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Dilermando Parte 2

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1 
 
CAPÍTULO 7 
 
OUTRAS GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS 
Dilermando Miranda da Fonseca 
Janaina Azevedo Martuscello 
Manoel Eduardo Rozalino Santos 
Dawson José Guimarães Faria 
 
1 - INTRODUÇÃO 
 
 Nas últimas décadas, no Brasil, têm ocorrido substituições freqüentes de 
pastagens nativas ou naturais por pastagens cultivadas. Esse processo é resultado, 
principalmente da tecnificação da pecuária, que vêm demandando forrageiras mais 
produtivas e de melhor qualidade. Com o lançamento de novas cultivares forrageiras 
no mercado, a substituição de espécies e, ou cultivares vem ocorrendo de forma 
acelerada. Entre as principais causas dessa substituição destaca-se a má utilização 
dessas forrageiras, principalmente no diz respeito ao manejo da pastagem e do 
pastejo. Ademais, as subestimativas de exigências nutricionais das cultivares 
“antigas” antecipa ainda mais esse processo. 
Muito embora, gramíneas como capim-andrópogon, capim-gordura e capim-
jaraguá, entre outros, não representem uma porção significativa das pastagens 
brasileiras nos tempos atuais, esses gramíneas tiveram por algum tempo sua 
importância no contexto da pecuária brasileira, sendo inclusive utilizadas em muitas 
propriedades atualmente. Algumas dessas forrageiras apresentam adaptações 
edafoclimáticas específicas o que faz com que em muitas condições a área de 
pastagem cultivada com essas plantas prevaleça. Neste contexto, o capim-
andropógon destaca-se como uma forrageira adaptada a região do Cerrado, com 
 2 
predominância de solos de baixa fertilidade, além de ser bastante cultivado em 
regiões com baixa precipitação. O capim-setária constitui-se outro exemplo de 
gramínea forrageira adaptada a nichos específicos de cultivo: tolerância a alagamento 
temporário e baixas temperaturas. 
Forrageiras como o capim-gordura e o capim-jaraguá foram introduzidas no 
Brasil desde o período colonial e constituem recurso forrageiro interessante na 
medida em que se adaptaram satisfatoriamente às condições edafoclimáticas do país. 
Dessa forma, quando existente numa propriedade, podem contribuir para a 
manutenção da diversidade genética e, assim, minimizar riscos inerentes ao 
monocultivo. 
Em muitas situações, a simples substituição dessas forrageiras “tradicionais” 
por forrageiras lançadas mais recentemente não constitui ação de manejo eficaz. 
Modificações na forma de utilização da forrageira no sistema de produção poderiam 
resultar em efeitos mais efetivos e, possivelmente, de melhor relação custo/benefício. 
E a forma adequada de utilização dos recursos forrageiros passa, necessariamente, 
pelo conhecimento de suas aptidões e, ou limitações. 
Assim, serão caracterizadas em seguida, algumas gramíneas forrageiras que 
vêm sendo cultivadas no Brasil por longos períodos, embora com menor percentual 
de áreas em relação as outras que foram lançadas mais recentemente. 
 
 
2 - CAPIM-ANDROPÓGON – Andropogon gayanus 
 
2.1 - Origem 
 
 O gênero Andropogon contém cerca de 100 espécies anuais e perenes 
dispersas nos trópicos, principalmente na África e Américas (Clayton & Renvoize, 
1982). No Brasil, existem duas variedades botânicas bastante conhecidas, a 
 3 
bisquamulatus e a squamulatus, sendo esta última variedade inicialmente introduzida 
no Brasil, conhecida como capim-gamba (Otero, 1961). Entretanto, devido aos 
problemas de reduzida produção de sementes, não despertou interesse dos produtores 
(Thomas et al., 1981). 
Por outro lado, o genótipo Andropogon gayanus CIAT 621 ou BRA-000019, 
originário da Nigéria, foi liberado comercialmente como cultivar Planaltina pela 
Embrapa Cerrados em 1980, com boa adaptação ao ecossistema Cerrado e a outros. 
Essa cultivar é pertencente à variedade bisquamulatus. Posteriormente, a fim de obter 
uma cultivar com estabelecimento mais rápido do que a Planaltina, pesquisadores da 
Embrapa Pecuária Sudeste lançaram, em 1993, a cultivar Baetí (Leite et al., 2000), 
que apresenta características morfológicas semelhantes a da cultivar Planaltina. 
 
2.2 - Caracterização morfológica 
 
 O Andropogon gayanus Kunth var. bisquamulatus cv. Planaltina é uma planta 
perene, cespitosa, podendo formar grandes e densas touceiras e atingir, dependendo 
do manejo adotado, até 3 metros de altura. As lâminas foliares são longas e 
apresentam um estreitamento na sua base. A folha é bastante pilosa, com pêlos 
esbranquiçados, o que lhe confere aspecto aveludado. Sua lígula é membranácea e 
truncada. O sistema radicular do capim-andropógon é fasciculado e profundo. Sua 
inflorescência é do tipo espiciforme. 
As diferenças entre as cultivares Planaltina e Baetí são de natureza 
exclusivamente agronômica, especificamente no tocante à rapidez de 
estabelecimento. 
 
2.3 - Caracterização agronômica 
 
 4 
 O capim-andropógon é bem adaptado às regiões com altitudes variando entre 
12 e 1.500 m, embora seja encontrado em regiões com altitudes de até 2.000 m. 
Apresenta melhores resultados de produção de forragem quando cultivado em locais 
com temperaturas variando entre 18 e 28°C (Leite et al., 2000). Mesmo possuindo 
relativa tolerância às geadas, não se adapta às regiões muito frias (Paulino, 1979). É 
bem adaptado às condições do Cerrado. 
 Essa forrageira apresenta relativa resistência à seca, já que possui sistema 
radicular profundo, capaz de absorver água de camadas profundas do perfil do solo e 
manter seu metabolismo ativo em condições desfavoráveis (Bogdan, 1977). Apesar 
de tolerante ao estresse hídrico, sua produção é reduzida na estação seca do ano. 
Realmente, dependendo do manejo adotado, o capim-andropógon pode produzir 
cerca de 35 % da sua produção anual durante o inverno. 
Devido ao crescimento cespitoso, com perfilhos eretos, o capim-andropógon 
possui baixa capacidade de cobertura de solo, sendo mais indicado para áreas planas 
e, ou ligeiramente onduladas, onde ocorre menor risco de erosão. 
O capim-andropógon é adaptado aos solos de textura arenosa ou argilosa e 
aos solos de baixa fertilidade e com alto teor de alumínio (Couto et al., 1985). 
Apresenta baixa exigência em fósforo e pequenas doses de nitrogênio são suficientes 
para produções satisfatórias (Thomas et al., 1981). 
 A espécie A. gayanus propaga-se por sementes, que são pequenas, com 
aproximadamente 360 sementes.g-1 (Sousa, 1993) e com pouca reserva de nutrientes, 
tornando necessária a semeadura em menor profundidade. A taxa de semeadura, em 
média, é de 8 a 10 kg de sementes, com 20 % de valor cultural, para a formação de 
um hectare de pastagem. As espiguetas do capim-andropógon possuem pêlos, 
semelhantemente aos que ocorrem no capim-jaraguá, o que pode dificultar sua 
semeadura mecanizada. O capim-andropógon também pode ser propagado 
vegetativamente, utilizando-se seções de sua touceira. 
 5 
O estabelecimento do pasto é lento, porém uma vez estabelecido, pode 
apresentar altos índices produtivos, desde que sejam respeitadas as mínimas 
exigências de manejo dessa forrageira. De fato, essa gramínea produz entre 20 e 30 
t.ha-1.ano de MS (Thomas et al., 1981). 
De acordo com Toledo & Fischer (1989), a cultivar Planaltina é relativamente 
tolerante ao sombreamento, pois níveis de sombreamento de até 50 % não reduzem a 
produção de forragem. Em geral, plantas de capim-andropógon apresentam 
rebrotação vigorosa após a realização de queimada (CIAT, 1984). O capim-
andropógon também é resistente à cigarrinha-das-pastagens e não há relatos de que 
apresente problemas devido à fotossensibilização nos animais. 
 
2.4 - Formas de utilização 
 
 Devido à sua alta capacidade produtiva, sua excelente adaptação aos solos de 
baixa fertilidade e à ausência de problemas com pragas e doenças, o capim-
andropógon é bastante utilizado em sistemas de pastejo, sendo bem aceito por 
bovinos e equinos. É uma excelente opção para sistemas de produção marginais e, ou 
com baixo nível de insumos. 
Como o capim-andropógonpossui crescimento cespitoso, porte alto e eleva 
precocemente o meristema apical, principalmente quando passa do estádio vegetativo 
para o reprodutivo, a recomendação de manejo do pastejo mais indicada consiste no 
emprego do método de pastejo em lotação intermitente. Quando manejado sob 
lotação contínua, é possível que ocorra grande variabilidade na utilização do pasto, 
sendo este caracterizado por áreas sub e super pastejadas. O capim-andropógon não é 
indicado para diferimento, pois apresenta alongamento de colmo no fim da estação 
chuvosa, principalmente devido ao florescimento nesta época. 
Zúñiga (1985) recomenda que o capim-andropógon deve ser pastejado 
quando estiver com 60 a 80 cm de altura, sendo rebaixado para cerca de 15 a 25 cm. 
 6 
Ainda segundo este autor, não se deve permitir que o pasto permaneça muito alto, 
condição em que seu valor nutritivo é inferior e há necessidade de roçadas 
periódicas. Recomendações de manejo do pastejo racionais e embasadas em 
resultados científicos ainda não estão disponíveis para o capim-andropógon. Na 
Universidade Federal de Viçosa, o capim-andropógon vem sendo avaliado com base 
em características morfogênicas sob desfolhação intermitente e, futuramente, esses 
resultados poderão nortear o manejo eficaz e otimizado do pastejo. 
 O capim-andropógon também pode ser utilizado para a produção de feno, 
desde que seja colhido em estádio de desenvolvimento adequado, de forma a manter 
maior relação lâmina foliar:colmo na forragem. Por outro lado, a silagem de capim-
adropógon, em geral, não apresenta boa qualidade (Leite et al. 2000). 
 Alguns resultados de pesquisa têm mostrado que o capim-andropógon se 
consorcia bem com soja perene (Neonotonia wightii). Em condições de cerrado, 
pastos consorciados podem manter taxa de lotação de até 1,2 UA.ha-1 (EMBRAPA, 
1991). 
 
2.5 - Resultados de pesquisa 
 
Carvalho & Cruz (1985) avaliaram 16 gramíneas quanto à tolerância à seca e 
apenas o capim-buffel (Cenchrus ciliaris) foi classificado como de “muito boa” 
tolerância ao déficit hídrico, sendo este seguido pelo capim-andropógon, que 
apresentou “boa” tolerância à seca. 
De acordo com Batista & Godoy (1995), existe semelhança na qualidade das 
cultivares Planaltina e Baetí. Segundo esses autores, a cultivar Baetí apresentou 6,2 
% de PB, 75 % de fibra em detergente neutro (FDN) e 56,6 % de digestibilidade in 
vitro da MS com 120 dias de crescimento. Pelos resultados apresentados, constata-se 
que a porcentagem da fração fibrosa é elevado quando comparado ao de outras 
gramíneas forrageiras tropicais. Além disso, durante o período de seca o capim-
 7 
andropógon apresentou o mais alto teor de FDN (Leite et al., 1988). No Quadro 1, 
são apresentadas características de valor nutritivo do capim-andropógon em função 
da idade. 
 
Quadro 1 – Características de valor nutritivo do capim-andropógon em função da 
idade 
Idade (dia) PB FDN LIG DMS 
0 – 30 14,27 64,94 2,52 58,49 
31 – 45 10,55 66,28 3,19 52,08 
46 – 60 9,53 72,86 3,56 54,59 
61 - 90 6,51 71,84 5,11 42,95 
91 - 120 6,24 73,88 4,48 49,30 
PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; LIG- lignina; DMS- digestibilidade da matéria 
seca; 
Fonte: Valadares Filho et al. (2006). 
 
Em experimento conduzido em Planaltina, DF, num latossolo vermelho de 
textura arenosa, a pastagem de capim-andropógon foi manejada com duas taxas de 
lotação, quais sejam, 1 e 2 novilhos por hectare (Euclides, 1995). Na pastagem sob 
menor taxa de lotação, obteve-se desempenho animal de 560 gramas diários e 
produção anual por hectare de 174 kg de peso animal. Já na pastagem sob maior taxa 
de lotação os níveis de produção foram: 500 gramas diários por animal e 310 kg de 
peso animal por hectare em um ano. 
 Atualmente, a venda de sementes de capim-andropógon é reduzida quando 
comparada às vendas ocorridas no passado, após o lançamento da cultivar Planaltina. 
Em 2005, a venda de sementes dessa forrageira no Brasil atingiu somente 0,3 % do 
total de sementes comercializadas, o que evidencia o preterimento dessa forrageira 
pelos pecuaristas. 
 8 
 O capim-andropógon possui reprodução sexuada, o que facilita trabalhos de 
melhoramento genético na espécie, uma vez que se permite a recombinação gênica. 
Entretanto, segundo Jank (1994), o programa de melhoramento genético de 
Andropogon está baseado somente na variabilidade existente dentro da cultivar 
Planaltina. E, ainda assim, a cultivar Baetí foi lançada e bastante aceita pelos 
produtores, principalmente pelo menor período de tempo para o estabelecimento. 
 
3 - CAPIM-DE-RHODES (Chloris gayana Kunth) 
 
3.1 - Origem 
 
A espécie Chloris gayana é nativa de Tanganica, na África, e ficou 
mundialmente conhecida como capim-de-rhodes, devido a Cecil Rhodes, que o 
introduziu e cultivou na Rodésia (África do Sul) em 1895 (Alcântara & Bufarah, 
1979). Em 1902, o capim-de-rhodes foi levado para os Estados Unidos e, em 1953, 
para a Austrália. Hoje, é cultivado em grande parte do mundo, como na América do 
Sul e Central, Sul da Ásia, Japão, Itália, entre outros (Mattos & Mattos, 2000). 
 
3.2 - Caracterização morfológica 
 
O capim-de-rhodes é uma gramínea perene que possui forma de crescimento 
particular, cespitoso e com grande capacidade de enraizamento de colmos em contato 
com a superfície do solo, levando à descrição de gramínea cespitosa e estolonífera. A 
denominação cespitosa é apropriada porque o capim-de-rhodes forma touceiras. Já a 
denominação estolonífera, à luz do conceito de estolão, não parece adequada. Estes 
colmos podem ocupar os espaços existentes entre as touceiras, o que confere ao 
capim-de-rhodes uma boa capacidade de cobertura do solo. 
 9 
O pasto de capim-de-rhodes pode atingir 1,50 m de altura, de acordo com o 
manejo adotado. Entretanto, quanto maior for a altura de manejo, mais baixa será a 
qualidade. Suas folhas são glabras, finas e longas, com comprimento entre 40 e 50 
cm e largura de aproximadamente 6 a 7 mm (Mitidieri, 1992). As lígulas apresentam 
pêlos finos e longos. A inflorescência é formada por rácemos subdigitados, com 6 a 
15 ráquis unilaterais. Apresenta sistema radicular bastante profundo e pode absorver 
água no solo em profundidade de até 4,5 m. Em alguns casos observa-se a presença 
de rizomas. 
Mattos & Mattos (2000) fizeram algumas considerações sobre a espécie C. 
gayana. Segundo os autores, esta é uma espécie que apresenta grande variação 
genética e são várias as cultivares naturais, que diferem em vigor, tamanho da folha e 
diâmetro do colmo. Os “estolões” podem ter entrenós curtos ou longos, bem como 
crescimento lento ou acelerado. Algumas raras cultivares não apresentam estolões. 
As cultivares mais conhecidas são: Rhodes Gigante, um tipo natural; Katambora, que 
apresenta bastante folhas e boa produção de semente; Masaba, também bastante 
folhoso, mas com baixa produção de semente; Mbarara, bastante produtivo e de fácil 
estabelecimento; Nzoia, de baixa persistência; Rongai, resistente à seca; Pionner, de 
florescimento precoce; Pokot, bastante vigoroso e produtivo; Samford, vigoroso, de 
florescimento tardio e com produção de sementes em quantidade e qualidade. 
 
3.3 - Caracterização agronômica 
 
 O capim-de-rhodes é encontrado desde o nível do mar até altitudes de 2.000 
m. É caracterizado como um capim resistente à seca, sendo que a precipitação 
mínima para seu cultivo, sem a utilização de irrigação, deve ser de 600 mm (Mattos 
& Mattos, 2000). Além de suportar altas temperaturas do ar e do solo, essa forrageira 
tolera bem frio e geada, sobrevivendo em condições de temperaturas inferiores a zero 
grau por certo período de tempo. Tolera também, ocasionalmente, solos com 
 10 
deficiência de drenagem, contudo o excesso de umidade é prejudicial. Possui 
satisfatória tolerância à salinidade do solo, mas não tolera o sombreamento. 
Com relação à fertilidade de solo, ocapim-de-rhodes exige solos de média a 
alta fertilidade e não tolera alta saturação por alumínio. Seu desenvolvimento é 
adequado em solos de distintas texturas, mas vegeta melhor em solos de textura 
média, bem drenados e com bom teor de matéria orgânica. A produtividade é 
incrementada pela adubação nitrogenada. Em pastos já estabelecidos, o efeito do 
fósforo parece ser menos pronunciado do que o do nitrogênio, porém vale salientar 
que na ocasião da semeadura o fósforo possui função primordial para o adequado 
estabelecimento do pasto de capim-de-rhodes. 
Essa forrageira pode ser estabelecida por sementes, bem como 
vegetativamente, a partir de mudas ou “estolões”. Na prática, o sistema de 
propagação mais usual é por sementes, devido à maior rapidez no estabelecimento, 
além do menor custo de implantação. A polinização cruzada parece ser normal, tendo 
entre 1 e 4 % de autocompatibilidade. O seu florescimento é indeterminado, porém 
mais freqüente em dias curtos. As sementes são muito leves e, para se obter sementes 
de qualidade, estas devem ser colhidas quando maduras. A maturação das sementes 
ocorre em temperatura de 23 a 25 ºC. 
Para a formação do pasto de capim-de-rhodes são necessários cerca de 8 a 12 
kg.ha-1 de sementes, com valor cultural entre 20 a 30 %. Como estas são muito 
pequenas, é necessário bom preparo do solo e realização da semeadura em reduzida 
profundidade. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, os meses de setembro e outubro 
correspondem à melhor época para semear o capim-de-rhodes. Existem relatos de 
semeaduras realizadas mais tardiamente no ano com relativo sucesso, porém, neste 
caso, os riscos são grandes, porque pode ocorrer seca temporária que resultaria em 
perda total ou parcial das sementes por desidratação. De acordo com Mitidieri 
(1992), a formação do pasto após semeadura leva cerca de quatro a cinco meses, 
 11 
entretanto, se as condições de estabelecimento ou semeadura forem adequadas, é 
possível utilizar o pasto após cerca de 90 dias da semeadura. 
O capim-de-rhodes tem sido acometido por pragas e doenças causadas por 
vírus, mas sem grandes prejuízos. Nos Estados Unidos, o Helminthosporuim 
victoriae tem sido encontrado na cultura dessa forrageira e, no Quênia, uma espécie 
de Cochiliobolus tem causado a morte de plantas (Mattos & Mattos, 2000). 
 
3.4 - Formas de utilização 
 
 O capim-de-rhodes é bem aceito pelos animais, especialmente por cavalos, e 
bastante flexível quanto à forma de utilização, podendo ser utilizado sob pastejo, 
para fenação e ensilagem. A sua adequação à fenação se deve aos seus colmos e 
folhas finos que, além de garantir bom valor nutritivo ao feno, também facilita sua 
desidratação durante a fenação. Salienta-se que a produção de feno de boa qualidade 
com o capim-de-rhodes é possível, desde que este seja colhido antes do período de 
florescimento. Poucos são os relatos de sua utilização para ensilagem. 
Há relatos de que o capim-de-rhodes, quando utilizado sob pastejo, é pouco 
tolerante à altas intensidades de desfolhação. Provavelmente, esta assertiva decorre 
do fato de não haver pesquisas sobre manejo do pastejo planejadas com o objetivo de 
estabelecer recomendações de manejo apropriadas para o capim-de-rhodes, quer seja 
sob lotação contínua ou lotação intermitente. Com base nas características 
morfológicas do capim-de-rhodes, tais como colmo e folhas delgados, pode-se 
recomendá-lo para utilização no diferimento do uso da pastagem. Segundo Mitidieri 
(1992), as leguminosas, como siratro, alfafa e soja perene, são apropriadas para o 
consórcio com o capim-de-rhodes. 
 
 
3.5 - Resultados de pesquisa 
 12 
 
Segundo Pedreira & Mattos (1981), o capim-de-rhodes possui acentuada 
estacionalidade produtiva, com 87 % da produção ocorrendo no verão e 13 % na 
estação seca do ano. Estudos de adaptação de plantas forrageiras conduzidos em 
diversas regiões do Estado de Minas Gerais revelaram baixa taxa de crescimento do 
capim-de-rhodes, que situou-se entre as espécies de menor persistência e produção 
de forragem, notadamente durante a estação seca do ano, onde ocorreu apenas 5 % 
da produção anual (Botrel et al., 1998). 
 A produção de forragem do capim-de-rhodes é variável em função das 
condições de meio, tais como solo, clima e manejo. O capim-de-rhodes pode 
produzir cerca de 11,5 a 17,2 t.ha-1 de MS anualmente. Em alguns casos, produções 
superiores podem ser obtidas quando, por exemplo, o capim-de-rhodes é estabelecido 
com espaçamento de 25 cm entre fileiras e adubado com 150 kg.ha-1 de N 
(Farnsworth, 1977). 
De acordo com Tamassia (2000), a idade da planta de capim-de-rhodes tem 
grande influência nos teores de minerais, principalmente após 40 dias de 
crescimento, quando os teores de N são de 11,31 g.kg-1, comparados com 21,38 g.kg-
1 aos 20 dias. Ainda segundo o autor, os teores de P são de 3,82 e 2,96 g.kg-1, 
respectivamente para plantas com 20 e 40 dias de idade. No quadro 2, são 
apresentadas características de valor nutritivo do capim-de-rhodes em função da 
idade, fator que mais influencia a qualidade do pasto. 
 
 
 
 
 
 
 13 
Quadro 2 – Características de valor nutritivo do capim-de-rhodes em função da 
idade 
Idade (dia) PB FDN LIG DMS 
0 – 30 10,86 71,20 3,42 47,10 
31 – 45 9,34 77,37 5,03 48,40 
46 – 60 5,76 77,10 5,55 45,10 
61 - 90 4,53 75,97 6,08 - 
PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; LIG- lignina; DMS- digestibilidade da matéria 
seca; 
Fonte: Valadares Filho et al. (2006). 
 
 Tamassia (2000) avaliou as características de valor nutritivo, a produção e a 
composição morfológica em plantas de capim-de-rhodes em seis idades. O autor 
relatou que, com o avanço da maturidade da forrageira, ocorre aumento nos 
percentuais de colmo e material morto, frações com maiores teores de fibra e menos 
digestíveis do que a folha verde. Neste sentido, plantas em maior estádio de 
desenvolvimento possuem qualidade inferior. Segundo os autores, o melhor intervalo 
para corte ou pastejo do capim-de-rhodes é de 30 a 40 dias. É importante salientar 
que esta recomendação de manejo do capim-de-rhodes não deve ser generaliza, pois 
é sabido que as condições de ambiente, incluindo o manejo, alteram a taxa de 
crescimento do pasto e, sendo assim, podem modificar a produção e as características 
da forragem produzida em um mesmo intervalo de tempo. 
Devido ao baixo uso nos sistemas de produção nacionais, a comercialização de 
sementes do capim-de-rhodes praticamente não é realizada pelas grandes empresas 
de sementes forrageiras no Brasil. 
 
4 - CAPIM-GORDURA (Melinis minutiflora, Beauv.) 
 
 14 
4.1 - Origem 
 
 A espécie Melinis minutiflora é de origem Africana, sendo seu habitat o Leste 
da África. No Brasil, foi introduzida na época da colonização através dos navios 
negreiros. Apresentou excelente adaptação às condições locais, sendo encontrado 
desde o extremo Norte ao extremo Sul do país. Assim, o Brasil pode ser considerado 
como centro de origem secundário da espécie, onde é considerada naturalizada 
(Mitidieri, 1992). 
 A espécie M. minutiflora é conhecida, dependendo da região, como capim-
gordura, capim-meloso, capim-melado, capim-catingudo, capim-catingueiro e capim-
cabelo-de-negro. 
 
4.2 - Caracterização morfológica 
 
 O capim-gordura é uma planta perene e possui forma de crescimento 
cespitosa. O seu colmo, revestido pela bainha pilosa, é geniculado, ou seja, dobra e, 
ou curva próximo ao solo, a partir do qual o crescimento torna-se ereto. As plantas 
emitem raízes nos entrenós em contato com o solo e podem crescer alcançando 1,20 
m de altura. Suas lâminas foliares medem até 15 cm de comprimento, possuem base 
arredondada e mais larga, que se estreita progressivamente até o ápice. Suas folhas 
também são cobertas por pêlos que exsudam uma substância viscosa e de cheiro 
característico, justificando a denominação de alguns nomes vulgaresdessa espécie. 
As folhas possuem manchas roxas ou púrpuras dispersas na bainha ou localizada 
desde o ápice da lâmina, estendendo-se pelas margens desta até a base, onde se 
alarga continuando, em seguida pelas duas margens da bainha (Mitidieri, 1992). As 
lígulas são curtas com pêlos longos na parte superior. 
A inflorescência da espécie M. minutiflora é uma panícula arroxeada e 
fechada na parte terminal, com até 15 cm de comprimento. As sementes de capim-
 15 
gordura são muito leves e providas de apêndices (aristas, glumas), que facilitam sua 
disseminação através de pêlo dos animais e do vento (Aronovich & Rocha, 1985). 
Durante o período de florescimento, devido à grande emergência de panículas, o 
pasto de capim-gordura apresenta um aspecto roxo-avermelhado bem característico. 
 Existem, pelo menos, três variedades distintas de capim-gordura: Roxo, 
Francano e Cabelo-de-negro. A última variedade apresenta entrenós mais curtos, é de 
porte menor e mais resistente ao pastejo, enquanto que a Francano se assemelha à 
variedade Roxo, sendo de porte mais vigoroso e com touceiras mais abertas (Botrel 
et al., 1998). A variedade mais adequada ao pastejo é a Cabelo-de-negro devido à sua 
maior capacidade de perfilhamento, boa cobertura do solo e melhor resistência ao 
pastejo, quando comparado às outras. 
 
4.3 - Caracterização agronômica 
 
 A espécie é adaptada às condições tropicais e subtropicais, com temperatura 
entre 18 e 27ºC e precipitação entre 800 e 4.000 mm anuais. Pode ser encontrada em 
regiões com altitudes de até 1.500 m. O capim-gordura não tolera seca excessiva e é 
sensível à geada e ao fogo. 
Essa forrageira vegeta bem nos mais variados tipos de solo, mesmo nos de 
menor fertilidade. De acordo com Saraiva et al. (1993), o fósforo é o nutriente que 
mais limita o crescimento dessa forrageira, principalmente em latossolo vermelho-
amarelo. Adapta-se melhor aos solos bem drenados, não resistindo à inundação. 
Embora apresente resposta à adubação nitrogenada e fosfatada, esta é limitada. 
Mesmo sendo classificado como uma planta de crescimento cespitoso, o 
capim-gordura cobre bem o solo, protegendo-o da erosão em regiões de relevo 
acidentado. Isso ocorre, dentre outros fatores, em razão da presença de colmos 
geniculados. 
 16 
O capim-gordura propaga-se tanto por sementes quanto por mudas. Quando se 
utiliza sementes, são necessários cerca de 15 a 20 kg.ha-1 de semente para o 
estabelecimento, que geralmente é rápido. O capim-gordura floresce 
predominantemente em maio e produz cerca de 150 a 250 kg.ha-1 de sementes 
(Bodgan, 1977). 
Dentre as características agronômicas do capim-gordura, sublinha-se sua 
melhor distribuição anual da produção de forragem (Pedreira, 1973), o que pode 
permitir o prolongamento do período de pastejo até os meses de outono. 
O capim-gordura é atacado por cochonilhas e tido como moderadamente 
tolerante às cigarrinhas-das-pastagens (Botrel et al., 1998). Também pode ser atacado 
ocasionalmente por lagartas, mas normalmente isso não compromete 
demasiadamente a produtividade do pasto. 
 Segundo Alcântara & Bufarah (1979), o capim-gordura produz de 4 a 4,5 
t.ha.ano-1 de MS em quatro cortes. Em muitas regiões do país, o potencial forrageiro 
do capim-gordura é limitado por práticas inadequadas de manejo, principalmente o 
superpastejo. Outro fator que contribui para a baixa produtividade e persistência 
dessa espécie é a realização de queimadas, o que pode resultar em problemas de 
erosão e incidência de plantas daninhas, causando a degradação da pastagem. 
 
4.4 - Formas de utilização 
 
 O capim-gordura é predominantemente utilizado no Brasil para pastejo. 
Poucos são os relatos na literatura técnica e científica da sua utilização para 
ensilagem. O capim-gordura dominava vasta área do Brasil Central, onde os pastos, 
em sistema de exploração extensiva, constituíam, praticamente, a única fonte de 
alimento para os bovinos. 
 O capim-gordura tem boa aceitabilidade pelos animais, mas não suporta 
pastejo intenso e freqüente devido à elevação precoce do seu meristema apical, que é 
 17 
facilmente eliminado durante o pastejo. Dessa forma, a rebrotação após o pastejo é 
lenta porque a emissão de perfilhos de gemas basilares, nesta forrageira, é demorada. 
A rebrotação via perfilhos aéreos parece que também não contribui para a rápida 
produção de forragem. Nesse sentido, recomenda-se a realização de um período de 
descanso cíclico nas pastagens de capim-gordura a fim de possibilitar a ressemeadura 
natural da área e, dessa forma, garantir sua sustentabilidade. 
Embora não existam estudos científicos que permitam recomendar, de forma 
segura, referenciais de manejo do pastejo para o capim-gordura, Humpheys (1974) 
recomenda a altura de corte de 15 a 20 cm e um período de descanso de 40 a 60 dias 
para a recuperação adequada do pasto de capim-gordura. Ademais, no período de 
florescimento, o diferimento do pasto é benéfico para a sua sustentabilidade. O 
diferimento do pasto de capim-gordura também pode ser adotado com o objetivo de 
garantir estoque de forragem durante o período de escassez de recurso forrageiro. 
Nesse sentido, Costa et al. (1981), com base em experimento realizado em Viçosa, 
MG, recomendam a utilização em junho dos pastos de capim-gordura diferidos em 
janeiro, deixando aqueles diferidos em março para utilização no fim do período de 
seca. Essa gramínea, em geral, aceita bem a consorciação com várias espécies de 
leguminosas forrageiras existentes, tais como centrosema, siratro e soja perene. 
O capim-gordura, quando submetido ao corte, não possui boa rebrotação, o que 
dificulta sua utilização em colheitas sucessivas para o fornecimento sob a forma de 
feno ou forragem verde no cocho. Além disso, a substância oleosa secretada nos 
pêlos que recobrem as folhas dificulta sua desidratação, embora isso não 
impossibilite sua utilização no processo de fenação (Curado & Costa, 1980). 
Devido à sua adaptação às condições de solo e clima do cerrado, em muitos 
parques nacionais e áreas de conservação ambiental, o capim-gordura é tido como 
planta invasora, que compete com espécies herbáceas presentes na vegetação nativa. 
Existem relatos também de que, quando ocorrem queimadas nessas áreas de 
conservação ambiental, as temperaturas são mais altas nas áreas com capim-gordura 
 18 
quando comparado à queima da vegetação nativa. Isso pode ter efeito negativo no 
banco de sementes de espécies nativas presente no solo. 
 
4.5 - Resultados de pesquisas 
 
Pedreira (1973) constatou que o capim-gordura possui maior taxa de 
crescimento durante o outono, quando comparado aos capins colonião, jaraguá e 
pangola. Isso demonstra melhor distribuição da produção anual de forragem do 
capim-gordura. 
Em experimento conduzido em Coronel Pacheco, MG, sob cortes, verificou-
se que o capim-gordura respondeu a aplicações anuais de nitrogênio de até 250 
kg.ha-1, na forma de uréia (Carvalho et al., 1989), indicando ser este o potencial de 
resposta do capim-gordura à adubação com nitrogênio. 
Uma das grandes vantagens do capim-gordura é sua alta aceitabilidade pelos 
animais. Sanches et al. (1993) avaliaram a seletividade de bovinos em pastagem 
natural e constataram que essa gramínea foi a mais aceita pelos animais, constituindo 
45 % da dieta no período chuvoso e 37 % no período da seca. 
O valor nutritivo do capim-gordura depende das condições de ambiente, de 
manejo e da forma como a forragem é produzida e colhida. No Quadro 3, encontram-
se algumas características de valor nutritivo do capim-gordura, que servem como 
informações de referência, quando não for possível determinar o valor nutritivo deste 
capim para as condições específicas em que é utilizado. 
Com relação aos teores de extrato etério, Valadares Filho et al. (2006) 
compilaram vários resultados obtidos de pesquisas com o capim-gordura e 
constataram valores entre1,30 a 5,62 %, com base na matéria seca, variando 
principalmente em função da idade do capim. Esses valores são considerados 
normais quando comparados aos de outras gramíneas tropicais e, assim, 
 19 
desmistificam a afirmação de que o capim-gordura possui alto percentual de gordura, 
conforme sugere o nome comum dessa gramínea. 
 
Quadro 3 - Características de valor nutritivo do capim-gordura em função da idade e 
de seus componentes morfológicos 
Capim-gordura PB FDN LIG DMS 
0 – 30 dias 13,32 82,25 4,30 61,27 
31 – 45 dias 11,73 - 3,70 58,57 
46 – 60 dias 9,74 83,49 5,54 52,16 
61 – 90 dias 9,08 84,04 4,84 57,29 
91 – 120 dias 6,40 90,19 7,27 40,61 
121 – 150 dias 5,19 92,46 7,12 - 
151 – 180 dias 4,20 - 9,30 40,39 
181 – 240 dias 3,45 - 9,50 36,77 
Colmo 6,05 82,25 7,20 - 
Folha 13,34 71,00 5,14 52,49 
PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; LIG- lignina; DMS- digestibilidade da matéria 
seca; 
Fonte: Valadares Filho et al. (2006). 
 
 A capacidade de suporte do pasto de capim-gordura é baixa, conforme 
experimentos conduzidos na Embrapa Gado de Leite, na Zona da Mata de Minas 
Gerais, onde foram avaliados os efeitos da taxa de lotação e da suplementação 
volumosa sobre o ganho de peso de animais na fase de recria e a persistência da 
pastagem de capim-gordura (Botrel et al., 1998). De acordo com os resultados, em 
ausência de suplementação volumosa, taxas de lotação a partir de 0,8 UA.ha-1.ano 
causaram rápida degradação da pastagem de capim-gordura. Adicionalmente, a 
 20 
capacidade de resposta à adubação nitrogenada para essa forrageira ocorreu até a 
dose de 150 kg.ha-1.ano de N. 
Em trabalho realizado por Vilela et al. (1980), na Zona da Mata do estado de 
Minas Gerais, vacas mestiças mantidas em pastos de capim-gordura, sem 
fornecimento de ração suplementar, produziram, em média, 12 kg.vaca.dia-1, 
produção bastante satisfatória em condições de pastos de gramíneas tropicais. 
Sementes de capim-gordura também não são encontradas nas principais 
empresas que comercializam sementes de forrageiras. Todavia, se o produtor tiver 
interesse em colher sementes de capim-gordura, Garcia et al. (1989) recomendam 
que esta operação seja realizada quando as plantas estiverem com as panículas 
fechadas e de coloração marrom-escura. Devido à sua baixa capacidade de suporte, 
rebrotação pouco vigorosa e elevação precoce do meristema apical, o capim-gordura 
está sendo largamente substituído por outras espécies forrageiras, principalmente 
pela Brachiaria decumbens. 
O melhoramento genético do capim-gordura não têm sido significativo no 
Brasil, já que não existe banco de germoplasma da espécie em nenhum órgão de 
pesquisa ou universidade brasileira. Assim, a diversidade existente no país não é 
suficiente para que se inicie um programa de melhoramento genético, ainda mais 
quando se considera o fato da espécie se reproduzir por apomixia. 
 
5 - CAPIM-JARAGUÁ - Hyparrhenia rufa (Ness) Stapf. 
 
5.1 - Origem 
 
 O gênero Hyparrhenia possui 52 espécies, sendo 40 perenes e 12 anuais. A 
maioria dessas espécies é nativa da África Tropical e algumas da região 
mediterrânea, Índia, Indonésia, Austrália e Américas (Clayton, 1969). No Brasil, 
 21 
predomina a espécie Hyparrhenia rufa, que foi denominada capim-jaraguá ou capim-
provisório, sendo originária do continente africano. 
Essa espécie chegou ao Brasil acidentalmente, quando os navios que 
comercializavam escravos aportaram no país (Parsons, 1972), como a maioria das 
forrageiras utilizadas no país. Apresentando grande capacidade de multiplicação e 
ocupação de áreas, a espécie foi amplamente explorada com interesse forrageiro, 
principalmente nas regiões de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato 
Grosso de Sul, Tocantins e Maranhão. Devido a sua ampla ocorrência, é considerada 
naturalizada em vários locais do país (Leite et al., 2000). 
O nome capim-jaraguá é de origem tupi e significa ”senhor do campo”, o que 
poderia ser atribuído ao seu caráter dominante. Sua ocorrência próxima à cidade de 
Jaraguá, em Goiás, também pode explicar essa designação (Aronovich & Rocha, 
1985). 
 
5.2 - Caracterização morfológica 
 
 O capim-jaraguá é uma planta perene, cespitosa, não rizomatosa, com colmos 
finos e glabros. Apresenta grande capacidade de perfilhamento basal e pode atingir 
até três metros de altura quando cultivada em solos férteis. Em condições de pastejo 
mais intenso e freqüente pode formar um denso gramado (Otero, 1961). Apresenta 
lâmina foliar bastante longa e estreita, com pouca pilosidade. A lígula é bastante 
desenvolvida, com grande presença de pêlos e de coloração verde-clara. 
O pasto de capim-jaraguá forma densas touceiras. Quando em estádio 
reprodutivo, os perfilhos com inflorescência possuem colmos lignificados e poucas 
folhas. A inflorescência do capim-jaraguá é de tamanho variável e do tipo panícula 
espiciforme. As sementes são providas de aristas (cerdas) geniculadas, formadas por 
dois elementos contorcidos, como os de uma corda, muito sensíveis às variações de 
 22 
temperatura, o que imprimi movimentos de rotação, fazendo com as sementes 
penetrem e aumentem seu contato com o solo. 
O capim-jaraguá tem crescimento inicial bastante lento, alongando o colmo 
muito tardiamente. É pequena a diferenciação morfológica das plantas de capim-
jaraguá durante os primeiros três meses de idade, isto é, toda a planta é praticamente 
constituída por folhas nesta fase. 
 
5.3 - Caracterização Agronômica 
 
 O capim-jaraguá desenvolve-se bem desde o nível do mar até altitude de 
2.000 m. Adapta-se às regiões com precipitação média anual variando entre 400 e 
4.000 mm (Alcântara & Bufarah, 1988). Também é bastante adaptado às regiões de 
clima quente e, geralmente, possui boa capacidade de rebrotação após a queima. Essa 
gramínea não tolera solos sujeitos ao alagamento ou com lençol freático superficial 
(Bogdan,1977). 
O capim-jaraguá desenvolve-se melhor em solos arenosos (Mitidieri, 1992) e 
é considerado medianamente exigente em fertilidade do solo, respondendo bem à 
calagem (Skerman & Riveros, 1990). 
Em geral, essa forrageira mantém-se em estádio vegetativo por período 
relativamente curto, apresentando grande estacionalidade de produção de forragem e 
concentrando maior produção no período das águas, onde o alongamento do colmo é 
bastante visível ao final desse período. Aliás, essa é a justificativa da denominação 
capim-provisório, pois durante a época da seca a utilização do pasto de capim-
jaraguá fica limitada em função da redução no seu crescimento, bem como à sua 
baixíssima qualidade conferida pela presença de perfilhos em estádio reprodutivo no 
pasto. 
A produção de sementes do capim-jaraguá é alta (200 a 300 kg.ha-1), porém a 
percentagem de germinação é baixa (Curado & Costa, 1980). A propagação do 
 23 
capim-jaraguá é feita por sementes, embora seja possível o plantio por mudas. No 
primeiro caso, utiliza-se aproximadamente de 15 a 20 kg de sementes por hectare, 
enquanto que na segunda condição pode-se adotar o espaçamento entre as mudas de 
80 cm. Como as sementes de capim-jaraguá possuem cerdas, a semeadura de forma 
mecanizada é dificultada. Principalmente durante a fase de estabelecimento, o capim-
jaraguá pode ser atacado por formigas. 
O capim-jaraguá é bem aceito pelos animais e possui bom valor nutritivo 
quando em estádio vegetativo. Durante e após o florescimento, a estrutura do pasto 
torna-se não predisponente ao consumo e desempenho animal. De fato, acredita-se 
que o menor desempenho animal constatado em pastos de capim-jaraguá decorre de 
seu menor consumo pelos animais (Gomide et al., 1980). 
 
5.4 - Formas de utilização 
 
 O capim-jaraguá é bastante utilizado sob pastejo e há poucos relatos de seu 
uso para produção de feno. Segundo Skerman & Riveros (1990) sua utilização como 
silagem é viável, embora de baixa qualidade, devidoao lento processo de 
fermentação. 
O método de pastejo mais adequado para o capim-jaraguá, é o de lotação 
intermitente, em razão do crescimento cespitoso e do porte alto dessa forrageira, 
principalmente no estádio reprodutivo. Neste método de pastejo, recomenda-se que o 
início do período de ocupação ocorra quando o pasto atingir 60 a 70 cm e o seu 
término, quando o mesmo for rebaixado para 15 a 30 cm (Curado & Costa, 1980). 
Salienta-se que as recomendações para o manejo do pastejo do capim-jaraguá são 
basicamente norteadas pelo conhecimento empírico. 
O capim-jaraguá não é indicado para o pastejo diferido, devido à baixa 
qualidade da forragem produzida, que poderia apenas atender as exigências de 
manutenção dos animais. 
 24 
O manejo do capim-jaraguá inclui ainda roçadas periódicas feitas, 
preferencialmente, no fim do período de seca com a finalidade de combater plantas 
daninhas e remover colmos velhos remanescentes para, assim, garantir melhores 
condições de rebrotação no início da primavera (Curado & Costa, 1980). Outra 
alternativa muito utilizada, quando o pasto de capim-jaraguá encontra-se alto, foi a 
realização de queimadas para eliminar o excesso de forragem de baixa qualidade na 
pastagem. Essa estratégia foi um dos motivos da degradação da pastagem de capim-
jaraguá no Brasil, principalmente quando realizada frequentemente. 
 Alguns trabalhos sugerem sucesso da consorciação do capim-jaraguá com a 
maioria das leguminosas forrageiras existentes. Todavia é importante ressaltar que a 
ocorrência de sucessos nos consórcios entre gramíneas e leguminosas tropicais tem 
sido, via de regra, muito difícil. 
A produção de feno de capim-jaraguá, embora pouco realizada, é possível 
devido à sua forma de crescimento cespitosa, que facilita o corte mecânico, e aos 
seus colmos finos, que favorecem a desidratação no campo (Aronovich & Rocha, 
1985). 
 
5.5 - Resultados de pesquisas 
 
 Uma das principais características do capim-jaraguá é a sua estacionalidade 
produtiva. Pedreira (1973) quantificou a taxa de acúmulo de forragem do capim-
jaraguá, que correspondeu a 56,1 e 1,7 kg.ha-1.dia durante o verão e o inverno, 
respectivamente. Na região de Sete Lagoas, MG, Mozzer et al. (1973) obtiveram 
produção de forragem de capim-jaraguá variando entre 6 e 10 t.ha-1.ano num total de 
quatro cortes. 
Moore & Mott (1973) registraram teor de proteína bruta (PB) de 15 % e 
percentuais de digestibilidade da massa seca de 43 a 67 % em pastos de capim-
jaraguá. Contudo, segundo os autores, ocorre rápido decréscimo no seu valor 
 25 
nutritivo com a mudança do estádio vegetativo para o reprodutivo, o que reduz o 
período ótimo de utilização do pasto. 
Nascimento Jr & Pinheiro (1975) observaram que, após 60 e 70 dias de 
crescimento, houve elevação no teor de lignina e redução nas percentagens de 
digestibilidade da MS e PB, tanto nas lâminas quanto nos colmos do capim-jaraguá. 
Daubenmire (1972) encontrou 7,4 % de PB na MS no período das águas e apenas 1,4 
% na estação seca. 
Durante dois anos agrícolas, Gomide et al. (1984) avaliaram a produção de 
bovinos em pastagens de capim-jaraguá manejas em lotação contínua com taxa de 
lotação variável, de acordo com a combinação entre alturas de pastejo (pasto alto e 
pasto baixo) e adubação nitrogenada (0 e 60 kg.ha-1 de N). A taxa de lotação das 
pastagens sem e com adubação nitrogenada foram 266 e 293 dia.UA-1.ha. O 
desempenho animal na pastagem adubada foi superior (858 g.novilho.dia-1) ao obtido 
na pastagem não adubada (792 g.dia-1.novilho), embora sem diferença 
estatística. A produção por área foi significativamente incrementada, de 183 para 248 
kg.ha-1, pela adubação com nitrogênio. Não foram observados efeitos das alturas de 
pastejo a que o capim-jaraguá foi submetido. 
Nos últimos anos, a importância relativa do capim-jaraguá frente às 
gramíneas lançadas no mercado nacional têm diminuído rapidamente, não sendo, 
inclusive, incluída na relação das forrageiras comercializadas na maioria dos 
catálogos das empresas produtoras de sementes. De fato, a venda de sementes dessa 
forrageira vêm diminuindo a cada ano. No estado de São Paulo, em 1995/1996 um 
estudo com 217.791 propriedades (10,27 milhões de hectares de pastagens) mostrou 
que as gramíneas dos gêneros Brachiaria, Panicum, Pennisetum e Hyparrhenia, 
ocorriam, respectivamente em 67,8 %, 2,0 %, 12,7 % e 1,2 % dos estabelecimentos 
(Lupa, 2000). Mediante essa realidade, não se tem encontrado muitos estudos ou 
pesquisas com capim-jaraguá nos últimos anos. 
 26 
 Uma das restrições para o melhoramento genético da espécie tem sido a 
pequena variabilidade genética dessa forrageira no Brasil, não havendo um banco de 
germoplasma para que se possa realizar futuros trabalhos de melhoramento. A 
reprodução do capim-jaraguá é por apomixia, havendo assim, uma grande 
uniformidade na população de plantas cultivadas. Valarini et al. (1996) utilizaram 
radiação gama para indução de mutações em sementes e gemas objetivando aumento 
da variabilidade genética, entretanto foram obtidas plantas com baixo crescimento e 
pouco vigor e sem variação no ciclo vegetativo (Veasey et al., 1996). 
 
6 - CAPIM-PANGOLA (Digitaria decumbens Stent.) 
 
6.1 - Origem 
 
 O capim-pangola (Digitaria decumbens) é originário da província de 
Transvala, na África do Sul. O nome capim-pangola é devido ao fato desse capim ter 
sido encontrado, primeiramente, vegetando as margens do rio Pangola, na África. 
A espécie foi introduzida no Brasil por volta de 1952, constituindo-se opção 
ao uso do capim-colonião, cujos pastos encontravam-se pouco produtivos. Ademais, 
a adaptação do capim-pangola aos solos de baixa fertilidade também foi uma 
característica relevante para justificar sua introdução no Brasil. Assim, quando as 
primeiras mudas chegaram ao Brasil, ocorreu o que se denominou “febre do 
Pangola”, devido à grande demanda e interesse dos pecuaristas por esta forrageira. 
Infelizmente, o manejo conferido ao capim-pangola não foi condizente com suas 
características morfológicas e agronômicas, o que ocasionou, ao longo dos anos, a 
diminuição de sua utilização para formação de pastagens. No Brasil, são utilizadas 
duas cultivares: Pangola e Transvala. 
 
 
 27 
6.2 - Caracterização morfológica 
 
 Ambas cultivares de D. decumbens são gramíneas perenes e estoloníferas, 
com folhas finas e abundantes. Os estolões emitem brotações e raízes a partir de cada 
nó em contato com o solo, formando densas touceiras, das quais partem numerosos 
estolões que enraízam facilmente, originando novas touceiras que protegem 
eficientemente o solo contra erosão. Sua altura varia em função do manejo, mas pode 
atingir 1,20 m. A inflorescência é do tipo rácemo e composta por três a doze ráquis 
arranjados digitadamente. Morfologicamente, as diferenças entre as cultivares 
Pangola e Transvala são pouco perceptíveis. 
A cultivar Pangola apresenta estolões mais superficiais, que cobrem todo o 
solo, e possui colmos eretos que podem alcançar até 60 cm de altura. As folhas 
também apresentam pouca pilosidade. A inflorescência é racemosa, digitada e 
subdigitada com três a nove rácemos. 
A cultivar Transvala possui folhas finas e numerosas. As folhas são pouco 
pilosas, e os pêlos se concentram, principalmente próximo à lígula, que é 
membranácea, e ao colar, sendo o restante glabro. Essa quantidade de pêlos é 
variável durante as estações do ano. O colmo do estolão apresenta pubescência nos 
nós. As brotações que saem dos estolões podem atingir de 0,60 a 1,20 m de altura. 
 
6.3 - Caracterização agronômica 
 
 O capim-pangola pode ser cultivada desde o nível do mar até 600 a 800 m de 
altitude, desde que a precipitação pluvial esteja acima de 700 mm. Essa forrageira 
apresenta certa resistência à seca e a geada, além de possuir, em geral, boa rebrotação 
após a queimada do pasto. O seu desenvolvimento éprejudicado em temperaturas 
abaixo de 16ºC e acima de 41ºC, sendo otimizado na faixa de temperatura entre 27 e 
30ºC. 
 28 
Vegeta bem em solos úmidos, sendo uma excelente opção para regiões de 
baixadas. Apresenta produtividade satisfatória em solos de distintas texturas, porém 
se desenvolvendo melhor naqueles arenosos. Tolera solos de baixa fertilidade 
natural, mas quando cultivado em solos férteis, a produção de forragem aumenta 
significativamente (Pupo, 1973). Em geral, responde favoravelmente à adubação, 
principalmente a nitrogenada, e é sensível à deficiência de cobre. 
Geralmente, o maior percentual das raízes do capim-pangola encontra-se nos 
primeiros 30 cm de profundidade no solo, mas estas podem se encontradas em 
maiores profundidades. Entretanto, em solos pesados e úmidos há limitação ao 
desenvolvimento radicular. Em situação de pastejo intenso, o solo cultivado com D. 
decumbens apresenta pouco problema de compactação. 
A forma de crescimento estolonífera garante ao capim-pangola boa 
capacidade competitiva e de cobertura do solo, conferindo-lhe a capacidade de 
vencer a competição com plantas invasoras eficazmente. Isso também o torna difícil 
de ser erradicado. 
O capim-pangola propaga-se por mudas, pois embora a emissão de 
inflorescências seja bastante elevada, poucas sementes são formadas e, quando essas 
são produzidas, reduzido percentual é viável. As mudas podem ser plantadas em 
covas, sulcos ou em solo totalmente arado e gradeado. Neste último caso, após a 
aração, as mudas são espalhadas na área e, depois, é realizada a gradagem para o 
enterrio de parte das mudas. Ainda é recomendável a utilização do rolo compactador 
para assegurar maior contato do solo com as mudas e, assim, assegurar o melhor 
enraizamento das mesmas. O estabelecimento do capim-pangola é rápido. 
Acredita-se que a forma de propagação vegetativa contribui para a baixa 
variabilidade genética da espécie e, por conseguinte, aumente a susceptibilidade do 
mesmo às pragas e doenças (Maraschin, 1988). A cultivar Transvala possui 
resistência ao nematóide Belonolaimus longicaudatus e ao vírus do enfezamento do 
Pangola, que é comum na América do Sul (Alcântara e Bufarah,1992). No Brasil, a 
 29 
utilização do capim-pangola é bastante limitada, principalmente devido a sua 
susceptibilidade à cochonilhas e às cigarrinhas-das-pastagens. 
Quando manejado adequadamente, possui bom valor nutritivo. Essa 
característica se deve ao seu colmo delgado e suas folhas abundantes. Apresenta 
período prolongado de florescimento e, ainda assim, mantém um bom valor nutritivo. 
Em regime de cortes, o capim-pangola apresenta produção anual de 
aproximadamente 15 t.ha-1.ano. A cultivar Transvala é mais produtiva do que a 
cultivar Pangola, principalmente em solos mais férteis. 
 
6.4 - Forma de utilização 
 
 O capim-pangola tem boa aceitabilidade pelos animais e pode ser utilizado 
sob pastejo, para produção de feno e de silagem. O capim-pangola pode ser 
manejado sob lotação intermitente ou lotação contínua. Alguns autores recomendam 
o manejo em lotação rotativa para a manutenção do adequado estande de plantas no 
pasto. Neste caso, as recomendações de manejo do pastejo consistem no emprego de 
um período de descanso variável em função da taxa de crescimento da planta, bem 
como a adoção de altura de resíduo pós-pastejo de cerca de 10 a 15 cm. 
Vale destacar que não existem pesquisas realizadas com o capim-pangola para 
recomendações adequadas de manejo do pastejo para essa forrageira. Dessa forma, 
muitas recomendações são feitas com base no conhecimento empírico. Com relação 
à consorciação com leguminosas forrageiras, o capim-pangola apresenta baixa 
compatibilidade devido à sua grande competitividade. 
De acordo com Aronovich & Rocha (1985), pasto de capim-pangola também é 
bem aceito por cavalos, apresentando boa resistência ao pisoteio e à desfolhação por 
esses animais. 
A produção de feno é de cerca de 10 t.ha-1.ano com adubação de 300 kg.ha-1 de 
N (Mitidieri, 1992). Poucos são os relatos na literatura quanto à utilização dessa 
 30 
gramínea forrageira para ensilagem, entretanto Semple (1966) considerou a silagem 
dessa forrageira como deficiente em proteína. 
 Devido à sua capacidade de cobertura do solo o capim-pangola tem se 
mostrado muito adequado para revegetação de áreas de mineração e de áreas 
decapeadas. Também se desenvolve bem em taludes e cortes de estrada. 
 
6.5 - Resultados de pesquisa 
 
 O capim-pangola é bastante responsivo à adubação nitrogenada. Werner et al 
(1967) adubaram pastos de capim-pangola com até 800 kg.ha-1 de N, parcelado em 
duas aplicações, e obtiveram produção de forragem de até 34 t.ha-1 de MS.ano. Esses 
autores também verificaram que o parcelamento mantém os níveis de PB na 
forragem mais altos. Em outro experimento, Lima et al. (1968) obtiveram taxas de 
lotação de 2,92 novilhos.dia-1 em pastagem adubada com 200 kg.ha-1 de N e 2,64 
novilhos.dia-1 quando a pastagem não recebeu a adubação nitrogenada. O ganho 
médio diário por animal foi de 545 e 585 g para a pastagem adubada e não adubada, 
respectivamente. 
Em relação à fonte de N, parece não haver muitas diferenças, mas Werner et 
al. (1974) verificaram melhor resposta do capim-pangola quando amônia anidra foi 
aplicada em comparação à aplicação de uréia. 
Outro aspecto interessante e importante no capim-pangola diz respeito à 
fixação biológica de N por associação entre essa gramínea e bactérias, especialmente 
na cultivar Transvala, em que ocorre uma das mais ativas formas de associação. 
Nesse sentido, o gênero Digitaria, apesar do melhoramento e seleção a que foi 
submetido, manteve a característica associativa com Aspirillum brasiliense, cuja 
ocorrência no solo é dependente do pH próximo a 7,0 (Weier, 1980). Na Austrália, 
foram estimados valores de 0,076 e 0,186 kg.ha-1.dia de N, como média em dois 
 31 
verões consecutivos. Infere-se, portanto, que o capim-pangola poderia contribuir para 
a manutenção da sustentabilidade em sistemas de produção mais extensivos. 
O capim-pangola foi avaliado por Pringolato et al. (1983) durante o período 
de seca, onde foi manejado em regime de cortes com freqüências de 30 e 60 dias, 
apresentando 11,8 e 8,9 % de proteína bruta, respectivamente. O intervalo entre 
cortes determina a idade do pasto no momento de sua colheita, fator que influencia 
sobremaneira o valor nutritivo da gramínea (Quadro 4). 
 
Quadro 4 - Características de valor nutritivo do capim-pangola em função da idade 
Idade (dia) MS PB LIG DMS 
46-60 21,60 6,15 5,20 52,43 
91 – 120 30,20 3,90 5,80 47,77 
151 – 180 38,50 3,10 8,10 44,22 
181 - 240 46,20 3,10 9,40 43,08 
MS- matéria seca; PB- proteína bruta; LIG- lignina; DMS- digestibilidade da matéria seca; 
Fonte: Valadares Filho et al. (2006). 
 
Segundo Botrel et al. (1998), ganhos em peso de até 760 kg.ha.ano-1 foram 
obtidos em pastagens de capim-pangola intensivamente manejada (irrigadas e 
fertilizadas com 670 kg.ha-1.ano de N) e pelo menos dois fatores são atribuídos ao 
bom desempenho dos animais mantidos nessas pastagens: altos percentuais de 
lâminas foliares e de açúcares nos colmos. 
Em um sistema de produção de leite em regime exclusivo de pasto de 
capim-pangola cv. Transvala, localizado em Pinheral, RJ, os índices de 
produtividade obtidos foram de 10 kg.dia-1.vaca e 17 kg.dia-1.ha. Esses resultados 
corresponderam à média de 33 meses de avaliação (Aronovich & Rocha, 1985). 
 
 
 32 
7 - CAPIM-SETÁRIA – Setaria anceps Stapf. ex. Massey 
 
7.1 - Origem 
 
 A maior parte das espécies do genêro Setaria são de origem africana, mas são 
encontradas também em outras regiões subtropicais e mediterrâneas (Bodgan, 1977), 
sendo possível encontrar, inclusive, algumas espécies no Rio Grande do Sul, 
consideradas nativas do Brasil (Mattos & Mattos, 2000). No pantanal do Mato 
Grosso existe uma espécie nativa, a Setariageniculata, conhecida como capim-
mimoso-vermelho. 
 As cultivares de Setaria anceps mais utilizadas são: Nandi, Kazungula e 
Narok. A cultivar Nandi foi selecionada a partir de material encontrado no Quênia, 
num local chamado Nandi (Mattos & Mattos, 2002). A cultivar Kazungula foi 
primeiramente lançado comercialmente na Austrália, a partir de plantas selecionadas 
no Zâmbia. A cultivar Narok é oriunda da mesma região da cultivar Nandi, tendo 
advindo, porém, de regiões com mais de 2.000 m de altitude. No Brasil, as cultivares 
são denominadas vulgarmente de capim-setária, capim-congo, capim-rabo-de-raposa 
e capim-de-cachorro. 
 
7.2 - Caracterização morfológica 
 
 As cultivares da espécie Setaria anceps utilizadas no Brasil são perenes, 
cespitosas, com rizomas pouco desenvolvidos e de porte alto, com plantas podendo 
atingir até 2 m de altura. As folhas são glabras e as bainhas são comprimidas em 
forma de quilhas dispostas em leque na base do colmo, que é achatado. As lígulas 
são bastante visíveis e desenvolvidas com a parte superior coberta de pêlos. As 
inflorescências são do tipo panículas contraídas, delgadas e compactas, com 
tonalidades que variam de acordo com a cultivar. 
 33 
A cultivar Nandi possui touceiras que podem atingir até 1,5 m de altura no 
estádio de florescimento, com colmos eretos e rizomas curtos. As inflorescência são 
de cor amarronzada, com cerca de 30 cm de comprimento. Uma das grandes 
vantagens dessa cultivar é seu florescimento tardio, o que implica na manutenção do 
pasto de capim-setária com melhor valor nutritivo durante maior período de tempo. 
A caracterização morfológica da cultivar Kazungula assemelha-se bastante a 
da cultivar Nandi, com diferenças mais proeminentes na coloração da inflorescência, 
que na cultivar Kazungula possui tom mais claro e a cor das folhas é verde-azulado. 
Apresenta também porte maior do que a cultivar Nandi, podendo atingir até 2 m de 
altura quando em florescimento. A cultivar Kazungula se caracteriza também por 
intenso florescimento e, segundo Alcântara & Bufarah (1988), este pode ser reduzido 
com pastejo intenso. 
As plantas da cultivar Narok podem atingir até 1,8 m na época do 
florescimento e são considerada por Mattos & Mattos (2000) como intermediárias 
entre as cultivares Nandi e Kazungula no tocante ao vigor. Poucas são as diferenças 
morfológicas dessa cultivar em relação às outras, principalmente em relação à 
cultivar Nandi. 
 
7.3 - Caracterização Agronômica 
 
Chama a atenção no capim-setária a sua capacidade de adaptação aos 
distintos tipos de solos, desde os arenosos aos argilosos. Além de tolerar bem a seca, 
também suportam solos mal drenados, inclusive sujeitos aos períodos de alagamento 
temporários. Dessa forma, o capim-setária consiste em opção adequada para as áreas 
de várzea. 
O capim-setária é encontrado desde o nível do mar até altitudes de 3.000 m 
(Bogdan, 1977). Plantas da cultivar Nandi são adaptadas a locais com precipitação 
superior a 250 mm.ano-1, toleram bem secas e geadas e, segundo Luck (1979), são 
 34 
mais indicadas para solos profundos. O capim-setária tem sido recomendado para 
regiões com precipitação pluvial anual mínima de 750 mm. 
De modo geral, o capim-setária é tolerante ao frio, mas o máximo de 
produtividade dessas plantas em regiões subtropicais ocorre nas estações de 
primavera, verão e outono. Em regiões livres de geadas, se o pasto for devidamente 
adubado, o capim-setária pode apresentar bom crescimento durante o inverno. Esta é 
a razão para as recomendações de que o capim-setária poderia substituir algumas 
gramíneas de inverno para produção de forragem durante o período de escassez. 
As cultivares Kazungula e Narok são consideradas mais tolerantes às 
condições de seca e de baixa temperatura, respectivamente. A cultivar Kazungula 
adapta-se melhor aos solos rasos, suporta melhor condições de alagamento 
prolongado e possui mais rápido estabelecimento do que a cultivar Nandi. 
Em geral, as três cultivares citadas anteriormente se desenvolvem bem em 
solos de média fertilidade. Essas gramíneas, são bastante responsivas à adubação 
fosfatada, havendo aumentos significativos em produção de forragem e, segundo 
Pimentel & Zimmer (1983), apresentam boa produção de sementes em solos com 
elevada acidez. O capim-setária também não é adaptado aos solos salinos. 
O capim-setária se propaga predominantemente por sementes, mas também 
pode ser propagado vegetativamente (Jones & Rees, 1973), com mudas enraizadas. 
O estabelecimento do pasto é lento e irregular, com conseqüente demora para 
utilização inicial da pastagem. As sementes do capim-setária são de reduzido 
tamanho e, na cultivar Kuzungula, estima-se que existam cerca de 1.490 sementes 
em um grama (Souza, 1993). Em geral, são necessários de 6 a 8 kg de sementes, com 
cerca de 30 % de valor cultural, para a formação de um hectare de pastagem. As 
cultivares, em geral, são bastante susceptíveis ao ataque de cigarrinhas-das-
pastagens. A cultivar Kazungula é considerada tolerante à cigarrinha-das-pastagens 
devido à rigidez dos tecidos na base do seu colmo. 
 35 
Talvez a maior limitação nutricional do capim-setária seja sua concentração 
elevada de oxalato, que é nocivo à saúde dos animais, pois reage com o cálcio, 
tornando-o indisponível e, assim, ocasionando deficiência induzida deste mineral 
(Martines, 1993). Muitos autores consideram como níveis tóxicos de oxalatos 
valores entre 4 e 7 % (Jones & Ford, 1972) e, nestas condições, intoxicação de 
bovinos pode ocorrer quando animais com estado nutricional precário e não 
adaptados ao consumo destas substâncias são introduzidos na pastagem (Pimentel & 
Zimmer, 1983). Em geral, quando comparadas em mesmo estádio de 
desenvolvimento, a cultivar Nandi possui menor teor de oxalato do que a cultivar 
Kazungula. 
 
7.4 - Formas de utilização 
 
 O capim-setária é bem aceito pelos animais e as cultivares utilizadas no 
Brasil são, em sua maioria, utilizadas para pastejo, mas com potencial para serem 
exploradas sob corte. Alguns trabalhos de pesquisa mostram sucesso na utilização 
dessa forrageira sob a forma de feno e silagem (Hassan, 1990). Entretanto, a 
conservação dessa gramínea forrageira sob a forma de feno apresenta restrições 
devido à baixa relação lâmina:colmo e à maior espessura do colmo, que dificultam o 
processo de desidratação da forragem, além de piorar o valor nutritivo do feno, 
principalmente quando a planta encontra-se em estádio fisiológico mais avançado. A 
ensilagem desta gramínea também apresenta restrições em função do baixo teor de 
matéria seca na planta na época ideal de colheita, dificultando a ocorrência de um 
processo adequado de fermentação láctica. 
As recomendações disponíveis de manejo do pastejo para o capim-setária são 
pouco objetivas. Recomenda-se, após o primeiro ano de estabelecimento do pasto, 
manter uma taxa de lotação na pastagem que minimize o florescimento intenso dos 
perfilhos a fim de manter o melhor valor nutritivo do pasto. 
 36 
 
7.5 - Resultados de pesquisa 
 
 Em estudo sobre eficiência de cobertura do solo por gramíneas tropical, 
Botrel et al. (1987) indicaram que, apesar do crescimento cespitoso, o capim-setária 
proporcionou 72 % de cobertura de solo quando submetido ao pastejo, valor este 
superior aos das espécies de mesma forma de crescimento, como Andropogon 
gayanus e algumas cultivares de Panicum maximum. 
A produção máxima de forragem para o capim-setária é atingida após o 
segundo ou terceiro ano de estabelecimento (Bodgan, 1977). Humphreys (1974) 
afirma que na Austrália a produção de MS é de 10 t.ha-1 atingindo até 27 t.ha-1 com 
irrigação. No Brasil, estudos com setária para corte, com e sem adubação, mostraram 
produção de até 176 t.ha-1 de matéria verde, avaliados em treze meses (Zuñiga, 
1967). 
 O capim-setária apresenta alta tolerância ao alumínio trocávelno solo, sendo 
comparável à tolerância de gramíneas como a B. decumbens e B. humidicola 
(Cantarutti et al., 1994). Respostas à adubação nitrogenada têm variado de 8 a 65 kg 
de MS por kg de N aplicado e, aparentemente, a maior eficiência tem sido obtida 
com aplicações próximas de 200 kg.ha-1 de N (Leite et al., 1995). 
 Schenk et al. (1982) encontraram concentração de oxalato em plantas verde 
de 62 g.kg-1. A percentagem de oxalato aumenta com a aplicação de nitrogênio e 
decresce com a idade da planta (Gomide et al., 1992). Aparentemente, qualquer 
categoria animal em boas condições orgânicas não apresentaria problemas (Schenk et 
al., 1982), o que foi constatado em trabalhos utilizando a cultivar Kazungula para 
vacas em lactação (Alvin et al., 1995). Outras características de composição química 
do capim-setária são apresentadas na Quadro 5. 
 De acordo com Pimentel & Zimmer (1983), foram obtidos ganhos de peso 
animal satisfatórios em pastos de capim-setária durante a época de seca, em Campo 
 37 
Grande, MS, adotando-se taxa de lotação correspondente a uma vaca por hectare. 
Durante o período chuvoso, a capacidade de suporte da pastagem foi de 2,4 vacas.ha-
1. 
 
Quadro 5 - Características de valor nutritivo do capim-setária em função da idade e 
de componentes morfológicos 
Idade (dia) MS PB FDN LIG 
0 – 30 13,88 16,26 55,02 5,22 
31 – 45 13,38 13,24 61,60 7,38 
46 – 60 18,81 8,65 67,12 4,92 
Bainha foliar - 7,30 73,13 7,00 
Folha - 15,50 71,95 6,63 
Colmo - 9,06 82,98 8,65 
MS- matéria seca; PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; LIG- lignina; 
Fonte: Valadares Filho et al. (2006). 
 
 Alguns programas de melhoramento com essa espécie, já foram ou vêm 
sendo conduzidos, visando principalmente aumento de produtividade, incremento na 
produção de sementes e tolerância à geada. 
Assim como o capim-jaraguá, o capim-setária já teve maior importância na 
pecuária, caindo em desuso nos últimos anos e, atualmente, nem sequer figura na 
lista de relação de sementes forrageiras vendidas no Brasil. Devido a esse fato, 
pesquisas com esta forrageira vêm diminuindo ao longo dos anos. 
 
8 - CAPIM-QUICUIO – Pennisetum clandestinum Hochst. Ex Chiov 
 
8.1 - Origem 
 
 38 
 O capim-quicuio é originário da África Central e Oriental, principalmente do 
Zaire e Quênia e, ainda, de regiões da Etiópia, Uganda, Tanzânia, Congo e Ruanda. 
O nome quicuio provém de uma tribo de nativos do Quênia, um dos principais locais 
em que esta gramínea é originária (Araújo, 1978). Constitui uma das espécies 
forrageiras mais difundidas e cultivadas em regiões tropicais do mundo, com 
destaque para regiões da Costa Rica, Colômbia, Hawai e Sul da África. Essa 
forrageira foi introduzida no Brasil, em 1924, pelo engenheiro agrônomo Jorge 
Villares e disseminada para vários estados do país. Além do capim-quicuio comum, 
existem duas outras cultivares, a Whittet e a Breakwell. 
 
8.2 - Caracterização morfológica 
 
 O capim-quicuio é uma gramínea perene e de grande capacidade de 
alastramento devido aos numerosos rizomas e estolões que emitem brotações e raízes 
na região dos nós. É considerada uma gramínea de porte baixo, variando de 40 a 60 
cm de altura (Mitidieri, 1992), que forma um denso relvado e boa cobertura do solo. 
Um dos fatores que influenciam positivamente a altura do pasto de capim-quicuio é a 
fertilidade do solo. Os estolões emitem colmos curtos, mas com elevado número de 
folhas. Estas apresentam bainha pubescente e lígula de 1 a 2 mm, com pêlos brancos 
e sedosos. A lâmina foliar é inteiramente dobrada quando em expansão, tornando se 
plana quando completamente expandida. Os colmos reprodutivos são curtos, 
apresentando folhas com 3,5 a 5 cm de comprimento e 6,5 mm de largura. O sistema 
radicular do capim-quicuio é bastante profundo, podendo penetrar no solo até cerca 
de 5,5 m, embora 90 % do peso total das raízes encontrem-se nos primeiros 60 cm de 
profundidade. A inflorescência é do tipo panícula, bastante reduzida, com somente 2 
a 4 espiguetas que se forma entre o colmo e a base do limbo filiar. Os estames são 
esbranquiçados, brilhantes e efêmeros, aparecendo pela manhã e desaparecendo nas 
horas mais quentes do dia. A razão do nome “clandestinum” se deve à sua 
 39 
inflorescência, que é localizada na base do limbo foliar junto ao colmo e, dessa 
forma, fica normalmente oculta. 
A cultivar Breakwell possui menor capacidade de perfilhamento, 
crescimento mais prostrado, entrenós mais curtos e forma pastos mais densos do que 
a cultivar Whittet. 
 
8.3 - Caracterização agronômica 
 
 O capim-quicuio vegeta bem em locais onde a precipitação máxima é 
próxima de 660 mm anuais, apesar de alguns autores sugerirem necessidade de, em 
média, 800 mm anuais. A faixa ótima de temperatura para essa forrageira situa-se 
entre 16 e 21ºC, não tolerando temperaturas elevadas. É relativamente resistente ao 
frio, porém pode secar em condições de baixa temperatura nos meses de inverno e, 
principalmente, se ocorrer geadas. Tolera sombreamento moderado, por curtos 
períodos de tempo. A espécie P. clandestinum tolera relativamente bem condições de 
seca devido a seu profundo sistema radicular. 
 É uma gramínea altamente exigente em fertilidade do solo, razão pela qual é 
comum sua ocorrência próximo aos currais, em solos férteis e com alto teor de 
matéria orgânica. Sua ocorrência natural é, principalmente, em latossolos roxos 
profundos e de boa fertilidade. Tolera solos pobremente drenados, além de solos 
moderadamente alcalinos até alcalinos. 
 Propaga-se por mudas, que podem ser plantadas a lanço, em sulcos ou em 
covas. A produção de sementes existe, porém sua colheita é dificultada em razão da 
sua formação muito rente ao solo. Esse é um dos motivos pelos quais a 
comercialização de sementes de capim-quicuio é praticamente inexistente no Brasil. 
Em solos de baixa fertilidade o capim-quicuio pode ser atacado por fungos, 
como o que causa a ferrugem, e outros insetos. Também é susceptível à cigarrinha-
das-pastagens e pode ser atacado por lagartas. 
 40 
A produção de forragem da cultivar Breakwell é menor quando comparada à 
da cultivar Whittet. Por outro lado, a capacidade de cobertura do solo e de 
competição com plantas daninhas e à resistência ao pisoteio é maior na cultivar 
Breakwell. 
 
8.4 - Formas de utilização 
 
O capim-quicuio é utilizado basicamente sob pastejo e mais comumente para 
gado de leite do que para bovinos de corte. Segundo Read & Fulkerson (2003), vacas 
de leite em pasto de capim-quicuio bem manejado, sem suplementação com 
concentrado, podem produzir até 12 L.dia-1. Devido ao seu porte reduzido, o capim-
quicuio é de fácil manejo. Além disso, é flexível quanto à forma de utilização, 
podendo ser manejado sob lotação contínua ou no sistema rotativo. 
O capim-quicuio é resistente ao pastejo e ao pisoteio devido, dentre outros 
fatores, à sua forma de crescimento estolonífera. Essa característica o torna 
apropriado para formação de pastagens para ovinos, que pastejam mais baixo, 
próximo ao solo. Sob pastejo, recomenda-se a manutenção do pasto numa altura 
entre 15 a 25 cm. 
 O pasto de capim-quicuio pode ser estabelecido em consórcio com 
leguminosas forrageiras, como os trevos, centrosema e siratro. É também utilizado 
como forragem verde picada para fornecimento aos animais no cocho. A fenação e a 
ensilagem são utilizadas em menor escala, devido ao custo elevado, às grandes 
perdas de massa seca e à menor digestibilidade do feno ou da silagem quando 
comparado ao capim picado. 
 O capim-quicuio é também utilizado em piquetes paras suínos e aves, em 
jardins como planta ornamental e para fins de controle de erosão em áreas marginais. 
 
8.5 - Resultados de pesquisa 
 41 
 
A produção de forragem do capim-quicuio é variável com as condições de 
ambiente e manejo. No Brasil, Otero (1961) relatou a produtividade anual de 60 t.ha-1 de massa verde nos pastos de capim-quicuio, em seis cortes. 
O capim-quicuio responde bem à adubação nitrogenada, o que lhe confere 
vantagem competitiva em relação às espécies menos responsivas à adubação. 
Colman & Kayser (1974), avaliando os efeitos de adubação do capim-quicuio, 
obtiveram eficiência de resposta de 17 a 24 kg de MS por kg.ha-1 de N aplicado. 
 Em geral, dentre as gramíneas de crescimento estolonífero, o capim-quicuio 
não é uma das mais produtivas, principalmente quando comparado às gramíneas do 
gênero Cynodon. Neste contexto, Basso et al. (2004) compararam a dinâmica de 
alocação de massa seca em Tifton 85 e capim-quicuio e observaram maior acúmulo 
de biomassa para o capim-tifton (6,6 t.ha-1) em relação ao capim-quicuio (2,3 t.ha-1). 
Além disso, o Tifton acumulou proporcionalmente mais matéria seca em estolões (60 
%) em relação ao capim-quicuio (40 %), o que lhe conferiu maior capacidade de 
competição. 
Quando bem manejado, o pasto de capim-quicuio possui e mantém bom valor 
nutritivo durante longo período. Porém a idade do pasto é fator preponderante, 
modificando o valor nutritivo do pasto de capim-quicuio (Quadro 6). 
 
 
Quadro 6- Características de valor nutritivo do capim-quicuio em função da idade 
Idade (dia) MS PB FB MM P 
0 - 30 21,66 10,06 35,05 5,30 0,17 
46 – 60 22,15 9,62 36,15 4,82 0,15 
61 - 90 28,80 7,43 38,48 4,14 0,10 
MS- matéria seca; PB- proteína bruta; FB- fibra bruta; MM- matéria mineral; P- fósforo; 
Fonte: Valadares Filho et al. (2006). 
 42 
 
9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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