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Estudo da ansiedade pré-competitiva em atletas moçambicanos na Natação e Atletismo

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Universidade do Porto 
Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física 
Estudo da ansiedade pré-competitiva em atletas 
moçambicanos de Natação e Atletismo. 
Diamantino Vasco Muchuane 
Dezembro de 2001 
UNIVERSIDADE DO PORTO 
FACULDADE DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA 
Estudo da Ansiedade Pré-competitiva em Atletas Moçambicanos 
de Natação e Atletismo 
Dissertação apresentada à Faculdade de 
Ciências do Desporto e de Educação Física da 
Universidade do Porto, com vista à obtenção 
do grau de mestre em Ciência do Desporto, na 
área de especialização de Desporto de Crianças 
e Jovens, sob orientação da Prof. Doutora Ana 
Maria Mesquita de Araújo Ferreira Duarte, 
desta Faculdade. 
Diamantino Vasco Muchuane 
Maputo, 2001 
RESUMO 
O presente estudo foi realizado numa amostra de 76 atletas, de ambos os sexos, com uma 
média de idades de 18.2 ± 2.8 anos, sendo 38 praticantes da modalidade de Natação e 38 
de Atletismo, participantes nos respectivos Campeonatos Nacionais referentes à época 
desportiva de 2000/01. Teve como propósitos: (i) identificar a ansiedade estado pré-
competitiva em atletas Moçambicanos praticantes de Natação e Atletismo; (ii) analisar o 
estado de ansiedade em função da modalidade praticada e (iii) comparar o estado de 
ansiedade em função do sexo e da experiência competitiva. Para a recolha de dados 
recorreu-se à administração de um Questionário de natureza multidimensional "CSAI-2", 
que avalia as componentes cognitiva e somática da ansiedade estado pré-competitiva e 
uma terceira componente que é a autoconfiança. Os dados foram tratados no programa 
estatístico SPSS, e os procedimentos estatísticos consistiram no seguinte: (1) Análise 
exploratória das diferentes distribuições; (2) Calculo das estatísticas descritivas mais 
importantes, isto é, a média e o desvio padrão; (3) Análise comparativa das médias entre 
os atletas dos dois sexos e das duas modalidades para todas as variáveis independentes 
recorrendo ao teste t se Student, de medidas independentes; (4) Teste de correlação de 
Pearson entre as dimensões em estudo. Os resultados do estudo revelam diferenças com 
significância estatística entre as modalidades nas dimensões cognitiva (p=.011) e 
autoconfiança (p=.01), enquanto que nas restantes variáveis os resultados evidenciam 
uma nítida semelhança estatística. Relativamente à correlação entre as variáveis, os 
resultados espelham uma correlação negativa entre a autoconfiança e a ansiedade 
cognitiva (r=-.373) e entre a autoconfiança e ansiedade somática (r=-.208), enquanto que 
entre a ansiedade cognitiva e somática verifica-se uma correlação positiva (r=.46). Dentro 
dos limites conceptuais e metodológicos deste estudo e tomando em consideração os 
resultados encontrados, sobressai o seguinte quadro de conclusões: (1) os atletas 
praticantes de Natação possuem níveis de ansiedade estado pré-competitiva mais 
elevados do que os de Atletismo e o seu rendimento é, comparativamente, mais baixo; (2) 
os atletas de ambos os sexos não diferem entre si relativamente aos níveis de ansiedade 
estado pré-competitiva e (3) em relação à experiência competitiva, os atletas praticantes 
das duas modalidades não diferem entre si quanto aos seus níveis de ansiedade estado 
pré-competitiva. 
RESUME 
Le présent étude est réalisé sur un échantillon de 76 athlètes des deux sexes, dont l'âge 
moyenne est de 18.2 ± 2.8 ans. Cet échantillon se répartit en deux groupes semblables en 
termes d'effectif, à savoir , 38 athlètes pour la natation, et les autres 38 pour l'athlétisme. 
Les uns et les autres ont participé aux Championats Nationaux des modalités respectives 
pendant la période sportive de 2000 à 2001. 
Les objectifs du présent étude sont: 
(i) Identifier l'anxiété des athlètes Mozambicains de Natation et d' Athlétisme avant 
la compétition; 
(ii) Analyser l'état d'anxiété en fonction de la modalité pratiquée; 
(iii) Comparer l'état d'anxiété en fontion du sexe et de l'expérience competitive. 
Pour le recueil des données, on a recoure à un questionnaire de nature 
multidimensionnelle "CSAI-2", qui évalue les composantes Cognitive et Somatique de 
l'anxiété avant la compétition ainsi que l'autoconfiance. 
Les données ont été déponibles grâce au programme statistique dont les procédés nous 
décrirons par la suite: 
(1) Analyse exploratoire des différentes distributions; 
(2) Calcul des statistiques descriptives plus importantes, c'est-à-dire, la moyenne et 
l'écart par rapport au modèle; 
(3) Test de corrélation r de Pierson, entre les variables étudiées. 
Les résultats de l'étude révèlent des écarts statistiques significantifs entre les modalités 
dans les variables cognitive (P=.011) et l'autoconfïance (P=.01), alors que les auutres 
variables montrent une corrélation négative entre Tautoconfiance et l'anxiété somatique 
(r=-.208); On observe pourtant une corrélation positive (r=.46) entre l'anxiété cognitive 
et somatique. 
Compte tenu des limites conceptuelles et méthodologiques de cet étude, ainsi que des 
résultats obtenus, les conclusions sont les suivantes: 
(1) Les athletes de natation possèdent des niveaux d'anxiété avant la compétition plus 
élevés que ceux de l'Athlétisme et son rendiment se voit affecté. 
(2) Si on tient compte du sexe, on constate qu'il n'y a pas de distintion entre les athlètes 
des deux sexes en termes de niveau d'anxiété avant la compétition. 
(3) Si on tient compte de l'expérience competitive, les athlètes des deux modalités ne se 
distinguent pas non plus entre eux, par rapport à leurs niveaux d'anxiété avant la 
compétition. 
ABSTACT 
The present research has been made from a sample of 76 athletes of both sex, between 
18.2 ± 2.8 years of age in average. Within them, 38 were practicing swimming and 38 
were practicing athletics. All of them were practicing in their respective National 
Championship referring to the 2000/01 season. The purpose was (i) to identify pre-
competitive state of anxiety in Mozambican athletes practicing swimming and athletics; 
(ii) to examine the state of anxiety in their specific modality; (iii) to compare the state of 
anxiety, according to their sex and their competitive experience. In order to obtain this 
information, we apply multidimensional questionnaire"CSAI-2", in order to evaluate the 
cognitive and somatic component of pre-competitive state of anxiety. Then, the third 
component is self-confidence. The data obtained was managed in SPSS statistic system, 
and its statistics procedures of the following methodology: (1) exploratory analysis of 
different distribution; (2) calculate the most important descriptive statistics, in other 
words, the average and standard deviation; (3) to analyze the average comparative, within 
both sex and the two modalities in all independent variables having resource to 
independent samples t-test; (4) correlation test between the dimensions in study. The 
result of the study, shows differences with statistic significance between the modalities in 
the cognitive dimension (p=.011) and the self-confidence (p=.01), while in the remaining 
variable the conclusion show a clear statistic similitude. In what concerns to the 
correlation between the variables, the results reflect a negative correlation between self-
confidence and cognitive anxiety (r=-.373) and between self-confidence and somatic 
anxiety (r=-.208). At the same time, the cognitive and somatic anxiety is seen a positive 
correlation (r=.46). Within the conceptual limit, and methodological limit of this study, 
and taking on oneself the found results, becomes visible the picture-frame of conclusions: 
(1) The participant athletes in swimming modality, their anxiousness level is height than 
ones who are athletics. (2) Even from both sex, they are not different on their level of 
pre-competitive state of anxiety, and (3) concerning to the competitive experience, the 
athletes who practicing the two modalities do not have anydifferences between their 
level of pre-competitive state of anxiety. 
AGRADECIMENTOS 
Várias instituições e indivíduos singulares contribuíram para que este trabalho se tornasse 
realidade, pelo facto gostaria de endereçar os meus sinceros agradecimentos: 
A Prof Dra. Ana Maria Duarte pelos seus valiosos ensinamentos e por aceitar colaborar 
na orientação do trabalho; 
Ao Dr. Leonardo Nhantumbo, pelo apoio dado na emissão de credenciais, nas várias 
sugestões e nas correspondências através do seu "E-mail"; 
A Escola prática de Defesa Anti-aérea de Boquisso pelo grande apoio prestado durante os 
cursos de formação na área de Educação Física e Desporto. 
Ao meu amigo dr. Salazar Picardo (Faísca) pelo apoio prestado na aplicação dos 
questionários, no alojamento durante o trabalho de campo na cidade da Beira e no 
contacto com os treinadores de Natação; 
Aos meus amigos da "guitarra" Buque e Sésar pelo apoio dado nas traduções de textos; 
Às Federações Moçambicanas de Natação e Atletismo pela autorização cedida para o 
trabalho com os atletas nelas filiadas; 
Ao Secretário geral da Federação Moçambicana de Atletismo pela grande colaboração e 
amizade criada ao longo do trabalho; 
Aos treinadores e atletas dos clubes Desportivo de Maputo, Ferroviário de Maputo, 
Ferroviário da Beira, Golfinhos de Maputo, Costa do Sol, Clube Naval, ADPP de 
Manica, Ferroviário das Mahotas, Brilho construções e da Escola Secundária Emília 
Daússe, por aceitarem participar no estudo. 
A todos o meu "muito obrigado"! 
ÍNDICE 
1-INTRODUÇÃO 1 
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5 
2.1 -ANSIEDADE NO DESPORTO 6 
2.1.1 -Delimitação conceptual 6 
2.2 -TEORIAS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A ANSIEDADE E O RENDIMENTO 
DESPORTIVO 17 
Teoria do Drive 77 
Teoria do U-Inveríido 18 
Teoria multidimensional da ansiedade competitiva 19 
Teoria da Zona Óptima de Funcionamento individual 20 
Teoria Catastrófica do rendimento 22 
Teoria da Ansiedade de Spielberger 23 
2.3 - FACTORES E PROCESSOS MEDIADORES NA RELAÇÃO "ANSIEDADE -
RENDIMENTO" 24 
2.4 - AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE PRÉ-COMPETITIVA 27 
2.5 - ESTUDOS REALIZADOS NO CONTEXTO INTERNACIONAL 28 
3 - OBJECTIVOS, HIPÓTESES E VARIÁVEIS DO ESTUDO EMPÍRICO 38 
3.1-OBJECTIVOS 39 
3.2 - HIPÓTESES 39 
3.3-VARIÁVEIS DO ESTUDO 41 
4 - METODOLOGIA 43 
4.1 - DEFINIÇÃO DA AMOSTRA 44 
4.2-CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 44 
4.3 - INSTRUMENTO 46 
4.4 - PROCEDIMENTO DE APLICAÇÃO 46 
4.5-PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS 46 
5-RESULTADOS 48 
5.1 - ANÁLISE COMPARATIVA EM FUNÇÃO DA MODALIDADE 50 
5.2 -ANÁLISE COMPARATIVA EM FUNÇÃO DA SEXO 51 
5.3 - ANÁLISE COMPARATIVA SEGUNDO A EXPERIÊNCIA COMPETITIVA 52 
5.4-CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS DO CSAI-2 5 4 
5 . 5 - O RENDIMENTO DOS ATLETAS 5 5 
6 - DISCUSSÃO DE RESULTADOS 56 
6.1 -INTRODUÇÃO 57 
6.2 - ANSIEDADE COGNITIVA 58 
6.3 - ANSIEDADE SOMÁTICA 60 
6.4 - AUTO-CONFIANÇA 61 
6.5 - CORRELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS DO CSAI-2 63 
CONCLUSÕES 65 
SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES 67 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 69 
ANEXOS 76 
Lista de Quadros, Figuras e Gráficos Pág. 
Fig.l Modelo de ansiedade competitiva (Adaptado por Martens, Vealey & Borton 
(1990) 14 
Quadro 3.1 Definições de Ansiedade 8 
Quadro 3.2 Estudos internacionais 28 
Quadro 4.2.1 Distribuição da amostra por modalidade 44 
Quadro 4.2.2 Características da amostra (Idade e Experiência competitiva) 45 
Quadro 4.2.3 Características demográficas da amostra (Experiência 
competitiva/Escalão/Sexo) 45 
Quadro 4.2.4 Distribuição da amostra (Experiência competitiva/Modalidade/Sexo— 45 
Quadro 5.1 Valores médios e desvio padrão das dimensões do CSAI-2 49 
Quadro 5.2 Estatística descritiva das variáveis psicológicas envolvidas no estudo— 49 
Quadro 5.3 Resultados do teste t-Student em função da modalidade 50 
Quadro 5.4 Resultados do teste t-Student em função do sexo 51 
Quadro 5.5 Valores de t e p nas dimensões em estudo (diferenças em função da 
modalidade) 53 
Quadro 5.6 Coeficientes de correlação e significância entre a autoconfiança a 
ansiedade cognitiva e ansiedade somática 54 
Quadro 5.7 Rendimento na natação 55 
Quadro 5.7 Rendimento no atletismo 55 
Quadro 6.1 Comparação de valores médios e desvios padrão relativos às variáveis 
do CSAI-2 dos estudos realizados por Jones & Suain (1995), Teixeira & Raposo 
( 1995), Ferraz ( 1997), Lázaro ( 1998) e o nosso estudo 57 
Gráfico 1-Valores do CSAI-2 (Comparação entre modalidades) 51 
Gráfico 2-Valores do CSAI-2 (Comparação entre os sexos) 52 
Gráfico 3-Valores do CSAI-2 (Comparação entre mais experientes e menos 
experientes) 53 
Lista de Abreviaturas 
CSAI-2 - Competitive State Anxiety Inventory - 2 
SPSS - Statistical Package for Social Science 
ZOF - Zona Optima de Funcionamento 
EAO - Estado de Activação Optimo 
INSTRUM. - Instrumento 
Modal. - Modalidade (l=Natação, 2 =Atletismo) 
Escal. - Escalão (l=Juvenil; 2=júnior; 3=Sénior) 
Sexo (l=Masculino; 2=Feminino) 
T. prát. - Tempo de prática 
T. Fed. - Tempo de federado 
C. Nac. - Campeonatos nacionais 
Intern. - Internacionalizações 
M. post. - Marca posterior 
M. ant. - Marca anterior 
Sal. - Saltadores 
Lanç. - Lançadores 
Nadad. - Nadadores 
Atlet. - Atletismo. 
1 - INTRODUÇÃO 
"O Desporto ocupa um lugar importante na vida social dos nossos dias. Contribui para o 
múltiplo desenvolvimento físico do homem, é um factor importante no desenvolvimento das 
qualidades psíquicas, cognitivas, afectivas e volitivas das estruturas do comportamento e da 
dinâmica da personalidade" (Querol, 1988, p. 15). 
No entanto quando o atleta participa em competição, encontra-se envolvido num meio de 
pressões de vária ordem (público, treinador, dirigentes, jornalistas, etc.) pondo, às vezes, em 
causa o seu rendimento. Contudo, ele tem de ser capaz de ultrapassar os obstáculos impostos por 
essas pressões, o que nem sempre acontece da forma mais adequada. 
Foi com base nesta preocupação que nos sentimos interessados em abordar o tema do presente 
estudo. De facto, a primeira razão desta escolha radica na nossa experiência, enquanto antigo 
atleta (alta competição). Deparei-me, frequentemente, durante cerca de seis anos, com situações 
de ansiedade, sem as ter conseguido superar, na maior parte das vezes. A segunda razão da 
escolha deste tema é decorrente da grande necessidade sentida, então como atleta, agora como 
treinador, de possuir informação acerca do impacto negativo que elevados níveis de ansiedade 
pré-competitiva podem exercer no rendimento dos atletas, bem como acerca dos factores que 
podem estar na sua origem, sendo, portanto, susceptíveis de serem influenciados favoravelmente. 
A participação em competições desportivas relaciona-se com certas características de 
personalidade e de conduta que estão associadas às diferentes modalidades desportivas. Apesar 
da questão da relação entre especialidade desportiva e personalidade ter sido e continuar a ser 
controversa, há vários anos, a utilização de modelos cognitivos e interaccionistas pode contribuir 
para aprofundar o conhecimento neste interessante campo da Psicologia do Desporto. 
Krol (1970), citado por Cruz (1996) afirma que o êxito no desporto se relaciona necessariamente 
com as características da personalidade. Posteriormente outros autores como Martens (1985) ou 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 2 
Morgan (1978), citados por Lázaro (1998), criticam esta visão extrema, apesar de concluírem 
que o êxito desportivo dependerá, em parte, de traços e estados psicológicos determinados. 
Uma área de interesse e investigação no âmbito da Psicologia do Desporto é o estudo da 
ansiedade perante a competição desportiva, tendo por objectivo melhor compreender e predizer a 
conduta e o rendimento dos atletas. Porém o conhecimento das características psicológicas dos 
atletas não é suficiente para os apoiar psicologicamente na competição pois, cada um apresenta 
reacções e comportamentos diferentes ao enfrentar as provas. Para além das característicaspsicológicas do atleta, as capacidades que eles possuem, o grau ou importância da competição e 
o valor dos adversários, podem influenciar o rendimento do próprio atleta, existindo diferenças 
interpessoais e intrapessoais. 
De facto, muitos factores que antecedem e envolvem a competição são geradores de alterações 
ou perturbações emocionais que podem afectar o rendimento considerado normal. 
Em Moçambique, a intervenção no âmbito da Psicologia do Desporto é "quase" inexistente pelo 
que o desportista, tem de se «auto preparar» psicologicamente e os treinadores têm feito 
habitualmente o que Brito, (1994, p. 9) apelida de "encher" os atletas de recomendações, 
exaltações ("vamos ganhar, és o melhor, tens que trabalhar muito ") ou até insultos. Ainda é 
difícil a muitos treinadores, técnicos e dirigentes, reconhecerem a inutilidade destas intervenções 
e recorrem frequentemente aos curandeiros, mais conhecidos no meio desportivo por «vovós». 
De entre as características psicológicas que podem afectar o rendimento dos atletas, os aspectos 
mais intensamente estudados têm sido o traço e o estado da ansiedade pré-competitiva. De facto 
estes construtos têm sido investigados por vários autores, concluindo existir uma forte relação 
com o rendimento no Desporto. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 3 
É sabido que os efeitos e consequências da Ansiedade parecem manifestar-se directamente no 
rendimento e na preparação desportiva, por um lado, e no bem estar físico e psicológico dos 
atletas, por outro lado, pois, segundo Cruz (1996), Jones e Hardy (1990), Martens (1990), a alta 
competição, pela sua própria natureza, objectivos e características tem o potencial de poder gerar 
elevados níveis de ansiedade, aliados à diversidade e interdependência de factores e processos 
psicológicos implicados no rendimento e no sucesso desportivo. 
O facto de este problema não ter sido alvo de estudos rigorosos e sistematizados, em 
Moçambique, leva-nos a procurar obter respostas para as nossas preocupações, podendo 
constituir um contributo para a melhoria do conhecimento dos nossos atletas, do seu rendimento 
desportivo e consequentemente da sua saúde e do seu bem-estar. 
Neste sentido propomo-nos estudar a ansiedade estado pré-competitiva de atletas Moçambicanos 
praticantes de Natação e de Atletismo, e procuraremos analisar esse estado de ansiedade em 
função da modalidade praticada, do sexo e da experiência competitiva. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação -Atletismo) 4 
2 - REVISÃO DE LITERATURA 
AnsiedadePré-competiíiva (Natação -Atletismo) 5 
2.1 - ANSIEDADE NO DESPORTO 
2.1.1 - Delimitação conceptual 
A ansiedade na competição desportiva constitui um problema usual e preocupante para todos 
aqueles que, directa ou indirectamente, se encontram envolvidos no desporto (Cruz, 1996, p. 
174). É experimentada por muitos atletas, independentemente do sexo, idade, nível competitivo 
ou modalidade desportiva e exerce, muitas vezes, efeitos negativos no rendimento dos atletas. 
O estudo dos construtos psicológicos que podem estar relacionados com o rendimento no 
desporto, têm constituído temas de grande importância ao longo da história da Psicologia do 
Desporto. De entre eles destaca-se o estudo do Arousal e da Ansiedade e da forma como se 
relacionam com o rendimento. 
Atendendo a que estes dois termos surgem na literatura, por vezes, de forma indiferenciada, 
embora sejam conceptualmente distintos, iremos seguidamente proceder à sua delimitação. 
Ansiedade/Arousal 
Um problema que habitualmente encontramos nos estudos sobre ansiedade está relacionado com 
uma certa confusão semântica devida à utilização inconsistente de designações como arousal, e 
ansiedade, os quais surgem por vezes, na literatura, utilizados de forma não diferenciada. Assim 
sendo, tentaremos de forma resumida, abordar o termo "arousal " que julgamos ser uma noção 
fundamental na compreensão da relação entre a ansiedade e o rendimento desportivo. 
Arousal ou Activação traduz-se pela activação do organismo, o que para alguns autores é, 
também, designado como "síndrome de activação geral", que ocorre quando o indivíduo tem de 
responder a determinada situação. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 6 
Martens (1987), refere-se, ainda, a este construto como sendo o vigor, vitalidade e intensidade 
com que a mente funciona (p.92) entendendo-o mais do que a activação fisiológica do organismo 
mas envolvendo, também, a activação mental. Pode ser considerado como um construto 
motivacional que representa o nível de intensidade do comportamento (Landers, 1980, p. 77) 
Diremos, então, que Arousal é a activação fisiológica e psicológica do organismo, a qual varia ao 
longo de um continuum desde o sono profundo até à excitação máxima. 
Albernethy (1993) considera que um grande número de factores pode influenciar o estado de 
activação (arousal) óptimo, como a natureza, duração e complexidade da tarefa, a motivação e as 
características pessoais do atleta. Desportos que requerem precisão e o recurso a skills especiais 
evidenciam melhores desempenhos sob baixos níveis de arousal, enquanto actividades que 
requerem o recrutamento simultâneo de toda a massa muscular necessitam de um nível de 
arousal elevado para que o rendimento seja bom. Este autor considera, também, que as 
diferenças individuais no traço de ansiedade também são conhecidas por influenciarem o nível 
de arousal óptimo para o rendimento. 
Quando pretendemos distinguir arousal de ansiedade, podemos dizer que esta é considerada 
como o impacto emocional ou a dimensão cognitiva de arousal. Landers (1980) sugere que 
reacções emocionais desagradáveis podem acompanhar a activação do sistema nervoso 
autónomo, constituindo a ansiedade. Martens (1977) acrescenta, ainda, que a ansiedade pode ser 
considerada como o conjunto de sentimentos de nervosismo e de tensão associados à activação 
ou arousal do organismo. 
Seguidamente, e após termos abordado a diferença entre estes dois construtos, propomo-nos 
delimitar, de forma mais aprofundada, o conceito de ansiedade, uma vez que este se apresenta 
como o tema central do nosso estudo. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 7 
O conceito de ansiedade varia de autor para autor. No quadro 3.1 apresentamos definições 
propostas para o conceito de ansiedade. 
Quadro 3.1 - Definições de Ansiedade 
AUTOR(ES) DEFINIÇÃO 
Rushall (1979) 
Groen (1975), citado por 
Serra (1980) 
Landers, (1980) 
Gould et al , (1983), 
citado por Sonstroem 
(1984) 
Madeleine e Sarrazin 
(1987) 
Gould eKrane (1993) 
Bakker, Whiting e 
Brug(1993) 
Nodell e Sime(1993) 
Cruz(1996) 
Ansiedade é a emoção secundária principal e a maior causadora de 
problemas na competição. 
Ansiedade deve ser entendida como um estado peculiar, desagradável 
caracterizado pela antecipação de um acontecimento ameaçador ou 
perigoso que pode acontecer no futuro. 
A ansiedade é a adaptação negativa do arousal, manifestada com 
reacções emotivas desagradáveis. 
A ansiedade centra-se essencialmente nos aspectos energéticos, mais do 
que nos aspectos emocionais negativos. Ansiedade resume-se ao estado 
mais elevado de activação sendo nestes momentos que se produzem 
sentimentos de desconforto ou de elevada preocupação. 
A ansiedade é uma resposta global, não especifica do organismo às 
exigências que lhe são feitas. 
Definem a ansiedade como as sensações de nervosismo e tensão 
associadas com a activação ou arousal do organismo. Identificam ainda, 
o arousal e ansiedade como um mesmo fenómeno, aplicando o termo 
ansiedade à dimensão cognitiva do arousal, ou seja, o arousal ou 
activação do sistema nervoso autónomo pode ser acompanhado por 
reacções emotivas desagradáveis que se designam como ansiedade. 
Distinguem ansiedade em estado emocional e traço de personalidade. A 
primeira pode ser entendida como a reacção emocional de alguém 
perante uma situação que se depara comoameaçadora. A segunda 
como sendo a disposição para reagir perante uma situação. 
A ansiedade pode ser vista como uma reacção emocional a vários 
estímulos de angústia, em que os indivíduos se podem encontrar num 
elevado estado de excitação e serem acompanhadas por sentimentos de 
desconforto e de apreensão. 
A ansiedade na competição é um processo emocional e relacional 
mediado cognitivamente. 
Ansiedade Pré-compeíitiva (Natação - Atletismo) 8 
Quadro 3.1 - Definições de Ansiedade (continuação) 
AUTOR(ES) DEFINIÇÃO 
Hogg (1995) 
Krane (1982), citada por 
Teixeira (1997) 
Martens (1987) 
Izard (1977), citado por 
Carvalho (1995) 
Serra (1980), citado por 
Carvalho (1995) 
Hacfort e 
Schuermezgh(1993), 
citados por Carvalho 
(1995) 
Lázaras e Averil 
(1972), citados por 
Carvalho (1995) 
Sonstroem(1984) 
A ansiedade é um estado de depressão ou agitação acompanhada por 
sentimentos de angústia. 
Ansiedade são as sensações de nervosismo e tensão associadas com a 
activação ou arousal do organismo. 
Ansiedade é «uma energia física» como o «vigor, a vitalidade e 
intensidade com que o espírito funciona». A ansiedade deve ser 
encarada de uma forma para além da simples activação fisiológica do 
organismo. 
Ansiedade é um conjunto complexo de emoções. È constituído pela 
emoção dominante do medo, à qual se associam outros, entre as quais 
se podem apontar a amargura, a cólera, a vergonha, a culpa e o 
interesse-excitação. 
Distingue a grande e pequena ansiedade. Nas crises de grande 
ansiedade o doente sente-se ameaçado em várias frentes e esta 
complexidade incapacita-o de reagir. "A sua existência é posta em 
questão desenvolvendo a sensação de que vai morrer. O infortúnio, a 
culpabilidade, o desespero, agitam-se por todo o lado. A ansiedade 
assim vivenciada torna-se tão perturbadora que dá vida o sabor amargo 
de um pesadelo. Na pequena ansiedade a situação é igualmente 
perturbadora, mas menos grave. Nela transparece a hesitação, a 
insegurança frente aos acontecimentos, o temor, a amargura, a 
lamentação de não poder modificar o passado, a resignação temerosa 
perante a catástrofe, a falta de coragem para reagir". 
A ansiedade é vista como uma emoção disparada por uma relação de 
comunicação entre as pessoas e os seus envolvimentos. 
A manifestação da ansiedade pode ser entendida como um feedback 
numa complexa cadeia de eventos onde funciona como um sinal de 
aviso para o indivíduo manter ou aumentar o estado de alerta para 
enfrentar perigos e estar convenientemente preparado para eles. 
A ansiedade se restringe a estados de alto arousal que produzem 
sensações de desconforto ou preocupação excessiva. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 9 
Quadro 3.1 - Definições de Ansiedade (continuação) 
AUTOR(ES) DEFINIÇÃO 
Martens e cols. (1990) 
Freud (1936), citado Por 
Spielberger, (1983) 
Thomas, Missoum e 
Rivolier(1987) 
Definem ansiedade "como um estado emocional transitório, 
caracterizado por sentimentos de apreensão e tensão associados à 
activação do organismo". 
A Ansiedade é algo que se sente, um estado emocional desagradável, 
que inclui componentes fisiológicas e comportamentais. 
A Ansiedade é um estado emocional desagradável que se manifesta por 
componentes psicológicas e fisiológicas. Segundo estes autores, quando 
um certo limiar de ansiedade é ultrapassado, gera-se uma participação 
somática (caracterizada por múltiplas manifestações, como opressão 
toráxica, dores abdominais, etc.), que os autores designam por 
"angústia". 
Devido à existência de várias definições não encontramos uma definição formal para o conceito 
de Ansiedade pelo que, sem menosprezar as demais definições, inclinarmo-nos-íamos para a que 
foi apresentada por Martens e cols. (1990). 
Estes autores referem que, de um modo geral, a ansiedade apresenta características definidas 
como fontes de activação fisiológica ou de reactividade autónoma, dependendo no entanto, se 
esta é fruto de interferência de aspectos de impacto emocional ou pelo contrário, dependem da 
dimensão cognitiva da activação. 
Quando o psíquico não reúne as condições para lidar com as exigências externas (ameaça, 
perigo, etc.), dá-se o objectivo estado de ansiedade (Freud, 1952 citado por Spielberger, 1979). 
Este autor reconhece que esta teoria assenta as suas bases na repressão, afirmando ser a 
ansiedade fruto da função dinâmica desta mesma, sendo mais explícito, a ansiedade funciona 
como um requisito prévio para a repressão e para todos os mecanismos de defesa. 
Freud (1952), citado por Spielberger (1979), define que a ansiedade se deve essencialmente a 
dois factores: (i) o mundo externo e (ii) os próprios impulsos do indivíduo; Daí a considerar-se, 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 10 
que quando o perigo é exterior ao indivíduo (mundo externo), resulta em reacções objectivas. 
Pelo contrário, quando os motivos causadores são de origem interna, as reacções de ansiedade 
apresentarão um cariz neurótico. 
Hanin (1989), citado por Gould e Krane (1992), consideram que o envolvimento social é a fonte 
geradora das situações ameaçadoras que proporcionam os estados de ansiedade, caracterizando 
duas situações que se constituem como mais relevantes que ocorrem no contexto desportivo: 
(i) Estado de ansiedade interpessoal (S = A int.); 
(ii) Estado de ansiedade intergrupo (S = A gr.). 
A primeira situação advém da relação directa de um indivíduo com outro que pode ser colega, 
adversário, treinador, árbitro ou outro qualquer indivíduo que se encontre no contexto 
desportivo. A esta situação o autor dá o nome de ansiedade interpessoal. 
A segunda situação, refere-se á ansiedade gerada no contexto da competição desportiva e é 
desencadeada pela consciência do indivíduo como membro de um grupo ou equipa, que implica 
o cumprimento de papéis, responsabilização perante toda a estrutura da instituição, solidariedade 
para com os colegas e oposição dos adversários e responsabilidade individual nos resultados 
obtidos pelo grupo. 
Ambos os construtos se referem a reacções emocionais vividas por uma pessoa num dado 
momento em função do seu contacto particular com um colega (S = A int.) ou com um membro 
de um grupo ou equipa (S = A gr.). 
Spielberger (1972), distinguiu "traço de ansiedade" e "estado de ansiedade". Para este autor, 
Ansiedade como estado é um estado emocional transitório que varia de intensidade e no tempo, 
caracterizando-se por um sentimento de tensão ou apreensão e por um acréscimo na actividade 
do sistema nervoso autónomo. Enquanto que a ansiedade como traço da personalidade, diz 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 11 
respeito às diferenças individuais relativamente estáveis na tendência para a ansiedade, ou seja, 
diferenças na disposição para perceber como perigosas ou ameaçadoras uma vasta gama de 
situações que objectivamente não são perigosas, e para responder a tais ameaças com reacções 
de ansiedade estado, (p. 39) 
Baseando-se nesta distinção, Martens (1977), definiu a ansiedade competitiva enquanto traço de 
personalidade, como um construto que descreve diferenças individuais na tendência para 
perceber as situações competitivas como ameaçadoras e para responder a tais situações com 
reacções de estado de ansiedade com intensidade variável. Segundo este modelo unidimensional 
da ansiedade, a competição desportiva apresenta-se como mais ameaçadora para os atletas com 
níveis de ansiedade traço mais elevado, relativamente aos atletas com ansiedade traço mais 
baixo, uma vez que, este modelo hipotetiza que, face a situações competitivas específicas, o traço 
de ansiedade competitiva, representa um mediador importante das respostas da Ansiedade como 
estado. 
Este modelo conceptual de ansiedade competitiva, foi mais tarde revisto por Martens e cols. 
(1983), aquando do desenvolvimento do CSAI-2, reconhecendo nesta nova versão, a natureza 
multidimensional da ansiedade competitiva: Ansiedade cognitiva,Ansiedade somática e 
Autoconfiança. De acordo com estes autores, a Ansiedade cognitiva e a ansiedade somática 
representam poios opostos num continuum de avaliação cognitiva, sendo a autoconfiança vista 
como a ausência de ansiedade cognitiva ou, inversamente, sendo a ansiedade cognitiva, vista 
como falta de auto-confiança. 
Posteriormente, Martens e colaboradores (1990), apresentaram uma nova versão do modelo de 
ansiedade competitiva conceptualizado inicialmente por Martens (1977). Como se pode ver na 
figura 1, esta nova conceptualização engloba quatro relações essenciais. Na relação 1, onde se 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 12 
inicia o processo, a interação dos factores situacionais da situação competitiva objectiva (SCO) 
com outros factores intra-pessoais (como o traço de ansiedade), criam uma nova percepção de 
ameaça, que representa a situação competitiva subjectiva (SCS). Na relação 2, esta percepção de 
ameaça interage com outros factores intra-pessoais, determinando as respostas individuais (o 
estado de ansiedade) e o rendimento. Na relação 3, a interação destas respostas (cognitivas, 
somáticas e comportamentais) individuais com factores intra-pessoais, originam diferentes 
resultados, rendimentos ou consequências. Por sua vez, a influência mútua dos resultados e do 
rendimento nos factores intra-pessoais, representa a relação 4 com que se completa este ciclo. 
Nesta conceptualização da ansiedade competitiva, a incerteza e importância do resultado figuram 
como duas componentes da situação competitiva, que originam a percepção de ameaça e geram 
estados de ansiedade competitiva. Assim, pressupõe-se que a ameaça é produto de uma relação 
multiplicativa entre a importância do resultado e da incerteza. 
As potenciais fontes de Ansiedade no desporto competitivo são de facto numerosas e incluem o 
comportamento dos espectadores, a incerteza acerca da titularidade, o conflito com os 
treinadores e atletas e preocupações com as lesões (Krall, 1980; Pierce, 1980; Passer, 1984; 
Gould, 1991; Gould e cols., 1983, citados por Cruz, 1996). No entanto, ao nível dos jovens 
atletas o medo de falhar (ou o medo de ter um rendimento inadequado) parece representar a 
principal fonte de ansiedade competitiva, ainda que a avaliação do medo represente uma fonte de 
ameaça (Passer, 1980, citado por Ferraz, 1997). Daí a razão de Gonçalves (1998) considerar, 
numa linguagem menos técnica, o medo e a ansiedade como um mesmo elemento, em que as 
reacções serão sinónimas entre si, pois tanto um como outro, têm em comum o facto de 
potenciarem danos ou perigos externos. 
Ansiedade Pré-compelitiva (Natação - Atletismo) 13 
Na figura 1 apresentamos o modelo de ansiedade competitiva (Adaptado por Martens, Vealey e 
Burton, 1990). 
Resultados 
Do rendimento 
(Consequências) 
Factores 
Situacionais 
(SCP) 
Factores Intrapessoais 
(Ansiedade traço) 
Respostas estado 
(Ansiedade estado) 
Rendimento 
Percepção de 
Ameaça 
(SCS) 
Fig. 1. Modelo de ansiedade competitiva (Adaptado por Martens, Vealey e Burton, 1990) 
Tão mais salientes esses serão ao nível das emoções, quanto maior for a noção desse perigo 
externo, que permite o agravamento da ansiedade objectiva daí potencializada. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 14 
O estado de ansiedade tem sido subdividido em duas componentes: a ansiedade somática e a 
ansiedade cognitiva (Rushall, 1979; Harris e Harris, 1984; Martens, 1987; Hogg, 1995). A 
Primeira deve ser vista como sintomas fisiológicos como: o aumento da frequência cardíaca, 
subida da tensão arterial, respiração acelerada, aumento da tensão muscular. A segunda deve ser 
analisada como uma série de preocupações negativas relativas ao rendimento que conduz uma 
diminuição da autoconfiança e a má condução de alguns processos cognitivos como sejam a 
atenção, a concentração e a memória (Cratty, 1983; Bakker, Whiting e Brug, 1993). 
A alta competição, por tudo o que lhe está inerente, tem o potencial de poder gerar elevados 
níveis de stress e ansiedade. À medida que uma competição se aproxima há no atleta um 
aumento da disposição para actuar (Rushall, 1979; Cratty e Hanin, 1980). Esta disposição 
materializa-se no que Rushall (1979), Caberá (1996) e Gould e cols., (1996) designam por 
síndroma de activação geral (S.A.G.) e por um aumento da actividade mental. O S.A.G. pode ser 
medido através de valores electromagnéticos, respiratórios, cardiovasculares e/ou bioquímicos 
(Ferraz, 1997). Os autores Soviéticos designam o S.A.G. como «febre de arranque» (Casal, 
1996). Este fenómeno ocorre em "timings" diferentes em cada atleta. Em alguns atletas surge 
cerca de duas semanas antes da competição, aparecendo noutros somente algumas horas antes da 
competição. Os níveis de ansiedade variam sempre antes, durante e depois da competição. 
Os atletas que precocemente sentem essas alterações ficam mais susceptíveis a influências de 
factores distractivos do que aqueles que os sentem mais tarde (Ferraz, 1997). 
É importante que a actividade mental que precede as competições seja controlada ao máximo, 
quer pela limitação das tarefas requeridas quer pela harmonia do estado de excitação. As 
emoções secundárias podem causar problemas e ansiedade. 
Ansiedade Prè-competitiva (Natação - Atletismo) 15 
Se antes da competição o atleta entra num estado de elevada ansiedade, pode ver o seu 
rendimento prejudicado (Boby e Davison, 1970, citados por Rushall, 1979). Vários estudos 
realizados na última década apontam no sentido de que a ansiedade pré-competitiva apresenta 
factores perturbadores no rendimento dos atletas. Segundo Nordell e Sime (1993), tal acontece 
porque a competição nestes atletas é vista como uma ameaça à sua auto-estima. Na sua opinião, 
os atletas que vêem as exigências situacionais da competição como um desafio e uma fonte de 
excitação sentem a ansiedade como um estado que pode favorecer o seu rendimento. 
Segundo Cruz (1996), a grande diferença entre atletas reside no facto de os atletas com maior 
sucesso terem aprendido a regular, tolerar e utilizar a ansiedade de forma mais eficaz. 
Indivíduos mais ansiosos podem apresentar as seguintes características: 
(i) Reduzida habilidade para usar as modificações num contexto competitivo. Logo 
produzem um número elevado de erros por omissão; 
(ii) Numerosas reacções de stress que geralmente são não funcionais; 
(iii) Reduzida tolerância à dor e à frustração; 
(iv) Demasiada ênfase dos erros competitivos e interpretação dos mesmos como mais sérios 
do que na realidade são (Rushall, 1983). 
Verifica-se que o estado de ansiedade pode prejudicar mais o rendimento do atleta do que o seu 
estado psicológico de excitação (Win, 1971; citado por Rushall, 1979). 
Segundo o mesmo autor, pessoas com elevado nível de ansiedade distraem-se com muita 
facilidade sempre que há alterações no contexto competitivo. 
Existem procedimentos que podem reduzir a ansiedade e os pensamentos por ela provocados. De 
entre os quais salientamos: 
(i) Concentração em eventos externos à factores da tarefa; 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 16 
(ii) Sessões de relaxamento incorporando imagens mentais positivas; 
(iii) Realce dos conteúdos mentais da performance anterior à competição; 
(iv) Repetição de pensamentos positivos antes da competição. 
Os atletas podem aprender a comportar-se e a pensar de forma que a ansiedade não interfira nos 
resultados das competições, estando esta tarefa a cargo dos treinadores (Nordell e Sime, 1993). 
A concentração em diferentes tarefas relevantes facilitam performances superiores. 
2.2-TEORIAS SOBRE A RELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE E RENDIMENTO DESPORTIVO 
O número de variáveis pessoais, situacionais e as características da tarefa, fazem com que a 
relação ansiedade-rendimento seja bastante complexa. Com base no facto da tanto a ansiedade 
somática como a cognitiva afectarem o rendimento desportivo, diversashipóteses explicativas 
têm sido formuladas para tentar explicar a relação entre a ansiedade e o rendimento. 
A seguir apresentaremos os mais recentes modelos que procuram integrar os resultados das 
diferentes investigações. 
Teoria do Drive 
Foi desenvolvida por Hull (1943) e modificada posteriormente por Spence e Spence (1966). 
Cruz e Spence (1996), citados por Teixeira (1997) numa versão modificada desta teoria propõem 
que o rendimento é uma função multiplicativa da força do hábito (H) e do drive (D) (R=HxD). O 
conceito de drive tem sido utilizado na literatura como sinónimo de activação fisiológica. 
Os postulados básicos desta teoria sugerem um aumento da probabilidade de ocorrência de 
comportamentos ou respostas dominantes da hierarquia de resposta, quando aumenta o nível de 
activação do drive. O que significa que níveis elevados de activação facilitam o rendimento, no 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 17 
caso de comportamentos bem aprendidos ou no caso de rendimentos em tarefas simples, onde as 
respostas dominantes na hierarquia estão correctas. Por vezes as respostas dominantes são 
incorrectas provocando aumentos da actividade que prejudicam o rendimento. 
Segundo esta teoria, a activação na fase inicial de aprendizagem prejudica o rendimento. 
Contudo, à medida que a competência (skill) se torna bem aprendida, aumentos de activação 
facilitam o rendimento. 
Teoria do U-Invertido 
Surge como alternativa à teoria do drive e tenta explicar a relação entre arousal e performance, 
baseia-se na lei de Yerks e Dodson (1908). 
De acordo com esta teoria, à medida que aumenta a activação assiste-se a um aumento no 
rendimento até um ponto óptimo, a partir do qual, aumentos posteriores da activação geram 
decréscimos do rendimento. 
A relação entre arousal e performance é curvilínea adoptando a forma de U invertido. 
De acordo com diversos autores dos quais podemos salientar Martens et al.(1990) e Weinberg 
(1990), existem alguns problemas nos estudos colocando em causa a sua viabilidade e 
aplicabilidade. 
Apesar de tudo, há duas razões essenciais que têm contribuído para a aceitação da teoria do U 
invertido no contexto desportivo: (Io) porque existe ao nível intuitivo uma certa «sedução» e 
convicção por esta teoria, nomeadamente junto dos treinadores preocupados com o facto de os 
seus atletas estarem suficientemente tensos ou activos, ou estarem demasiado calmos ou 
relaxados para a competição que se vai iniciar; (2o) porque tem sido apresentado nos diversos 
manuais como um facto consumado e comprovado. 
Ansiedade Pré-compelitiva (Natação - Atletismo) 18 
Teoria multidimensional da ansiedade competitiva 
Muitos autores dos quais podemos referir Davidson e Morris (1967), citados por Teixeira (1997); 
Martens (1990), Hardy e Fazey (1997), Smoll e Shultz (1990), citados por Cruz (1996), têm 
vindo a sugerir a análise da relação ansiedade-rendimento numa perspectiva multidimensional. 
Esta concepção distingue duas componentes da ansiedade: preocupação (ansiedade cognitiva) e 
emocionalidade (ansiedade somática). De acordo com esta concepção, a preocupação engloba os 
elementos cognitivos da ansiedade, tais como as expectativas negativas e as preocupações 
cognitivas acerca de si próprio, acerca da situação e das potenciais consequências. A 
emocionalidade refere-se às percepções pessoais dos elementos físiológicos-afectivos da 
experiência de ansiedade, ou seja, às indicações de actividade autonónomica e de estados 
sentimentais desagradáveis, tais como o nervosismo e a tensão (Morris et ai., citado por Cruz, 
1996). 
Para além destas componentes existe uma terceira dimensão adicional: a autoconfiança (Martens, 
1990). 
Uma das razões para distinguir a ansiedade somática da cognitiva reside no facto de elas terem 
implicações, condições e antecedentes diferentes e, por isso, supõe-se que afectem o rendimento 
de forma diferenciada (Gould e cols., 1985; Martens et al., 1990). 
A influência das várias componentes de ansiedade competitiva parece depender da natureza das 
exigências momentâneas da tarefa, mas tendo também em conta até que ponto uma das 
componentes da ansiedade está operativa ou em funcionamento. 
A ansiedade somática aumenta gradualmente até a aproximação da competição atingindo o seu 
máximo no início da competição e decrescendo depois rapidamente, a Ansiedade cognitiva 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 19 
parece permanecer relativamente estável antes e durante a competição, a menos que, entretanto, 
se alterem as expectativas de sucesso. Estudos realizados por Burton (1998) e por Jones e Cales 
(1989) referenciados por Cruz (1990) parecem indicar diferenças sexuais no padrão temporal das 
componentes de ansiedade: os atletas do sexo feminino parecem não obedecer este padrão. 
Estudos realizados por autores como Deffenbacher (1980), Sarason (1984), Burton (1988), 
Krane, (1990), citados por Cruz (1996), indicam que a ansiedade cognitiva e a ansiedade 
somática têm efeitos distintos no rendimento conforme a natureza da tarefa. 
Quando se estuda a relação ansiedade-rendimento, constatamos que alguns autores afirmam que: 
(1) A ansiedade cognitiva relaciona-se de forma linear e negativa com o rendimento, ou seja, à 
medida que aumenta a ansiedade cognitiva o rendimento é afectado; 
(2) a ansiedade somática relaciona-se de forma curvilínea (em U-invertido) com o rendimento; 
(3) a autoconfiança contribui para a melhoria do rendimento (Martens et ai., 1990). 
Teoria da Zona Óptima de Funcionamento individual 
É uma alternativa à teoria de U-Invertido e foi desenvolvida pelo psicólogo Soviético Yuri 
Hanin. 
Para esta teoria existe um estado de ansiedade óptimo (EAO) que é definido como o nível de 
ansiedade-estado que permite a um determinado atleta render ao nível do seu melhor (Hanin, 
1989, citado por Cruz, 1996). Segundo o referido autor, a ansiedade está relacionada com o 
rendimento desportivo, mas ao nível individual: cada atleta possui um nível particular de 
ansiedade onde o rendimento é maximizado ou optimizado, variando este nível de atleta para 
atleta. O funcionamento óptimo é o rendimento da tarefa que é facilitado pela ansiedade do 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 20 
indivíduo, ao fomecer-lhe uma elevada probabilidade de atingir resultados esperados, geralmente 
próximos do seu potencial pessoal. 
Poderemos avaliar o nível óptimo de ansiedade de duas formas: (1) a avaliação sistemática dos 
níveis de estado de ansiedade pré-competitiva e competitiva, associados ao nível de rendimento; 
(2) a avaliação retrospectiva da ansiedade associada a um rendimento ou prestação anterior bem 
sucedida. A avaliação retrospectiva parece constituir uma boa alternativa para determinar o EAO 
de um atleta, quando não existem condições para observar e acompanhar sistematicamente o 
atleta em competições importantes (Hanin, 1990; citado por Cruz, 1996). 
O estudo do nível óptimo de ansiedade pré-competitiva só tem razão de ser quando se trabalha 
individualmente com os atletas. 
Foi com base deste pressuposto que se conceptualizou uma Zona Óptima de Funcionamento 
(ZOF), onde o nível de ansiedade maximiza ou optimiza o rendimento e que foi operacionalizada 
como «score» médio de ansiedade de um atleta antes de rendimentos bem sucedidos. Atletas 
com estados de ansiedade dentro da ZOF têm melhores rendimentos que os atletas com estados 
de ansiedade que estão fora das respectivas ZOFs. 
Na perspectiva desta teoria, ao contrário do que se passava na de U-Invertido, há atletas que, 
mesmo muito activos ou ansiosos podem alcançar elevadas performances, enquanto outros 
podem necessitar de estar relaxados para atingir o seu rendimento máximo e outros há que 
alcançam os seus melhores resultados se se encontram moderadamente ansiosos. Não existe um 
nível óptimo para uma determinada tarefa (Hanin, 1993; Raglin e Turner, 1993; Ragline Morris, 
1994, citados por Cruz, 1996). 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 21 
Teoria da Catástrofe do rendimento 
É uma proposta mais recente do que a teoria do U-Invertido. 
Esta teoria procura examinar o desenvolvimento temporal da ansiedade cognitiva e somática 
antes de uma competição importante. 
Tal como na teoria do U-Invertido, encontramos, também nesta teoria, algumas dificuldades 
enquanto explicação para os efeitos da ansiedade no rendimento desportivo: (1) dificuldades na 
realização dos construtos básicos envolvidos, nomeadamente para o reconhecimento da 
multidimensionalidade dos sistemas de resposta da ansiedade e activação; (2) dificuldade na 
evidência empírica para as predições postuladas pelas hipóteses teóricas; (3) dificuldades na 
aplicação do modelo e falta de validade predictiva em situações práticas (Cruz, 1996). 
A teoria da catástrofe e a teoria do U-Invertido são semelhantes ao predizerem ambas que 
aumentos no estado de ansiedade podem facilitar o rendimento até um nível óptimo (Teixeira, 
1997). Mas, enquanto a teoria do U-Invertido postula que aumentos adicionais na ansiedade 
provocarão decréscimos simétricos ordenados e curvilíneos do rendimento, a teoria da catástrofe 
postula que depois de um atleta ter ultrapassado o topo do nível óptimo de ansiedade ocorrerá um 
grande e dramático declínio no rendimento (Hardy e Hardy ,1998, citados por Cruz, 1996). 
Dos vários modelos de catástrofe desenvolvidos o mais commumente aplicado é o da catástrofe 
cusp. 
Trata-se de um modelo tridimensional e não linear que procura explicar as relações entre duas 
subcomponentes da ansiedade (ansiedade cognitiva e activação fisiológica) e a interacção entre 
ambas. 
Este modelo engloba um factor normal, um factor de divisão e uma variável dependente. O 
factor normal (activação fisiológica) é a variável cujos aumentos estão associados ao aumento da 
Ansiedade Prè-competitiva (Natação - Atletismo) 22 
variável dependente (rendimento), existindo uma relação linear entre ambas. O factor de divisão 
(ansiedade cognitiva) determina o efeito do factor normal na variável dependente (Cruz, 1996). 
A ansiedade cognitiva determina qual será o efeito da activação fisiológica no dia de uma 
competição importante. Quando a ansiedade cognitiva é elevada, o efeito de activação fisiológica 
é grande e catastrófico. Depois de atingir um nível óptimo, o rendimento baixa e assiste-se a uma 
quebra dramática. Um nivel mais elevado de rendimento só poderá então ser atingido após se ter 
registado uma redução significativa nos níveis de activação fisiológica. 
Este modelo prediz as seguintes hipóteses: (1) a activação fisiológica não prejudica 
necessariamente o rendimento, mas estará associada a efeitos catastróficos quando se verificarem 
elevados níveis de ansiedade cognitiva; (2) quando se verificarem elevados níveis de ansiedade 
cognitiva ocorrerá a «histerese», que implica «saltos» catastróficos no rendimento em diferentes 
momentos; (3) quando se constatam elevados níveis de ansiedade cognitiva será pouco provável 
a ocorrência de níveis médios de rendimento (Fazey e Hardy, 1987; Fazey e Hardy, 1988; Hardy, 
1990, citados por Cruz, 1996). 
Teoria da Ansiedade de Spielberger 
A teoria da Ansiedade de Spielberger (1972) tem como aspecto fundamental a distinção entre 
"traço" e "estado" de Ansiedade. O "estado" de ansiedade é definido como uma condição 
emocional do indivíduo que varia de intensidade e é estável ao longo do tempo. O conceito de 
"traço" diz respeito a diferenças individuais, relativamente estáveis, que refletem a frequência e a 
intensidade, como também, interpretam um vasto conjunto de situações que podem ser perigosas 
ou ameaçadoras. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 23 
A teoria de Spielberger é um modelo cognitivo constituído por dois questionários. Ao longo dos 
anos os questionários têm sido submetidos a várias revisões e a sua validade tem sido confirmada 
por numerosos estudos, em diferentes áreas. 
Martens (1977) fez uma adaptação destes questionários para a psicologia do desporto e visou 
particularmente as situações de competição. Martens parte da premissa que cada indivíduo reage 
com diferente intensidade de ansiedade em situação de competição desportiva e desenvolve um 
modelo específico de avaliação (Sport Competition Anxiety Test - SCAT). Mais recentemente, 
Martens e cols., (1990) ao partirem das mesmas premissas, desenvolveram o Competition State 
Anxiety Inventory (CSAI), que mede não só o estado somático e cognitivo da ansiedade, mas 
também a autoconfiança. 
2.3 - FACTORES E PROCESSOS MEDIADORES NA RELAÇÃO ANSIEDADE -
RENDIMENTO. 
Regra geral ao ser abordada a relação "Ansiedade-Rendimento", de entre outros aspectos, dois 
são comuns em todos eles, referimo-nos "à natureza e características da tarefa e diferenças 
individuais da personalidade" ( Cruz, 1996). 
Oxendine (1970) citado por Cruz (1996), sugere o seguinte: 
1. Um elevado nível de activação é necessário para um rendimento óptimo em actividades 
motoras grossas, que envolvem força, endurance e velocidade" em termos gerais capacidades 
físicas condicionais; 
2. Um elevado nível de activação interfere com o rendimento em tarefas/competências 
complexas, movimentos musculares finos e precisos, coordenação e concentração geral; 
3. Para a realização de todas as tarefas motoras, é preferível um nível de activação, contudo este 
terá de ser normal ou sub-normal. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 24 
Pode - se deduzir nas concepções de Oxendine, a necessidade de um grau de activação, que terá 
de ter uma relação óptima com a exigência da tarefa em questão. 
Contudo, alguns investigadores referenciam o facto de não encontrarem grande mediação entre a 
natureza da tarefa e a activação como ponto referencial. 
Porém, dentro da complexidade de toda esta relação, um facto parece comum, relaciona-se com 
o traço de ansiedade competitiva, que é uma das variáveis da Personalidade em que muitos 
estudos dedicam parte de sua atenção. 
Desta análise, conclui-se que, elevados traços de ansiedade têm tendências para apresentarem 
níveis de estados de ansiedade mais intensos. Pelo contrário, baixos traços de ansiedade 
demonstram regra geral, níveis de estado de ansiedade mais baixos ou moderadamente mais 
controláveis, Cruz (1990). 
Dentro da complexidade das variáveis mediadoras, um aspecto de grande interesse são as 
competências psicológicas, referenciados por Cruz (1990), em que põe em destaque, o facto de 
atletas de elite apresentarem níveis de controlo de ansiedade mais moderados, assim como níveis 
superiores de autoconfiança, quando confrontados em igualdade de circunstâncias com atletas de 
estatuto inferior. 
Pensa-se que é importante o factor "experiência" pelo facto da existência de uma aprendizagem 
que permite tirar dividendos como "regular e controlar melhor sua ansiedade", Mahoney e 
Meyers (1989), citados por Cruz (1996). 
Por fim, é um facto reconhecido, o que se prende com a ansiedade, como reacção emocional que 
só se evidencia quando o indivíduo "percepciona" uma ameaça que poderá pôr em causa o seu 
"estatuto" ou "ego", isto feito através da "avaliação cognitiva das situações e capacidades dos 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 25 
atletas para se confrontarem e lidarem eficazmente com os seus pensamentos e emoções" (Cruz, 
1996). 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 26 
2.4 - AVALIAÇÃO DA ANSIEDADE PRÉ-COMPETITIVA 
O Teste de avaliação multidimensional «CSAI-2» (Competitive State Anxiety Inventory), tem 
como objectivo avaliar as componentes Cognitiva e Somática da ansiedade estado pré-
competitiva e uma terceira componente que é a autoconfiança. 
Foi elaborado por Martens e cols. (1990), tendo sido traduzido para Português e validado por 
Raposo (1995). 
O CSAI-2 é um instrumento de medida multidimensional, compostopor 27 questões, que tem 
como objectivo diagnosticar e quantificar 3 variáveis psicológicas: ansiedade cognitiva (9 itens), 
ansiedade somática (9 items) e autoconfiança (9 item's). 
Para quantificar a ansiedade cognitiva deveremos somar os itens 1, 4, 7, 10, 13, 16, 19, 22 e 25. 
O valor da ansiedade somática é obtido pelo somatório dos itens 2, 5, 8, 11, 14, 17, 20, 23 e 26. 
Finalmente a autoconfiança é obtida pela soma dos itens 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21,24 e 27. 
Cada questão apresenta quatro hipóteses de resposta, estando cada uma delas quantificadas de 1 
a 4 da seguinte forma: nunca, 1 (um); pouco, 2 (dois); moderado, 3 (três); muito, 4 (quatro). Esta 
pontuação é invertida na questão 14 (catorze). 
A pontuação que se pode obter varia entre 9 (nove), que corresponde ao valor mais baixo, e 36 
(trinta e seis) que corresponde ao valor mais alto. As pontuações ou valores mais elevados em 
cada escala reflectem os níveis mais elevados de ansiedade cognitiva, ansiedade somática e 
autoconfiança. (Cruz, 1996). 
Inicialmente era composto por 102 itens foi desenvovido na sua primeira versão "CSAI". Numa 
avaliação e validade dos seus itens por um júri liderado por Martens, passou a ser composto de 
79 itens constituindo assim a "versão A" do CSAI-2. Esta versão foi administrada a 106 
jogadores de futebol universitário momentos antes da competição. Foi também, administrado a 
56 estudantes universitários do curso de Educação Física os quais responderam ao questionário 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 27 
baseando-se numa hipotética situação competitiva. Com base da análise dos itens, correlação dos 
itens por escala, análise factorial e descriminante formou-se a "versão B" composta por 36 itens 
sendo 12 correspondentes à variável somática, 12 da variável cognitiva, 10 da variável auto-
confiança e 2 itens relacionados com o medo ou receio (tendo sido eliminados com base na 
análise descriminante). 
A "versão C" composta por mais 6 itens de controlo e 12 de "controlo interno-externo local" 
(hipotetizado como importante componente da variável auto-confiança) Foi administrada durante 
uma hora de competição a 80 atletas de ambos os sexos praticantes de natação, provas de corta 
mato e luta livre. A correlação dos itens por variável, análise factorial e descriminante levou à 
eliminação da componente "controlo interno-externo local", e à retenção das variáveis cognitiva, 
somática e auto-confiança contendo 9 itens cada variável o que implicou a formação da "versão 
D" ( um item da variável cognitiva foi alterado). 
Concluiu-se que entre as variáveis cognitiva e somática havia uma palavra com forte impacto 
social. A palavra "inquietação" foi trocada por "preocupação" em todos os itens da variável 
cognitiva. 
2.5 - ESTUDOS REALIZADOS NO CONTEXTO INTERNACIONAL 
No quadro 3.2 estão apresentados alguns estudos Internacionais relacionados com a ansiedade 
Quadro 3.2 Estudos Internacionais 
AUTOR(ES) TÍTULO /OBJECTIVOS INSTRUM. RESULTADOS/CONCLUSÕES 
Carvalho Descrever e analizar a "CSAI-2" e Os resultados do seu estudo 
(1995) ansiedade no derporto - traço "SCAT confirmaram a boa estrutura e 
de ansiedade competitiva e a validade do "CSAI-2". 
ansiedade pré-competitiva 
em nadadores e basquetistas 
com 3-4 anos de prática. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 28 
Quadro 3.2 Estudos Internacionais (continuação) 
AUTOR(ES) TÍTULO /OBJECTIVOS INSTRUM. RESULTADOS/CONCLUSÕES 
Lázaro (1998) "caracterização de "CSAI-2" e Não existem diferenças 
comportamentos pré- "ICPC" significativas entre os sexos ao nível 
competitivos dos lançadores da ansiedade pré-competitiva e que 
e saltadores juvenis existe por um lado uma correlação 
Portugueses"de ambos os positiva entre ansiedade cognitiva e 
sexos. somática, e uma correlação negativa 
entre ansiedade somática e 
autoconfiança. 
Ferraz (1997) Identificação de "CSAI-2" e Não há diferenças significativas 
comportamentos pré- "ICPC" entre os sexos a nível do estado da 
competitivos de nadadores ansiedade. 
juniores de ambos os sexos. 
Gonçalves Verificar de que modo, tipo "SCAT" e Há diferenças significativas entre os 
(1998) de modalidade e sexo "CSAI-2" sexos na dimensão autoconfiança; 
induzem diferentes níveis de há diferenças significativas entre as 
ansiedade. Estudo em atletas duas modalidades na ansiedade em 
de basquetebol e atletismo competição; não há diferenças entre 
com 8-12 anos de prática. as duas modalidades na dimensão 
somática. 
Ferreira (1999) Motivação desportiva e "QMPD", A percepção de ameaça na 
percepção de ameaça na "QOMD" e competição desportiva é muito 
competição em atletas de "EACC-PA" semelhante em todos os escalões de 
diferentes níveis de formação, não variando em função 
competição (iniciados, de nível competitivo ou da posição 
juvenis e juniores) de futebol do atleta. 
11 masculino. 
Bortoli et Verificar as relações entre a BCS", Nos três testes encontram-se 
al.(1992) auto-eficácia física, os "TAAM" E diferenças significativas entre os 
sentimentos de satisfação "TSEM" sexos onde os rapazes manifestam 
perante o corpo e a ansiedade melhor auto-eficácia e um nível 
como factor atribuído à mais baixo de ansiedade do que as 
tarefas motoras específicas. raparigas. Não se encontraram 
Estudo em rapazes e diferenças por idade. 
raparigas de 17-19 anos. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 29 
Quadro 3.2 Estudos Internacionais (continuação) 
AUTOR(ES) TÍTULO /OBJECTIVOS INSTRUM. RESULTADOS/CONCLUSÕES 
Inbar(1992) Treino grupai e resolução de 
problemas na manipulação 
do stress e ansiedade em 
modalidades desportivas 
individuais e de equipa. 
Grupo de treino (constituído 
por atletas de basquetebol e 
ténis) com idades de 15-17 
anos e um grupo de controlo 
constituído por sujeitos com 
as mesmas idades. 
"SCAT", 
"STAI" e 
"TSCG" 
0 grupo de treino manifestou uma 
diminuição nos níveis de stress e 
ansiedade em situações de treino e 
pré-competição enquanto que no 
grupo grupo de controlo não se 
verificaram mudanças significativas 
nos parâmetros referidos. 
Moraes, (1990), realizou um estudo que teve como objectivos testar as técnicas regulatórias nos 
níveis de ansiedade de atletas do sexo feminino praticantes de voleibol (n=15), a versão em 
Português do CSAI-2 foi usado para medir os níveis de ansiedade estado nas quatro etapas do 
campeonato de voleibol da cidade de Belo Horizonte. Nos intervalos entre os testes foram 
aplicadas técnicas de relaxamento progressivo, treino mental e autogéneo. Após encerradas estas 
etapas foi atribuído o Questionário de Controlo do Stress (QCS) e cada atleta foi solicitado 
relatar o seu comportamento psicológico observado em várias situações, antes, durante e após a 
aplicação das técnicas regulatórias. Três ANOVAS-ONEWAY indicaram não haver nenhuma 
diferença significativa (p<.05) entre os níveis de ansiedade do grupo. Após a aplicação das 
técnicas regulatórias houve uma diminuição significativa (p<.05) da preocupação (componente 
cognitiva) e a tensão (componente somática) e acompanhado de um aumento significativo 
(p<.05) da componente autoconfiança durante a competição. 
Marques e cols., (1992), no seu estudo "Diferenças nas manifestações da ansiedade pé-
competitiva entre atletas de desportos individuais e colectivos", pretendeu verificar em que 
medida os grupos de sujeitos divididos em função do sexo, desporto praticado ou nível 
Ansiedade Pré-compeíiíiva (Natação - Atletismo) 30 
competitivo apresentam diferentes resultados nas distintas escalas dos questionários de 
ansiedade, mediante a realização de uma análise descriminante. A sua amostra foi constituída por 
atletas de ambos sexos divididos em três grupos de idades: (i) menores de 18 anos; (ii) de 18-21 
anos e (iii) maiores de 21 anos. Cada grupo de idade foi sudividido em dois grupos de desportos 
(individuais e colectivos). Como instrumento, usou uma bateria de três questionários relativos a 
antecedentes,manifestações e consequências da ansiedade na competição desportiva (Du 
Bois, 1989; Vanden Anwele,1990, citados por Marques e cols., 1992) baseados no modelo 
multidimensional da ansiedade de Rost e Schermer (1989) onde diferencia nas manifestações os 
aspectos emocionais (de conducta), cognitiva e fisiológicos. Os resultados por ele encontrados 
mostram por um lado, que os atletas de desportos individuais apresentam "manifestações 
fisiológicas" e "manifestações emocionais" da ansiedade em maior quantidade do que atletas de 
desportos colectivos, pelo contrário, resultam menores as pontuações obtidas na escala de 
"distorções mentais e perda de concentração" e por outro, sugerem que nos atletas de desportos 
individuais se desenvolvem em maior medida as componentes autónomo-fisiológico-afectivos da 
ansiedade associados à vivências corporais e expressão de sentimentos estimulados pela mesma 
enquanto que desenvolvem com menos frequência distorções mentais de perda de concentração. 
Por seu turno Pons e cols., (1992), fez um estudo que teve como objectivo analizar as variáveis 
que têm sido estudadas Junto à ansiedade. 
Os resultados do seu estudo permitiram concluir que as variáveis relacionadas com a ansiedade 
são: 
i. Rendimento; 
ii. Sexo; 
iii. Medidas psico fisiológicas; 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 31 
iv. Aspectos situacionais; 
v. Habilidade e experiência; 
vi. Atenção. 
(i) Rendimento 
Em relação à variável Rendimento conclui que o estudo da relação entre a Ansiedade e 
Rendimento tem um sentido negativo, quer dizer, para maior ansiedade haverá pior Rendimento. 
Em relação à ansiedade traço, esta parece mostrar-se como um bom predictor do rendimento dos 
desportistas (Williams; 1986; Rodrigo e cols., 1990, citados por Pons e cols., 1992). Se nos 
centrarmos na ansiedade estado, pode-se concluir que, em geral, maior ansiedade implicará pior 
rendimento. 
Considerando a avaliação multidimensional da ansiedade, os resultados geralmente apoiam 
distintos padrões de relação para cada uma das dimensões da ansiedade, os quais coincidem com 
os encontrados por Morris (1981) citado por Pons e cols., (1992). A ansiedade cognitiva resulta 
melhor preditora do Rendimento do que a ansiedade somática. 
Quanto à relação entre a ansiedade somática e rendimento, é difícil tirar conclusões, já que os 
resultados a esse respeito são controversos, mas parece que sua relação obedeceria às hipóteses 
da teoria do U invertido. 
Outro dos aspectos estudados acerca desta relação e em que se encontraram resultados mais 
consistentes, é a influência do rendimento na ansiedade. De um modo geral, parece que a 
ansiedade diminui com o rendimento, embora os resultados obtidos pelos desportistas e seu nível 
de experiência jogam um papel à hora de determinar o efeito da actividade realizada. 
Ansiedade Pré-competiiiva (Natação - Atletismo) 32 
Estas conclusões coincidem com as expostas por Vealey (1990) na sua revisão sobre a 
investigação levada a cabo com o SCAT e CSAI-2. 
(ii) Sexo 
Outra das questões estudadas é o do efeito do sexo dos sujeitos na ansiedade experimentada 
pelos mesmos. Nos estudos efectuados nota-se que as mulheres tendem a mostrar-se mais 
ansiosas e a verem-se mais afectadas que os homens por variáveis como a importância do êxito. 
(iii) Medidas psicofisiológicas; 
Diversos autores têm investigado a relação entre índices psicofisiológicos que se consideram 
associados a altos níveis de ansiedade e à ansiedade avaliada através de auto-informes. Em 
relação a isso, observa-se que a medida psicofísiológica mais utilizada é a do ritmo cardíaco, 
seguida da conductância da pele. Em ambos mostram-se correlações com a ansiedade 
manifestada através de auto-informes. Para o estudo destas variáveis, parece fundamental que as 
medidas fisiológicas e psicológicas sejam o mais simultâneas possível, e que as medidas 
fisiológicas se efectuem ao longo de toda a sessão (Rossi, 1985, citado por Pons et ai., 1992). 
De um modo geral, é imprescindível um maior controlo das medidas psicofisiológicas e, nos 
parece interessante a proposta de Hackfort (1989) citado por Pons e cols., (1992) acerca das 
avaliações observacionais estruturadas para distinguir as mudanças fisiológicas devido à 
actividade e as mudanças produzidas pela ansiedade, tema fundamental no terreno desportivo. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 33 
(iv) Aspectos situacionais 
Quanto a esta variável o autor encontra como factores mais determinantes as expectativas de 
êxito (Rayney, 1988), que outros autores chamam de oportunidades de ganhar (Lewthaite, 1990, 
citado por Pons e cols., 1992), a ameaça de metas/fins importantes (Cooley, 1987), aspecto 
bastante similar ao anterior, a preparação recebida e as atitudes perante as prestações anteriores 
(Jones e Cols, 1990). Estes resultados coincidem com os modelos de Lazarus (1966), citado por 
Pons e cols., (1992) Spielberger (1970) e Martens (1977), que consideram que a ameaça seria o 
percursor dos estados de ansiedade, e principalmente quando se trata de uma situação de 
avaliação como a situação da competição desportiva. 
(v) Habilidade e experiência 
Os resultados encontrados em relação à influência desta variável permite concluir que, atletas 
mais experientes sofrem menos flutuações na sua ansiedade e consequentemente seu nível de 
ansiedade geral é menor que nos atletas menos experientes. 
(vi) Atenção 
Um aspecto interessante é a investigação da influência da ansiedade na variável atenção. Ambas, 
ansiedade e atenção, ifluem no rendimento. No estudo de Albretch y Feltz (1987) citados por 
Pons e cols., (1992), o qual segue a teoria sobre o estilo atencional de Nideffer, observa-se como 
a ansiedade elevada produz uma redução atencional, e esta, por sua vez, prejudica o rendimento, 
o qual poderia enquadrar-se dentro das teorias actuais da relação entre ansiedade e rendimento, 
que considera a atenção como uma variável moduladora fundamental nesta relação. 
Ansiedade Pré-competiliva (Natação - Atletismo) 34 
Por seu turno, Almeida e cols. (1992), fizeram um estudo com atletas portugueses das 
modalidades de futebol, andebol, atletismo, basquetebol e natação com o objectivo de testar 
algumas predições e relações hipotetizadas entre a ansiedade competitiva e o rendimento 
desportivo onde analisaram, em situações competitivas com diferentes níveis de importância e/ou 
dificuldade, as relações entre o rendimento e as componentes cognitiva e somática da ansiedade, 
bem como entre medidas do traço e do estado de ansiedade competitiva tendo encontrado 
resultados que sugerem uma poderosa evidência para a natureza multidimensional da ansiedade 
competitiva, como também dados inconsistentes relativamente à relação ansiedade - rendimento. 
Raglin e cols., (1990), na sua investigação examinaram a habilidade das raparigas nadadoras do 
ensino superior onde tentou enquadrar a ansiedade pré-competitiva na teoria da Zona Óptima de 
Funcionamento. 70 nadadoras preencheram o questionário "Inventário traço-estado da ansiedade 
pré-competitiva" (STAIC) vinte e quatro horas antes duma competição com baixo nível de 
dificuldades e de outra com alto nível de dificuldades, as atletas deveriam responder o que 
sentiam uma hora antes da competição. A correlação encontrada nos seus resultados foi de 0.77 
nas competições difíceis e de 0.39 nas menos difíceis, tendo concluído que a ansiedade pré-
competitiva é significativamente elevada em competições com um grau de dificuldade elevado e 
mais baixa naquelas onde não há dificuldades. 
Lucciani e Caporicci (1996), no seu estudo "Atitudes psicológicas de crianças na competição", 
tiveram como objectivo verificar a hipótese acerca do papel da ansiedade e o receio do sucesso 
nas crianças praticantes de desporto competitivo com idades compreendidas entre os 3 e 10 anos. 
Os resultados da investigação confirmaram que as criançasem competição são muito afectadas 
por algumas atitudes de atletas adultos. As espontâneas atitudes de corrida e o prazer de competir 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 35 
sem alguma recompensa diminui com a idade, sobretudo pelo impacto do stress emocional e 
pressão exercida por professores e dirigentes desportivos. 
Cruz (1996), fez um estudo que teve como objectivos: i) analisar as relações entre percepção de 
stress e ansiedade , competências psicológicas e sucesso desportivo; ii) identificar os factores 
e/ou variáveis psicológicas que melhor discriminam e diferenciam atletas com diferentes níveis 
de rendimento ou sucesso desportivo; iii) identificar as principais fontes de stress (percepção de 
ameaça) experenciadas na alta competição; iv) avaliar a prevalência de "déficits" de 
competências psicológicas em atletas de alta competição e v) avaliar as diferenças em função do 
sexo e do tipo de desporto (individual/colectivo), nas competências psicológicas, na percepção 
de ameaça gerada na alta competição e no traço de ansiedade competitiva. Participaram neste 
estudo 246 atletas de alta competição e de ambos os sexos das modalidades de andebol, 
basquetebol, natação e atletismo com idades compreendidas entre os 16 e os 33 anos. Foram 
administrados a todos atletas os questionários "PSIS R-5", "SAS" e "EACC-PA". Este autor 
chegou à seguintes conclusões: 
i) Os atletas de elite (com maior sucesso desportivo) perecem caracterizar-se por um maior 
nível de auto-confiança e de motivação, assim como pela experiência de baixos níveis de 
ansiedade relativamente aos atletas com menor sucesso desportivo; 
ii) Independentemente do nível de sucesso desportivo, os atletas com elevadas competências 
de controlo da ansiedade e baixo traço de ansiedade competitiva, percepcionam níveis 
significativamente menores de ameaça na alta competição; 
iii) Um número significativo de atletas de alta competição (entre 20 e 30%) parece 
experienciar dificuldades e/ou problemas psicológicos, ao nível do controlo da ansiedade 
competitiva, da auto-confiança, da concentração e/ou da motivação; 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 36 
iv) O sexo e tipo de desporto parecem constituir importantes variáveis moderadoras na 
relação entre competências psicológicas, ansiedade competitiva e sucesso na alta 
competição; e 
v) A compreensão total da natureza do stress e da ansiedade associados à alta competição 
desportiva, assim como do seu impacto no rendimento e no sucesso desportivo, parece 
passar necessariamente pela clarificação das relações e interacções entre diversas 
variáveis e processos psicológicos inter-dependentes. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 37 
3. OBJECTIVOS, HIPÓTESES E VARIÁVEIS DO ESTUDO 
EMPÍRICO 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 38 
3.1. Objectivos 
Na seqência do que acabamos de tratar e, tendo subjacente a este estudo a procura de 
identificação dos níveis de ansiedade pré-competitiva de atletas de Moçambique, iremos realizar 
um estudo transversal, para o qual colocamos os objectivos seguintes: 
Objectivo principal 
Identificar os níveis de ansiedade pré-competitiva (Ansiedade Somática, Cognitiva e 
Autoconfiança) de atletas Moçambicanos praticantes de Natação e de Atletismo. 
Objectivos secundários 
• Analisar o estado de ansiedade pré-competitiva em função da modalidade praticada: Natação 
(provas de curta distância) e Atletismo (corridas de velocidade). 
• Comparar os níveis do estado de ansiedade em função do Sexo; 
• Comparar os níveis do estado de ansiedade em função da Experiência Competitiva. 
• Verificar a correlação entre as dimensões somática e cognitiva da ansiedade e a 
autoconfiança. 
3.2. Hipóteses 
Com base nos objectivos que pretendemos alcançar e de acordo com os resultados de estudos 
realizados no domínio da ansiedade pré-competitiva, a nível Internacional permitimo-nos colocar 
o seguinte quadro de hipóteses: 
Tomando em consideração que atletas de modalidades individuais apresentam níveis mais 
elevados de ansiedade estado pré-competitiva quando confrontados com atletas de modalidades 
colectivas e, tendo em conta que o presente estudo compara apenas, atletas de modalidades 
individuais, pensamos não encontrar diferenças entre os grupos de sujeitos pelo que propomos: 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 39 
HOI - Não há diferenças, ao nível da ansiedade cognitiva, entre atletas de natação e atletismo; 
H02 - Não há diferenças, ao nível da ansiedade somática entre atletas de natação e atletismo; 
H03 - Não há diferenças, ao nível da autoconfiança entre atletas de natação e atletismo. 
Martens e cols. (1983), na relação que estabelecem entre a ansiedade cognitiva e a 
autoconfiança, referem que a ansiedade cognitiva é tida como a falta de autoconfiança, ou 
inversamente, a autoconfiança é vista como ausência de ansiedade cognitiva. Partindo deste 
pressuposto propomos como hipóteses: 
H4 - Existe uma correlação negativa entre a autoconfiança e a ansiedade cognitiva; 
H5 - Existe uma correlação negativa entre a autoconfiança e a ansiedade somática; 
H6 - Existe uma correlação positiva entre a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática. 
Dos vários estudos efectuados nota-se que as mulheres tendem a mostrar-se mais ansiosas e a 
verem-se mais afectadas que os homens por variáveis como a importância do êxito (Pons e cols. 
1992), pelo que sugerimos as seguintes hipóteses: 
H7 -Os atletas do sexo feminino apresentam níveis de ansiedade cognitiva mais elevados do que 
os do sexo masculino; 
H8 - Os atletas de sexo masculino apresentam níveis inferiores aos dos atletas do sexo feminino 
ao nível da ansiedade somática; 
H9 - Os atletas de sexo masculino apresentam maior autoconfiança do que os do sexo feminino. 
Em relação á variável experiência competitiva vários estudos indicam que os atletas com maior 
experiência competitiva apresentam níveis de controlo de ansiedade mais elevados quando 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 40 
comparados com os jovens atletas portanto, o factor experiência competitiva parece atenuar a 
ansiedade e aumentar a autoconfiança. Acresce, ainda, o facto de, ao nível dos jovens atletas, o 
medo de ter um rendimento inadequado representar a principal fonte de ansiedade pré-
competitiva. Nesta ordem sugerimos as seguintes hipóteses: 
H10 - Atletas mais experientes apresentam níveis de ansiedade cognitiva mais baixos do que os 
menos experientes; 
H l l - Os atletas mais experientes apresentam níveis inferiores de ansiedade somática quando 
comparados com os menos experientes; 
H12 - Os atletas mais experientes apresentam-se mais autoconfiantes do que os menos 
experientes. 
3.3. Variáveis do estudo 
Em conformidade com os objectivos que formulamos para este estudo e com as hipóteses daí 
decorrentes, seleccionamos as variáveis que se apresentam de seguida, bem como as suas 
categorias. A categorização destas variáveis foi efectuada em função das informações fornecidas 
pelos atletas. 
Variáveis Dependentes 
Obtidas através do somatório das cotações atribuídas aos itens que integram o CSAI-2. Este 
questionário avalia o estado de ansiedade pré-competitiva, nas suas três dimensões. A média das 
respostas dos atletas aos itens que integram cada uma delas, constituem as variáveis: 
• Ansiedade cognitiva 
• Ansiedade somática 
• Autoconfiança. 
Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo) 41 
Variáveis Independentes 
• Sexo (Masculino e Feminino); 
• Modalidade desportiva (Atletismo e Natação); 
• Escalão (Juvenil, Júnior e Sénior). 
De referir que o referido escalão está relacionado com os seguintes grupos de idades: 
i) Juvenil: 14-16 anos; 
ii) Júnior: 17-19 anos; 
iii) Sénior: 20 anos ou mais. 
Embora esta variável fosse considerada para este estudo, depois de observado o reduzido número 
de atletas em algumas das categorias desta variável (quadro

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