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Renascimento MAIO-2016

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Renascimento, Renascença são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIV e o fim do século XVI.
O Renascimento foi um importante movimento de ordem artística, cultural e científica que se deflagrou na passagem da Idade Média para a Moderna. Em um quadro de sensíveis transformações que não mais correspondiam ao conjunto de valores apregoados pelo pensamento medieval, o renascimento apresentou um novo conjunto de temas e interesses aos meios científicos e culturais de sua época.
A razão, de acordo com o pensamento da renascença, era uma manifestação do espírito humano que colocava o indivíduo mais próximo de Deus. Ao exercer sua capacidade de questionar o mundo, o homem simplesmente dava vazão a um dom concedido por Deus (neoplatonismo). Outro aspecto fundamental das obras renascentistas era o privilégio dado às ações humanas, ou humanismo. Tal característica representava-se na reprodução de situações do cotidiano e na rigorosa reprodução dos traços e formas humanas (naturalismo). Esse aspecto humanista inspirava-se em outro ponto-chave do Renascimento: o elogio às concepções artísticas da Antiguidade Clássica ou Classicismo.
Essa valorização das ações humanas abriu um diálogo com a burguesia que floresceu desde a Baixa Idade Média. Suas ações pelo mundo, a circulação por diferentes espaços e seu ímpeto individualista ganharam atenção dos homens que viveram todo esse processo de transformação privilegiado pelo Renascimento. Ainda é interessante ressaltar que muitos burgueses, ao entusiasmarem-se com as temáticas do Renascimento, financiavam muitos artistas e cientistas surgidos entre os séculos XIV e XVI. Além disso, podemos ainda destacar a busca por prazeres (hedonismo) como outro aspecto fundamental que colocava o individualismo da modernidade em voga.
A aproximação do Renascimento com a burguesia foi claramente percebida no interior das grandes cidades comerciais italianas do período. Gênova, Veneza, Milão, Florença e Roma eram grandes centros de comércio onde a intensa circulação de riquezas e ideias promoveram a ascensão de uma notória classe artística italiana. Até mesmo algumas famílias comerciantes da época, como os Médici e os Sforza, realizaram o mecenato, ou seja, o patrocínio às obras e estudos renascentistas. A profissionalização desses renascentistas foi responsável por um conjunto extenso de obras que acabou dividindo o movimento em três períodos: o Trecento, o Quatrocento e Cinquecento. Cada período abrangia respectivamente uma parte do período que vai do século XIV ao XVI.
A filosofia deste período voltou-se contra os limites que a Igreja havia criado ao pensamento crítico durante o período medieval. Temas terminantemente restritos por causa de certos preceitos pagãos, como a astrologia, a alquimia, a magia, a natureza, a astronomia, a fisiologia, além de outros, tornaram-se os preferidos pelos filósofos do renascimento. Eram tão diversos os temas e se espalhavam de maneira tão abrangente sobre o pensamento, que alguns filósofos até se arriscavam às primeiras tentativas de um conhecimento prático, como foi o caso de Galileu, Giordano Bruno e Kepler. Também sabemos que Leonardo Da Vinci havia realizado pesquisas com fisiologia humana, arquitetura e com projetos de engenharia.
Durante o Trecento, podemos destacar o legado literário de Petrarca (“De África” e “Odes a Laura”) e Dante Alighieri (“Divina Comédia”), bem como as pinturas de Giotto di Bondoni (“O beijo de Judas”, “Juízo Final”, “A lamentação” e “Lamento ante Cristo Morto”). Já no Quatrocento, com representantes dentro e fora da Itália, o Renascimento contou com a obra artística do italiano Leonardo da Vinci (Mona Lisa) e as críticas ácidas do escritor holandês Erasmo de Roterdã (Elogio à Loucura).
Na fase final do Renascimento, o Cinquecento, movimento ganhou grandes proporções dominando várias regiões do continente europeu. Em Portugal podemos destacar a literatura de Gil Vicente (Auto da Barca do Inferno) e Luís de Camões (Os Lusíadas). Na Alemanha, os quadros de Albercht Dürer (“Adão e Eva” e “Melancolia”) e Hans Holbein (“Cristo morto” e “A virgem do burgomestre Meyer”). A literatura francesa teve como seu grande representante François Rabelais (“Gargântua e Pantagruel”). No campo científico devemos destacar o rebuliço da teoria heliocêntrica defendida pelos estudiosos Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Giordano Bruno. Tal concepção abalou o monopólio dos saberes desde então controlados pela Igreja.
Um dos temas pagãos mais recorrentes na filosofia do renascimento talvez tenha sido o resgate de um tipo de doutrina greco-latina conhecida pelo nome de Panteísmo. Pan era uma deidade greco-latina que corporificava os interesses da natureza; teísmo é a designação de uma doutrina de afirmação de uma divindade qualquer. Panteísmo quer dizer algo como Deus sendo a própria natureza; isto é, segundo o panteísmo, Deus e natureza se identificariam e poderiam ser explicados um pelo outro. Um dos defensores mais famosos da doutrina panteísta na renascença do pensamento foi Giordano Bruno, que atribuía às estrelas, assim como ao restante da natureza, a verdadeira corporificação de tudo o que era divino por essência. O Panteísmo de Giordano Bruno era tão blasfemo para a Igreja que este filósofo italiano foi julgado pelo tribunal da Inquisição e, por fim, condenado à morte na fogueira por suas observações astronômicas que iam de encontro aos dogmas católicos.
Logo após a morte de Giordano Bruno na fogueira, foi a vez de Galileu Galilei, outro importante pensador e observador das estrelas, ser julgado pelo tribunal da inquisição. Oficialmente, foi a Galileu atribuída a invenção da luneta. Com este instrumento óptico, realizou várias observações que não referendavam a astronomia aceita oficialmente. Nesta época, havia duas teorias acerca de como a Terra, o Sol, a Lua e as estrelas se comportavam no espaço. Segundo a teoria oficial, a de Pitolomeu, que ainda datava do período antigo, a Terra se encontrava imóvel no centro do universo, enquanto todos os outros astros giravam em torno dela, presos às famosas esferas de cristal.
Havia, também, a teoria não oficial, a de Copérnico, segundo a qual era a Terra que se punha a girar em torno do Sol, sendo ela apenas mais um entre tantos planetas perdidos num universo ilimitado. A teoria pitolomaica estava muito mais de acordo com a crença de que Deus havia criado o mundo e, sendo ela a sua principal criação, juntamente com a do homem, nada mais justo que colocá-los num lugar privilegiado para a sua observação e deleite pessoal.
A teoria copernicana praticamente deixava o homem órfão de um criador ou, no mínimo, o encarava como uma criação de menor importância. Assim, o Homem, literalmente, deixava de ocupar o centro do universo e, metaforicamente, deixava de ocupar o centro da atenção divina.
A aceitação da astronomia copernicana nos leva a dois pontos básicos a respeito da totalidade do pensamento renascentista: o primeiro ponto é a recusa de explicações fenomenológicas baseadas nos dogmas da Igreja ou de explicações que existissem simplesmente para referendar estes dogmas; começava a nascer o pensamento de que a natureza pedia um tipo de explicação mais de acordo com os anseios experimentais humanos. O segundo ponto é a afirmação do Homem como o eixo em torno do qual devem girar as preocupações intelectuais e artísticas.
Assim, ao se deslocar o homem do centro do universo para a sua periferia, metaforicamente o deixamos órfãos de um Deus que não o observa mais e, ao mesmo tempo, livre para começar a caminhar por suas próprias pernas, sem o peso de uma condenação divina.
Claramente percebemos os motivos, ainda que não o aceitemos, para a igreja ter queimado Bruno e se empenhado na condenação de Galileu ao mesmo destino. Porém, astutamente, Galileu preferiu pedir desculpas, se retratar perante a Igreja e retirar as suas afirmações que iam ao encontro das afirmações de Bruno. Deste modo, ele salvou sua vida, mas não deixou de pensarlivremente como um verdadeiro homem da renascença. Assim, Galileu é, até hoje, referência para a Mecânica moderna, pois foi dele uma das primeiras teorias modernas acerca do movimento dos corpos.
O Renascimento Cultural pode ser dividido em fases, de acordo com as características particulares que assume em cada século. 
 Trecento (século XIV)
 Principais características:
· Período de transição da cultura medieval para a renascentista.
· Mescla de temas da vida humana (sentimentos, características físicas, comportamentos) com religiosidade.
· Uso da língua italiana, derivada do dialeto toscano, nas obras literárias.
· Presença do Humanismo nas artes plásticas e obras literárias.
· Resgate de importantes aspectos da cultura greco-romana, principalmente na literatura renascentista.
· Manutenção de alguns elementos culturais e temáticas religiosas da Idade Média.
 Principais artistas e suas obras:
· Giotto – pintor italiano, autor de Lamento ante Cristo morto, São Francisco pregando aos pássaros.
· Petrarca – escritor italiano, autor de África, Odes a Laura e Epístola.
· Boccaccio – escritor italiano, autor de Fiammetta, Decameron e Filistrato.
 
Quattrocento (século XV)
 Principais características:
 
· Presença mais forte de aspectos da cultura greco-romana, principalmente do paganismo (mitologia, personagens da literatura clássica, etc.).
· Incentivo e financiamento a artistas, principalmente por parte dos mecenas.
· Destaque nas artes plásticas para utilização das técnicas de pintura a óleo.
· Rompimento com os principais aspectos das artes plásticas e literatura da Idade Média.
· Auge da Arquitetura, Literatura e Artes Plásticas do Renascimento.
· Busca da perfeição estética (realismo) nas esculturas e pinturas.
· Uso de elementos culturais e estéticos da cultura greco-romana.
· Mistura do moderno com o clássico.
 Principais artistas, escritores e suas obras:
· Sandro Botticelli – importante pintor renascentista italiano. Suas principais pinturas são: Nascimento de Vênus, A Primavera e A tentação de Cristo.
· Leonardo da Vinci – um dos mais importantes e completos artistas do Renascimento Cultural. Suas telas mais importantes são: Monalisa (Gioconda), A Última Ceia, Leda e Madona das Rochas.
 
Cinquecento (século XVI)
 Principais características:
· Fusão de temas profanos com religiosos.
· Forte presença do humanismo na literatura, pintura e escultura.
· Foi um período em que o Renascimento se expandiu para outros países da Europa como, por exemplo, Holanda, Espanha, Portugal, França e Alemanha.
· Enfraquecimento no final do século XVI, principalmente na Itália, do movimento renascentista. Isto ocorreu em função, principalmente, das grandes descobertas marítimas, do movimento de Contrarreforma e atuação da Inquisição.
 Principais artistas, escritores e suas obras:
· Maquiavel – escritor italiano que se destacou na análise política de sua época. É autor do famoso livro O príncipe, além da peça para teatro Mandrágora.
· Rafael Sanzio – pintor italiano, autor de Madona com o menino, Ressureição de Cristo e A Anunciação.
· Michelangelo – importante escultor, arquiteto e pintor italiano renascentista. É autor das famosas esculturas Davi, Pietá e Leda. Entre suas pinturas, podemos destacar o conjunto de afrescos da Capela Sistina.
· Erasmo de Rotterdam – importante escritor holandês que buscou analisar questões políticas e religiosas do século XVI. Sua principal obra é Elogio da loucura.
Fontes bibliográficas 
http://desenvolvendoopensamentocritico.blogspot.com.br/2010/05/o-renascimento.html
http://brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento.htm
http://www.suapesquisa.com/renascimento/fases.htm

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