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1 CAPÍTULO 7 OUTRAS GRAMÍNEAS FORRAGEIRAS Dilermando Miranda da Fonseca Janaina Azevedo Martuscello Manoel Eduardo Rozalino Santos Dawson José Guimarães Faria 1 - INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, no Brasil, têm ocorrido substituições freqüentes de pastagens nativas ou naturais por pastagens cultivadas. Esse processo é resultado, principalmente da tecnificação da pecuária, que vêm demandando forrageiras mais produtivas e de melhor qualidade. Com o lançamento de novas cultivares forrageiras no mercado, a substituição de espécies e, ou cultivares vem ocorrendo de forma acelerada. Entre as principais causas dessa substituição destaca-se a má utilização dessas forrageiras, principalmente no diz respeito ao manejo da pastagem e do pastejo. Ademais, as subestimativas de exigências nutricionais das cultivares “antigas” antecipa ainda mais esse processo. Muito embora, gramíneas como capim-andrópogon, capim-gordura e capim- jaraguá, entre outros, não representem uma porção significativa das pastagens brasileiras nos tempos atuais, esses gramíneas tiveram por algum tempo sua importância no contexto da pecuária brasileira, sendo inclusive utilizadas em muitas propriedades atualmente. Algumas dessas forrageiras apresentam adaptações edafoclimáticas específicas o que faz com que em muitas condições a área de pastagem cultivada com essas plantas prevaleça. Neste contexto, o capim- andropógon destaca-se como uma forrageira adaptada a região do Cerrado, com 2 predominância de solos de baixa fertilidade, além de ser bastante cultivado em regiões com baixa precipitação. O capim-setária constitui-se outro exemplo de gramínea forrageira adaptada a nichos específicos de cultivo: tolerância a alagamento temporário e baixas temperaturas. Forrageiras como o capim-gordura e o capim-jaraguá foram introduzidas no Brasil desde o período colonial e constituem recurso forrageiro interessante na medida em que se adaptaram satisfatoriamente às condições edafoclimáticas do país. Dessa forma, quando existente numa propriedade, podem contribuir para a manutenção da diversidade genética e, assim, minimizar riscos inerentes ao monocultivo. Em muitas situações, a simples substituição dessas forrageiras “tradicionais” por forrageiras lançadas mais recentemente não constitui ação de manejo eficaz. Modificações na forma de utilização da forrageira no sistema de produção poderiam resultar em efeitos mais efetivos e, possivelmente, de melhor relação custo/benefício. E a forma adequada de utilização dos recursos forrageiros passa, necessariamente, pelo conhecimento de suas aptidões e, ou limitações. Assim, serão caracterizadas em seguida, algumas gramíneas forrageiras que vêm sendo cultivadas no Brasil por longos períodos, embora com menor percentual de áreas em relação as outras que foram lançadas mais recentemente. 2 - CAPIM-ANDROPÓGON – Andropogon gayanus 2.1 - Origem O gênero Andropogon contém cerca de 100 espécies anuais e perenes dispersas nos trópicos, principalmente na África e Américas (Clayton & Renvoize, 1982). No Brasil, existem duas variedades botânicas bastante conhecidas, a 3 bisquamulatus e a squamulatus, sendo esta última variedade inicialmente introduzida no Brasil, conhecida como capim-gamba (Otero, 1961). Entretanto, devido aos problemas de reduzida produção de sementes, não despertou interesse dos produtores (Thomas et al., 1981). Por outro lado, o genótipo Andropogon gayanus CIAT 621 ou BRA-000019, originário da Nigéria, foi liberado comercialmente como cultivar Planaltina pela Embrapa Cerrados em 1980, com boa adaptação ao ecossistema Cerrado e a outros. Essa cultivar é pertencente à variedade bisquamulatus. Posteriormente, a fim de obter uma cultivar com estabelecimento mais rápido do que a Planaltina, pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste lançaram, em 1993, a cultivar Baetí (Leite et al., 2000), que apresenta características morfológicas semelhantes a da cultivar Planaltina. 2.2 - Caracterização morfológica O Andropogon gayanus Kunth var. bisquamulatus cv. Planaltina é uma planta perene, cespitosa, podendo formar grandes e densas touceiras e atingir, dependendo do manejo adotado, até 3 metros de altura. As lâminas foliares são longas e apresentam um estreitamento na sua base. A folha é bastante pilosa, com pêlos esbranquiçados, o que lhe confere aspecto aveludado. Sua lígula é membranácea e truncada. O sistema radicular do capim-andropógon é fasciculado e profundo. Sua inflorescência é do tipo espiciforme. As diferenças entre as cultivares Planaltina e Baetí são de natureza exclusivamente agronômica, especificamente no tocante à rapidez de estabelecimento. 2.3 - Caracterização agronômica 4 O capim-andropógon é bem adaptado às regiões com altitudes variando entre 12 e 1.500 m, embora seja encontrado em regiões com altitudes de até 2.000 m. Apresenta melhores resultados de produção de forragem quando cultivado em locais com temperaturas variando entre 18 e 28°C (Leite et al., 2000). Mesmo possuindo relativa tolerância às geadas, não se adapta às regiões muito frias (Paulino, 1979). É bem adaptado às condições do Cerrado. Essa forrageira apresenta relativa resistência à seca, já que possui sistema radicular profundo, capaz de absorver água de camadas profundas do perfil do solo e manter seu metabolismo ativo em condições desfavoráveis (Bogdan, 1977). Apesar de tolerante ao estresse hídrico, sua produção é reduzida na estação seca do ano. Realmente, dependendo do manejo adotado, o capim-andropógon pode produzir cerca de 35 % da sua produção anual durante o inverno. Devido ao crescimento cespitoso, com perfilhos eretos, o capim-andropógon possui baixa capacidade de cobertura de solo, sendo mais indicado para áreas planas e, ou ligeiramente onduladas, onde ocorre menor risco de erosão. O capim-andropógon é adaptado aos solos de textura arenosa ou argilosa e aos solos de baixa fertilidade e com alto teor de alumínio (Couto et al., 1985). Apresenta baixa exigência em fósforo e pequenas doses de nitrogênio são suficientes para produções satisfatórias (Thomas et al., 1981). A espécie A. gayanus propaga-se por sementes, que são pequenas, com aproximadamente 360 sementes.g-1 (Sousa, 1993) e com pouca reserva de nutrientes, tornando necessária a semeadura em menor profundidade. A taxa de semeadura, em média, é de 8 a 10 kg de sementes, com 20 % de valor cultural, para a formação de um hectare de pastagem. As espiguetas do capim-andropógon possuem pêlos, semelhantemente aos que ocorrem no capim-jaraguá, o que pode dificultar sua semeadura mecanizada. O capim-andropógon também pode ser propagado vegetativamente, utilizando-se seções de sua touceira. 5 O estabelecimento do pasto é lento, porém uma vez estabelecido, pode apresentar altos índices produtivos, desde que sejam respeitadas as mínimas exigências de manejo dessa forrageira. De fato, essa gramínea produz entre 20 e 30 t.ha-1.ano de MS (Thomas et al., 1981). De acordo com Toledo & Fischer (1989), a cultivar Planaltina é relativamente tolerante ao sombreamento, pois níveis de sombreamento de até 50 % não reduzem a produção de forragem. Em geral, plantas de capim-andropógon apresentam rebrotação vigorosa após a realização de queimada (CIAT, 1984). O capim- andropógon também é resistente à cigarrinha-das-pastagens e não há relatos de que apresente problemas devido à fotossensibilização nos animais. 2.4 - Formas de utilização Devido à sua alta capacidade produtiva, sua excelente adaptação aos solos de baixa fertilidade e à ausência de problemas com pragas e doenças, o capim- andropógon é bastante utilizado em sistemas de pastejo, sendo bem aceito por bovinos e equinos. É uma excelente opção para sistemas de produção marginais e, ou com baixo nível de insumos. Como o capim-andropógonpossui crescimento cespitoso, porte alto e eleva precocemente o meristema apical, principalmente quando passa do estádio vegetativo para o reprodutivo, a recomendação de manejo do pastejo mais indicada consiste no emprego do método de pastejo em lotação intermitente. Quando manejado sob lotação contínua, é possível que ocorra grande variabilidade na utilização do pasto, sendo este caracterizado por áreas sub e super pastejadas. O capim-andropógon não é indicado para diferimento, pois apresenta alongamento de colmo no fim da estação chuvosa, principalmente devido ao florescimento nesta época. Zúñiga (1985) recomenda que o capim-andropógon deve ser pastejado quando estiver com 60 a 80 cm de altura, sendo rebaixado para cerca de 15 a 25 cm. 6 Ainda segundo este autor, não se deve permitir que o pasto permaneça muito alto, condição em que seu valor nutritivo é inferior e há necessidade de roçadas periódicas. Recomendações de manejo do pastejo racionais e embasadas em resultados científicos ainda não estão disponíveis para o capim-andropógon. Na Universidade Federal de Viçosa, o capim-andropógon vem sendo avaliado com base em características morfogênicas sob desfolhação intermitente e, futuramente, esses resultados poderão nortear o manejo eficaz e otimizado do pastejo. O capim-andropógon também pode ser utilizado para a produção de feno, desde que seja colhido em estádio de desenvolvimento adequado, de forma a manter maior relação lâmina foliar:colmo na forragem. Por outro lado, a silagem de capim- adropógon, em geral, não apresenta boa qualidade (Leite et al. 2000). Alguns resultados de pesquisa têm mostrado que o capim-andropógon se consorcia bem com soja perene (Neonotonia wightii). Em condições de cerrado, pastos consorciados podem manter taxa de lotação de até 1,2 UA.ha-1 (EMBRAPA, 1991). 2.5 - Resultados de pesquisa Carvalho & Cruz (1985) avaliaram 16 gramíneas quanto à tolerância à seca e apenas o capim-buffel (Cenchrus ciliaris) foi classificado como de “muito boa” tolerância ao déficit hídrico, sendo este seguido pelo capim-andropógon, que apresentou “boa” tolerância à seca. De acordo com Batista & Godoy (1995), existe semelhança na qualidade das cultivares Planaltina e Baetí. Segundo esses autores, a cultivar Baetí apresentou 6,2 % de PB, 75 % de fibra em detergente neutro (FDN) e 56,6 % de digestibilidade in vitro da MS com 120 dias de crescimento. Pelos resultados apresentados, constata-se que a porcentagem da fração fibrosa é elevado quando comparado ao de outras gramíneas forrageiras tropicais. Além disso, durante o período de seca o capim- 7 andropógon apresentou o mais alto teor de FDN (Leite et al., 1988). No Quadro 1, são apresentadas características de valor nutritivo do capim-andropógon em função da idade. Quadro 1 – Características de valor nutritivo do capim-andropógon em função da idade Idade (dia) PB FDN LIG DMS 0 – 30 14,27 64,94 2,52 58,49 31 – 45 10,55 66,28 3,19 52,08 46 – 60 9,53 72,86 3,56 54,59 61 - 90 6,51 71,84 5,11 42,95 91 - 120 6,24 73,88 4,48 49,30 PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; LIG- lignina; DMS- digestibilidade da matéria seca; Fonte: Valadares Filho et al. (2006). Em experimento conduzido em Planaltina, DF, num latossolo vermelho de textura arenosa, a pastagem de capim-andropógon foi manejada com duas taxas de lotação, quais sejam, 1 e 2 novilhos por hectare (Euclides, 1995). Na pastagem sob menor taxa de lotação, obteve-se desempenho animal de 560 gramas diários e produção anual por hectare de 174 kg de peso animal. Já na pastagem sob maior taxa de lotação os níveis de produção foram: 500 gramas diários por animal e 310 kg de peso animal por hectare em um ano. Atualmente, a venda de sementes de capim-andropógon é reduzida quando comparada às vendas ocorridas no passado, após o lançamento da cultivar Planaltina. Em 2005, a venda de sementes dessa forrageira no Brasil atingiu somente 0,3 % do total de sementes comercializadas, o que evidencia o preterimento dessa forrageira pelos pecuaristas. 8 O capim-andropógon possui reprodução sexuada, o que facilita trabalhos de melhoramento genético na espécie, uma vez que se permite a recombinação gênica. Entretanto, segundo Jank (1994), o programa de melhoramento genético de Andropogon está baseado somente na variabilidade existente dentro da cultivar Planaltina. E, ainda assim, a cultivar Baetí foi lançada e bastante aceita pelos produtores, principalmente pelo menor período de tempo para o estabelecimento. 3 - CAPIM-DE-RHODES (Chloris gayana Kunth) 3.1 - Origem A espécie Chloris gayana é nativa de Tanganica, na África, e ficou mundialmente conhecida como capim-de-rhodes, devido a Cecil Rhodes, que o introduziu e cultivou na Rodésia (África do Sul) em 1895 (Alcântara & Bufarah, 1979). Em 1902, o capim-de-rhodes foi levado para os Estados Unidos e, em 1953, para a Austrália. Hoje, é cultivado em grande parte do mundo, como na América do Sul e Central, Sul da Ásia, Japão, Itália, entre outros (Mattos & Mattos, 2000). 3.2 - Caracterização morfológica O capim-de-rhodes é uma gramínea perene que possui forma de crescimento particular, cespitoso e com grande capacidade de enraizamento de colmos em contato com a superfície do solo, levando à descrição de gramínea cespitosa e estolonífera. A denominação cespitosa é apropriada porque o capim-de-rhodes forma touceiras. Já a denominação estolonífera, à luz do conceito de estolão, não parece adequada. Estes colmos podem ocupar os espaços existentes entre as touceiras, o que confere ao capim-de-rhodes uma boa capacidade de cobertura do solo. 9 O pasto de capim-de-rhodes pode atingir 1,50 m de altura, de acordo com o manejo adotado. Entretanto, quanto maior for a altura de manejo, mais baixa será a qualidade. Suas folhas são glabras, finas e longas, com comprimento entre 40 e 50 cm e largura de aproximadamente 6 a 7 mm (Mitidieri, 1992). As lígulas apresentam pêlos finos e longos. A inflorescência é formada por rácemos subdigitados, com 6 a 15 ráquis unilaterais. Apresenta sistema radicular bastante profundo e pode absorver água no solo em profundidade de até 4,5 m. Em alguns casos observa-se a presença de rizomas. Mattos & Mattos (2000) fizeram algumas considerações sobre a espécie C. gayana. Segundo os autores, esta é uma espécie que apresenta grande variação genética e são várias as cultivares naturais, que diferem em vigor, tamanho da folha e diâmetro do colmo. Os “estolões” podem ter entrenós curtos ou longos, bem como crescimento lento ou acelerado. Algumas raras cultivares não apresentam estolões. As cultivares mais conhecidas são: Rhodes Gigante, um tipo natural; Katambora, que apresenta bastante folhas e boa produção de semente; Masaba, também bastante folhoso, mas com baixa produção de semente; Mbarara, bastante produtivo e de fácil estabelecimento; Nzoia, de baixa persistência; Rongai, resistente à seca; Pionner, de florescimento precoce; Pokot, bastante vigoroso e produtivo; Samford, vigoroso, de florescimento tardio e com produção de sementes em quantidade e qualidade. 3.3 - Caracterização agronômica O capim-de-rhodes é encontrado desde o nível do mar até altitudes de 2.000 m. É caracterizado como um capim resistente à seca, sendo que a precipitação mínima para seu cultivo, sem a utilização de irrigação, deve ser de 600 mm (Mattos & Mattos, 2000). Além de suportar altas temperaturas do ar e do solo, essa forrageira tolera bem frio e geada, sobrevivendo em condições de temperaturas inferiores a zero grau por certo período de tempo. Tolera também, ocasionalmente, solos com 10 deficiência de drenagem, contudo o excesso de umidade é prejudicial. Possui satisfatória tolerância à salinidade do solo, mas não tolera o sombreamento. Com relação à fertilidade de solo, ocapim-de-rhodes exige solos de média a alta fertilidade e não tolera alta saturação por alumínio. Seu desenvolvimento é adequado em solos de distintas texturas, mas vegeta melhor em solos de textura média, bem drenados e com bom teor de matéria orgânica. A produtividade é incrementada pela adubação nitrogenada. Em pastos já estabelecidos, o efeito do fósforo parece ser menos pronunciado do que o do nitrogênio, porém vale salientar que na ocasião da semeadura o fósforo possui função primordial para o adequado estabelecimento do pasto de capim-de-rhodes. Essa forrageira pode ser estabelecida por sementes, bem como vegetativamente, a partir de mudas ou “estolões”. Na prática, o sistema de propagação mais usual é por sementes, devido à maior rapidez no estabelecimento, além do menor custo de implantação. A polinização cruzada parece ser normal, tendo entre 1 e 4 % de autocompatibilidade. O seu florescimento é indeterminado, porém mais freqüente em dias curtos. As sementes são muito leves e, para se obter sementes de qualidade, estas devem ser colhidas quando maduras. A maturação das sementes ocorre em temperatura de 23 a 25 ºC. Para a formação do pasto de capim-de-rhodes são necessários cerca de 8 a 12 kg.ha-1 de sementes, com valor cultural entre 20 a 30 %. Como estas são muito pequenas, é necessário bom preparo do solo e realização da semeadura em reduzida profundidade. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, os meses de setembro e outubro correspondem à melhor época para semear o capim-de-rhodes. Existem relatos de semeaduras realizadas mais tardiamente no ano com relativo sucesso, porém, neste caso, os riscos são grandes, porque pode ocorrer seca temporária que resultaria em perda total ou parcial das sementes por desidratação. De acordo com Mitidieri (1992), a formação do pasto após semeadura leva cerca de quatro a cinco meses, 11 entretanto, se as condições de estabelecimento ou semeadura forem adequadas, é possível utilizar o pasto após cerca de 90 dias da semeadura. O capim-de-rhodes tem sido acometido por pragas e doenças causadas por vírus, mas sem grandes prejuízos. Nos Estados Unidos, o Helminthosporuim victoriae tem sido encontrado na cultura dessa forrageira e, no Quênia, uma espécie de Cochiliobolus tem causado a morte de plantas (Mattos & Mattos, 2000). 3.4 - Formas de utilização O capim-de-rhodes é bem aceito pelos animais, especialmente por cavalos, e bastante flexível quanto à forma de utilização, podendo ser utilizado sob pastejo, para fenação e ensilagem. A sua adequação à fenação se deve aos seus colmos e folhas finos que, além de garantir bom valor nutritivo ao feno, também facilita sua desidratação durante a fenação. Salienta-se que a produção de feno de boa qualidade com o capim-de-rhodes é possível, desde que este seja colhido antes do período de florescimento. Poucos são os relatos de sua utilização para ensilagem. Há relatos de que o capim-de-rhodes, quando utilizado sob pastejo, é pouco tolerante à altas intensidades de desfolhação. Provavelmente, esta assertiva decorre do fato de não haver pesquisas sobre manejo do pastejo planejadas com o objetivo de estabelecer recomendações de manejo apropriadas para o capim-de-rhodes, quer seja sob lotação contínua ou lotação intermitente. Com base nas características morfológicas do capim-de-rhodes, tais como colmo e folhas delgados, pode-se recomendá-lo para utilização no diferimento do uso da pastagem. Segundo Mitidieri (1992), as leguminosas, como siratro, alfafa e soja perene, são apropriadas para o consórcio com o capim-de-rhodes. 3.5 - Resultados de pesquisa 12 Segundo Pedreira & Mattos (1981), o capim-de-rhodes possui acentuada estacionalidade produtiva, com 87 % da produção ocorrendo no verão e 13 % na estação seca do ano. Estudos de adaptação de plantas forrageiras conduzidos em diversas regiões do Estado de Minas Gerais revelaram baixa taxa de crescimento do capim-de-rhodes, que situou-se entre as espécies de menor persistência e produção de forragem, notadamente durante a estação seca do ano, onde ocorreu apenas 5 % da produção anual (Botrel et al., 1998). A produção de forragem do capim-de-rhodes é variável em função das condições de meio, tais como solo, clima e manejo. O capim-de-rhodes pode produzir cerca de 11,5 a 17,2 t.ha-1 de MS anualmente. Em alguns casos, produções superiores podem ser obtidas quando, por exemplo, o capim-de-rhodes é estabelecido com espaçamento de 25 cm entre fileiras e adubado com 150 kg.ha-1 de N (Farnsworth, 1977). De acordo com Tamassia (2000), a idade da planta de capim-de-rhodes tem grande influência nos teores de minerais, principalmente após 40 dias de crescimento, quando os teores de N são de 11,31 g.kg-1, comparados com 21,38 g.kg- 1 aos 20 dias. Ainda segundo o autor, os teores de P são de 3,82 e 2,96 g.kg-1, respectivamente para plantas com 20 e 40 dias de idade. No quadro 2, são apresentadas características de valor nutritivo do capim-de-rhodes em função da idade, fator que mais influencia a qualidade do pasto. 13 Quadro 2 – Características de valor nutritivo do capim-de-rhodes em função da idade Idade (dia) PB FDN LIG DMS 0 – 30 10,86 71,20 3,42 47,10 31 – 45 9,34 77,37 5,03 48,40 46 – 60 5,76 77,10 5,55 45,10 61 - 90 4,53 75,97 6,08 - PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; LIG- lignina; DMS- digestibilidade da matéria seca; Fonte: Valadares Filho et al. (2006). Tamassia (2000) avaliou as características de valor nutritivo, a produção e a composição morfológica em plantas de capim-de-rhodes em seis idades. O autor relatou que, com o avanço da maturidade da forrageira, ocorre aumento nos percentuais de colmo e material morto, frações com maiores teores de fibra e menos digestíveis do que a folha verde. Neste sentido, plantas em maior estádio de desenvolvimento possuem qualidade inferior. Segundo os autores, o melhor intervalo para corte ou pastejo do capim-de-rhodes é de 30 a 40 dias. É importante salientar que esta recomendação de manejo do capim-de-rhodes não deve ser generaliza, pois é sabido que as condições de ambiente, incluindo o manejo, alteram a taxa de crescimento do pasto e, sendo assim, podem modificar a produção e as características da forragem produzida em um mesmo intervalo de tempo. Devido ao baixo uso nos sistemas de produção nacionais, a comercialização de sementes do capim-de-rhodes praticamente não é realizada pelas grandes empresas de sementes forrageiras no Brasil. 4 - CAPIM-GORDURA (Melinis minutiflora, Beauv.) 14 4.1 - Origem A espécie Melinis minutiflora é de origem Africana, sendo seu habitat o Leste da África. No Brasil, foi introduzida na época da colonização através dos navios negreiros. Apresentou excelente adaptação às condições locais, sendo encontrado desde o extremo Norte ao extremo Sul do país. Assim, o Brasil pode ser considerado como centro de origem secundário da espécie, onde é considerada naturalizada (Mitidieri, 1992). A espécie M. minutiflora é conhecida, dependendo da região, como capim- gordura, capim-meloso, capim-melado, capim-catingudo, capim-catingueiro e capim- cabelo-de-negro. 4.2 - Caracterização morfológica O capim-gordura é uma planta perene e possui forma de crescimento cespitosa. O seu colmo, revestido pela bainha pilosa, é geniculado, ou seja, dobra e, ou curva próximo ao solo, a partir do qual o crescimento torna-se ereto. As plantas emitem raízes nos entrenós em contato com o solo e podem crescer alcançando 1,20 m de altura. Suas lâminas foliares medem até 15 cm de comprimento, possuem base arredondada e mais larga, que se estreita progressivamente até o ápice. Suas folhas também são cobertas por pêlos que exsudam uma substância viscosa e de cheiro característico, justificando a denominação de alguns nomes vulgaresdessa espécie. As folhas possuem manchas roxas ou púrpuras dispersas na bainha ou localizada desde o ápice da lâmina, estendendo-se pelas margens desta até a base, onde se alarga continuando, em seguida pelas duas margens da bainha (Mitidieri, 1992). As lígulas são curtas com pêlos longos na parte superior. A inflorescência da espécie M. minutiflora é uma panícula arroxeada e fechada na parte terminal, com até 15 cm de comprimento. As sementes de capim- 15 gordura são muito leves e providas de apêndices (aristas, glumas), que facilitam sua disseminação através de pêlo dos animais e do vento (Aronovich & Rocha, 1985). Durante o período de florescimento, devido à grande emergência de panículas, o pasto de capim-gordura apresenta um aspecto roxo-avermelhado bem característico. Existem, pelo menos, três variedades distintas de capim-gordura: Roxo, Francano e Cabelo-de-negro. A última variedade apresenta entrenós mais curtos, é de porte menor e mais resistente ao pastejo, enquanto que a Francano se assemelha à variedade Roxo, sendo de porte mais vigoroso e com touceiras mais abertas (Botrel et al., 1998). A variedade mais adequada ao pastejo é a Cabelo-de-negro devido à sua maior capacidade de perfilhamento, boa cobertura do solo e melhor resistência ao pastejo, quando comparado às outras. 4.3 - Caracterização agronômica A espécie é adaptada às condições tropicais e subtropicais, com temperatura entre 18 e 27ºC e precipitação entre 800 e 4.000 mm anuais. Pode ser encontrada em regiões com altitudes de até 1.500 m. O capim-gordura não tolera seca excessiva e é sensível à geada e ao fogo. Essa forrageira vegeta bem nos mais variados tipos de solo, mesmo nos de menor fertilidade. De acordo com Saraiva et al. (1993), o fósforo é o nutriente que mais limita o crescimento dessa forrageira, principalmente em latossolo vermelho- amarelo. Adapta-se melhor aos solos bem drenados, não resistindo à inundação. Embora apresente resposta à adubação nitrogenada e fosfatada, esta é limitada. Mesmo sendo classificado como uma planta de crescimento cespitoso, o capim-gordura cobre bem o solo, protegendo-o da erosão em regiões de relevo acidentado. Isso ocorre, dentre outros fatores, em razão da presença de colmos geniculados. 16 O capim-gordura propaga-se tanto por sementes quanto por mudas. Quando se utiliza sementes, são necessários cerca de 15 a 20 kg.ha-1 de semente para o estabelecimento, que geralmente é rápido. O capim-gordura floresce predominantemente em maio e produz cerca de 150 a 250 kg.ha-1 de sementes (Bodgan, 1977). Dentre as características agronômicas do capim-gordura, sublinha-se sua melhor distribuição anual da produção de forragem (Pedreira, 1973), o que pode permitir o prolongamento do período de pastejo até os meses de outono. O capim-gordura é atacado por cochonilhas e tido como moderadamente tolerante às cigarrinhas-das-pastagens (Botrel et al., 1998). Também pode ser atacado ocasionalmente por lagartas, mas normalmente isso não compromete demasiadamente a produtividade do pasto. Segundo Alcântara & Bufarah (1979), o capim-gordura produz de 4 a 4,5 t.ha.ano-1 de MS em quatro cortes. Em muitas regiões do país, o potencial forrageiro do capim-gordura é limitado por práticas inadequadas de manejo, principalmente o superpastejo. Outro fator que contribui para a baixa produtividade e persistência dessa espécie é a realização de queimadas, o que pode resultar em problemas de erosão e incidência de plantas daninhas, causando a degradação da pastagem. 4.4 - Formas de utilização O capim-gordura é predominantemente utilizado no Brasil para pastejo. Poucos são os relatos na literatura técnica e científica da sua utilização para ensilagem. O capim-gordura dominava vasta área do Brasil Central, onde os pastos, em sistema de exploração extensiva, constituíam, praticamente, a única fonte de alimento para os bovinos. O capim-gordura tem boa aceitabilidade pelos animais, mas não suporta pastejo intenso e freqüente devido à elevação precoce do seu meristema apical, que é 17 facilmente eliminado durante o pastejo. Dessa forma, a rebrotação após o pastejo é lenta porque a emissão de perfilhos de gemas basilares, nesta forrageira, é demorada. A rebrotação via perfilhos aéreos parece que também não contribui para a rápida produção de forragem. Nesse sentido, recomenda-se a realização de um período de descanso cíclico nas pastagens de capim-gordura a fim de possibilitar a ressemeadura natural da área e, dessa forma, garantir sua sustentabilidade. Embora não existam estudos científicos que permitam recomendar, de forma segura, referenciais de manejo do pastejo para o capim-gordura, Humpheys (1974) recomenda a altura de corte de 15 a 20 cm e um período de descanso de 40 a 60 dias para a recuperação adequada do pasto de capim-gordura. Ademais, no período de florescimento, o diferimento do pasto é benéfico para a sua sustentabilidade. O diferimento do pasto de capim-gordura também pode ser adotado com o objetivo de garantir estoque de forragem durante o período de escassez de recurso forrageiro. Nesse sentido, Costa et al. (1981), com base em experimento realizado em Viçosa, MG, recomendam a utilização em junho dos pastos de capim-gordura diferidos em janeiro, deixando aqueles diferidos em março para utilização no fim do período de seca. Essa gramínea, em geral, aceita bem a consorciação com várias espécies de leguminosas forrageiras existentes, tais como centrosema, siratro e soja perene. O capim-gordura, quando submetido ao corte, não possui boa rebrotação, o que dificulta sua utilização em colheitas sucessivas para o fornecimento sob a forma de feno ou forragem verde no cocho. Além disso, a substância oleosa secretada nos pêlos que recobrem as folhas dificulta sua desidratação, embora isso não impossibilite sua utilização no processo de fenação (Curado & Costa, 1980). Devido à sua adaptação às condições de solo e clima do cerrado, em muitos parques nacionais e áreas de conservação ambiental, o capim-gordura é tido como planta invasora, que compete com espécies herbáceas presentes na vegetação nativa. Existem relatos também de que, quando ocorrem queimadas nessas áreas de conservação ambiental, as temperaturas são mais altas nas áreas com capim-gordura 18 quando comparado à queima da vegetação nativa. Isso pode ter efeito negativo no banco de sementes de espécies nativas presente no solo. 4.5 - Resultados de pesquisas Pedreira (1973) constatou que o capim-gordura possui maior taxa de crescimento durante o outono, quando comparado aos capins colonião, jaraguá e pangola. Isso demonstra melhor distribuição da produção anual de forragem do capim-gordura. Em experimento conduzido em Coronel Pacheco, MG, sob cortes, verificou- se que o capim-gordura respondeu a aplicações anuais de nitrogênio de até 250 kg.ha-1, na forma de uréia (Carvalho et al., 1989), indicando ser este o potencial de resposta do capim-gordura à adubação com nitrogênio. Uma das grandes vantagens do capim-gordura é sua alta aceitabilidade pelos animais. Sanches et al. (1993) avaliaram a seletividade de bovinos em pastagem natural e constataram que essa gramínea foi a mais aceita pelos animais, constituindo 45 % da dieta no período chuvoso e 37 % no período da seca. O valor nutritivo do capim-gordura depende das condições de ambiente, de manejo e da forma como a forragem é produzida e colhida. No Quadro 3, encontram- se algumas características de valor nutritivo do capim-gordura, que servem como informações de referência, quando não for possível determinar o valor nutritivo deste capim para as condições específicas em que é utilizado. Com relação aos teores de extrato etério, Valadares Filho et al. (2006) compilaram vários resultados obtidos de pesquisas com o capim-gordura e constataram valores entre1,30 a 5,62 %, com base na matéria seca, variando principalmente em função da idade do capim. Esses valores são considerados normais quando comparados aos de outras gramíneas tropicais e, assim, 19 desmistificam a afirmação de que o capim-gordura possui alto percentual de gordura, conforme sugere o nome comum dessa gramínea. Quadro 3 - Características de valor nutritivo do capim-gordura em função da idade e de seus componentes morfológicos Capim-gordura PB FDN LIG DMS 0 – 30 dias 13,32 82,25 4,30 61,27 31 – 45 dias 11,73 - 3,70 58,57 46 – 60 dias 9,74 83,49 5,54 52,16 61 – 90 dias 9,08 84,04 4,84 57,29 91 – 120 dias 6,40 90,19 7,27 40,61 121 – 150 dias 5,19 92,46 7,12 - 151 – 180 dias 4,20 - 9,30 40,39 181 – 240 dias 3,45 - 9,50 36,77 Colmo 6,05 82,25 7,20 - Folha 13,34 71,00 5,14 52,49 PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; LIG- lignina; DMS- digestibilidade da matéria seca; Fonte: Valadares Filho et al. (2006). A capacidade de suporte do pasto de capim-gordura é baixa, conforme experimentos conduzidos na Embrapa Gado de Leite, na Zona da Mata de Minas Gerais, onde foram avaliados os efeitos da taxa de lotação e da suplementação volumosa sobre o ganho de peso de animais na fase de recria e a persistência da pastagem de capim-gordura (Botrel et al., 1998). De acordo com os resultados, em ausência de suplementação volumosa, taxas de lotação a partir de 0,8 UA.ha-1.ano causaram rápida degradação da pastagem de capim-gordura. Adicionalmente, a 20 capacidade de resposta à adubação nitrogenada para essa forrageira ocorreu até a dose de 150 kg.ha-1.ano de N. Em trabalho realizado por Vilela et al. (1980), na Zona da Mata do estado de Minas Gerais, vacas mestiças mantidas em pastos de capim-gordura, sem fornecimento de ração suplementar, produziram, em média, 12 kg.vaca.dia-1, produção bastante satisfatória em condições de pastos de gramíneas tropicais. Sementes de capim-gordura também não são encontradas nas principais empresas que comercializam sementes de forrageiras. Todavia, se o produtor tiver interesse em colher sementes de capim-gordura, Garcia et al. (1989) recomendam que esta operação seja realizada quando as plantas estiverem com as panículas fechadas e de coloração marrom-escura. Devido à sua baixa capacidade de suporte, rebrotação pouco vigorosa e elevação precoce do meristema apical, o capim-gordura está sendo largamente substituído por outras espécies forrageiras, principalmente pela Brachiaria decumbens. O melhoramento genético do capim-gordura não têm sido significativo no Brasil, já que não existe banco de germoplasma da espécie em nenhum órgão de pesquisa ou universidade brasileira. Assim, a diversidade existente no país não é suficiente para que se inicie um programa de melhoramento genético, ainda mais quando se considera o fato da espécie se reproduzir por apomixia. 5 - CAPIM-JARAGUÁ - Hyparrhenia rufa (Ness) Stapf. 5.1 - Origem O gênero Hyparrhenia possui 52 espécies, sendo 40 perenes e 12 anuais. A maioria dessas espécies é nativa da África Tropical e algumas da região mediterrânea, Índia, Indonésia, Austrália e Américas (Clayton, 1969). No Brasil, 21 predomina a espécie Hyparrhenia rufa, que foi denominada capim-jaraguá ou capim- provisório, sendo originária do continente africano. Essa espécie chegou ao Brasil acidentalmente, quando os navios que comercializavam escravos aportaram no país (Parsons, 1972), como a maioria das forrageiras utilizadas no país. Apresentando grande capacidade de multiplicação e ocupação de áreas, a espécie foi amplamente explorada com interesse forrageiro, principalmente nas regiões de Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso de Sul, Tocantins e Maranhão. Devido a sua ampla ocorrência, é considerada naturalizada em vários locais do país (Leite et al., 2000). O nome capim-jaraguá é de origem tupi e significa ”senhor do campo”, o que poderia ser atribuído ao seu caráter dominante. Sua ocorrência próxima à cidade de Jaraguá, em Goiás, também pode explicar essa designação (Aronovich & Rocha, 1985). 5.2 - Caracterização morfológica O capim-jaraguá é uma planta perene, cespitosa, não rizomatosa, com colmos finos e glabros. Apresenta grande capacidade de perfilhamento basal e pode atingir até três metros de altura quando cultivada em solos férteis. Em condições de pastejo mais intenso e freqüente pode formar um denso gramado (Otero, 1961). Apresenta lâmina foliar bastante longa e estreita, com pouca pilosidade. A lígula é bastante desenvolvida, com grande presença de pêlos e de coloração verde-clara. O pasto de capim-jaraguá forma densas touceiras. Quando em estádio reprodutivo, os perfilhos com inflorescência possuem colmos lignificados e poucas folhas. A inflorescência do capim-jaraguá é de tamanho variável e do tipo panícula espiciforme. As sementes são providas de aristas (cerdas) geniculadas, formadas por dois elementos contorcidos, como os de uma corda, muito sensíveis às variações de 22 temperatura, o que imprimi movimentos de rotação, fazendo com as sementes penetrem e aumentem seu contato com o solo. O capim-jaraguá tem crescimento inicial bastante lento, alongando o colmo muito tardiamente. É pequena a diferenciação morfológica das plantas de capim- jaraguá durante os primeiros três meses de idade, isto é, toda a planta é praticamente constituída por folhas nesta fase. 5.3 - Caracterização Agronômica O capim-jaraguá desenvolve-se bem desde o nível do mar até altitude de 2.000 m. Adapta-se às regiões com precipitação média anual variando entre 400 e 4.000 mm (Alcântara & Bufarah, 1988). Também é bastante adaptado às regiões de clima quente e, geralmente, possui boa capacidade de rebrotação após a queima. Essa gramínea não tolera solos sujeitos ao alagamento ou com lençol freático superficial (Bogdan,1977). O capim-jaraguá desenvolve-se melhor em solos arenosos (Mitidieri, 1992) e é considerado medianamente exigente em fertilidade do solo, respondendo bem à calagem (Skerman & Riveros, 1990). Em geral, essa forrageira mantém-se em estádio vegetativo por período relativamente curto, apresentando grande estacionalidade de produção de forragem e concentrando maior produção no período das águas, onde o alongamento do colmo é bastante visível ao final desse período. Aliás, essa é a justificativa da denominação capim-provisório, pois durante a época da seca a utilização do pasto de capim- jaraguá fica limitada em função da redução no seu crescimento, bem como à sua baixíssima qualidade conferida pela presença de perfilhos em estádio reprodutivo no pasto. A produção de sementes do capim-jaraguá é alta (200 a 300 kg.ha-1), porém a percentagem de germinação é baixa (Curado & Costa, 1980). A propagação do 23 capim-jaraguá é feita por sementes, embora seja possível o plantio por mudas. No primeiro caso, utiliza-se aproximadamente de 15 a 20 kg de sementes por hectare, enquanto que na segunda condição pode-se adotar o espaçamento entre as mudas de 80 cm. Como as sementes de capim-jaraguá possuem cerdas, a semeadura de forma mecanizada é dificultada. Principalmente durante a fase de estabelecimento, o capim- jaraguá pode ser atacado por formigas. O capim-jaraguá é bem aceito pelos animais e possui bom valor nutritivo quando em estádio vegetativo. Durante e após o florescimento, a estrutura do pasto torna-se não predisponente ao consumo e desempenho animal. De fato, acredita-se que o menor desempenho animal constatado em pastos de capim-jaraguá decorre de seu menor consumo pelos animais (Gomide et al., 1980). 5.4 - Formas de utilização O capim-jaraguá é bastante utilizado sob pastejo e há poucos relatos de seu uso para produção de feno. Segundo Skerman & Riveros (1990) sua utilização como silagem é viável, embora de baixa qualidade, devidoao lento processo de fermentação. O método de pastejo mais adequado para o capim-jaraguá, é o de lotação intermitente, em razão do crescimento cespitoso e do porte alto dessa forrageira, principalmente no estádio reprodutivo. Neste método de pastejo, recomenda-se que o início do período de ocupação ocorra quando o pasto atingir 60 a 70 cm e o seu término, quando o mesmo for rebaixado para 15 a 30 cm (Curado & Costa, 1980). Salienta-se que as recomendações para o manejo do pastejo do capim-jaraguá são basicamente norteadas pelo conhecimento empírico. O capim-jaraguá não é indicado para o pastejo diferido, devido à baixa qualidade da forragem produzida, que poderia apenas atender as exigências de manutenção dos animais. 24 O manejo do capim-jaraguá inclui ainda roçadas periódicas feitas, preferencialmente, no fim do período de seca com a finalidade de combater plantas daninhas e remover colmos velhos remanescentes para, assim, garantir melhores condições de rebrotação no início da primavera (Curado & Costa, 1980). Outra alternativa muito utilizada, quando o pasto de capim-jaraguá encontra-se alto, foi a realização de queimadas para eliminar o excesso de forragem de baixa qualidade na pastagem. Essa estratégia foi um dos motivos da degradação da pastagem de capim- jaraguá no Brasil, principalmente quando realizada frequentemente. Alguns trabalhos sugerem sucesso da consorciação do capim-jaraguá com a maioria das leguminosas forrageiras existentes. Todavia é importante ressaltar que a ocorrência de sucessos nos consórcios entre gramíneas e leguminosas tropicais tem sido, via de regra, muito difícil. A produção de feno de capim-jaraguá, embora pouco realizada, é possível devido à sua forma de crescimento cespitosa, que facilita o corte mecânico, e aos seus colmos finos, que favorecem a desidratação no campo (Aronovich & Rocha, 1985). 5.5 - Resultados de pesquisas Uma das principais características do capim-jaraguá é a sua estacionalidade produtiva. Pedreira (1973) quantificou a taxa de acúmulo de forragem do capim- jaraguá, que correspondeu a 56,1 e 1,7 kg.ha-1.dia durante o verão e o inverno, respectivamente. Na região de Sete Lagoas, MG, Mozzer et al. (1973) obtiveram produção de forragem de capim-jaraguá variando entre 6 e 10 t.ha-1.ano num total de quatro cortes. Moore & Mott (1973) registraram teor de proteína bruta (PB) de 15 % e percentuais de digestibilidade da massa seca de 43 a 67 % em pastos de capim- jaraguá. Contudo, segundo os autores, ocorre rápido decréscimo no seu valor 25 nutritivo com a mudança do estádio vegetativo para o reprodutivo, o que reduz o período ótimo de utilização do pasto. Nascimento Jr & Pinheiro (1975) observaram que, após 60 e 70 dias de crescimento, houve elevação no teor de lignina e redução nas percentagens de digestibilidade da MS e PB, tanto nas lâminas quanto nos colmos do capim-jaraguá. Daubenmire (1972) encontrou 7,4 % de PB na MS no período das águas e apenas 1,4 % na estação seca. Durante dois anos agrícolas, Gomide et al. (1984) avaliaram a produção de bovinos em pastagens de capim-jaraguá manejas em lotação contínua com taxa de lotação variável, de acordo com a combinação entre alturas de pastejo (pasto alto e pasto baixo) e adubação nitrogenada (0 e 60 kg.ha-1 de N). A taxa de lotação das pastagens sem e com adubação nitrogenada foram 266 e 293 dia.UA-1.ha. O desempenho animal na pastagem adubada foi superior (858 g.novilho.dia-1) ao obtido na pastagem não adubada (792 g.dia-1.novilho), embora sem diferença estatística. A produção por área foi significativamente incrementada, de 183 para 248 kg.ha-1, pela adubação com nitrogênio. Não foram observados efeitos das alturas de pastejo a que o capim-jaraguá foi submetido. Nos últimos anos, a importância relativa do capim-jaraguá frente às gramíneas lançadas no mercado nacional têm diminuído rapidamente, não sendo, inclusive, incluída na relação das forrageiras comercializadas na maioria dos catálogos das empresas produtoras de sementes. De fato, a venda de sementes dessa forrageira vêm diminuindo a cada ano. No estado de São Paulo, em 1995/1996 um estudo com 217.791 propriedades (10,27 milhões de hectares de pastagens) mostrou que as gramíneas dos gêneros Brachiaria, Panicum, Pennisetum e Hyparrhenia, ocorriam, respectivamente em 67,8 %, 2,0 %, 12,7 % e 1,2 % dos estabelecimentos (Lupa, 2000). Mediante essa realidade, não se tem encontrado muitos estudos ou pesquisas com capim-jaraguá nos últimos anos. 26 Uma das restrições para o melhoramento genético da espécie tem sido a pequena variabilidade genética dessa forrageira no Brasil, não havendo um banco de germoplasma para que se possa realizar futuros trabalhos de melhoramento. A reprodução do capim-jaraguá é por apomixia, havendo assim, uma grande uniformidade na população de plantas cultivadas. Valarini et al. (1996) utilizaram radiação gama para indução de mutações em sementes e gemas objetivando aumento da variabilidade genética, entretanto foram obtidas plantas com baixo crescimento e pouco vigor e sem variação no ciclo vegetativo (Veasey et al., 1996). 6 - CAPIM-PANGOLA (Digitaria decumbens Stent.) 6.1 - Origem O capim-pangola (Digitaria decumbens) é originário da província de Transvala, na África do Sul. O nome capim-pangola é devido ao fato desse capim ter sido encontrado, primeiramente, vegetando as margens do rio Pangola, na África. A espécie foi introduzida no Brasil por volta de 1952, constituindo-se opção ao uso do capim-colonião, cujos pastos encontravam-se pouco produtivos. Ademais, a adaptação do capim-pangola aos solos de baixa fertilidade também foi uma característica relevante para justificar sua introdução no Brasil. Assim, quando as primeiras mudas chegaram ao Brasil, ocorreu o que se denominou “febre do Pangola”, devido à grande demanda e interesse dos pecuaristas por esta forrageira. Infelizmente, o manejo conferido ao capim-pangola não foi condizente com suas características morfológicas e agronômicas, o que ocasionou, ao longo dos anos, a diminuição de sua utilização para formação de pastagens. No Brasil, são utilizadas duas cultivares: Pangola e Transvala. 27 6.2 - Caracterização morfológica Ambas cultivares de D. decumbens são gramíneas perenes e estoloníferas, com folhas finas e abundantes. Os estolões emitem brotações e raízes a partir de cada nó em contato com o solo, formando densas touceiras, das quais partem numerosos estolões que enraízam facilmente, originando novas touceiras que protegem eficientemente o solo contra erosão. Sua altura varia em função do manejo, mas pode atingir 1,20 m. A inflorescência é do tipo rácemo e composta por três a doze ráquis arranjados digitadamente. Morfologicamente, as diferenças entre as cultivares Pangola e Transvala são pouco perceptíveis. A cultivar Pangola apresenta estolões mais superficiais, que cobrem todo o solo, e possui colmos eretos que podem alcançar até 60 cm de altura. As folhas também apresentam pouca pilosidade. A inflorescência é racemosa, digitada e subdigitada com três a nove rácemos. A cultivar Transvala possui folhas finas e numerosas. As folhas são pouco pilosas, e os pêlos se concentram, principalmente próximo à lígula, que é membranácea, e ao colar, sendo o restante glabro. Essa quantidade de pêlos é variável durante as estações do ano. O colmo do estolão apresenta pubescência nos nós. As brotações que saem dos estolões podem atingir de 0,60 a 1,20 m de altura. 6.3 - Caracterização agronômica O capim-pangola pode ser cultivada desde o nível do mar até 600 a 800 m de altitude, desde que a precipitação pluvial esteja acima de 700 mm. Essa forrageira apresenta certa resistência à seca e a geada, além de possuir, em geral, boa rebrotação após a queimada do pasto. O seu desenvolvimento éprejudicado em temperaturas abaixo de 16ºC e acima de 41ºC, sendo otimizado na faixa de temperatura entre 27 e 30ºC. 28 Vegeta bem em solos úmidos, sendo uma excelente opção para regiões de baixadas. Apresenta produtividade satisfatória em solos de distintas texturas, porém se desenvolvendo melhor naqueles arenosos. Tolera solos de baixa fertilidade natural, mas quando cultivado em solos férteis, a produção de forragem aumenta significativamente (Pupo, 1973). Em geral, responde favoravelmente à adubação, principalmente a nitrogenada, e é sensível à deficiência de cobre. Geralmente, o maior percentual das raízes do capim-pangola encontra-se nos primeiros 30 cm de profundidade no solo, mas estas podem se encontradas em maiores profundidades. Entretanto, em solos pesados e úmidos há limitação ao desenvolvimento radicular. Em situação de pastejo intenso, o solo cultivado com D. decumbens apresenta pouco problema de compactação. A forma de crescimento estolonífera garante ao capim-pangola boa capacidade competitiva e de cobertura do solo, conferindo-lhe a capacidade de vencer a competição com plantas invasoras eficazmente. Isso também o torna difícil de ser erradicado. O capim-pangola propaga-se por mudas, pois embora a emissão de inflorescências seja bastante elevada, poucas sementes são formadas e, quando essas são produzidas, reduzido percentual é viável. As mudas podem ser plantadas em covas, sulcos ou em solo totalmente arado e gradeado. Neste último caso, após a aração, as mudas são espalhadas na área e, depois, é realizada a gradagem para o enterrio de parte das mudas. Ainda é recomendável a utilização do rolo compactador para assegurar maior contato do solo com as mudas e, assim, assegurar o melhor enraizamento das mesmas. O estabelecimento do capim-pangola é rápido. Acredita-se que a forma de propagação vegetativa contribui para a baixa variabilidade genética da espécie e, por conseguinte, aumente a susceptibilidade do mesmo às pragas e doenças (Maraschin, 1988). A cultivar Transvala possui resistência ao nematóide Belonolaimus longicaudatus e ao vírus do enfezamento do Pangola, que é comum na América do Sul (Alcântara e Bufarah,1992). No Brasil, a 29 utilização do capim-pangola é bastante limitada, principalmente devido a sua susceptibilidade à cochonilhas e às cigarrinhas-das-pastagens. Quando manejado adequadamente, possui bom valor nutritivo. Essa característica se deve ao seu colmo delgado e suas folhas abundantes. Apresenta período prolongado de florescimento e, ainda assim, mantém um bom valor nutritivo. Em regime de cortes, o capim-pangola apresenta produção anual de aproximadamente 15 t.ha-1.ano. A cultivar Transvala é mais produtiva do que a cultivar Pangola, principalmente em solos mais férteis. 6.4 - Forma de utilização O capim-pangola tem boa aceitabilidade pelos animais e pode ser utilizado sob pastejo, para produção de feno e de silagem. O capim-pangola pode ser manejado sob lotação intermitente ou lotação contínua. Alguns autores recomendam o manejo em lotação rotativa para a manutenção do adequado estande de plantas no pasto. Neste caso, as recomendações de manejo do pastejo consistem no emprego de um período de descanso variável em função da taxa de crescimento da planta, bem como a adoção de altura de resíduo pós-pastejo de cerca de 10 a 15 cm. Vale destacar que não existem pesquisas realizadas com o capim-pangola para recomendações adequadas de manejo do pastejo para essa forrageira. Dessa forma, muitas recomendações são feitas com base no conhecimento empírico. Com relação à consorciação com leguminosas forrageiras, o capim-pangola apresenta baixa compatibilidade devido à sua grande competitividade. De acordo com Aronovich & Rocha (1985), pasto de capim-pangola também é bem aceito por cavalos, apresentando boa resistência ao pisoteio e à desfolhação por esses animais. A produção de feno é de cerca de 10 t.ha-1.ano com adubação de 300 kg.ha-1 de N (Mitidieri, 1992). Poucos são os relatos na literatura quanto à utilização dessa 30 gramínea forrageira para ensilagem, entretanto Semple (1966) considerou a silagem dessa forrageira como deficiente em proteína. Devido à sua capacidade de cobertura do solo o capim-pangola tem se mostrado muito adequado para revegetação de áreas de mineração e de áreas decapeadas. Também se desenvolve bem em taludes e cortes de estrada. 6.5 - Resultados de pesquisa O capim-pangola é bastante responsivo à adubação nitrogenada. Werner et al (1967) adubaram pastos de capim-pangola com até 800 kg.ha-1 de N, parcelado em duas aplicações, e obtiveram produção de forragem de até 34 t.ha-1 de MS.ano. Esses autores também verificaram que o parcelamento mantém os níveis de PB na forragem mais altos. Em outro experimento, Lima et al. (1968) obtiveram taxas de lotação de 2,92 novilhos.dia-1 em pastagem adubada com 200 kg.ha-1 de N e 2,64 novilhos.dia-1 quando a pastagem não recebeu a adubação nitrogenada. O ganho médio diário por animal foi de 545 e 585 g para a pastagem adubada e não adubada, respectivamente. Em relação à fonte de N, parece não haver muitas diferenças, mas Werner et al. (1974) verificaram melhor resposta do capim-pangola quando amônia anidra foi aplicada em comparação à aplicação de uréia. Outro aspecto interessante e importante no capim-pangola diz respeito à fixação biológica de N por associação entre essa gramínea e bactérias, especialmente na cultivar Transvala, em que ocorre uma das mais ativas formas de associação. Nesse sentido, o gênero Digitaria, apesar do melhoramento e seleção a que foi submetido, manteve a característica associativa com Aspirillum brasiliense, cuja ocorrência no solo é dependente do pH próximo a 7,0 (Weier, 1980). Na Austrália, foram estimados valores de 0,076 e 0,186 kg.ha-1.dia de N, como média em dois 31 verões consecutivos. Infere-se, portanto, que o capim-pangola poderia contribuir para a manutenção da sustentabilidade em sistemas de produção mais extensivos. O capim-pangola foi avaliado por Pringolato et al. (1983) durante o período de seca, onde foi manejado em regime de cortes com freqüências de 30 e 60 dias, apresentando 11,8 e 8,9 % de proteína bruta, respectivamente. O intervalo entre cortes determina a idade do pasto no momento de sua colheita, fator que influencia sobremaneira o valor nutritivo da gramínea (Quadro 4). Quadro 4 - Características de valor nutritivo do capim-pangola em função da idade Idade (dia) MS PB LIG DMS 46-60 21,60 6,15 5,20 52,43 91 – 120 30,20 3,90 5,80 47,77 151 – 180 38,50 3,10 8,10 44,22 181 - 240 46,20 3,10 9,40 43,08 MS- matéria seca; PB- proteína bruta; LIG- lignina; DMS- digestibilidade da matéria seca; Fonte: Valadares Filho et al. (2006). Segundo Botrel et al. (1998), ganhos em peso de até 760 kg.ha.ano-1 foram obtidos em pastagens de capim-pangola intensivamente manejada (irrigadas e fertilizadas com 670 kg.ha-1.ano de N) e pelo menos dois fatores são atribuídos ao bom desempenho dos animais mantidos nessas pastagens: altos percentuais de lâminas foliares e de açúcares nos colmos. Em um sistema de produção de leite em regime exclusivo de pasto de capim-pangola cv. Transvala, localizado em Pinheral, RJ, os índices de produtividade obtidos foram de 10 kg.dia-1.vaca e 17 kg.dia-1.ha. Esses resultados corresponderam à média de 33 meses de avaliação (Aronovich & Rocha, 1985). 32 7 - CAPIM-SETÁRIA – Setaria anceps Stapf. ex. Massey 7.1 - Origem A maior parte das espécies do genêro Setaria são de origem africana, mas são encontradas também em outras regiões subtropicais e mediterrâneas (Bodgan, 1977), sendo possível encontrar, inclusive, algumas espécies no Rio Grande do Sul, consideradas nativas do Brasil (Mattos & Mattos, 2000). No pantanal do Mato Grosso existe uma espécie nativa, a Setariageniculata, conhecida como capim- mimoso-vermelho. As cultivares de Setaria anceps mais utilizadas são: Nandi, Kazungula e Narok. A cultivar Nandi foi selecionada a partir de material encontrado no Quênia, num local chamado Nandi (Mattos & Mattos, 2002). A cultivar Kazungula foi primeiramente lançado comercialmente na Austrália, a partir de plantas selecionadas no Zâmbia. A cultivar Narok é oriunda da mesma região da cultivar Nandi, tendo advindo, porém, de regiões com mais de 2.000 m de altitude. No Brasil, as cultivares são denominadas vulgarmente de capim-setária, capim-congo, capim-rabo-de-raposa e capim-de-cachorro. 7.2 - Caracterização morfológica As cultivares da espécie Setaria anceps utilizadas no Brasil são perenes, cespitosas, com rizomas pouco desenvolvidos e de porte alto, com plantas podendo atingir até 2 m de altura. As folhas são glabras e as bainhas são comprimidas em forma de quilhas dispostas em leque na base do colmo, que é achatado. As lígulas são bastante visíveis e desenvolvidas com a parte superior coberta de pêlos. As inflorescências são do tipo panículas contraídas, delgadas e compactas, com tonalidades que variam de acordo com a cultivar. 33 A cultivar Nandi possui touceiras que podem atingir até 1,5 m de altura no estádio de florescimento, com colmos eretos e rizomas curtos. As inflorescência são de cor amarronzada, com cerca de 30 cm de comprimento. Uma das grandes vantagens dessa cultivar é seu florescimento tardio, o que implica na manutenção do pasto de capim-setária com melhor valor nutritivo durante maior período de tempo. A caracterização morfológica da cultivar Kazungula assemelha-se bastante a da cultivar Nandi, com diferenças mais proeminentes na coloração da inflorescência, que na cultivar Kazungula possui tom mais claro e a cor das folhas é verde-azulado. Apresenta também porte maior do que a cultivar Nandi, podendo atingir até 2 m de altura quando em florescimento. A cultivar Kazungula se caracteriza também por intenso florescimento e, segundo Alcântara & Bufarah (1988), este pode ser reduzido com pastejo intenso. As plantas da cultivar Narok podem atingir até 1,8 m na época do florescimento e são considerada por Mattos & Mattos (2000) como intermediárias entre as cultivares Nandi e Kazungula no tocante ao vigor. Poucas são as diferenças morfológicas dessa cultivar em relação às outras, principalmente em relação à cultivar Nandi. 7.3 - Caracterização Agronômica Chama a atenção no capim-setária a sua capacidade de adaptação aos distintos tipos de solos, desde os arenosos aos argilosos. Além de tolerar bem a seca, também suportam solos mal drenados, inclusive sujeitos aos períodos de alagamento temporários. Dessa forma, o capim-setária consiste em opção adequada para as áreas de várzea. O capim-setária é encontrado desde o nível do mar até altitudes de 3.000 m (Bogdan, 1977). Plantas da cultivar Nandi são adaptadas a locais com precipitação superior a 250 mm.ano-1, toleram bem secas e geadas e, segundo Luck (1979), são 34 mais indicadas para solos profundos. O capim-setária tem sido recomendado para regiões com precipitação pluvial anual mínima de 750 mm. De modo geral, o capim-setária é tolerante ao frio, mas o máximo de produtividade dessas plantas em regiões subtropicais ocorre nas estações de primavera, verão e outono. Em regiões livres de geadas, se o pasto for devidamente adubado, o capim-setária pode apresentar bom crescimento durante o inverno. Esta é a razão para as recomendações de que o capim-setária poderia substituir algumas gramíneas de inverno para produção de forragem durante o período de escassez. As cultivares Kazungula e Narok são consideradas mais tolerantes às condições de seca e de baixa temperatura, respectivamente. A cultivar Kazungula adapta-se melhor aos solos rasos, suporta melhor condições de alagamento prolongado e possui mais rápido estabelecimento do que a cultivar Nandi. Em geral, as três cultivares citadas anteriormente se desenvolvem bem em solos de média fertilidade. Essas gramíneas, são bastante responsivas à adubação fosfatada, havendo aumentos significativos em produção de forragem e, segundo Pimentel & Zimmer (1983), apresentam boa produção de sementes em solos com elevada acidez. O capim-setária também não é adaptado aos solos salinos. O capim-setária se propaga predominantemente por sementes, mas também pode ser propagado vegetativamente (Jones & Rees, 1973), com mudas enraizadas. O estabelecimento do pasto é lento e irregular, com conseqüente demora para utilização inicial da pastagem. As sementes do capim-setária são de reduzido tamanho e, na cultivar Kuzungula, estima-se que existam cerca de 1.490 sementes em um grama (Souza, 1993). Em geral, são necessários de 6 a 8 kg de sementes, com cerca de 30 % de valor cultural, para a formação de um hectare de pastagem. As cultivares, em geral, são bastante susceptíveis ao ataque de cigarrinhas-das- pastagens. A cultivar Kazungula é considerada tolerante à cigarrinha-das-pastagens devido à rigidez dos tecidos na base do seu colmo. 35 Talvez a maior limitação nutricional do capim-setária seja sua concentração elevada de oxalato, que é nocivo à saúde dos animais, pois reage com o cálcio, tornando-o indisponível e, assim, ocasionando deficiência induzida deste mineral (Martines, 1993). Muitos autores consideram como níveis tóxicos de oxalatos valores entre 4 e 7 % (Jones & Ford, 1972) e, nestas condições, intoxicação de bovinos pode ocorrer quando animais com estado nutricional precário e não adaptados ao consumo destas substâncias são introduzidos na pastagem (Pimentel & Zimmer, 1983). Em geral, quando comparadas em mesmo estádio de desenvolvimento, a cultivar Nandi possui menor teor de oxalato do que a cultivar Kazungula. 7.4 - Formas de utilização O capim-setária é bem aceito pelos animais e as cultivares utilizadas no Brasil são, em sua maioria, utilizadas para pastejo, mas com potencial para serem exploradas sob corte. Alguns trabalhos de pesquisa mostram sucesso na utilização dessa forrageira sob a forma de feno e silagem (Hassan, 1990). Entretanto, a conservação dessa gramínea forrageira sob a forma de feno apresenta restrições devido à baixa relação lâmina:colmo e à maior espessura do colmo, que dificultam o processo de desidratação da forragem, além de piorar o valor nutritivo do feno, principalmente quando a planta encontra-se em estádio fisiológico mais avançado. A ensilagem desta gramínea também apresenta restrições em função do baixo teor de matéria seca na planta na época ideal de colheita, dificultando a ocorrência de um processo adequado de fermentação láctica. As recomendações disponíveis de manejo do pastejo para o capim-setária são pouco objetivas. Recomenda-se, após o primeiro ano de estabelecimento do pasto, manter uma taxa de lotação na pastagem que minimize o florescimento intenso dos perfilhos a fim de manter o melhor valor nutritivo do pasto. 36 7.5 - Resultados de pesquisa Em estudo sobre eficiência de cobertura do solo por gramíneas tropical, Botrel et al. (1987) indicaram que, apesar do crescimento cespitoso, o capim-setária proporcionou 72 % de cobertura de solo quando submetido ao pastejo, valor este superior aos das espécies de mesma forma de crescimento, como Andropogon gayanus e algumas cultivares de Panicum maximum. A produção máxima de forragem para o capim-setária é atingida após o segundo ou terceiro ano de estabelecimento (Bodgan, 1977). Humphreys (1974) afirma que na Austrália a produção de MS é de 10 t.ha-1 atingindo até 27 t.ha-1 com irrigação. No Brasil, estudos com setária para corte, com e sem adubação, mostraram produção de até 176 t.ha-1 de matéria verde, avaliados em treze meses (Zuñiga, 1967). O capim-setária apresenta alta tolerância ao alumínio trocávelno solo, sendo comparável à tolerância de gramíneas como a B. decumbens e B. humidicola (Cantarutti et al., 1994). Respostas à adubação nitrogenada têm variado de 8 a 65 kg de MS por kg de N aplicado e, aparentemente, a maior eficiência tem sido obtida com aplicações próximas de 200 kg.ha-1 de N (Leite et al., 1995). Schenk et al. (1982) encontraram concentração de oxalato em plantas verde de 62 g.kg-1. A percentagem de oxalato aumenta com a aplicação de nitrogênio e decresce com a idade da planta (Gomide et al., 1992). Aparentemente, qualquer categoria animal em boas condições orgânicas não apresentaria problemas (Schenk et al., 1982), o que foi constatado em trabalhos utilizando a cultivar Kazungula para vacas em lactação (Alvin et al., 1995). Outras características de composição química do capim-setária são apresentadas na Quadro 5. De acordo com Pimentel & Zimmer (1983), foram obtidos ganhos de peso animal satisfatórios em pastos de capim-setária durante a época de seca, em Campo 37 Grande, MS, adotando-se taxa de lotação correspondente a uma vaca por hectare. Durante o período chuvoso, a capacidade de suporte da pastagem foi de 2,4 vacas.ha- 1. Quadro 5 - Características de valor nutritivo do capim-setária em função da idade e de componentes morfológicos Idade (dia) MS PB FDN LIG 0 – 30 13,88 16,26 55,02 5,22 31 – 45 13,38 13,24 61,60 7,38 46 – 60 18,81 8,65 67,12 4,92 Bainha foliar - 7,30 73,13 7,00 Folha - 15,50 71,95 6,63 Colmo - 9,06 82,98 8,65 MS- matéria seca; PB- proteína bruta; FDN- fibra em detergente neutro; LIG- lignina; Fonte: Valadares Filho et al. (2006). Alguns programas de melhoramento com essa espécie, já foram ou vêm sendo conduzidos, visando principalmente aumento de produtividade, incremento na produção de sementes e tolerância à geada. Assim como o capim-jaraguá, o capim-setária já teve maior importância na pecuária, caindo em desuso nos últimos anos e, atualmente, nem sequer figura na lista de relação de sementes forrageiras vendidas no Brasil. Devido a esse fato, pesquisas com esta forrageira vêm diminuindo ao longo dos anos. 8 - CAPIM-QUICUIO – Pennisetum clandestinum Hochst. Ex Chiov 8.1 - Origem 38 O capim-quicuio é originário da África Central e Oriental, principalmente do Zaire e Quênia e, ainda, de regiões da Etiópia, Uganda, Tanzânia, Congo e Ruanda. O nome quicuio provém de uma tribo de nativos do Quênia, um dos principais locais em que esta gramínea é originária (Araújo, 1978). Constitui uma das espécies forrageiras mais difundidas e cultivadas em regiões tropicais do mundo, com destaque para regiões da Costa Rica, Colômbia, Hawai e Sul da África. Essa forrageira foi introduzida no Brasil, em 1924, pelo engenheiro agrônomo Jorge Villares e disseminada para vários estados do país. Além do capim-quicuio comum, existem duas outras cultivares, a Whittet e a Breakwell. 8.2 - Caracterização morfológica O capim-quicuio é uma gramínea perene e de grande capacidade de alastramento devido aos numerosos rizomas e estolões que emitem brotações e raízes na região dos nós. É considerada uma gramínea de porte baixo, variando de 40 a 60 cm de altura (Mitidieri, 1992), que forma um denso relvado e boa cobertura do solo. Um dos fatores que influenciam positivamente a altura do pasto de capim-quicuio é a fertilidade do solo. Os estolões emitem colmos curtos, mas com elevado número de folhas. Estas apresentam bainha pubescente e lígula de 1 a 2 mm, com pêlos brancos e sedosos. A lâmina foliar é inteiramente dobrada quando em expansão, tornando se plana quando completamente expandida. Os colmos reprodutivos são curtos, apresentando folhas com 3,5 a 5 cm de comprimento e 6,5 mm de largura. O sistema radicular do capim-quicuio é bastante profundo, podendo penetrar no solo até cerca de 5,5 m, embora 90 % do peso total das raízes encontrem-se nos primeiros 60 cm de profundidade. A inflorescência é do tipo panícula, bastante reduzida, com somente 2 a 4 espiguetas que se forma entre o colmo e a base do limbo filiar. Os estames são esbranquiçados, brilhantes e efêmeros, aparecendo pela manhã e desaparecendo nas horas mais quentes do dia. A razão do nome “clandestinum” se deve à sua 39 inflorescência, que é localizada na base do limbo foliar junto ao colmo e, dessa forma, fica normalmente oculta. A cultivar Breakwell possui menor capacidade de perfilhamento, crescimento mais prostrado, entrenós mais curtos e forma pastos mais densos do que a cultivar Whittet. 8.3 - Caracterização agronômica O capim-quicuio vegeta bem em locais onde a precipitação máxima é próxima de 660 mm anuais, apesar de alguns autores sugerirem necessidade de, em média, 800 mm anuais. A faixa ótima de temperatura para essa forrageira situa-se entre 16 e 21ºC, não tolerando temperaturas elevadas. É relativamente resistente ao frio, porém pode secar em condições de baixa temperatura nos meses de inverno e, principalmente, se ocorrer geadas. Tolera sombreamento moderado, por curtos períodos de tempo. A espécie P. clandestinum tolera relativamente bem condições de seca devido a seu profundo sistema radicular. É uma gramínea altamente exigente em fertilidade do solo, razão pela qual é comum sua ocorrência próximo aos currais, em solos férteis e com alto teor de matéria orgânica. Sua ocorrência natural é, principalmente, em latossolos roxos profundos e de boa fertilidade. Tolera solos pobremente drenados, além de solos moderadamente alcalinos até alcalinos. Propaga-se por mudas, que podem ser plantadas a lanço, em sulcos ou em covas. A produção de sementes existe, porém sua colheita é dificultada em razão da sua formação muito rente ao solo. Esse é um dos motivos pelos quais a comercialização de sementes de capim-quicuio é praticamente inexistente no Brasil. Em solos de baixa fertilidade o capim-quicuio pode ser atacado por fungos, como o que causa a ferrugem, e outros insetos. Também é susceptível à cigarrinha- das-pastagens e pode ser atacado por lagartas. 40 A produção de forragem da cultivar Breakwell é menor quando comparada à da cultivar Whittet. Por outro lado, a capacidade de cobertura do solo e de competição com plantas daninhas e à resistência ao pisoteio é maior na cultivar Breakwell. 8.4 - Formas de utilização O capim-quicuio é utilizado basicamente sob pastejo e mais comumente para gado de leite do que para bovinos de corte. Segundo Read & Fulkerson (2003), vacas de leite em pasto de capim-quicuio bem manejado, sem suplementação com concentrado, podem produzir até 12 L.dia-1. Devido ao seu porte reduzido, o capim- quicuio é de fácil manejo. Além disso, é flexível quanto à forma de utilização, podendo ser manejado sob lotação contínua ou no sistema rotativo. O capim-quicuio é resistente ao pastejo e ao pisoteio devido, dentre outros fatores, à sua forma de crescimento estolonífera. Essa característica o torna apropriado para formação de pastagens para ovinos, que pastejam mais baixo, próximo ao solo. Sob pastejo, recomenda-se a manutenção do pasto numa altura entre 15 a 25 cm. O pasto de capim-quicuio pode ser estabelecido em consórcio com leguminosas forrageiras, como os trevos, centrosema e siratro. É também utilizado como forragem verde picada para fornecimento aos animais no cocho. A fenação e a ensilagem são utilizadas em menor escala, devido ao custo elevado, às grandes perdas de massa seca e à menor digestibilidade do feno ou da silagem quando comparado ao capim picado. O capim-quicuio é também utilizado em piquetes paras suínos e aves, em jardins como planta ornamental e para fins de controle de erosão em áreas marginais. 8.5 - Resultados de pesquisa 41 A produção de forragem do capim-quicuio é variável com as condições de ambiente e manejo. No Brasil, Otero (1961) relatou a produtividade anual de 60 t.ha-1 de massa verde nos pastos de capim-quicuio, em seis cortes. O capim-quicuio responde bem à adubação nitrogenada, o que lhe confere vantagem competitiva em relação às espécies menos responsivas à adubação. Colman & Kayser (1974), avaliando os efeitos de adubação do capim-quicuio, obtiveram eficiência de resposta de 17 a 24 kg de MS por kg.ha-1 de N aplicado. Em geral, dentre as gramíneas de crescimento estolonífero, o capim-quicuio não é uma das mais produtivas, principalmente quando comparado às gramíneas do gênero Cynodon. Neste contexto, Basso et al. (2004) compararam a dinâmica de alocação de massa seca em Tifton 85 e capim-quicuio e observaram maior acúmulo de biomassa para o capim-tifton (6,6 t.ha-1) em relação ao capim-quicuio (2,3 t.ha-1). Além disso, o Tifton acumulou proporcionalmente mais matéria seca em estolões (60 %) em relação ao capim-quicuio (40 %), o que lhe conferiu maior capacidade de competição. Quando bem manejado, o pasto de capim-quicuio possui e mantém bom valor nutritivo durante longo período. Porém a idade do pasto é fator preponderante, modificando o valor nutritivo do pasto de capim-quicuio (Quadro 6). Quadro 6- Características de valor nutritivo do capim-quicuio em função da idade Idade (dia) MS PB FB MM P 0 - 30 21,66 10,06 35,05 5,30 0,17 46 – 60 22,15 9,62 36,15 4,82 0,15 61 - 90 28,80 7,43 38,48 4,14 0,10 MS- matéria seca; PB- proteína bruta; FB- fibra bruta; MM- matéria mineral; P- fósforo; Fonte: Valadares Filho et al. (2006). 42 9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCANTARA, P.B.; BUFARAH, G. Plantas forrageiras: gramíneas e leguminosas. São Paulo, Nobel 1979, 150p. ARONOVICH, S.; ROCHA, G.L. Gramíneas e leguminosas forrageiras de importância no Brasil Central pecuário. Informe Agropecuário, n.132, p.3-13, 1985. BATISTA, L.A.R.; GODOY, R. “BAETÍ”- Embrapa 23 um novo cultivar do capim-andropógon (Andropogon gayanus Kunth). 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