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Curso_de_Direito_Administrativo_Celso_An

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NOTA À 32ª EDIÇÃO 
Os acréscimos a esta edição foram unicamente devidos a alte-
rações normativas importantes e a alguma melhoria do índice re-
missivo. Reiteramos uma vez mais nossos agradecimentos aos 
professores WEIDA ZANCANER, MAURÍCIO ZOCKUN e HERALDO 
GARCIA VITTA, que nisto me ajudaram e muito particularmente à 
profa. CAROLINA ZANCANER ZOCKUN que fez toda a atualização 
relativa ao tema "Licitação", que demandava muitas e relevantes 
revisões, bem como à dra. DIRCE TOSHIE TOMA, a qual, proporcio-
nou-me valiosa colaboração para operacionalizar os aditamentos 
referidos. 
São Paulo, janeiro de 2015 
CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO 
SUMÁRIO 
Nota à 3211 edição ... . . ... . . . . ..... ... . . ... ... . . ..... ... . . . ... . ... . . . ... . ..... ..... ......... ... .. 7 
PARTE 1 - INTRODUÇÃO .......................................................... 27 
Capítulo I - O DIREITO ADMINISTRATIVO E O 
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 
I 
li 
Ili 
IV 
V 
VI 
VII 
VIII 
IX 
X 
As funções do Estado ....................................................... . 
Os critérios de distinção das funções do Estado ............ . 
A/unção política ou de governo ..................................... . 
O Direito Administrativo ................................................. . 
Origem do Direito Administrativo .................................... . 
As bases ideológicas do Direito Administrativo ............... . 
O regime jurídiço-administrativo .................................... . 
O Direito Administrativo e o interesse público: conceito 
jurídico de interesse público - O que é direito 
público subjetivo ..................................................... . 
Direito subjetivo público, 63; Interesses primários e 
secundários do Estado, 65 
Conteúdo do regime jurídico-administrativo .................. . 
a) Supremacia do interesse público sobre o privado, 70; b) 
Indisponibilidade, pela Administração, dos interesses 
públicos, 76 
Valor metodológico da noção de regime administrativo 
Capítulo II - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO 
DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO 
I Princípios expressos e implícitos ..................................... . 
l"-) Princípio da supremacia do interesse público sobre o 
interesse privado, 99; 2"-) Princípio da legalidade, 102; 3"-) 
Princípio da.finalidade, 109; 4"-) Princípio da razoabilida-
de, 111; 5"-) Princípio da proporcionalidade, 113; 6"-) Prin-
cípio da motivação, 115; 7"-) Princípio da impessoalida-
de, 117; 8"-) Princípio da publicidade, 117; 9"-) Princípios 
29 
32 
36 
37 
38 
43 
53 
59 
70 
90 
98 
julia
Destacar
10 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
do devido processo legal e da ampla defesa, 119; l{)<l) 
Princípio da moralidade adminístrativa, 123; 11ª) Prin-
cípio do controle judicial dos atos administrativos, 124; 
12ª) Princípio da responsabilidade do Estado por atos 
administrativos, 125; 13ª) Princípio da boa administra-
ção, 127; 14ª) Princípio da segurança jurídica, 128 
II Restrições excepcionais ao princípio da legalidade 
a) Medidas provisórias, 130; b) Estado de defesa, 138; c) 
Estado de sítio, 139 
PARTE II - OS SUJEITOS DO DIREITO 
ADMINISTRAI'IVO ............................................... 141 
Capítulo IIl - A ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
I Os 6rgãos e as competências públicas ............................. 143 
Órgãos públicos, 144; Classificação dos órgãos, 145; 
Competências públicas, 146 (Conceito de competência, 
148) 
II Insurgência na via administrativa contra o exercício 
das competências: pedido de reconsideração, recurso 
hierárquico, reclamação administrativa, representação 
e denúncia ................................... ; .............................. ,...... 150 
III Centralização e descentralização administrativa ............ 153 
Desconcentração, 154; A hierarquia e os poderes do hie-
rarca, 154; Distinção entre descentralização e desconcen-
f!ação, 155; O controle, 155 
IV Organização administrativa da União: Administração 
direta e indireta ................................................................. 156 
Administração direta da União, 157; Critério classifica-
dor do Decreto-lei 200, 158; Entes paraestatais, 161 
Capítulo IV - FIGURAS DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 
E ENTIDADES PARALELAS .. .............................. 164 
1 - Autarquias 
Conceito, 164; Regime jurídico, 165 (a) Relações com a 
pessoa que as criou, 166; b) Relações com terceiros, 169; 
c) Relações internas, 171); Autarquias especiais ou sob 
regime especial, 173; Agências reguladoras, 174; Agências 
executivas, 185 
II Fundações públicas 
Conceito legal: impropriedade, 188; Natureza das funda-
ções públicas, 190 
SUMÁRIO 
Ili Empresas públicas e sociedades de economia mista 
Conceito de empresa pública, 191 (Conceito legal: impro-
priedade, 191); Conceito de sociedade de economia mista, 
195 (Conceito legal: impropriedade, 196); As diferenças 
entre empresas públicas e sociedades de economia mista, 
197; Natureza essencial de empresas públicas e socieda-
des de economia mista: consequências, 198; Critérios 
para interpretação do regime jurídico das empresas do 
~ Estado, 201; Espécies de empresas públicas e sociedades 
de economia mista, 202; Empresas estatais e concessão de 
serviço público, 203; A peculiaridade de regime das esta-
tais em confronto com as pessoas de Direito Privado. 
Normas constitucionais, 205; O regime jurídico das 
empresas estatais, 208 (a) Relações com a pessoa que as 
criou, 208; b) Relações com terceiros, 212; c) Relações 
internas, 223) 
IV Figuras jurídicas introduzidas pela Reforma 
11 
Administrativa . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226 
Contrato de gestão, 229; Contratos de gestão entre Esta-
do e entidades da Administração indireta, 231 (O art. 37, 
§ 8°, da Constituição, 237; Contrato entre órgãos?, 238); 
Contratos de gestão entre o Estado e as "organizações 
sociais", 240; Organizações sociais, 241; Organizações 
da sociedade civil de in,teresse público, 246; Organização da 
Sociedade Civil, 247 
Capítulo V - SERVIDORES PÚBLICOS 
I Agentes públicos . . .. . . .. . . . ... . .. . . ... . ... .. . ... . . . . . . ... . ....... .. . . ... .. . ... . 250 
II Classificação dos agentes públicos .................................. 253 
a) Agentes políticos, 253; b) Agentes honoríficos, 254; 
c) Servidores estatais, 255 (Servidores públicos: conceito 
e espécies, 255; Servidores das pessoas governamentais de 
Direito Privado, 257); d) Particulares em colaboração 
com a Administração, 257 
III Os servidores estatais na Constituição: titulares de 
cargos e ocupantes de empregos . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . . . . .. . . . . . . . . 260 
a) Cargos públicos, 261; b) Funções públicas, 262; c) 
Empregos públicos, 262 
. IV Natureza da relação jurídica entre os titulares de 
cargos e o Poder Público ............ ..... .... ....... .... .......... ...... .. 263 
V Natureza da relação jurídica entre os ocupantes de 
emprego e as entidades governamentais . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 264 
VI Âmbito de aplicação do regime de emprego e do regime 
de cargo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 265 
12 
VII 
VIII 
IX 
X 
XI 
XII 
CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
Objeto das normas constitucionais sobre pessoal 
Normas de contenção de despesas com os servidores 
estatais 
a) Limite global de despesas com pessoal, 273; b) Previsão 
orçamentária e na lei de diretrizes para alterações, 278; c) 
Proibição à União e Estados de aportarem recursos a 
outros níveis de governo para despesas de pessoal, 278 
Normas relativas à remuneração dos servidores e de 
agentes políticos 
a) Criação de remuneração por subsídios, 279; b) Limite 
de remuneração, 280; c) Vencimentos do Executivo como 
paradigma para o Legislativo e o Judiciário, 284; d) 
Proibição devinculação de vencimentos, 285; e) Cálculo 
de acréscimos pecuniários, 285;f) Uniformidade na data 
e nos índices para revisão geral da remuneração dos 
servidores públicos, 285; g) Exigência de lei para.fixação 
ou alteração da remuneração, 285 
Normas constitucionais sobre o regime jurídico dos 
servidores estatais (titulares de cargos ou empregados) 
a) Acessibilidade aos cargos e empregos: concurso públi-
co, 287 (Admissão e dispensa nas estatais, 290); b) Con-
tratação excepcional sem conclt,rso~ 292; ·. c) Direito de 
greve e de sindicalização, 293; d) Proibição de acumula-
ção remunerada, 294; e) Sanção por improbidade admi-
nistrativa, 296 
Regime constitucional dos servidores públicos titulares 
de cargos ........................................................................... . 
a) Irredutibilidade de vencimentos, 296; b) Alguns direitos 
equivalentes aos dos empregados, 296; c) Estabilidade, 
297; d) Disponibilidade, 298; e) Aposentadoria e proven-
tos, 299;!) Requisitos para aposentadoria e corresponden-
tes proventos, 300; g) Forma de cálculo dos proventos de 
aposentadoria e das pensões, 301; h) Tratamentos espec(fi-
cos em atenção a situações transitórias, 303; i) Contribui-
ção previdenciária, 306; j) Atualização de proventos e 
pensões, 310 
Os cargos públicos ........................................................... . 
a) Criação e extinção. Declaração de desnecessidade, 
311; b) Classificação dos cargos, 311 (Cargos em comis-
são, 312; Cargos de provimento efetivo, 313; Cargos vita-
lícios, 315); c) Lotação dos cargos e "redistribuição",315 
273 
286 
296 
311 
SUMÁRIO 13 
XIII O provimento em cargo público: conceito efonnas 315 
a) Provimento autônomo ou originário (Nomeação, 316; 
Posse, 317); b) Provimentos derivados, 318 (Provimento 
derivado vertical (promoção), 318; Provimento derivado 
horizontal (readaptação), 318; Provimento derivado por 
reingresso (reversão, aproveitamento, reintegração e 
recondução),319) 
XIV Direitos e vantagens dos servidores públicos 
XV 
XVI 
XVII 
estatutários ...............................................................•........ 320 
a) Direitos e vantagens que beneficiam diretamente o ser-
vidor, 320 (Direitos e vantagens de ordem pecuniária, 320; 
Direitos de ausência ao serviço, 322; Aposentadoria, 328); 
b) Direitos e vantagens em prol de dependentes do servi-
dor, 328 
Deveres e responsabilidades dos servidores públicos 
estatutários ........................................................................ 329 
Prescrição, 332 
Sindicância e processo administrativo ............................. 332 
Limites ao poder de emendar a Constituição e a 
situação dos atuais servidores .......................................... 337 
PARTE Ili - AS VIAS TÉCNICO-JURÍDICAS DE AÇÃO 
ADMINISTRATIVA.............................................. 345 
Capítulo VI - O REGULAMENTO NO DIREITO 
BRASILEIRO 
I Introdução ............................................................ :............ 347 
II Espécies de regulamento no Direito europeu .. . . . . . . .. . . . . .. . . 349 
III O regulàmento previsto no art. 84, VI, da Constituição 
brasileira ............................................................... ,............ 350 
IV Conceito de regulamento no Direito brasileiro ............ ... 351 
V Diferenças entre lei e regulamento no Direito 
brasileiro ............................................................................ 352 
VI O regulamento ante o princípio da legalidade no 
Brasil .............................................................................. 353 
VII Finalidade e natureza da competência regulamentar ..... 359 
VIII Limites ao regulamento no Direito brasileiro: 
a delegação legislativa disfarçada . . . .. . . ... . . ...... ..... ... . . . . .. . . .. 362 
IX O objeto da competência regulamentar ........................... 368 
X Diferenças entre lei e regulamento quanto às garantias 
do administrado ... .. ..... .. . . .. ... ....... .. .. . .......... .... ... .. . ...... .. . . . . . .. 37 4 
XI Resoluções, instruções e portarias ................................... 377 
14 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
Capítulo VII - ATOS ADMINISTRATIVOS 
I 
II 
III 
IV 
V 
VI 
VII 
VIII 
IX 
X 
Considerações introdut6rias 
a) Distinção entre fatos jur(dicos e atos jurídicos, 379; b) 
O problema da conceituação do ato administrativo, 383; 
c) Os conceitos jurldicos, 384; d) Historicidade dos con-
ceitos jur(dicos, 387; e) Funcionalidade e não "verdade" 
dos conceitos, 388; f) Critério básico para conceituação 
do ato administrativo, 391 
Atos da Administração e atos administrativos . .... ... . ... ..... 391 
Conceito de ato administrativo ......................................... 393 
Perfeição,, validade e eficácia ........................................... 394 
Requisitos do ato administrativo ...................................... 398 
Elementos do ato 
Conteúdo, 401; Forma, 402 
Pressupostos do ato 
1) Pressupostos de existência, 403; 2) Pressupostos de 
validade: A) Sujeito (pressuposto subjetivo), 404; B) Moti-
vo (pressuposto objetivo), 405 (Motivo· do ato e motivo 
legal, 406; Motivo e móvel, 407; O papel da vontade no ato 
administrativo, 407; Motivo e motivação, 408; O dever de 
motivar e as consequências de sua violação, 408; Teoria 
dos motivos determinantes, 412); C) Requisitos procedi-
mentais (pressuposto objetivo), 412; D) Finalidade (pres-
suposto teleológico), 413 (Teoria do desvio de poder,414); 
E) Causa (pressuposto lógico), 416; F) Formalização (pres-
SJlposto formaUstico), 418 
O silêncio no Direito Administrativo ............................... 421 
Atributos dos atos administrativos .. . .... .... .. . . ........ .. .. .. .... .. 425 
Casos em que cabe executoriedade, 430; Defesas contra a 
executoriedade, 430 
Classificação dos atos administrativos . . .. . . .. . . . . . . .. . .. . . .. ... . . . 430 
.a) Quanto à natureza da atividade, 431; b) Quanto à 
estrutura do ato, 431; c) Quanto aos destinatários do ato, 
432; d) Quanto ao grau de liberdade da Administração 
em sua prática, 432; e) Quanto à.função da vontade admi-
nistrativa, 433; f) Quanto aos efeitos, 433; g) Quanto aos 
resultados sobre a esfera jur(dica dos administrados, 
433; h) Quanto à situação de terceiros, 435; i) Quanto à 
composição da vontade produtora do ato, 435; j) Quanto 
à formação do ato, 436; k) Quanto à natureza das situa-
ções jurídicas que criam, 436; l) Quanto à posição jurídi-
ca da Administração, 437 
XI 
XII 
XIII 
XIV 
,,XV 
~ 
XVI 
XVII 
XVIII -
XIX 
SUMÁRIO 
Vinculação e discricionariedade ..................................... . 
Discricionariedade técnica, 445 
Atos administrativos uin specie" 
Emfunção do conteúdo, 446; Como formas de manifesta-
ção de outros atos, 452 
Procedimento (ou processo) administrativo ................... . 
Panorama da extinção dos atos administrativos ............ . 
Revogação 
Conceito, 461; Sujeito ativo da revogação, 462; Objeto da 
revogação, 462; Fundamento da revogação, 464; Motivos 
da revogação, 465; Efeitos da revogação, 466; Natureza 
do ato revogador, 467; Limites ao poder de revogar, 468; 
Revogação e indenização, 470 
coisa julgada administrativa ........................................... . 
Invalidade dos atos administrativos ................................ . 
Sujeitos ativos da invalidação, 474; Objeto da invalidação, 
474; Fundamento da invalidação, 476; Motivo da invalida-
ção, 476; Forma da invalidação, 476; Efeitos da invalida-
ção, 478; Classificação da invalidade segundo a doutrina 
brasileira, 479; Atos irregulares, 482; Comentários às dife-
rentes teorias, 483; O grau de intolerância em relação a 
categorias de atos inválidos, 484; Convalidação, 486; Con-
validação e invalidação: poder ou dever?, 487; Identifica-
ção dos atos inexistentes, dos nulos e dos anuláveis, 490; 
Regime dos atos inválidos, 490; Invalidaçiio e dever de indeni-
zar, 493; Direito de resistência contra atos inválidos, 494 
Regime jurídico dos atosinexistentes, dos nulos e 
anuláveis: comparação .................................................... . 
Diferenças entre revogação e invalidação ...................... . 
Capítulo VIII - O PROCEDIMENTO (OU PROCESSO) 
ADJl.-IINISTRATIVO 
15 
438 
456 
458 
471 
473 
495 
497 
I Conceito de procedimento administrativo ....................... 498 
Procedimento e ato complexo, 504 
II Requisitos do procedimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 505 
III Importância do procedimento administrativo. 
Atualidade do tema ... . ..... ... . .... ...... ... . .. . . . ..... ..... ... . . ..... ....... 506 
IV Objetivos do processo ou procedimento ..... ..... ...... .... ....... 509 
V Espécies de procedimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 510 
VI Fases do processo ou procedimento ................................. 512 
VII Princípios do procedimento ........ ..... ... . ...... .. .. . ..... .......... ... 513 
VIII Fundamentos constitucionais dos princípios do 
procedimento administrativo .. .. .. .. . . . . . . . .. . . .. . . . . . . . . . . . ... . .. .. .. .. 518 
16 CURSO DE DIREITO ADMINIST~ATIVO 
IX Obrigatoriedade da adoção de procedimento 
administrativo formalizado .. . . .. .. . . . . . . . . ... . . .. . . .. . . .. ... . .. . . . . . . .. . . 522 
X O processo (ou procedimento) na legislação federal .. . .. . 524 
Âmbito de abrangência, 524; Competência, 525; Princípios 
do processo e garantias do administrado, 525; Sequência 
processual, 530; Prazos processuais, 534; Revogação, anu-
lação e convalidação, 535 
Capítulo IX - LICITAÇÃO 
l Conceito e finalidades ...................................................... . 
!JJ A legislação sobre licitação ............................................. . 
Normas gerais de licitação e contratos, 544 
III Os princípios da licitação ................................................ . 
IV Quem está obrigado a licitar ........................................... . 
V Os pressupostos da licitação ............................................ . 
VI O objeto licitável, a dispensa e a inexigibilidade 
de licitação ........................................................................ . 
Bens singulares, 558; Serviços singulares, 558; Sistemati-
zação legal dos casos excludentes de licitação, 559; Os 
casos qualificados pela lei como de licitação dispensável, 
559; Inexigibilidade de licitação, 565; Serviços técnicos 
de natureza singular, 568; Justificação de dispensas e de 
inexigibilidade, 570; Licitação proibida, 571 
VII Modalidades da licitação ................................................. . 
Prazos e formas de publicidade nas modalidades de lici-
tação, 578; Comparação entre concorrência, tomada de 
preços e convite, 578; Pregão e consulta, 580 (Procedi-
mento do pregão, 581); Registros cadastrais, 586; O regis-
tro de preços, 587; Comissões de licitação, 588; Licita-
ções de grande vulto e licitações de alta complexidade 
técnica, 589; Alienação de bens, 590; Licitações internas 
e licitações internacionais, 591 
VIII Etapas interna e externa da licitação ............................. . 
Requisitos para instauração de licitação, 592; Vedações 
nas licitações, 593 
IX Fases da licitação ............................................................. . 
Exame dos afluentes à licitação, 595; Exame das propos-
tas, 596; Confirmação do resultado e outorga do objeto, 
596; Esquema analítico das fases, 597; Sequência proce-
dimental da concorrência, 597 
X O edital ............................................................................. . 
Vícios do edital, 603 
536 
539 
546 
554 
556 
557 
571 
594 
600 
XI 
XII 
XIII 
XIV 
XV 
XVI 
XVII -
XVIII -
SUMÁRIO 
A habilitação .................................................................... . 
Documentos substitutivos para habilitação, 609; Consór-
cios, 610; Habilitação de empresa estrangeira em licitação 
internacional; compras de bens no Exterior, 611; Compare-
cimento de um único licitante, 612; Pré-qualificação, 612; 
Descabimento de rigorismos inúteis na habilitação, 612; Efei-
to jurídico da habilitação, 613; Vícios da habilitação, 614 
O julgamento .................................................................... . 
Requisitos das propostas, 615,' Objetividade do julgamen-
to, 618; Classificação, 618; Desempate entre as propos-
tas, 618; Os "tipos" de licitação, 619; Equanimidade de 
tratamento entre licitantes estrangeiros e nacionais, 622; 
Classificação de uma só proposta, 622; Vícios da classifi-
cação, 622; Efeito jurídico da classificação, 623 
Homologação e adjudicação ........................................... . 
Regras especiais para· licitações com financiamento 
internacional e para compras de bens efetuadas no 
Exterior ............................................................................. . 
Recursos administrativos ................................................. . 
O procedimento licitat6rio e suas consequências .......... . 
Licitação e direito ao subsequente contrato, 626; Revoga-
ção da licitação, 626; Anulação da licitação, 627 
Crimes ............................................................................... . 
Licitação e mandado de segurança ................................ .. 
Capítulo X - O CONTRATO ADMINISTRATIVO 
17 
604 
615 
624 
624 
625 
626 
630 
630 
1 Introdução ......................................................................... 632 
Peculiaridades do contrato administrativo, 633 
li O contrato administrativo no Direito francês .. . ...... ........ 634 
Ili O contrato administrativo na doutrina brasüeira .. ....... .. 636 
IV Conceito de contrato administrativo ................................ 638 
V Características do chamado "contrato administrativo".... 640 
A lógica do contrato administrativo, 642 
VI O contrato administrativo no Direito Positivo 
brasileiro ........................................................................... . 
Alteração unilateral do contrato, 644; Alteração bilate-
ral do contrato, 645; Extinção do contrato: generalidades 
e a extinção unilateral, 646,· Outras hipóteses de extinção, 
647; A "exceptio non adimpleti contractus", 648; Prazo e 
prorrogação dos contratos, 648; Formalidades do con-. 
trato administrativo, 650; Eficácia dos contratos admi~: 
642 
18 
VII 
VIII 
IX 
X 
XI 
XII 
XIII 
XIV 
XV 
CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
nistrativôs, 651; Os pagamentos devidós ao'contratado; 
correção monetária; reajuste e recomposição de preços 
no Direito Positivo (imprevisão, fato do príncipe e sujei-
ções imprevistas), 651; Sanções administrativas e penais 
por ocasião dos contratos administrativos, 659 
Equilíbrio econômico-financeiro do contrato 
administrativo . ...... .. . ......... ... . . .. . ... . . . . . . .. . ... . . . . .. . . .. . . .. . .. . . ... . . . . 660 
O âmbito de proteção do equilíbrio econômico-financeiro 
e o Direito Positivo brasileiro, 663; O contrato administra-
tivo e o dever de boa-fé, 668 
A cláusula "rebus sic stantibus'' . . . . . ... . . . . . .. . .. . . . . . . . . . .. . . .. . .. . . 669 
A teoria da imprevisão .. . .. . . ... . ..... .. . . . ... ... . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . 670 
As cláusulas de reajustes de preços . . . .. . . . . . . . . .. . . .. . . . . ... . . . . . . . 673 
Os reajustes e os índices oficiais ...................................... 675 
Obrigações do Estado derivadas de contratos inválidos 
ou "inexistentes" ............................. .................................. 678 
Os quase contratos e o enriquecimento sem causa ......... 679 
Regime Diferenciado de Contratações f'úblicas (RDC) ... 683 
Convênios e consórcios ................... ................ .................. 686 
PARTE IV - AS ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS 691 
Capítulo XI - SERVIÇO PÚBUCO E OBRA PÚBLICA 
I Conceito de serviço público .............................................. 694a) Substrato material da noção de serviço público, 698; b) 
Elemento formal caracterizador do serviço público: seu 
.--regime jurídico, 700; Princfpios do serviço público, 700 
II - Titularidade do serviÇo e titularidade da prestação .. . .. . . . 705 
III - Serviços públicos e outras atividades estatais ................... 706 
Serviço público e obra pública, 706; Serviço público e 
poder de polícia, 707,· Serviço público e exploração esta-
tal de atividade econômica, 709 
IV Serviços públicos por detenninação constitucional .. . ... . . 710 
V Imposições constitucionais quanto aos serviços 
públicos no Brasil ............................................................. 712 
a) Serviços· de prestação obrigatória e exclusiva do Esta-
do, 712; b) Serviços que o Estado tem obrigação de pres-
tar e obrigação de conceder, 713; c) Serviços que o Esta-
do tem obrigação de prestar, mas sem exclusividade, 713; 
d) Serviços que o Estado não é obrigado a prestar, mas, 
não os prestando, terá de promover-lhes a prestação, me-
diante concessão ou permissão, 713 
VI - ·Os serviços públicos e a dubiedade da expressão 
"autorização" na Constituição ......................................... 714 · 
VII 
VIII 
IX 
SUMÁRIO 19 
Limites constitucionais para a caracterizn,ção de um 
serviço como público ......................................................... 715 
Serviços públicos e serviços governamentais . . . . . .. . . . . . . .. . . . 717 
Obra pública 
Conceito, 719; Modalidades de execução indireta, 720; 
Obra de grande vulto, 721; Obra de imenso vulto, 722; 
Garantia de execução, 722; Fiscalização da obra, 723; 
Recebimento da obra, 723; Responsabilidade pela obra, 
724 
Capítulo XII CONCESSÕES E PERMISSÕES DE 
SERVIÇO PÚBLICO E SEUS REGIMES 
JURÍDICOS 
1 Concessão de serviços públicos: conceito e noções 
gerais .......................................... ·:...................................... 725 
A exploração do serviço como forma de remuneração, 
726; Concessão e permissão de serviço público na Consti-
tuição e as leis editadas para cumpri-la, 727; Improprie-
dade das definições legais, 730; Natureza dos serviços 
suscetíveis de serem concedidos, 734; Natureza jurídica da 
concessão de serviço público e suas consequências, 735 
II Forma e condições da outorga do serviço em 
concessão ........................... ................................................ 737 
Licitação das concessões, 739; O "contrato" de conces-
são, 746; Transferência da concessão - Transferência do 
controle acionário da concessionária e a subconcessão, 
746; Direitos emergentes da concessão como garantias de 
financiamento, 749 
III O prazo nas concessões e sua prorrogação ..................... 750 
IV Os poderes do concedente................................................. 752 
V Os direitos do concessionário ..................... :..................... 757 
Remuneração do concessionário, 759 
VI As tarifas ........................................................................... 759 
As fontes paralelas (alternativas, complementares) de 
receita do concessionário, 761; O equilíbrio econômico-
-financeiro na concessão de serviço público (ou obra 
pública), 762 
VII Os direitos dos usuários.................................................... 767 
VIII Formas de extinção da concessão e seus efeitos 
jurídicos . . .. . . . . . ... . . .. . . .. . . ... . .. . . ... . . .. . . ... . . . .. . . .. . . .. . . . ... . .. . . . ... . ...... 771 
IX - A reversão dos bens ........................................................... 776 
20 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
X Síntese da composição patrimonial no encerramento 
da concessão . . .. . . . .. . . . .. . . . . .. . . . . .. . . . .. . . . . .. . ... . . . .. . . .. . ... . .. . . .. . .. ... . . . 779 
XI Responsabilidade do concessionário e subsidiária do 
Estado pelos danos a terceiros causados em raziio do 
serviço .. . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . .. . . . . . . . . .. . . .. . .. . . . . . ... ..... .. . .. . .. . . . . . 780. 
XII Permissão de serviço público . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . .. . .. . . . . . . 782 
XIII Situações transitórias na lei de concessões . . . . .. . ... . . .. .. . . . . . 793 
XIV A parceria público-privada (PPP) .................................... 796 
Valor, praw e objeto das parcerias público-privadas, 798; 
Modalidades, 798; Concessão administrativa: a falsa 
concessão, 800; Benefícios aos contratados nas parcerias 
público-privadas: vantagens e garantias, 801; Garantias 
ofertáveis ao financiador do parceiro privado, 803; O 
contrato de parceria: gestão por sociedade de propósito 
específico, 803; O contrato de parceria: liberação de 
pagamentos ao parceiro privado, 804; O contrato de par-
ceria: diretrizes e cláusulas contratuais, 804; Repartição 
de riscos. Garantias exigidas do parceiro privado. Repar-
tição de ganhos, 805; Licitação nas parcerias público-
-privadas, 806; Disposições aplicáveis apenas à União, 
808; Inconstitucionalidades da lei das parcerias público-
-privadas, 808 (Vinculação de receitas, 809; Fundos espe-
ciais, 810; Empresa estatal garantidora, 812; Mecanismos 
privados de resolução de disputas, inclusive arbitragem, 
812; Assunção, por financiador, do controle da sociedade 
de propósitos específicos, 813) 
Capítulo XIII - INTERVENÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO 
ECONÔMICO E NO DOMÍNIO SOCIAL 
I 
II 
III 
Introdução ........................................................................ . 
Intervenção do Estado no domínio econômico 
Conceito de atividade econômica em nossa Constituição, 
817; Valorização do trabalho humano, 8I8; Liberdade de 
iniciativa, 819; Atividades privadas sob regime especial, 
824; Função social da propriedade, 824: Livre concorrên-
cia e repressão ao abuso do poder econômico, 825; CADE: 
organização efanções, 826 (Superintendência-Geral, 827); 
Infrações à ordem econômica, 828; Penas por infrações à 
ordem econômica, 830; Acordo de leniência, 832; Defesa do 
consumidor, 832; Monopólio, 835 
Intervenção do Estado no domínio social ...................... . 
814 
836' 
SUMÁRIO 
Capítulo XIV - PODER DE POLÍCIA 
I 
II 
III 
IV 
V 
VI 
VII 
VIII 
IX 
X 
XI 
XII 
XIII 
XIV 
XV 
Introdução ........................................................................ . 
Sentido amplo e sentido estrito do poder de polícia ....... . 
Fundamento da polícia administrativa ........................... . 
Supremacia geral e supremacia especial . ........................ . 
Essência do poder de polícia ........................................... . 
Traços característicos, 855 
Polícia administrativa e políciajudiciária ...................... . 
Atos através dos quais se expressa a polícia 
administrativa ................................................................... . 
O poder de polícia é discricionário? ............................... . 
Definição de polícia administrativa ................................ . 
Polícia geral e polícia especial ................................ :.:: .... . 
- Delegação de atos de polícia administrativa .................. . 
Executoriedade das medidas de polícia administrativa .. . 
Polícia administrativa e o princípio da 
proporcionalidade contra abusos da Administração ...... . 
Setores da polícia administrativa ................................... .. 
Polícia administrativa da União, Estados e Municípios 
Capítulo XV - INFRAÇÕES E SANÇÕES 
ADMINISTRATIVAS 
21 
842 
846 
847 
848 
853 
857 
859 
860 
861 
861 
863 
865 
867 
868 
868 
I Conceito ............................................................................. 871 
II Finalidades .. ...... .. . . ... . . ... . ...... ..... .... .. . .. . ... . . . . ... . . .. .. . . ... . . ... . . . . 872 
III - Sujeito infrator e sujeito responsável subsidiário ........... 873 
IV - "Excludentes" da infração ou da sanção ........................ 874 
V - Princípios...........................................................................874 
a) Princípio da legalidade, 874; b) PrinÚpio da anterio-
ridade, 876; c) Princípio da tipicidade, 877; d) Princípio da 
exigência de voluntariedade para incursão na infração, 
879; e) Princípio da proporcionalidade, 880;/) Princípio do 
devido processo legal, 881,- g) Princípio da motivação, 883 
VI - Providências acautelatórias . . ... .. ... .. ......... ...... ...... ........ ..... 883 
VII - Classificações das sanções: sanções transmissíveis e 
sanções intransmissíveis . . ..... .... ..... .......... .. ... . ........ .... ... . .. . . 884 
VIII - Multas ................................................................................ 887 
IX - Dever de sancionar .......... .... .... ...... .... ................... ............ 888 
22 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
Capítulo XVI - DESAPROPRIAÇÃO 
I Conceito.............................................................................. 889 
II Fundamentos da desapropriação ................. .......... .......... 895 
III Desapropriação: fonna originária de aquisição da 
propriedade . . .. . . .. . . . .. . . .. . . .. . . . .. . .. . . . ... . .. . . .. . . . . . . .. .. .. . .. . .. .. . . . . . . .. . . 895 
IV Requisitos da desapropriação ........................................... 897 
V Competência para legislar sobre desapropriação; 
competência para desapropriar e competência para 
promover desapropriaçãQ ................................................. 899 
VI Objeto da desapropriação ................................................. 900 
VII Beneficiários da desapropriação ...................................... 901 
VIII Fases do procedimento expropriatório .. . . .. .. .. .. . . . ...... ... . .. . 902 
IX A declaração de utilidade pública .. . ... . .. . .. . . .. .. ... . .. .... . .. . . .. . 902 
X ·A imissão provisória de posse . . .. . . .. .. ... . .. . . .. . . . . . . . . .. . .. .. . .. . .... 906 
XI Ajusta indenização. Juros. Correção monetária. 
Outras despesas. Honorários de advogados .................... 908 
XII Momento em que se consuma a desapropriação............. 913 
XIII Desapropriação por zona .................................................. 913 
XIV Desapropriação indireta ................................................... 914 
XV Extensão do controle jurisdicional na ação de 
desapropriação ................... :.............................................. 915 
XVI Retrocessão e direito de preferência violado . . . . . . . .. . . . . . .. . . . 916 
XVII Requisição . . . . . .. . .... . ... . ... . . .. . . . . . . .... .. . . .. . . .. . ... . . . . . .. . . . . . .. .. . . . .. . . . . . 929 
XVIII - Servidão administrativa ... .... ... . .. .. .... . .. . .. . .. ... .. ... .. .. ... .. .. . .... 930 
XIX - Tombamento ....................................................................... 934 
Capítulo XVII - GESTÃO DOS BENS PÚBLICOS 
I Conceito ............................................................................. 937 
II Os bens com relação à sua destinação ............................ 938 
III Afetação e desafetação dos bens públicos ............... ........ 939 
IV Regime jurídico dos bens públicos ................................... 939 
V Os bens quanto à sua natureza física ....................... ~...... 941 
a) Bens do domínio hídrico, 942; b) Bens do domínio ter-
restre, 943 (Domínio do solo, 943; Domínio do subsolo, 
947) 
VI Fonnas de aquisição e alienação de bens públicos ........ 948 
VII Fonnas de utilização dos bens públicos pelos 
administrados ... . . .. . ... . ... . ... . .. . .. . .. . .. . .. . . .. .. . .. . .. . .. . . . . .. . ... . ... . . .. . 949 
a) Utilização dos bens de uso comum, 949; b) Utilização 
, dos bens de uso especial, 954; c) Utilização dos bens do-
minicais, 954 
S~ÁITTO n 
PARTE V - O CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO 
E A RESPONSABILIDADE DO ESTADO 961 
Capítulo XVIII - PANORAMA DO CONTROLE DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
I 
IJ 
~ 
III 
IV 
Controle interno e externo .. .. .. . . ... . ...... .. . . ..... ... . ...... ... .. . . . . . 963 
a) Controle interno, 965; b) Controle externo, 967 
Controle parlamentar direto ........ ..... .... ..... .... ..... ..... ...... ... 968 
a) Sustação de atos e contratos do Executivo, 968; b) Con-
vocação de 1'4inistros e requerimentos de informações; 
recebimento de petições, queixas e representações dos 
administrados e convocação de qualquer autoridade ou 
pessoa para depor, 968; c) Comissões Parlamentares de 
Inquérito, 969; d) Autorizações ou aprovações do Con-
gresso necessárias para atos concretos do Executivo, 969; 
e) Poderes controladores privativos do Senado, 969; f) 
Julgamento das contas do Executivo, 970; g) Suspensão e 
destituição ("impeachment") do Presidente ou de Minis-
tros, 970 
Controle pelo Tribunal de Contas .................................... 971 
a) Compostura e composição do Tribunal de Contas, 971; 
b) Parecer prévio sobre as contas do Presidente, 972; c) 
Julgamento das contas dos administradores públicos, 973 
Controle jurisdicional (panorama) .................................. 974 
a) "Habeas corpus", 981; b) Mandado de segurança, 
981; c) "Habeas data", 982; d) Mandado de injunção, 983; 
e) Ação popular, 983; f) Ação civil pública, 984; g) Ação 
direta de inconstitucionalidade, 984 
Capítulo XIX - DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA 
E CONTROLE JUDICIAL 
I Introdução .. .......... ............................... ........................... ... 986 
II Princípio da l.egalidade ............................ ·. ... . . . .. . ... . . . ... . . . . . . 988 
III Vinculação e discricionariedade . ... . . ... . ... . . . . . . . . . . . . ... . . . . .. . . . . 989 
Mérito do ato. 983 
IV 
V 
VI 
VII 
VIII 
Fundamentos da discricionariedade . . . ... . ... . . . .. . . .... .. .. .. . ... . 993 
Estrutura lógico-nonnativa da discricionariedade ......... 996 
Conceito de discricionariedade ........................................ 1000 
Limites da discricionariedade . .. . . . ... . ... . . . . . . . . .. . ... . . . .. . . . ... . . ... 1001 
Extensão do controle judicial . . . .. . . . . . . . . .. . . .. . . . ... . . . . . . . . . . . ... . . .. 1006 
a) Exame dos motivos, 1006; b) Exame da.finalidade: o 
desvio de poder, 1007; c) Exame da causa do ato, 1011 
24 CURSO DE DIREITO ADMINISTRJ>.TIVO 
IX Relatividade da competência discricionária .................... 1011 
X Conclusão .......................................................................... 1018 
Capítulo XX - RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL 
EXTRACONTRATUAL DO ESTADO POR 
COMPORTAMENTOS ADMLVISTRATIVOS 
I Introdução ......................................................................... 1021 
II Responsabilidade e sacrifício de direito . .. .. . .. . ... . .. . .. .. . . .. . .. 1022 
III Originalidade da responsabilidade pública . . . . . . . ... . .. ... ... . . 1025 · 
IV A responsabilidade do Estado e o Estado de Direito . . . . . . . 1027 
V Evolução da responsabilidade por atos 
administrativos ···································-······························ 1029 
a) Princípio da irresponsabilidade do Estado, 1029; b) 
Princípio da responsabilidade do Estado, 1030; c) Res-
ponsabilidade subjetiva do Estado, 1031; d) Responsabi- · 
tidade objetiva do Estado, 1034 
VI Fundamentos da responsabilidade do Estado ................. 1035 
VII Questões capitais sobre a responsabilidade estatal . . . . . . . . . 1035 
VIII Os sujeitos que comprometem o Estado . . . . . .. . .. . . . .. . . . . . .. . . . . 1036 
IX Caracteres da conduta lesiva ensejadora de 
responsabilidade ................................................................ 1038 
a) Danos por ação do Estado, 1039; b) Danos por omis-
são do Estado, 1041; c) Danos deper.dentes de situação 
apenas propiciada pelo Estado, 1046 
X O dano indenizável . . . . . . . . . . .. . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 1048 
XI Excludentes da responsabilidade do Estado . . . . . . . . . . . .. . . . .. .. 1054 
XII A responsabilidade do Estado no Brasil 
a) Introdução, 1054; b) Evolução normativa da responsa-
bilidade do Estado no Brasil, 1055; c) Responsabilidade 
subjetiva ou objetiva como regra no Direito vigente, 1059; 
d) Responsabilidade patrimonial do agente por danos a !;:. 
terceiros, 1062; e) Responsabilidade estatal na jurispru-
dência brasileira, 1070; f) A forma de efetivação da res-
ponsabilidade do Estado, 1073; g) A rerponsabilidade dos 
agentes e de terceiros por ilícitos, 1077 
Capítulo XXI - A PRESCRIÇÃO NO DIREITO 
ADMINISTRATIVO 
I Prescrição, decadência e preclusão . . . . . . . . .. . .. . .. . . . . . .. . .. . . . . . . . 1082 
II Prescrição (ou outro prazo extintivo) da pretensão do 
administrado a pleitear direito na via administrativa . . . . . 1084 
SUMÁRIO 25 
III Prescrição de ações judiciais do administrado contra 
o Poder Público ................................................................. 1085 
IV Pretensões da Administração contra o administrado ...... 1088 
V "Prescrição" da possibilidade de a Administração 
prover, ela própria, sobre certa específica situação ........ 1088 
VI Prescrição das ações judiciais contra o administrado 1090 
APÊNDICE - O NEOCOLONIALISMO E O DIREITO 
ADMINISTRATIVO BRASILEIRO 
1 Introdução.......................................................................... 1095 
II A globalização, o neoliberalismo e a "refonna" do 
Estado................................................................................. 1100 
III Os reflexos da gwbalizp,ção no mundo jurídico brasüeiro ... 1104 
IV Conclusão ...................................................................... ,~... 1108 
ÍNDICE REMISSIVO DE AUTORES ............................................. 1111 
ÍNDICE ALFABÉTICO-REMISSIVO ............................................. 1119 
PARTE 1 
INTRODUÇÃO 
Capítulo I - O DIREITO ADMINISTRATIVO E O 
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. Capítulo 
II - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREI-
TO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO 
O Direito é um conjunto de normas - princípios e regras -, do-
tadas de coercibilidade, que disciplinam a vida social. Conquanto 
uno, o direito se bifurca em dois grandes ramos, submetidos a téc-
nicas jurídicas distintas: o Direito Público e o Direito Privado. Este 
último se ocuya dos interesses privados, regulando relações entre 
particulares. E, então, governado pela autonomia da vontade, de tal 
·sorte que nele vige o princípio fundamental de que as partes elegem 
as finalidades que desejam alcançar, prepõem-se (ou não) a isto con-
forme desejem e servem-se para tanto dos meios que elejam a seu 
alvedrio, contanto que tais finalidades ou meios não sejam proibidos 
pelo Direito. Inversamente, o Direito Público se ocupa de interesses 
da Sociedade como um todo, interesses públicos, cujo atendimento 
não é um problema pessoal de quem os esteja a curar, mas um dever 
jurídico inescusável. Assim não há espaço para a autonomia da von-
-~ade, que é substituída pela ideia de junção, de dever de atendimento 
do interesse público. 
É o Estado quem, por definição, juridicamente encarna os inte-
r~sses públicos. O Direito Administrativo é um ramo do Direito Pú-
blico.Ocupa-se, então, de uma das funções do Estado: a função ad-
ministrativa. Cumpre, portanto, identificá-la para clarear o objeto de 
estudo do Direito Administrativo. 
Para quem se ocupa do estudo do Direito, assim como para 
quaisquer que o operem, nada mais interessa senão saber que princí-
pios e que regras se aplicam perante tais ou quais situações. Por isto 
28 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
mesmo, um ramo jurídico é verdadeiramente "autônomo" quando _ 
nele se reconhecem princípios que formam em seu todo uma unida-
de e que articulam um conjunto de regras de maneira a comporem 
um sistema, "um regime jurídico" que o peculiariza em confronto 
com outros blocos de regras. Daí a necessidade de conhecer-se o 
"regime jurídico administrativo", por ser ele que infunde a identida-
de própria do Direito Administrativo. 
Ocorre que, consoante já foi dito com razão, os títulos funda-
mentais do Direito Administrativo se alojam no Direito Constitucio-
nal. Assim, o Direito Administrativo de cada país possui a feiç-ão que 
lhe confere o respectivo Direito Constitucional, razão, aliás, que ser-
ve de advertência contra a ingenuidade de pretender extrapolar no-
ções recolhidas em Direito alienígena para aplicá-las, acríticamente, , 
ao Direito Administrativo brasileiro. 
Eis, pois, que, como necessária introdução ao exame do Direito 
Administrativo brasileiro, é mister desenvolver inicialmente dois ca-
pítulos, que virão a seguir: "O Direito Administrativo e o regime ju-
rídico administrativo" e "Princípios constitucionais do Direito Admi-
nistrativo brasileiro". 
Capítulo I 
O DIREITO ADMINISTRATIVO E 
O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 
I. As funções do Estado. II. Os critérios de distinção das junções do Es-
tado. III. A/unção política ou de governo. N. O Direito Administrativo. 
V. Origem do Direito Administrativo. VI. As bases ideol6gieas do Direito 
Administrativo. VII. O regime jurídico-administrativo. VIII. O Direito Ad-
ministrativo e o interesse público: conceito jurídico de interesse público 
- O que é direito público subjetivo. IX. Conteúdo do regime jurídico-ad-
ministrativo. X. Valor metodológico da noção de regime administrativo. 
1. As funções do Estado 
1. O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público que 
disciplina o exercício dafanção administrativa, bem como pessoas e 
órgãos que a desempenham. 
Cumpre, portanto, ainda que sucintamente, buscar identificá:.la, 
cotejando-a com as demais funções estatais.1 Comece-se por dizer 
que função pública, no Estado Democrático de Direito, é a atividade 
exercida no cumprimento do dever de alcançar o interesse público, 
mediante o uso dos poderes instrumentalmente necessários coriferi-
dos pela ordem jurídica. 
2. Em nosso tempo histórico, no mundo ocidental, prevalece 
esmagadoramente na doutrina a afirmação de que há uma trilogia de 
funções no Estado: a legislativa, a administrativa (ou executiva) e a 
jurisdicional. Isto é certo, embora possam ser invocadas algumas 
raras, conquanto muito respeitáveis, vozes discrepantes2 e se possa 
1. Em geral, a doutrina assinala que a função mais difícil de ser conceituada 
é a função administrativa, pela grande heterogeneidade das atividades que nela se 
compreendem. 
2. Assim, por exemplo, Kelsen sustenta que as funções estatais na verdade são 
duas: a de criar o Direito, legislação, e a de executar o Direito, o que tanto é feito 
julia
Destacar
julia
Destacar
julia
Destacar
julia
Destacar
julia
Destacar
julia
Destacar
julia
Destacar
julia
Destacar
30 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
também observar que determinados atos estatais parecem não se aco-
modar bem neste modelo. 
Como se sabe, as funções legislativas, administrativas (ou exe-
cutivas) e judiciais estão distribuídas, entre três blocos orgânicos, 
denominados "Poderes", os quais, de regra, são explicitamente men-
cionados nas constituições modernas do Ocidente. Tais unidades or-
pela Administração como pela Jurisdição (Teoría General del Derecho y del Estado, 
Imprenta Universitaria, México, 1950, tradução de Eduardo García Maynez, pp. 268-
269). Entre nós, o Prof. Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, embora em posição 
muito distinta da de Kelsen, também considera que só há duas funções no Estado: a 
administrativa e a jurisdicional. A administrativa visa integrar a ordem jurídico-so-
cial, mediante duas atividades: a de legislar e a de executar, possuindo portanto um 
caráter político de programação e realização dos objetivos públicos. A jurisdicional 
tem por objeto o próprio Direito, possuindo, portanto, um caráter manifestamente 
jurídico. Visa a manter a ordem jurídica vigente ameaçada ou violada (Princípios Ge-
rais de Direito Administrativo, 3• ed., 2• tir., vol. I, Malheiros Editores, 2010, pp. 49 
a 58). Tal como há os que reduzem o númerode funções do Estado, há os que as 
ampliam. Assim, Francis-Paul Bénoit, pretende que há'uma pluralidade de funções. 
Após efetuar uma crítica demolidora e irrespondível aos que afirmam existir a tripar-
tição do Poder e das funções no sistema constitucional francês, sustenta que, à luz 
deste, devem ser distinguidas as funções do que denomina Estado-Nação das funções 
do que denomina Estado-Coletividade. Para ele são reconhecíveis no Estado-Nação 
duas funções: a parlamentar, de criação do direito interno e a governamental, de di-
reção geral da política externa e interna. No Estado-Coletividade também há que 
distinguir dois grupos de funções: uma, a função administrativa e outra que compre-
ende uma variedade de serviços sob regimes diferentes do da função administrati-
va, quais a função judiciária, a função de ensino, a função de defesa e possivelmente 
outras, notadamente uma função de pesquisa (Le Droit Administratif Français, Dalloz, 
1968, pp. 27 a 52). Escrevendo no final do século XIX e no princípio do século XX, 
ante a realidade do Direito alemão da época, Otto Mayer, sem usar a expressão jun-
ções, mas falando em "atividades" do Estado, mencionava, além das atividades legis-
lativa, executiva e judicial, outra não enquadrável em nenhuma das três, e que cha-
mou de uma quarta espécie de atividade, o governo, significando a alta direção, que 
assiste ao Príncipe e a seus auxiliares imediatos, voltada a promover o andamento dos 
negócios do Estado no sentido da busca do interesse geral, pelo que "influi em to-
dos os ramos da atividade material do Estado, mas permanece em um plano ideal não 
descendo, por seus efeitos diretos, sobre o terreno do direito". O fato é que, mais adian~ 
te, menciona atividades que declara não se encaixarem em nenhuma das anteriores. E 
o caso do que denominou atividades auxiliares do direito constitucional, expressas 
por atos destinados a colocar a Constituição em movimento e prover seu funciona-
mento, como, por exemplo, os de proclamar o advento de um novo rei, a instalação 
de uma regência, ordenar e dirigir as eleições para a Assembleia Nacional, convocar 
e dissolver esta Assembleia etc. Além delas, refere ainda as atividades em que o Es-
tado atua fora de sua própria ordem jurídica, como nas relações diplomáticas, na 
guerra externa, na guerra civil, bem como a atividade expressada nas ordenanças de 
urgência do·Príncipe (Le Droit Administratif Allemand, vol. I, V. Giard & E. Briere, 
Libr. Éditeurs, Paris, 1903, pp. 1 a 14). 
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I - O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 31 
gânicas absorveriam, senão com absoluta exclusividade, ao menos 
com manifesta predominância, as funções correspondentes a seus 
·.próprios nomes: Legislativo, Executivo e Judiciário. 
3. Esta trilogia não reflete uma verdade, uma essência, algo ine-
xorável proveniente da natureza das coisas. É pura e simplesmente 
uma construção política invulgarmente notável e muito bem-sucedi-
da, pois recebeu amplíssima consagração jurídica. Foi composta 
em vista de um claro propósito ideológico do Barão de Montesquieu, 
pensador ilustre que deu forma explícita à ideia da tripartição. Asa-
ber: impedir a concentração de poderes para preservar a liberdade 
dos homens contra abusos e tiranias dos governantes. 
De fato, os pressupostos em que se baseou e o objetivo que o 
norteava foram por ele expressados de maneira clara, nestes termos: 
"( ... )é uma experiência eterna a de que todo homem que tem poder 
tende a abusar dele; ele vai até onde encontra limites. Quem o diria! 
a própria virtude tem necessidade de limites. Para que não se pos-
sa abusar do poder é preciso que, pela disposição das coisas, o poder 
detenha o poder" .3 E logo adiante: "Quando na mesma pessoa ou no 
mesmo corpo de magistratura o poder legislativo está reunido ao 
poder executivo, não há liberdade, porque se pode temer que o mes-
mo monarca ou o mesmo senado façam leis tirânicas para executá-
-las tiranicamente. Não há liberdade se o poder de julgar não está 
separado do poder legislativo e do executivo. Se ele estivesse con-
fundido com o poder legislativo, o poder sobre a vida e a liberdade 
dos cidadãos seria arbitrário, pois o juiz seria legislador. Se ele esti-
ver confundido com o poder executivo, o juiz poderá ter a força de 
um opressor. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo 
corpo de principais, nobres ou povo, exercessem estes três poderes: 
3. No original: "( ... ) c'est une expérience eternelle, que toute homme qui a du 
pouvoir est porté à en abuser; il vajusqu'à ce qu'il trouve des limites. Qui le diroit! 
la vertu même a besoin de limites. Pour qu'on ne puisse abuser du pouvoir il faut que, 
par la disposition des choses, le pouvoir arrête le pouvoir". E pouco adiante: "Lors-
que dans la même persone ou dans le même corps de magistrature la puissance légis-
lative est réunie à la puissance exécutrice, il n'ya point de liberté, parce qu'on peut 
craindre que le même monarque ou !e même sénat ne fasse des !ois tyranniques por 
les exécuter tyranniquement. II n 'ya a point de liberté si la puissance de juger n'est 
pas séparée de la puissance legislative et de l'exécutrice. Si elle était jointe à la puis-
sance législative, le pouvoir sur la vie et la liberté des citoyens seroit arbitraire; car 
le juge seroit législateur. Si elle éta_it jointe à la puissance exécutrice, le juge pourroit 
avoir la force d'un opresseur" (L'Esprit des Lois, Garnier Fréres, Libraires-Editeurs, 
Paris, 1869, avec des notes de Voltaire, de Crevier, de Mably, de La Harpe, etc., Livro 
XI, cap. IV, p. 142). 
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'-, 
32 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
o de fazer as leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar 
as questões dos particulares" .4 
Dentro desta construção ideológica, que ganhou enorme e pro-
veitosa aceitação, é fundamental dividir-se o exercício destas aludi-
das funções entre diferentes órgãos. Sem embargo, nos vários Direi-, 
tos Constitucionais positivos - e assim também no brasileiro - sua 
distribuição não se processa de maneira a preservar com rigidez ab-
soluta a exclusividade de cada órgão no desempenho da função que 
lhe confere o nome. Esta solução normativa de estabelecer contem-
peramentos resultaria, ao menos no início, do explícito propósito de 
compor os chamados "freios e contrapesos", mecanismo por força 
do qual atribuindo-se a uns, embora restritamente, funções que em 
tese corresponderiam a outros, pretende-se promover um equilíbrio 
melhor articulado entre os chamados "poderes", isto é, entre os ór-
gãos do Poder, pois, na verdade, o Poder é uno. 
II. Os critérios de distinção das funções do Estado 
4. Os critérios até hoje apresentados para caracterizar as sobre-
ditas funções do Estado, em última instância, podem ser reduzidos, 
fundamentalmente, a apenas dois: 
A) um critério "orgânico" ou "subjetivo", que se propõe a iden-
tificar a função através de quem a produz e B) um critério "objetivo" 
que toma em conta a atividade, vale dizer, um dado objeto (não um 
sujeito). Este segundo critério, de seu turno, subdivide-se em dois: 
a) um critério (objetivo) material ou substancial, que busca re-
conhecer a função a partir de elementos intrínsecos a ela, isto é, que 
se radiquem em sua própria natural tipologia. Os que defendem tal 
critério (objetivo) material usualmente afirmam que a atividade ca-
racterística da função legislativa se tipifica pela expedição de atos 
gerais e abstratos; a função administrativa por ser "prática", ou então 
por ser "concreta", ou por visar de modo "direto e imediato" a reali-
zação da utilidade pública, e a atividade jurisdicional por consistir 
na solução de controvérsias jurídicas; 
b) um critério (objetivo) formal, que se apega essencialmente 
em características "de direito'', portanto, em atributos especifica-
mente deduzíveis dotratamento normativo que lhes corresponda, 
independentemente da similitude material que estas ou aquelas ati-
4. Ob. e loc. cits., p. 143. 
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I - O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 33 
vidades possam apresentar entre si. Por este critério, o próprio da 
função legislativa seria não apenas a generalidade e abstração, pois 
sua especificidade adviria de possuir o predicado de inovar inicial-
mente na ordem jurídica, com fundamento tão só na Constituição; o 
próprio da função administrativa seria, conforme nos parece, a de se 
desenvolver mediante comandos "infralegais" .e excepcionalmente 
"infraconstitucionais", expedidos na intimidade de uma estrutura 
hierárquica; o próprio da função jurisdicional seria resolver contro-
vérsias com a força jurídica da definitividade. 
5. Analisando estes critérios, nota-se, de logo, que o "orgânico" 
ou "subjetivo" é muito insatisfatório simplesmente porque inexiste 
uma correspondência exata entre um dado conjunto orgânico e uma 
certa função. Há apenas, em cada qual, uma forte predominância da 
atividade que lhe é típica. 
Com efeito, ninguém duvida que o Poder Legislativo, além dos 
atos tipicamente seus, quais os de fazer leis, pratica atos notoriamen-
te administrativos, isto é, que não são nem gerais, nem abstratos e 
que não inovam inicialmente na ordem jurídica (por exemplo, quan-
do realiza licitações ou quando promove seus servidores) e que o 
Poder Judiciário, de fora parte proceder a julgamer.tos, como é de 
sua específica atribuição, pratica estes mesmos atos administrativos 
a que se fez referência.Acresce que, para alguns, o processo e julga-
mento dos crimes de responsabilidade, atividade posta a cargo do 
Legislativo, é exercício de função jurisdicional, irrevisível por outro 
Poder, de sorte que o referido corpo orgânico, além de atos adminis-
trativos, e de par com os que lhe concernem normalmente, também 
praticaria atos jurisdicionais.5 Outrossim, conforme opinião de mui-
5. Opinião, ao nosso ver, inaceitável em face do Texto Constitucional brasileiro. 
De acordo com ele, a teor do art. 5°, XXXV: "a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". Sendo, assim, se o Legislativo fundar-se 
na ocorrência de algo que não existiu para dar como incursa em crime de responsa-
bilidade a autoridade por ele processada e "julgada", cabe recurso ao Poder Judiciário 
para anular decisão que, dessarte, lhe haja provocado lesão de direito. Se o Legislati-
vo "condenar" a autoridade, por crime de responsabilidade, imputando-lhe compor-
tamento que efetivamente existiu mas que não reproduz qualquer das figuras cons-
titucional e legalmente qualificadas como tal, terá havido lesão de direíto e, pois, 
será cabível recurso ao Poder Judiciário. Finalmente, se o Legislativo não obedecer a 
tramitação processual constitucional e legalmente prevista terá havido violação do 
devido processo legal; logo, violação de direito da autoridade submetida a processo e 
"julgamento" e, consequentemente, possibilidade de recorrer ao Poder Judiciário pa-
ra que fulmine a ilegalidade. Como se vê, nas distintas situações figuradas, a atuação 
do Legislativo, ao contrário do que é próprio do Judiciário, não produz coisa julgada, 
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34 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
tos, o Judiciário exerceria atos de natureza legislativa, quais, os seus 
regimentos intemos,6 pois neles se reproduziriam as mesmas carac-
terísticas das leis: generalidade e abstração assim como o atributo de 
inovarem inicialmente na ordem jurídica, ou seja, de inaugurarem 
direitos e deveres fundados unicamente na Constituição, tal como 
ocorre com as leis. De seu turno, o Poder Executivo expede regula-
mentos, atos que materialmente são similares às leis e, na Europa, 
muitos destes regulamentos inovam inicialmente na ordem jurídi-
ca, tal como o fazem as leis. É certo, ainda, que o Executivo também 
decide controvérsias. É o que faz, e.g., nos processos que tramitem 
perante o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) 
destinados a apurar e reprimir os comportamentos empresariais in-
cursos em "abuso de poder econômico" ou nos processos de questio-
namento tributário submetidos aos chamados "Conselhos de Contri-
buintes;'. É verdade que tais decisões só são definitivas para ela 
própria Administração, imutabilidade esta que alguns denominam 
de "coisa julgada administrativa" (v. cap. VII, ns. 136 e ss.). 
6. Eis, pois, que, de acordo com tais formulações, tanto Legisla-
tivo quanto Judiciário, como Executivo, exerceriam as três funções 
estatais: de modo normal e típico aquela que lhes corresponde pri-
macialmente - respectivamente, legislar,julgar e administrar- e, em 
caráter menos comum (ou até mesmo em certas situações muito in-
vulgares como ocorre no processo de impeachf!1ent), funções, em 
princípio, pertinentes a outros órgãos do Poder. A vista disto, jamais 
se poderia depreender, com segurança, se uma atividade é legisla-
tiva, administrativa ou jurisdicional pelo só fato de provir do corpo 
Legislativo, Executivo ou Judiciário, fato que compromete irremis-
sivelmente o critério orgânico. 
7. De outra parte, também não se poderia sufragar o critério 
objetivo material, pois, em Direito, uma coisa é o que é por força da 
qualificação que o próprio Direito lhe atribuiu, ou seja, pelo regime 
podendo ser por ele revista. O que o Judiciário obviamente não pode reexaminar é o 
"mérito" da decisão. Agustín Gordillo caracteriza a destituição por crime de respon-
sabilidade como "um ato eminentemente administrativo" de afastamento de um fun-
cionário (Tratado de Derecho Administrativo, Ed. Fundación de Derecho Administra-
tivo, 5• ed., vol. I, 1998, p. IX-18). 
6. A teor do art. 96, I, "a", da Constituição Federal, de acordo com cujos termos 
compete privativamente aos tribunais: "eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus 
regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias proces-
suais das· partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos 
órgãos jurisdicionais e administrativos". 
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1 - O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 35 
que lhe outorga e não por alguma causa intrínseca, substancialmente 
residente na essência do objeto.7 
8. Ademais, os qualificativos utilizados pelos que buscam iden-
tificar as funções pela essência delas certamente não seriam, ao me-
nos ·em relação a atos da função administrativa, capazes de aclarar 
a identificação a que se propõem. Com efeito, um regulamento, 
conquanto seja ato administrativo, n~o é atividade prática, domes-
mo modo que não é atividade concreta, nem preposta a alcance di-
reto e imediato da utilidade pública, pois, a se lhe atribuírem tais 
qualificativos, ter-se-ia igualmente que irrogá-los às leis. Acresce 
que os referidos atributos, com o sentido que se lhes quer empres-
tar, também não seriam predicáveis das decisões administrativas 
nos processos em que a Administração "materialmente" soluciona 
situações contenciosas, como as já mencionadas. Dessarte, atos que 
de modo pacífico se reconhecem como administrativos, ou seja, ex-
pressivos de tal função, ficariam à margem dela se adotado o crité-
rio objetivo material. 
9. Deveras, o critério adequado para identificar as funções do 
Estado é o critério formal, ou seja, aquele que se prende a caracterís-
ticas impregnadas pelo próprio Direito à função tal ou qual.8 
Assim, função legislativa é a função que o Estado, e somente 
ele, exerce por via de normas gerais, normalmente abstratas, que 
7. Deveras, quando a lei ou o próprio jurista formulam um conceito qualquer, 
não podem ter outro interesse senão o de isolar algo que está sujeito a um dado con-
junto de disposições e de princípios distintos daqueles que regem outro objeto. Assim, 
o que se está a procurar nãoé uma realidade substancial, mas um termo de imputação 
de efeitos jurídicos. Isto ocorre porque a identidade jurídica de um dado objeto resul-
ta da qualificação que o Direito lhe irroga e não de atributos substanciais que possua. 
Por isto duas realidades substancialmente iguais podem ser regidas de· maneira dife-
rente, assim como duas realidades substancialmente diferentes podem estar parifica-
das sob um mesmo regime. 
8. Conquanto Oswaldo Aranha Bandeira de Mello não professe um critério 
formal para a separação das funções estatais, o fato é que, ao analisar o que chamou 
"das distintas atividades do Estado" registra que o valor formal da lei é o de se impor 
com superioridade a todas as autoridades estatais e aos componentes do Estado-So-
ciedade, e sua força jurídica é a de inovar de maneira absoluta, dentro da estrutura 
constitucional; que o valor formal da sentença é o trânsito em julgado da decisão 
proferida e, consequentemente, sua força jurídica é a de produzir a coisa julgada; fi-
nalmente que o valor formal do ato executivo é a presunção de verdade, podendo ser 
desde logo exigível, donde, sua força jurídica é a da autotutela, ou seja, possibilidade 
de autoexecutoriedade e de decretação de nulidade ou revogação dos próprios atos. É 
dizer: o autor não desdenhou os aspectos formais (Princípios ... , cit., vol. cit., pp. 48-49). 
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36 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
inovam inicialmente na ordem jurídica, isto é, que se fundam direta 
e imediatamente na Constituição. 
Função jurisdicional é a função que o Estado, e somente ele, 
exerce por via de decisões que resolvem controvérsias com força de 
"coisa julgada", atributo este que corresponde à decisão proferida 
em última instância pelo Judiciário e que é predicado desfrutado por 
qualquer sentença ou acórdão contra o qual não tenha havido tem-
pestivo recurso. · 
Função administrativa é a função que o Estado, ou quem lhe 
faça as vezes, exerce9 na intimidade de uma estrutura e regime hie-
rárquicos e que no sistema constitucional brasileiro se caracteriza 
pelo fato de ser desempenhada mediante comportamentos injrale-
gais ou, excepcionalmente, infraconstitucionais, submissos todos a 
controle de legalidade pelo Poder Judiciário. 
III. A função política ou de governo 
10. Inicialmente se disse que havia certos atos que não se alo-
cavam satisfatoriamente em nenhuma das clássicas três funções do 
Estado. 
Assim, a iniciativa das leis pelo Chefe do Poder Execu.tivo, a 
sanção, o veto, a dissolução dos parlamentos nos regimes parlamen-
taristas e convocação de eleições gerais, ou a destituição de altas 
autoridades por crime de responsabilidade (impeachment) no presi-
dencialismo, a declaração de estado de sítio (e no Brasil também o 
estado de defesa), a decretação de calamidade pública, a declaração 
de guerra são atos jurídicos que manifestamente não se encaixam na 
função jurisdicional. Também não se enquadram na função legislati-
va, como é visível, até por serem atos concretos. 
Outrossim, não se afeiçoam à função executiva nem de um pon-
to de vista material, isto é, baseado na índole de tais atos, nem de um 
ponto de vista formal. 
Dela diferem sob o ponto de vista material, porque é fácil perce-
ber-se que a função administrativa, ao contrário dos atos citados, 
volta-se, conforme a caracterização que lhe deram os autores adep-
tos deste critério, para a gestão concreta, prática, direta, imediata e, 
portanto, de certo modo, rotineira dos assuntos da Sociedade, os quais, 
9. Normalmente pelo Poder Executivo e seus sujeitos auxiliares e, atípicamente, 
por órgãos de outros Poderes. 
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I - O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 37 
bem por isto, se acomodam muito confortavelmente dentro de um 
quadro legal preexistente. ln casu, diversamente, estão em pauta 
atos de superior gestão da vida estatal ou de enfrentamento de con-
tingências extremas que pressupõem, acima de tudo, decisões emi-
nentemente políticas. Diferem igualmente da função administrativa 
do ponto de vista formal, que é o que interessa, por não estarem em 
pauta comportamentos infralegais ou infraconstitucionais expedidos 
na intimidade de uma relação hierárquica, suscetíveis de revisão 
quanto à legitimidade. 
Tais atos, ao nosso ver, integram uma função que se poderia 
apropriadamente chamar de "função política" ou.de "governo", des-
de que se tenha a cautela de dissociar completamente tal nomencla-
tura das consequências que, na Europa, se atribuem aos atos dessar-
te designados. É que, em vários países europeus, sustenta-se que os· 
atos políticos ou de governo são infensos a controle jurisdicional, 
entendimento este verdadeiramente inaceitável e que, como bem ob-
servou o eminente Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, é incompa-
tível com o Estado de Direito, constituindo-se em lamentável resquí-
cio do absolutismo monárquico.10 
IV. O Direito Administrativo 
11. Feitas estas considerações fica esclarecido o conteúdo da 
afirmação inicial de que o direito administrativo é o ramo do direito 
público que disciplina ajunção administrativa, bem como pessoas e 
órgãos que a exercem. 
Se, na conformidade do exposto, o Direito Administrativo coin-
cide com o conjunto de normas (princípios e regras) que têm o so-
bredito objeto, ter-se-ia de concluir, logicamente, que a "Ciência do 
Direito Administrativo" consideraria como pertinente à sua esfera te-
mática a integralidade de tudo o que estivesse compreendido na fun-
ção administrativa. Sem embargo, não é isto que ocorre. 
Certas parcelas do campo recoberto pela função administrativa, 
isto é, certos capítulos do Direito Administrativo são excluídos de 
sua órbita de estudos e tratados em apartado, como ramos do Direi-
to - caso do "Direito Tributário", do "Direito Financeiro", do "Di-
reito Previdenciário" - conquanto se constituam em unidades temá-
ticas tão sujeitas ao regime jurídico administrativo como quaisquer 
10. Princípios Gerais de Direito Administrativo, cit., vol. 1, pp. 61 a 63. 
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38 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
outras. 11 Consequentemente, os cursos, os manuais, os tratados de 
Direito Administrativo, não consideram como matéria enquadrável 
em seu âmbito de cogitações estes capítulos que serão objeto, isto 
sim, da "Ciência"12 do Direito Tributário, do Direito Financeiro, do 
Direito Previdenciário e dos respectivos cursos, manuais etc. 
Isto significa que, em termos práticos, o Direito Administrativo 
sofre uma amputação em seu âmbito real. 13 
V. Origem do Direito Administrativo 
12. O que hoje conhecemos por "Direito Administrativo" nas-
ceu na França. Mais que por leis que regulassem as relações entre 
Administração e administrados, foi sendo construído por obra da 
jurisprudência de um órgão - Conselho de Estado - encarregado 
11. Não se imagine que esta ausência de superposição entre o que foi apontado 
como sendo o Direito Administrativo e aquilo que efetivamente é tomado como ob-
jeto de seu estudo ocorre por haver-se elegido como referencial de sua conceituação 
a ideia de função administrativa, que seria excessivamente ampla em relação ao ob-
jeto perquirido. Não. Idêntico fenômeno se dá com quaisquer das definições que se 
apoiam sobre outros critérios. 
12. Isto ocorre primordialmente em razão do crescimento significativo de nor-
mas relativas a dados capítulos do Direito Administrativo e a necessidade de apro-
fundar-lhes o estudo ante a importância que tenham na vida social, tornando com-
preensível a proclamação de suas independências. É claro que outros fatores, mas de 
muito menor relevo, também podem concorrer para a maior ou menor afirmação da 
"autonomia" de certas unidades temáticas. Assim, por exemplo, com o advento de um 
capitalismo mais agressivamente competitivo,fomentador de novos negócios e opor-
tunidades profissionais, compreende-se que a afirmação da autonomia de um dado 
segmento jurídico propicia a edição de livros, insufla a criação de disciplinas nas 
faculdades, quando não até a criação nelas de departamentos com sua coorte de pro-
fessores (como de "direitos difusos", por exemplo), de cursos de especialização, de 
seminários etc. Dessarte, o surgimento de "ramos autônomos" instaura novos merca-
dos, conquista consumidores, atrai uma clientela seduzida por "novidades", insinua 
uma "atualização" e abre espaço para profissionais que permaneceriam completa-
mente obscuros enquanto alocados na esfera de uma ciência mais ampla e que se 
projetam na qualidade de "especialistas" de algum novo ramo, cuja autonomia, então, 
defendem com muita energia. 
13. Não, porém, para Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, ante seu original 
posicionamento na matéria. Sustenta ele que o Direito Administrativo é de caráter 
adjetivo. Pertence-lhe, então, a ação de execução das normas administrativas e (nos 
termos de sua visão dual das funções do Estado) a açélo de legislar, não, porém, o 
conteúdo delas, isto é, suas matérias, as quais pertencerão aos mais diferentes ra-
mos, como o Tributário, o Econômico, o Sanitário, e assim por diante (ob. cit., vol. cit., 
pp. 66 a 70). 
1 - O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 39 
de dirimir as contendas que surgissem entre estas duas partes. Tal 
órgão, diga-se de passagem, é alheio ao Poder Judiciário. Estava e 
está integrado no próprio Poder Executivo, a despeito de ter natureza 
jurisdicional, isto é, de decidir com força de coisa julgada. 
A origem do Direito Administrativo e do órgão referido advém 
de eventos que assim se podem resumir. Sobrevindo a Revolução 
Francesa, como o período histórico precedente era o da Monarquia 
Absoluta, inexistiam disposições que subjugassem ao Direito a con-
duta soberana do Estado em suas relações com os administrados. 
Daí que era preciso aplicar um Direito "novo", ainda não legislado 
(ou que mal iniciava a sê-lo). É que as normas do Direito até então 
existente disciplinavam as relações entre particulares, inadaptadas, 
pois, para reger vínculos de outra índole, ou seja: os intercorrentes 
entre o Poder Público e os administrados, já agora submissos todos 
a uma ordem jurídica. Tais vínculos, consoante se entendia, deman-
davam uma disciplina específica, animada por outros princípios, que 
teriam que se traduzir em normas que viriam a ser qualificadas como 
"exorbitantes" - porque exorbitavam dos quadros do Direito até en-
tão conhecido, o "Direito Comum". Foi o referido Conselho de Es-
tado - instituído pelo art. 52 da Constituição de 22 Primário do Ano 
VIIl,14 isto é, de 15 de dezembro de 1799 - que, com suas decisões, 
forjou estes princípios e as concepções que se converteram no que se 
chama "Direito Administrativo" .15 
14. As leis da época assim se identificam. Estão reportadas ao "calendário repu-
blicano", instaurado pela Revolução Francesa em 24 .11.1793, mas cujo Ano 1 foi 
contado a partir da meia-noite de 22.9.1792 (data oficial da proclamação da Repúbli-
ca e de uma nova Constituição). De acordo com este calendário, o ano era dividido 
em 12 meses iguais de 30 dias cada. Denominam-se: Vendemiário (mês da vindima, 
de 22 de setembro a 21 de outubro), Brumário (mês das brumas, de 22 de outubro a 
20 de novembro), Primário (mês do gelo, de 21 de novembro a 20 de dezembro), 
Nivoso (mês das neves, de 21 de dezembro a 19 de janeiro), Pluvioso (mês das chu-
vas, de 20 de janeiro a 18 de fevereiro), Ventoso (mês dos ventos, de 19 de fevereiro 
a 20 de março), Germinal (mês da semeadura, de 21 de março a 19 de abril), Floreal 
(mês da floração, de 20 de abril a 19 de maio), Prairial (mês das pradarias, de 20 de 
maio a 18 de junho), Messidor (mês das colheitas, de 19 de junho a 18 de julho), 
Termidor (mês do calor, de 19 de julho a 17 de agosto) e Frutidor (mês dos frutos, de 
18 de agosto a 16 de setembro). O calendário republicano perdurou por pouco mais 
de 12 anos. O calendário gregoriano foi restaurado por Napoleão em 31.12.1805, 
sendo retomado a partir de 1.1.1806, data em que a Revolução Francesa já havia su-
cumbido há alguns anos, pois findou-se em 18 Brumário do Ano VIII (9 .11.1799), 
com a ascensão de Napoleão ao poder, por meio de um golpe branco. 
15. O Conselho de Estado continua mantendo sua importância primordial no 
Direito Administrativo Francês. 
40 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
13. A evolução histórica responsável por este encaminhamento 
que afastou o Poder Judiciário do exame dos atos administrativos e. 
que culminou com a instituição de uma "Jurisdição Administrativa", 
criadora do Direito Administrativo, advém de que, após a Revolução 
Francesa, desenvolveu-se naquele país uma singular concepção da 
tripartição do exercício do Poder, segundo a qual haveria uma viola-
ção dela se o Judiciário controlasse atos provenientes do Executivo. 
Em verdade, esta teorização foi simplesmente uma forma eufêmica 
de traduzir a prevenção que os revolucionários tinham com o Poder 
Judiciário (então denominado "Parlamento"), o qual, além de um 
arraigado conservantismo, de fato invadia competências administra-
tivas e arvorava-se em administrador. 
Havendo o receio de que persistisse agindo de tal modo e per-
turbasse os rumos da Revolução, já em 1790 - ou seja, um ano de-
pois da Revolução-, com a lei de 16-24 de agosto, foi estabelecido 
que: "As funções judiciárias são distintas e permanecerão se.mpre 
separadas das funções administrativas; os juízes não poderão, sob 
pena de crime funcional [forfaiture 16] perturbar seja de que maneira 
for as operações dos corpos administrativos, nem citar perante si os 
administradores em razão de suas funções" (Título III, art. 13). Cin-
co anos depois, ante violações daquela regra, o decreto de 16 Fruti- · 
dor do Ano III, isto é, 2 de setembro de 1795 ,17 dispunha: "Proibi-
ções iterativas são feitas aos Tribunais de conhecerem dos atos da 
Administração, sejam de que espécie forem". 18 Estas disposições, 
diga-se de passagem, até hoje são consideradas vigentes. 
16. "Assim se denomina todo crime cometido por um funcionário no exercício 
de suas funções" (Dictionnaire de Droit Public et Administratif - par Alban Le Rat 
de Magnitot et Huard-Delamare, Avocats à la Cour Royale de Paris, t. I, Paris, Jou-
bert Libraire-Éditeur, 1836, p. 609, § 2). 
17. O que demonstra a procedência dos temores revolucionários em relação ao 
Poder Judiciário. 
18. Entre as obras gerais francesas da atualidade, consultem-se, a respeito destas 
primeiras proibições, entre outros: André de Laubadere, Jean-Claude Venezia e Yves 
Gaudemet, Droit Administratif, 12ª ed., t. I, 1992, pp. 265-266; Georges Vedei e 
Pierre Delvolvé, Droit Administratij; 12ª ed., vol. 1, Paris, Presses Universitaires de 
France, 1992, pp. 101-102; Jean Rivero e Jean Waline, Droit Administratif, Dalloz, 
14ª ed., 1992, pp. 119-120; René Chapus, Droit Administratif Général, 6° ed., t. I, 
Montchrestien, 1992, p. 547; e Charles Debbasch, Droit Administratif, 6• ed., Econó-
mica, 2002, pp. 36 e 639-640. Entre os autores brasileiros a notícia mais ampla é 
dada por Oswaldo Aranha Bandeira de Mello, Princípios Gerais de Direito Adminis-
trativo, cit., vol. 1, p. 122. 
1 - O DIREITO ADMINISTRATIVO E O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 41 
Em consequência das normas referidas, era a própria Adminis-
tração que, mediante recursos hierárquicos, julgava as contendas 
propostas contra ela. 19 Este período, em que os próprios órgãos da 
Administração ativa julgavam suas contendas com os administrados, 
ficou conhecido como o sistema do administrador-juiz; e, conforme 
Jacques Chevalier, dura de 1790 até o fim da Revolução Francesa,20 
isto é, até 18 Brumário do ano VIII (9 de novembro de 1799),quan-
do o general Napoleão Bonaparte assume o poder por meio de um 
golpe branco. 
14. Neste mesmo ano foi criado o Conselho de Estado, e pouco 
depois

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