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NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS PDF

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FERNANDO AUGUSTO DE VITA BORGES DE SALES 
 
 
 
 
DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
PROCESSUAIS 
Uma análise do art. 190 do Código de Processo Civil à luz dos vários 
entendimentos manifestados na doutrina e na jurisprudência. 
 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright 2019 Fernando Augusto De Vita Borges de Sales 
Todos os direitos dessa obra pertencem ao autor. 
Citações devem sempre indicar a fonte. 
 
 
 
Sobre o autor. 
 
Fernando Augusto De Vita Borges de Sales 
Advogado inscrito na OAB/SP. 
Mestre em direitos difusos e coletivos (2008). 
Pós-graduado em Direito Civil (1998), Direito do Trabalho (2003), e Direito do 
Consumidor (2005) 
Professor UNIVERSITÁRIO e em vários cursos de pós-graduação e 
preparatórios para concursos e exame de ordem. 
Palestrante do Departamento de Cultura e Eventos da OAB/SP 
Autor de várias obras na área jurídica, incluindo os livros CPC comentado 
artigo por artigo (na 3ª edição), Manual de direito processual civil (na 2ª 
edição) e Código de Processo Civil anotado e interpretado conforme a doutrina 
e a jurisprudência, pela editora Rideel; Desconsideração da personalidade 
jurídica e Juizados especiais cíveis, pela editora JHMizuno; Direito do trabalho 
de A a Z, pela Editora Saraiva; Súmulas do TST comentadas, pela Editora LTr; 
Direito empresarial contemporâneo e Direito ambiental empresarial, ambos 
pela Editora Rumo Legal. 
 
Contatos: 
email: professorsales2@gmail.com 
facebook: Fernando Augusto Sales 
instagram: Fernando_augusto_sales. 
 
 
mailto:sales_fernando@hotmail.com
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 
I – NEGÓCIOS JURÍDICOS 
II – NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS NO NOVO CPC 
 II.1. NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS E A LIBERDADE DE PROCEDIMENTO 
 II.2. NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS ANTES DO CPC DE 2015. 
 II.3. OS NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS NO CPC DE 2015. 
 II.3.1. Requisitos autorizadores. 
 II.3.2. Controle judicial da convenção. 
 II.3.3. Interpretação 
 II.3.4. Alcance dos negócios jurídicos processuais. 
 II.3.4.1. O que pode ser objeto dos negócios processuais. 
 II.3.4.2. O que não pode ser objeto do negócio jurídico processual. 
 II.3.5. Sobre as possibilidades de aplicação dos arts. 190 e 191 e quem pode celebrar os 
negócios jurídicos processuais. 
 II.3.6. Aplicação no processo do trabalho. 
CONCLUSÃO 
BIBLIOGRAFIA 
 
 
 
Lista de abreviações. 
 
ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados 
FPPC – Fórum Permanente de Processualistas Civis 
JDPC – Jornadas de Direito Processual Civil 
FNPT – Fórum Nacional de Processo do Trabalho 
FNPP – Fórum Nacional do Poder Público 
 
DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS 
Uma análise do art. 190 do Código de Processo Civil à luz dos vários 
entendimentos manifestados na doutrina e na jurisprudência. 
Fernando Augusto De Vita Borges de Sales 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO. 
 O novo Código de Processo Civil, em vigor desde março de 2016, trouxe 
uma gama enorme de inovações no processo civil brasileiro, necessárias em face 
da mudança das relações sociais e, consequentemente, das questões 
submetidas ao Judiciário. 
 Dentre as várias inovações introduzidas pelo Código de Processo Civil de 
2015, uma das mais importantes, sem dúvida, é a que prevê os negócios 
jurídicos processuais, principalmente no art. 190 do novel estatuto processual, 
e que será o foco desse pequeno ensaio. 
 Tão logo o atual Código de Processo Civil foi promulgado, diversos grupos 
de estudos se reuniram ou se formaram para analisá-lo e estabelecer 
interpretações conforme que servissem de orientação aos operadores do 
direito, através da elaboração de enunciados. Dentre eles, destacamos a Escola 
Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM), o Fórum 
Permanente de Processualistas Civis (FPPC), o Fórum Nacional de Processo do 
Trabalho (FNPT), o Fórum Nacional do Poder Público (FNPP), e as Jornadas de 
Direito Processual Civil (JDPC). 
 Nossa proposta, no presente trabalho, é fazer uma análise do art. 190 à luz 
dos diversos entendimentos esposados principalmente nos enunciados 
publicados por aqueles grupos, acrescidos de ensinamentos doutrinários e 
interpretações jurisprudenciais. 
 Longe de pretender encerrar a questão, o objetivo, aqui, é apenas de 
auxiliar os estudantes e profissionais do direito a entender esse importante 
instituto do direito processual. 
I – NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 A vida é formada de fatos, que são acontecimentos cotidianos, rotineiros, 
comuns e, muitas vezes, naturais. O nascer do sol, a chuva que cai, o choro de 
uma criança, o latido de um cão são fatos da vida. Quando um fato, 
particularmente, interessa ao direito, dizemos trata-se de um fato jurídico. 
Quando esse fato jurídico tiver origem numa ação humana, será considerado 
um ato jurídico. 
 Uma das funções do direito civil é regular as relações privadas, ou seja, as 
relações jurídicas estabelecidas entre particulares. Nesse desiderato, a norma 
jurídica vai estabelecer as regras de caráter geral que alberga tais relações, 
ordenando a vida do ser humano em sociedade, no aspecto privado. Mas, ao 
lado da norma jurídica, o ser humano pode criar regras especiais, de caráter 
específico, para regular situações pontuais que interessam ao direito, ao que se 
dá o nome de negócio jurídico. 
 O negócio jurídico é uma espécie de ato jurídico que tem origem na 
manifestação da vontade humana, como fito de constituir, modificar ou 
extinguir relações jurídicas, ou seja, é a forma de dar vazão à autonomia privada, 
originando-se da manifestação da vontade, livre e consciente, dos contratantes. 
Na lição de Renan Lotufo, 
 
 
O negócio jurídico, para nós, é o meio para a realização da autonomia 
privada, ou seja, a atividade e a potestade criadoras, modificadoras ou 
extintoras de relações jurídicas entre particulares, isto é, o 
pressuposto e a causa geradora de relações jurídicas, abstratamente e 
genericamente admitidas pelas normas do ordenamento.1 
 No mesmo sentido, explica Nehemias Domingos de Melo: 
É a prerrogativa que o ordenamento jurídico confere ao indivíduo de, 
por sua livre vontade, criar relações a que o direito empresta validade, 
desde que em conformidade com a ordem jurídica e social. 2 
 O negócio jurídico, assim, é a exteriorização da vontade humana, 
materializada através de um contrato. 
II – NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS NO NOVO CPC 
 Negócios jurídicos processuais são aqueles entabulados no processo – ou 
para o processo, atendendo a vontade de litigantes – ou futuros litigantes – no 
tocante a modificações do procedimento. 
 Os chamados negócios jurídicos processuais estão previstos, 
principalmente, no art. 190 do Código de Processo Civil, que dispõe: 
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam 
autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular 
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa 
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres 
processuais, antes ou durante o processo. 
 São chamados negócios jurídicos processuais porque mediante declaração 
expressa da vontade, as partes podem promover mudanças no procedimento. 
Como pudemos afirmar em obra anterior3: 
 
1 Renan Lotufo, Curso avançado de direito civil, vol. 1 – Parte geral, p. 216. 
2 Nehemias Domingos de Melo, Lições de direito civil, vol. 1 – Teoria geral, p. 131. 
3 Manual de direito processual civil, 2ª edição, pp. 137/138 
O art. 190 cria uma situação sem paralelo no CPC/1973, à qual podemos 
chamar – por nossa conta – de liberdade de procedimento. As partes 
podem, de comum acordo, estipular mudanças no procedimento (aí 
incluindo ônus, poderes, faculdades e deveres processuais), de sorte a 
adaptá-lo e ajustá-lo às peculiaridades da causa. 
 No mesmo sentido,explica Elpídio Donizetti: 
O novo CPC prevê a possibilidade de alteração do procedimento para 
“ajustá-lo às especificidades da causa” (art. 190). O dispositivo é 
claramente inspirado nos movimentos do contratualismo processual, 
que permitem uma adequação do instrumento estatal de solução de 
litígios aos interesses das partes e ao direito material que os 
consubstanciam.4 
 Temos, destarte, um novo horizonte de possibilidades que se abre às 
partes, na condução do processo, para mudança e adaptação do 
procedimento processual às suas conveniências e interesses, de cujas 
peculiaridades iremos discorrer em seguida. 
II.1. NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS E A LIBERDADE DE 
PROCEDIMENTO 
 Assim como há, no processo moderno, a liberdade da forma, temos, agora, 
o que corajosamente chamamos de liberdade de procedimento, permitindo às 
partes, em determinadas situações, estabelecer para o processo regras 
procedimentais próprias, ao seu bel alvitre, sem ter que seguir o procedimento 
previamente estabelecido na lei de rito. 
 Os negócios jurídicos estabelecidos no citado art. 190 podem ser 
celebrados antes do processo – negócios pré-processuais, ou no curso do 
processo – negócios pós-processuais, e obrigam as partes e seus sucessores, 
sendo que “nos negócios processuais, as partes e o juiz são obrigados a 
guardar nas tratativas, na conclusão e na execução do negócio o princípio da 
boa-fé” (FPPC, enunciado 407). 
 
4 Elpídio Donizetti, Curso didático de direito processual civil, p. 419. 
 Mas é bom salientar que os negócios jurídicos processuais somente 
possuem eficácia em relação aos contratantes, não podendo afetar interesses 
de terceiros que a eles não anuíram, eis que “a eficácia dos negócios 
processuais para quem deles não fez parte depende de sua anuência, quando 
lhe puder causar prejuízo” (FPPC enunciado 402). 
II.2. NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS ANTES DO CPC DE 2015. 
 Os negócios jurídicos processuais não são, a bem da verdade, uma total 
inovação do novel estatuto de rito. No Código de Processo Civil de 1973 já havia 
possibilidade das partes firmarem tais negócios, embora de uma maneira bem 
mais tímida. 
 Uma possibilidade dava-se com a escolha do foro em contrato – a chamada 
cláusula de foro de eleição – prevista no Código Civil, art. 785. Por meio dela, na 
forma do que dispunha o art. 111 do CPC de 19736, as partes poderiam, de 
comum e livre acordo, eleger o foro competente para conhecer e julgar a ação 
derivada daquele contrato, no que diz respeito à competência – relativa – 
decorrente do valor ou do território. Isso colocava nas mãos das partes, e a seu 
bel talante, a modificação de regras processuais de competência, dando-lhes, 
nesse particular, autonomia procedimental pré-processual. 
 Outra, vinha com a permissão legal do art. 265, II, do CPC de 1973, de as 
partes requererem ao juiz, de comum acordo, a suspensão do processo, pelo 
prazo máximo de até 6 meses. Permitindo-se às partes ajustarem a suspensão 
da marcha processual, a lei inegavelmente contemplava uma forma de negócio 
jurídico procedimental pós-processual. 
 
5 CC, art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se 
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 
6 Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das 
partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo 
foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. § 1o O acordo, porém, só 
produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a determinado negócio 
jurídico. § 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. 
 
II.3. OS NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS NO CPC DE 2015. 
 No Código de Processo Civil atual, as possibilidades de negócios processuais 
foram aumentadas, tendo as partes, quando presentes os pressupostos 
autorizadores, ampla liberdade para celebrá-los, nos mais diversos aspectos do 
processo, com amparo no citado art. 190 e que analisaremos nos tópicos 
seguintes. 
II.3.1. Requisitos autorizadores. 
 Os negócios jurídicos serão autorizados quando presentes as duas 
hipóteses do art. 190, ou seja, 1) as partes devem ser maiores e capazes, e 2) os 
direitos discutidos devem ser disponíveis. Nesse sentido, destacamos que 
“somente partes absolutamente capazes podem celebrar convenção pré-
processual atípica” (ENFAM, enunciado 38). Todavia há entendimento de que 
“a indisponibilidade do direito material não impede, por si só, a celebração de 
negócio jurídico processual” (FPPC, enunciado 135). 
 Não é demais lembrar que devem ser observados, também, os requisitos 
de validade de qualquer ato jurídico, na forma do que dispõe o Código Civil, art. 
1047. Por isso que “a validade do negócio jurídico processual, requer agente 
capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita 
ou não defesa em lei” (FPPC, enunciado 403). 
 Na parte formal, veremos que os negócios jurídicos, principalmente os 
celebrados antes do processo, devem ser realizados por escrito, porque “não é 
válida convenção pré-processual oral” (ENFAM, enunciado 39). Os negócios 
pós-processuais, se não forem estabelecidos em petição das partes, deverão ser 
reduzidos a termo na ata da audiência, uma vez que “as partes podem celebrar 
negócios jurídicos processuais na audiência de conciliação ou mediação” 
(FPPC, enunciado 628). 
 
7 CC, Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, 
determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 Os negócios jurídicos pré-processuais podem ser celebrados em contratos, 
em adendos contratuais, em pactos específicos para esse fim, desde que 
respeitado o caráter convencional do ato. Ainda, admite-se que “a convenção 
processual pode ser celebrada em pacto antenupcial ou em contrato de 
convivência, nos termos do art. 190 do CPC” (JDPC, enunciado 18), bem porque 
“o pacto antenupcial e o contrato de convivência podem conter negócios 
processuais” (FPPC, enunciado 492). 
 Em qualquer caso, “a convenção processual é autônoma em relação ao 
negócio em que estiver inserta, de tal sorte que a invalidade deste não implica 
necessariamente a invalidade da convenção processual” (FPPC, enunciado 
409). Há a possibilidade, também, de se firmar um pacto coletivo para os 
negócios processuais, pois “é admissível a celebração de convenção processual 
coletiva” (FPPC, enunciado 255). 
 Uma vez entabulado o negócio jurídico processual, ele passa a obrigar as 
partes celebrantes, que deverão respeitá-lo. Além disso, “o negócio jurídico 
celebrado nos termos do art. 190 obriga herdeiros e sucessores” (FPPC, 
enunciado 115). 
 Na questão do direito intertemporal, veremos que “o negócio processual 
celebrado ao tempo do CPC-1973 é aplicável após o início da vigência do CPC-
2015” (FPPC, enunciado 493). 
 E, da mesma forma como acontece com os negócios jurídicos em geral, “o 
negócio processual pode ser distratado” (FPPC, enunciado 411). O distrato se 
faz da mesma forma exigida para o contrato, na forma do que dispõe o Código 
Civil, art. 4728. 
II.3.2. Controle judicial da convenção. 
 Em princípio, respeitados os requisitos autorizadores, o negócio jurídico 
processual vale por si só, não dependendo de homologação judicial para ter 
validade. Todavia, a lei poderá estabelecer situações em que a homologação 
 
8 CC, art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. 
judicial é exigida, e nesse caso, “a homologação, pelo juiz, da convenção 
processual, quando prevista em lei, corresponde a uma condiçãode eficácia 
do negócio” (FPPC, enunciado 260). 
 De qualquer forma, mesmo não se exigindo homologação judicial como 
requisito, tem o juiz o poder de controle sobre a validade do pacto, na forma do 
que dispõe o parágrafo único do art. 190 do CPC: 
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a 
validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes 
aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em 
contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta 
situação de vulnerabilidade. 
 Destarte, “salvo nos casos expressamente previstos em lei, os negócios 
processuais do art. 190 não dependem de homologação judicial” (FPPC, 
enunciado 133), sendo que “o negócio jurídico processual somente se 
submeterá à homologação quando expressamente exigido em norma jurídica, 
admitindo-se, em todo caso, o controle de validade da convenção” (JDPC, 
enunciado 115). 
 Esse controle judicial deve limitar-se às situações de nulidade ou de 
abusividade do pacto ou manifesta situação de vulnerabilidade, sendo que “há 
indício de vulnerabilidade quando a parte celebra acordo de procedimento 
sem assistência técnico-jurídica” (FPPC, enunciado 18). 
 Nesses casos, o juiz poderá negar validade ao negócio, recusando a sua 
aplicação no processo, na forma do parágrafo único do art. 190 acima transcrito, 
destacando, porém, que “o controle dos requisitos objetivos e subjetivos de 
validade da convenção de procedimento deve ser conjugado com a regra 
segundo a qual não há invalidade do ato sem prejuízo” (FPPC, enunciado 16). 
Reconhece-se, ainda, que “além dos defeitos processuais, os vícios da vontade 
e os vícios sociais podem dar ensejo à invalidação dos negócios jurídicos 
atípicos do art. 190” (FPPC, enunciado 132), especialmente nas hipóteses de 
anulabilidade dos negócios jurídicos, previstas no Código Civil, art. 1719. 
 Mas o juiz também deverá avaliar, no caso concreto, se o negócio 
entabulado entre as partes decorre de simulação ou fraude, na forma do que 
dispõe o CPC, art. 14210 e, convencendo-se disso, deverá recusar aplicação do 
avençado, pois “aplica-se o art. 142 do CPC ao controle de validade dos 
negócios jurídicos processuais” (FPPC, enunciado 410). 
 “A decisão referida no parágrafo único do art. 190 depende de 
contraditório prévio” (FPPC, enunciado 259), o que significa dizer que o 
contraditório efetivo, previsto no CPC, art. 1011, deve ser observado no tocante 
ao controle judicial do negócio jurídico processual, de sorte que qualquer 
decisão judicial proferida nesse sentido deve ser precedida de oitiva das partes 
negociantes. 
 Por fim, impende observar que, ao exercer o controle judicial, o juiz poderá 
recusar apenas uma parte do negócio processual, reputando válida a outra, eis 
que o “negócio jurídico processual pode ser invalidado parcialmente” (FPPC, 
enunciado 134). 
II.3.3. Interpretação 
 Como os negócios jurídicos processuais devem se materializar através de 
documentos escritos, como vimos anteriormente, podemos ter problemas com 
o que eles referem, demandando a sua correta interpretação. 
 
9 CC, art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - 
por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de 
perigo, lesão ou fraude contra credores. 
10 CPC, art. 142. Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo 
para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os 
objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé. 
11 CPC, art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a 
respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate 
de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 
 Para tanto, os negócios jurídicos processuais devem ser interpretados da 
mesma forma como se interpretam os negócios jurídicos normais. Assim, “nos 
negócios processuais, atender-se-á mais à intenção consubstanciada na 
manifestação de vontade do que ao sentido literal da linguagem” (FPPC 
enunciado 404), e “os negócios jurídicos processuais devem ser interpretados 
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração” (FPPC, enunciado 405). 
Além disso, “os negócios jurídicos processuais benéficos e a renúncia a direitos 
processuais interpretam-se estritamente” (FPPC, enunciado 406). 
 Pode acontecer de o negócio jurídico processual estar inserido em um 
contrato de adesão, e aí o cuidado deve ser redobrado. Por primeiro, porque 
entendemos que, se o contrato de adesão for um contrato de consumo, tal 
cláusula deveria ser considerada abusiva e, portanto, nula de pelo direito, nos 
termos do CDC, art. 51. Inobstante, é de se destacar que “quando houver no 
contrato de adesão negócio jurídico processual com previsões ambíguas ou 
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente” 
(FPPC, enunciado 408). 
II.3.4. Alcance dos negócios jurídicos processuais. 
 Entendidos o que são os negócios jurídicos processuais, resta estabelecer 
qual o seu alcance, ou seja, o que pode e o que não pode ser objeto deles. 
II.3.4.1. O que pode ser objeto dos negócios processuais. 
 Não é possível listar, aqui, todas as possibilidades que podem ser objeto 
dos negócios jurídicos processuais, pela simples razão de que não há como 
imaginar tudo que pode ocorrer num processo. Mesmo que quiséssemos não 
conseguiríamos essa proeza. 
 Desta forma, somente na análise da situação concreta é que se poderia 
verificar a validade do negócio. Isso decorre do fato de que “o art. 190 autoriza 
que as partes tanto estipulem mudanças do procedimento quanto 
convencionem sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais” 
(FPPC, enunciado 257) e que “as partes podem convencionar sobre seus ônus, 
poderes, faculdades e deveres processuais, ainda que essa convenção não 
importe ajustes às especificidades da causa” (FPPC, enunciado 258). 
 Todavia, podemos enfatizar que “são admissíveis os seguintes negócios 
processuais, dentre outros: pacto de impenhorabilidade, acordo de ampliação 
de prazos das partes de qualquer natureza, acordo de rateio de despesas 
processuais, dispensa consensual de assistente técnico, acordo para retirar o 
efeito suspensivo de recurso, acordo para não promover execução provisória; 
pacto de mediação ou conciliação extrajudicial prévia obrigatória, inclusive 
com a correlata previsão de exclusão da audiência de conciliação ou de 
mediação prevista no art. 334; pacto de exclusão contratual da audiência de 
conciliação ou de mediação prevista no art. 334; pacto de disponibilização 
prévia de documentação (pacto de disclosure), inclusive com estipulação de 
sanção negocial, sem prejuízo de medidas coercitivas, mandamentais, sub-
rogatórias ou indutivas; previsão de meios alternativos de comunicação das 
partes entre si; acordo de produção antecipada de prova; a escolha consensual 
de depositário/administrador no caso do art. 866; convenção que permita a 
presença da parte contrária no decorrer da colheita de depoimento pessoal” 
(FPPC, enunciado 19). 
 Ainda, “são admissíveis os seguintes negócios, dentre outros: acordo para 
realização de sustentação oral, acordo para ampliação do tempo de 
sustentação oral, julgamento antecipado do mérito convencional, convenção 
sobre prova, redução de prazos processuais” (FFPPC, enunciado 21). Essa 
questão da ampliação do tempo para sustentação oral é controversa, como 
veremos no item seguinte. 
 E mais, “são admissíveis os seguintes negócios processuais, entre outros: 
pacto de inexecução parcial ou total de multa coercitiva; pacto de alteração 
de ordem de penhora; pré-indicação de bem penhorável preferencial (art. 848, 
II); pré-fixação de indenizaçãopor dano processual prevista nos arts. 81, § 3º, 
520, inc. I, 297, parágrafo único (cláusula penal processual); negócio de 
anuência prévia para aditamento ou alteração do pedido ou da causa de pedir 
até o saneamento (art. 329, inc. II)” (FPPC, enunciado 490). 
 Por fim, “é admissível negócio processual para dispensar caução no 
cumprimento provisório de sentença” (FPPC, enunciado 262); “é possível 
negócio jurídico processual que estipule mudanças no procedimento das 
intervenções de terceiros, observada a necessidade de anuência do terceiro 
quando lhe puder causar prejuízo” (FPPC, enunciado 491); “admite-se 
o negócio processual que estabeleça a contagem dos prazos processuais dos 
negociantes em dias corridos” (FPPC, enunciado 579); “é admissível o negócio 
processual estabelecendo que a alegação de existência de convenção de 
arbitragem será feita por simples petição, com a interrupção ou suspensão do 
prazo para contestação” (FPPC, enunciado 580). 
 Prevendo que o pactuado não venha a ser cumprido, “as partes podem, no 
negócio processual, estabelecer outros deveres e sanções para o caso do 
descumprimento da convenção” (FPPC, enunciado 17), mas “o 
descumprimento de uma convenção processual válida é matéria cujo 
conhecimento depende de requerimento” (FPPC, enunciado 252). 
II.3.4.2. O que não pode ser objeto do negócio jurídico processual. 
 Assim como dissemos antes, também não é possível listar, aqui, todas as 
hipóteses processuais em que não se admitirá negociar. Mas de antemão já 
podemos indicar que “o negócio jurídico processual não pode afastar os 
deveres inerentes à boa-fé e à cooperação” (FPPC, enunciado 6). 
 Em termos de proibição, já há entendimentos de que “não são admissíveis 
os seguintes negócios bilaterais, dentre outros: acordo para modificação da 
competência absoluta, acordo para supressão da primeira instância, acordo 
para afastar motivos de impedimento do juiz, acordo para criação de novas 
espécies recursais, acordo para ampliação das hipóteses de cabimento de 
recursos” (FPPC enunciado 20), bem que “a regra do art. 190 do CPC/2015 não 
autoriza às partes a celebração de negócios jurídicos processuais atípicos que 
afetem poderes e deveres do juiz, tais como os que: a) limitem seus poderes de 
instrução ou de sanção à litigância ímproba; b) subtraiam do Estado-juiz o 
controle da legitimidade das partes ou do ingresso de amicus curiae; c) 
introduzam novas hipóteses de recorribilidade, de rescisória ou de sustentação 
oral não previstas em lei; d) estipulem o julgamento do conflito com base em 
lei diversa da nacional vigente; e e) estabeleçam prioridade de julgamento não 
prevista em lei” (ENFAM, enunciado 36), e que “é inválida a convenção para 
excluir a intervenção do Ministério Público como fiscal da ordem jurídica” 
(FPPC, enunciado 254), sendo que “as partes não podem estabelecer, em 
convenção processual, a vedação da participação do amicus curiae” (FPPC, 
enunciado 392). 
 Além disso, “são nulas, por ilicitude do objeto, as convenções processuais 
que violem as garantias constitucionais do processo, tais como as que: a) 
autorizem o uso de prova ilícita; b) limitem a publicidade do processo para 
além das hipóteses expressamente previstas em lei; c) modifiquem o regime 
de competência absoluta; e d) dispensem o dever de motivação” (ENFAM, 
enunciado 37). 
 Por fim, sobre a questão da ampliação do tempo para sustentação oral que 
falamos no item anterior, temos que, “por compor a estrutura do julgamento, 
a ampliação do prazo de sustentação oral não pode ser objeto de negócio 
jurídico entre as partes” (ENFAM, enunciado 41). 
II.3.5. Sobre as possibilidades de aplicação dos arts. 190 e 191 e quem 
pode celebrar os negócios jurídicos processuais. 
 Além do processo civil comum, é possível admitir os negócios jurídicos em 
outros tipos de processos e procedimento. Destarte, temos que “as disposições 
previstas nos arts. 190 e 191 do CPC poderão ser aplicadas ao procedimento 
de recuperação judicial” (JDPC, enunciado 113) e que “as disposições previstas 
nos arts. 190 e 191 do CPC poderão aplicar-se aos procedimentos previstos nas 
leis que tratam dos juizados especiais, desde que não ofendam os princípios e 
regras previstos nas Leis n. 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009” (JDPC, 
enunciado 16), o que é reforçado nos termos de que “O negócio jurídico 
processual pode ser celebrado no sistema dos juizados especiais, desde que 
observado o conjunto dos princípios que o orienta, ficando sujeito a controle 
judicial na forma do parágrafo único do art. 190 do CPC” (FPPC, enunciado 
413). 
 Sobre quem pode celebrar os negócios jurídicos processuais, a princípio a 
lei não estabelece proibições ou restrições, além dos incapazes. Assim é que “os 
entes despersonalizados podem celebrar negócios jurídicos processuais” 
(JDPC, enunciado 114). 
 No direito público, e especialmente em relação à Fazenda Pública, 
reconhece-se que “a Fazenda Pública pode celebrar convenção processual, nos 
termos do art. 190 do CPC” (JDPC, enunciado 17), no mesmo sentido de que “a 
Fazenda Pública pode celebrar negócio jurídico processual” (FPPC, enunciado 
256), e que “é cabível a celebração de negócio jurídico processual pela Fazenda 
Pública que disponha sobre formas de intimação pessoal” (FNPP, enunciado 
30), sendo que “a cláusula geral de negócio processual é aplicável à execução 
fiscal” (FNPP, enunciado 9). 
 No que tange à atuação do Ministério Público nos processos cíveis, temos 
que “o Ministério Público pode celebrar negócio processual quando atua como 
parte” (FPPC, enunciado 253), e que “a intervenção do Ministério Público como 
fiscal da ordem jurídica não inviabiliza a celebração de negócios processuais” 
(JDPC, enunciado 112). 
II.3.6. Aplicação no processo do trabalho. 
 Já a possibilidade de realizar negócios jurídicos processuais no processo do 
trabalho é controversa. Para alguns, “aplica-se ao processo do trabalho o 
disposto no art. 190 no que se refere à flexibilidade do procedimento por 
proposta das partes, inclusive quanto aos prazos” (FPPC, enunciado 131). Mas, 
como a questão é complexa, para outros “a previsão contida no art. 190, do 
NCPC, não se aplica aos processos que envolvam dissídios individuais de 
RELAÇÃO DE TRABALHO, tendo em vista que a CLT tem rito próprio (ordinário, 
sumaríssimo ou alçada), conforme arts. 849, 852-C e art. 2º, §§ 3º e 4º, da Lei 
n. 5.584/70. Aplicação dos arts. 769, 849, 852-C da CLT e NCPC, art. 190” (FNPT, 
enunciado 6). 
 Tendo em vista que essa questão se mostrou dividida, o Tribunal Superior 
do Trabalho acabou por definir que os negócios jurídicos processuais não são 
cabíveis no processo do trabalho, conforme IN/39, art. 2º. 
 
CONCLUSÃO 
 O Código de Processo Civil de 2015 trouxe como grande novidade a 
possibilidade das partes escolherem o procedimento a ser adotado no processo, 
quando presentes os requisitos autorizadores. Isso pode ocorrer antes do 
processo ou no curso deste, baseado na manifestação livre e consciente dos 
contratantes, desde que materializado em documento escrito. 
 Os negócios jurídicos processuais certamente irão se tornar uma das mais 
importantes ferramentas do processo moderno, permitindo às partes 
estabelecerem, no procedimento judicial, a forma que melhor lhes aprouver, 
ante seus interesses e as peculiaridades do caso concreto, alterando e 
modificando, assim, o procedimento estatal previsto no Estatuto de Rito. 
 
BIBLIOGRAFIA 
DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. São Paulo: Atlas, 
2016. 
LOTUFO, Renan. Curso avançado de direito civil, vol. 1 – parte geral. São Paulo: 
RT, 2003. 
MELO, Nehemias Domingos. Lições de direito civil, vol. 1 – teoria geral. São 
Paulo: Atlas, 2014. 
SALES, Fernando Augusto de Vita Borges. Manual de direito processual civil. São 
Paulo: Rideel, 2017. 
_____. Código de Processo Civil anotado einterpretado conforme a doutrina e 
a jurisprudência. São Paulo: Rideel, 2018.