. .23 Esquema 3 Conceito de competência segundo Parry (1996) e Éboli (2004) .............. 32 Esquema 4 Fatores associados ao fracasso na implementação de um PMO .............. 68 Esquema 5 Escopo para implementação de um PMO ................................................ 71 10 LISTA DE QUADROS Quadro 1-A Fatores externos às condições estratégicas ............................................... 30 Quadro 1-B Fatores internos às condições estratégicas................................................ 31 Quadro 2 Competências de apoio ............................................................................. 35 Quadro 3 Habilidade da equipe gestora .................................................................... 36 Quadro 4 Interpretação dos pontos do modelo de liderança situacional .................. 38 Quadro 5 Histórico do escritório de projetos............................................................ 47 Quadro 6 Tipologia dos Escritórios de Projetos ....................................................... 49 Quadro 7 Relações do tipo de PMO, suas funções e os principais stakeholders internos ............................................................................................................................ 80 Quadro 8 Impactos dos stakeholders no projeto de implementação de um PMO ... 81 Quadro 9 Métodos para análise de stakeholders ..................................................... 82 11 LISTA DE ORGANOGRAMAS Organograma 1 O CEx na organização ........................................................................... 50 Organograma 2 O EAp na organização ........................................................................... 51 Organograma 3 O EPj na organização ............................................................................ 52 Organograma 4 O EAg na organização ........................................................................... 53 Organograma 5 O EEp na organização ........................................................................... 54 12 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ABGP Associação Brasileira de Gerenciamento de Projetos EAO Estrutura Analíticada Organização EAP Estrutura Analítica do Projeto EAp Escritório de Apoio EEp Escritório executivo EPg Escritório de Programas EPj Escritório de Projetos CEx Centro de Exceleência CPM Critical Path Method CPO Chief Project Officer CP3Os Líder de projeto, programa e portfólio oficiais GP Gestão de Projetos IPMA International Project Management Association KPMMM Kerzner Project Management Maturity Model MMGP Modelo de Maturidade em Gerenciamento de Projetos PERT Program Evolution and Review Technique PMBOK A Guide to the Project Management Body of Knowledge PMCD Project Manager Competency Development PMI Project Management Institute PMI-OPM3 Organizational Project Management Maturity Model PRINCE2 PRojects IN Controlled Environments PMMM Project Management Maturity Model PMIS Project Management Information System PMO Project Management Office (Escritório de Projetos ou Oficina de Projetos) PMP Project Management Professional SLA Service Level Agreement http://www.abgp.org.br/ http://www.ipma.ch/ 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14 1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................... 15 1.1.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 15 1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................. 15 1.2 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 15 1.3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 16 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................. 16 2 GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................................................. 16 2.1 BREVE HISTÓRICO ................................................................................................ 17 2.2 CONCEITOS ............................................................................................................. 21 2.2.1 Projetos, Programas e Portfólio ............................................................................. 21 2.2.2 Gerenciamento de Projetos ..................................................................................... 25 2.2.3 Projetos e Planejamento Estratégico ..................................................................... 30 2.3 PROFISSIONAL DO ESCRITÓRIO DE PROJETOS ............................................. 32 2.4 MATURIDADE EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................... 40 2.5 METODOLOGIA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS................................. 42 3 ESCRITÓRIO DE PROJETOS ............................................................................. 44 3.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO .................................................................................... 44 3.2 IMPORTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES .............................................................. 57 3.2.1 Benefícios .................................................................................................................. 57 3.2.2 Funções ..................................................................................................................... 63 3.2.3 Motivações para implementação ............................................................................ 66 3.2.4 Sucesso e Fracasso na implementação ................................................................... 67 4 IMPLEMENTAÇÃO DE UM ESCRITÓRIO DE PROJETOS ......................... 68 4.1 ESTRATÉGIA .......................................................................................................... 68 4.2 ANÁLISE DE STAKEHOLDERS ........................................................................... 74 5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 82 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 85 14 1 INTRODUÇÃO O Gerenciamento de Projetos tem sido acompanhado conforme a evolução da humanidade ao longo da história. A iniciativa de se ter um trabalho que envolve um conjunto específico de requisitos e limitações de recursos e tempo oriunda de épocas remotas e começou a receber atenção especial e maior formação apenas no último século, com a busca pela otimização de processos, que acompanha as empresas em seus objetivos por sustentabilidade e crescimento, conforme os parâmetros de sobrevivência inerentes ao sistema capitalista. (BARCAUI et al., 2012). Ao longo dos anos, as empresas notaram que uma gerência de projetos efetiva requer claro entendimento de onde a organização está posicionada em termos de sua maturidade e quais os passos que devem seguir para ir adiante. Esta consideração em relação à maturidade se faz necessária e relevante, uma vez que a forma como os projetos são conduzidos na organização está diretamente ligada à performance da empresa como um todo. Quanto mais dependente for de seus projetos, mais esta afirmação se verifica na prática. Uma das formas mais utilizadas para aumentar a maturidade em gerência de projetos nos tempos atuais tem sido a formalização da implantação de escritórios de projetos nas organizações. Sua importância tem sido crescente, e, em função dos benefícios produzidos, cada vez mais empresas optam pela montagem de seus escritórios para suportar e gerenciar seus esforços em gerência de projeto. (PRADO, 2010). De acordo com Belmiro (2012), a implementação de um PMO e a operação efetiva desta nova estrutura serão consequência do desenvolvimento de estratégias claramente declaradas e comunicadas, para, assim, nortear passos posteriores como planejamento do projeto de implementação, gestão efetiva de mudanças, por exemplo. Somado a isso, o apoio da alta administração foi apontado, por Sotille (2012), como fator crítico de sucesso para implementação do PMO. Esta monografia diz respeito à implementação de um Escritório de Projetos nas organizações, de forma a evidenciar os obstáculos enfrentados pelo líder do escritório de projetos quanto à integração e gestão dos stakeholders envolvidos no projeto. 15 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral Orientar, de acordo com a literatura, na implementação de Escritório de Projeto, entender o que motiva tal concretização e indicar quais análises das partes interessadas deve-se concluir para garantir o alinhamento com o objetivo do projeto. 1.1.2 Objetivos específicos Expor o histórico e definições em gerenciamento de projetos, relatar a importância do planejamento estratégico e do grau da maturidade do escritório de projetos. Apresentar o perfil requerido do profissional da área, a importância das oficinas nas organizações e os tipos de metodologia em gerenciamento de projetos presentes no mercado. Demonstrar os benefícios, funções e as motivações de implementação de um escritório de projetos, bem como sucesso e fracasso em sua concretização. Por fim, proporcionar uma estrutura analítica e quais técnicas de análise de partes interessadas são recomendadas para a efetivação dessa nova estrutura organizacional. 1.2 JUSTIFICATIVA De acordo com a perspectiva de Menezes (2009), a implementação de um PMO é útil e facilita a gestão dos projetos nas corporações. Existem, entretanto,inúmeras resistências a sua concretização e que empregam barreiras variadas para não desenvolver esse tipo de solução organizacional. Prado (2000) relata que o aumento de quadros, a burocracia, gastos adicionais e vaidades pessoais são alguns elementos considerados como empecilhos à sua implementação. Um PMO proporciona inúmeras vantagens à organização, executivos, gerentes de projetos, aos clientes e benefícios ao longo do ciclo de vida dos projetos (MENEZES, 2009). Este trabalho proporciona uma melhor visibilidade dos benefícios do PMO, pois o desgaste da organização na gestão de 16 projetos acaba reduzindo-se. A cada projeto a quantidade de surpresas e imprevistos diminui e cria-se um processo natural de aculturamento em gestão de projetos e crescimento estruturado. 1.3 METODOLOGIA Este trabalho foi desenvolvido por meio de pesquisas teóricas o qual consistiu na revisão da literatura referente à gestão de projetos e implementação de oficinas de projetos nas organizações. 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho está estruturado em 5 seções. A seção 1 contempla-se pela introdução, a qual é composta pelos itens: texto de conceitualização e caracterização do tema, objetivos, justificativas e metodologia do trabalho. A seção 2 retrata histórico, conceitos em gerenciamento de projetos, maturidade dos escritórios de projetos, metodologia em gestão de projetos e o perfil requerido do gerente de projetos. A seção 3 proporciona a contextualização da importância do escritório de projetos nas organizações, seus benefícios e o alinhamento com a estratégia da empresa. Ainda na seção 3, é apresentada as motivações para implementação de um escritório de projetos e os possíveis sucessos e/ou fracassos. Na seção 4, há orientações de como implementar um PMO e análise das partes interessadas como: processos de identificação, alinhamento de expectativas e relação dos stakeholders com os diferentes tipos de Escritório de Projetos. Por fim, na seção 5, as conclusões referentes ao trabalho são compartilhadas. 2 GERENCIAMENTO DE PROJETOS Este tópico contempla um breve histórico em gerenciamento de projetos, conceitos em projetos, programas e portfólios, a importância do planejamento estratégico e do conhecimento da maturidade de gestão de projetos nas organizações, 17 quais são as metodologias em gerenciamento de projetos disponíveis no mercado e, por fim, qual o perfil e função requerida do profissional da área. 2.1 BREVE HISTÓRICO O Gerenciamento de Projetos data desde o primórdio da civilização, ou seja, está presente durante a evolução da humanidade ao longo da história. Alguns autores relatam trabalhos envolvendo um conjunto específico de requisitos e limitações de recursos e tempo que retomam épocas até mesmo anteriores às pirâmides do Egito. Apesar de muito antiga a aplicação, a disciplina de Gestão de Projetos, conhecida atualmente, começou a ser significativamente notória apenas no último século, com busca pela otimização de processos, linguagem esta, comum em empresas que buscam por sustentabilidade e crescimento, de acordo com os parâmetros inerentes ao sistema capitalista. (BARCAUI et. al, 2012). A seguir, seguem os marcos importantes dos processos suportando a evolução da Gerência de Projetos (Esquema 1). Esquema 1. Marcos importantes da Gerência de projetos. Fonte: Adaptado de Codas (1987) e Kerzner (2003), p 53. D é c a d a d e 4 0 e 5 0 1939-1945: > Pesquisa Operacional > Análise de Sistemas > Engenharia de Sistemas 1957-1958: > Métodos de planejamento: Análise de Redes (CPM e PERT) D é c a d a d e 6 0 e 7 0 1960: > Gerenciamento de Projetos: Uma Ciência 1969: > Fundado o PMI 1970: > Gerenciamento da Construção Civil > Desenvolvimento de Softwares específicos 1974: > Fundado Prince2. D é c a d a d e 8 0 e 9 0 1980: > Combinação da EAP (Estrutura Analítica dos Projetos) e EAO (Estrutura Analítica das Organizações) > Surgimento de Microcomputadores em ambiente de Projetos 1985: > Movimento da Qualidade 1986: > Scrum nomeado como estilo de gestão de projetos 1990-1994: > Primeira edição Guia PMBOK 1995-1996: > Controle de Mudança de Escopo e Gerência de Riscos 1997-1999: > Escritório de Projetos (PMO) A n o s 2 0 0 0 2000: > Times multifuncionais 2001: > Software de modelo de gestão de projetos e Modelos de maturidade 2002: > Planejamento Estratégico para Gerência de Projetos 2003-2004: > Relatórios de Status na internet e modelos de planejamento de capacidade 2005-2010: > Redes sociais e PMO Virtual. 18 Acompanhando a linha do tempo, representada pelo Esquema 1, há alguns pontos importantes a mencionar: Anos de 1939 – 1945: A complexidade das operações militares oriundas da II Guerra Mundial exigiu o desenvolvimento de métodos de planejamento mais efetivos, posto que as operações militares, além do seu grande porte e complexidade, envolviam diversos segmentos do governo como: Marinha, Exército e Aviação de mais de um país. Diante deste cenário, surgiram as pesquisas operacionais e, por conseguinte, a Análise de Sistemas. (CODAS, 1987) A princípio, a Análise de Sistemas era uma ciência operacional, ou seja, tratava de pesquisas operacionais. Com sua evolução, houve a caracterização de uma nova disciplina: A Engenharia de Sistemas com foco no desenvolvimento de programa de computadores. (CODAS, 1987; BARCAUI, 2012) Anos de 1957 – 1958: Com necessidade de obter planejamentos cada vez mais precisos, surgem os métodos de planejamentos como: CPM (Critical Path Method) em 1957 pela empresa Dupont e o PERT (Program Evolution and Review Technique) em 1958 pelo Escritório de Projetos Especiais da Marinha dos EUA. O COM teve como objetivo a implantação de projetos industriais e o PERT (Program Evaluation and Review Technique) projetos militares com foco à corrida espacial. Da união de ambas as técnicas, resultou a Técnica de PERT-COM. (CODAS, 1987) Barcauí (2012, p. 4) expõe o Departamento de Defesa Americado (DoD) como o grande catalisador para o fenômeno Gerenciamento de Projetos que: [...] alavancou técnicas como as do engenheiro mecânico Henry Gantt, que na segunda metade do século XX criou uma ferramenta de visualização de rede e medição de progresso de cronogramas, Ou através de iniciativas como o programa Polaris (1957-58), que deu origem ao PERT, à sala de acompanhamento de projetos (“war room”) e a tantos outros termos hoje de uso cotidiano nas empresas. Apesar das óbvias consequências trágicas advinhas de uma guerra, paradoxalmente, ela também traz embutida a vantagem da busca por novas formas de atingimento de resultados. São observados grandes saltos tecnológicos, e várias teorias acabam sendo postas em prática objetivando ganho de eficiência [...] Em 1962 surge a primeira definição de projeto que a princípio tinha como definição: “Sistema Interligado de atividades com objetivo, prazo e custo predeterminados”. Juntamente ao conceito de projeto, disseminou-se o uso de diagramas de precedências e a análise de escopo do projeto com a criação da Estrutura Analítica do 19 Projeto (EAP). Assim, este conceito foi inicialmente aplicado à análise de sistemas de computação e a implantação de empreendimentos físicos. (CODAS, 1987). Em 1969, foi fundado o PMI por cinco voluntários. No término da década de 70, quase 2000 membros formavam parte da organização. Na década de 80 se realizou a primeira avaliação para a certificação como profissional em gestão de projetos (PMP – sigla em inglês). Em adicional a isto, se implantou um código de ética para a profissão. (PMI, 2008). Ainda na década de 70, vale ressaltar que as situações de choques de petróleo, inflação, escassez de recursos, a multinacionalização e o aumento do porte e sofisticação dos projetos, fez com quea necessidade de softwares específicos para planejamento e controle se fizessem essenciais. Estes mesmos softwares, apresentavam limitações, principalmente pelo fato de serem processados em centros de processamento de dados externo aos projetos, com acesso complexo e atualização lenta das informações. (CODAS, 1987). Paralelamente com o desenvolvimento do gerenciamento na América do Norte, alguns profissionais europeus iniciaram conversações para a criação de um fórum de debates sobre a implantação de projetos com qualidade, no prazo e dentro do orçamento, assim, merece destaque o surgimento da metodologia britânica PRINCE2, a princípio desenvolvido para utilização no Reino Unido, o que mostrou o crescimento acelerado do conceito em gerenciamento de projetos nesta década e a necessidade em se ter uma metodologia para seguir em busca da maior probabilidade de sucesso nos projetos. (BARCAUI et al., 2012). Segundo Codas (1987), durante esses 20 anos, houve um “boom” acelerado quanto ao que tange a Gerenciamento de Projetos. Na década de 80, a necessidade de identificação e determinação de responsabilidades em meio a um ambiente de múltiplas subdivisões de atividades e de núcleos participantes culminou à combinação a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) com a Estrutura Analítica da Organização (EAO) o que permitiu uma melhor visualização e organização dos pacotes de trabalho dos projetos. Ainda na década de 80, surgiram os microcomputadores o que permitiu um acesso imediato do gerente à informação e a possibilidade de rápida alteração de informações (quando necessária a mudança em seus projetos). Em 1985, surge o movimento da qualidade total e Barcauí (2012) relata que as ideias relativas à qualidade vêm evoluindo desde Deming, Crosby e Juran, no entanto, na década de 80, a tendência é ter a qualidade como uma espécie de commodity, em um 20 mundo onde cada vez mais a experiência proporcionada por produtos e serviços torna-se a verdadeira chave para a satisfação. Dismore (2003, p.74) relata sua visão sobre a habilidade de gestão de projetos como uma vantagem competitiva: [...] ao longo do tempo, e provavelmente depois de um retumbante número de fracassos, tornou-se evidente que a gestão de projetos era uma habilidade importante, que deveria ser desenvolvida para evitar falhas futuras. Olhando mais para o futuro, algumas organizações começaram a ver a habilidade de gerenciamento de projetos como uma verdadeira vantagem competitiva [...] No começo dos anos 90 foi publicada a primeira edição do Guia do PMBOK (Project Management Body of Knowledge), o qual se converteu no pilar básico para a gestão e direção de projetos. Em 1995 e 1996 o PMI incluiu no Guia conceitos e metodologia de controle de Mudança e Escopo, bem como Gerenciamento de Riscos. Durante 3 anos (1997-1999), desenvolveu-se o conceito de Escritório de Projetos (PMO, sigla em inglês) – Este conceito está mencionado a frente nessa monografia. (KERZNER, 2003). No ano 2000, o PMI era integrado por mais de 40.000 pessoas na qualidade de membros ativos, 10.000 PMP certificados e quase 300.000 cópias vendidas do PMBOK. Até então, o conceito de Gerenciamento de Projetos veio crescendo com o desenvolvimento de softwares de modelo de gestão de projetos e modelos de maturidade, definição e metodologia para o planejamento estratégico em Gestão de Projetos, desenvolvimento de relatórios de Status e outros templates com a disponibilização via internet (redes sociais e PMO Virtual). Nota-se, portanto, que o conceito de Gerenciamento de Projetos é atual, ou seja, a partir da década de 80 que houve um considerável avanço nesta ciência. Atualmente o Gerenciamento de Projetos vem se fortalecendo e as organizações entendem que precisam gerenciar seus projetos para atingirem seus objetivos e, consequentemente, o sucesso. O PMI estima que aproximadamente 25% do PIB mundial são decorrentes de gastos em projetos e que cerca de 16,5 milhões de profissionais estão envolvidos diretamente com gerência de projetos no mundo. (BARCAUI; QUELHAS, 2004). Segundo PMBOK® (2013, p.12), gerenciar projetos é aplicar conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos. O Guia menciona que 21 [...] o gerenciamento de projetos inclui: identificar os requisitos; adaptação às diferentes necessidades, preocupações e expectativas das partes interessadas à medida que o projeto é planejado e realizado; balancear as restrições conflitantes do projeto que incluem, mas não se limitam a: escopo, qualidade, cronograma, orçamento, recursos e riscos. Kezner (2001) afirma que dentre as vantagens de gerenciamento de projetos temos: Aumento da chance de sucesso dos projetos; Antecipação dos riscos que podem surgir durante o projeto; Otimização de alocação de recursos; Ainda evita surpresas durante a execução das atividades, facilita e orienta as revisões do projeto e documenta e facilita estimativas para novos projetos agilizando a tomada de decisões. O autor mesmo autor assegura que no que diz respeito ao gerenciamento de projetos, as organizações amadurecem suas metodologias de trabalho. E garante que o desenvolvimento de sistemas e processos que são, por natureza, repetitivos e proporcionam uma alta probabilidade de que cada uma deles seja um sucesso. Por fim, conclui que esses sistemas e processos repetitivos não garantem o sucesso, mas apenas aumentam a probabilidade de sua ocorrência. 2.2 CONCEITOS Neste item, serão apresentados conceitos básicos - estes, cruciais para o entendimento concreto do tema desta monografia - de Projetos, Gerenciamento de Projetos, bem como um resumo do relacionamento entre projeto, programa e portfólio segundo o PMBOK® e outras literaturas. 2.2.1 Projetos, Programas e Portfólio Segundo Nokes e Kelly (2012), definir projeto é importante, pois um dos principais motivos dos projetos fracassarem é não serem identificados como projetos, o que acarreta o não-gerenciamento como se deve. Entender o que é um projeto, quais são suas características pode ajudar a reduzir desperdícios em uma organização. Segundo o PMBOK® (2013, p.3) projeto é um [...] esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos projetos indica que eles têm um início e um término definidos. A cerca do termo esforço o PMBOK® (2013, p.3) afirma que 22 [...] um esforço de trabalho contínuo é geralmente um processo repetitivo que segue os procedimentos existentes de uma organização. Por outro lado, em virtude da natureza exclusiva dos projetos, pode haver incertezas ou diferenças quanto aos produtos, serviços ou resultados criados pelo projeto. A respeito do termo produto, serviço ou resultado único o PMBOK® (2013, p.3) diz que: Cada projeto cria um produto, serviço ou resultado único. O resultado do projeto pode ser tangível ou intangível. Embora elementos repetitivos possam estar presentes em algumas entregas e atividades do projeto, esta repetição não muda as características fundamentais e exclusivas do trabalho do projeto [...] De acordo com Escobar (2009), projetos são empreendimentos que envolvem criação de valor dentro das organizações, novas tecnologias ou produtos e, portanto, fogem da rotina e do operacional. Para Viana (2014, p.3) projeto é [...] um empreendimento não repetitivo, caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, como início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros pré-definidos de tempo, custos, recursos envolvidos e qualidade. Segundo Prince2 (2012) um projeto é “um ambiente gerencial criado com o propósito de entregar um ou mais produtos de negócios, de acordo com um caso de negócios especificado”,enquanto que para ISSO 8402 um projeto é um “conjunto de atividades coordenadas, com começo e fim específicas, em busca de uma meta específica, com limitações de tempo, custos e recursos”. Segundo este Guia PMBOK® (2013, p.3), um projeto pode criar [...] um produto que pode ser um componente de outro item, um aprimoramento de outro item, ou um item final; Um serviço ou a capacidade de realizar um serviço[...]; Uma melhoria nas linhas de produtos e serviços [...]; Ou um resultado, como um produto ou documento [...] Ainda, o PMBOK® (2013) exemplifica projetos como: mudanças na estrutura, processos, pessoal ou estilo de uma organização; desenvolvimento ou aquisição de um sistema de informações novo ou modificado (hardware ou software); realização de um esforço de pesquisa cujo resultado será apropriamente registrado; construção de um prédio, planta industrial ou infraestrutura ou, ainda a implementação, melhoria ou aprimoramento dos processos e procedimentos dos negócios existentes. 23 O mesmo Guia ainda resume o conceito de Projetos, Programa e Portfólio (Esquema 2). Esquema 2. Conceito de Projetos, Programa e Portfólio. Fonte: PMBOK® (2013, p.5) Como pode-se notar no Esquema 2, portfólio, é conceito que abrange o nível estratégico. Em seu gerenciamento, seleciona-se programas ou projetos certos, priorizado o trabalho e proporcionando os recursos necessários. Enquanto que Gerenciamento de Programas harmoniza os componentes dos projetos controlando as interdependências com o intuito de obter resultados específicos, ou seja, Programas é um conjunto de Projetos que possui objetivos em comum. (PMBOK® ,2013). A seguir serão expostas as visões gerais comparativas do gerenciamento de projetos, programas e portfólios de acordo com o PMBOK® (2013) e Nokes e Kelly (2012) para escopo, mudança, planejamento, gerenciamento, sucesso e monitoramento: Em relação ao escopo em termos de projetos é elaborado progressivamente durante o ciclo de vida do projeto, enquanto que Programas possuem um escopo maior e fornecem benefícios mais significativos e Portfólios possuem um escopo organizacional 24 que muda com os objetivos estratégicos da organização. (PMBOK® ,2013; Nokes e Kelly, 2012). No que tange às mudanças, no caso de projetos, os gerentes esperam mudanças e implementam processos para mantê-las gerenciadas e controladas, enquanto que em Programas eles aguardam mudanças dentro e fora do programa em questão e estão preparados para gerenciá-las. Já no caso de portfólios, os gerentes monitoram continuamente as mudanças no ambiente interno e externo de foram mais macro ou ampla. (PMBOK® ,2013; Nokes e Kelly, 2012). Para Planejamento, no caso de projetos os gerentes responsáveis elaboram progressivamente planos detalhados no decorrer do ciclo de vida do projeto a partir de informações macro (de alto nível), já os gerentes de programas desenvolvem o plano geral do programa e criam planos de alto nível para orientar o planejamento detalhado no nível dos componentes. Para o caso de portfólios, os gerentes criam e mantêm a comunicação e processos necessários ao portfólio global. (PMBOK® ,2013; Nokes e Kelly, 2012). Em relação ao Gerenciamento, os gerentes de projetos gerenciam sua equipe do projeto para atender aos objetivos do mesmo, já os gerentes de programas gerenciam as equipes do programa e dos projetos do programa, ou seja, proporcionam a visão de liderança global. Os gerentes de portfólios podem gerenciar ou coordenar o pessoal de gerenciamento de portfólios ou o pessoal de programas e projetos que possam ter responsabilidades de entrega de relatórios para compor o portfólio agregado. (PMBOK® ,2013; Nokes e Kelly, 2012). Já o Sucesso em projetos é medido pela qualidade do produto e do projeto, pela pontualidade, pelo cumprimento do orçamento e pelo grau de satisfação do cliente. Já os gerentes de programas medem o sucesso pelo grau em que o programa atende às necessidades e pelos benefícios para os quais foi executado. Já o sucesso em portfólios é medido em termos do desempenho de investimento agregado e realização dos benefícios do portfólio. (PMBOK® ,2013; Nokes e Kelly, 2012). Por fim, para o monitoramento, os gerentes de projetos monitoram e controlam o trabalho de elaboração dos produtos, serviços ou resultados para os quais o projetos foi realizado. Enquanto que os gerentes de programas monitoram o progresso dos componentes do programa para garantir que os objetivos, cronogramas, orçamento e benefícios globais do mesmo sejam atendidos. Os gerentes de portfólio monitoram as 25 mudanças estratégicas e alocação de recursos totais, resultados de desempenho e riscos do portfólio. (PMBOK® ,2013; Nokes e Kelly, 2012). 2.2.2 Gerenciamento de Projetos Gerenciamento de Projetos é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto para atender aos seus requisitos. [...] é realizado através da aplicação e integração apropriada dos 47 processos [...], logicamente agrupadas em cinco grupos de processos [...]: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento. (PMBOK®, 2013, p.6) Ainda o PMBOK® explica os grupos de processos como atividades sobrepostas com entras e saídas: Os processos [...] são apresentados como elementos distintos com interfaces bem definidas. Entretanto, na prática eles se sobrepõem e interagem [...].A aplicação dos processos de gerenciamento de projetos é iterativa e muitos deles são repetidos durante o projeto.[...]Os grupos de processos de gerenciamento de projetos estão vinculados pelas saídas que produzem. [...] são raramente eventos distintos ou que ocorrem uma única vez; são atividades sobrepostas que ocorrem ao longo de todo o projeto. A saída de um processo em geral torna-se uma entrada em outro processo ou é uma entrega do projeto, subprojeto, ou fase do projeto. (PMBOK®, 2013, p.51) O Gráfico 1, a seguir, ilustra como os grupos de processos interagem e mostra o nível de sobreposição em diversas ocasiões. Assim, se o projeto estiver dividido em fases, os grupos de processos interagem dentro de cada fase. Gráfico 1. Os grupos de processos interagem em uma fase ou em um projeto. Fonte: PMBOK® (2013, p. 51) 26 Para o gerenciamento de projetos, o Guia PMBOK® (2013) propõe nove áreas de conhecimento: escopo, tempo, custo, qualidade, recursos humanos, comunicações, risco, aquisições e integração, responsável pela consistência entre as áreas (Fluxograma 1). 27 Fluxograma 1. 47 Processos de Gerenciamento de Projetos. Fonte: Vargas (2013, p.18). 28 Carvalho (2015) expõe que todos os projetos possuem atividades e operações coordenadas e controladas, com datas de início e término, realizadas para alcançar um único objetivo, definido conforme requisitos especificados pelo cliente, com limitações e restrições de tempo, custos e recursos. Também ressalta que além dessas características, o projeto deve ter um nível adequado de detalhamento que permita responder às pressões em projetos. Desta forma, considerando esses requisitos e pra que o projeto tenha sucesso, alguns itens segundo este mesmo autor, devem ser acompanhados e gerenciados como: Atividades e operações coordenadas e controladas; Data de Início e Término do projeto; Requisitos especiais dos clientes; Prazos, Custos e Recursos Específicos e Pressões de Macro e Microambientes (Pressões de Macroambiente: Econômicas, Socioculturais, Político-legais, Demográficas, Ambientais e tecnológicas e pressões de Microambiente: Cliente, Fornecedores, Concorrentes, Ameaça de novos competidores e/ou produtos substitutos) (CARVALHO, 2015). O mesmo destaca as seguintes motivações para a utilização de gestão de projetos:Evitar surpresas durante a execução dos trabalhos [...]; Agilizar as decisões a partir de informações estruturadas e disponíveis [...]; Facilitar e orientar as revisões do projeto a partir do entendimento detalhado de atividades e operações necessárias; Otimizar a alocação de pessoas, entendendo as competências necessárias para cada etapa do projeto [...]; e Documentar e facilitar estimativas para a tomada de decisões em projetos futuros, que poderá ser baseada em experiências acumuladas de projetos já executados. (Carvalho, 2015, p.56) Vargas (2014) diz que “O sucesso de uma organização depende da compreensão do que é um alto desempenho do projeto concluídos no prazo, no orçamento e que atingem os objetivos originais”. Segundo uma pesquisa realizada pelo Project Mangement Institute (PMI) mostra que organizações com alto desempenho em projetos têm o dobro de iniciativas estratégicas realizadas com sucesso (76%), quando comparadas a organizações de baixo desempenho (38%). Além disso, organizações com alto desempenho perdem doze vezes menos dinheiro (US$ 20 milhões versus US$ 230 milhões para cada US$ 1 bilhão gasto em projeto). Para Vargas (2014), dentre os principais benefícios da utilização do gerenciamento de projetos, podem-se destacar os seguintes: Evita surpresas durante a execução dos trabalhos; Permite desenvolver diferenciais competitivos e novas técnicas [...];Antecipa as situações desfavoráveis que poderão ser encontradas, [...]; Adapta os trabalhos ao mercado consumidor e ao cliente; Disponibiliza os orçamentos 29 antes do início dos gastos; Agiliza as decisões, [...]; Aumenta o controle gerencial de todas as fases implementadas devido ao detalhamento ter sido realizado; Facilita e orienta as revisões da estrutura do projeto que forem decorrentes de modificações no mercado ou no ambiente competitivo, melhorando a capacidade de adaptação do projeto; Otimiza a alocação de pessoas, equipamentos e materiais necessários; Documenta e facilita as estimativas para futuros projetos. (VARGAS, 2014, p.6) Carvalho (2015) comenta que muitas falhas são decorrentes de obstáculos naturais ou externos que estão completamente fora do controle da organização e que, somente podem ser minimizados ou evitados através de um gerenciamento de riscos eficiente. De acordo com Vargas (2014) as falhas gerenciais mais comuns em projetos são: 1. As metas e os objetivos são mal estabelecidos, ou não são compreendidos pelos escalões inferiores; 2. O projeto inclui muitas atividades e muito pouco tempo para realizá-las; 3. O projeto é baseado em dados insuficientes, ou inadequados; 4. O projeto foi estimado com base na experiência empírica, ou feeling dos envolvidos, deixando em segundo plano os dados históricos de projetos similares; 5. O treinamento e capacitação foram inadequados; 6. Faltou liderança do gerente de projetos; 7. Cliente/Projeto tinham expectativas distintas e, muitas vezes, opostas; 8. Não de conheciam os pontos-chave do projeto; 9. Ninguém verificou se as pessoas envolvidas nas atividades tinham conhecimento necessário para executá-las; 10. As pessoas não estavam trabalhando nos mesmos padrões, ou os padrões de trabalho não foram estabelecidos. (VARGAS, 2014) Com base nos conceitos apresentados, bem como os benefícios e motivos pelos quais os projetos falham, podemos notar que o gerenciamento de projetos permite ao projeto realizar mais trabalho em menos tempo com menos pessoas, o mesmo permite maior controle sobre as mudanças de escopo, torna a organização mais eficiente e melhora efetivamente a relação entre os setores através do trabalho em equipe, reduz conflitos por poder, além de possibilitar a solução de problemas, aprimorando os negócios da empresa e, inclusive, aumenta as chances da lucratividade da empresa 30 aumentar devido – principalmente – ao controle dos processos das etapas do projeto (NOKES; SEAN, 2012). 2.2.3 Projetos e Planejamento Estratégico Segundo o Guia PMBOK® (2013), os projetos são frequentemente utilizados como um meio de direta ou indiretamente alcançar os objetivos do plano estratégico de uma organização. Nas organizações, os projetos são normalmente autorizados como resultado de uma ou mais das seguintes considerações estratégicas as quais estão apresentadas nos quadros a seguir. No Quadro 1-A são apresentados fatores externos às considerações estratégicas, enquanto que no Quadro 1-B são apresentados fatores internos. Quadro 1-A. Fatores Externos às condições estratégicas Fonte: PMBOK® (2013) Fatores Externos Demanda de Mercado: p.ex.: Uma companhia automobilística autoriza um projeto para a fabricação de carros energeticamente eficientes em resposta à escassez de gasolina Necessidade de natureza social p.ex.: Uma organização não governamental de um país em desenvolvimento autoriza um projeto para fornecer sistemas de água potável, latrinas e educaçãosanitária às comunidades vítimas de altos índices de doenças contagiosas Consideração ambiental p.ex.: Uma companhia de serviços públicos autoriza um projeto para criar um novo serviço de compartilhamento de carros elétricos para reduzir a poluição 31 Quadro 1-B. Fatores Internos às condições estratégicas. Fonte: PMBOK® (2013) Os projetos, sejam pertencentes a programas ou portfólios são uma maneira de alcançar metas e objetivos organizacionais, frequentemente no contexto de um plano estratégico. Embora um grupo de projetos em um programa possa ter benefícios distintos, ele também pode contribuir para os benefícios do programa, para os objetivos do portfólio, e para o plano estratégico da organização. (NOKES; KELLY, 2012). As organizações gerenciam os portfólios com base em seu plano estratégico. Um objetivo do gerenciamento de portfólios é maximizar o valor do portfólio através de um exame cuidadoso de seus componentes [...]. Desta forma, o plano estratégico de uma organização torna-se o fator principal de orientação para investimentos em projetos. Ao mesmo tempo, os projetos fornecem feedback aos programas e portfólios através de relatórios de progresso, lições aprendidas e solicitações de mudanças que podem identificar os impactos em outros projetos, programas ou portfólios. As necessidades dos projetos, incluindo as necessidades de recursos, são reunidas e comunicadas de volta ao nível do portfólio, o qual, por sua vez, determina a orientação para o planejamento organizacional. (PMBOK®, 2013, p. 10). Carvalho (2015), apresenta a relação de atividades empreendedoras com projetos. Pesquisas indicam que há uma chance maior de sucesso dos empreendedores iniciais quando é realizado um projeto, normalmente conhecido como plano de negócios, o qual permite ao empreendedor entender melhor a oportunidade de negócio, o mercado, entre outros aspectos que proporcionam estabelecer um planejamento mercadológico e de operações adequado. Fatores Internos Solicitação de cliente: p.ex.: Uma companhia de energia elétrica autoriza um projeto de construção de uma nova subestação para atender a um novo parque industrial Avanço tecnológico: p.ex.: Uma empresa de produtos eletrônicos autoriza um novo projeto para desenvolver um laptop mais veloz, mais barato e menor em decorrência dos avanços em memória computacional e tecnologia eletrônica Requisito legal : p.ex.: Um fabricante de produtos químicos autoriza um projeto para estabelecer diretrizes para o manuseio correto de um novo material tóxico Oportunidade/necessidade estratégica de negócios: Uma empresa de treinamento autoriza um projeto para criar um novo curso para aumentar sua receita 32 Osterwalter e Pigneur (2011) ilustram, no Business Model Generation, um exemplo do Skype a partir da estratégia, em 2008 de oferecer serviços de ligações por voz, operando como uma empresa de software. Nestaépoca, a empresa oferecia gratuitamente o software que permitia os clientes executarem ligações gratuitas entre o próprio sistema Skype. Havia um custo para as outras operadoras que o cliente adquiria por meio de pacotes pré-pagos. O plano de negócios, neste caso, foi um projeto apresentado por meio da ferramenta Canvas, a qual permite boa flexibilidade de mudanças na visualização de estratégias, sendo importante no alinhamento das estratégias do empreendimento. Além de ter a possibilidade de ser produzido em menor tempo, comparado ao modelo de plano de negócios tradicional. Carvalho (2015) relata que quando trata-se de Projetos e Planejamento Estratégico, importante ressaltar que os projetos vêm de encontro ao atingimento de objetivos e/ou metas estratégicas de uma companhia, objetivos pessoais, sociais, entre outros. Uma vez alinhado com a estratégia em questão e utilizando uma metodologia adequada, a probabilidade de sucesso do projeto e o atingimento do alvo-objetivo são, certamente, muito maiores. 2.3 PROFISSIONAL DO PMO Para compreender o papel do profissional do Escritório de Projetos é fundamental entender o conceito de conhecimento, habilidade, atitude e competência. Segundo Parry (1996) e Éboli (2004), competência é a aplicação do conhecimento (compreensão de conceitos e técnicas): Saber, Habilidades (Aptidão e capacidade de realizar): Poder e Atitude (Postura e modo de agir): Querer. (Esquema 3). Esquema 3. Conceito de competência segundo Parry (1996) e Éboli (2004) Fonte: Éboli (2004, p.53). 33 Carvalho (2015) entende que “a competência é mensurada e avaliada pelo resultado que é entregue. Nesse caso,[...] ser competente em projetos está relacionado à entrega dos resultados de acordo com o que foi especificado e exigido pelo cliente” (CARVALHO, 2015, p. 141). Segundo o Guia PMBOK® (2013) “O Gerente de projetos é a pessoa designada pela organização executora para atingir os objetivos do projeto” (PMI, 2013, p.16) e adiciona que o Gerente de projetos: concentra-se nos objetivos especificados do projeto; controla os recursos atribuídos ao projeto para atender da melhor forma possível aos objetivos do projeto e gerencia as restrições (escopo, cronograma, custo e qualidade). O Guia conclui que, para um gerenciamento eficaz faz-se necessário: Conhecimento em gerenciamento, Desempenho na aplicação desse conhecimento e Competências Pessoais que tratam do comportamento na execução do projeto. Faria (2009) conceitua que o PMI publicou o PMCD (Project Manager Competency Development) Framework e compreende que Gerentes de Projetos competentes aplicam consistentemente seus conhecimentos em gerenciamento de projetos e comportamentos pessoais para aumentar a probabilidade de entregar projetos que atendam aos requisitos dos ‘stakeholders’. Gerentes de projetos trazem juntos conhecimentos, habilidades, características pessoais e atitudes focadas na entrega de um projeto. Em adição a isto, o PMCD lista as seguintes competências pessoais para o Gerente de projetos: Comunicação, Liderança, Gerenciamento, Habilidade Cognitiva, Efetividade e Profissionalismo. Por fim, Faria (2009) conclui que embora as definição tanto do PMCD quanto do PMBOK® apresentarem-se de maneiras pouco distintas, nota-se que o aspecto “pessoal” possui relevância fundamental no perfil do Gerente de Projetos, assim como performance (efetividade e desempenho). Kerzner (2001) alude dez habilidades necessárias ao Gerente de Projetos. Assim como as anteriores, as habilidades pessoais têm posição de destaque nas competências de gerenciamento: Construção de Equipes; Liderança; Resolução de conflitos; Competência Técnica; Planejamento; Organização; Empreendedorismo; Administração; Suporte Gerencial e Alocação de Recursos. Faria (2009) entendeu que o referencial brasileiro de competências em gerenciamento de projetos, da ABGP (Associação Brasileira de Gerenciamento de Projetos), associada do IPMA (International Project Management Association); Além de competências relacionadas a procedimentos e métodos, gerenciamento geral e http://www.abgp.org.br/ http://www.ipma.ch/ 34 competências organizacionais, se faz necessário também um conjunto de atitudes pessoais que compreendem: Comunicação; Initiativa; Auto-controle; Integridade; Resolução de conflitos; Pensamento holístico; Lealdade, solidariedade e Liderança. Carvalho (2015) afirma que “Competência técnica é aquela que o indivíduo adquire em sua formação profissional [...]. Competência de apoio não é comum a uma classe profissional, mas específica do indivíduo, que também pode ser valorizada no mercado profissional” (CARVALHO, 2015, p.141). (Quadro 2). O mesmo autor, também ressalta a importância das habilidades de liderança e gestão (Quadro 3). 35 Quadro 2. Competências de Apoio. Fonte: Carvalho (2015, p.142-143) adaptado Gramigna (2007, p. 44-45). 36 Quadro 3. Habilidades da equipe gestora. Fonte: Carvalho (2015, p.149). Para Albergarias (2012) quando avaliamos os perfis ideais da liderança e da equipe de uma organização, é necessário compreender a cultura da organização e o mercado onde está inserida. O desempenho de uma organização depende fortemente da contribuição das pessoas que a compõe e da forma como as pessoas estão organizadas, são estimuladas, capacitadas e mantidas em um ambiente de trabalho com clima organizacional adequado. 37 Segundo Arnold e Plas (1994), a teoria situacional surgiu diante da necessidade de um modelo significativo na área de liderança, em que maturidade é definida como a capacidade e disposição das pessoas de assumir a responsabilidade de dirigir seu próprio comportamento. Assim, entende-se como liderança situacional o líder que se comporta de um certo modo ao tratar individualmente os membros de um grupo. No Escritório de Projetos, a liderança deve conhecer sua equipe, de forma a alinhar as expectativas de cada membro da equipe e reconhecer quais são as capacidades específicas inerentes a cada um deles. Pode-se considerar um bom líder aquele capaz de se ajustar a um grupo particular de pessoas sob condições extremamente variadas (ARNOLD; PLAS, 1994). O modelo de Hersey e Blanchard (1977), Gráfico 2, é baseado em duas variáveis: Comportamento do Líder (como se orienta para as tarefas e como é o relacionamento com sua equipe) e Executante (ou maturidade dos subordinados, consiste na capacidade de estabelecer objetivos, aceitar as responsabilidades e a aptidão para desempenhar a tarefa solicitada – este critério é avaliado pelo líder; se o subordinado tem experiência e formação para desempenhar determinada tarefa, logo o mesmo está apto). Este modelo é dividido em quatro estilos de liderança, juntamente com os quatro níveis de maturidade (Gráfico 2 e Quadro 4). Gráfico 2. Modelo de Liderança situacional. Fonte: Adaptado de Hersey e Blanchard (1997). O Gráfico 2 pode ser interpretado conforme Quadro 4. 38 Quadro 4. Interpretação dos pontos no gráfico de modelo de liderança situacional. Fonte: Adaptado de Hersey e Blanchard (1997). De acordo com as diferentes referências, nota-se forte conteúdo relacionado às habilidades e técnicas pessoais para o exercício da função de líder. A dosagem correta de cada uma dessas habilidades, em cada momento e circunstância específicos do projeto, serve como um importante fator de diferenciação do profissional em gerenciamento de projetos. (HERSEY; BLANCHARD, 1997). Para Albergarias (2012), o grande desafio do Gerente de Projetos é o de Agregar Valor para os Projetos e para a Organização. E isto pode ser alcançado, entre outros, através da busca da excelência, melhoria contínua, inovação em métodos e processos e disseminação de conhecimento. Assim, umavez compreendido os modelos de liderança e as habilidades de um líder, se faz necessário compreender o papel de um CPO e um CP3Os, conforme descrito nos parágrafos que seguem. Coimbra (2013) relata que o termo Chief Project Officer, ou CPO, é um único indivíduo a nível de Diretoria, que é responsável por fornecer governança sobre projetos internos da organização. Um CPO deve tornar-se CP3Os – líder de projeto, programa e portfólio oficiais. O mesmo precisa ser um especialista em comunicação e entender o idioma da direita e os protocolos para usar em diferentes níveis da organização, para amarrar o projeto, os processos de gerenciamento de programa e portfólio diretamente para a criação de valor. 39 Para o mesmo autor, na carteira de nível de gestão, o líder do escritório de projetos deve desempenhar o papel de “conselheiro-chave” da equipe executiva responsável pelo plano estratégico e selecionar o mix permanente de trabalho para a organização; balanceamento de alto risco, projetos de alta recompensa que podem definir o futuro da organização com projetos ‘mais seguros’ que auxiliam o crescimento do negócio. A sua capacidade e a capacidade dos sistemas de entrega de programa e projeto da organização é um fator fundamental e a restrição primária sobre esse processo. (COIMBRA, 2013). Albergarias (2012) e Coimbra (2013) entendem que gerenciamento do programa enfoca a coordenação eficiente de múltiplos projetos para criar benefícios. Cada programa está focado no fornecimento de elementos-chave da estratégia global da organização e, consequentemente, tem uma contribuição significativa para tornar-se a capacidade da organização para fornecer um valor para seus stakeholders. O líder do escritório de projetos deve garantir que os programas atendem aos objetivos de negócios. O patrocinador do programa e outros gestores podem ter a responsabilidade para a tomada de iniciativa, já o líder do escritório centra-se em habilidades e apoio. Coimbra (2013) compreende que gerenciamento de projeto é focado na criação eficiente de entregas definidas no escopo do projeto, os quais são mais eficazes quando seus objetivos são claramente definidos e mudança (quando desnecessárias) é minimizada. Enquanto os gerentes de projeto se reportam a uma variedade de gestores, o líder do escritório de projetos deve incidir sobre o desempenho e desenvolvimento de competências. Assim: as principais atribuições para um líder do escritório de projetos são: • Ser o elo de todos os projetos de planos de negócios estratégicos e operacionais; • Certificar-se de que cada projeto suporta os objetivos de negócio; • Exigir que cada projeto tenha um gerente eficaz ou líder responsável; • Implementar e manter uma metodologia adequada de Gerenciamento de projetos; • Manter com rigor e gerenciar formalmente as alterações para o projeto, escopo, orçamento, cronograma e exigências; • Ter o discernimento de agrupar projetos semelhantes; • Implementar, liderar e coordenar o gerenciamento de portfólio de projetos. (COIMBRA, 2013). 40 Albergarias (2012) afirma que “[...] Para atingir os resultados desejados da organização, a seleção e o desenvolvimento desse profissional deve utilizar como ferramenta um referencial de competências par auxiliar na aferição de sua evolução[...]” (ALBERGARIAS, 2012, p. 367) o mesmo autor ainda entende que com um baseline de competências é possível definir em que nível o profissional se encontra, a partir deste ponto de referência, estabelecer um plano de desenvolvimento futuro, em que a certeza é que esse profissional deve apresentar em seu perfil a busca pelo desenvolvimento contínuo do aprimoramento de sua capacidade de tomada de decisão sob pressão. 2.4 MATURIDADE EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS Prado (2012) entende que: O conceito de maturidade é bastante intuitivo e tem aplicação em muitos aspectos do nosso dia-a-dia. No caso de gerenciamento de projetos, maturidade é ligada ao quão capaz está uma organização em gerenciar seus projetos com sucesso. Por outro lado, espera-se também de um modelo de maturidade em gerenciamento de projetos que ele seja capaz de auxiliar no estabelecimento de um plano de crescimento para a organização. (PRADO, 2012, p. 211) Prado (2010) relata que existem alguns modelos disponíveis no mercado para a avaliação da maturidade de empresas em projetos. Exemplos de modelos são: Kerzner- PMMM, PMI-OPM3 e Prado-MMGP. No caso desta monografia, serão mencionados resultados referentes ao modelo Prado-MMGP, o qual apresenta o resultado em 5 níveis de maturidade em que caso a organização esteja no nível 1, significa que a mesma ainda não iniciou a evolução a nível de gerenciamento de projetos, ou seja, possui pouco ou nenhum conceito em relação ao termo de gerenciamento de projetos e não possui claro os “stage gates” a seguir para alcançar seu nível de excelência em gestão de projetos. Já o nível 2, a organização investiu em conhecimento para iniciar a evolução em termos de gerenciamento de projetos, enquanto que o nível 3, a organização já implementou padrões e está a caminho de atingir o nível 4, quando a organização domina os processos. O último nível é o 5, em que a corporação atingiu um nível otimizado (“padrão de excelência”) em sua gestão de projetos. (PRADO, 2010). 41 Abaixo, pode-se notar o comparativo da distribuição dos níveis de maturidade de empresas brasileiras em 2012 e 2014. (Gráfico 3). Gráfico 3. Distribuição percentual dos níveis de maturidade de empresas brasileiras nos anos de 2012 e 2014. Fonte: Adaptado de Pesquisa Archibald & Prado (2014) - Maturity Research, relatórios de indicadores. Em 2012, 10% das empresas brasileiras possuíam níveis 4 ou 5 em maturidade de gerenciamento de projetos, enquanto que em 2014 esse número cresceu para 13% (aumento de 3Pp), o que comprova a preocupação e preparo cada vez mais notório nas empresas deste país de um forma geral. (ARCHIBALD, 2003; PRADO,2010) Atingir os níveis 4 ou 5 significa dizer que as organizações estão em níveis que permitem pleno domínio e otimização do trabalho, em 2014 para 65% (níveis 1 e 2) das organizações participantes desta pesquisa, o gerenciamento de projetos ainda não possibilita trazer resultados aos seus negócios tal como seria desejado (níveis 3, 4 e 5). (ARCHIBALD; PRADO,2010) A pesquisa de 2014 ainda ressalta que o maior nível de maturidade está em empresas de iniciativa privada (2,68), seguida pelo Governo com Administração indireta (2,51) e direta (2,48) e por último o setor terceirizado (2,44), o que permitiu um maturidade igual a 2,64 para as empresas brasileiras de uma forma geral. (ARCHIBALD; PRADO,2010). 11% 43% 36% 9% 1% 14% 51% 22% 11% 2% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 1- Inicial 2 - Conhecido 3 - Padronizado 4- Gerenciado 5- Otimizado 2012 2014 +2Pp +1Pp 42 2.5 METODOLOGIA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS Em Administração e Qualidade, padrão é uma norma técnica, ou seja, um “Documento aprovado por um organismo reconhecido que provê, pelo uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características de produtos, processos ou serviços cuja obediência não é obrigatória” (BARCAUI et. al, 2012, p. 399). Alguns exemplos de padrões: ISO (International Standards for Organization) e ABNT (Associação brasileira de normas técnicas). Segundo o PMI, no Brasil, a maior referência utilizada para as práticas de gerenciamento de projetos é o Project Management Institute (PMI). Segundo Xavier (2012): As publicações de diretrizes e normas do PMI são preparadas através de um processo de desenvolvimento de normas de consenso. Esse processo reúne pessoas voluntárias e/ou busca os pontos de vista de pessoas interessadas nos tópicos cobertos por cada publicação. (XAVIER, 2012, p. 398) O dicionário Houaissdefine metodologia como “o ramo da lógica que se ocupa dos métodos de diferentes ciências” e método “é um procedimento, técnica ou meio de fazer alguma coisa”. Para Xavier (2012): Existe uma diferença entre metodologia de desenvolvimento de um produto ou serviço e a metodologia para o gerenciamento do projeto que vai fazer esse desenvolvimento, A primeira trata do ciclo de vida para gerar o produto ou serviço (escopo do produto) e a segunda é responsável por iniciar, planejar, executar, monitorar, controlar e encerrar esse projeto, levando em consideração o escopo (do projeto), tempo, custo, risco, etc. (XAVIER, 2012, p. 398) Ainda o autor relata que: Algumas vezes vemos alguém dizer ou escrever que usa a “Metodologia do PMI” ou a “Metodologia do Guia PMBOK®”. Na realidade, o PMI ou até mesmo o Guia PMBOK® não apresentam uma metodologia. O Guia aborda somente “o que” é necessário para o gerenciamento de projetos, sem entrar no mérito de “como” esses processos deveriam ser realizados e em que sequência. Por isso enquadramos, anteriormente neste capítulo, o Guia como um padrão. (XAVIER, 2012, p. 401) 43 Baseado em Xavier (2008), seguem as principais metodologias existentes no mercado e uma breve descrição das mesmas: • Method 123 Project Management Methodology o Metodologia comercial baseada no PMBOK® e no Prince2™, possuindo três versões: Professional, Standard e Educational. Essa metodologia foi encapsulada em um software que permite navegar rapidamente pelos processos e acessar os modelos. (XAVIER, 2008). • Methodware® o A metodologia possui 34 processos organizados nos Grupos de Processos: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento do Projeto. Possui 36 modelos de documentos e um exemplo de Plano do Projeto. (XAVIER, 2009). • PRINCE2TM o O método PRINCE2 é uma estrutura sistemática com processos, papéis e responsabilidades bem definidos que visam garantir o gerenciamento organizado do projeto desde a sua concepção até o encerramento. (XAVIER, 2008). • Ten Step o Foi projetada para ser aplicada a todos os tipos de projetos, desde a construção de uma casa, ou mesmo um circuito eletrônico, ou um software. O processo da Metodologia TenStep também é compatível com todos os tipos de metodologias utilizadas no ciclo de vida dos projetos. (XAVIER, 2008). • Zopp (Marco Lógico) o metodologia alemã criada e adotada pela USAID (USA), ao início dos anos 70, o "Logical Framework Approach" (LFA), a GTZ introduziu a participação dos envolvidos como premissa básica do planejamento de projetos. (XAVIER, 2008). Segundo o mesmo autor o fato de adotarmos uma metodologia não quer dizer que ela deva ser aplicada da mesma maneira em todos os projetos da organização. Dependendo da tipicidade e complexidade, a equipe do projeto irá despender mais ou 44 menos esforço em seu gerenciamento. O gerente do projeto, com a colaboração de sua equipe, é o responsável pela determinação do grau adequado de rigor a ser usado em cada processo de gerenciamento, para um específico projeto, atendendo ao mínimo previsto na política de gerenciamento de projetos da organização. (XAVIER, 2011). O mesmo autor prega que muitas organizações e/ou gerentes de projetos se indagam até que ponto adotar uma metodologia de gestão de projetos não iria “burocratizar” o desenvolvimento de projetos em sua empresa e se este não seria mais um dos projetos de padronização que tivessem fracasso em sua empresa. O ponto é que, como uma organização, há situações que os gerentes de projetos deparam- se com diversidades de tipos de portes de projetos e não se pode exigir que todos os projetos executem os mesmos processos e gerem os mesmos documentos. Cabe ao gerente do projeto, ter o discernimento e conscientização da exigência na utilização dos padrões e metodologias. (XAVIER, 2011). 3 ESCRITÓRIO DE PROJETOS Neste item, estão contemplados histórico, importância nas organizações, bem como as motivações de implementação de um escritório de projetos, sucesso e fracasso em sua concretização. 3.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO Sotille (2012) entende que: Em um mundo de negócios complexo e altamente matricial, nenhum gerente de projeto tem controle absoluto sobre todos os aspectos que influenciam o sucesso ou a falha de um projeto. Conforme não apenas o gerenciamento de projetos, mas também o gerenciamento “por projetos” vai se tornando mais popular nas organizações, cresce também o movimento para implantar Project Management Offices (PMOs) visando apoiar o gerenciamento de projetos, programas e portfólios. (SOTILLE, 2012, p. 33) Segundo o Guia PMBOK®, a definição de Escritório de Projetos é: Um escritório de gerenciamento de projetos (EGP, ou em inglês PMO) é uma estrutura organizacional que padroniza os processos de governança relacionados a projetos, e facilita o compartilhamento de recursos, metodologias, ferramentas, e técnicas. As responsabilidades de um PMO podem variar, desde o fornecimento de funções de apoio 45 ao gerenciamento de projetos até a responsabilidade real pelo gerenciamento direto de um ou mais projetos. (PMI, 2013, p. 33) Ainda segundo este Guia, há três tipos de escritórios de projetos: Suporte – Desempenham um papel consultivo nos projetos, fornecendo modelos de projetos e templates, disseminando melhores práticas em gerenciamento de projetos, treinando os gerentes, permitindo acesso a informações e lições aprendidas de “projetos-exemplo” e possui controle baixo dos projetos; Controle – Este tipo de PMO adota estruturas ou metodologias de gerenciamento de projetos usando modelos, formulários ou ferramentas, garante a conformidade com a governança e possui controle médio dos projetos; e Diretivo – Este PMO assume o controle dos projetos pelo seu gerenciamento direto, assim, o nível de controle dos projetos é alto. (PMBOK®, 2013). O movimento em direção à criação de escritórios e ao gerenciamento de projetos em uma organização é parte do processo histórico em que a empresa está inserida, ou seja, deve-se considerar o contexto no qual está localizado, evolução do mesmo e a cultura da organização. (AUBRY; HOBBS; THUILLIER,2008) Ainda segundo Aubry, Hobbs e Thuillier (2008) apesar de as organizações atuais estarem migrando na direção do estabelecimento de escritórios de projetos, os PMOs mais antigos podem não ser referências para os novos escritórios hoje. Obviamente que lições aprendidas e dados históricos serão valiosos, entretanto o tipo de demanda vem sofrendo alterações radicais ao longo dos anos. Hill (2004) relata que historicamente, desde a Segunda Guerra Mundial, observa-se movimentos em direção à criação de centros de controle, ou sala de guerra (“war room”) e Kerzner (2003) afiram que o histórico dos escritórios de projetos pode ser resumido em três fases distintas, conforme abaixo: Por quase cinquenta anos (anos de 1950 a 1990), os escritórios de projetos funcionavam como uma oficina ou centro de apoio para projetos específicos (em sua maioria projetos de grande valor monetário e/ou complexos). O time despendiam em média entre dez e quinze anos trabalhando nestes projetos, sendo que os grupos eram compostos pelos próprios gerentes de projetos ou por profissionais planejadores. Este conceito foi aplicado a projetos relacionados ao Departamento de Defesa Americano e a Engenharia Civil. O PMO funcionava/agia de forma horizontal na organização. Já na década de 90 até os anos 2000, houve uma maior preocupação na área de controle de custos, ou seja, o desejo das organizações de realizar o trabalho com mais eficiência as 46 submeteu a focar mais atenção em técnicas não tradicionais, como gerência de projetos, que se expandiu para empresas não orientadas a projetos. Como exemplo, há os Empreendimentos como a mudança em tecnologiapara o ano 2000 e o Euro foram responsáveis por quase de 70% das implementações de escritórios de projetos. Já de 2000 a 2010, os PMOs se tornaram comuns na hierarquia das organizações e novas missões para os mesmos: manter a propriedade intelectual relacionada à gerência de projetos e ao suporte ao planejamento estratégico corporativo. (HILL, 2004; KERZNER,2003). Segundo Sotille (2012), para se estabelecer e gerenciar um PMO, é essencial obter compromisso da organização com o conceito do Escritório de Projetos e a aprovação para realizar o trabalho detalhado que vai tornar o PMO uma realidade. O autor ainda itera que: Para muitas organizações a “venda” do conceito do PMO pode ser difícil, tanto para os clientes internos quanto para os externos. No caso de organizações que prestam serviços profissionais, mostrar o valor do PMO para o cliente pode se mostrar um desafio quando o cliente deseja que sua própria equipe de gerenciamento de projetos ou programas gerencie, integre ou acompanhe os projetos, ou quando o cliente acredita que esse serviço deva ser prestado gratuitamente. A situação é ainda mais frustrante quando a alta direção ou os funcionários internos da organização não se convencem de que haja valor em adotar os serviços oferecidos pelos PMOs, não os veem como recursos importantes a serem utilizados para acompanhar os projetos e acreditam que o investimento não compensa. (SOTILLE, 2012, p. 41). Segundo a pesquisa de Dai e Wells (2004) aponta que, apesar de as organizações estarem migrando na direção do estabelecimento de escritórios de projetos, os PMOs antigos podem não serem referências para os escritórios de projetos atuais, pois o tipo de demanda vem se alterando radicalmente ao longo dos anos. Historicamente, desde a Segunda Guerra Mundial houve movimentos em direção à criação de centros de controle. Assim, conforme notou Kerner (2003), o histórico de projetos pode ser resumido em três fases distintas. (Quadro 5). 47 Quadro 5. Histórico do escritório de projetos. Fonte: Kerner (2003) Segundo Barcaui et al. (2012), a evolução dos escritórios seguiu com a da tecnologia, ou seja, em um primeiro momento (Primeira Fase), os PMOs eram o ponto de contato com o cliente e suas responsabilidades incluíam atualização de cronogramas e preparação de documentação para tal interface, além de auxílio ao gerente de projetos no gerenciamento do projeto em questão, ou seja, sua principal responsabilidade era um apoio ou facilitador ao gerente nas atividades do cotidiano do projeto (p.e.: Preenchimento de Planilhas, Acompanhamento de Custos, Previsões e Análise de Riscos). Nestes primeiros 50 anos era necessário o uso de equipes numerosas já que os softwares de gerência de projetos ainda não eram poderosos o suficiente. Ainda segundo o mesmo autor, com o desenvolvimento do cenário descrito acima e com a inserção dos programas de planejamento, o PMO passou a trabalhar com equipes reduzidas e redirecionar seu foco também para manutenção de dados e informações de projetos para dentro da companhia ou unidade de negócios (departamento) executante. Atualmente, com a gama de pacotes de software para gerenciamento de projeto e portfólio, com a disseminação de treinamentos de todos os níveis e certificações e com o desenvolvimento de planos de carreira para gerentes de projetos, o escritório assume uma posição de maior destaque e direciona os processos ligados à gerência de projeto nas organizações em que atuam. (BARCAUI et al., 2012). Anos 1950 a 1990 • Escritórios de projetos tinham função de centro de apoio para projetos específicos (projetos de grande valor e/ou complexos) • O time despendia de 10-15 anos trabalhando em projetos • Os grupos eram compostos pelos próprios gerentes de projetos ou por profissionais planejados • Usuários desse conceito foram projetos ligados ao Departamento de Defesa Americano e a Engenharia Civil • PMO tinha função horizontal na organização Anos 1990 a 2000 •Foco em controle de custos •Prioridade em técnicas não-tradicionais (gerência de projetos) que se expandiram para empresas não-orientadas para projetos •Empreendimentos como a mudança em tecnologia para o ano 2000, o Euro e projetos de ERP foram responsáveis por mais de 70% das implementações de escritórios de projetos. Anos 2000 a 2010 •Os escritórios de projetos se tornaram maiis comuns na hierarquia das organizações (sem alteração das atividades desenvolvidas) •Novas missões para o PMO: manter a propriedade intelectual relacionada à gerência de projetos e ao suporte ao planejamento estratégico corporativo 48 Segundo Duggal (2001), na virada do milênio foi proposta uma estrutura denominada “PMO da Próxima Geração”. Este Escritório, segunda declara o autor, inclui o foco estratégico e cultural das organizações, com diretrizes relacionadas ao negócio e à inovação, promove suporte no gerenciamento de projetos, porém de forma integrada. De acordo com a visão do autor, este modelo encontra-se ainda muito dependente do tipo de estrutura organizacional, do tipo de negócio e do tamanho da organização, ou seja, uma organização que trabalha por projetos tendem à abertura de um PMO, por ter a gerência de projetos de forma intrínseca em sua estrutura. Contudo, esta mesma realidade não se observa em empresas de menor porte, dado seu grau de maturidade para gerenciamento. Conforme sugerido por AUBRY,HOBBS, MULLER, BLOMQUIST, 2010, p.10 apud BARCAUI et al., 2012, p. 15: O PMO pode ser considerado como uma inovação organizacional, no sentido de ser um fenômeno recente e importante. Mas se é uma inovação, ainda pode ser considerado instável e ainda em evolução, tanto em organizações individuais quanto no conjunto de empresas como um todo. Segundo Frame (1998) apud Barcaui et al. (2012), outro conceito é o chamado PMO Virtual (Virtual Project Office – VPO) em que não necessariamente o escritório de projetos está na mesma localidade onde está o portfólio sendo gerenciado pelo mesmo. Neste sentido, a disponibilidade do time envolvido varia de acordo com a demanda e pode ser associada a necessidade pontuais da companhia. Atualmente a maior parte das organizações atuam em diversas localidades e possuem times de projetos distantes geograficamente, desta forma, o PMO não exerce uma função de liderança na montagem de times, mas seu papel garante um ambiente favorável a esses times virtuais, permitindo a operação efetiva. De acordo com Beyerlein e Johnson (2001) apud Barcaui et al. (2012), dificuldades para esse tipo de implementação são: diferentes culturas, fusos horários, línguas e questão de garantir que todos os membros dos times virtuais tenham o mesmo nível de entendimento sobre os objetivos do projeto. Vantagens neste estilo é que o mesmo pode ser estruturado em qualquer região. Além disso, envolve menos custos, pois não há pessoal interno alocado integralmente, permite uma relativa flexibilidade de habilidades e conhecimentos os quais podem ser utilizados de maneira pontual pela empresa. Nesta ótica, ao trabalhar de forma virtual, a tecnologia passa a exercer papel protagonista, uma vez que viabiliza ferramentas como: intranets, gerência eletrônica de documentos (GED), teleconferências, videoconferências, troca de e-mails, redes sociais, 49 entre outras alternativas, sem as quais seria impossível trabalhar e coordenar equipes remotas. Ainda o PMO Virtual possui como papel um desafio que é o de não lidar diretamente com as pessoas sob sua gerência. Os próprios Gerentes de Projetos e membros dos times têm a incumbência de estar sensíveis às limitações e oportunidades que o trabalho virtual lhes proporciona, ou seja, uma vez definido um protocolo de trabalho neste ambiente e com a disponibilidade das ferramentas de tecnologia adequadas, o escritório
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