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https://pess.portal.senaisp.edu.br/Portal.aspx - Eli@1986 Olá! Seja bem-vindo (a) ao curso Economia Circular. Neste curso você irá conhecer o modelo de produção circular, no qual o processo produtivo é redesenhado e traz novos valores e atitudes para a sociedade. Você irá repensar o sistema econômico atual e compreenderá as possíveis formas de transição em diversas esferas como a comportamental, empresarial, político-institucional, de formação e aprendizagem, dentre outras. Também conhecerá como os diversos países, inclusive o Brasil, estão aplicando a economia circular em seus negócios. Ao final do curso esperamos que você tenha subsídios suficientes para agir e contribuir, como pessoa e profissional, nesta grande mudança de paradigma. Fique atento! Você deverá realizar este curso dentro de 21 dias a partir da sua inscrição! Lembre-se de salvar o Certificado em seu computador dentro desse período. Após o término do curso, você não terá mais acesso a ele. Bons estudos! Módulo 1 Economia Circular: O que é e por quê? Neste módulo, apresentaremos o cenário global e o contexto que levam empresas e governos a questionar o atual modelo de produção e consumo, além de introduzir o conceito básico de Economia Circular. Uma nova era requer uma nova economia Nesta aula, vamos apresentar o cenário global e o contexto que levam empresas e governos a questionarem o atual modelo de produção e consumo. Também veremos de que forma a Economia Circular pode contribuir para a redução do impacto das mudanças climáticas. Para começar Na evolução da nossa sociedade sempre houve mudanças. Todos os dias, surgem novas soluções que levam a sociedade ao progresso, mas a mudança de uma era acontece quando uma série de desenvolvimentos fortalecem um novo padrão e mudam significativamente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Estamos vivendo a era da conectividade, na qual tudo acontece extremamente rápido e a informação “cruza” o oceano em questão de segundos. Não podemos mais dizer que as coisas vão demorar anos para chegar no Brasil. Veja, na imagem, o que acontece em apenas 1 minuto na internet. Adaptado de: lorilewis. A tecnologia digital se tornou um item essencial da nossa atualidade gerando um grande impacto na sociedade, nos negócios e nos governos. O mundo digital e o mundo físico se confundem. A transição para essa nova era requer a compreensão dessa evolução tecnológica, que transforma nossas vidas, a economia e os modelos produtivos. Demanda novas habilidades e influencia novos modelos de negócios, nos quais produto vira serviço, o consumidor vira usuário e os bens são compartilhados. E você? Está preparad@ para esta nova era e esta nova forma de gerar negócios? Que mundo é este? “A bicicleta que me leva pra escola não é minha, mas está sempre na porta da minha casa. A armação quebrada dos meus óculos foi substituída por uma impressa em casa em algumas horas pelo meu pai. Minha mãe não tem mais carro, mas tem sempre alguém diferente para nos levar a todos os lugares e, agora, todas as vezes que viajamos não ficamos mais em hotel, mas sempre na casa de um ‘amigo’ diferente.” Indústria 4.0: a 4ª Revolução Industrial. O professor alemão Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, destaca os impactos desta nova era no seu livro “A Quarta Revolução Industrial” publicado em 2016. “Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes", diz Schwab. Se quiser saber mais, clique aqui e leia o artigo completo. Riscos lineares e senso de urgência Temos consciência de que a industrialização trouxe significativas transformações em quase todos os setores da vida humana. A evolução tecnológica desenvolveu novos materiais, trouxe praticidade ao nosso dia a dia e gerou soluções médicas que aumentaram a nossa expectativa de vida. Porém, este modelo de produtividade, cujo crescimento é diretamente proporcional à exploração de recursos naturais, trouxe ao mesmo tempo benefícios e desgaste ao meio ambiente, pois não considerava os impactos e os passivos deixados para trás. Esta é a Economia Linear: modelo de produção baseado na extração, produção, uso e descarte de recursos e materiais. Mas em 2050 seremos 10 bilhões de pessoas. A produção aumenta para suprir o crescimento populacional, e o desenvolvimento tecnológico contribui para otimizar processos, acelerar a produção, gerar ganho de capacidade fazendo com que a exploração dos recursos naturais se torne mais rápida e eficiente. Os custos são otimizados e atingimos um alto patamar produtivo. Porém, extraímos recursos em uma velocidade tão rápida que o meio ambiente se torna incapaz de se regenerar. A consequência é o desgaste das reservas naturais, provocando a escassez de recursos e a indisponibilidade de matéria-prima para a indústria. O dia de sobrecarga da Terra O dia de sobrecarga da Terra é a data em que consumimos todos os recursos naturais da terra disponíveis para o ano. A cada ano esta data tem sido atingida mais cedo. Pensando na nossa conta bancária, é quando entramos no vermelho. Por exemplo, em 2019, o dia da sobrecarga do Brasil foi 31 de julho. Nos EUA, o dia da sobrecarga foi 15 de março, ou seja, os EUA usaram todo o seu estoque anual de recursos naturais já no começo do ano. Se analisarmos globalmente o dia da sobrecarga por décadas, notaremos que a data está cada vez mais adiantada. Em 1970, o dia da sobrecarga foi 29 de dezembro. Em 2018, o dia da sobrecarga foi 1 de agosto. Clique aqui para saber como é calculada essa sobrecarga (material em inglês). Clique aqui para ler sobre uma pesquisa que traz quais ações políticas são necessária para reduzir essa sobrecarga (material em inglês). Empresas e governos questionam o processo produtivo atual Mas o que tem de errado com o atual modelo? Para que possamos entender o senso de urgência para a transição para um novo modelo econômico precisamos entender os motivos pelos quais as empresas estão preocupadas. Escassez de matéria-prima: um crescimento global baseado na exploração dos recursos naturais em uma taxa de exploração mais rápida que a capacidade da terra de se regenerar provoca um desgaste do ecossistema natural. Custo e disponibilidade: ao impactar as reservas globais, as empresas começam a ter problemas com o suprimento de matérias-primas e uma volatilidade no custo das commodities. No ano 2000, ocorreu uma inversão no comportamento do preço das matérias-primas e uma alta taxa de volatilidade das commodities. Alto custo e disponibilidade das matérias-primas Um estudo da Accenture apresentou o cenário que levou ao questionamento do modelo produtivo e à variação do preço dos commodities em relação ao crescimento do produto interno bruto. Inicialmente o gráfico destaca como a inovação tecnológica levou à otimização dos processos exploratórios contribuindo para que o índice de preços das commodities caísse em 0,5% para cada 1% de crescimento do PIB. Entretanto, o encontro da intensa exploração com o ápice do desenvolvimento tecnológico, levou o preço das commodities a subir a partir do ano 2000 em uma taxa de 1,9% para cada 1% de crescimento do PIB. Sendo assim, com este valor muito mais alto observa-se um custo crescente para materiais, energia, água e solo, problemas de suprimento gerando riscos socioeconômicos aos negócios. Adaptado de: Circular Advantage – Innovative Business Models and Technologies to Create Value in a World without Limits to Growth – Accenture, 2014. Se quiser saber mais, clique aqui e leia o artigo completo (material em inglês). O novo consumidor Como vimos, esta nova era traz uma revolução tecnológica que transforma fundamentalmente a produção e consumo. Um mundo globalizado einterdependente modifica o modelo produtivo, mas também nos transforma como indivíduos e consumidores. O cliente está mudando a sua forma de comprar, logo as empresas precisam mudar a sua forma de vender. O novo consumidor pesquisa tudo na internet antes de comprar e pode mudar de opinião facilmente diante do que ele lê. O novo consumidor não faz mais compras apenas por impulso e não está mais focado apenas no preço dos produtos, mas procura o propósito da marca. Devido ao fácil acesso à informação, o consumidor se informa bem antes de efetuar a compra e muda de ideia diante da opinião de outros consumidores. É a revolução digital levando às mudanças culturais e comportamentais dos consumidores. Por exemplo, novas alternativas para serviços de transporte e hospedagem, tais como o Uber e AirBnb, surgem diante desta nova realidade e permitem novos modelos de negócio facilitados pela tecnologia oferecendo novas experiências de consumo considerando o compartilhamento de ativos. Sendo assim, esta nova realidade faz com que as empresas estejam mais atentas à forma com que colocam produtos no mercado. O novo mindset de compra “O jargão Mindset Digital nada mais é do que o modelo mental de um grupo de pessoas que passa a se comportar de forma padrão por conta da integração das tecnologias nos seus hábitos. (Mercado e Consumo, 2018)”. Se quiser saber mais, clique aqui e leia o artigo completo. Como garantir a sobrevivência do seu negócio na nova era? Desde a Revolução Industrial acreditava-se que teríamos um fornecimento constante e infinito de recursos. O modelo produtivo foi baseado na exploração dos recursos naturais e a produção em um modelo de desenvolvimento de produtos tendo como base também a obsolescência programada - técnica que visava atrair o consumidor de volta para uma nova compra devido ao curto ciclo de vida do produto. Esta economia linear gerava uma mentalidade de “compra, usa e joga fora”. Entretanto, atualmente este modelo gera insatisfação e perda do cliente que devido à alta competitividade do mercado, vai optar por outra marca. Empresas que continuarem a operar com esta mentalidade estão correndo sérios riscos que precisam ser avaliados para garantir a perpetuidade do negócio. E quais são estes riscos? Clique nas imagens abaixo para conhecê-los: (A) RISCO DE SUPRIMENTO: a dependência do uso de recursos não renováveis irá causar escassez e volatilidade da matéria-prima. (B) RISCO DE COMPETITIVIDADE: o processo produtivo baseado na obsolescência programada irá afetar a qualidade dos produtos e olhar crítico do consumidor. (C) RISCO DE CONFLITOS: uma cadeia compartimentada reduz a colaboração e aumenta o potencial de geração de conflitos. A falta de transparência e de conhecimento ao longo da cadeia também irá gerar uma “desconectividade” e provocar discussões ao longo da cadeia de valor. (D) RISCO DE SOBREVIVÊNCIA: a visão sistêmica, a adaptação à nova realidade e um olhar voltado à inovação serão elementos críticos para que a empresa seja à prova do futuro. A gestão de riscos é uma parte importante do processo de investimento de negócios e, portanto, entender estes riscos lineares é um fator essencial para a estabilidade e crescimento de longo prazo. Este é o primeiro passo da transição para a Economia Circular que chegou com força em 2018. Conheça a seguir os grandes marcos que estão impulsionando a transição e o atual nível de circularidade do mundo. Saiba mais Sociedade e economia estão cada vez mais cientes de que os recursos necessários para produção não são infinitos. Um estudo de uma consultoria holandesa mostra os riscos da atual economia, que chamamos de Riscos Lineares. Se quiser saber mais, clique aqui e leia o estudo completo (material em inglês). A transição para a Economia Circular Aspectos legais, técnicos e financeiros destacaram os 3 grandes marcos que contribuíram para o fortalecimento da Economia Circular no cenário global em 2018. Estes pontos servem como fortes argumentos para a inserção da temática na pauta das empresas, governo e sociedade no mundo e também no Brasil. Clique nos títulos abaixo: · Economia Circular virou lei na Europa. O pacote de diretrizes que havia sido apresentado ao mercado em 2014, foi validado e republicado em 2015 e aprovado como lei em 2018, criando uma base para o desenvolvimento de negócios na União Europeia. · Diretrizes financeiras para a Economia Circular. Três grandes bancos holandeses se reuniram para estudar formas de financiamento para impulsionar negócios circulares. O relatório final foi publicado em meados de 2018 e foi considerado um marco para compreensão das oportunidades e novos formatos para retorno de investimento. · Norma ISO de Economia Circular. Ao final de 2018 um comitê global foi estabelecido para a elaboração da 1ª norma ISO de Economia Circular que visa instruir o mercado no processo de transição. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já confirmou a participação e sua liderança para montar o comitê brasileiro destacando a importância do tema também para nosso mercado. O processo de normatização de processos cria uma base comum de práticas que devem ser seguidas pelas empresas. Normas técnicas são importantes instrumentos que influenciam políticas públicas e práticas empresarias. Saiba mais Um pacote de leis sobre Economia Circular virou lei na Europa. Se quiser saber mais, clique aqui (material em inglês). Instituições financeiras europeias fizeram um estudo sobre diretrizes financeiras para a Economia Circular. Se quiser saber mais, clique aqui (material em inglês). A ABNT está elaborando a normatização no campo da Economia Circular. Se quiser saber mais, clique aqui. Economia Circular e mudanças climáticas Essa transição para a Economia Circular torna-se mais urgente a cada dia, pois o sistema linear acelerado no qual vivemos não concede o tempo necessário para regeneração dos recursos naturais. As consequências dessa agressão ao meio ambiente são graves e uma das mais críticas são as mudanças climáticas. As mudanças climáticas são alterações do clima global, evidenciado pelo aumento de temperatura no planeta como um todo. Estamos vendo as ondas de calor na Europa e o frio cada vez mais intenso na América Latina. E o que causa este aquecimento global? O aumento da emissão de gases de efeito estufa aumenta a retenção de energia nos oceanos e na atmosfera, elevando a temperatura, a intensidade e frequência dos eventos climáticos extremos, sejam de frio ou de calor. E suas consequências podem ser irreversíveis. Outro aspecto distinto da mudança atual do clima é a sua origem: ao passo que as mudanças do clima no passado decorreram de fenômenos naturais, a maior parte da atual mudança do clima, particularmente nos últimos 50 anos, é atribuída às atividades humanas. Fonte: Ministério do meio Ambiente. https://www.mma.gov.br/informma/item/195-efeito-estufa-e-aquecimento-global Todo ano, lideranças globais se reúnem para debater estas questões em uma conferência chamada Conferência das Partes (COP) - órgão supremo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) – que foi estabelecida com o objetivo de gerar uma conscientização mundial sobre os problemas associados às mudanças climáticas, além de promover e facilitar a troca de informações entre os países sobre ações para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos. A 21ª Conferência das Partes (COP21), realizada em Paris em 2015, foi marcante, pois foi adotado por 195 países, um acordo global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, estabelecendo três compromissos chave com o objetivo central de fortalecer a resposta global à ameaça da mudança do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças. Os três compromissos principais são: Os compromissos globais foram pensados para manter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C e dedicar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C. Saiba mais O Acordo de Paris foi aprovado por195 países na COP21. É uma resposta mundial à ameaça de mudança climática e suas consequências. Se quiser saber mais, clique aqui. Entretanto, pesquisas nos trazem dois importantes pontos, um negativo e um positivo: A Economia Circular apresenta uma proposta viável para atingir a meta de restringir o aumento de temperatura em 1,5°C. Estes compromissos contribuem, infelizmente, apenas com uma parte das ações necessárias para a redução do aquecimento global. Adaptado do livro Economia Circular Holanda-Brasil - Brasil Da Teoria à Prática, Março 2017. Se o cenário atual permanecer, a temperatura global em 2100 será 4°C acima dos níveis pré-industriais. Para limitar a elevação de temperatura a 1,5°C, precisamos reduzir a emissão de gases do efeito estufa de 65 bilhões de toneladas para 39 bilhões, até 2030. Clique no botão abaixo para ver o que pode ser feito para atingir a meta. O QUE FAZER? SOLUÇÃO Compromissos nacionais Economia Circular Outras medidas · Energia sustentável · Eficiência energética · Redução do desmatamento · Recuperação e reuso · Aumento da vida útil · Compartilhamento e serviços · Design circular · Plataformas digitais · Aumento da escala dos renováveis e da eficiência energética · Reflorestamento · Agricultura inteligente A transição para a Economia Circular é agora! “Está claro que precisamos de uma mudança sistêmica. É essencial falarmos de soluções. Todos os debates caminhando para a COP25 precisam ser efetivos e serem feitos de modo a avançar o processo. Vamos começar a nível global e fazer com que todos os governos reconsiderem suas estratégias de mudança climática com a economia circular em mente. Embora seja crucial concentrar-se em energia renovável, eficiência energética e evitar o desmatamento, devemos considerar também o vasto potencial da economia circular”. Patricia Espinosa, secretária executiva da União Europeia para Mudanças Climáticas desde 2016 E o quanto circular é o mundo? Na Economia Linear, extraímos os recursos naturais, transformamos em produtos, usamos e jogamos fora. Quanto mais rápida a produção, mais rápido o descarte, e menos tempo damos à natureza para se regenerar. Nosso atual modelo de economia cria uma alarmante proporção: quanto mais esgotamos o meio ambiente, mais lixo produzimos. O resultado, mais cedo ou mais tarde, é fatalmente o colapso: sem recursos naturais não há produção e nos restará apenas montes e montes de lixo. Na Economia Circular, os fluxos de materiais são contínuos, os resíduos são transformados em matéria-prima e o sistema é regenerativo por princípio, o que significa que nada se perde e tudo se transforma, como na natureza: o equilíbrio é perfeito e o conceito de lixo é abolido. Compartilhar, consertar e reutilizar são palavras de ordem. Trata-se de um novo modelo macroeconômico de crescimento que já virou lei na Europa. O foco está em manter e criar valor ao longo da cadeia e na restauração do capital natural e social. Portanto, ao medir a circularidade da nossa economia pretendemos demonstrar que todo material que extraímos do meio ambiente volta naturalmente ao final do seu ciclo para ser regenerado e reutilizado. De acordo com pesquisa lançada em 2019 pela instituição holandesa Circle Economy e apoiada pela ONU o mundo é apenas 9% circular, o que significa que apenas 9% dos materiais que utilizamos na produção industrial são retornados ao processo produtivo ou ao meio ambiente. O restante, se não estiverem aplicados em bens de consumo de alta durabilidade, estão indo parar nos aterros sanitários, na melhor das hipóteses. Na maioria das vezes o material acaba na natureza poluindo nossas cidades, rios e mares. Para reduzir este gap entre disponibilidade de matéria-prima e consumo precisamos seguir 4 caminhos: 1. Desacelerar a extração 2. Reduzir as perdas de processo 3. Otimizar o uso dos materiais 4. Circular mais e melhor Adaptado de: The Circularity gap report. 2018. Portanto, apesar do resultado não ser positivo, eles nos trazem uma base global para discussão e uma evidência da necessidade da mudança, fazendo com que as empresas passem a rastrear a sua performance, engajar seus fornecedores e estabelecer metas de forma a obter resultados que gerem valor para toda a sua cadeia de valor. Será que você é capaz de repensar o seu processo produtivo para seguir um novo caminho visando dar continuidade ao seu negócio e ao mesmo tempo prevenir a degradação ambiental e a desigualdade social? Mas como fazer? Você irá saber mais na próxima aula. Saiba mais A economia linear está falhando com as pessoas e o planeta, mas podemos agir para corrigir a lacuna da circularidade global. Se quiser saber mais, leia o artigo completo (material em inglês) clicando aqui. Uma nova era requer uma nova economia A competitividade na nova era e no contexto da Indústria 4.0 não é mais baseada apenas no custo e na qualidade, mas sim na geração de valor. A Economia Circular traz um novo olhar para a indústria, de que é possível crescer de forma diferente. Este novo modelo produtivo promove inovações tecnológicas, contribui para reduzir o aumento da temperatura global, gera novas oportunidades de negócio e cria novos empregos. Além disso, o olhar da Economia Circular tem a capacidade de unir a comunidade global em uma agenda comum e fazer com que todos se sintam empoderados para a mudança tanto com um olhar coletivo como individual. Sua abordagem sistêmica aumenta a capacidade de servir às necessidades da sociedade, endossando o melhor que a humanidade tem para oferecer: empreendedorismo, inovação e colaboração. Agora que você já entendeu o porquê de uma nova economia, você está preparado para aprender sobre conceitos básicos que embasam a Economia Circular e como aplicá-la em seu negócio. Exercícios 1. Por que se tornou urgente a transição para um novo modelo econômico? Assinale o principal motivo pelo qual as empresas estão preocupadas. A. a taxa de exploração mais rápida que a capacidade regenerativa da terra, diminuiu a disponibilidade de recursos e assim, gerou problemas com o suprimento de matéria-prima. B. responsabilidade do consumidor em não tolerar produtos que foram desenhados para a obsolescência programada. C. devido à alta competição de mercado, no que se refere a produtos ecológicos. D. devido à defasagem tecnológica de produção nos moldes lineares. E. pressão institucional dos governos por meio de legislações e regulamentações voltadas a uma produção e consumo menos impactante ao meio ambiente. 2. Estudos demonstram os riscos do modelo econômico linear (baseada na exploração dos recursos, na produção, no uso e descarte de produtos). A partir dessa informação, marque verdadeiro ou falso para as alternativas abaixo. A. O desenvolvimento tecnológico associado à intensa exploração dos recursos, provocou escassez e volatilidade no preço das commodities. FalsoVerdadeiro B. Problemas de suprimento geram riscos socioeconômicos aos negócios. FalsoVerdadeiro C. O diferencial competitivo não é mais custo e qualidade, e sim, a produção de produtos ecológicos. FalsoVerdadeiro D. A possibilidade do uso de recursos renováveis trouxe risco de sobrevivência para sistemas produtivos baseados em combustíveis fósseis. FalsoVerdadeiro E. A obsolescência programada continua a gerar diferencial competitivo no olhar crítico do novo consumidor. FalsoVerdadeiro 3. As mudanças climáticas e a produção e uso de materiais estão estreitamente ligados. Relacione as indicações a seguir ao aumento de emissões atmosféricas ou à diminuição de emissões atmosféricas: A. Uso de biomassa em processos produtivos. Diminuição B. Extensão da vida útil do produto e melhoria na intensidade de uso. Diminuição C. Uso de resíduos como recursos. Diminuição D. Produção agrícola extensiva. Aumento E. Compartilhamento de veículos para mobilidade urbana. Diminuição 4. Os anseios do novo consumidor são, em especial, originados da sensibilidade sobre as mudanças climáticas, os impactos no meio ambiente e a influência da tecnologiadigital. Marque verdadeiro ou falso, refletindo sobre esse novo mindset de consumo. A. Muitos consumidores querem se relacionar com marcas que se posicionem com relação aos seus anseios e que estejam transformando a realidade. FalsoVerdadeiro B. O consumidor tem comprado de maneira mais consciente, optando por produtos provenientes de uma cadeia mais responsável. FalsoVerdadeiro C. Devido à revolução tecnológica e era digital, o consumidor compra mais, levado apenas por impulso. FalsoVerdadeiro D. O novo consumidor tem levado as empresas (indústria e varejo) a prezarem por condições de trabalho mais justas, a usarem e reusarem materiais seguros, que diminuam impactos negativos no meio ambiente e a repensarem a forma como seus produtos são feitos, usados e reutilizados. FalsoVerdadeiro E. O acesso facilitado da informação, no meio digital, possibilitou uma transformação na forma de consumo consciente. FalsoVerdadeiro Conceitos básicos Nesta aula iremos apresentar os conceitos básicos da Economia Circular, destacando os ciclos dos materiais, a pirâmide de valor e os novos modelos de negócio, facilitando assim a compreensão da transição do pensamento linear para o circular. Para começar Na aula anterior, você aprendeu que a sociedade está em uma fase de mudança significativa, que fortalece um novo padrão e muda expressivamente a forma como vivemos e trabalhamos. Essa transição está ocorrendo juntamente com a evolução tecnológica, a qual influencia nosso comportamento e provoca novas formas de nos relacionarmos. Com esta nova era, surge uma nova economia que traz novos modelos de negócios. Mas quais são as bases que fundamentam essas mudanças? Nesta aula, você irá aprender sobre os conceitos básicos que embasam a Economia Circular. Tais conceitos servem de fundamentação teórica e auxiliam a decisão de compra do consumidor nas questões do dia a dia, além de nortear a aplicabilidade profissional para o desenvolvimento de processos e redefinição de produtos e serviços, auxiliando a construção de uma nova mentalidade de produção e consumo. Vamos exemplificar? Você já parou para pensar sobre o seu consumo? Quem você acha que é o responsável pelo crescimento econômico? Isso mesmo, é o consumidor. Ou seja, você, eu e todas as pessoas como nós. O que você faz quando sai um novo modelo de celular? E quando você precisa comprar um produto para consumir de forma imediata? Você pensa como ele está sendo disponibilizado? A embalagem é sustentável? Em uma economia linear de consumo há a necessidade crescente por mais materiais e mais recursos naturais para a produção das mercadorias e, como consequência, há uma maior geração de resíduos. Isto não seria um problema se a nossa economia fosse trabalhada como um ecossistema natural, pois a natureza representa um ciclo fechado com alta eficiência de reaproveitamento. Entretanto, se uma economia cresce com base na extração cada vez maior de recursos naturais e sem qualquer controle, é fácil prever que isso não será sustentável a longo prazo. Só lembrar da crise hídrica que tivemos há alguns anos atrás. A economia circular busca um crescimento econômico desconectado da exploração de recursos naturais, definindo novos ciclos de materiais e novos modelos de negócio, baseados na pirâmide de valor. Esse conceito facilita a compreensão do que vem a ser o pensamento circular. Uma visão sistêmica e restauradora Na Economia Circular, compartilhar, consertar e reutilizar são palavras de ordem. Trata-se de um novo modelo macroeconômico de crescimento que já virou lei na Europa. O olhar isolado das etapas do processo é substituído por uma visão sistêmica que planeja o produto antes da sua produção, evitando a transferência das dificuldades de uma etapa para outra. Mas o que isto significa realmente? Quais as premissas mais importantes da Economia Circular? · O crescimento é desconectado do uso e da exploração de recursos naturais. · Ciclos fechados de produção são desenhados para não gerar resíduos. · O olhar sistêmico vai além do fluxo de materiais e avalia novas formas de produção e consumo. · A economia cresce de forma regenerativa e restauradora, com novos materiais e novas fontes de energia, tudo renovável. · O foco está em manter e criar valor ao longo da cadeia O olhar da natureza Uma forma simples de compreender este novo modelo econômico é ter um olhar abrangente para a natureza: um ecossistema vivo e natural, no qual os materiais e a energia seguem fluxos contínuos de reaproveitamento. Não existe resíduo. Estes materiais, ao final do seu ciclo, servem de alimentos para alguma espécie ou são sintetizados por reações físico-químicas no solo ou na água, transformando-os em nutrientes. O capital natural (ou seja, o valor inerente aos bens que tiramos da natureza) são preservados e mantidos através do uso de renováveis, da redução da extração e da reinserção de insumos de volta na natureza. O processo produtivo tem um olhar de perfeito equilíbrio e renovação, semelhante ao ecossistema natural. Muito sábio, o químico francês Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) há muito tempo já dizia: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A frase deu origem à Lei de mesmo nome, correspondente à lei de conservação das massas. A ciência e a natureza comprovam que é possível desenvolver processos sem perdas, pois a matéria não desaparece, se transforma em outro material de valor em outro local. Os princípios da Economia Circular A Economia Circular está pautada em três princípios (Ellen MacArthur Foundation, 2013): 1. “Preservar e aumentar o capital natural, controlando estoques finitos e equilibrando os fluxos de recursos renováveis”. O capital natural é o valor inerente aos bens que tiramos da natureza para serem utilizados no processo produtivo. Para a manutenção do capital natural precisamos reduzir a extração de recursos, promover o uso de renováveis e garantir a reinserção de insumos de volta na natureza. 2. “Otimizar o rendimento de recursos, fazendo circular produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico quanto no biológico”. Os produtos devem ser recuperados ou, em caso de descarte, reinseridos na cadeia produtiva, contribuindo, desta forma, também para a economia. Sistemas circulares estendem ao máximo o uso de materiais biológicos e promovem os modelos de economia compartilhada, que amplia a utilização dos produtos. 3. “Fomentar a eficácia do sistema, revelando as externalidades negativas geradas e excluindo-as dos projetos”. É preciso conhecer os impactos socioambientais presentes ao longo do ciclo de vida dos materiais e produtos, para que possamos reduzir os danos ao meio ambiente, pelo uso da terra, água e poluição sonora, liberação de substâncias tóxicas e mudança climática. Capital Natural Trata-se de um conceito que enxerga, sob a ótica dos custos de produção, o valor dos recursos naturais em relação a um produto ou serviço. A ideia é deixar de considerar tais insumos como ativos gratuitos e passar a fazer uma espécie de valoração/precificação dos mesmos, tratando-os como capital, nos mesmos moldes como tratamos recursos econômicos. Se uma empresa depende da natureza para seu sucesso, ela deve pensar nesses bens naturais como parte de seu capital. Afinal de contas, uma eventual escassez desses recursos irá afetar diretamente a produtividade e a saúde financeira dos negócios, acarretando também riscos para investidores. Se quiser saber mais, clique aqui e visite o site. Ciclo biológico e ciclo técnico Vimos anteriormente que a Economia Circular é inspirada nos sistemas naturais e que não há resíduos na natureza. Conhecemos os aspectos mais importantes para a transição e os 3 princípios básicos. Como aprender com a natureza e que passos devemos dar para aplicar seus princípios nos processos produtivos? 1- Identificar os diferentes tipos de materiais para criar os ciclos reversos. 2- Redesenhar os produtos para que eles sejam reaproveitados, consertados e compartilhados o máximo devezes possível. 3- Pensar em fontes de energia e materiais renováveis. A economia circular separa os materiais em componentes biológicos e técnicos, e entende que os produtos devem ser projetados com a intenção de permanecerem dentro de um ciclo ou de outro. Materiais biológicos são não tóxicos e são compostados ou utilizados na produção de energia a partir de biomassa (matéria orgânica e renovável, usada para produção de energia). Materiais técnicos são polímeros, ligas metálicas e outros materiais sintéticos que devem ser projetados para serem usados novamente com o mínimo de energia e maior retenção de qualidade. O diagrama sistêmico ilustrado a seguir apresenta o fluxo contínuo de materiais técnicos e biológicos através do "círculo de valor". Mitos e Fatos Para entender o que é Economia Circular precisamos entender primeiro o que NÃO é Economia Circular e assim evitar a simplificação do tema, desmistificando os fatos. Clique em cada um dos mitos e saiba mais: · MITO 1: Economia Circular se refere somente a práticas de reciclagem, atributos sustentáveis e valorização de resíduos. NÃO, Economia Circular redesenha produtos e tem como foco a modularidade e sua durabilidade. · MITO 2: Economia Circular vem para solucionar os problemas da Economia Linear. NÃO, a Economia Circular muda o sistema e evita o problema. · MITO 3: Economia Circular se refere a produção mais limpa e eficiência de processo. NÃO, a Economia Circular vai além e gera efetividade através de novos modelos de negócio. A inovação está em toda parte da nova economia: na escolha dos materiais, no design de produtos, serviços e plataformas que influenciam o modo como nos comunicamos e consumimos, gerando novos modelos de crescimento. Para entender mais sobre esse conceito, leia a definição apresentada pela Fundação Ellen MacArthur Foundation: “Em uma economia circular, a atividade econômica contribui para a saúde geral do sistema. O conceito reconhece a importância de que a economia funcione em qualquer escala – para grandes e pequenos negócios, para organizações e indivíduos, global e localmente. A transição para uma economia circular não se limita a ajustes visando reduzir os impactos negativos da economia linear. Ela representa uma mudança sistêmica que constrói resiliência em longo prazo, gera oportunidades econômicas e de negócios, e proporciona benefícios ambientais e sociais. O modelo faz uma distinção entre ciclos técnicos e biológicos”. (Ellen MacArthur Foundation, 2017) Saiba mais A Economia reavalia o processo produtivo, redesenha produtos e serviços e repensa o progresso. Se quiser assistir ao vídeo da Ellen MacArthur Fundation sobre o conceito de Economia Circular, clique aqui (vídeo em inglês com legendas em português). Como gerar valor Para visualizarmos os modelos de negócio que permitem a geração de valor, utilizamos o modelo elaborado pela instituição holandesa Circle Economy, chamado pirâmide de valor. Na Economia Linear, agregamos valor aos produtos durante seu processo produtivo para que ele tenha o seu valor máximo na fase de uso. Após o uso, o produto é descartado e não há qualquer retenção de valor. Pirâmides de valor. Adaptado de: Circle Economy. Na Economia Circular, procuramos manter o valor dos produtos e dos materiais na fase de uso por mais tempo, prolongando a sua vida útil através do reparo, reuso, compartilhamento, conserto e remanufatura. Pirâmides de valor. Adaptado de: Circle Economy. Repare como a Economia Circular gera e mantem o valor dos produtos sempre no topo da pirâmide. Repare que a reciclagem aparece como último nível de geração de valor e que a extração é eliminada do processo produtivo, pois o objetivo é manter os materiais sempre em circulação com a mínima necessidade de exploração dos recursos naturais. Os próximos cinco modelos de negócios Já aprendemos que a Economia Circular redesenha o modelo produtivo e cresce de forma diferente, desconectada da exploração dos recursos naturais. Mas quais são estes novos modelos de negócio que garantem a competitividade e sobrevivência das empresas na nova era digital? Existem 5 novos modelos de negócios que impulsionam a economia circular. · USO DE RENOVÁVEIS A base da Economia Circular é renovável. Uso de materiais e combustíveis renováveis são essenciais para a transição. Negócios que priorizam o uso ou fornecem insumos renováveis contribuem para o desenvolvimento de uma economia circular. · EXEMPLO O plástico de cana-de-açúcar que é renovável e reciclável, o carro movido a etanol e as embalagens feitas de fécula de mandioca (que são comestíveis e compostáveis) são bons exemplos brasileiros. · REFLITA A Bioeconomia é uma área de grandes possibilidades para o nosso país e, neste contexto, pode contribuir para inserir o Brasil na Economia Circular, promovendo cases brasileiros de grande escala e que podem ser exportados para o mundo. · · RESÍDUOS COMO RECURSOS A tecnologia permite a transformação de resíduos em recursos, gerando produtividade e retorno do investimento através da larga escala. A reciclagem dentro da Economia Circular é vista não como uma solução de um passivo ambiental, mas como a criação de novas cadeias de valor a partir de objetos desvalorizados. Isto é possível com a construção de novas relações comerciais e parcerias estratégicas, contribuindo para a geração de novos negócios. Na Economia Circular, os resíduos - antes descartados - são utilizados para a produção de novos recursos, como fertilizantes, biogás e até na geração de energia elétrica. Materiais antes desprezados no aterro podem ser reprocessados em larga escala a fim de serem reinseridos em novos ciclos produtivos, gerando renda e emprego. · IMPORTANTE Mas como retornar todo este lixo para o reprocessamento? Qual a responsabilidade das empresas, da sociedade e do governo? Para que os materiais sejam recuperados, principalmente em cadeias que envolvem consumidores finais, os clientes têm papel-chave em devolver os produtos usados. Uma forma de conscientização é o investimento em campanhas nacionais para que todos conheçam a importância da logística reversa. Portanto, neste contexto, os elementos chaves para considerarmos a transformação de resíduos em projetos de economia circular são: escala, inovação e parcerias. · EXEMPLO A planta semiautomatizada que processa, separa e limpa todo resíduo pós-consumo, para que cada material possa ser rastreado e reprocessado em novos ciclos, é um exemplo de mudança de mentalidade de negócio que transforma o lixo (algo que não tinha valor) em recurso (algo que traz retorno econômico, benefícios ambientais e sociais para a sociedade). A casca de arroz, que não pode ser eliminada do processo de cultivo do arroz, pode ser queimada para geração de sílica verde, que será posteriormente utilizada para melhorar a performance de pneus e evita a extração do minério da natureza. O trigo retirado de um resíduo de pão e assim ser transformado em cerveja. · REFLITA Projetos de reciclagem feitos na área de entorno de uma fábrica, em batelada ou com um contexto artístico, trazem benefícios sociais e são de grande valor para engajamento e conscientização da sociedade. Porém, não transformam a realidade no sentido macroeconômico, devido à falta de escala e não devem ser renomeados como economia circular. Upcycling é outro termo muito utilizado que se conecta com a Economia Circular, pois recupera perdas de processo, gerando uma nova vida para materiais residuais em um ciclo de maior valor agregado. Estas atividades também podem ser feitas em um contexto de projetos isolados, ações de ativação de marca ou em grande escala, como desenvolvimento de tecidos de malha e jeans produzidos com fios reciclados. · · PLATAFORMAS DE COMPARTILHAMENTO Prolongar a vida útil de produtos através do reparo, modernização, revenda e compartilhamento também contribui para uma economia circular. Neste caso, o design é essencial para garantir que produtos possam ser consertados, revendidos e compartilhados. Os produtos mais duráveis substituem osdescartáveis na Economia Circular, provocando uma mudança de hábitos e atitudes, evitando a rápida geração de resíduos por produtos de uso único. Além disso, ao desenvolvermos uma indústria preocupada com a segunda vida dos produtos, permitimos a criação de novos empregos, otimizamos o uso de recursos, reduzimos a necessidade de exploração de novos recursos naturais e, consequentemente, geramos benefícios ambientais e sociais. · EXEMPLO Copos e garrafas reutilizáveis, sacolas de pano e até mesmo embalagens de restaurantes substituem os descartáveis, gerando menos lixo e menos impacto. Computadores que são reformados para revenda por um preço mais acessível, motores e equipamentos que são remanufaturados e revendidos na indústria automobilística ou linha branca já podem ser encontrados no mercado brasileiro. · REFLITA Na Economia Circular, os produtos podem passar por um primeiro uso e posteriormente ganhar uma segunda vida ao ser reparado ou compartilhado. A obsolescência programada não é mais uma estratégia das empresas para geração de novas vendas, pois, com um alto índice de competitividade, o cliente pode facilmente ir para o competidor. A durabilidade e modularidade, que permite o conserto de forma fácil e prática, passam a ser fatores importantes na escolha do consumidor. Além disso, a remanufatura surge de forma que o produto, ao ser consertado e reinserido no mercado tenha garantia direta do produtor. · · DURABILIDADE E MODULARIDADE Aumentar a taxa de utilização de produtos, permitindo que mais de um usuário se beneficie do mesmo produto, acaba com a ociosidade e permite atender a mais pessoas, sem o aumento da produção. Além disso, o compartilhamento vai ao encontro de um modelo de produção que tem como foco a durabilidade, pois assim irá garantir que o mesmo produto possa ser utilizado várias vezes sem um desgaste rápido. Este modelo de negócio traz praticidade e conveniência em um mercado acelerado e incerto, que garante o uso de produtos por um tempo limitado, sem a necessidade de altos investimentos para a compra de um produto, equipamento ou ferramenta. · EXEMPLO Bicicletas, patinetes, carros e salas para reuniões, tudo pode ser compartilhado na Economia Circular e podem estar na ponta dos nossos dedos em aplicativos de plataformas de compartilhamento de produtos. Hotéis também vêem um impacto dos seus negócios devido a novos aplicativos, como o AirBnB, que permitem que pessoas comuns compartilhem com usuários desconhecidos um cômodo, parte ou sua casa inteira por um tempo limitado. Até mesmo equipamentos são compartilhados entre empresas, gerando rendas para maquinários, que tinham horas de ociosidade e que podem ser então utilizados por outras indústrias. Exemplos já são vistos tanto na Europa como no Brasil. · REFLITA Você já pensou que aqueles brinquedos que o seu filho não brinca mais - mas ainda estão em bom estado - ou aqueles vestidos/ternos, que você usou apenas uma vez, poderiam ser colocados em uma plataforma de compartilhamento de brinquedos e de roupas e gerar renda para algo que estava jogado no fundo do armário? Ou ainda: depois que você compra uma furadeira, quanto tempo você de fato a usa? Você precisa de uma furadeira (propriedade) ou precisa fazer um furo (uso)? Basta compartilhar! Esta é a onda das plataformas de compartilhamento que se multiplicam pelo Brasil e o mundo. · · PRODUTO COMO SERVIÇO Permitir a experiência do uso sem a necessidade da compra do produto traz praticidade, conveniência e efetivamente contribui para uma economia circular. Este modelo de negócio é também conhecido como a desmaterialização de produtos. Há a oferta de acesso ao produto, porém a propriedade permanece com o produtor. Qualquer manutenção, reparo ou descarte fica sendo responsabilidade do produtor. A obsolescência programada é, portanto, eliminada da estratégia do negócio, dando espaço para a durabilidade, facilidade de manutenção e potencial de reparo dos produtos. O foco está na função e na experiência de uso dos produtos. O consumidor vira usuário e uma nova relação comercial é estabelecida por meio de contrato de locação, leasing ou oferta de serviços mensais. · EXEMPLO Empresas de lâmpadas não vendem mais lâmpadas, e sim iluminação. Empresas de pneus passam a vender quilômetro rodado, e hotéis passam a pagar por quartos limpos e não produtos de limpeza. Vinhos, ingredientes para o jantar e artigos diversos podem chegar em nossas residências com a frequência desejada, gerando novas experiências e fidelidade do cliente. Este modelo reduz desperdício, gera novas relações de confiança e responsabilidade. Parcerias são estabelecidas na oferta de novas soluções. · REFLITA O modelo de produto como serviço surge como uma nova técnica de fidelização de clientes, pois uma vez que o serviço é ofertado e a performance é comprovada, o consumidor não precisa mais se preocupar se o produto vai falhar ou tem que ser consertado, pois o produtor se mantém responsável pela manutenção ou troca do produto. · Conclusão da aula A Economia Circular não chega para solucionar os problemas da Economia Linear, ela muda o sistema e evita o problema. A nova economia provoca uma redefinição de valores e atitudes, reavalia o processo produtivo e redesenha produtos e serviços. O produto vira serviço e o consumidor vira usuário. Produtos são feitos para durar, para serem consertados, reutilizados e compartilhados, de forma a não gerar resíduos e otimizar o uso dos recursos naturais. A economia cresce desconectada da exploração dos recursos naturais através de novos modelos de negócio que mantém e geram valor. A Economia Circular influencia empresas a repensar a sua estratégia, usar diferentes materiais e fontes de energia, aplicar novos modelos de negócios e, consequentemente, diminuir a geração de resíduos. Exercícios 1. A definição de Economia Circular é abrangente e, portanto, engloba várias premissas associadas entre si. São exemplos destes: A. Pensar no fluxo de materiais e desenvolvimento de produtos evitando a geração de resíduos. B. Projetar produtos com uma vida útil curta para que possam ser repostos rapidamente. C. Adotar um modelo de crescimento com base na extração cada vez maior de recursos naturais. D. Usar energia proveniente de fontes renováveis. E. Construir ciclos reversos de materiais através de um olhar sistêmico e restaurador. 2. A economia circular separa os materiais em componentes biológicos e técnicos, e entende que os produtos devem ser projetados com a intenção de permanecerem dentro de um ciclo ou de outro. Relacione as ações com os dois tipos de ciclos produtivos - biológico ou técnico: A. O produto ao final do seu uso pode ser compostável e retornado diretamente para natureza. Biológico B. O produto é feito para durar e ser utilizado o máximo de vezes possível por várias pessoas. Técnico C. A vida útil do produto é estendida através do design voltado para durabilidade e modularidade. Técnico D. É possível recuperar e restaurar os materiais através de estratégias como reuso, reparo, remanufatura ou (em última instância) reciclagem. Técnico E. Os resíduos ao final do processo podem ser processados através de um processo de digestão anaeróbica para a geração de biogás. Biológico 3. Na Economia Circular novas práticas são aplicadas pela indústria que contribuem para recolocar produtos no mercado com garantia do produtor, otimizando o uso de recursos, reduzindo custos e evitando que produtos sejam destinados de forma incorreta no meio ambiente. Considerando os conceitos-chave, dos ciclos técnicos, representados no diagrama sistêmico (de borboleta), indique a que parte do diagrama este exemplo pertence: A. Produção que garanta a reciclabilidade do produto. B. Reutilização ao reintroduzir o produto para a mesma finalidadee em sua forma original. C. Reforma, ao devolver um bom funcionamento ao produto, substituindo ou reparando seus componentes defeituosos. D. Reciclagem, ao recuperar o material para outras finalidades, retornando-o ao processo como matéria-prima. E. Remanufatura, na qual os componentes reutilizáveis (em funcionamento) são retirados de um produto usado e reconstruídos para fornecer qualidade similar ao original. 4. Renováveis são a base para a Economia Circular e isto se refere aos seguintes projetos e ações: A. Investimento em larga escala em energia solar. B. O uso de embalagens que possam ser compostáveis e/ou comestíveis. C. A utilização de combustíveis oriundos da decomposição de restos de plantas e animais que demoraram muitos anos para a sua formação e que, por isso, contém alta quantidade de carbono como o carvão, o gás natural e o petróleo. D. Promover a bioeconomia. E. Uso de resíduos para a produção de energia ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Módulo 2 Descobrindo a Economia Circular Neste módulo, conheceremos as escolas de pensamento que deram origem à Economia Circular e o papel do designer no processo de transição. A evolução do pensamento: as origens da Economia Circular Vamos conhecer as escolas de pensamento que deram origem à Economia Circular e os debates macroeconômicos sobre desenvolvimento sustentável. Para começar Agora que você já sabe o que é a Economia Circular e porque ela é tão importante, vamos pensar na origem do conceito. De onde veio a Economia Circular? Alguém simplesmente a concebeu? Ou ela é fruto da evolução do pensamento sobre o desenvolvimento sustentável, reflexo da sociedade moderna? A busca por equilíbrio entre desenvolvimento econômico, social e ambiental não é de hoje. Entender a sua evolução vai te ajudar a saber como, onde e porque fazer a transição circular. Assim como fazer a relação deste processo com os antigos debates de sustentabilidade nos negócios. Na aula anterior, você aprendeu sobre os fundamentos da Economia Circular, conheceu os ciclos dos materiais, a pirâmide de valor e os novos modelos de negócio. Nesta aula você compreenderá melhor como o conceito foi evoluindo ao longo do tempo por meio das inquietudes da sociedade moderna, as Escolas de Pensamento e a evolução do debate sobre modelos macroeconômicos de desenvolvimento. Prepare-se para vivenciar todo este pensamento evolutivo e chegar no que se entende hoje por Economia Circular. Escolas de pensamento Ao longo dos anos, acompanhamos a crescente necessidade de reduzir a exploração dos recursos naturais, minimizando os reflexos negativos da economia no meio ambiente e na saúde humana. Pense, em 2050, seremos 10 bilhões de pessoas. Precisamos mudar a lógica de produção e consumo e suprirmos nossas necessidades sem geração de resíduos. A Economia Circular é o tema mais pulsante nas rodas de conversa empresariais da atualidade e traz vários conceitos que formam as bases para a compreensão do tema. Ela provoca debates que vão além das questões de materiais, resíduos e reciclagem. Como vimos, a Economia Circular propõe novos modelos de produtividade e novos indicadores financeiros que implica em novas relações comerciais e precisam ser estabelecidas para o desenvolvimento dos negócios circulares. A seguir, conheça as escolas de pensamento que têm feito o conceito de Economia Circular ser desenvolvido e aperfeiçoado ao longo do tempo. Pensamento em ciclos e/ou economia de performance O arquiteto suíço Walter R. Stahel é um dos pesquisadores pioneiros que, ao final dos anos 70, cria uma das bases mais fortes da Economia Circular: o conceito Cradle to Cradle (do berço ao berço). Em seu trabalho, critica o uso intensivo de material para gerar riqueza e desenvolve um modelo de pensamento em ciclos que tem como foco a performance de produtos. Este contribui para: · A redução de recursos · A prevenção de desperdícios · A competitividade econômica · A criação de empregos através da desmaterialização de produtos Também pode ser reconhecida como produto, serviço e/ou economia da funcionalidade. Adapatado de: Beast Magazine, 2017. Dica O mais fascinante da Economia Circular é que é um tema tão novo que é ainda possível conversar diretamente com os pensadores que vêm moldando a discussão. Stahel acabou de lançar um novo livro (The Circular Economy – A User’s Guide) junto com a Ellen MacArthur Foundation, que destaca seus 30 anos de trabalho e expertise. Ecologia Industrial Ecologia Industrial é o estudo do fluxo de energia e materiais através dos sistemas industriais. “Baseia-se na metáfora que advém de retirar da análise do funcionamento dos ecossistemas naturais lições úteis para gerir melhor os sistemas industriais”. (FERRÃO, 2009) Com isso, o conceito traz outra forte base que é aplicada diretamente pela Economia Circular que é a divisão de dois ciclos de materiais: o ciclo natural e o industrial, utilizados com o intuito de demonstrar o fechamento dos ciclos dos materiais. Além disso, da ecologia industrial, tem-se o desdobramento do conceito de simbiose industrial que visa aplicar o olhar de fluxo de materiais e energias para identificar possibilidades de sinergias entre diferentes indústrias de um mesmo polo industrial. Como exemplo, podemos citar uma rede integrada de empresas na qual o resíduo de uma pode ser utilizado por outra. Enfim, neste conceito observam-se inúmeras possibilidades de cooperação e uso conjunto de recursos gerando benefícios ambientais e econômicos. Saiba mais O clássico exemplo de Kalundborg O exemplo clássico e mais conhecido da Ecologia Industrial é o caso de Kalundborg, município da Dinamarca. Neste processo simbiótico, as empresas compõem uma rede integrada, que utiliza resíduos uma das outras como fonte de energia e de matéria-prima. Adaptado de: Inovação e sustentabilidade na gestão de resíduos sólidos: perspectivas da aplicação da política nacional de resíduos sólidos na Região Metropolitana do Recife, 2015. Disponível em: Researchgate Design Regenerativo John T. Lyle (1994) propôs o design regenerativo como um modelo no qual intencionalmente se busca reincorporar os materiais aos ciclos produtivos ou biológicos, visando a sua renovabilidade. O design regenerativo traz vários princípios que são diretamente aplicados à Economia Circular, fazendo com que ela seja também definida como uma economia regenerativa. O potencial regenerativo de um sistema é reconhecido desde que todos os sistemas renovem e regenerem sua própria fonte de energia e os materiais que são nele consumidos, mantendo o equilíbrio. Clique em cada ícone dos princípios abaixo para conhecê-los: Adaptado de: Capital Institute Equilíbrio A economia regenerativa afirma que deve ser sempre buscado o equilíbrio entre eficiência e resiliência, colaboração e competição, diversidade e coerência, pequenas, médias e grandes organizações, considerando as necessidades de todos. Relacionamento A economia humana está completamente inserida na biosfera, na qual todos estão ligados uns aos outros e a todos os locais, numa rede complexa. Assim, danos causados a qualquer parte refletirão e prejudicarão as outras partes, manifestando-se como uma onda. Riqueza holística A riqueza vem da diversidade e do bem-estar do conjunto e deve ser definida por uma prosperidade amplamente compartilhada em todas as variadas formas de capital. Inovação, adaptação, sensibilidade Em um mundo em que a mudança está sempre presente, as qualidades de inovação e adaptação são fundamentais para a saúde do todo. Participação É essencial negociar não apenas suas próprias necessidades, mas também contribuir para a saúde e o bem-estar dos conjuntos maiores em que estão incorporados. Honra, comunidade e local Cada comunidade humana em um mosaico único de povos, tradições, crenças e instituições, formada pela geografia, história, cultura, ambiente local e necessidades humanas. Dessa forma, deve-se nutrir comunidades eregiões saudáveis e resilientes de acordo com a essência de sua história. Abundância do efeito de borda (interações entre conjuntos) A economia regenerativa acredita que trabalhar de modo colaborativo em todas as interfaces, com a aprendizagem e o desenvolvimento contínuos provenientes da diversidade que existe nesses locais, é transformador tanto para as comunidades onde os intercâmbios estão acontecendo quanto para os indivíduos envolvidos. Fluxo circulatório robusto A circulação do dinheiro, da informação, o uso eficiente e a reutilização de materiais são particularmente importantes para indivíduos, empresas e economias, e atingem o maior potencial regenerativo possível. Cradle to Cradle – Berço ao Berço Em 2002, o químico Michael Braungart e o arquiteto William McDonough, estudando os modelos de economia de performance e/ou economia de ciclos de Stahel, aplicaram a abordagem cradle to cradle (berço ao berço) ao desenvolvimento de modelos de negócios com foco no design pré-produção. O modelo analisa todo o ciclo de vida do produto e de seus materiais e considera que: “nutrientes técnicos não devem ter componentes que agridam o meio ambiente e devem ser concebidos para a posterior desmontagem, e os nutrientes biológicos devem ser biodegradáveis”. (MBDC; 2011) O modelo proposto por McDonough e Braungart deu origem ao programa Cradle to Cradle Certified™, certificação internacionalmente reconhecida para materiais sustentáveis, concedida pelo Cradle to Cradle Products Innovation Institute (C2CPII) nos EUA. Atualmente, são 540 certificações ativas, para 8000 produtos (C2CPII, 2017). Saiba mais Se quiser saber mais sobre o certificado Cradle to Cradle, clique aqui (material em inglês). Em 2017, a C&A foi a primeira varejista do mundo a lançar camisetas com Certificação Cradle to CradleTM nível Gold. Se quiser saber mais, clique aqui. Biomimética Desenvolvida pela bióloga Janine Benyus (2002), é uma abordagem tecnicista inspirada na natureza. O conceito de Biomimética envolve analisar sistemas naturais e reproduzir seu funcionamento no desenvolvimento de tecnologias, buscando contribuições relevantes no processo de criação de formas análogas, funções análogas ou ainda comportamentos análogos. Reúne biologia, engenharia, design e planejamento de negócios. Aplicada à processos industriais, busca uma mimetização dos ciclos biogeoquímicos na gestão do fluxo de energia e materiais. Saiba mais O case clássico do velcro como produto inspirado na natureza Um exemplo muito antigo e conhecido de aplicação da biomimética é o velcro, criado por George de Mestral, após estudar como os carrapichos ficavam grudados no pelo do seu cachorro. Ao ver a semente pelo microscópio, o engenheiro notou que ela era dotada de filamentos entrelaçados e com pequenos ganchos nas pontas, e desenvolveu um processo que funcionava do mesmo modo. Se quiser saber mais, clique aqui. Blue Economy Economia azul, em tradução literal, é uma filosofia econômica que baseia seu conhecimento na forma com que sistemas oceânicos formam, produzem e consomem, na busca de processos inovadores que possam substituir os processos industriais tradicionais. O conceito tem suas origens no movimento ambientalista mais amplo e no desenvolvimento de uma consciência crescente dos pesados danos causados aos ecossistemas oceânicos pela atividade humana, como a sobrepesca, a destruição do habitat, a poluição e o impacto das mudanças climáticas. Uma economia oceânica sustentável surge quando a atividade econômica está em equilíbrio com a capacidade de longo prazo dos ecossistemas oceânicos de suportar esta atividade e permanecerem resilientes e saudáveis. Saiba mais Se quiser saber mais sobre Economia azul, clique aqui (material em inglês). Evolução da economia As escolas de pensamento são compostas por grupos de pesquisadores, profissionais e instituições que criaram e ainda estão criando e propagando ideias para se definir o que chamamos hoje de Economia Circular. Somado a esses movimentos, é importante conhecer a evolução da economia que acontece em paralelo. Até meados do século XX, o pensamento econômico moderno não considerava quaisquer conexões entre o sistema ecológico e as atividades de produzir e consumir. A visão macroeconômica predominante imaginava a economia como sistema isolado, onde o fluxo monetário ocorre infinitamente sem mudanças qualitativas e sem algo que o constranja. Os recursos naturais eram insumos a serem alocados com eficiência e os impactos ambientais eram tratados como fenômenos externos ao sistema econômico. Em 1962, Rachel Carson lança o livro Primavera Silenciosa (Silent Spring), que marca o início dos movimentos ambientalistas que questionam o modelo econômico predatório. Importante O livro de Rachel Carson documentou os efeitos deletérios dos pesticidas no ambiente, particularmente em aves, e isso levou ao banimento do pesticida DDT (diclorodifeniltricloroetano, primeiro pesticida moderno usado após 2ª guerra no combate aos mosquitos transmissores de doenças como a malária e dengue) na Suíça em 1969 e nos Estados Unidos em 1972. Dez anos depois, o Massachusetts Institute of Technology (MIT), sob encomenda do Clube de Roma, publicou o livro Os Limites do Crescimento (The Limits to Growth) sobre o efeito do desenvolvimento mundial na perspectiva da sustentabilidade. O estudo indicou que, se o ritmo do crescimento econômico continuasse inalterado, um colapso global aconteceria em algum momento do século XXI, mas que medidas adequadas, aplicadas no momento correto, seriam capazes de reverter a tendência prevista. A partir deste ponto, diversos foram os economistas e pensadores que buscaram encontrar teorias para uma relação mais equilibrada entre desenvolvimento econômico, uso dos recursos naturais e preservação ambiental. A percepção crítica do modelo econômico era de que considerar o processo econômico como um subsistema no interior do meio ambiente constituía uma necessidade imperiosa. Conheça abaixo os três grandes marcos de transformação econômica. Economia Ecológica Um dos primeiros teóricos a se debruçar sobre os fundamentos do pensamento linear foi o matemático e economista romeno Nicholas Georgescu-Roegen. Segundo ele, os fundadores da ciência econômica tinham uma única aspiração: enquadrá-la nos parâmetros da mecânica. A mecânica conhece apenas locomoção que, além de reversível, não contempla mudança de qualidade. Na economia, o importante era o fato de que o dinheiro passasse de mão em mão continuamente, sem sofrer mudança qualitativa. Ocorria, porém, uma revolução nos alicerces da ciência econômica. Georgescu-Roegen adotou o paradigma da termodinâmica. Ele observou que, assim como o calor se move em uma única direção (do corpo mais quente para o mais frio, caracterizando uma condição de irreversibilidade), a atividade econômica linear consiste em produzir, consumir e descartar. Ou seja, transformar recursos brutos em artefatos e, depois, em lixo, de maneira irreversível. Tal percepção revolucionou o pensamento econômico moderno. Pela primeira vez foi reconhecida a interdependência da economia e dos ecossistemas naturais ao longo do espaço e do tempo, dando início à chamada Economia Ecológica. Importante A principal obra de Georgescu-Roegen é “A Lei da Entropia e o Processo Econômico” (em inglês, The Entropy Law and the Economic Process) de 1971. Nesse livro, com base na segunda lei da termodinâmica, ele aponta para a inevitável degradação dos recursos naturais em decorrência das atividades humanas, alicerçando a emergência do paradigma circular. Hoje, a Economia Ecológica é um campo de estudo transdisciplinar que preconiza o processo econômico como sendo também um processo físico. Ela busca a integração entre as disciplinas da economia, da ecologia, e demais disciplinas correlacionadas, para uma análise integrada dos sistemas econômico e ambiental. Saiba mais Entre as décadas de 60 e 70, o movimento ambientalista e a questão ambiental trouxeram à tona muitas críticas ao modelo econômico vigente, apontandopara um conflito - ou até uma incompatibilidade - entre crescimento econômico e preservação do meio ambiente. O debate passa a ser polarizado entre o "crescimento zero" e o "direito de crescer”. Como terceira opção surge o Ecodesenvolvimento, que mais tarde, passou a ser chamado de Desenvolvimento Sustentável e, depois, de Economia Ecológica. Se quiser saber mais sobre Economia Ecológica, clique aqui. Economia de Baixo Carbono O desenvolvimento tecnológico essencial para combater o aquecimento global A economia de baixo carbono surge para reforçar a necessidade de combater as mudanças climáticas, oriunda de emissões atmosféricas, através da implementação de práticas econômicas que reduzam ou eliminem o uso de fontes de energias de origem fóssil (carvão mineral e petróleo, por exemplo). Mundialmente estas fontes de energia são as principais causadoras do efeito estufa e são grandes geradoras, principalmente, do dióxido de carbono e, portanto, na economia de baixo carbono são substituídas por fontes de energias limpas e renováveis. No Brasil, é importante considerar também que o desmatamento e a pecuária são grandes causadores da emissão de gases na atmosfera. A primeira vez que as Nações Unidas agiram proativamente para implementar ações práticas para redução global das emissões foi através da criação do Protocolo de Quioto. Este acordo mundial gerou políticas, metas e mecanismos de mercado para permitir a redução das emissões. O mercado de carbono, mecanismo utilizado, tinha como base a atribuição de um valor econômico para cada carbono emitido ou evitado. Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) corresponderia a um crédito de carbono, que poderia ser negociado no mercado internacional. O objetivo era fazer com que as emissões fossem reduzidas através do investimento em novas tecnologias mais eficientes e renováveis. Projetos poderiam ser implementados em países em desenvolvimento, financiados pelos países desenvolvidos, que assim geravam créditos para compensar as suas emissões. A Economia de Baixo Carbono, portanto, se tornou um mercado rico em oportunidades para o desenvolvimento tecnológico e o foco em produção mais limpa e uso eficiente de recursos. Saiba mais A primeira vez que as Nações Unidas agiram proativamente para implementar ações práticas para redução global das emissões foi através da criação do Protocolo de Quioto. Este acordo mundial gerou políticas, metas e mecanismos de mercado para permitir a redução das emissões. Se quiser saber mais sobre o Protocolo de Quioto, clique aqui. Clique aqui para conhecer o estudo da Fiesp em relação a Mudança do Clima, o material faz uma avaliação dos reflexos das metas de redução de emissões sobre a economia da indústria brasileira. Economia Verde Em 2008, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), lançou a Iniciativa Economia Verde (IEV, ou GEI - Green Economy Initiative, em inglês). A expressão Economia Verde foi aceita pela comunidade internacional como sendo um modelo econômico que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica (UNEP, 2011). O termo substituiu o conceito de “ecodesenvolvimento”, usado pelo primeiro diretor-executivo do PNUMA e secretário-geral da Conferência de Estocolmo (1972) e da Rio-92, Maurice Strong (UNEP, 2011). A economia verde envolve três dimensões fundamentais: o uso de renováveis, desenvolvimento de cadeias produtivas dos materiais da biodiversidade local e o desenvolvimento tecnológico para conter as mudanças climáticas, conforme mostra o esquema a seguir: 1. Uso de renováveis Uso de fontes renováveis de energia em larga escala, em substituição às fontes oriundas de exploração de recursos fósseis. 2. Biodiversidade local Aproveitamento de produtos e serviços oferecidos pela biodiversidade, com criação de cadeias de valor ligadas aos serviços ecossistêmicos. 3. Desenvolvimento tecnológico Desenvolvimento de tecnologias para bens e serviços que se apoiam em técnicas capazes de reduzir as emissões de poluentes, reaproveitamento de rejeitos e redução do uso de materiais e energia. Economia Circular: a única forma de combater a emergência climática e reduzir o gap do aumento de temperatura global A Economia Circular nasce da consciência de que a velocidade da produção e exploração dos recursos naturais está mais rápida que a capacidade da terra de se regenerar e, portanto, precisamos conter o aumento de temperatura não somente através de tecnologias eficientes e o uso de energia renovável, mas através de uma mudança radical do processo de desenvolvimento que traz novos modelos de negócio. O que torna a Economia Circular diferente e madura para uma adoção generalizada é o desenvolvimento não somente de tecnologias disruptivas (inovação disruptiva termo para inovação tecnológica, produto ou serviço que provocam ruptura com padrões, modelos ou tecnologias já estabelecidos no mercado), que permitem que a mudança ocorra de maneira rápida e maciça, mas a consciência de que este modelo de crescimento regenerativo e em equilíbrio com o meio ambiente faz sentido econômico e vai garantir a sobrevivência dos negócios. Conclusão da aula A evolução do pensamento: as origens da Economia Circular Diante de toda a tendência mundial de busca e implementação de práticas de desenvolvimento econômico sustentável e de interações socioambientais responsáveis entre indústria, governo e sociedade, consolida-se no cenário internacional um novo modelo de crescimento que reúne várias escolas de pensamento, mecanismos e estratégias para a superação dos desafios encontrados na busca por um desenvolvimento econômico sustentável. É um olhar mais abrangente que desenvolve novas cadeias de valor e novas relações comerciais gerando novos mercados e empregos que trazem benefícios para a sociedade como um todo. Isto porque o crescimento acontece ao mesmo tempo que previne a extração insustentável de recursos naturais e, portanto, a redução do impacto ao meio ambiente é uma consequência positiva deste novo modelo econômico. Além disso, é importante destacar que quando falamos em Economia Circular, estamos falando não somente de inovação tecnológica, produção mais limpa ou uso eficiente de recursos, pois estas práticas irão apenas retardar o processo de desgaste ambiental. Estamos falando de novas práticas de negócio que provocam um repensar do modelo produtivo que influencia o design e desenvolvimento de produtos, promovendo também uma revisão de valores e atitudes na sociedade e um repensar no modo como consumimos. Na próxima aula você verá o papel do design nesta transição e como podemos produzir e consumir de forma diferente, pois todos nós fazemos parte da mudança. Você está preparado? Exercícios 1. Associe as afirmações abaixo com seus modelos e escolas de pensamento correlatas: Alternativa corre A. Primeiro modelo econômico a reconhecer a interdependência da economia e dos ecossistemas naturais ao longo do espaço e do tempo. Economia Ecológica Alternativa correta B. Modelos complementares que promovem soluções para um desenvolvimento na era do capitalismo eco-responsável, apresentados em relatório à ONU por Walter Stahel. Economia Peformance e Economia de ciclos Alternativa correta C. Escola de pensamento que busca inspiração na natureza para desenvolvimento de produtos, criada por Janine Benyus e que tem como grande exemplo de aplicação a criação do velcro. Biomimética Alternativa correta D. Escola de pensamento que baseia seu conhecimento na forma com que sistemas oceânicos formam, produzem e consomem, buscando soluções que busquem o mesmo equilíbrio dinâmico na economia. Blue Economy Alternativa correta E. Modelo que surge para reforçar a necessidade de combater as mudanças climáticas oriundas de emissões atmosféricas através do direcionamento de esforços para implementação de práticas econômicas que reduzam ou eliminem o uso de fontes de energias de origem fóssil (carvão minerale petróleo, por exemplo). Economia Baixo Carbono 2. A empresa responsável pelo sistema de transporte japonês vivenciou um problema no projeto do trem-bala. Este, toda vez que saía de um túnel, produzia uma explosão sonora pela compressão do ar trazendo problemas para as áreas residenciais próximas. O engenheiro Eiji Nakatsu, ávido observador de pássaros, encontrou uma solução inspirada no voo do martim-pescador. Nakatsu também corrigiu outros aspectos do projeto com base nas penas de uma coruja e no abdômen de um pinguim. Na sua opinião, este caso reflete princípios de qual escola de pensamento? A. Blue Economy B. Design Regenerativo C. Biomimética D. Cradle to Cradle E. Ecologia Industrial 3. Analise as afirmações abaixo e selecione a única opção INCORRETA. A. A economia verde envolve três dimensões fundamentais: 1) o uso de fontes renováveis de energia em larga escala, em substituição às fontes oriundas de exploração de recursos fósseis; 2) o aproveitamento de produtos e serviços oferecidos pela biodiversidade; 3) desenvolvimento de tecnologias para bens e serviços que se apoiam em técnicas capazes de reduzir as emissões de poluentes. B. A ecologia industrial baseia-se na metáfora que advém de retirar da análise do funcionamento dos ecossistemas naturais lições úteis para gerir melhor os sistemas industriais. C. Adapatada por McDonough e Braungart, o cradle to cradle (berço ao berço) virou certificação de modelos de negócios, onde o foco é no design pré-produção, com análise de todo ciclo de vida do produto e de seus materiais. D. O modelo de simbiose industrial prevê uma fusão de empresas para controle de todos os resíduos, sendo prejudicial à economicidade dos projetos. E. A economia regenerativa é uma economia na qual intencionalmente se busca reincorporar os materiais aos ciclos produtivos ou biológicos, visando à sua renovabilidade, guiada por 8 princípios. 4. Imagine o caso de siderúrgicas que consomem uma grande quantidade de carvão retirado da floresta por ano para a produção de ferro-gusa. Além disso, a produção de matérias-primas básicas para a nossa indústria, como o aço, está baseada na extração, transformação e na dispersão de grandes quantidades de material e energia com a geração de resíduos. Atualmente já é possível fazer o reaproveitamento de alguns materiais ao conhecermos suas composições, porém, grandes volumes ainda são estocados em barragens correndo o risco de rompimentos e acidentes. Uma análise do metabolismo desse sistema industrial mostra que: A. O conhecimento dos fluxos e composição dos resíduos gerados permite analisar as possibilidades de reutilização e valorização dos materiais. B. Com base no conhecimento das entradas e saídas de material das indústrias é possível identificar oportunidades de reaproveitamento dos materiais entre as empresas, reduzindo o custo e o impacto aos parques industriais. C. A opção de colocarmos materiais residuais em barragens contribui para a regeneração do meio ambiente local. D. A Economia Circular cresce desconectada da exploração dos recursos naturais e provoca um repensar dos modelos de negócios das indústrias de base para a sobrevivência do negócio. E. O desmatamento inadequado e a exploração em uma taxa mais alta que a Terra é capaz de se regenerar contribui para a perda da biodiversidade e impacto ambiental. 5. A partir do conteúdo desta aula, avalie as afirmações abaixo e indique se são falsas ou verdadeiras. A. O conceito de Economia Circular é totalmente novo, assim como a preocupação com o meio ambiente FalsoVerdadeiro B. O diferencial da Economia Circular é o desenvolvimento de tecnologias disruptivas, que permitem que a mudança ocorra de maneira rápida e maciça. FalsoVerdadeiro C. A transição acontece através da consciência de que uma economia regenerativa, que cresce em equilíbrio com o meio ambiente, faz sentido econômico e garante a sobrevivência do negócio. FalsoVerdadeiro D. Economia Circular pode ser aplicada como sinônimo de atividades de gestão de resíduos e reciclagem por considerar o fluxo de materiais e o fechamento dos ciclos. FalsoVerdadeiro E. Assim como as escolas de pensamento anteriores, a Economia Circular também suporta a ideia de atendimento à demanda de produtos e serviços associado à redução da geração de resíduos, do uso reduzido de recursos e minimização da toxicidade dos materiais, contribuindo para o ciclo fechado de materiais e energia. FalsoVerdadeiro O design como fator transformador Abordaremos o papel do designer na transformação da economia, através da adoção de diferentes estratégias de design que suportam novos serviços e plataformas de conexão. Para começar Nas aulas anteriores, você viu os fundamentos da economia circular e as possibilidades para se repensar o sistema atual. E nesse processo de reavaliação de produtos e serviços, a conexão direta com o design parece óbvia. O lixo é um grande problema na nossa sociedade e em poucos anos será insustentável. Com o desenvolvimento de produtos que voltam para o ciclo produtivo, o lixo não existirá. Então, é preciso pensar em uma nova forma de design, que é um dos princípios chaves da Economia Circular, pois uma vez que não existe mais descarte de produtos, o design dos produtos deve mudar. Assim, ao invés de resolver problemas (o que fazer com o lixo), pensamos de forma diferente: como aplicar nossos recursos naturais e sociais em um sistema circular que favoreça novas atividades e assim gere um desenvolvimento econômico mais transparente e com menos impacto. Historicamente, os resíduos eram vistos somente como algo sem valor e seus impactos não eram importantes o suficiente para mudar os hábitos das indústrias e governos. A mudança se dá quando o valor econômico dos resíduos é reconhecido, passando a ter relevância econômica em toda cadeia de valor. A Economia Circular traz este olhar e transforma em ativo o que era normalmente percebido como um passivo, trazendo ganhos de escala e benefícios além do social. O novo papel do designer A economia circular explora uma nova forma de desenvolver, comercializar e se relacionar com produtos. Assim, pensar em design circular é um passo inevitável na criação de um sistema que prolonga a vida útil desses produtos. Usando várias abordagens diferenciadas, o designer será o profissional chave deste processo. Ele terá o papel de questionar a função do produto e qual a melhor forma de utilização de recursos e materiais. Isto porque, ao repensar produtos para que atendam a vários ciclos, permitimos que as empresas possam aplicar novos modelos de negócios, inclusive transformar o produto em serviço e o consumidor em usuário. Os desafios e oportunidades circulares Já vimos as origens da Economia Circular e percebemos que uma circularidade completa se baseia também em produtos e processos sustentáveis. Assim, o objetivo do design sustentável e ético é minimizar os impactos negativos de um produto em toda a sua cadeia de valor. Já o design circular vai além. Ele se concentra no prolongamento da vida útil de um produto e no retorno de materiais ao sistema de forma saudável, ou seja, sem causar danos ambientais e sociais. Veja como o design sustentável faz parte do design circular: Além do design, as bases da sustentabilidade ainda devem ser aplicadas ao design circular, de forma a estabelecer condições justas e dignas de trabalho, avaliar processos produtivos e seus impactos, revendo os materiais e insumos necessários em produtos e serviços. Porém, a grande oportunidade da Economia Circular está exatamente em oferecer algo que vai além do desenvolvimento tecnológico: a oferta de valor ao indivíduo, que através do design pode gerar uma nova experiência na compra/uso dos produtos. Sustentabilidade · condições mínimas de trabalho · avaliação de processos e impactos · revisão de materiais e insumos Economia Circular · desenvolvimento tecnológico · valor ao indivíduo · design Como falamos anteriormente, é fundamental que sejam aceitos novos conceitos, novos valores e relaçõesao longo da cadeia. Estas novas práticas permitirão melhores conexões entre os setores e seus clientes, mais transparência e uma visão holística de futuro. Estratégias transitórias e definitivas A transição do modelo linear para o circular deve ser o mais rápido e o mais cedo possível, mas com certeza não será instantânea. Nesse sentido, podemos dizer que há estratégias circulares transitórias e estratégias circulares definitivas. Como já vimos, um dos princípios da economia circular é restaurar os sistemas naturais (permitindo que a natureza se regenere) e, portanto, é essencial excluir o descarte e poluição no momento do design, fazendo circular produtos e materiais no sistema. Assim, um design circular definitivo é aquele que compreende que devemos circular bens de consumo, e não “maus de consumo”. Além disso, circular bens significa que produtos serão usados, em vez de serem apenas consumidos. Perceba como a concepção muda: desenhamos com o objetivo de eliminar problemas em vez de resolvê-los. Importante Estratégias definitivas incorporam decisões a longo prazo no momento do design, para atender a todos os princípios da economia circular e apresentar conexões para que não exista o fim do ciclo, mas um novo ciclo. Produtos devem ser desenvolvidos completamente livres de componentes tóxicos, para não gerar danos sociais e nem ambientais durante sua produção/distribuição. E para que também possam ser reutilizados de forma segura, através de novas relações comerciais, estabelecendo parcerias para a coleta, reuso, reciclagem ou compostagem. Estratégias transitórias também têm o seu valor Sabemos que mudanças são atingidas passo a passo, por isso abordar estratégias que atendam, pelo menos, a alguns aspectos da Economia Circular também tem seu valor. São estes os passos que nos afastam, de alguma maneira, do modelo atual linear e apresentam melhores opções ou de menor impacto em curto prazo. Importante Quando oferecemos alternativas transitórias, o mais importante é entender que há ações consecutivas a serem tomadas. Manter uma comunicação clara - entre os desafios atuais enfrentados, as decisões tomadas e os objetivos futuros - é parte fundamental para gerar confiança entre fornecedores, garantir o posicionamento da marca e o relacionamento com os usuários no rumo à circularidade. Design para reduzir o descarte O fechamento do ciclo de materiais pode ser um ponto inicial a ser aplicado, considerando o reuso de materiais ou o uso de materiais reciclados durante o desenvolvimento de novos produtos. Reuso Por reuso, podemos pensar em materiais que são reutilizados em sua forma original ou adaptados em novos produtos, sem a necessidade de processos industriais que os transformem. Isso gera benefícios no que se refere aos investimentos financeiros reduzidos e baixa energia aplicada, mantendo o máximo valor do material original em circulação. Reciclagem Já quando reciclados, os materiais são transformados através de processos industriais, para então serem aplicados em novos produtos. Isso inclui, além de logística e limpeza, também energia, tempo e investimentos financeiros extras. Assim, usar produtos reciclados deve ser considerado apenas após avaliadas as possibilidades de se trabalhar, de alguma maneira, com reuso. Mas esteja atento! Circular o que já existe não significa necessariamente eliminar a poluição, que é outro ponto-chave da Economia Circular. Ainda assim, esta é uma estratégia transitória relevante para reduzir o impacto negativo, inclusive o descarte direto, do que já foi produzido. “Repensar e redesenhar nosso modelo econômico com base na constante reutilização de nossos recursos já extraídos é uma modernização definitiva e uma evolução positiva da economia padrão”. Alex Lemille, 2017 Uso de embalagens Quando mencionamos, por exemplo, garrafas de vidro retornáveis, pensamos na reutilização da garrafa, na forma como foi desenhada. Nenhum processo, além da higienização, é necessário para que esse produto siga circulando no sistema e atendendo ao seu objetivo inicial: transportar líquidos de forma segura. Caso se quebre, a empresa reprocessará o vidro. O uso de garrafas de vidro para a decoração é uma forma simples de reutilização do produto, sem qualquer processo industrial intermediário, mas que permite que ele siga servindo o sistema de alguma outra forma. Já o mesmo não acontece com a grande maioria das embalagens plásticas, que são desenhadas para a conveniência e geralmente são descartadas após seu primeiro uso. Pensando em reduzir esse impacto, usar o plástico reciclado para novos produtos, embalagens ou até para tecidos pode ser uma atividade possível para garantir que os resíduos não irão parar no meio ambiente. A reciclagem é o último nível de geração de valor da Economia Circular, porém, essencial para a reinserção de materiais em novas cadeias de valor. Parcerias e tecnologias Materiais recicláveis podem vir do mesmo setor, ou através de parcerias com outros setores. Muitas vezes, a solução pode ser identificada internamente, através do uso de materiais excedentes do próprio processo, para retorno ao ciclo produtivo e aplicação em novos produtos ou para a produção de energia. Outra forma ainda mais promissora de repensar o design para evitar descarte é avaliando novas tecnologias, como a impressão 3D. Neste caso, é possível fazer produtos sob medida ou promover a venda e produção sob demanda. O uso da tecnologia pode também evitar a produção de itens que talvez não cheguem às mãos do cliente e, com isso, permitir inúmeros testes de produtos, antes mesmo de produzir qualquer item físico. Isso reduz a necessidade de recursos naturais (e seu futuro descarte), tempo e transporte. Outra possibilidade é apresentar, por meio de realidade virtual, produtos como catálogos ou até feiras. É o mundo virtual trazendo ainda mais novidades e estratégias. Um caso de sucesso A empresa indiana Punarbhavaa, que oferece material promocional de tags e embalagens, descobriu, na indústria têxtil da família, seu melhor fornecedor para o papel. Utilizando os retalhos de malha de algodão orgânico branco, ela produz papel 100% reciclado. O processo é livre de tóxicos e a secagem é feita naturalmente. Biodegradabilidade Indo um passo além... Ainda mais desafiador, seria o Design para Biodegradabilidade. Isso significa que a roupa seria desenvolvida para retornar à natureza - depois de seus inúmeros usos, reusos e reciclagens. Ela atenderia então a esfera biológica, já apresentada em aulas anteriores. Fibras têxteis, elásticos, botões ou ainda material para impressão 3D podem ser feitos de bioplásticos (plásticos derivados de fontes renováveis como a biomassa), que se decompõem naturalmente, como os produtos oferecidos por uma empresa alemã de tecnologia têxtil. Estudos de caso • Empresa Lauffenmühle A empresa é certificada no nível Gold do Cradle to Cradle e produz roupas cujos tecidos são decompostos e retornam para a natureza. As fibras têxteis ou químicas usadas eliminam resíduos nocivos na regeneração biológica. Depois de retornarem ao ciclo biológico, esses tecidos se tornam nutrientes para microrganismos e, portanto, para a uma nova vida. Mais sobre a empresa, clique aqui visite o site (material em inglês). • Urna BIOS A BIOS desenvolveu uma urna funerária na qual você pode depositar as cinzas de entes queridos, para que eles “retornem” através de uma árvore. Se quiser saber mais, clique aqui e visite o site (material em inglês). Durabilidade, Adaptabilidade e Reparabilidade Outra forma de pensar na circularidade na hora do design, é considerar como o produto se comporta nas mãos do usuário, qual propósito ele atende e qual mensagem é possível promover através das escolhas de design. Por isso é importante pensar em durabilidade, adaptabilidade e reparabilidade. Clique no infográfico e veja: Durabilidade A durabilidade de um produto é medida por quanto tempo o produto fornece um serviço útil e significativo ao seu usuário. Em outras palavras, desenvolver produtosduráveis pode agregar valor e gerar confiança devido à sua facilidade de manutenção, alta qualidade e resistência de materiais e estilo atemporal. A alemã Tchibo substituiu todos os botões por zíperes em suas roupas de cama, pois os botões exigiam manutenção constante e eram alvo de reclamações dos clientes. Reparabilidade Desenhar um produto para ser reparado significa simplificar os componentes e repensar a maneira como suas partes são montadas. Aplicar o design para modularidade na desmontagem, por exemplo, implica que cada peça de um produto possa ser retirada, suportando sua reparabilidade (e futura reciclagem). Esse serviço pode ser oferecido pela empresa, por parceiros selecionados ou com a ajuda de instruções ao cliente final. A empresa Steelcase, certificada Cradle 2 Cradle, desenvolveu uma cadeira de escritório totalmente desmontável, prevendo possíveis trocas e reparos. Adaptabilidade Outra forma de design é pensar na adaptabilidade de produtos. Isso inclui possíveis updates ou alterações, ou ainda ajustes às diferentes ocasiões, climas e necessidades. Esse leque de possibilidades pode ser entregue ao cliente na forma de produtos, kits extras ou podem ser oferecidos como serviços extras através da própria empresa ou parceiros selecionados. O sofá modular da IKEA se adapta a variados gostos, espaços e tipos de consumidores. A I Fix It é uma plataforma em prol da reparabilidade de produtos e declara que “se você não pode consertar um produto, você não o tem!”. Essa ideia parece contraditória se pensarmos que pagamos por esses produtos (Como assim, não temos os produtos pelos quais pagamos?). Mas perceba: caso algo aconteça, em muitos casos não teremos outra alternativa senão jogar fora todo o produto e comprar outro. E isso é o que a empresa vem tentando mudar através da divulgação de seu Manifesto pelo Reparo. Fonte: I fix it (Disponível em português). Essa lógica de descarte automático acontece porque produtos são desenvolvidos para durarem pouco. A tal obsolescência programada, que já ouvimos anteriormente, faz com que as empresas pensem que farão novas vendas ao final do seu curto ciclo produtivo. Porém vimos que em um mundo digital e de alta competitividade, o novo consumidor não aceita mais baixa qualidade. A obsolescência programada se torna um forte elemento de perda de seu cliente. A Economia Circular demonstra que há outras formas de criação de valor e que podem ser exploradas também no design. Dê uma olhada em seus aparelhos eletrônicos e verifique como são montados. Muitos dos produtos atuais são colados, com baterias e processadores embutidos. Caso alguma destas partes deixe de funcionar, TODO o produto será descartado. Design para novos modelos de negócios Trabalhar com modelos de negócios que permitem o uso - e não apenas o consumo - de produtos pode abrir muitas portas e alavancar possibilidades de criação de valor. Mas para que isso aconteça, a estrutura da empresa e o design devem estar alinhados, deixando para trás o modelo linear para adotar o modelo circular. Veja abaixo as principais linhas que devem ser seguidas: Hora do teste · Início · Está preparado para fazer um teste? Pense na empresa na qual você trabalha ou na empresa que você gostaria de montar um dia. Ela se encaixa nesta realidade? Clique nas abas abaixo para começar. · Etapa 1 Produto. Escolha um produto a ser avaliado. Tenha sempre em mente qual a necessidade real que esse produto tem. Você está pronto(a)? Com base no produto escolhido, clique nas abas abaixo e escolha as alternativas que se encaixam no seu produto. · Etapa 2 Recursos e Resultados. Escolha abaixo os recursos e resultados esperados. Consigo usar materiais reciclados ou descartados. Encontro fornecedor local para algum material. Posso reutilizar alguma matéria prima do meu processo. Consigo reduzir internamente o descarte na produção do produto. Há tecnologias que possam reduzir impactos ou processos durante a produção. A divulgação do meu produto está alinhada com o modelo circular. Para alinhar seu produto com o modelo circular, todo o processo produtivo, design e planejamento devem estar alinhados também. Usar materiais reciclados ou descartados em alguma parte da produção expõe o valor menosprezado no sistema linear e reinsere materiais no ciclo produtivo, evitando assim a formação de lixo. É importante buscar fornecedores próximos, para incentivar a economia local e facilitar a administração da produção. Ou mesmo produzir algum recurso localmente pode estimular a economia da região e até mesmo baratear a sua produção. O processo de produção deve ser analisado com cuidado, para que descartes sejam evitados. Estar sempre atento às novas tecnologias é uma boa maneira de atualizar sua produção, além de reduzir impactos ou processos e estar alinhado ao modelo circular. Além de estar alinhado ao modelo circular, é essencial demonstrar isso através do seu produto e de sua divulgação. · Etapa 3 Extensão dos Ciclos. Qual a extensão esperada para ciclo do seu produto? Consigo envolver o usuário de alguma maneira ao longo da produção? A durabilidade está presente nos componentes ou no produto em si? O design do meu produto permite fácil manutenção? O design do meu produto permite reparos fáceis pelos usuários? O produto pode ser adaptado ou atualizado? Tenho em mente o próximo ciclo do meu produto? Tenho um canal de comunicação eficiente com o consumidor sobre possibilidades de novos ciclos do meu produto? O design circular também deve considerar a extensão do ciclo de seu produto. Ao envolver o consumidor, podemos fidelizá-lo com mais eficiência. Os conceitos de durabilidade, reparabilidade e adaptabilidade devem estar sempre presentes. Seu produto deve ser durável ou ter componentes duráveis. A manutenção e reparo devem ser fáceis de serem feitos pelo usuário, ou ser um serviço incluso. Trocas de componentes, adaptações e atualizações também devem ser de fácil acesso ao consumidor. Além disso, devemos sempre considerar novos possíveis ciclos de uso do produto. Para isso, é importante manter um canal aberto e eficiente de comunicação com o público-alvo. · Não se esqueça! Busque avaliar as possibilidades do design e como alterações podem alavancar a mudança rumo à circularidade, apoiando um ou mais dos princípios da Economia Circular. Importante Fatores que influenciam sua abordagem ao design circular: · Identidade da marca. · Tipo de produto, por exemplo, qualidade ou materiais mais utilizados. · Práticas de design existentes, que reduzam impactos e resíduos. · Envolvimento em outras práticas circulares, como serviços, coleta ou reciclagem de roupas, ou outros modelos de negócios. Produto como serviço (um caso do setor têxtil) E se não comprássemos mais muitos produtos que costumamos usar? O que isso implicaria no design? E se a marca que oferece o produto fosse a responsável por ele no final do ciclo de serviço? Qual seria a abordagem do designer? Vamos considerar um exemplo da indústria têxtil, que demonstra a relevância do papel do designer quando falamos sobre a circularidade da economia. Imagine que... Você é o designer de uma empresa de uniformes para hotéis. Mas a empresa na qual você trabalha não vende os produtos, e sim trabalha por assinatura, oferecendo o serviço de uso dos uniformes por determinado tempo, mediante o pagamento de um valor específico. Esses uniformes podem ser novos (desenvolvidos especialmente ao hotel cliente) ou oferecidos de segunda mão (de outros hotéis que já retornaram seus produtos ou trocaram por novos modelos). Contexto Os produtos devem atender ao máximo de usuários possíveis, para que, a cada ciclo de aluguel, a empresa de uniformes possa gerar valor: · para os usuários - que pagam uma porcentagem do que seria a compra de uniformes novos, além de não serem os responsáveis pelo seu descarte; · para a empresa - que rentabiliza cada ciclo com mais entradas financeiras, sem a necessidade de desenvolver novos produtos. E o design? Sua primeira atividade é avaliar osmateriais já utilizados. Se questione: · Posso reutilizar algo? · Posso criar detalhes com excedentes de minha própria produção? · Posso pensar em reduzir resíduos e poluição, avaliando têxteis sustentáveis ou reciclados, e considerando ajustes na cadeia produtiva? Vida útil dos uniformes O Design para a Durabilidade seria também imprescindível aqui, você não acha? · Selecionar tecidos e insumos que sejam resistentes ao uso e limpeza constantes. · Modelos atemporais, linhas e cores neutras. Um uniforme azul marinho talvez seja mais fácil de alugar consecutivamente que outro de cor neon. Modelagem: formas de vestir bem Você acredita que o Design para Adaptabilidade pode ser interessante neste caso? Sim! · Vestir bem diferentes corpos. Pequenos ajustes (como botões e elásticos na cintura, por exemplo) facilitam a recirculação dos produtos. · Padronagens sem-gênero. Identidades corporativas Como incluir o logo no uniforme da rede hoteleira? Aqui, o designer também tem papel importante e pode pensar alternativas para apresentar a marca hoteleira sem comprometer futuros ciclos de uso por outros clientes. · Por exemplo, podemos pensar em usar lenço com cores e identidade do hotel? · Ou que tal adaptar a estratégia de Design para a Compatibilidade já aplicada nos uniformes militares, no qual o nome de cada soldado é aplicado a qualquer uniforme com velcro? Um pin ou broche talvez seja uma alternativa mais elegante. Pós-ciclo principal E depois? Os uniformes poderiam ser retrabalhados, através de Upcycle, por exemplo. · Que tal avaliar se os uniformes antigos podem se transformar em outros produtos têxteis, de menor tamanho, como pequenas nécessaires, por exemplo? Esses brindes poderiam ser oferecidos aos clientes dos hotéis, criando uma narrativa especial. · Como estes uniformes não têm nenhum logotipo fixado, não há a necessidade de se adicionar atividades manuais para “recortar” o logo antes que sejam reprocessados. · E será que os retalhos que sobraram da produção de brindes podem ser reciclados? Que tal investigar parcerias para avaliar novos produtos que podem ser desenvolvidos a partir destes descartes? Reciclagem Como a empresa de uniformes é a proprietária da roupa e deve se responsabilizar por seu “fim”, você, como designer, ainda pode abordar estratégias mais complexas para atender à reciclagem futura. O Design para a Reciclabilidade avalia como o produto, em um todo, pode ser reciclado. · Por exemplo, pensar em mono materiais, ou seja, roupas que são feitas de apenas uma composição e que podem seguir facilmente um processo de reciclagem, pode facilitar esse novo processo industrial. · Roupas de algodão ou roupas de poliéster, podem ser desfibradas ou reprocessadas para a produção de um novo filamento e fio têxtil. Transparência & Rastreabilidade Para que tudo isso ocorra, é extremamente importante saber a origem e composição dos materiais que foram selecionados (incluindo cores, processos, acabamentos). Transparência e rastreabilidade são palavras de ordem na comunicação entre fornecedor, confecção e a empresa que oferece o serviço de uniformização. O uso de tecnologias como códigos QR ou Blockchain pode facilitar cada tomada de decisão. Estudos de caso Inúmeras atividades similares às mencionadas acima já fazem parte do dia a dia da empresa holandesa Dutch aWEARness, que oferece uniformes de alta performance a seus clientes. Com um modelo de negócio inovador, a empresa demonstra o quão importante é o papel do designer para garantir que a economia circular aconteça. Se quiser saber mais, clique aqui e visite o link (material em inglês). Conclusão da aula O design como fator transformador O design circular pode assumir várias formas, dependendo da finalidade do produto ou negócio. Ao projetar para durabilidade, adaptabilidade e reparabilidade, o objetivo é estender a fase de uso por mais de um proprietário. Ao projetar para reciclagem e biodegradabilidade, o objetivo é garantir que produtos e materiais sejam retornados ao sistema e utilizados em um processo regenerativo. Resumindo, os conceitos-chaves são: · Em um sistema circular o desperdício não existe, porque os produtos e materiais são circulados indefinidamente em ciclos técnicos ou biológicos, como já mostrado em aulas anteriores. · O design circular requer repensar a maneira como os produtos são criados e produzidos, mas também repensar o sistema do qual fazem parte. · Design para a circularidade pode, então, abranger uma série de etapas, atividades e setores participantes, como representados no gráfico a seguir: Adaptado de Cadeia de Moda Circular, por Alice Beyer Schuch. Disponível em Slowfashionnext Exercícios 1. De que forma o designer pode promover a circularidade do produto? Selecione as alternativas corretas. A. Estendendo as possibilidades de uso do produto. B. Selecionando materiais de menor impacto, reduzindo o descarte da produção e promovendo uma maior durabilidade ao produto. C. Desenhando plataformas digitais que viabilizem novas formas de consumo e modelos de negócio. D. Trabalhando em conjunto com outros especialistas e se conectando a outras cadeias de valor para avaliar o uso de novas matérias-primas, buscar processos alternativos e permitir tanto o fechamento do ciclo dos materiais, como o segundo uso do produto. E. Pensando a modularidade do produto para que ele tenha uma vida útil mais curta e uma nova compra possa ser feita mais rapidamente. 2. Sobre a afirmação a seguir, selecione as alternativas corretas. A modularidade se relaciona à: A. Atualização de partes de um produto. B. Adaptação a diferentes estilos e necessidades. C. Aplicação de novas tecnologias para a redução do uso de recursos. D. Conexão com a autonomia dos usuários, que podem criar seu produto combinando diferentes opções. E. Facilidade de conserto e, talvez, a reciclagem futura. 3. Marque verdadeiro ou falso para as alternativas que completam a frase abaixo. Design para Biodegradabilidade, no âmbito da Economia Circular, compreende: A. A decomposição total do produto após o uso e destino adequado para garantir o retorno dos materiais à esfera biológica. FalsoVerdadeiro B. A possibilidade de aplicar novos materiais a produtos multiuso, mas considerando seu retorno à natureza em algum momento. FalsoVerdadeiro C. Uma forma eficiente para jogar fora os produtos encurtando o seu ciclo de vida. FalsoVerdadeiro D. Uma solução para produtos descartáveis evitando a geração de resíduos mesmo em áreas que não têm sistema de coleta de orgânicos ou compostagem. FalsoVerdadeiro E. A escolha de matéria-prima biodegradável evitando o uso de misturas de materiais na composição do produto. FalsoVerdadeiro 4. Um fabricante de TV percebe o crescimento do mercado de segunda mão. Ele pode ver isso como um risco ao seu negócio ou utilizar a informação para gerar valor e diferenciação. Marque como verdadeira ou falsa as opções nas quais a mentalidade circular foi aplicada como estratégia para seu negócio. A. Através do design para reparabilidade, ele pode criar valor aos seus produtos garantindo que seu produto tenha uma segunda vida. FalsoVerdadeiro B. Manter o foco na venda de produtos novos, mantendo o modelo de design favorecendo a obsolescência programada e assim reduzir a disponibilidade de produto para o mercado de segunda mão. FalsoVerdadeiro C. Aprender com os motivos pelos quais os produtos são trocados consecutivamente e, desta forma, avaliar ajustes na performance e estilo dos produtos. FalsoVerdadeiro D. Transformar o seu produto em serviço para se adaptar a diferentes necessidades e com isso gerar um novo formato para fidelização do seu cliente. FalsoVerdadeiro E. Com base no perfil do consumidor do mercado de segunda mão, oferecer serviços de manutenção, programas de incentivo para a troca do equipamento e pensar um modelo de remanufatura. FalsoVerdadeiro 5. Transformar o seu produto em serviço e olhar para seu consumidor como usuário pode trazer novas oportunidades para o seu negócio. Mas para que isso aconteça, aestrutura comercial da empresa e o design do produto devem estar alinhados. Com base na afirmação, escolha as alternativas corretas. A. O design do produto deve ser pensado para a durabilidade, uma vez que a empresa se torna responsável pela manutenção, reparo e retorno do produto. B. A empresa deve instalar um bom sistema de relacionamento com o cliente para garantir uma gestão de dados efetiva, para conhecimento do perfil do cliente. C. O design não segue uma escala de relevância, sendo reparabilidade e reciclabilidade de mesma importância. D. A empresa deve disponibilizar uma linha de contato com o cliente para atender rápida e eficientemente às suas demandas. E. O importante é garantir um alto custo ao serviço para que o cliente entenda a proposta de valor. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Módulo 3 Economia Circular na prática Neste módulo, abordaremos o conceito na ótica da indústria, mostrando as vantagens do uso de ferramentas digitais na transição para a Economia Circular. A transformação da indústria Abordaremos a evolução global da materialização da Economia Circular, alguns exemplos destacando a transformação na indústria na prática e o que já está sendo feito no cenário brasileiro para impulsionar a transição. Para começar Nas aulas anteriores, você aprendeu sobre o porquê da transição, estudou sobre as bases teóricas, as escolas de pensamento e conheceu possibilidades de modelos de negócios circulares. Você deve compreender agora que, em vez de manter uma linha de consumo de insumos para produção e depois simplesmente descartá-los, a estratégia circular considera que esses insumos têm valor, e, portanto, devem ser utilizados de forma que todo o seu valor seja aproveitado durante todo o seu ciclo de vida, inclusive no pós-consumo. Mas, afinal, como estes novos modelos de negócios são aplicados na prática? Nesta aula você vai entender a evolução global do tema, conhecer exemplos de cadeias de valor que estão sendo transformadas pela Economia Circular e o que já está acontecendo no Brasil. A evolução do tema no mundo Aprendemos nas últimas aulas que, no modelo linear, o lixo é algo que não tem valor e este pensamento é um reflexo direto do modelo de produção baseado no: comprar, usar e jogar fora. Portanto, a maioria dos movimentos globais que provocam o repensar da economia tem como objetivo conter e eliminar este passivo do processo produtivo, gerando valor para nossa sociedade. Mas o que vem impulsionando a transição circular nos variados mercados? Qual o ator responsável pela mudança? A transição começa onde? Pela indústria ou pelo governo? Abaixo abordaremos as transformações que vêm acontecendo em cada continente. Clique nos itens para obter mais informações. · EUROPA Da indústria para o governo Na comunidade europeia, a indústria tem sido pioneira em impulsionar o debate diante de um cenário de alta competitividade, riscos de suprimento de matéria-prima e preocupação com a sobrevivência do negócio. Posteriormente ocorreram arranjos políticos para gerar diretrizes, com a indústria tendo um papel crucial nos desenhos das políticas públicas. Como no caso do Circular Economy Package (Pacote Economia Circular), que foi bloqueado pela indústria em 2014, sendo aprovado um ano depois, após revisões técnicas. · ÁSIA Do governo para a indústria No Japão, a questão dos resíduos foi o grande fator impulsionador da mudança. Logo, o Japão começou sua aplicação de Economia Circular por meio da Lei para Utilização Efetiva de Recicláveis e, posteriormente, foi lançada a Iniciativa Japonesa de Economia Circular. · BRASIL Indústria na liderança O tema chega ao Brasil em 2015 e segue o modelo europeu, com a indústria na liderança. A indústria brasileira, representada pela sua confederação nacional (CNI), se une à universidades e instituições especializadas para debater o tema e, em 2017, publica seu primeiro relatório, com uma abordagem geral considerando a conexão com a Indústria 4.0. Com um ano de aprendizado, um novo relatório mais detalhado é publicado e destaca as Oportunidades e Desafios para a indústria brasileira. Este material forma as bases conceituais essenciais para inserir a Economia Circular como um capítulo à parte do Mapa Estratégico da Indústria 2018 – 2022. Disponível em: Portal da Indústria Clique aqui para conhecer também sobre o Sistema de Logística Reversa de Embalagens em Geral que é uma solução conjunta da indústria e do setor de reciclagem para adequação às regulamentações legais com responsabilidade socioambiental, utilizando-se de tecnologia, transparência e escala para diminuir o custo sistêmico. · Importante 2010 é um marco global por conta da grande quantidade de empresas dedicadas a impulsionar a transição para a Economia Circular, como exemplo podemos citar a EllenMacArthur Foundation (Inglaterra) e a Circle Economy (Holanda). Portanto, um tema relativamente novo que está evoluindo muito rapidamente em um mundo que está totalmente interconectado e com as cadeias produtivas globalizadas. Medidas globais não demoram mais anos para chegar ao Brasil como antigamente. As mudanças são virais e quase instantâneas. Circular Economy Package Em 2014, a União Europeia começou a discutir um marco legal dedicado a influenciar a transição para a Economia Circular, chamado Circular Economy Package. No entanto, a diretriz só foi aprovada após inclusão da visão holística, que incluía informações sobre como os produtos deveriam ser desenhados, produzidos e disponibilizados para consumo. A diretriz, portanto, inova em apresentar os novos modelos de negócio que teriam como objetivo estimular a competitividade global, um crescimento econômico sustentável e a geração de novos empregos. Se você quiser saber mais, clique aqui e assista ao vídeo da União Europeia sobre o new circular economy package (áudio e legenda em inglês). Confederação Nacional da Indústria (CNI) A CNI tem se dedicado a estudar o tema junto a empresas especializadas como Epea Brasil, Exchange 4 Change Brasil e EllenMacArthur Foundation e tem publicado relatórios sobre o tema para auxiliar a indústria brasileira no processo de transição. Se você quiser saber mais, clique aqui e veja documentos e mais informações do site do portal da indústria. O CEO no processo de transição O CEO, chief executive officer ou Diretor Geral, de uma empresa representa o topo da hierarquia executiva, ele é responsável por executar as diretrizes do conselho de acionistas da empresa. E quais assuntos você acha que são discutidos nas reuniões da diretoria ou conselho de uma indústria? Uso de novas matérias-primas, desenho de produto, novas tecnologias? Não. Os assuntos que são realmente discutidos estão relacionados a continuidade do negócio e as tendências de mercado, que influenciam a posição da empresa e seu funcionamento. É isso que fará o conselho da diretoria optar, ou não, por uma mudança. A indústria é o primeiro ator da nossa sociedade a sentir os impactos da falta de matéria-prima e a sua volatilidade de preço. Sem seus insumos, a indústria não tem como produzir e, desta forma, não tem como colocar produtos no mercado. As indústrias, portanto, dependem e modificam o capital natural, na medida que usam seus recursos. Esses impactos geram custos e benefícios para os negócios e para a sociedade, o que proporciona riscos mas também cria oportunidades. Está tudo conectado! Adaptado de: Capital Natural. Importante Vale lembrar que o objetivo da Economia Circular é estabelecer um novo modelo de produtividade, que usa esta interdependência para permitir um crescimento, que não apenas modifica, mas restaura este capital natural. CEO’s Guide to Circular Economy Visando promover o tema e levar o debate para a alta esfera das indústrias, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) desenvolveu um guia para CEOs, no intuito de esclarecer e orientar as empresas no processo de transição deseus modelos de negócios. O WBCSD é uma associação mundial de cerca de 200 empresas tratando exclusivamente de negócios e desenvolvimento sustentável. O guia tem por objetivo fornecer aos CEOs e líderes empresariais ferramentas para implementação dos princípios de economia circular. Para saber mais, clique aqui (material em inglês). A transformação da indústria: estudos de caso Aprendemos que são diversos os modelos de negócio que podem ser aplicados visando à transição circular. Apresentaremos aqui, estudos relacionados a dois setores que já estão no processo de transição, dado seu impacto socioeconômico e relevância em nosso cotidiano: o setor de plásticos e a indústria química. A nova economia do plástico Encontramos o plástico em diversos produtos do nosso dia a dia, trazendo praticidade, conforto e segurança. Vemos os benefícios do plástico no acondicionamento e proteção dos alimentos, reduzindo o peso dos veículos e oferecendo segurança e inovação no uso hospitalar. Até mesmo nas roupas que usamos encontramos plástico, na embalagem do pão, na caneta que escrevemos. No mercado, onde colocamos frutas e legumes, no setor do açougue, etc. Assim fica fácil perceber o quanto é difícil ficarmos sem o plástico em nossas vidas, o quanto já o inserimos no nosso dia a dia. Entretanto, toda esta conveniência associada a um descarte inadequado tem colocado o material como um vilão. Mas será que a solução é parar de usar produtos plásticos? Importante Um estudo da Ellen MacArthur Foundation apresentou o crescimento vertiginoso da produção global de plástico desde a década de 1950 e a consequência deste uso crescente, principalmente em produtos descartáveis, sem uma destinação adequada. O estudo mostra que se aumentarmos o uso do material sem controlar o seu despejo no meio ambiente, poderemos ter mais plástico nos mares do que peixe. Se o problema é o plástico como resíduo e não como material, como garantir os benefícios do uso do material e eliminar o seu impacto ao meio ambiente? É assim que nasce a 3 ambições da Nova Economia do Plástico, para garantir o uso eficiente do plástico no nosso dia a dia. Adaptado de: Ellen Macarthur Foundation. Além disso, pensando especificamente no uso do plástico para embalagens, a maioria é usada apenas uma vez e 95% do seu valor, estimado entre USD 80-120 bilhões no mundo todo, acaba se perdendo após o primeiro uso. Sendo assim, um segundo estudo promoveu uma análise crítica do setor de embalagem e estabeleceu três estratégias para garantir que o valor do plástico fosse mantido e as ambições fossem atingidas. Adaptado de: Ellen Macarthur Foundation. Sabemos que o plástico é indispensável no nosso dia a dia, mas temos que repensar a forma com que usamos e descartamos os produtos plásticos. Um novo negócio para a indústria química O modelo de negócio "produto como serviço", visto em aulas anteriores, tem sido ponto-chave na indústria química. É o chamado chemical leasing ou, em bom português, a locação ou aluguel de produtos químicos. Mas qual a diferença deste modelo de negócio para o modelo tradicional? E seus principais benefícios e oportunidades? No modelo linear de produção, produtores trabalham com a lógica de “quanto mais se vende, mais se ganha”. Na indústria química não é diferente e seus ganhos sempre estiveram associados ao aumento do volume de vendas ou maiores preços. O chemical leasing inverte a lógica do negócio e muda o foco do aumento do volume de vendas de produtos químicos para uma abordagem de geração de valor. Veja no gráfico a seguir: Adaptado de: OESTREICH, 2014. O chemical leasing funciona com o fabricante vendendo as funções performadas pelos produtos químicos. Ou seja, o que é comercializado não é o produto, e sim o seu desempenho. Portanto, o sucesso econômico do negócio não depende da quantidade de produto vendido, mas sim da qualidade do serviço prestado. O gráfico a seguir resume as relações entre as duas pontas do chemical leasing: Adaptado de: GRINEVA; SATRIC, 2018. Em síntese, os principais benefícios e oportunidades do chemical leasing são: Benefícios. · Mais eficiência e qualidade na aplicação dos químicos; · Maior controle de aplicação com menor risco associado; · Redução de impacto ao meio ambiente, redução de risco à saúde e segurança ocupacional; · Menos embalagens sendo utilizadas e logística reversa garantida. Oportunidades. · Aproximação do cliente por meio da geração de valor; · Ganho de competitividade; · Redução de custo e desenvolvimento de parcerias; · Incentivos para reciclagem de químicos. Chemical Leasing Em 2018, o Núcleo de Estudos Industriais e Tecnológicos (NEITEC) da UFRJ, publicou um estudo detalhado sobre chemical leasing, apresentando diversos casos internacionais. Se quiser saber mais, clique aqui. Desafios e oportunidades para a indústria brasileira Apesar da Economia Circular já estar inserida no Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022, a indústria brasileira apenas identifica oportunidades de economia circular em projetos de logística reversa e de reciclagem. Uma pesquisa de percepção sobre a Economia Circular, realizada com o apoio da CNI, conversou com 22 atores do mercado, incluindo indústrias e representantes do governo. A pesquisa mostrou que já existem empresas que se posicionam no contexto da Economia Circular no Brasil, entretanto, é nítida a divergência em relação ao entendimento dos novos modelos de negócio suportados pelo conceito de Economia Circular. A grande maioria das empresas ainda associa o termo apenas à reciclagem, subestimando a potencialidade da atividade que, por definição de conceito, já propõe ir além da reutilização de resíduos como matérias-primas. Há uma necessidade crítica e latente de mudança de mentalidade. Mas isto é um problema? Bem, não devemos parar por ai. Este é apenas o primeiro passo e o início do processo de transição! O que precisamos destacar são as oportunidades que a Economia Circular traz para expandirmos o olhar de negócios, provocando inovações tecnológicas e estímulo à construção de novas relações comerciais nas cadeias de valor. “O Brasil avançou na reutilização dos resíduos em vários setores industriais, mas o espaço para crescer ainda é grande e há espaço para o país se tornar referência na economia circular”. (CNI, 2018) Oportunidades O estudo destacou que o Brasil possui uma vantagem para a transição da Economia Circular. Ao contrário de economias mais maduras, a nova infraestrutura adicional necessária para suprir a crescente demanda por consumo pode ser instalada no país utilizando novos modelos de desenvolvimento, sem a necessidade de desmobilização de ativos já existentes. Os modelos de negócio trazidos pela Economia Circular auxiliam a indústria a superar os atuais desafios enfrentados por meio do aumento da transparência na cadeia de valor, menor custo de transação e menores riscos ao negócio. A redução do poder de compra dos consumidores, as plataformas de compartilhamento e o produto como serviço podem reduzir os custos iniciais de aquisição e tornam o consumo mais viável. Também com as plataformas de compartilhamento, os altos custos da fabricação do produto podem ser repassados ao consumidor de maneira diluída, uma vez que a utilização do produto é otimizada. A adequação à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é facilitada quando empresas utilizam resíduos como recurso, reduzindo o descarte e quando empresas criam modelos de negócio para reutilização de produtos que implicam no prolongamento da vida dos mesmos. A utilização de suprimentos circulares, com o estímulo ao uso de energias renováveis, pode ter impactos ambientais positivos ao proteger e promover a restauração de ecossistemas. Essas relações entre os principais modelos de negócio e os desafios da indústria brasileira podem ser observados na figura a seguir: Adaptado de: CNI, 2017 e Livro Economia Circular, Holanda – Brasil: Da Teoria à Pratica, Exchange 4 Change Brasil, 2017. Assim, no contexto da Economia Circular, os desafios da economia brasileira sãooportunidades. As principais oportunidades no cenário brasileiro de acordo com a CNI (2017) podem ser descritas como: · Potencial para novos modelos de negócio - Possibilidade de criação de novos modelos circulares, reduzindo custos e gerando novas fontes de receita. · Proximidade do mercado produtor e mercado consumidor - O Brasil engloba toda a cadeia produtora (da extração até o consumo) em alguns setores. · Geração de emprego e inclusão socioeconômica - possibilidade de geração de emprego nos novos serviços oferecidos pela Economia Circular. · Resposta positiva quando há um ambiente regulatório favorável - Bom desempenho da circularidade do Brasil em setores onde existe um ambiente regulatório. · Linhas de financiamentos reformulados - Novos critérios de aprovação de financiamento favorecendo projetos com retorno social expressivo. · Maior liberdade para testar e escolher novos modelos - O parque industrial brasileiro não é tão consolidado como em outros países, o que dá maior liberdade para avaliação de novos modelos. · Exploração do ciclo biológico - O Brasil possui boas vantagens sistêmicas e climáticas, o que torna mais vantajosa a exploração do ciclo biológico circular. Um estudo produzido pela fundação Ellen MacArthur (EMF) analisou oportunidades em três setores-chaves para o Brasil e destacou as oportunidades que podem surgir no desenvolvimento de novos modelos de negócio. Desta forma, é possível ampliar o acesso a bens e serviços, reduzir custos de produção, melhorar o design dos produtos e evitar a geração de resíduos. Clique nas abas abaixo: · AGRICULTURA E ATIVOS DE BIODIVERSIDADE O setor de agricultura e ativos da biodiversidade brasileira une toda a produção e consumo de nutrientes biológicos. O movimento para uma economia circular neste setor envolve ações e práticas de métodos regenerativos, como práticas de compostagem e rotação de colheita, assim como, o cascateamento de produtos agrícolas, que contribui para extrair valor adicional. · EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS Equipamentos eletrônicos são muito comuns, e o Brasil é um grande mercado consumidor com mais de 200 milhões de habitantes e possíveis consumidores. No entanto, a gestão do resíduo desse tipo de produto pode vir a ser um grande desafio, enfrentado não só pelo Brasil, mas pela Europa. A legislação da UE em vigor incentiva a reciclagem dos resíduos eletrônicos, inclusive através de objetivos obrigatórios, mas só a reciclagem de elevada qualidade pode garantir a valorização das matérias-primas essenciais. · SETOR DE EDIFÍCIOS E CONSTRUÇÕES O setor de edificação e construção é fundamental na economia brasileira, tanto na composição do PIB, como no mercado de trabalho. Este setor trabalha diretamente com nutrientes técnicos, como metal, plástico e cimento, e possui grande potencial de geração de resíduos. A modularização é uma maneira para melhorar este cenário. A ideia de construir edifícios de forma modular já existe e facilita o reuso dos componentes da construção. Espaços coworking e casas colaborativas, bem populares no Brasil, são também boas formas de aproveitar o espaço construído. Podemos ver como a gestão circular pode auxiliar na recuperação de resíduos do segmento, agregando valor aos serviços e contribuindo com o meio ambiente. · “Transitar para um modelo de Negócio Circular é uma decisão estratégica, que impacta não somente as atividades de organização, mas também de sua cadeia de valor. Essa compreensão permite à empresa entender ou mesmo redefinir seu papel junto às demais organizações. Alguns fatores fundamentais que devem ser considerados são liderança, maturidade organizacional, cultura, gestão, governança, tipos de produtos ou serviços e mercado”. (CNI, 2018) Pesquisa de percepção sobre Economia Circular no Brasil. Se você quiser ler a pesquisa na íntegra, clique aqui. Estudo da EllenMacArthur Foundation A EMF analisou três setores chaves para o Brasil. Se quiser ver o estudo completo, clique aqui. Desafios Os estudos da CNI também destacaram alguns desafios para a implementação da Economia Circular no Brasil. A boa notícia é que são elementos comuns a países que estão passando pela transição circular. Ou seja, podemos certamente aprender com a experiência deles. Os principais desafios são: 1 Falta de políticas públicas e incentivos fiscais para temática. 2 Baixo investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação. 3 Distância entre a ciência e a indústria. Conclusão da aula A transformação da indústria Empresários e lideranças políticas mundiais já notaram que se faz necessário um novo modelo produtivo. Para isso é necessário conhecer melhor como gerenciar melhor o fluxo de materiais em torno de sua cadeia produtiva, a relação com outras cadeias de valor e olhar ao longo de todo o ciclo de vida de seus produtos. A indústria brasileira também já percebeu essa mudança e a transição pode ser notada na introdução da Economia Circular no Mapa Estratégico da Indústria 2018 – 2022 desenvolvido pela CNI. Aprendemos que existem alguns desafios à sua implementação, porém tais condições também estiveram presentes em todos os países que se propuseram a dar início a esse processo e podemos aprender rapidamente com a troca de conhecimento internacional. Além disso, ficou evidente que a Economia Circular traz grandes oportunidades para ganho de competitividade, geração de empregos e novos negócios nas cadeias de valor. A indústria brasileira já tem as ferramentas, o conhecimento e um enorme potencial criativo. Na próxima aula você vai conhecer as tecnologias que podem ajudar a acelerar este processo. Exercícios 1. Atualmente a indústria precisa lidar com uma série de desafios: cenários de crise, custos altos, competitividade, resíduo e redução do impacto ambiental. Quais estratégias de negócio abaixo auxiliam a indústria numa transição à Economia Circular? (Há mais que uma correta). A. Desenhar produtos para serem comercializados em plataformas de compartilhamento. B. Transformar a venda de produto em serviço. C. Repensar a obsolescência programada e produzir para a durabilidade de seus produtos pensando em qualidade e efetividade. D. Mudar a percepção sobre resíduos de um material indesejável para uma fonte de matéria-prima. E. Priorizar o uso de recursos naturais de origem fóssil. 2. Observamos nesta aula que a indústria é o primeiro ator da nossa sociedade a sentir os impactos da falta de matéria-prima, pois dependem do capital natural como insumos do seu processo produtivo. Sendo assim, a transição para um modelo circular é uma decisão estratégica que impacta não somente as atividades da organização mas também a sua cadeia de valor. Relacione as ações que devem ser feitas pela empresa no processo de transição: no curto prazo e longo prazo. A. Elaborar ações de capacitação para todas as áreas e principalmente da liderança para a construção do mindset circular. Curto B. Criar metas e indicadores para compras de materiais renováveis e reciclados reavaliando assim os processos produtivos. Longo C. Criação de um comitê multidisciplinar e uma nova governança interna voltada debater os princípios da economia circular. Longo D. Buscar uma maior integração da cadeia olhando para seu fornecedor como parceiro na cocriação de soluções estimulando uma maior colaboração na cadeia de valor. Longo E. Repensar produtos e serviços através do olhar de durabilidade, modularidade, remanufatura e novos modelos de negócio. Curto 3. Aprendemos nesta aula que a Economia Circular já está inserida no Mapa Estratégico da Indústria 2018 - 2022 com um olhar de oportunidades para vários setores, mas que temos ainda alguns desafios pela frente. Todo desenvolvimento tecnológico enfrenta barreiras e são as mesmas observadas em todos os países. Destacamos abaixo alguns pontos chaves deste caminho de transição, escolha verdadeiro ou falso para cada um. A. Não existem políticas públicas bem definidas e nem incentivos fiscais à projetos de Economia Circular no Brasil. FalsoVerdadeiro B. Os modelos de negócio trazidospela Economia Circular promovem maior transparência na cadeia de valor, reduzem o custo de transação e contribuem para gerar menos riscos ao negócio. FalsoVerdadeiro C. As empresas brasileiras em sua totalidade já entenderam o senso de urgência para a transição e que a Economia Circular vai muito além da reciclagem e já estão modificando seus processos produtivos, criando novas relações comerciais ao longo da sua cadeia de valor e revendo seus valores e atitudes. FalsoVerdadeiro D. Empresas brasileiras estão constantemente investindo em inovação para se manterem atualizadas com a agenda global de desenvolvimento e a economia circular segue o mesmo caminho. FalsoVerdadeiro E. O Brasil possui uma vantagem para a transição da Economia Circular pois ao contrário de economias maduras que já tem infraestrutura instalada que precisará ser remodelada e destruída, o Brasil já pode crescer com uma infraestrutura adequada aos novos modelos de negócio. FalsoVerdadeiro 4. Na indústria química, clientes compram substâncias para exercer uma determinada função em seu processo produtivo. O modelo de chemical leasing desloca o valor do volume do produto para a função desempenhada por ele, mudando a motivação dos envolvidos e gerando uma situação ganha-ganha no modelo de produto como serviço. São benefícios associados à economia circular trazidos pela implementação do chemical leasing: A. Uso mais eficiente do produto químico, menos desperdício e menos embalagem. B. Redução dos impactos negativos no meio ambiente, na saúde e segurança dos funcionários. C. A empresa que vende os produtos químicos reduz seu ganho para evitar a perda do cliente. D. Oferta de valor agregado garante a fidelidade do cliente. E. Benefício para o fornecedor por repassar ao cliente as responsabilidades legais quanto à segurança, saúde e meio ambiente. 5. Escolha três opções que representem as ambições da Nova Economia do Plástico. A. Redução do uso de matéria-prima de origem fóssil. B. Criação de um pós-consumo eficiente do plástico. C. Melhoria da qualidade do plástico à base de recursos fósseis. D. Uso do plástico como nova moeda. E. Incentivo ao desenvolvimento de novos produtos plásticos a base de nutrientes biológicos. O papel da tecnologia na transição para a Economia Circular Abordaremos como as tecnologias emergentes facilitam a viabilização de iniciativas circulares. Para começar Na aula passada, você aprendeu sobre a importância do design para o desenvolvimento de soluções circulares e, nesta aula, você vai aprender sobre o papel da tecnologia na história do desenvolvimento da indústria e como as tecnologias emergentes estão acelerando a construção dos modelos de negócio da Economia Circular. Para a grande maioria de nós, a palavra tecnologia está relacionada à informática ou a algum novo dispositivo eletrônico, de preferência conectado à Internet, e de domínio de um grupo restrito e especializado de pessoas. E quem nunca ouviu alguém falar “não gosto de tecnologia”, “não sei mexer nesses aplicativos” ou “a tecnologia e eu não nos damos bem”? Embora este pensamento seja compreensível, principalmente no contexto de desenvolvimento tecnológico exponencial que estamos vivendo atualmente, o conceito de tecnologia é bem mais amplo. Além disso, a tecnologia teve papel determinante no estabelecimento das sociedades que conhecemos hoje e podemos não perceber, mas ela está por toda a parte e inerente em muitas coisas do nosso dia a dia. Tecnologia como fator transformador Você aprendeu nas primeiras aulas que estamos vivendo uma nova era que transforma nossas vidas, demanda novas habilidades e provoca uma transformação na economia e nos modelos produtivos. Mas como entender o papel da tecnologia nesta evolução? A tecnologia está presente nas nossas vidas desde que o homem começou a fazer uso de técnicas primitivas de sobrevivência. O uso controlado do fogo milhares de anos atrás, a criação de armas e ferramentas primitivas, a invenção da roda, incluindo outras aplicações que promoveram saltos evolutivos da humanidade são consideradas tecnologias. Na nova era digital, as tecnologias emergentes associadas ao pensamento circular estão transformando, significativamente, as nossas vidas, a produção e o consumo. Veja, no gráfico a seguir, o resumo dos saltos evolutivos já convencionados. Importante Há quem diga que ainda estamos nessa era da 3ª Revolução Industrial, mas alguns cientistas, professores e autores já admitem que estamos vivenciando uma nova revolução: a 4ª Revolução Industrial, também chamada de Indústria 4.0. Atualmente a nossa capacidade de gerar, processar e armazenar dados numa velocidade como nunca tínhamos visto antes. A chegada dos dispositivos inteligentes, conectados entre si através de sensores (Internet das Coisas – IoT), somados a evoluções na área de Inteligência Artificial, o aprendizado das máquinas (machine learning), a computação na nuvem, a bioinformática, a impressão 3D, a blockchain, dentre outros são exemplos de tecnologias pertencentes a Indústria 4.0. “Geramos 2.5 exabytes de dados diariamente. 90% de todos os dados do mundo foram gerados, nos últimos 2 anos”. (IBM, 2018) Saiba mais O Amanhecer da Tecnologia O filme de ficção 2001, uma Odisseia no Espaço, do diretor Stanley Kubrick, apresenta em suas primeiras cenas uma fantasia que ilustra bem a importância da tecnologia desde os primórdios de nossos ancestrais da espécie homo. Se quiser ver o trecho desse filme, clique aqui. Economia circular e tecnologia: combinação de sucesso Mas de que forma toda essa evolução tecnológica contribui com a Economia Circular? É o que veremos a seguir! Estudos indicaram que, adotando os princípios da Economia Circular, a Europa pode aproveitar a iminente revolução tecnológica para gerar um benefício líquido de 1.8 trillhões de euros até 2030, um valor superior ao atual 0.9 trilhão de euros da economia linear. Mas como contabilizar o retorno dos investimentos no contexto da Economia Circular? Como materializar estes benefícios para o Brasil? As tecnologias de ponta, tais como Big Data, Internet das Coisas (IoT), Blockchain, irão fomentar a transição provocando novas relações comerciais, novas ferramentas, novos modelos de produtividade e novos retornos financeiros. É assim que nascem os novos modelos de negócio da Economia Circular, que através do uso da tecnologia viabiliza novas experiências de produção e consumo. Estas tecnologias permitem gerar, processar e armazenar dados em uma velocidade tão alta que reduzem os custos dos processos, viabilizando modelos de negócios que antes não eram possíveis. A partir de agora você já entendeu que estamos vivendo em uma nova era digital, na qual a tecnologia está por todos os lados e dados são gerados em uma velocidade incrível. Somos bombardeados todos os dias por 2.5 exabytes de dados (ou seja, o equivalente ao conteúdo de quase 10.000 Bibliotecas Nacionais) em apenas 1 segundo. Big data Mas então, como lidar com todos estes dados? Big Data é o conjunto de soluções tecnológicas capaz de lidar com dados digitais em volume, variedade, velocidade, valor e veracidade inéditos até hoje. Na prática, a tecnologia permite analisar qualquer tipo de informação digital em tempo real, estruturando a tomada de decisões. Apesar de conter a palavra big, Big Data é muito mais do que somente muitos dados. Clique nos botões abaixo para conhecer o que significa cada um dos cinco Vs do Big Data. · VOLUME Quantidade absurdamente grande de dados que são gerados e os desafios relacionados com seu armazenamento, acesso e proteção. · VARIEDADE Os dados estão cada vez mais desestruturados, vindos de fontes distintas e com tipos de informações diferentes (textos, imagens, sons, vídeos etc.). Estima-se que quase 90% dos dados gerados sejam não estruturados, tornando a transformação dos mesmos em informações úteis um desafio considerável. · VELOCIDADE Qual o valor agregado dos dados? O valor obtido com o uso desses dados compensa os custos de sua captação? · VALOR Qual o valor agregadodos dados? O valor obtido com o uso desses dados compensa os custos de sua captação? · VERACIDADE O quão íntegros, exatos, confiáveis, relevantes e consistentes são os dados? De nada adiantam os outros Vs se os dados estiverem errados. · E como ver a aplicabilidade de Big Data na Economia Circular? Clique nas abas abaixo. · EXEMPLO 1 Em grandes centros econômicos com inúmeras indústrias gerando grandes quantidades de resíduos, como identificar os fluxos de materiais para avaliar possibilidades de reaproveitamento, valorização e/ou reciclagem? O compartilhamento desses dados de forma contínua e transparente certamente facilitaria o processo. E é ai que entra o Big Data, por exemplo, viabilizando a criação de plataformas digitais inteligentes, os chamados marketplaces, que conectam várias organizações, públicas e privadas, via internet, permitindo o compartilhamento de informações e o reuso dos materiais. · EXEMPLO 2 Uma outra aplicação bem clara está no nosso dia a dia, por exemplo, no uso de aplicativos de mobilidade como o Waze. Um algoritmo é responsável por processar inúmeras informações vindas de dezenas de fontes diferentes para destacar o melhor caminho a ser percorrido. Impossível fazer isso manualmente. A Big Data permite este olhar trazendo eficiência para as cidades, cada vez maiores e mais complexas. · Saiba mais A relação entre a Economia Circular e Tecnologias Emergentes Primeiro estudo brasileiro a pesquisar o papel de tecnologias, tais como Big Data e Internet das Coisas na transição para a Economia Circular. Se você quiser ler o estudo completo, clique aqui. Caso queira acessar a versão resumida, clique aqui (material em inglês). O big data não faz milagres Para uma das maiores autoridades em Big Data, essa tecnologia fará parte da vida de todas as empresas — desde que haja gente que saiba usá-la. Se quiser ler o artigo completo, clique aqui. Usos da Big Data Se você quiser saber mais sobre como podemos usar a Big Data, leia os artigos: · Big data ajuda a gerenciar trânsito e dá pistas sobre políticas públicas · Big data na Segurança Pública no Estado de São Paulo · Executivos da Microsoft explicam o sistema de big data que ajudará a polícia de São Paulo · Big Data é oportunidade para o setor público · Dados abertos impõem o uso do big data no setor público IoT E agora que entendemos um pouco a importância do Big Data na Economia Circular, vamos conhecer uma das tecnologias emergentes responsáveis por tornar dispositivos e produtos “inteligentes” e um dos maiores responsáveis por geração de dados nos dias de hoje: a Internet das Coisas (Internet of Things - IoT). São os sistemas conectados que envolvem computadores, máquinas, objetos e seres vivos (incluindo pessoas), que possuem identificadores únicos digitais e a capacidade deles de transferirem dados através da Internet, porém sem que haja participação humana. Os dados são coletados e transmitidos por sensores inteligentes que permitem a comunicação direta entre dispositivos. Com o custo cada vez mais baixo destes sensores, eles aparecem presentes mais e mais no nosso dia a dia. Por consequência, a geração de dados torna-se ainda maior e faz com que o IoT seja um dos principais responsáveis pelo fenômeno do Big Data por contribuir para a geração de dados em grandes velocidades. E de que forma o IoT pode contribuir com a Economia Circular? · EXEMPLO 1 Um dos exemplos mais comuns são as cancelas automáticas nos pedágios, shoppings etc. Uma etiqueta colada no vidro do carro transmite um sinal de rádio para um dispositivo instalado no teto que, por sua vez, aciona pela, internet, um sistema central que identifica o proprietário da etiqueta e analisa se o mesmo pode ou não passar pela cancela. O resultado é transmitido de volta e a cancela abre - ou não - dependendo da situação do veículo. · EXEMPLO 2 Sensores inteligentes podem ter aplicação efetiva na proteção do meio ambiente, como por exemplo, na prevenção do desmatamento ilegal e na preservação da fauna. Sensores de baixo custo alimentados por energia solar instalados em árvores, monitoram o entorno e emitem alertas para órgãos de fiscalização na ocorrência de sons específicos, como motores de veículos ou motosserras. Para preservação da fauna contra caça ilegal, algumas empresas têm, inclusive, utilizado componentes de aparelhos celulares descartados (GPS, bateria, microfone etc.) para fabricação dos sensores. · EXEMPLO 3 80% do uso da água tratada no Brasil vai para agricultura e pecuária. Infelizmente, boa parte desse volume é reconhecidamente desperdiçado. A utilização de sensores inteligentes ligados à internet e alimentados por energia solar permite o monitoramento remoto de grandes áreas, com base na umidade do ar, temperatura, luz e, desta forma, provocar o acionamento automático de sistemas de irrigação. · · · Acredita-se que os riscos da explosão da plataforma de petróleo Deepwater Horizon em 2010 no Golfo do México nos EUA e do gigantesco desastre ambiental causado, poderiam ter sido minimizados com a utilização de sensores e auxílio do IoT. Estes sensores poderiam ter sido instalados em máquinas, componentes-chave ou submersos no fundo do mar para o processamento mais eficiente de dados. Saiba mais Internet das Coisas ou As Coisas da Internet? Se você quiser ler o artigo completo sobre a reflexão acerca da real utilidade dos dispositivos conectados, clique aqui. Sensores IoT instalados no solo irão usar dados para otimizar a agricultura Se você quiser ler a matéria completa (material em inglês), clique aqui. Blockchain E se houvesse um sistema distribuído no qual, todos que desejassem, pudessem compartilhar suas informações e realizar transações de compra, venda e troca de materiais/produtos diretamente, sem intermediários, e de forma confiável? Com a Blockchain isso é possível. Blockchain tem sido considerada por alguns especialistas como sendo uma das maiores evoluções tecnológicas desde os navegadores (browsers) da Internet. Enquanto a Internet permite acesso democrático a informações, o risco de contaminação por informações equivocadas é enorme. Para que haja o mínimo de confiabilidade, é necessário que haja alguma entidade formal e confiável para atuar como intermediário. Essencialmente, a Blockchain trata-se de uma rede distribuída, na qual todos os membros conhecem todas as transações realizadas, sendo alguns deles responsáveis pela validação prévia das mesmas. É como uma comunidade onde há confiança mútua entre os participantes e na qual tentativas de fraude são rejeitadas por ela. E de que forma a Blockchain contribui com a Economia Circular? Clique nas abas: · EXEMPLO 1 Lembra do exemplo da Simbiose Industrial de aulas anteriores? Com o Blockchain é possível compartilhar informações e realizar transações com resíduos, ativos e insumos diretamente, sem intermediários e com segurança. O compartilhamento de dados passa a ser considerado como compartilhamento de valor. · EXEMPLO 2 Com a Blockchain podemos também trazer mais transparência na hora da compra, pois a tecnologia permite acessar todas as informações em relação às origens das matérias-primas, todos seus componentes ao longo da cadeia de suprimentos e desta forma rastrear a qualidade e garantir o quão sustentável o produto é, sem que haja um sistema central controlando essas informações. · Saiba mais Desvendando a Indústria 4.0 O SENAI-SP disponibiliza o curso Desvendando a Indústria 4.0. Se quiser saber mais, clique aqui. Blockchain Se você quiser assistir à palestra “Transparência pelo Blockchain e a Moda Rumo à Economia Circular”, com Neliana Fuenmayor, clique aqui (material em inglês, com legenda em português). Para saber mais sobre como a Blockchain pode ajudar na indústria da moda, leia o artigo “Blockchains Could Upend the Fashion Business”, clicando aqui (material em inglês). Você também pode realizar o curso Desvendando a Blockchain oferecido pelo SENAI-SP, clique aqui. Outras aplicações de tecnologia na Economia Circular E quem ainda compra CDs para ouvir música? Até muitopouco tempo atrás, ter acesso a uma música significava comprar um CD, mesmo no caso de não termos interesse em todo o seu conteúdo. Hoje, a tecnologia nos permite ter o direito de uso/acesso a milhões de músicas a qualquer momento, pagando uma mensalidade de valor mais baixo do que da compra de um CD. É o serviço de assinaturas chegando a setores que não poderíamos imaginar. Hoje já é normal vermos isso com o acesso a músicas, bicicletas, carros, filmes e até mesmo produtos de limpeza. E se pudéssemos comprar luz ao invés de lâmpadas? Agora vamos imaginar uma empresa que ocupa um grande espaço, onde a iluminação é um aspecto chave e uma preocupação constante. Milhares de lâmpadas, espalhadas por toda a área, algumas em lugares de difícil acesso, outras que demandam graus de iluminação diferentes dependendo da hora do dia. Seria ótimo se, ao invés de comprar lâmpadas (posse), ela pagasse uma mensalidade a alguma empresa especializada para ter o serviço de iluminação (uso/acesso). Pois isso já existe e aprendemos como sendo um dos 5 modelos da Economia Circular viabilizados pela tecnologia: a venda de “Luz como serviço”. A empresa transforma um produto em um serviço e o cliente não precisa mais se preocupar com a compra de lâmpadas, pois o serviço será completo desde o fornecimento e instalação das lâmpadas, como a manutenção. É o ciclo completo, com economia de energia e sem descarte de produtos usados no meio ambiente. A tecnologia permite criar um provedor central de serviços via internet (plataforma) que se torna responsável pelas transações, sua gestão e controle. Este modelo de negócio de Produto como Serviço pode ser encontrado em vários outros serviços do nosso dia a dia: o Uber, o AirBnB, iFood, Spotify, Apple Store, Bicicletas do Itaú, etc. E se pudéssemos compartilhar produtos, ferramentas e equipamentos? Empresas que possuem máquinas ociosas podem oferecer a outras empresas que tenham demanda: é a Manufatura Compartilhada. Uma bicicleta compartilhada que é usada 10 vezes por dia, por dez pessoas diferentes, está sendo mais útil do que aquela que está parada na garagem há anos. Estes modelos de negócio ocorrem dentro de plataformas tecnológicas, responsáveis por conectar as partes interessadas, formalizar os acordos de prestação de serviços e acompanhar o processo de produção e/ou uso. É a aplicação da tecnologia permitindo o “compartilhamento” e, consequentemente, a otimização no uso de recursos. E se fosse possível saber o momento exato que a sua lixeira está cheia e que necessita de coleta? O setor público também pode se beneficiar da tecnologia na transformação de centros urbanos em cidades inteligentes (smart cities) e mais circulares, como por exemplo, na otimização da coleta de lixo – sensores em coletores de lixo teriam como avisar às empresas quanto ao momento da coleta, tornando o processo mais eficiente. Utilização de IoT em veículos para otimizar o transporte em centros urbanos. Para reduzir os custos de gerenciamento de uma frota, a IoT pode desempenhar estas funções: · - Rastreamento de combustível e gerenciamento de estações de reabastecimento · - Monitoramento da integridade do veículo para planejamento de manutenção · - Rastreamento do comportamento do motorista usando sensores a bordo Como armazenar esta quantidade enorme de informações a qual somos bombardeados todos os dias? CDs, DVDs, pendrives já não serão mais necessários em breve e tendem a desaparecer. A já estabelecida computação na nuvem (cloud computing) permitirá que organizações tenham sua infraestrutura tecnológica completamente fora de casa, bastando que haja uma conexão com a Internet disponível. Aplicações de gestão de negócio, tais como sistemas de ERP, CRM já podem ser utilizados sem que haja um único servidor na organização. Assim podemos dizer que estes modelos de negócios começaram a ser viáveis recentemente por causa da tecnologia. Saiba mais Aeroporto de Schipol O Aeroporto de Schipol em Amsterdã fez uma parceria com a Philips Lightning e não precisa mais se preocupar com a manutenção e troca de lâmpadas. Todo o serviço é feito pela empresa que além de manter todo o espaço funcionando em perfeitas condições, também proporciona uma economia de energia elétrica e ajuda o meio ambiente. Todos saem ganhando. Se quiser saber mais sobre este case, assista a um vídeo clicando aqui e para acessar o site do aeroporto, clique aqui (material em inglês). IoT Para saber mais sobre como a indústria pode usar sensores IoT, clique aqui (em inglês). ZenRobotics A empresa ZenRobotics desenvolveu um robô que é capaz de separar diferentes tipos de materiais no lixo. Se quiser saber mais, clique aqui para acessar o site e para assistir a um vídeo, clique aqui (em inglês). Conclusão da aula O papel da tecnologia na transição para a Economia Circular As aplicações tecnológicas são inúmeras, e a cada dia novos casos são estudados pela academia, aprovados pela ciência e implantados por governos e indústrias. As tecnologias emergentes permitem gerar, processar e armazenar dados em uma velocidade tão alta que reduzem os custos dos processos viabilizando modelos de negócios que antes não eram possíveis. Rastreabilidade, transparência e confiabilidade aparecem como características chaves viabilizadas pela tecnologia trazendo novas garantias e novas experiências ao consumidor. O objetivo desta aula foi dar exemplos de como o desenvolvimento tecnológico inerente à Indústria 4.0 pode ajudar você na tão importante e necessária transição para a Economia Circular e também destacar que ela não está tão distante assim do nosso dia a dia. Exercícios 1. Escolha a alternativa correta. Qual afirmativa descreve melhor o V de “Variedade” em Big Data? A. As diversas fontes e tipos de dados que existem atualmente. B. O número crescente de profissionais especializados em análise e tratamento de dados que têm surgido no mercado. C. A quantidade de relatórios analíticos que são necessários para tomada de decisão. D. A quantidade cada vez maior de dados, em boa parte desestruturados, que são gerados digitalmente. E. A quantidade de temas que podem ser abordados pelos usuários. 2. Quais das alternativas abaixo representam características chave do Blockchain que facilitam a transição para a Economia Circular? (Há mais de uma resposta correta). A. Confiabilidade nas transações. B. Rede distribuída, sem entidades centrais. C. Pagamento de assinatura. D. Conexão via sensores inteligentes. E. O compartilhamento de dados passa a ser considerado como compartilhamento de valor. 3. A redução do lixo eletrônico pela não utilização de mídias físicas tais como CDs, DVDs, pendrives, pode ser promovido pelo uso de qual tecnologia? A. Big Data B. Blockchain C. Supply Chain D. Cloud Computing E. CRM 4. Quais das alternativas abaixo representam a aplicação de tecnologia para viabilização de iniciativas de Economia Circular? (Há mais de uma resposta correta). A. Aplicativos de compartilhamento (por exemplo, patinetes). B. Rastreamento de materiais e compartilhamento de informações para compra, venda e troca de insumos, resíduos e ativos. C. Sensores conectados para otimizar plantações, alimentados por energia solar. D. Etiquetas inteligentes em recipientes de lixo para otimizar a coleta. E. Sensores inteligentes usados na prevenção ao desmatamento. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Módulo 4 O processo de transição – como fazer? Neste módulo, reforçaremos a multidisciplinaridade da Economia Circular e os fatores para acelerar a transição. Consolidaremos também uma nova mentalidade, voltada ao crescimento sustentável, através de uma visão estratégica e das novas habilidades para o negócio. A criação de um ecossistema favorável Reforçaremos a multidisciplinaridade da economia circular e os fatores para acelerar a transição. Para começar Ao longo do curso, você aprendeu sobre o que é economia circular, quais escolas de pensamento impulsionaram a mudançanos modelos econômicos, conheceu iniciativas e tecnologias que têm tudo a ver com a economia circular na prática. Agora, nesta aula, vamos aprender a Economia Circular de maneira estratégica. Como impulsioná-la? O que precisa mudar? Como podemos, de fato, alterar a maneira como produzimos, consumimos e nos relacionamos, de forma que o impacto seja positivo em toda a sociedade? O que cada um de nós pode fazer? Perspectiva Sistêmica Novos materiais, novas tecnologias e novos modelos de negócio são elementos essenciais para a transição para a economia circular. Mas devemos ter cuidado para não achar que cada elemento isoladamente seja suficiente para a circularidade. Várias tecnologias contribuem para acelerar os novos modelos de negócio circulares mas, por exemplo, se a impressão 3D for usada isoladamente para imprimir produtos descartáveis, não significa que, apenas devido ao uso dessa tecnologia, o processo produtivo ou o produto sejam circulares. A Economia Circular necessariamente precisa de uma perspectiva sistêmica Desse modo, quanto mais amplo for o olhar da empresa para seu ecossistema e mais diversas forem as conexões criadas, mais sólidas serão as mudanças, permitindo novas formas de produzir, consumir e se relacionar com o seu cliente. Por isso, quanto maior for a coordenação entre os diversos departamentos da empresa e quanto mais além do portão da fábrica for o olhar multidisciplinar, mais favorável será o avanço da Economia Circular no negócio. E você? Já sabe qual é o seu papel nesse ecossistema? Como pode influenciar os atores na sua cadeia de valor para cocriação de soluções circulares? A primeira norma técnica para a Economia Circular A Inglaterra foi o primeiro país a produzir uma norma técnica para a Economia Circular. O objetivo foi criar um direcionamento para a indústria, de como implementar os princípios da economia circular na prática. A norma BS 8001 de 2017 permite que organizações analisem seus processos e entendam qual o impacto das suas operações. A norma explora como as organizações podem reduzir custos, descobrir novas fontes de renda e tornar o seu negócio mais resiliente a riscos externos e inovador. Clique aqui se você quiser ler o material completo (em inglês). ONU e o metabolismo urbano Você já parou para pensar que podemos considerar nossas casas e empresas como organismos em constante interação entre si, com a natureza e com as mais distintas cadeias de produto? A ONU preparou um vídeo no qual explica como as cidades podem contribuir para a circularidade, introduzindo o conceito de metabolismo urbano ou social. Clique aqui para ver o vídeo completo (em inglês com legendas em português). Os três passos para a circularidade – o olhar da indústria Atualmente, entendemos que existem novas demandas do mercado e novas habilidades requeridas. Para que a empresa fidelize o seu cliente e seu negócio sobreviva, existem estratégias diferenciadas que precisam ser aplicadas. É importante que você tenha uma perspectiva mais abrangente dos principais aspectos dessa transição e que sua visão não fique limitada somente a recursos financeiros e tecnológicos. O processo requer uma mudança de atitude, uma nova visão de negócios e melhor compreensão do mercado e dos consumidores. Mas então, quais são estes eixos adicionais que viabilizarão este processo? E como eles se relacionam com as principais dimensões e princípios da economia circular? O método dos “3 passos para a transição” foi desenvolvido através da análise crítica de cases de sucesso da Holanda e com base em pontos comuns na construção dos novos modelos de negócio. Clique nos números do gráfico a seguir para conhecer os 3 passos para a transição. Adaptado de: Livro Economia Circular, Holanda – Brasil Da Teoria à Pratica, Exchange 4 Change Brasil, 2017. 1. Design & Performance Ao pensar em materiais alternativos, recursos renováveis e matéria-prima reciclada, é essencial garantir que o seu produto tenha performance e apelo de design. Desta forma, independentemente do material, o novo produto se torna desejável e atrativo ao consumidor. 2. Parcerias Na economia circular, fornecedores se tornam criadores de soluções também. Em um mundo interdependente e conectado, você precisa buscar parceiros e aprender a trabalhar em colaboração. 3. Geração de Valor Atualmente, o diferencial competitivo não é mais baseado apenas em custo e qualidade, e sim na geração de valor. Você precisa trabalhar a efetividade do sistema e garantir uma boa experiência a seu cliente. Os 8 eixos para transição - o olhar da Holanda Especialistas holandeses se reuniram com representantes de empresas, cidades, ministérios, institutos, ONGs e centros de pesquisa para debater o tema. Foram definidos 8 elementos como pontos essenciais para o progresso e sucesso da Economia Circular. Clique nas imagens a seguir para conhecer esses 8 elementos. 1. Colaboração O trabalho cooperativo não é uma opção, e sim uma obrigação. Um sistema rico em múltiplos agentes é requisito para uma economia circular. Parcerias favorecem a inovação, porque permitem o compartilhamento de conhecimento, tecnologia e infraestrutura no desenvolvimento de soluções sustentáveis. Plataformas digitais e de compartilhamento de dados entre organizações são catalisadores na produção e armazenamento de conhecimento e favorecem sua aplicabilidade em diferentes segmentos. Sendo assim, a criação de uma rede de colaboração entre indústrias, pesquisadores, consumidores e governo pode ser o 1º passo para a transição. 2. Comunicação É preciso que todos entendam o que estamos fazendo e porque estamos fazendo. Aproximar o conceito de Economia Circular do dia a dia das pessoas é muito importante no processo de conscientização e engajamento de todos. Muitas vezes, consumidores e empresas podem ser conservadores; nesse caso, apresentar o tema de forma leve e atraente mostra que a circularidade é o caminho mais inteligente para todos. Governos e empresas devem ter um papel fundamental nesse processo, pois compartilhar experiências de sucesso e dificuldades enfrentadas auxilia o entendimento sobre as melhores práticas. É importante estabelecer canais confiáveis de comunicação para que os públicos interessados possam buscar informações ou dados e transformá-los em conhecimento. Essa comunicação pode se dar através de plataformas online, seminários e eventos. Assim como as parcerias são importantes para a ajuda mútua, as redes de comunicação também são essenciais para a construção de confiança e para disseminar os conhecimentos acerca da Economia Circular. 3. Investimento A transição não se dará sem esforços e, principalmente, sem emprego de capitais. Além disso, os investimentos devem se adequar aos novos modelos de negócio. Instituições como bancos, governos, fundos de pensão ou de financiamento devem, portanto, estar atentos a tais mudanças, para que as empresas e iniciativas de Economia Circular tenham chances competitivas em relação às demais iniciativas já consolidadas do modelo linear. Esse investimento pode ser feito pelas empresas, mas demanda um ambiente regulatório e tributário favorável. Se feitos em conjunto, para o desenvolvimento de polos regionais e simbiose industrial, criam a infraestrutura logística necessária para a implementação da Economia Circular. O investimento em práticas educacionais para conscientização das cadeias e uso de recursos de logística reversa também podem ter impactos econômicos positivos para a empresa. 4. Escala Para que a Economia Circular ganhe escala local, regional e nacional e se desenvolva progressivamente, é necessária a participação e envolvimento de todos os atores, como instituições educacionais, empresas, consumidores, governos e agências de fomento. Além disso, é essencial o desenvolvimento de ecossistemas que permitam a interação de startups com grandes empresas para a criação de projetos conjuntos. 5. Educação Educação é um dos fatores-chave de qualquer mudança cultural. Desde a escola básica até os mais altos níveis de pesquisa, deve ser incentivadoo pensamento voltado à sustentabilidade e ao uso eficiente de recursos naturais. Para criar e implementar a mentalidade circular é necessário desenvolver novas estratégias de acesso ao conhecimento como campanhas, reuniões e seminários – online e presencial. É preciso demonstrar as possibilidades de aplicação e as oportunidades da Economia Circular, além de estimular o desenvolvimento de pesquisas. Como é um tema que exige a multidisciplinaridade, deve ser levado a estudantes de várias áreas do conhecimento. E não é só a educação formal que é importante: empresas e órgãos de governo devem ser capacitados no processo de transição circular. Algumas ações pontuais, em sua maioria na forma de eventos ou cursos em universidades, já ocorrem no Brasil. 6. Resultados Nada melhor do que bons exemplos e bons resultados para inspirar. Dar visibilidade a boas práticas e compartilhar dificuldades na implementação de projetos circulares auxiliarão empresas no processo de transição. Vemos aqui a importância da comunicação, que catalisa novas ações e motiva toda a cadeia. Ao perceber as inúmeras oportunidades econômicas, de geração de lucro e redução de impacto na prática, as empresas se sentem mais estimuladas a romper paradigmas e seguir novos caminhos. 7. Política Pública & Incentivo A participação ativa dos governos representa um aspecto fundamental na transição para a Economia Circular. Assim, a criação de políticas públicas, planos de ação, diretrizes e outras estratégias, como incentivos ou penalidades fiscais, ou mesmo reavaliação de subsídios para certos recursos (como combustíveis fósseis), são algumas das principais formas de atuação pública para influenciar, orientar e promover mudanças de comportamento dos consumidores e empresas na direção da Economia Circular. 8. Renováveis Recursos fósseis são um desafio à Economia Circular. Devemos priorizar materiais e combustíveis renováveis, além de pensar em materiais que possam ser reutilizados, reciclados ou reaproveitados de alguma forma, voltando para o ciclo produtivo. O objetivo é criar um novo ciclo produtivo que gere menos impacto ambiental e traga inúmeras oportunidades de inovação tecnológica. Ex.: veículos elétricos, biomassa, fibras naturais, energia renovável, biopolímeros, etc. Saiba mais Sistema de Logística Reversa de Embalagens Clique aqui para conhecer sobre o Sistema de Logística Reversa de Embalagens em Geral que é uma solução conjunta da indústria e do setor de reciclagem para adequação às regulamentações legais com responsabilidade socioambiental, utilizando tecnologia, transparência e escala para diminuir custo sistêmico. O Modelo Holandês Clique aqui para saber mais sobre o modelo Holandês de Economia Circular (material em inglês). As habilidades necessárias para a transição – o olhar do indivíduo Quando falamos em uma nova economia e um novo jeito de produzir, consumir e se relacionar, podemos imaginar que sejam necessárias diferentes habilidades para lidar com estes novos desafios. Numa economia circular, serão gerados novos postos de trabalho que requerem novas competências. De startups a grandes corporações, a busca por sustentabilidade e por uma estratégia de economia circular vem sendo cada dia mais crescente e você pode desenvolver novas habilidades para melhorar sua performance e ganhar espaço no mercado de trabalho. E pode estar certo de que estas habilidades serão, aos poucos, necessárias em todo o mundo. Por isso, é importante preparar a sua carreira para o futuro, e esse curso já é um ótimo primeiro passo. Colaboração e trabalho em equipe Para o funcionamento de projetos circulares, é muito importante que as equipes sejam multidisciplinares. Saber lidar com as diferenças de posicionamento e formações certamente será um diferencial dos gestores de projeto. Conhecimento em tecnologias digitais Desde programação à gestão de big data, especialistas digitais são extremamente valiosos, não só na Indústria 4.0, mas também para a Economia Circular. Análise crítica O profissional crítico é aquele que não se dá por satisfeito, não concorda e não aceita tudo que lê, busca explicações científicas e avalia os pontos sobre diversas vertentes. Visão de futuro Compreender a dinâmica das mudanças no mundo e projetar-se no futuro será essencial para fazer parte de uma equipe inovadora. Criatividade Profissionais criativos desafiam conceitos de design e processos já estabelecidos. Trabalham para aprimorar processos, buscam soluções em outras cadeias, promovem conexões inusitadas e não se detêm por ações que nunca foram feitas antes. Visão holística Capacidade de compreender as interfaces de relacionamento da empresa. Um olhar “fora da caixa” e abrangente, para visualizar oportunidades e desafios em um escopo muito mais amplo e em diversas cadeias produtivas. E pode estar certo de que estas habilidades serão, aos poucos, necessárias em todo o mundo. Por isso, é importante preparar a sua carreira para o futuro, e esse curso já é um ótimo primeiro passo. Saiba mais O desenvolvimento sustentável criará novas profissões. Se você quiser saber mais sobre esse assunto, clique aqui, e leia o artigo completo. Dia a dia - como eu posso contribuir para uma economia circular? Você está disposto a abrir mão da sua conveniência, rever valores e atitudes, mudando seus hábitos e optando por produtos mais duráveis em vez de descartáveis? E se você tivesse que compartilhar a máquina de lavar e/ou o carro com seu vizinho? Você ainda sente a necessidade de ter bens ou prefere experiências e aluguel de produto quando houver a necessidade? Algumas ações podem ser imediatas para que você contribua de forma efetiva com a economia circular. As que mais contribuem para uma Economia Circular estão relacionadas ao consumo inteligente, no qual uma menor quantidade de recursos naturais é consumida, processos são otimizados e a experiência vale mais que o produto. Recusar Recuse produtos e serviços que tenham conhecido impacto negativo, que prejudiquem o meio ambiente ou tenham um processo produtivo injusto. Pesquise sobre as marcas que você consome e prefira aquelas que possuem compromissos com o desenvolvimento sustentável. Repensar Repensar nosso padrão de consumo e descarte é muito importante. Considere se você precisa “ter” ou “usar” um produto, e o que faz com os antigos quando compra uma coisa nova. Será que o que você está comprando é algo de que realmente necessita? Você compra uma geladeira, um computador, uma peça de roupa nova, mas o que você faz com os antigos? Você os reaproveita ou joga no lixo comum? Você separa seus resíduos? Reduzir Reduza o consumo de combustíveis fósseis e de produtos que demandem grandes quantidades de recursos para sua produção e distribuição. Estender a vida útil de produtos e seus componentes também faz parte da economia circular, porque evita o consumo de novos produtos e seus impactos. Veja as atitudes que vão nessa direção: Reutilizar Muitas vezes, utilizamos produtos e suas embalagens uma única vez. Prefira objetos reutilizáveis, como por exemplo as canecas de cerâmica. Aquisição de produtos seminovos, vendidos em lojas de usados e brechós. Reparar e Reformar Pequenos reparos podem evitar o desperdício de produto. Quando um aparelho eletrônico queima, você logo adquire outro? Ou tenta consertar? Aquele móvel antigo pode ser reformado... E existem ações que, apesar de não circulares quando sozinhas, ajudam a corrigir os problemas imediatos da economia linear: Reciclar Um ótimo começo é ficar bastante atento à produção de lixo e em como estamos contribuindo para a cadeia de reciclagem. Separe seu lixo orgânico do reciclável sempre. Papel, vidro, plástico e alumínio devem ser separados também entre si. Quanto mais separado o material, melhor o processo de coleta e reciclagem. Recuperar Você pode recuperar nutrientes e energia do que costuma jogar no lixo. Composteiras permitem que você recupere os nutrientes de seus resíduos orgânicos, transformando-os em adubo e biofertilizante, e você pode fazer isso em casa ou em parceriacom hortas comunitárias. Pegada Ecológica A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais. Você pode conhecer sua pegada ecológica com base no seu estilo de vida clicando aqui. Conclusão da aula A criação de um ecossistema favorável E você, está pronto para o futuro circular? Todos os elos da cadeia de valor devem trabalhar juntos para a transição. A colaboração e o olhar sistêmico são essenciais. Que tal começar hoje mesmo a repensar sua carreira, o modelo de negócio de suas empresas e suas habilidades. Um futuro desafiador, inspirador e ecologicamente correto está se aproximando. Esteja preparado! Exercícios 1. O objetivo da Economia Circular é transformar o metabolismo industrial ou urbano de forma a replicar o metabolismo natural. A partir de analogias com ecossistemas naturais, é possível identificar novos arranjos para os fluxos de energia e materiais, que permitem novas atividades comerciais, gerando benefícios econômicos e, ao mesmo tempo, reduzindo a degradação ambiental. De acordo com essa ideia, assinale verdadeiro ou falso nas indicações a seguir. A. Nos ecossistemas naturais, tudo retorna à natureza como insumo. No ecossistema industrial, a única forma de replicar o metabolismo natural é garantir que todos os materiais utilizados estejam inseridos neste único ciclo biológico. FalsoVerdadeiro B. Tecnologias inovadoras usam materiais naturais no desenvolvimento de produtos biodegradáveis, que se decompõem em até 180 dias. Desta forma, reduzimos a geração de lixo e eliminamos o impacto da poluição dos oceanos. FalsoVerdadeiro C. Ao replicar a inteligência da natureza para o cenário industrial, é preciso isolar certos ambientes, fauna e flora, de modo a entender como é o seu funcionamento de forma individual, fora do contexto sistêmico. FalsoVerdadeiro D. Tanto o metabolismo do sistema natural como do sistema urbano/industrial são fonte geradora de resíduos e efluentes, incluindo resíduos perigosos e emissão de gases tóxicos. FalsoVerdadeiro E. O objetivo de se estudar o metabolismo industrial, por meio da analogia biológica, é fazer com que a energia seja aproveitada com a máxima eficiência no fluxo, que os materiais circulem o máximo possível e que não haja descarte, pois na natureza tudo vira insumo para um novo processo. FalsoVerdadeiro 2. A Recman é um negócio social que utiliza câmaras de pneu no desenvolvimento de bolsas, malas e outros utensílios que seriam originalmente feitos de couro, agregando valor com a transformação dos resíduos em belos produtos. As artesãs-designers são capacitadas para garantir um acabamento de qualidade, replicável, com um design e performance impecável. Parcerias com grande empresas garantem que linhas exclusivas cheguem ao mercado. Nesse sentido, podemos observar que os 3 passos para a circularidade aparecem no negócio desde a sua criação. Por meio desse exemplo, é possível afirmar que: A. Para reinserir resíduos na cadeia produtiva e fechar o ciclo dos materiais, precisamos pensar na atratividade final do produto. Ou seja, design e performance são essenciais para que produtos reciclados sejam atrativos ao consumidor, garantindo a sua venda, mesmo com valores um pouco acima do mercado. B. Uma empresa como essa, por desenvolver produtos com foco em uma linha de resíduo, atua de forma independente, isolada de sua cadeia de valor e sem garantia de qualidade. C. Apresentar os impactos positivos do seu produto/serviço ainda não é significativo para garantir a atratividade do cliente. Preço ainda é o aspecto número um na decisão de compra de todo tipo de consumidor. D. Transformar resíduos em produtos personalizados, sustentáveis e criativos não é possível em larga escala. E. Usar resíduos como matéria-prima tira valor dos resíduos. 3. A criação de ecossistemas favoráveis para a transição, envolvendo toda a sociedade, tem se tornado uma realidade para a Economia Circular. A Holanda traz várias referências importantes, por ter estabelecido o objetivo de ser totalmente circular até 2050. Para isso, estabeleceu 8 passos para o sucesso, que podem ser observados no dia-a-dia nos negócios, na comunicação e na relação da indústria com o governo. Neste sentido, associe as ações a seguir com algum destes passos. A. Um sistema formado por múltiplos agentes é requisito essencial para uma Economia Circular. Parcerias favorecem a inovação, permitem o compartilhamento de conhecimento e, assim, auxiliam no desenvolvimento de soluções sustentáveis. Colaboração B. O incentivo tributário e a possibilidade de acesso a recursos monetários, através de bancos e financiadoras, potencializam a formação de novos modelos de negócios. Investimento C. Plataformas digitais, acesso a dados e divulgação de conhecimento são fundamentais para estabelecer confiança, conscientização e parcerias. Comunicação D. Para criar e implementar a mentalidade circular é necessário uma mudança de cultura e na forma de se fazer negócios. Educação E. Curso de capacitação, incentivo a pesquisas e desenvolvimento de novas competências são a base para a formação multidisciplinar exigida pelo pensamento circular. Educação 4. Algumas ações do dia a dia podem contribuir para a consolidação de práticas circulares. Quais ações a seguir você pode realizar, de forma efetiva, com tal objetivo? A. Ao ir em um mercado ou padaria, você compra produtos perecíveis, fazendo uso de embalagens de isopor, mesmo com opções mais ecológicas para transporte. Afinal, a embalagem fornecida pelo estabelecimento é “gratuita” e o consumidor deve aproveitar esta conveniência do mercado. B. Bares que oferecem somente copos descartáveis devem ser de sua preferência por trazerem facilidade no atendimento. C. Ao passear no shopping center, você se depara com uma promoção relâmpago generalizada (todas as lojas com altos valores de desconto). Você não perde tempo e inicia seu planejamento para a melhor rota de compras, que te garanta a maior quantidade possível de itens no menor tempo e orçamento praticável. D. Antes de comprar algo, você analisa a real necessidade de compra, pesquisa em plataformas online para produtos de segunda mão, opta por produtos mais duráveis, considera o aluguel e/ou compartilhamento e avalia se tem algum serviço disponível que atenda a sua necessidade. E. Ao fazer um lanche fora de casa, você descarta restos de comida com a lata do refrigerante e joga o guardanapo dentro do copo de plástico. Recapitulando Revisaremos o conteúdo do curso Para começar A escassez de recursos e o aumento no preço das matérias-primas associado à geração de resíduos e a uma nova era digital faz com que as empresas e governos repensem o modelo produtivo atual. A economia circular estabelece uma nova base para o redesign de produtos e serviços e uma oportunidade para estimular a inovação e a criatividade, contribuindo para uma economia mais inclusiva, positiva e restauradora. A discussão vai além das questões de produção e consumo eficientes e fluxo de materiais, precisamos redefinir valores e atitudes uma vez que produtos viram serviços e consumidores usuários. A economia circular propõe um novo modelo econômico, com novos indicadores de performance e novas relações comerciais. Não surge para solucionar os problemas da economia linear, ela recria o sistema produtivo evitando problemas. A transição para a Economia Circular já começou, e há bons exemplos pelo mundo afora. Com a transição, há também desafios e oportunidades. Incorporando os conceitos de Economia Circular, você terá uma visão mais estratégica, entendendo como iniciar a transição em seu negócio, trabalho ou empresa. Você percebeu alguma iniciativa circular no seu entorno? Ou alguma mudança no seu pensamento? Já se pegou criando um novo produto ou modelo de negócio, dentro dos preceitos da economia circular? Prepare-se, pois essas situações tendem a se multiplicar de agora em diante. Durante o curso você aprendeu sobre as tendências globais queimpulsionam a transição para a Economia Circular, os principais conceitos e modelos de negócios que impulsionam a transição, desafios e oportunidades para o Brasil, inovação e design como fatores de transformação e as etapas da transição. Conheceu uma visão mais estratégica da Economia Circular, entendendo como iniciar um modelo de inovação circular em seu trabalho, negócio ou empresa. Nesta aula nós iremos revisar os tópicos mais importantes que estudamos. Vamos iniciar? Economia circular: uma nova economia para uma nova era O modo de produção linear (extração, produção, uso e descarte) está consumindo recursos em uma velocidade maior do que a capacidade da Terra de se regenerar, além de deixar um rastro de resíduos. Você se lembra de quais são as bases da economia linear? Podemos destacar as seguintes: Recursos infinitos > Aumento de consumo constante > Crescimento ilimitado da economia Esse cenário provocou a volatilidade no preço das commodities e evidenciou a urgência de um novo modelo econômico, além de trazer impactos na natureza, como mudanças climáticas e montanhas de resíduos sem propósito. A Economia Circular é estratégica no desenvolvimento sustentável, pois os novos modelos de negócio contribuem para redução dos impactos das mudanças climáticas. 3 princípios da Economia Circular. “Preservar e aumentar o capital natural, controlando estoques finitos e equilibrando os fluxos de recursos renováveis.” “Otimizar o rendimento de recursos, fazendo circular produtos, componentes e materiais no mais alto nível de utilidade o tempo todo, tanto no ciclo técnico quanto no biológico.” “Fomentar a eficácia do sistema, revelando as externalidades negativas e excluindo-as dos projetos.” Para atender a esses princípios, a Economia Circular separa os materiais em componentes biológicos (ou naturais) e técnicos, e cada tipo em seu respectivo ciclo. Assim como o ciclo natural não tem fim e nem gera resíduos, o ciclo técnico deve ter apenas componentes que permaneçam dentro de novos ciclos, sejam de reuso, compartilhamento, conserto ou remanufatura, respeitando a pirâmide de valor que coloca a reciclagem como a última opção de recuperação de valor. Vamos destacar as premissas da Economia Circular: O crescimento é desconectado do uso/ exploração de recursos naturais. Os ciclos de produção devem ser desenhados para não gerar resíduos. O olhar sistêmico vai além do fluxo de materiais e avalia novas formas de produção e consumo. O foco está em manter e criar valor ao longo da cadeia produtiva. A economia é regenerativa e restauradora, com novos materiais e fontes de energia, tudo renovável. É importante retomar também os cinco modelos de negócio que contribuem para uma economia circular: 1. Uso de renováveis 2. Resíduo com recurso 3. Durabilidade e modularidade 4. Plataforma de compartilhamento 5. Produto como serviço Empresas precisam repensar a sua estratégia, usar diferentes materiais e fontes de energia, aplicar novos modelos de negócios e, como consequência, irão diminuir as emissões e a geração de resíduos. Descobrindo a Economia circular: origens e o fator transformador A busca por equilíbrio entre desenvolvimento econômico, social e ambiental não é de hoje, nós estudamos algumas escolas de pensamento que ajudaram a formar as bases da Economia Circular. · Pensamento em ciclos e economia de performance: com foco na performance de produtos. · Ecologia industrial: estudo do fluxo de energia e materiais através dos sistemas industriais. Traz a divisão entre o ciclo natural e o industrial, além do conceito de simbiose industrial. · Design regenerativo: busca reincorporar os materiais aos ciclos produtivos ou biológicos, visando sua renovabilidade. · Cradle to Cradle - berço ao berço: foco no design pré-produção, analisa todo ciclo de vida do produto e o grau de toxicidade de seus materiais e já virou certificação reconhecida internacionalmente. · Biomimética: inspiração na natureza para criações tecnológicas análogas. O exemplo mais conhecido é o velcro. · Blue Economy - Economia Azul: Baseado em sistemas oceânicos, busca o equilíbrio dinâmico na economia. Até meados do século XX, a economia era considerada independente da natureza e o debate sobre modelos macroeconômicos de desenvolvimento também ajudou a formar a Economia Circular. Vamos recordar: Economia Ecológica: Foi o primeiro modelo econômico a reconhecer a interdependência da economia e dos ecossistemas naturais. Dizia que todo crescimento deve respeitar os limites naturais e que os sistemas econômico e social são subsistemas do natural. Economia Verde: Trouxe consciência global para a necessidade de uma nova economia, preconizando o uso de energias renováveis em vez dos combustíveis fósseis, o aproveitamento da biodiversidade e o desenvolvimento de tecnologias para reduzir a emissão de poluentes. Economia Baixo Carbono: Surgiu em resposta às mudanças climáticas oriundas de emissões atmosféricas e reforça a implementação de práticas econômicas que reduzam ou eliminem o recurso fóssil, substituídas por fontes de energias limpas e renováveis. Economia Circular: Surgiu dessa tendência mundial de práticas de desenvolvimento econômico sustentável e de interações sócio-ambientalmente responsáveis entre indústria, governo e sociedade. Você reparou como a Economia Circular retoma pontos importantes de todos os modelos macroeconômicos e ainda vai além? É um olhar mais abrangente, que recria o modelo produtivo, valores, atitudes, relacionamentos e consumo, e que desenvolve novas cadeias de valor e novas práticas de negócio, influenciando o design e o desenvolvimento de produtos. O design tem um papel fundamental neste novo modelo de produção, pois os produtos na Economia Circular devem ter durabilidade, adaptabilidade e reparabilidade (para estender ao máximo o uso, por um ou mais proprietários). O design circular também deve projetar para reciclagem ou biodegradabilidade, para que produtos e materiais retornem ao ciclo regenerativo. No sistema circular, o desperdício não existe porque os produtos e materiais são reutilizados infinitamente em ciclos técnicos ou biológicos. O design circular repensa a maneira como os produtos são criados e produzidos, assim como os ciclos aos quais podem fazer parte. Design para a circularidade podem abranger uma série de etapas, atividades e setores participantes. Economia circular na prática: a transformação da indústria e o papel da tecnologia E você? Já se deu conta de quanto a Economia Circular é importante para você? E quão urgente é a sua transição? Nós estudamos que as lideranças políticas e empresariais já notaram a necessidade de um novo modelo produtivo e, no Brasil, a indústria tem se dedicado ao processo de transição. A indústria é a primeira a sentir os impactos da falta de matéria-prima e a volatilidade do preço das commodities. Sem seus insumos, a indústria não tem como produzir e não tem como colocar produtos no mercado. Oferta de recursos cai Sobem os preços das commodities Os modelos de negócio da Economia Circular auxiliam a indústria a superar os atuais desafios através da transparência, menor custo de transação e menores riscos ao negócio. A Economia Circular traz grandes oportunidades para ganho de competitividade, geração de empregos e novos negócios nas cadeias de valor. Nas aulas anteriores você conheceu alguns casos, como a Nova Economia do Plástico e o modelo de Chemical Leasing. Sabemos que existem algumas barreiras à sua implementação, porém são desafios comuns a todos os países que se propuseram a dar início a esse processo de transição, e se bem analisadas, podem ser vistas, na verdade, como oportunidades. Na era digital em que estamos vivendo, as tecnologias emergentes associadas ao pensamento circular estão transformando significativamente as nossas vidas, a produção e o consumo. A competitividade nesta nova era, no contexto da Indústria 4.0 não é baseada apenas no custo e na qualidade, e sim na geração de valor. Tecnologias de ponta, como Big Data,Internet das Coisas, Impressão 3D, Blockchain, contribuem para a economia circular na medida em que permitem gerar, processar e armazenar dados em uma velocidade tão alta que reduzem os custos dos processos e aumentam a transparência, viabilizando modelos de negócios que antes não eram possíveis. Big Data permite analisar uma enorme quantidade de informação digital em tempo real, estruturando a tomada de decisões. Essa tecnologia pode conectar várias organizações, públicas e privadas, permitindo o compartilhamento de informações e o reuso dos materiais. IoT(Internet of Things ou Internet das Coisas em português) são sistemas de sensores inteligentes que coletam e transmitem dados, e ainda podem se comunicar entre si. O IoT é um dos principais responsáveis pelo fenômeno do Big Data, por gerar dados em grande quantidade e velocidade. Blockchain é a tecnologia que permite compartilhar essas informações e fazer transações de compra, venda e troca de materiais/produtos diretamente, sem intermediários, e de forma confiável. É como uma comunidade de rede distribuída, na qual há confiança mútua e as fraudes são rejeitadas. A Blockchain tem sido considerada uma das maiores evoluções tecnológicas desde os navegadores da Internet e pode viabilizar a existência de sistemas de simbiose industrial. Conhecemos como o desenvolvimento tecnológico inerente à Indústria 4.0 pode nos ajudar na tão importante e necessária transição para a Economia Circular. Rastreabilidade, transparência e confiabilidade aparecem como características chaves viabilizadas pela tecnologia, trazendo novas garantias e novas experiências ao consumidor. A Economia Circular está muito mais perto do que você imagina. O processo de transição – como fazer? A criação de um ecossistema favorável Agora sabemos que novas tecnologias e novos modelos de negócios são elementos essenciais para a transição para a Economia Circular. Para que as mudanças propostas pela economia circular quebrem as barreiras das instituições e alcancem toda a sociedade, o cuidado que devemos ter é não achar que cada elemento isoladamente já contribui para a circularidade. A Economia Circular precisa de uma perspectiva sistêmica, ou seja, quanto mais amplo for o olhar da empresa para seu ecossistema e mais diversas forem as conexões criadas, mais sólidas serão as mudanças, o que permitirá novas formas de produzir, consumir e relacionar-se com o seu cliente. E qual o caminho seguir para incluir o pensamento circular no planejamento das indústrias? Retomando, são esses 3 passos: · Para garantir o apelo do produto ao consumidor. · Em um mundo interdependente e conectado, é vital para a sobrevivência do negócio. · O diferencial competitivo não é só custo e qualidade, mas também geração de valor. De exemplos como a Holanda, podemos destacar os 8 elementos essenciais para o progresso e sucesso da Economia Circular, que são: 1. Educação 2. Investimento 3. Escala 4. Colaboração 5. Políticas públicas e incentivos 6. Comunicação 7. Resultados 8. Renováveis Esse novo modelo de produção implica também em uma nova mentalidade de consumo. Nós, consumidores, também precisamos aplicar o olhar sistêmico da Economia Circular em nossos consumos e descartes. E você? Consome realmente o que é necessário? Descarta corretamente quando não há mais jeito? As ações que mais contribuem para uma economia circular estão relacionadas ao consumo inteligente: Ao falarmos de um novo jeito de produzir, consumir e relacionar-se, imaginamos que novas habilidades sejam necessárias. Na Economia Circular serão gerados novos postos de trabalho, que requerem novas competências. De startups a grandes corporações, a busca por uma visão estratégica de Economia Circular vem sendo cada dia mais crescente. Visão holística, criatividade, tecnologias digitais e análise crítica serão habilidades necessárias em todos no mundo. Exercícios 1. Estamos vivenciando uma mudança de era com uma transição para um novo tipo de economia. Selecione, entre as opções abaixo, os indícios deste acontecimento (há mais de uma reposta correta): A. A tecnologia acelerando e influenciando os novos modelos de negócio onde o produto vira serviço. B. Valorização do resíduo como matéria-prima. C. Inovação tecnológica e inteligência artificial para baratear e aumentar a produção. D. Um consumidor mais exigente na transparência das informações e na responsabilidade das empresas fornecedoras de bens e serviços E. Plataformas e tecnologias digitais que incentivam o consumo e o descarte de produtos, e dificulta a escolha de alternativas sustentáveis. 2. Para uma empresa ter sucesso na Economia Circular, ela precisa pensar além do fluxo de materiais e ser capaz de criar e manter valor. São exemplos de criação de valor em uma economia circular, empresas que: A. Pensam em produtos que possam ser usados e jogados fora com facilidade. FalsoVerdadeiro B. Redesenham os produtos pensando na modularidade para que possam ser consertados e remanufaturados. FalsoVerdadeiro C. Escolhem tecnologias eficientes para gerar menos desperdício e os resíduos sejam corretamente destinados para aterros sanitários. FalsoVerdadeiro D. Pensam nas possibilidades de reúso, refil e educam seus consumidores em como fazer a reciclagem do produto ao final da sua vida útil. FalsoVerdadeiro E. Oferecem formas alternativas de compra garantindo o acesso ao produto através de mecanismos de leasing e/ou compartilhamento. FalsoVerdadeiro 3. Leia a consideração a seguir e escolha as alternativas verdadeiras. Quais das afirmações abaixo representam uma aplicação do IoT na transição para a Economia Circular? A. Sensores instalados em pontos de coleta de resíduos. B. Identificação de materiais de construção para reuso. C. Escova de dentes inteligente conectada à internet. D. Verificação da vida útil de um produto de forma a permitir seu monitoramento e substituição. E. Geladeira conectada à internet. 4. Parques industriais são espaços territoriais, geralmente localizados distante das zonas residenciais, concentrando um grande número de empresas de diversos setores e tamanhos, que podem ou não interagir entre si. Como podemos identificar oportunidades e promover ações para transformar este parque industrial em uma completa rede de simbiose industrial, na qual as atividades são integradas, recursos e ativos são compartilhados, resíduos são usados como matéria-prima e custos são reduzidos? Marque somente as alternativas corretas: A. Para viabilizar a circularidade dos materiais, tecnologias e a possibilidade de identificar novos modelos de negócio, é essencial que as empresas desenvolvam um olhar sistêmico e estejam dispostas a compartilhar dados e atuar de forma transparente. B. Tecnologias inovadoras permitem a redução do uso de energia e de água. Ao ter ganhos de eficiência, resolver seus passivos ambientais e diminuir seus custos, a empresa já estaria praticando a Economia Circular. C. Para identificar as oportunidades de troca entre as empresas, a tecnologia pode ser utilizada como ferramenta para facilitar o canal de comunicação entre empresas, informando a disponibilidade de materiais e as demandas necessárias ao longo dos processos industriais e, assim, viabilizar a escala necessária para as transações comerciais. D. A simbiose industrial permite mudanças significativas no fluxo de materiais em determinado parque industrial, fazendo com que o resíduo de uma empresa possa servir de matéria-prima para outra empresa, com ganhos diretos para as envolvidas. E. A proximidade por si só das empresas em um parque industrial já garante a integração entre elas e o compartilhamento de bens e serviços. As empresas não precisam de estímulos externos para identificar as oportunidades, pois a comunicação é favorecida pela presença de todas as empresas no parque industrial. O que achou deste módulo? Quer deixar alguma ideia/sugestão? Parabéns! Você concluiu o curso! Para emitir o seu certificado realize os exercícios propostos na página inicial. Mas não parepor aqui, continue a estudar e fique atento para aplicar os conceitos da Economia Circular na sua vida pessoal e profissional. Até breve! Questão 1 Por que se tornou urgente a transição para um novo modelo econômico? Assinale o principal motivo pelo qual as empresas estão preocupadas. Escolha uma: a. Uma taxa de exploração mais rápida que a capacidade regenerativa da terra, diminuindo a disponibilidade de recursos e assim, problemas com o suprimento de matéria-prima. b. Responsabilidade em não tolerar produtos que foram desenhados para a obsolescência programada c. Alta competição de mercado, no que se refere a produtos ecológicos. d. Defasagem tecnológica de produção nos moldes lineares. e. Pressão institucional dos governos por meio de legislações e regulamentações voltadas e uma produção e consumo menos impactante ao meio ambiente. Questão 2 Na Economia Circular novas práticas são aplicadas pela indústria que contribuem para recolocar produtos no mercado com garantia do produtor, otimizando o uso de recursos, reduzindo custos e evitando que produtos sejam destinados de forma incorreta no meio ambiente. Considerando os conceitos-chave, dos ciclos técnicos, representados no diagrama sistêmico (de borboleta), indique a que parte do diagrama este exemplo pertence: Escolha uma: a. Produção que garanta a reciclabilidade do produto b. Reutilização ao reintroduzir o produto para a mesma finalidade e em sua forma original. c. Reforma, ao devolver um bom funcionamento ao produto, substituindo ou reparando seus componentes defeituosos. d. Reciclagem, ao recuperar o material para outras finalidades, retornando-o ao processo como matéria-prima. e. Remanufatura, na qual os componentes reutilizáveis (em funcionamento) são retiradas de um produto usado e reconstruídas para fornecer qualidade similar ao original Questão 3 A empresa responsável pelo sistema de transporte japonês vivenciou um problema no projeto do trem-bala. Este, toda vez que saia de um túnel, produzia uma explosão sonora pela compressão do ar trazendo problemas para as áreas residenciais próximas. O engenheiro Eiji Nakatsu, ávido observador de pássaros, encontrou uma solução inspirada no voo do martim-pescador. Nakatsu também corrigiu outros aspectos do projeto com base nas penas de uma coruja e no abdômen de um pinguim. Na sua opinião, este caso reflete princípios de qual escola de pensamento? Escolha uma: a. Blue Economy b. Design Regenerativo c. Biomimética d. Berço ao Berço e. Ecologia Industrial Questão 4 Analise as afirmações abaixo e selecione a única opção INCORRETA. Escolha uma: a. A economia verde envolve três dimensões fundamentais: 1) o uso de fontes renováveis de energia em larga escala, em substituição às fontes oriundas de exploração de recursos fósseis; 2) o aproveitamento de produtos e serviços oferecidos pela biodiversidade; 3) Desenvolvimento de tecnologias para bens e serviços que se apoiam em técnicas capazes de reduzir as emissões de poluentes b. A Ecologia Industrial baseia-se na metáfora que advém de retirar da análise do funcionamento dos ecossistemas naturais lições úteis para gerir melhor os sistemas industriais. c. Criada por McDonough e Braungart, o cradle to cradle (berço ao berço) virou certificação de modelos de negócios, onde o foco é no design pré-produção, com análise de todo ciclo de vida do produto e de seus materiais. d. O modelo de Simbiose Industrial prevê uma fusão de empresas para controle de todos os resíduos, sendo prejudicial à economicidade dos projetos e. A Economia regenerativa é uma economia na qual intencionalmente se busca reincorporar os materiais aos ciclos produtivos ou biológicos, visando à sua renovabilidade, guiada por 8 princípios Questão 5 Sobre a afirmação a seguir, selecione a alternativa correta. A modularidade se relaciona à: Escolha uma: a. Atualização de partes de um produto b. Adaptação a diferentes estilos e necessidades c. Aplicação de novas tecnologias para a redução do uso de recursos d. Conexão com a autonomia dos usuários, que podem criar seu produto combinando diferentes opções e. Facilidade de conserto e talvez a reciclagem futura Questão 6 Big Data é muito mais do que somente muitos dados, sendo cinco constituído dos cinco “V’s”. Qual afirmativa melhor descreve o V “Variedade” em Big Data? Escolha uma: a. As diversas fontes e tipos de dados que existem atualmente. b. O número crescente de profissionais especializados em análise e tratamento de dados que têm surgido no mercado. c. A quantidade de relatórios analíticos que são necessários para tomada de decisão. d. A quantidade cada vez maior de dados, em boa parte desestruturados, que são gerados digitalmente. e. A quantidade de temas que podem ser abordados pelos usuários. Questão 7 A redução do lixo eletrônico pela não utilização de mídias físicas tais como CDs, DVDs, pendrives, pode ser promovido pelo uso de qual tecnologia? Escolha uma: a. Big Data b. Blockchain c. Supply Chain d. Cloud Computing e. CRM Questão 8 O objetivo da Economia Circular é transformar o metabolismo industrial ou urbano de forma a replicar o metabolismo natural. A partir de analogias com ecossistemas naturais, é possível identificar novos arranjos para os fluxos de energia e materiais, que permitem novas atividades comerciais, gerando benefícios econômicos e, ao mesmo tempo, reduzindo a degradação ambiental. De acordo com essa ideia, assinale a alternativa correta. Escolha uma: a. Nos ecossistemas naturais, tudo retorna à natureza como insumo. No ecossistema industrial, a única forma de replicar o metabolismo natural é garantir que todos os materiais utilizados estejam inseridos neste único ciclo biológico. b. Tecnologias inovadoras usam materiais naturais no desenvolvimento de produtos biodegradáveis, que se decompõem em até 180 dias. Desta forma, reduzimos a geração de lixo e eliminamos o impacto da poluição dos oceanos. c. Ao replicar a inteligência da natureza para o cenário industrial, é preciso isolar certos ambientes, fauna e flora de modo a entender como é o seu funcionamento de forma individual, fora no contexto sistêmico. d. Tanto o metabolismo do sistema natural como do sistema urbano/industrial são fonte geradora de resíduos e efluentes, incluindo resíduos perigosos e emissão de gases tóxicos. e. O objetivo de se estudar o metabolismo industrial, por meio da analogia biológica, é fazer com que a energia seja aproveitada com a máxima eficiência no fluxo, que os materiais circulem o máximo possível e que não haja descarte, pois na natureza tudo vira insumo para um novo processo. Questão 9 A Recman é um negócio social que utiliza câmaras de pneu no desenvolvimento de bolsas, malas e outros utensílios que seriam originalmente feitos de couro, agregando valor com a transformação dos resíduos em belos produtos. As artesãs-designers são capacitadas para garantir um acabamento de qualidade, replicável, com um design e performance impecável. Parcerias com grande empresas garantem que linhas exclusivas cheguem ao mercado. Nesse sentido, podemos observar que os 3 passos para a circularidade aparecem no negócio desde a sua criação. Por meio desse exemplo, é possível afirmar que, escolha uma: a. Para reinserir resíduos na cadeia produtiva e fechar o ciclo dos materiais, precisamos pensar na atratividade final do produto. Ou seja, design e performance são essenciais para que produtos reciclados sejam atrativos ao consumidor, garantindo a sua venda, mesmo com valores um pouco acima do mercado. b. Uma empresa como essa, por desenvolver produtos com foco em uma linha de resíduo, atua de forma independente, isolada de sua cadeia de valor e sem garantia de qualidade. c. Apresentar os impactos positivos do seu produto/serviço ainda não é significativo para garantir a atratividade do cliente. Preço ainda é o aspecto número um na decisão de compra de todo tipo de consumidor. d. Transformar resíduos em produtos personalizados, sustentáveis e criativos não é possível em larga escala. e. Usar resíduos como matéria-prima tira valor dos resíduos.Questão 10 Algumas ações do dia a dia podem contribuir para a consolidação de práticas circulares. Quais ações a seguir você pode realizar, de forma efetiva, com tal objetivo? Escolha uma: a. Ao ir em um mercado ou padaria, você compra produtos perecíveis, fazendo uso de embalagens de isopor, mesmo com opções mais ecológicas para transporte. Afinal, a embalagem fornecida pelo estabelecimento é “gratuita” e o consumidor deve aproveitar esta conveniência do mercado. b. Bares que oferecem somente copos descartáveis devem ser de sua preferência por trazerem facilidade no atendimento. c. Ao passear no shopping center, você se depara com uma promoção relâmpago generalizada (todas as lojas com altos valores de desconto). Você não perde tempo e inicia seu planejamento para a melhor rota de compras, que te garanta a maior quantidade possível de itens no menor tempo e orçamento praticável. d. Antes de comprar algo, você analisa a real necessidade de compra, pesquisa em plataformas online para produtos de segunda mão, opta por produtos mais duráveis, considera o aluguel e/ou compartilhamento e avalia se tem algum serviço disponível que atenda a sua necessidade. e. Ao fazer um lanche fora de casa, você descarta restos de comida com a lata do refrigerante e joga o guardanapo dentro do copo de plástico. Economia Ecológica Economia de Performance e Economia de Ciclos Biomimética Blue Economy (Economia Azul) Economia de Baixo Carbono