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Tópicos de Contabilidade Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. João Paulo Lima Revisão Técnica: Prof. Me. Wellington Rodrigues Silva Souza Revisão Textual: Prof.ª Me. Luciene Oliveira da Costa Santos Breves Discussões sobre o Cenário Atual da Contabilidade • A Evolução da Ciência Contábil; • Cenário Atual da Contabilidade – Breve Discussões; • Aspectos Profissionais; • O Brasil no Cenário Contábil Mundial. · Conhecer o processo evolutivo da Ciência Contábil dos seus primórdios aos dias atuais e, também, compreender o atual cenário da Contabilidade no Brasil e seus aspectos profissionais, tendo como referência a adoção das Normas Internacionais de Contabilidade. OBJETIVO DE APRENDIZADO Para que você tenha um melhor aproveitamento, nesta primeira unidade da disciplina Introdução à Contabilidade, seguem algumas orientações de estudo. Inicialmente, é fundamental que você compreenda como se deu a evolução da Ciência Contábil. Dessa forma, além de ler o conteúdo teórico da uni- dade, você deve, também, pesquisar nos livros indicados no item Materiais Complementares. Ao longo da leitura do conteúdo teórico, você deve atentar para importantes discussões sobre o atual cenário da contabilidade, dando muita atenção sobre os órgãos que a regulamentam no mundo, observando como esses órgãos são formados, sobre o que eles deliberam e qual o impacto dessas deliberações no Brasil. Não menos importante é entender os aspectos profissionais da Ciência Contábil no nosso país. Após os estudos de todos esses itens, você estará preparado(a) para realizar as atividades desta unidade. Lembre-se de não deixar para estudar e fazer as atividades na última hora do vencimento dos prazos. Crie uma rotina de estudos e seja disciplinado(a). Isso é fundamental para o seu desenvolvimento profissional. ORIENTAÇÕES Breves Discussões sobre o Cenário Atual da Contabilidade UNIDADE Breves Discussões sobre o Cenário Atual da Contabilidade Contextualização Para iniciarmos esta unidade, convido você a refletir acerca da importância dos Níveis de Governança Corporativa e sua relação com a Contabilidade nos dias atuais. Para tanto, navegue pelo site da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F BOVESPA). Sobre os níveis de Governança Corporativa, você deve acessar o seguinte link especificamente: http://goo.gl/mVvysY Caso você queira conhecer mais sobre o funcionamento do mercado financeiro brasileiro, o site da BM&F BOVESPA é: http://www.bmfbovespa.com.br/home.aspx?idioma=pt-br Ex pl or 6 7 A Evolução da Ciência Contábil A contabilidade foi criada há mais de dez mil anos, a partir da necessidade de mensurar e relatar os recursos das organizações. Com o desenvolvimento social e econômico do norte da Itália, especialmente após o século XII, causado pelo aumento da população e pelas oportunidades econômicas oferecidas pelas Cruzadas, surgem os primeiros sistemas de contabilização, utilizando partidas dobradas, empregados pelos comerciantes para controlar suas operações, especialmente em cidades italianas. A partir de então, o sistema de partidas dobradas passou a ser largamente utilizado, acompanhando a evolução dos padrões comerciais, espalhando-se pela Alemanha, França e pelo Império Britânico, onde foi largamente proliferado por meio das operações comerciais nos séculos XVII e XVIII. A industrialização da América do Norte, parcialmente em resposta aos investimentos britânicos em seguros e ferrovias, levou adiante a expansão do uso das partidas dobradas. Assim, esse conhecimento das partidas dobradas foi disseminado a partir da Europa, especialmente da Espanha e Inglaterra, para a América. Devido à sua grande ascensão econômica, os Estados Unidos se transformaram no principal centro de desenvolvimento da teoria contábil e dos modelos de relatórios financeiros. Portanto, diferentes regulamentações e práticas foram se desenvolvendo isoladamente em função das necessidades locais e das características econômicas dos países. Os principais fatores que originaram esta variedade de padrões contábeis foram: a natureza da atividade econômica; o grau de sofisticação da sociedade e dos negócios; o estágio de desenvolvimento econômico; o padrão e a velocidade do crescimento econômico; o histórico da estabilização de preços ou experiência inflacionária do país e, principalmente, a natureza do sistema legal do país que impacta a abordagem contábil utilizada, bem como os relatórios elaborados pela contabilidade. Para que a contabilidade e os modelos de relatórios tenham desenvolvimento, é necessário, primeiramente, que as entidades relatem as suas atividades econômicas e que a profissão contábil seja consolidada. Isso porque a ausência de controle e gerenciamento da profissão contábil, comum no início do desenvolvimento econômico de um país, gera modelos abrangentes a ponto de abarcar o maior número possível de negócios. Após essa fase de não intervenção (ausência de controle da profissão), as nações passaram a ter muitas variações de economias e de sistemas legais, impondo algum tipo de regulamentação sobre a profissão contábil. Esse regramento foi realizado por meio da regulação direta pelo governo, ou indiretamente por meio de autorregulamentação profissional. 7 UNIDADE Breves Discussões sobre o Cenário Atual da Contabilidade Todavia, a contabilidade e as práticas de relatórios, não obstante as reais variações entre as nações, têm uma notável consistência. Essa, por sua vez, é razoavelmente lógica, dado que todas essas práticas intencionavam atingir objetivos muito próximos. Ao longo do tempo, a diversidade inicialmente existente foi gradativamente diminuindo em função das economias dominantes, especialmente a dos Estados Unidos e da Inglaterra, que criaram um conjunto de práticas preferidas, para aquelas empresas que almejam se engajar em atividades significativas com estas nações ou a elas se aliar. Historicamente, a principal dicotomia de padrões de contabilidade envolve o fato de as nações possuírem um sistema legal consuetudinário (common law) ou codificado (code law). As nações que adotaram a codificação de suas regras de comportamento também tenderam prescrever formalmente as práticas contábeis e os relatórios financeiros e, ainda mais frequentemente, o papel desempenhado pelos relatórios financeiros é o de atender aos sistemas tributários do país. Nesses sistemas, as práticas e as demonstrações financeiras somente podem ser alteradas por meio de modificações na lei, a exemplo do Código de Napoleão e da lei brasileira. Já as nações que têm tradição consuetudinária, por outro lado, possuem sistemas mais tolerantes, geralmente, somente um conjunto de regras governa estas práticas. As demonstrações financeiras tendem a não ser definidas por uma lei do país, mas pelos esforços do setor privado; frequentemente, são produtos de associações de profissionais assistidos pelo trabalho da academia. Assim, nos países de tradição consuetudinária, os objetivos das demonstrações financeiras não estão diretamente relacionados às políticas tributárias. Durante o século XX, existiu a dificuldade de se distinguir um modelo que fosse amplamente utilizado. Muitos sistemas contábeis das nações da América Latina se preocuparam em desenvolver modelos, buscando ajustes para eliminar problemas causados pelas variações de preços, devido aos efeitos de persistente e relevante inflação. Outros países, cujos sistemas legais são codificados, orientam suas práticas de relatórios contábeis tanto para proteger os interesses dos credores, quanto para assegurar efetiva tributação. Mais recentemente, padrões de relatórios financeiros internacionais (Internacional Financial Reporting Standards) emitidos pelo IASB (International Accounting Standards Board) passaram a ser utilizados por muitos países, especialmente pelos europeus. Certamente, a determinação da União Europeia de utilizar padrões de relatórios financeiros internacionais apartir de 2005 aumentou o desenvolvimento desse conjunto de padrões de contabilidade e aumentará a probabilidade de que ela se torne uma norma padrão em termos mundiais. 8 9 Cenário Atual da Contabilidade Breve Discussões No Brasil, existe uma grande preocupação, por parte dos legisladores, com a qualidade da informação contábil decorrente da mudança no cenário econômico mundial. Prova disso são as constantes alterações da Lei das Sociedades por Ações justificadas em seu escopo pelo processo de globalização da economia. Essas alterações têm por objetivo principal criar condições para a harmonização da lei societária brasileira com as melhores práticas contábeis internacionais, no intuito de eliminar as dificuldades de interpretação e aceitação das informações financeiras emitidas por empresas brasileiras no cenário internacional, melhorando a sua qualidade e, consequentemente, tornando-as mais úteis aos usuários externos. Nesse sentido, a harmonização, em primeiro lugar, abre o mercado brasileiro aos investidores internacionais, e torna o mercado de capitais e o sistema financeiro brasileiro mais transparentes para as agências internacionais, melhorando assim o nosso relacionamento e a nossa imagem com esses organismos internacionais, além de reduzir o risco-país. Por isso foi criado no Brasil um órgão não governamental regulamentador das práticas e normas contábeis denominado Comitê de Práticas Contábeis (CPC), a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos da América, onde o Financial Accounting Foundation (FAF), por intermédio de sua subsidiária, o Financial Accounting Standard Board (FASB), é um dos órgãos responsáveis pela regulamentação dos procedimentos e das práticas contábeis. Tal iniciativa é de fundamental importância para o país, à medida que viabiliza a realização de alterações na norma contábil com maior flexibilidade, permitindo efetuar as mudanças necessárias às necessidades contábeis que surgem em decorrência das alterações, ampliação e complexidade do mundo dos negócios, não ficando, portanto, a regulamentação contábil atrelada à legislação societária, no sentido de buscar caminhos de autorregulação, similarmente ao modelo norte-americano. Por outro lado, em nível internacional, existe o IASB, órgão que emite pronunciamentos denominados Internacional Accounting Standards (IAS), utilizados como referência em diversos países. Seus pronunciamentos são aceitos como parâmetro de publicação em quase todas as bolsas de valores do mundo, para as empresas que nelas desejam negociar seus valores mobiliários, auxiliando, dessa forma, o acesso aos mercados de capitais mundiais e tornando as empresas que utilizam tais padrões capazes de ser ativamente participantes da atual economia globalizada. 9 UNIDADE Breves Discussões sobre o Cenário Atual da Contabilidade Para se ter uma noção da importância do IASB, um fato marcante, ocorreu no ano de 2002, quando a Comunidade Europeia (CE) aprovou uma regulamentação que torna obrigatória, a partir de 2005, a elaboração de demonstrações financeiras consolidadas de acordo com os pronunciamentos emitidos pelo IASB para todas as companhias abertas de seus países membros. Essa resolução da CE representa um marco histórico no processo de harmonização contábil das práticas contábeis mundiais, uma vez que esse grande bloco econômico passou a divulgar aos seus usuários externos informações consolidadas passíveis de comparação. Esse procedimento possivelmente impulsionará outras iniciativas nesse sentindo, haja vista a grande redução de custos provocada por esse processo de harmonização, especialmente no que tange à conversão das demonstrações contábeis de acordo com os princípios de contabilidade geralmente aceitos de um país para o outro. Prova disso é que a Austrália também passou a adotar os pronunciamentos emitidos pelo IASB a partir de 2005 e o Brasil a partir de 2008. A importância da elaboração de relatórios financeiros pode ser ressaltada por uma inovação introduzida, no Brasil, pela Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F BOVESPA), em dezembro de 2000, que definiu um conjunto de normas de conduta para as empresas, no intuito de oferecer aos investidores melhorias nas práticas de governança corporativa e de transparência, pois define que a valorização e a liquidez das ações de um mercado são influenciadas positivamente pelo grau de segurança que os direitos concedidos aos acionistas oferecem e pela qualidade da informação prestada pelas empresas. Aspectos Profissionais O século XX apresentou duas décadas importantes para o desenvolvimento da profissão contábil e da contabilidade de modo geral: as décadas de 1940 e 1970. Logicamente, os avanços colhidos nesse período não estão dissociados das várias ações empreendidas desde o início do século XX e mesmo do século anterior. Inicialmente, em 1940 foi editado o Decreto-lei 2.627, a primeira Lei de Sociedade por Ações do Brasil, o que efetivamente representou um avanço para a contabilidade, pois, até então, não havia normas contábeis padronizadas no país. A norma legal apresentava, ainda, padrões básicos para a elaboração e levantamento do Balanço e da Demonstração de Lucros e Perdas. Nessa mesma década, mais precisamente no ano de 1946, com a publicação de outro Decreto-lei (9.295), foi criado o Conselho Federal de Contabilidade, que definia, entre outros pontos relevantes, as atribuições dos contabilistas. Contadores, ou seja, os graduados em cursos universitários de Ciências Contábeis, os técnicos em contabilidade, provenientes das primeiras escolas técnicas comerciais, apresentando, portanto, nível médio, e os guarda-livros, que eram pessoas que, apesar de não apresentarem escolaridade formal em contabilidade, exerciam atividades de escrituração contábil. 10 11 Apesar de representar um avanço, pois o decreto deu status de nível superior à profissão de contador, alguns problemas surgiram em função da publicação desse decreto-lei, visto que ele não definia claramente as atribuições de cada uma das partes, fazendo com que técnicos de nível médio e guarda-livros pudessem realizar quase que as mesmas atividades daqueles que concluíam curso superior em ciências contábeis. Tal fato trouxe como consequência a perda de prestígio da contabilidade em relação a outras profissões de nível superior, fazendo com que muitos jovens não optassem por ela, visto que a profissão de contador não lhes concedia o mesmo status das outras. Nesse mesmo ano, é criado o curso superior em Ciências Contábeis, que como visto anteriormente foi iniciado juntamente com a área de atuária. Na década seguinte, a Lei 3.384/58 dá nova denominação à profissão de guarda- livros, que passa a integrar a categoria profissional de técnico em contabilidade. Contudo, a referida lei não fez menção às atribuições dos técnicos em contabilidade, o que continuou permitindo ainda a realização, por parte desses profissionais, de praticamente todas as atividades contábeis requeridas dos graduados nos cursos de Ciências Contábeis. Somente em 1972, quando da publicação de algumas legislações, tais como a Resolução 220 e as Circulares 178 e 179, todas emitidas pelo Banco Central do Brasil, é que se começa a delimitar atribuições específicas para contadores. Tais regulamentações referiam-se a procedimentos de auditoria contábil que só poderiam ser realizados por contadores. A década de 1970 também foi profícua para a contabilidade no Brasil, visto que dois fatos importantes para o desenvolvimento contábil ocorreram nessa época, mais precisamente em 1976: a) aprovação da Lei 6.404, a Lei das Sociedades Anônimas, que alterava substancialmente a estrutura contábil até então existente no país; b) a criação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), através da Lei n° 6.385, inspirada na SEC (Securities and Exchange Comission) dos Estados Unidos. Esse órgão passou a incumbir-se de algumas atribuições do Banco Central e passou a regular, prestar consultoriae julgar, em instância administrativa, operações relativas a órgãos, entidades e/ou profissões sob sua jurisdição, dentre as quais, as sociedades anônimas e os auditores independentes. Tais eventos motivaram a expansão do mercado de trabalho da profissão contábil, colaborando ainda para que os profissionais se preocupassem em adquirir rapidamente os conhecimentos específicos apresentados na lei. Pode-se dizer que, a partir de então, os profissionais passaram a reconhecer que era necessário um aprendizado sempre constante, caso quisessem usufruir das vantagens que tais eventos causaram na expansão da profissão e na maior oferta de empregos no mercado de trabalho. 11 UNIDADE Breves Discussões sobre o Cenário Atual da Contabilidade O que se percebe é que a profissão contábil no Brasil, em termos de desenvolvimento e estrutura de sua legislação profissional, é bastante recente e foi construída a partir de experiências oriundas de outros países, principalmente os Estados Unidos. A estrutura contábil de nosso país, de modo geral, é boa, mas é certo que alguns passos ainda precisam ser dados para que ela alcance o nível de países mais desenvolvidos. Durante a década de 1980, o país viveu o auge de um processo inflacionário que teve início nos anos 1960, e nesse período atingiu seu ápice. Os preços dos produtos modificavam da noite para o dia, os valores dos produtos e serviços eram ajustados diariamente por meio de índices de referência estabelecidos pelo governo. Com todo esse cenário nebuloso, o intuito de tornar próximas à realidade as informações apresentadas pelas empresas nos seus demonstrativos financeiros, muito se utilizou da denominada “Correção Monetária Integral”, onde todas as contas do Balanço eram atualizadas pelos índices inflacionários. Muito estudo e pesquisa, com criação de modelos e métodos aplicáveis, foram apresentados nesse período, o que era realmente necessário em função da situação de alta instabilidade econômica e financeira em que vivíamos. É nesse período que a CVM emite a Deliberação 29/86, referendando e aprovando o pronunciamento do Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON) sobre Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade. Outro instrumento legal apresentado pelo Conselho Federal de Contabilidade (Resolução n° 750/93) versa sobre o mesmo tema, apontando mais objetivamente os princípios de contabilidade. O estabelecimento de princípios, como os propostos pela Deliberação 29/86 e Resolução n° 750/93, visava não só conceder uma uniformidade terminológica, mas também criar bases para a normalização dos procedimentos contábeis a serem utilizados por todos os profissionais. Nesse sentindo, a Lei n° 6.404/76, em seu artigo 177, determina: A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. Preocupações com a contabilidade socioambiental também ganharam evidência, até mesmo porque, além das pressões internacionais, houve significativa mudança na legislação ambiental, tornando-a muito rígida e penalizando de forma mais severa empresas que a descumprissem. 12 13 O ritmo frenético das mudanças foi (e ainda é) motivo de preocupação da classe contábil. Diante desse cenário altamente complexo e com avanços e alterações cada vez mais rápidas nas áreas sociais, da tecnologia e também da economia, a contabilidade nacional viu aflorar na década de 1990 uma série de eventos, pressões e preocupações em várias áreas conforme Quadro 1. Quadro 1 – Alguns acontecimentos que infl uenciaram o avanço da contabilidade: Áreas Eventos, procedimentos ou acontecimentos Social e ambiental Pressão para publicação de balanços sociais. Discussão sobre a riqueza gerada pelas empresas e suas formas de distribuição (valor agregado). Importância do marketing social das empresas. Estudos sobre contabilidade ambiental (mensuração de ativos, passivos e custos ambientais etc.). Mudanças na legislação ambiental (afeta diretamente as empresas). Educacional Ênfase na educação continuada. Estabelecimento do exame de suficiência (necessário para a obtenção do registro profissional). Preocupações sobre a necessidade de melhoria da qualidade dos programas de graduação de contabilidade. Econômico e financeiro Mudança nos procedimentos contábeis internacionais. Necessidade de alterações na legislação contábil nacional. Na busca de profissionais mais capacitados, o Conselho Federal de Contabilidade iniciou a aplicação do exame de suficiência para todos os recém-formados como pré-requisito para o seu registro nos conselhos regionais. Esse exame fez parte de uma série de ações voltadas para a melhoria da qualidade dos profissionais, juntamente com a adoção de programas de educação continuada por meio de cursos de aperfeiçoamento, seminários ou fóruns de estudos. Havia uma preocupação geral com a necessidade de os profissionais se manterem atualizados. Em razão desse novo cenário, novas competências passaram a ser requeridas daqueles que pretendiam participar e atuar ativamente nesse mercado de trabalho altamente competitivo, de concorrência acirrada e com grande grau de incertezas em face das mudanças cada vez mais rápidas e constantes. A tão propalada globalização, em linhas gerais, trouxe consigo uma série de alterações no cenário econômico mundial: · redução drástica dos níveis de emprego em função da retração do mercado de trabalho; · aumento da competição internacional, fazendo surgir novas e grandes empresas, formadas a partir de processos de fusões ou aquisições; · procura por novos mercados como forma de se escoar toda a produção mundial; · utilização em muito maior escala de produtos e serviços provenientes da tecnologia. Dentro desse cenário, o Brasil passou a ter destaque, já que possui uma vasta dimensão territorial e um número populacional elevado com forte potencial de utilização de serviços provenientes da tecnologia. Isso o torna um mercado atraente e essa é a principal razão para a inserção de um número consideravelmente maior e mais diversificado de empresas internacionais em nosso território. 13 UNIDADE Breves Discussões sobre o Cenário Atual da Contabilidade Consequentemente, num curto período, as empresas nacionais tiveram que se adaptar a um novo modelo de atividade empresarial, baseado na competitividade e na baixa gradativa dos custos, como forma de permanência num mercado cada dia mais exigente e de maior concorrência. A realização de controles efetivos dos recursos torna-se ainda mais fundamental, visto que a influência das tecnologias da informação e da comunicação aumentou grandemente em velocidade e variedade, causando impacto tanto na rotina diária e na prática profissional das pessoas como também na gestão dos negócios empresariais. O Brasil no Cenário Contábil Mundial O início desse século foi promissor para a contabilidade nacional, visto que uma série de legislações, procedimentos e ações têm sido empreendidas no intuito de fazer com que a contabilidade brasileira esteja em harmonia com as melhores práticas internacionais. Ajustes à Lei 6.404/76, Lei das Sociedades por Ações, ainda em vigor no país foram sugeridos em 2000, por meio de um Projeto de Lei enviado ao congresso nacional. O novo Código Civil também pode ser considerado um fato importante, pois vários de seus capítulos lidam com muitas questões empresariais e, consequentemente, atinge vários aspectos contábeis importantes como escrituração e participação do profissional de contabilidade como representante da empresa junto a órgãos e repartições, por exemplo. Além disso, em 2005 foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), órgão idealizador de normas e pronunciamentos formado a partir da união de esforços e comunhão deobjetivos das principais entidades nacionais que versavam sobre assuntos contábeis, a saber: · Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA); · Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC); · Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (BOVESPA); · Conselho Federal de Contabilidade (CFC); · Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI); · Instituto Brasileiro de Contadores (IBRACON). · Além dos membros efetivos, são também convidados a participar das reuniões e decisões os seguintes órgãos: · Banco Central do Brasil; · Comissão de Valores Mobiliários (CVM); 14 15 · Secretaria da Receita Federal; · Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). O CPC foi criado pela Resolução CFC n° 1.055/05 e tem como objetivo: [...] o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. Nesse sentido, o objetivo básico do CPC é emitir pronunciamentos a fim de harmonizar os procedimentos contábeis do país ao restante do planeta. É importante frisar que o CPC é uma instituição totalmente autônoma das entidades representadas. Suas deliberações ocorrem sempre a partir da concordância ou consenso de pelos menos 2/3 de seus membros. O Conselho Federal de Contabilidade é quem fornece a estrutura física necessária ao seu funcionamento. Dessa forma, com a criação do CPC o Brasil passa ter uma estrutura contábil mais organizada e centralizada, definida por contadores e nos moldes dos principais centros econômicos do planeta. A estrutura e a composição do CPC tiveram como espelho a organização do Financial Accounting Standard Board (FASB), entidade norte-americana que legisla sobre questões contábeis naquele país desde a década de 70 do século passado. As similaridades entre as composições podem ser vistas no Quadro 2. 15 UNIDADE Breves Discussões sobre o Cenário Atual da Contabilidade Quadro 2 – Comparativo do FASB e do CPC: Representações CPC FASB Regulador do mercado de ações Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (BM&F BOVESPA) - Classe Profissional Conselho Federal de Contabilidade (CFC) Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados (AICPA)1 Empresariado Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA) Instituto dos Financistas Executivos2 Analistas Financeiros Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC) Federação de Analistas Financeiros3 e Associação Industrial de Títulos4 Educacional Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI) Associação Americana de Contadores (AAA)5 Auditores Independentes Instituto Brasileiro dos Contadores (IBRACON) - Contadores Públicos - Associação Nacional dos Auditores, Fiscais e Tesoureiros do Governo6 Contadores Industriais - Associação Nacional de Contadores7 1 American Institute of Certified Public Accountants; 2 Financial Executive Institute; 3 Financial Analysts Federation; 4 Securities Industrial Association; 5 American Accounting Association; 6 National Association of State Auditors, Comptrollers and Treasures; 7National Association of Accounting. O CPC tem, a partir de então, emitido Pronunciamentos Técnicos com o claro objetivo de adaptar as normas contábeis nacionais às práticas utilizadas pelo IASB através dos pronunciamentos daquele instituto. Outro evento importante para a contabilidade nacional no início do século XXI foi a edição da Lei 11.638/07, que altera dispositivos importantes da Lei 6.404/76 vigente até então. Importante salientar que a referida Lei foi fruto de Projeto de Lei enviado ao congresso nacional em 2000 (PL 3.741/00). Como se pode observar, o projeto tramitou por sete anos no congresso e quando foi promulgado já apresentava certa defasagem, visto que nesse período vários novos eventos modificaram substancialmente algumas concepções contábeis em nível mundial. Essa foi, sem dúvida, a principal razão para a apresentação da Medida Provisória 449, editada em 8 de dezembro de 2008, e que se tornou lei em maio de 2009 (Lei 11.941). Como se observa, a primeira década do presente século trouxe mudanças significativas na contabilidade brasileira resumidamente apresentada no Quadro 3. Quadro 3 – Primeira década do século XXI – principais eventos que impulsionaram a contabilidade no Brasil: Ano Evento 2000 Projeto de Lei 3.741, enviado ao Congresso Nacional 2002 Novo Código Civil 2005 Criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis 2007 Lei 11.638/07 (originada do Projeto de Lei 3.471/00) 2008 Medida Provisória 449/08 2009 Lei 11.941/09 – ratificando Medida Provisória 449/08 16 17 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Curso de contabilidade avançada em IFRS e CPC ALMEIDA, M. C.São Paulo: Atlas, 2014. (e-book) Contabilidade avançada e internacional MULLER, A. N.; SCHERER, L. M. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. (e-book) IFRS e CPC OLIVEIRA, A. B.; SIQUEIRA, D. guia de aplicação contábil para contexto brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2013. (e-book) Leitura Contabilidade: Aspectos Relevantes da Epopeia de sua Evolução autoria dos professores: Sérgio de Iudícibus, Eliseu Martins e Nelson Carvalho, disponível na Revista de Contabilidade e Finanças da FEA-USP. http://www.scielo.br/pdf/rcf/v16n38/v16n38a02.pdf 17 Referências CARVALHO, L. Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fábio Moraes da (Colab.). Contabilidade internacional: aplicação das IFRS 2005. São Paulo: Atlas, 2011. FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por ações: (aplicável às demais sociedades). 7. ed., rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2010. SCHMIDT, Paulo; SANTOS, Jose Luis; FERNANDES, Luciane Alves. Contabilidade internacional avançada. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. NIYAMA, Jorge Katsumi. Contabilidade internacional: causas das diferenças internacionais, convergência contábil internacional. Estudo comparativo entre países, divergências nos critérios de reconhecimento e mensuração, evidenciação segundo FASB e IASB. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 18
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