Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO RIO GRANDE DO NORTEFEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA Estudo de Estratégias de Otimização para Poços de Petróleo com Elevação por Bombeio de Cavidades Progressivas Benno Waldemar Assmann Orientador: Prof. Dr. Andres Ortiz Salazar Co-orientador: Prof. Dr. João Alves de Lima Tese de Doutorado apresentada ao Pro- grama de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da UFRN (área de concentração: Automação e Sistemas) como parte dos re- quisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências. Número de ordem PPgEE: D027 Natal, RN, Fevereiro de 2008 Estudo de Estratégias de Otimização para Poços de Petróleo com Elevação por Bombeio de Cavidades Progressivas Benno Waldemar Assmann Tese de Doutorado aprovada em 08 de fevereiro de 2008 pela banca examinadora com- posta pelos seguintes membros: D.Sc. Andres Ortiz Salazar (orientador) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DCA/UFRN D.Sc. João Alves de Lima (co-orientador) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DEM/UFRN D.Sc. Otacílio da Mota Almeida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . UFCE/DEE D.Sc. Valdir Estevam . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Petrobras/E&P/ENGP/EE D.Sc. André Laurindo Maitelli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DCA/UFRN Aos meus filhos, Felipe e Vitor, minha esposa, Sônia, e minha mãe, Nilsa, pela paciência, apoio e por suportarem a minha ausência durante a realização deste trabalho. Ao meu pai (in memorian), Silvio, pelo seu inspirador exemplo de dedicação e trabalho. Agradecimentos Ao meu orientador e ao meu co-orientador, professores Ortiz e João Lima, sou grato pela orientação, sugestões e incentivo. Aos colegas da Petrobras, em especial do ENGP/ELV pelo apoio e aos colegas do ATP- MO/OP-CAM e ATP-MO/MI pela presteza na instalação e apoio nos procedimentos de campo. Aos demais colegas de pós-graduação, pelas críticas e sugestões. À Petrobras, que financiou, apoiou e incentivou a realização deste trabalho. Aos colegas do projeto AUTOPOC da UFRN, do qual este trabalho faz parte, especial- mente a sua coordenação, pelo apoio. Resumo O sistema de elevação por bombeio de cavidades progressivas, BCP, tem se tornado uma importante tecnologia de produção de poços de petróleo. Na medida em que cresce o uso desta técnica, torna-se cada vez mais útil o conhecimento de seu comportamento dinâmico, a aplicação das tecnologias de controle e o desenvolvimento de sistemas espe- cialistas para dimensionamento dos equipamentos. Este trabalho apresenta o desenvolvi- mento de ferramentas de análise, controle e dimensionamento a serem aplicadas a este método de elevação. O método de elevação artificial por bombeio de cavidades progressivas é composto por uma bomba de cavidades progressivas instalada dentro do poço na extremidade inferior da coluna de produção através das quais o fluido é bombeado. A bomba, que consiste de duas peças, um estator e um rotor é acionada através da rotaçao do rotor através de uma coluna de hastes. Os equipamentos de superfície geram e transmitem a rotação para esta coluna de hastes. Em primeiro lugar, apresenta-se o desenvolvimento de uma modelagem matemática dinâmica completa do sistema de elevação por bombeio de cavidades progressivas. Este modelo é simplicado para uso em diversas situações, inclusive a condição de regime per- manente para fins de dimensionamento do sistema. A partir deste modelo matemático foi desenvolvido um simulador dinâmico do sistema capaz de auxiliar na análise do sistema e atuar em conjunto com controladores de forma a permitir o teste e desenvolvimento de algoritmos de controle. O desenvolvimento seguinte visa aplicar as técnicas de controle ao sistema de ele- vação por bombeio de cavidades progressivas com a finalidade de otimizar a velocidade de bombeio de forma a se obter produtividade e durabilidade dos componentes de sub- superfície. É feita a linearização do modelo matemático, permitindo aplicar as técnicas convencionais de controle, incluindo a análise de observabilidade e controlabilidade, es- tabelecendo técnicas de projeto de controle PI. As condições de estabilidade são estabele- cidas em torno do ponto de operação para o modelo linearizado. É, também, desenvolvido um sistema de controle fuzzy baseado em regras a partir de um sistema de controle PI utilizando uma máquina de inferência baseada nas t-normas de Mandami. A lógica fuzzy também é aplicada no desenvolvimento de um sistema especialista para dimensionamento de BCP baseado em lógica fuzzy. As técnicas de simulação, linearização e obtenção da função de transferência lineari- zada foram aplicadas a um poço real ao qual foi implementado um sistema de controle constituído de sensor de pressão de sucção da bomba, controlador industrial e variador de freqüência. Aplicaram-se as técnicas de projeto de controle PI e controlador fuzzy ao poço e comparou-se o comportamento dos dois controladores por simulação. A res- posta em malha aberta da função de transferência foi comparada com a resposta em malha aberta medida no poço, para fins de validação da técnica de modelagem matemática e de simulação utilizadas. Foi realizado um estudo de caso de dimensionamento de sistema BCP para validação do sistema especialista. Palavras-chave: Controle de Processo, Controle fuzzy, Elevação Artificial de Petróleo, Bombeio por Cavidades Progressivas, Sistema especialista Abstract The progressing cavity pump artificial lift system, PCP, is a main lift system used in oil production industry. As this artificial lift application grows the knowledge of it’s dynamics behavior, the application of automatic control and the developing of equipment selection design specialist systems are more useful. This work presents tools for dynamic analysis, control technics and a specialist system for selecting lift equipments for this artificial lift technology. The PCP artificial lift system consists of a progressing cavity pump installed downhole in the production tubing edge. The pump consists of two parts, a stator and a rotor, and is set in motion by the rotation of the rotor transmitted through a rod string installed in the tubing. The surface equipment generates and transmits the rotation to the rod string. First, is presented the developing of a complete mathematical dynamic model of PCP system. This model is simplified for use in several conditions, including steady state for sizing PCP equipments, like pump, rod string and drive head. This model is used to implement a computer simulator able to help in system analysis and to operates as a well with a controller and allows testing and developing of control algorithms. The next developing applies control technics to PCP system to optimize pumping ve- locity to achieve productivity and durability of downhole components. The mathematical model is linearized to apply conventional control technics including observability and controllability of the system and develop design rules for PI controller. Stability condi- tions are stated for operation point of the system. A fuzzy rule-based control system are developed from a PI controller using a inference machine based on Mandami operators. The fuzzy logic is applied to develop a specialist system that selects PCP equipments too. The developed technics to simulate and the linearized model was used in an actual well where a control system is installed. This control system consists of a pump intake pressure sensor, an industrial controller and a variable speed drive. The PI control was applied and fuzzy controller was applied to optimize simulated and actual well operation and the results was compared. The simulated and actual open loop response was compared to validate simulation. A case study was accomplished to validate equipment selection specialist system. Keywords: InteligentAutomatic Control, Artificial Lift, Progressing Cavity, Espe- cialist System, Simulator, Fuzzy Logic Sumário Sumário i Lista de Figuras v Lista de Tabelas ix Lista de Símbolos e Abreviaturas xi 1 Introdução 1 1.1 O Bombeio de Cavidades Progressivas na Indústria do Petróleo . . . . . . 1 1.2 Justificativa e motivação do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.3 Importância do Controle de Velocidade no Sistema BCP . . . . . . . . . 7 1.4 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.5 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.6 Apresentação e Organização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2 A elevação de Petróleo 13 2.1 O poço de Petróleo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.2 Fases da vida de um poço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.2.1 Perfuração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.2.2 Completação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.2.3 Produção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.2.4 Abandono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.3 Elevação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2.3.1 Elevação Natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.3.2 Elevação Artificial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 3 Simulador Dinâmico BCP 33 3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 3.2 Estrutura do Simulador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 3.3 O sistema BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3.4 Modelo Matemático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.4.1 Motor de Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 3.4.2 Propriedades dos fluidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 3.4.3 Diferencial de pressão na bomba . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 i 3.4.4 Bomba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.4.5 Coluna de hastes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 3.4.6 Anular Revestimento - coluna de produção . . . . . . . . . . . . 75 3.5 Dimensionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 3.6 Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 3.7 Interface Gráfica do Simulador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 3.8 Simplificação do Modelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 3.8.1 Parada com Rotor Preso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 3.8.2 Parada Normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 3.8.3 Sistema de Controle de Reversão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92 3.8.4 Operação Normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 3.9 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 4 Controle e Monitoramento 95 4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 4.2 Instrumentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 4.2.1 Registro de nível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 4.2.2 Medição de pressão de sucção e de recalque da bomba . . . . . . 97 4.2.3 Medição da Carga Axial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 4.2.4 Medição da potência elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 4.2.5 Medição de torque e outras possibilidades . . . . . . . . . . . . . 100 4.3 Controlador PI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 4.3.1 Modelo linear da BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 4.3.2 Modelo Linear Simplificado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 4.3.3 Sistema Linearizado no Ponto de Operação . . . . . . . . . . . . 104 4.3.4 Bomba Posicionada Acima dos Canhoneados . . . . . . . . . . . 104 4.3.5 Bomba Posicionada Abaixo dos Canhoneados . . . . . . . . . . . 105 4.3.6 Resposta em Malha Aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 4.3.7 Resposta em Malha Fechada e Projeto do Controlador . . . . . . 106 4.4 Lógica Fuzzy aplicada ao BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 4.4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 4.4.2 Aplicações da Lógica fuzzy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 4.4.3 Fundamentos de Lógica Fuzzy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 4.4.4 Desenvolvimento de um controlador PI- fuzzy . . . . . . . . . . . 120 4.5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 5 Sistema Especialista para Projeto de BCP 129 5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 5.2 Sistema Especialista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 5.2.1 Objetivos de um sistema especialista . . . . . . . . . . . . . . . . 130 5.2.2 Características de um Sistema Especialista . . . . . . . . . . . . 130 5.2.3 Vantagens e Desvantagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 5.2.4 Funcionamento de um Sistema Especialista . . . . . . . . . . . . 131 5.2.5 O uso de um Sistema Especialista . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 5.2.6 Justificativa de um Sistema Especialista de Dimensionamento de BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 5.3 Dimensionamento do sistema BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 5.4 Estrutura do sistema especialista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 5.5 Critérios de Projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 5.6 Dados de Entrada do Usuário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 5.7 Base de dados de equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 5.8 Simulação das condições de regime . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 5.9 Conjuntos Fuzzy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 5.10 Base de conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 5.11 Interface Gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 5.12 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 6 Resultados 153 6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 6.2 Controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 6.2.1 Instalações de Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153 6.2.2 Projeto de controle PI para o Poço . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 6.2.3 Especificação do Controlador PI-fuzzy . . . . . . . . . . . . . . 165 6.2.4 Simulação e Resposta em Malha Aberta . . . . . . . . . . . . . . 166 6.2.5 Simulação Comparada em Malha Fechada . . . . . . . . . . . . . 167 6.2.6 Codificação e Teste do Controle Fuzzy no Controlador . . . . . . 167 6.2.7 Supervisão no SISAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 6.2.8 Dados de Campo e Análise dos Resultados . . . . . . . . . . . . 178 6.3 Sistema Especialista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182 6.3.1 Problema Proposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182 6.3.2 Características do Poço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 6.3.3 Disponibilidade de Equipamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 6.3.4 Detalhamento do Processo de Inferência . . . . . . . . . . . . . . 184 6.3.5 Análise dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 6.4 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 7 Conclusões e Recomendações 191 Referências bibliográficas 194 A Algoritmo de Controle - Código ACL 205 B Algoritmo de Controle - Código LADDER 213 Lista de Figuras 1.1 Esquema de um poço BCP . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 4 1.2 Peças que compõem a bomba de cavidades progressivas - o rotor e o estator 4 2.1 Armadilhas ou Trapas 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.2 Armadilhas ou Trapas 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.3 Operação de um broca de perfuração e circulação de lama . . . . . . . . 16 2.4 Canhoneio de um poço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.5 Esquema de completação típica de um poço surgente . . . . . . . . . . . 18 2.6 Esquema típico de um poço surgente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2.7 TPR e IPR de um poço e seu ponto de operação . . . . . . . . . . . . . . 23 2.8 Completação típica de gas-lift contínuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.9 Operação de válvula de de gas-lift . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.10 Esquema de uma bomba alternativa de fundo . . . . . . . . . . . . . . . 26 2.11 Curso descendente da bomba alternativa de fundo . . . . . . . . . . . . . 27 2.12 Curso ascendente da bomba alternativa de fundo . . . . . . . . . . . . . 27 2.13 Unidade de Bombeio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2.14 Esquema Típico de Instalação de Fundo de um BCS . . . . . . . . . . . . 29 2.15 Esquema de Fundo e Superfície de um sistema BCS . . . . . . . . . . . . 30 2.16 Instalação típica de bombeamento hidráulico a jato . . . . . . . . . . . . 31 3.1 Estrutura do Simulador de BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 3.2 O sistema BCP e suas partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 3.3 Acoplamento magnético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.4 Relação entre abc e dq0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 3.5 Distribuição de velocidade no escoamento anular laminar . . . . . . . . 49 3.6 Esquema de discretização das equações de conservação . . . . . . . . . 54 3.7 Esquema de discretização da equação de transporte de gás . . . . . . . . 54 3.8 Bomba de Cavidades Progressivas Single lobe . . . . . . . . . . . . . . . 56 3.9 Características de uma bomba BCP 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 3.10 Cararcterísticas de uma bomba BCP 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 3.11 Conexões de uma bomba BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 3.12 Movimento excêntrico do eixo do rotor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 3.13 Deslocamento da bomba BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 3.14 Desempenho de bancada de uma bomba BCP . . . . . . . . . . . . . . . 63 3.15 Setorização de um estágio da bomba BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 3.16 Variável z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 3.17 Variável xC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 v 3.18 Variável θ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 3.19 Relação entre as variáveis numa bomba BCP na posição de referência . . 69 3.20 Relação entre as variáveis numa bomba BCP na posição correspondente a um ângulo com relação à posição de referência . . . . . . . . . . . . . 70 3.21 seção transversal do volume da cavidade . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 3.22 Deformação do elastômero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 3.23 Esforços na coluna de hastes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 3.24 Circuito mecânico representando os esforços de torção na coluna de hastes 74 3.25 Equilíbrio de massas no anular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 3.26 IPR composta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 3.27 Fluxograma de processo de dimensionamento . . . . . . . . . . . . . . . 78 3.28 Acoplamento entre os diversos subsistemas . . . . . . . . . . . . . . . . 79 3.29 Fluxograma da Classe SimuladorBCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 3.30 Tela Principal do Simulador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 3.31 Tela de configuração do Poço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 3.32 Tela de configuração do Acionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 3.33 Tela de configuração da Bomba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 3.34 Tela de configuração do Fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 3.35 Tela de configuração do Reservatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 3.36 Tela de configuração do Anular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 3.37 Tela de configuração da Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 4.1 Instrumentação Ideal para BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 4.2 Diagrama de Blocos em Malha Fechada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 4.3 Conceito de pertinência tradicional (esquerda) e fuzzy (direita) . . . . . . 118 4.4 Funções de pertinência usuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 4.5 Fuzzificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 4.6 Esquema Geral de fuzzificação das entradas erro e variação do erro . . . 125 4.7 Regras de Controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 4.8 Concepção do Controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 5.1 Estrutura de um Sistema Especialista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 5.2 Tela de Apresentação de Dados de Bombas . . . . . . . . . . . . . . . . 141 5.3 Tela de Apresentação de Dados de Cabeçotes . . . . . . . . . . . . . . . 142 5.4 Fuzzificação dos Fatores de Utilização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 5.5 Fluxograma de Processamento de Informação do Sistema Especialista para Dimensionamento de BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 5.6 Regras de Produção de Avaliação de Bomba . . . . . . . . . . . . . . . . 146 5.7 Regras de Produção de Avaliação de Hastes . . . . . . . . . . . . . . . . 146 5.8 Regras de Produção de Avaliação de Cabeçotes . . . . . . . . . . . . . . 146 5.9 Tela Principal do Sistema Especialista DIMBCP . . . . . . . . . . . . . 148 5.10 Tela de seleção de Cabeçote . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 5.11 Tela de seleção de coluna de hastes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 5.12 Tela de seleção de Bombas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150 5.13 Tela de entrada e de Resultados do Sistema Especialista de Dimensiona- mento de BCP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151 5.14 Tela de entrada de outros dados do Sistema Especialista . . . . . . . . . 152 5.15 Tela de configuração de faixas de utilização ótimas e toleráveis . . . . . . 152 6.1 Instalações de superfície . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154 6.2 Variador de Freqüência CFW09 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156 6.3 Entradas e Saídas Analógicas e Digitais do VSD . . . . . . . . . . . . . 156 6.4 Controlador EXS-1000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157 6.5 Entradas Analógicas do Controlador EXS-1000 . . . . . . . . . . . . . . 157 6.6 Saídas Analógicas do Controlador EXS-1000 . . . . . . . . . . . . . . . 158 6.7 Instalação física do controlador, rádio VHF e antena de comunicação . . 158 6.8 Ligações entre os equipamentos eletrônicos . . . . . . . . . . . . . . . . 159 6.9 Detalhes da instalação do controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 6.10 Detalhes da instalação do VSD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 6.11 Interface gráfica móvel do controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 6.12 Notebook conectado ao controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 6.13 Conversão de unidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 6.14 Resposta de pressão para vários Ki . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 163 6.15 Resposta de velocidade para vários Ki . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 6.16 Resposta de pressão para vários Kp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164 6.17 Resposta ao degrau de pressão para várias faixas de fuzzificação da vari- ação do erro . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . 166 6.18 Resposta ao degrau de pressão para várias faixas de fuzzificação de erro 168 6.19 Resposta em Malha Aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 6.20 Simulação Comparada do PI convecional e Controle Fuzzy . . . . . . . . 169 6.21 Simulação Comparada do PI convecional e Controle Fuzzy . . . . . . . . 169 6.22 Relação de subprogramas na tela do ACL . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 6.23 Sub-rotina de controle do programa fuzzy na tela do ACL . . . . . . . . . 172 6.24 Rotina de fuzzificação na tela do ACL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 6.25 Tela de envio do programa para o Controlador . . . . . . . . . . . . . . 173 6.26 Tela de teste do programa ACL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 6.27 Tela Principal do SISAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175 6.28 Tela de alarmes do SISAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175 6.29 Tela de Monitoramento das entradas analógicas do SISAL . . . . . . . . 176 6.30 Tela de visualização e configuração de parâmetros do SISAL . . . . . . . 177 6.31 Tela de configuração dos parâmetros do controlador fuzzy . . . . . . . . 177 6.32 Tela de importação de dados do histórico do SISAL . . . . . . . . . . . . 178 6.33 Resposta do controle PI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180 6.34 Resposta do controle FUZZY . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180 6.35 Comparção da resposta de freqüência PI x fuzzy . . . . . . . . . . . . . . 181 6.36 Resposta de pressão ao degrau do controle FUZZY . . . . . . . . . . . . 181 6.37 Resposta de freqüência ao degrau do controle FUZZY . . . . . . . . . . . 182 6.38 Projeto de validação no sistema especialista . . . . . . . . . . . . . . . . 189 Lista de Tabelas 3.1 Relação de dentes e relação de passos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 3.2 Configuração de parâmetros do simulador . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 4.1 Especificações de Sobre-sinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 4.2 Limites de fuzzificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 4.3 Procedimento de cálculo das pertinências . . . . . . . . . . . . . . . . . 123 4.4 Especificação do controlador PI-fuzzy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 5.1 Faixas de Limites Ideais e Toleráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 5.2 Regras de Produção para Avaliação de Bombas . . . . . . . . . . . . . . 144 5.3 Regras de Produção para avaliação de Hastes . . . . . . . . . . . . . . . 145 5.4 Regras de Produção para Avaliação de Cabeçotes . . . . . . . . . . . . . 147 6.1 Relação entre Ganhos e Amortecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162 6.2 Parametrização do controle fuzzy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 6.3 Registros do controlador utilizados no algoritmo . . . . . . . . . . . . . 171 6.4 Relação de equipamentos incluídos na análise . . . . . . . . . . . . . . . 183 6.5 Resultados dos casos 1 a 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184 6.6 Resultados dos casos 5 a 8 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185 6.7 Resultados dos casos 9 a 11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185 6.8 Resultados dos casos 12 a 15 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186 6.9 Resultados dos casos 16 a 19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186 6.10 Resultados dos casos 20 a 22 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 6.11 Comparação da coluna de hastes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187 6.12 Resultados de Análise dos Cabeçotes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 ix Lista de Símbolos e Abreviaturas λabcr vetor de fluxos magnéticos do rotor iabcs vetor de correntes elétricas do estator rabcr vetor de resistências do enrolamento do rotor rabcs vetor de resistências do enrolamento do estator A Conjunto de elementos Ac área da seção transversal da coluna de produção Av parâmetro constante da função de efeito de interferência na capacidade da bomba Aan área do anular entre revestimento e coluna de produção Bc parâmetro proporcional à interferência do rotor da função de efeito de interferência na compressão Bg fator volume de formação do gás Bi coeficiente de amortecimento do elemento cilíndrico i da coluna de hastes Bo Fator volume de formação do óleo Bv parâmetro proporcional à interferência do rotor da função de efeito de interferência na capacidade da bomba Bτ f parâmetro proporcional à interferência do rotor da função de efeito de interferência no torque de fricção Bob fator volume de formação do óleo na pressão de bolha C−o−A Método de deffuzificação pelo centro de área C−o−M Método de defuzificação pelo centro do Máximo Cc parâmetro proporcional à expansão total do elastômero da função de efeito de interferência na compressão Cv parâmetro proporcional à expansão total da função de efeito de interferência na capacidade da bomba xi CAR capacidade térmica do sistema de controle de reversão Cτ f parâmetro proporcional à expansão total do elastômero da função de efeito de interferência no torque de fricção Dh diâmetro da coluna de hastes Dl diâmetro da luva da haste de bombeio Dext diâmetro externo do elastômero do estator Ditbg diâmetro interno da coluna da produção Drt diâmetro do rotor da bomba Ec excentricidade da bomba Eel módulo de elasticidade do elastômero FUL Fator de utilização da capacidade de carga do cabeçote - adimensional FUh Fator de utilização das hastes - adimensional FUΔP Fator de utilização da capacidade de pressão da bomba - Adimensional FUτ Fator de utilização da capacidade de torque do cabeçote em N.m Ff Esforço de flutuação Ff a força de flutuação provocado pelo diferencial de pressão ba luva da haste de bombeio Fpb fator de pressão de bolha - adimensional G módulo de cisalhamento do material das hastes G(s) Função de transferência da planta H(s) função de transferência do controlador HL fração volumétrica de líquido - hold-ip IA(x) Função de pertinência clássica, igual a 1 quando x ∈ IA Ip índice de produtividade do poço Irms Corrente elétrica RMS em ampéres Ji momento de inércia do elemento i Jm momento de inércia do motor Jt momento de inércia total Jcab momento de inércia das engrenagens do redutor do cabeçote Jpm momento de inércia da poiia motora Jpr momento de inércia da polia movida Jsup momento de inércia na superfície KM ganho o sistema controlado em malha fechada KS ganho do sistema em malha aberta Kh constante de mola da coluna de hastes Ki ganho integral Kp ganho proporcional Kli coeficiente de mola de torção do elemento cilíndrico i de haste Kpd ganho proporcional discreto LB carga axial no rotor da bomba BCP LT carga axial total na seção da coluna de hastes Lcab Capacidade de Carga Axial do Cabeçote em Kg Ler distância entre o ponto de contato entre rotor e estator e o eixo do rotor Llr componente da matriz de indutâncias próprias do rotor Lls componente da matriz de indutâncias próprias do estator Lop Carga axial de operação suportada pelo cabeçote em Kg Lrm componente da matriz de indutâncias próprias do rotor Lrr componente da matriz de indutâncias próprias do rotor Lsm componente da matriz de indutâncias próprias do estator Lss componente da matriz de indutâncias próprias do estator Ltbg comprimento da coluna de produção M(s) função de transferência global M−o−M Método de defuzificação pela Média do Máximo Mo massa molecular do óleo - moles P(H, t) pressão na cabeça de produção em função do tempo PD deslocamento volumétrico por rotação da bomba PR pressão de recalque PS pressão de sucção Pb pressão de bolha Pe pressão estática pseudopermanente Pr Pressão pseudo-crítica Pest passo do estator Prev pressão na válvula de revestimento que dá acesso ao anular do poço Psat pressão de bolha ou de saturação Psep pressão de separação Pstd pressão nas condições standard Pw f pressão no fundo do poço Q vazão de escoamento QT taxa de transferência de calor para oambiente no sistema de controle de reversão R constante universal dos gases ideais RGOp razão gás-líquido bombeada Rp razão gás-líquido em uma seção da coluna Rs razão de solubilidadade T Temperatura Tr Temperatura pseudo-crítica Ts constante de tempo do sistema em malha aberta TAR temperatura do sistema de controle de reversão, temperatura do fluido hidráulico quando o sistema de controle de reversão for do tipo hidráulico Tamb temperatura ambiente Tban temperatura de tese de bancada Top temperatura de operação da bomba Tstd temperatura nas condições standard UAR coeficiente global de transferência de calor do sistema de controle de reversão Vrms Tensão elétrica RMS em volts Z fator de compressibilidade do gás real ΔPB diferencial de pressão na bomba ΔPN Diferencial de pressão nominal da bomba ΔPl diferencial de pressão da luva da haste de bombeio ΔPABT diferencial de pressão de abertura de selo da linha de interferência Δe variação do erro do sinal com relação ao valor de referência α fração volumétrica de gás ou de vazios αsuc fração de gás na sucção da bomba cosϕ fator de potência do motor de indução ηsep eficiência de separação de gás γel coeficiente volumétrico de expansão térmica do elastômero λar fluxo magnético na fase a do rotor λas fluxo magnético na fase a do estator λbr fluxo magnético na fase b do rotor λbs fluxo magnético na fase b do estator λcr fluxo magnético na fase c do rotor λcs fluxo magnético na fase c do estator Labcrs matriz de indutâncias mútuas rotor-estator Labcsr matriz de indutâncias mútuas estator-rotor Labcss matriz de indutâncias próprias do estator Labcss matriz de indutâncias próprias do rotor Re número de Reynolds λabcs vetor de fluxos magnéticos do estator iabcs vetor de correntes elétricas do rotor vabcr vetor de tensões elétricas do rotor vabcs vetor de tensões elétricas do estator μ viscosidade do fluido μA(x) Função de pertinência do elemento x ao conjunto A μB(x) Função de pertinência do elemento x ao conjunto B μL viscosidade do líquido μo viscosidade do óleo contendo gás μw viscosidade da água μAD coeficiente de atrito dinâmico na área de contato entre o rotor e o estator μOD viscosidade do óleo morto μban viscosidade do fluido nas condições de bancada μop viscosidade do fluido bombeado nas condições de operação ωr velocidade do rotor do motor elétrico ωHPmax velocidade máxima de reversão da haste polida ωHP Velocidade de Rotação da haste polida em rad/s ωrt velocidade de acionamento do rotor da bomba ωh velocidade média da coluna de hastes he nível estático h nível dinâmico, distância vertical da superfície até o nível de fluido no anular do poço h0 nível dinâmico no ponto de operação φ porosidade da rocha reservatório ρL massa específica do líquido ρa massa específica da água ρm massa específica da mistura gás-óleo ρGD massa específica do gás dissolvido ρGF massa específica do gás livre ρac massaespecífica do aço ρan massa específica do fluido no anular ρar massa específica do ar ρml massa específica da mistura gás-líquido σel tensão de compressão no elastômero σesc Tensão de escoamento do material das hastes em Pascal σop Tensão de operação das hastes em Pascal τb torque total aplicado na bomba τAR torque de frenagem fornecido pelo sistema de controle de reversão τcab Capacidade de Torque do cabeçote em N.m τhid torque hidráulico no rotor τhp torque na haste polida τid tempo de integração discreto τop Torque de operação em N.m τrt torque de atrito dunâmico no eixo do rotor θ ângulo de rotação do elemento cilíndrico i da coluna de haste θ0 ângulo de torsão da coluna de hastes inicial com rotor preso θr ângulo do rotor em relação ao eixo de refeência θest ângulo de giro da linha do diâmetro maior do estator em relação à posição de referência θrt ângulo de giro da linha que liga o centro da seção do rotor ao centro do eixo do rotor em relação à posição de referência ζ fator de amortecimento do sistema controlado em malha fechada oAPI densidade do óleo na escala API ain Parâmetros de identificação em um controlador paramétrico cB capacidade volumétrica da bomba co fator de compressibilidade do óleo cp valor sobre-sinal cr fator de compressibilidade nas condições pseudo-críticas ct compressibilidade total da rocha reservatório e dos fluidos que contém dG densidade relativa do gás livre do densidade relativa do óleo dGD densidade relativa do gás dissolvido dGF densidade relativa do gás livre deltael deformação do elastômero provocada pela interferência do rotor e1 erro no instante 1 e2 erro no instante 2 fw fração de água g aceleração da gravidade h submergência da bomba hc altura de fluido dentro da colua de produção, ou seja, distância vertical que vai da bomba até a altura de fluido dentro da coluna de produção hr espessura do reservatório ie inchamento devido absorção pelo elastômero de frações do fluido bombeado it coeficiente de expansão total do elastômero iar corrente da fase a do rotor ias corrente da fase a do estator ibr corrente da fase b do rotor ibs corrente da fase b do estator icr corrente da fase c do rotor ics corrente da fase c do estator kr permeabilidade da rocha reservatório ku coeficiente de mola de torção unitário np taxa de redução das polias nred taxa de redução de velocidade do redutor do cabeçote pr pressão transiente no reservatório, função do tempo e da distância radial ao centro do poço pr(re) pressão na fronteira externa do reservatório ou pressão estática pr(rw) pressão na fronteira interna do reservatório pmed pressão medida pre f set-point de pressão prt passo do rotor qb vazão real da bomba qr vazão do reservatório qmax vazão máxima do reservatório qsat vazão de reservatório quando a pressão de fundo é igual a pressão de saturação qsn vazão de escorregamento nominal nas condições de teste de bancada r coordenada na direção r no sistema de coordenadas cilíndricas r1 raio interno r2 raio externo re ditância radial da fronteira externa ou de investigação do reesrvatório rs resistência elétrica do enrolamento do estator rs resistência elétrica do enrolamento do rotor rw distância radial da fronteira interna do reservatório rmax raio em que ocorre a velocidade máxima tmax duração de tempo entre o início da reversão e o máximo de velocidade de reversão da haste polida u sinal de controle v velocidade de escoamento do fluido vz velocidade de fluido na direção z var tensão da fase a do rotor vas tensão da fase a do estator vbr tensão da fase b do rotor vbs tensão da fase b do estator vcr tensão da fase c do rotor vcs tensão da fase c do estator wh peso linear da coluna de hastes xC distância do centro da seção do rotor ao eixo central do estator xi Elemento de um conjunto yG fração molar de gás A conceito fuzzy aumenta API densidade do fluido segundo a escalar API AUTOPOC Projeto de Pesquisa Automação em Elevação de Petróleo, desenvolvido pelo PPgEE/UFRN e financiado Por CENPES/PETROBRAS, FINEP e CNPq BCP Bombeio por cavidades prograssivas BM Bombeio Mecânico BSW percentual de água e sedimentos no fluido produzido D conceito fuzzy diminui DCA/UFRN Departamento de Computação e Automação da UFRN M conceito fuzzy mantém MTBF Tempo médio entre falhas Pot Potência Elétrica Ativa do Motor em Watts RGL razão gás líquido RGO razão entre o volume de gás produzido nas condições normais de pressão e tempe- ratura para o volume de óleo produzido SISAL Sistema Supervisório para Automação de Poços t Tempo em seg VSD variable speed drive - variador de freqüencia Capítulo 1 Introdução 1.1 O Bombeio de Cavidades Progressivas na Indústria do Petróleo A elevação de petróleo é o transporte de fluidos do fundo do poço até a superfície. A elevação natural ocorre quando a pressão do reservatório é suficiente para vencer a perda de carga no próprio reservatório, na elevação e na linha de produção que transporta o fluido produzido da cabeça do poço às facilidades deprodução. Quando a pressão do reservatório é insuficiente para vencer estas perdas de carga é necessária a instalação de um sistema de elevação artificial de petróleo. A elevação artificial pode consistir de um sistema de bombeio de fundo que fornece energia sob forma de pressão ao fluido ou de um sistema de redução de perda de carga por injeção de gás no fundo do poço. Todos os poços precisam de um sistema de elevação artificial a partir de um dado momento de sua vida produtiva, pois a tendência é o reservatório ir perdendo energia à medida que sua reserva vai sendo produzida [Thomas 2001]. Existem diversos tipos de sistema de elevação artificial. Os principais são o bombeio mecânico, o bombeio centrífugo submerso, o gas lift e o bombeio de cavidades progres- sivas [Skinner 1982]. O bombeio de cavidades progressivas é o mais recente destes sistemas e, portanto, o de menor acúmulo de experiência e domínio tecnológico [Mathews et al. 2002]. Os métodos tradicionais de elevação de petróleo têm, todos eles, limitações que tor- nam seu uso contra-indicado em determinadas situações [Assmann 2005]. O bombeio de cavidades progressivas, por suas características únicas, é o método de elevação mais indicado na produção de óleos muito viscosos ou portadores de grandes teores de areia ou, ainda, em ambientes muito corrosivos. Por outro lado, por questões de limitação no desenvolvimento do elastômero 1 ou do adesivo apropriado para sustentar o elastômero ao tubo estator, sua aplicação é bastante limitada em temperaturas elevadas (> 100oC) ou quando o fluido produzido apresenta concentrações, mesmo que relativamente baixas, de aromáticos, gás sulfídrico, vapor de água e outros gases e contaminantes.Outra 1em geral, borracha nitrilica com médio ou alto teor de acrilonitrila, ou nitrílica hidrogenada, sendo mais raramente usados outros materiais tais como o viton 1 2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO limitação deste método é a vazão de bombeio (< 250m3/dia) e a capacidade de suportar elevados diferenciais de pressão (< 250kg f /cm2) [Mathews et al. 2002]. Entretanto, o bombeio de cavidades progressivas é o método que têm mostrado maior capacidade de superar suas próprias limitações diante das enormes perspectivas de evolu- ção tecnológica que apresenta. Uma das fronteiras ainda pouco exploradas são a mode- lagem dinâmica, o controle e supervisão automática, especialmente em face da segurança operacional, já que o fenômeno denominado reversão da coluna de hastes (back-spin) tem provocado acidentes graves [Mathews et al. 2002]. Diante do custo operacional crescente, a tendência preponderante no desenvolvimento dos métodos de elevação artificial tem sido a sua automatização. O método de elevação por bombeio mecânico (BM) tem sido alvo de aperfeiçoamento contínuo no sistema de automação. O fato dos poços terrestres serem distribuídos geograficamente em grandes extensões e da sua produção exigir uma máxima continuidade operacional são as princi- pais razões desta tendência. É de grande valia um sistema local de controle do processo de elevação capaz de mantê-lo no ponto ótimo de operação, identificar descontinuidades ope- racionais, retornar rapidamente ao ponto de operação após uma perturbação recuperando a produção da forma mais rápida possível, bem como diagnosticar a causa de algum pro- blema, transmitindo a um sistema de supervisão avisos de providências a serem tomadas, tais como intervenção de limpeza, manutenção em equipamentos e outros. O bombeio mecânico, método de elevação mais utilizado no mundo todo, é o mais largamente au- tomatizado e já existe um amplo domínio tecnológico e experiência acumulada nesta área [Costa 1995]. O segundo método de elevação mais utilizado, em número de poços, no Brasil é o bombeio de cavidades progressivas (11% dos poços). No mudo todo, ele é o quarto método em número de poços com 6% dos poços, atrás do bombeio mecânico (71%), do bombeio centrífugo submerso (10%) e gas lift (10%). A automação deste sistema ainda se encontra com um nível de desenvolvimento elementar, daí a necessidade de se empreender pesquisas no sentido de entender melhor o comportamento dinâmico deste sistema e as formas possíveis de otimização do processo segundo diversos critérios, sinalizando ou até mesmo parando o sistema em caso de violação de limites de parâmetros operacionais que indiquem algum problema ou coloquem em risco o operador. As operações de partida e parada em especial, por conta dos riscos em que implicam, tornam muito atrativa sua automatização [Assmann 2005]. O bombeio por cavidades progressivas (BCP), por conta de sua versatilidade, tem sido o método de maior expansão no uso em todo o mundo [Mathews et al. 2002]. Daí sua importância para a indústria do petróleo. A ação de bombeio é promovida por uma bomba de cavidades progressivas instalada no fundo do poço [Moineau 1930]. Esta bomba é constituída essencialmente por duas peças, o estator que é um tubo de aço revestido internamente com elastômero formando uma cavidade interna de geometria especial e um rotor helicoidal [Cholet 1986]. O rotor é acionado desde a superfície por uma coluna de hastes. O sistema de superfície é constituído por um sistema de transmis- são de movimento rotativo, que transforma a energia mecânica rotativa de um motor de indução em rotação apropriada na haste polida, primeiro elemento da coluna de hastes. O ajuste de rotação deve ser feito de forma que a bomba libere uma vazão e diferencial de 1.2. JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO DO TRABALHO 3 pressão entre recalque e sucção projetados para o poço. A figura 1.1 mostra esquematicamente um poço equipado com o método de elevação por bombeio de cavidades progressivas. Ela mostra uma bomba de cavidades progres- sivas instalada na extremidade de uma coluna de produção. O cabeçote de acionamento transmite a rotação gerada pelo motor para a coluna de hastes. O fluido do reservatório é alimentado no poço através dos canhoneados. A vazão do reservatório é tanto maior quanto menor o nível dinâmico de líquido no espaço anular do poço existente entre a coluna de revestimento e a coluna de produção. O nível dinâmico do poço em regime permanente é aquele que faz igualar a vazão da bomba e a vazão do reservatório. A vazão da bomba é função da velocidade de rotação do seu rotor. A submergência é a altura de fluido acima da sucção da bomba. A figura 1.2 mostra o rotor e o estator que são as peças que compõe a bomba de cavidades progressivas. O rotor é feito de aço e revestido com cromo duro e tem o formato helicoidal, possuindo uma conexão para haste de bombeio. O estator é um tubo de aço revestido com elastômero (geralmente borracha nitrílica) for- mando uma cavidade helicoidal. Em suas extemidades existem conexões para tubo de produção. Quando o rotor está inserido dentro do estator, cavidades isoladas são for- madas. Quando o rotor é girado no sentido horário, as cavidades se deslocam de cima para baixo, promovendo a ação de bombeio. O bombeio por cavidades progressivas tem desempenho superior aos outros métodos de elevação quando se trata de óleos pesados ou com produção de sólidos. Entretanto, o sistema tem limitações de vazão e profundidade, além de ter desempenho relativamente pobre quando o petróleo contém substâncias que alteram as propriedades do elastômero [Mathews et al. 2002]. 1.2 Justificativa e motivação do trabalho O sistema de elevação por bombeio de cavidades progressivas requer intervenção do operador em diversas situações. O operador dá partida e parada no sistema sempre que é necessária a sua manutenção. A intervenção do operador também é necessária para a troca de polias para ajuste de regime de operação do sistema e, também, para o acompa- nhamento das condições operacionais do poço e da bomba quando é preciso o registro do nível dinâmico no anular. Estas operações, portanto, demandam o custo do deslocamento do operador para a locação do poço o que, além de introduzir riscos àsegurança do ope- rador no trajeto, normalmente feito através de veículo automotor, o submete à situação bastante arriscada da reversão descontrolada da coluna de hastes [Assmann 2005]. Isto tudo faz com que seja particularmente interessante o desenvolvimento de um sistema de automação para poços produtores de petróleo com elevação por bombeio de cavidades progressivas pois, além de manter o poço em condições ideais de operação, o que garante uma máxima produção e durabilidade do equipamento de subsuperfície, diminui drasti- camente a presença do operador na locação do poço reduzindo o risco de acidentes. A reversão da coluna de hastes ocorre sempre que se procede à parada do poço pro- dutor por bombeio de cavidades progressivas e ela tem origem na capacidade do sistema em acumular energia potencial sob duas formas [ISO15136-2 2005]. Uma das formas é advinda da torção da coluna de hastes submetida ao torque de acionamento na haste 4 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO Figura 1.1: Esquema de um poço BCP Figura 1.2: Peças que compõem a bomba de cavidades progressivas - o rotor e o estator 1.2. JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO DO TRABALHO 5 polida. Na extremidade superior da coluna de hastes, o cabeçote aplica um torque para manter a coluna sob rotação. Na outra extremidade da coluna de hastes, o rotor aplica um torque de reação e de sentido oposto provocado pelo atrito mecânico entre o rotor e o estator e pelo diferencial de pressão hidráulico promovido pela bomba. Este binário de torques provoca a torção da longa coluna de hastes que se comporta como uma mola de torção, acumulando energia potencial. A outra forma de acúmulo de energia é provinda do diferencial de pressão de operação entre o recalque e a sucção da bomba resultante da diferença de nível de líquido entre a coluna de produção, que permanece sempre cheia de fluido, e o espaço anular do poço que fica apenas parcialmente cheio de fluido. Esta diferença de pressão, quando o sistema de acionamento para, atua de forma a girar no sentido contrário o rotor e a coluna de hastes [Assmann 2005]. O fenômeno de reversão é particularmente perigoso quando o rotor por qualquer mo- tivo fica preso dentro do estator, provocando o aumento desmedido da torção na coluna de hastes, fenômeno denominado "rotor preso". Para que se possa automatizar o sistema BCP, especialmente no que diz respeito ao ajuste automático de regime (rotação da coluna de hastes), dada a complexidade e não- linearidade do sistema, é preciso desenvolver um modelo dinâmico do sistema como um todo. A modelagem dinâmica permite que se possa simular o comportamento dinâmico do sistema de forma a permitir o projeto do controle automático de velocidade. Permite ainda que se possa testar o desempenho dos algoritmos de controle antes de os instalar no poço, o que tem um custo extremamente elevado. Ainda por cima, o conhecimento do sistema BCP cresce substancialmente com o desenvolvimento de tal modelo. O simulador ainda permite o teste e comparação de desempenho de controladores disponíveis no mercado e o treinamento na operação do sistema. O modelo matemático do sistema deve incluir, além do comportamento dinâmico do motor, das partes girantes inclusive da coluna de hastes e do rotor, o escoamento multi- fásico no anular existente entre a coluna de produção e a coluna de hastes, o reservatório e o anular existente entre o revestimento e a coluna de produção, um modelo para simular o comportamento de interferência entre o rotor e a estator. Esta é uma lacuna existente no conhecimento científico de um fenômeno extremamente importante para a previsão do comportamento do sistema BCP. Outro passo importante no desenvolvimento de um simulador é a coleta de dados ca- racterísticos dos equipamentos utilizados no sistema de elevação por BCP, em especial bombas, cabeçotes, hastes e motores. Alguns dados não estão disponíveis em catálo- gos especialmente os relativos à geometria da bomba, pois se trata de segredo industrial. Como eram necessários para a simulação, eles foram inferidos com aproximação através de cálculos, porém não serão apresentados neste trabalho em respeito ao direitos de pro- priedade industrial. O desenvolvimento de um simulador dinâmico de BCP permite que se possa enten- der melhor o funcionamento do sistema e sua interação com o sistema de controle. O simulador permite ainda o ajuste dos ganhos de um controlador PI previamente a sua im- plementação no poço através de regras de sintonia. Permite também o teste e ajuste de um controlador tipo PI-fuzzy em condições semelhantes. Permite ainda o teste de desem- penho de controladores industriais dedicados e o treinamento de operadores. 6 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO O modelo simulado, por ser extremamente complexo, não permite a aplicação da metodologia clássica de análise e projeto de controle PI. Entretanto, é possível aplicar tal metodologia a diversos casos, realizando algumas simplificações. Este mesmo modelo permite a determinação prévia da configuração de ganhos do sistema de controle PI e da configuração de fuzzificação do controlador PI-fuzzy. Um dos fatores mais importantes na aplicação do método de elevação BCP é a segu- rança operacional dos equipamentos de superfície no que diz respeito à reversão da coluna de hastes. O desenvolvimento da modelagem dinâmica permite a simulação também da reversão. O modelo de reversão deve permitir a determinação dos níveis máximos de ten- são desenvolvida nas polias durante a reversão de forma a se poder especificar o material e as dimensões destas de maneira segura sem que haja risco de fragmentação. Este modelo de reversão acoplado ao comportamento do sistema antireversão tam- bém permite determinar as características ideais deste sistema, especialmente a curva de contra-torque fornecido em função da velocidade e das características de transferência de calor para o ambiente de forma que sejam atendidos os limites de temperatura do fluido hidráulico e de velocidade de reversão das partes girantes. Como as configurações dos poços, seus níveis de solicitação dos equipamentos, de- sempenho e produtividade são amplamente variáveis torna-se necessária a proposição de diferentes esquemas de instrumentação. Para isso são criadas diversas alternativas de instrumentação com diferentes capacidades de monitoração, sinalização e atuação e com diferentes patamares de investimento. Esta análise potencializa a automação numa ampla gama de condições, desde poços de baixa produtividade, que justificam apenas sistemas de monitoração mais simples, até sistemas bastante complexos destinados a poços de im- portância vital para os resultados da companhia operadora. A escolha da configuração de instrumentação e controle de um poço depende das condições de produtividade, lo- cal da instalação, espaçamento de poços e freqüência de falhas, requerendo uma análise econômica. O simulador permite também o desenvolvimento e aperfeiçoamento de um contro- lador inteligente baseado em regras do tipo PI-fuzzy, que apresenta a vantagem de não depender do conhecimento da planta, conhecida apenas com aproximação e, ainda, por ser esta não-linear e seu desempenho varia no tempo em função do desgaste natural e da interferência da bomba. Um controlador PI-fuzzy é mais independente das características do poço e seu ajuste pode ser feito intuitivamente, sem depender do conhecimento da planta em dado momento. Os softwares existentes de dimensionamento são na realidade, apenas para verificação de dimensionamento, ou seja, é preciso especificar os equipamentos previamente e sua simulação apenas verifica se os equipamentos escolhidos atendem as solicitações previs- tas. Este tipo de software exige do usuário um elevado conhecimento prático e experiência de forma a evitar que muitas simulações sejam necessárias para se chegar à configuração ideal do sistema. É interessante, portanto, dada a dinâmica exigida de campo, em que os custos de atraso são elevados,especialmente as de sondagem, que se disponha de um soft- ware que escolha automaticamente os equipamentos a partir de uma lista de equipamentos disponíveis. 1.3. IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE VELOCIDADE NO SISTEMA BCP 7 1.3 Importância do Controle de Velocidade no Sistema BCP O sistema de otimização do processo de bombeio de cavidades progressivas deve se concentrar no controle da velocidade de acionamento de modo a manter uma submergên- cia especificada. A submergência é o nível de fluido acima da sucção da bomba. A pressão de sucção é tanto maior quando a submergência da bomba. A variável de entrada é a pressão de sucção da bomba ou outra variável a esta relacionada (torque na haste po- lida, carga na haste polida, corrente do motor, etc.), que deve ser mantida em um valor especificado que garanta a durabilidade da bomba e a produção ótima. A durabilidade da bomba é medido pelo tempo entre limpezas ou pelo tempo de operação até a falha. Limpeza é a operação de manutenção de poço que envolve o uso de sonda de workover para troca de equipamentos de subsuperfície danificados. A variável controlada é a ve- locidade de rotação do rotor. Se ela for excessiva, a bomba sofrerá desgaste acentuado. Por outro lado, se ela for insuficiente, o poço produzirá aquém de seu potencial. Assim, o sistema se mostra extremamente sensível quanto à sua durabilidade e produtividade à velocidade de rotação. Em função do nível de interferência entre o rotor e o estator, a bomba sofrerá desgaste por atrito assim como as hastes de bombeio, a depender da inten- sidade dos desvios do poço. A interferência entre rotor e estator é a diferença do diâmetro interno menor da cavidade e o diâmetro externo da seção do rotor. Uma interferência negativa ocorre quando o diâmetro do rotor é um pouco menor que o diâmetro do esta- tor, resultando em alguma folga entre as duas partes. Uma interferência positiva ocorre quando o diâmetro do rotor é um pouco maior que o diâmetro da cavidade, resultando em uma compressão do rotor sobre o elastômero que promove a vedação entre as cavidades sucessivas da bomba. A definição da pressão de sucção ótima é uma etapa importante do processo de ajuste da velocidade de bombeio. O excessivo diferencial de pressão na bomba reduz drasticamente a durabilidade da bomba, de forma que se deve limitar a mí- nima pressão de sucção para garantir este diferencial de pressão máximo. A quantidade excessiva de gás na sucção da bomba também é outro fator limitante da pressão ótima de operação. É importante também que o sistema de controle, monitore as variáveis ope- racionais quanto à violação de limites, permitindo a identificação de situações típicas de falha, tais como, rompimento de correias, rompimento de hastes, nível alto, nível baixo, capacidade insuficiente da bomba, capacidade excessiva da bomba, torque elevado, etc. 1.4 Objetivos São objetivos deste trabalho: • desenvolver um modelo dinâmico do sistema de elevação por bombeio de cavidades progressivas; • desenvolver um banco de dados de equipamentos BCP, cabeçotes, bombas e hastes, disponíveis no mercado de forma a servir de base de dados para um simulador dinâmico de BCP e software especialista para dimensionamento de BCP; 8 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO • desenvolver um simulador dinâmico de BCP com interface de fácil utilização, de forma a permitir o teste de algoritmos de controle o teste de controladores comer- ciais, e o treinamento de operadores em continuidade às pesquisas do projeto AU- TOPOC (Projeto de Pesquisa Automação em Elevação de Petróleo, desenvolvido pelo PPgEE/UFRN e financiado Por CENPES/PETROBRAS, FINEP e CNPq). • prover um modelo que permita estudar reversão da coluna de hastes e determinar as solicitações exigidas nas partes girantes de forma a permitir a especificação de materiais destas partes e as características aceitáveis do sistema anti-reversão; • desenvolver técnicas de projeto PI e procedimento de aplicação de regras de sinto- nia; • propor alternativas de instrumentação para BCP; • projetar e implementar controlador de PI-fuzzy; • Coletar dados de desempenho em simulação e em campo • Comparar desempenho do controlador PI com o PI-fuzzy; • Desenvolver sistema de dimensionamento de BCP utilizando lógica fuzzy; • implantar o sistema de controle no sistema supervisório. O algoritmo de controle deve possuir as seguintes características: • otimize a velocidade visando a maior durabilidade e produção do sistema; • implique no menor custo possível de instalação de sensores, evitando-se ao máximo a utilização de sensores de fundo. • seja capaz de identificar e diagnosticar causa de falhas e alertar ao sistema de su- pervisão o momento da falha e a ação requerida assim como para o sistema quando isto for necessário; • seja capaz de partir e parar o sistema com segurança evitando os problemas decor- rentes da reversão; • seja capaz de inferir parâmetros de fundo a partir de parâmetros de superfície. Ainda será necessário configurar o controle através de um sistema supervisório in- tegrado dedicado a operação de poços, permitindo administrar os alarmes gerados pelos controladores remotos, registrar histórico de parâmetros operacionais, permitir coman- dos remotos (especialmente a troca de características do sistema, ajustes e comando de parada e partida do sistema), e permitir ao usuário o diagnóstico de desempenho do sis- tema tomando como base os dados históricos de sua operação, mostrando gráficos de tendência dos parâmetros de operação [Souza et al. 2006]. 1.5 Metodologia O Simulador dinâmico de BCP foi desenvolvido em linguagem C++ Builder em trabalho conjunto com o DCA/UFRN (Departamento de Computação e Automação da UFRN) dentro do projeto AUTOPOC. O destaque deste trabalho será a modelagem ma- temática do sistema, cabendo a implementação ao pessoal de apoio do projeto Autopoc. O banco de dados foi implementado a partir do catálogo dos fabricantes, da litera- tura especializada em elevação de petróleo e a partir dos dados disponíveis no software 1.5. METODOLOGIA 9 PCPump [CFER 2006]. Esta base de dados foi implementada tanto no simulador quanto no software de dimensionamento. O modelo dinâmico do sistema BCP e respectivo simulador deve incluir os seus di- versos subsistemas: • motor elétrico de indução; • sistema de acionamento (polias e correia, cabeçote) • sistema de hastes; • escoamento multifásico entre coluna de produção e hastes; • bomba (estator e rotor) • anular revestimento-coluna de produção; • reservatório; As diversas partes do sistema são modelados por equações algébricas e equações dife- renciais, que, juntamente com as condições iniciais e de contorno, constituem um sistema dinâmico não linear. Este sistema de equações diferenciais foi resolvido numericamente através da aproximação por um sistema de equações de diferenças finitas e a solução numérica do sistema algébrico resultante foi obtida. A base de dados de equipamentos de BCP foi montado a partir dos dados existentes nos catálogos e manuais dos fabricantes. Alguns dados foram estimados a partir dos dados de catálogo, mas não constam do texto por serem segredo industrial de propriedade dos fabricantes. Outras características, como as que implicam nas alterações de desempenho da bomba por efeito de interferência, foram calculados por modelo proposto neste texto. O simulador dinâmico foi desenvolvido para permitir a seleção dos equipamentos constantes do poço simulado a partir da base de dados e desta forma alterar suas carac- terísticas operacionais. A saída do sistema é visual, em que uma animação 3D mostra o poço equipado com o sistema BCP em movimento e o ângulo de visão do usuário pode ser modificado. Os parâmetros operacionais podem ser visualizados em função do tempo. Estes dados vão sendo atualizados a medida que progride a execução de forma que o poço se comporta simulando o que acontece em tempo real, como por exemplo, o comporta- mento do nível dinâmico. Foram obtidosmodelos simplificados para simulação de reversão com rotor preso ou parada normal, com e sem sistema de controle de reversão, e para análise de controlabili- dade e observabilidade e para projeto de PI. O desenvolvimento do sistema de controle PI-fuzzy [Shaw 1999] foi testado em con- junto com o simulador dinâmico antes de ser levado para a aplicação real. Neste teste simulado, varreram-se diversas condições de características do poço e do sistema BCP assim como diversas configurações de fuzzificação, chegando-se a conclusão de que é mais rápido e mais fácil de ajustar do que o controle PI. Como a planta BCP é não-linear e variante no tempo, o controle PI-fuzzy, relativamente fácil de implementar e configurar caso haja uma grande experiência acumulada, tem uma aplicação adequada ao sistema proposto e pode ser facilmente adequado a outros sistemas de elevação, como por exem- plo o BCS e o Gas lift. Após os teste em simulação, foi implementado o algoritmo no controlador EXS-10000 [BAKER-CAC 1997] da Weatherford que possui uma linguagem de programação deno- 10 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO minada ACL (Automatic Control Language [CAC 1999]). O código pode ser testado no simulador de execução do controlador. O sistema de controle foi instalado no poço real (denominado poço A), onde se pode verificar o comportamento do controle PI e do controle PI-fuzzy e compará-los. A supervisão do controle foi incorporada ao SISAL [Souza et al. 2006](Sistema Su- pervisório para Automação de Poços desenvolvido em conjunto pela PETROBRAS e a UFRN dentro do projeto AUTOPOC) com facilidade, pois o controlador já havia sido implementado no supervisório. Através dele pode-se acompanhar a atuação do controle em todos os seus parâmetros, armazenar as entradas analógicas e alterar a configuração de qualquer um dos parâmetros de controle. O desenvolvimento de programa especialista de dimensionamento de BCP utilizando lógica fuzzy foi idealizado de forma a permitir que o usuário imponha faixas de utiliza- ção de capacidade dos equipamentos. O dimensionamento deve atender as diretrizes de projeto de Bombeio de cavidades progressivas que impõem estes limites e provém do conhecimento prático do método. Além disso, a aplicação de campo leva a definição de faixas particulares para determinados campos em função do maior ou menor rendimento ou durabilidade do sistema. Como os equipamentos possuem uma ou mais característi- cas a serem analisadas, e os diversos equipamentos trabalham de forma sistêmica, com o comportamento de um influenciando no outro, a escolha dos equipamentos por tentativa e erros é dificultada. Para facilitar esta escolha, foi desenvolvido um sistema especialista que pesquisa a melhor combinação para o as características do poço através da lógica ne- bulosa. Os fatores de utilização são fuzzificados valendo-se das faixas ideais e toleráveis e as regras de avaliação nebulosas, que constituem as denominadas regras de produção da base de conhecimento, são responsáveis pela inferência que se dá em níveis de satisfação aos critérios de projeto. As diversas opções são comparadas e a que tem melhores níveis de satisfação é escolhida. Foram estudadas também regras para aceleração da escolha, porém, como o algoritmo é processado rapidamente, foi possível varrer todas as opções e obter a resposta exata. Para realizar isto, foi desenvolvido um programa fácil de usar e que ainda permite a seleção de equipamentos disponíveis para serem incluídos na análise. Este programa pode ser facilmente incorporado ao simulador dinâmico em uma próxima fase, permitindo uma maior integração entre projeto e simulação. O programa foi validado, verificando sua escolha entre equipamentos disponíveis no programa PCPump [CFER 2006]. 1.6 Apresentação e Organização O presente trabalho está organizado da forma a seguir descrita. 1. Introdução 2. A Elevação de Petróleo 3. Simulador Dinâmico de BCP 4. Controle e Monitoramento 5. Sistema Especialista 6. Resultados 1.6. APRESENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO 11 7. Conclusões e Recomendações No capítulo 2, é apresentada a significação da elevação de petróleo dentro da atividade mais ampla da produção de petróleo. Primeiramente, são apresentadas as diversas fases da vida de um poço de petróleo. São detalhadas as atividades de perfuração, completação, produção e abandono. A seguir, define-se o que é a elevação de petróleo e as suas princi- pais modalidades, a elevação natural e a elevação artificial. São apresentados os diversos métodos de elevação: o bombeio mecânico, o gas lift, o bombeio centrífugo submerso, o bombeio por cavidades progressivas e o bombeio hidráulico à jato. O capítulo é finali- zado apresentando de uma maneira geral como é feito o controle automático de métodos de elevação. No capítulo 3 são apresentadas a modelagem e o simulador dinâmico BCP. Descreve- se a estrutura do simulador, o sistema BCP como um todo e os modelos matemáticos adotados. Apresenta-se o modelo matemático tanto para comportamento em regime como para comportamento transiente de cada parte do sistema: • Motor de Indução; • Propriedades dos fluidos; • Diferencial de pressão na bomba; • Bomba; • Coluna de hastes; • Anular Revestimento - coluna de produção Neste mesmo capítulo, descreve-se a sistemática de dimensionamento do sistema BCP e de simulação dinâmica. Apresenta-se ainda a interface gráfica do simulador. O capítulo é finalizado com o desenvolvimento de modelos simplificados para estudo de parada com rotor preso, parada normal, parada com atuação de sistema de controle de reversão e operação normal. No capítulo 4, discorre-se sobre análise e o projeto do controle e monitoramento do sistema BCP. Trata-se, primeiramente, das possibilidades de instrumentação para moni- toramento e controle do sistema e suas vantagens e aplicações, tais como o registro de nível dinâmico, a medição de pressão de sucção e de recalque da bomba, a medição da carga axial, potência elétrica, torque e outras possibilidades. A seguir, aborda-se a análise e projeto do sistema de controle PI. É apresentado um modelo linear de BCP, com o qual se faz a análise de observabilidade e controlabilidade e um modelo linear simplificado, um modelo linearizado no ponto de operação tanto para as condições de bomba posi- cionada acima dos como para a bomba posicionada abaixo dos canhoneados. O modelo é utilizado como para se obter a resposta em malha aberta, e a resposta em malha fechada e a sistemática de projeto do controlador PI. É abordada, então, a lógica fuzzy aplicada ao BCP com uma revisão de aplicações e os fundamentos teóricos da lógica fuzzy. Após esta fundamentação, é feito o desenvolvi- mento de um controlador PI- fuzzy e a sua comparação com o PI convencional. O capítulo 5 trata do Sistema Especialista para Dimensionamento de BCP. São apre- sentados os objetivos de um sistema especialista, suas características, suas vantagens e desvantagens, seu funcionamento e uso. A seguir, são apresentadas as justificativas para desenvolvimento de um Sistema Especialista de Dimensionamento de BCP. 12 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO Também é abordado o dimensionamento do sistema BCP em sua versão clássica. Apresentam-se a estrutura do sistema especialista, os critérios de projeto que servem de base para o seu desenvolvimento, a estrutura de entrada de dados pelo usuário, a base de dados de equipamentos de BCP e a base de conhecimento que constituem este sistema. O capítulo é finalizado com a apresentação da Interface Gráfica do sistema desenvolvido. O capítulo 6 trata dos resultados obtidos com o sistema de controle e o sistema espe- cialista de dimensionamento. São detalhadas as instalações de campo, a aplicação da metodologia de projeto de PI e a especificação do controlador PI-fuzzy. São apresentadas a simulação e a resposta em malha aberta do sistema, a simulação comparada em malha fechada de ambos os sistemas de controle. É mostrado como se procedeu à codificação e teste do algoritmode controle fuzzy no controlador, a parametrização da supervisão no SISAL [Souza et al. 2006] e os dados obtidos em campo são apresentados e analisados. O sistema especialista é, por fim, validado através da solução de um problema pro- posto, através do detalhamento do processo de inferência e análise crítica dos resultados obtidos. O trabalho é finalizado no capítulo 7 com a apresentação das contribuições, conclusões e recomendações para estudos futuros. Capítulo 2 A elevação de Petróleo A elevação de petróleo é um segmento da tecnologia de produção de petróleo que trata do escoamento de fluidos produzidos por um poço desde o fundo até a superfície incluindo o escoamento multifásico através da coluna de produção, os sistemas de bombeio de subsuperfície, os meios de transmissão de energia da superfície até o fundo do poço e o acoplamento do comportamento do sistema de elevação com o do reservatório. A seleção do método de elevação depende de inúmeros fatores tais como as caracte- rísticas de reservatório, as características de perfuração e completação do poço, as facili- dades de produção disponíveis, o tipo de fluido produzido, a presença ou não de abrasivos, corrosivos e outros contaminantes. Outros aspectos não menos importantes são a local- ização do poço1, os custos operacionais e facilidades de instalação e operação. Cada método tem vantagens e desvantagens que o torna aplicável apenas em certas circunstâncias. A seleção do método de elevação mais adequado do ponto de vista técnico e econômico é um dos temas mais importantes em elevação de petróleo. Este capítulo apresenta os principais métodos de elevação e seu princípio de fun- cionamento [Brown 1977]. Porém, antes de entrar no assunto elevação propriamente dito, é importante mostrar como este segmento se insere do contexto do processo de produção de petróleo [Thomas 2001]. 2.1 O poço de Petróleo O petróleo2, no sentido mais estrito de petróleo bruto, é uma substância natural oleosa, inflamável, quase sempre de densidade menor que a água, com características particulares de odor e cor que pode variar desde o incolor ou castanho claro até o preto, passando por verde e marrom (castanho), coloração esta relacionada à maior ou menor presença de certos componentes predominantes da mistura [Rosa et al. 2006]. É uma mistura complexa de compostos químicos cujos principais constituintes são os hidrocarbonetos, porém outros componentes estão na maioria dos casos presentes cuja es- trutura contém elementos químicos tais como o nitrogênio, o enxofre, o oxigênio, muitas 1onshore (em terra) ou offhore (na plataforma continental) 2do latim petrus, pedra e oleum, óleo 13 14 CAPÍTULO 2. A ELEVAÇÃO DE PETRÓLEO vezes, metais, principalmente níquel e vanádio. O petróleo é um recurso natural relativamente abundante ainda que limitado e, em função da duradoura permanência como principal fonte energética, as reservas se apre- sentam cada vez menores. Porém sua pesquisa envolve elevados custos e requer estudos de demorados e de elevada complexidade para um eficaz desenvolvimento e aproveita- mento de suas jazidas. É, também, a principal fonte mundial de energia, servindo como base para fabricação dos mais variados produtos, dentre os quais destacam-se: benzi- nas, óleo diesel, gasolina, alcatrão, polímeros plásticos e até mesmo medicamentos. Já provocou muitas guerras e é a principal fonte de renda de muitos países, sobretudo no Oriente Médio. Por isso tudo, a ciência, tecnologia e estudos relativos à pesquisa, desen- volvimento, extração, transporte e industrialização do petróleo são um dos tópicos mais importantes do ponto de vista econômico. Segundo a hipótese mais aceita [Thomas 2001], que a origem do petróleo é orgânica, parte da constatação de que com o incremento de temperatura, as moléculas do querogênio, substância que teria se formado a partir de depósitos não oxidados de matéria orgânica, começariam a ser quebradas, gerando compostos orgânicos líquidos e gasosos, em um processo denominado catagênese. Para se ter uma acumulação de petróleo seria necessário que, após o processo de geração (cozinha de geração) e expulsão, ocorresse a migração do óleo e/ou gás através das camadas de rochas adjacentes, até encontrar uma rocha selante ou uma estrutura geológica que detenha seu caminho, sob a qual ocorrerá a acumulação do óleo e/ou gás em uma rocha porosa e permeável chamada rocha reservatório. Mas a origem do petróleo ainda provoca celeuma. Embora a maioria dos geólogos ainda acreditem que o petróleo possa ser formado a partir de substâncias orgânicas proce- dentes da superfície terrestre , esta não é a única teoria sobre a sua formação. Os avanços científicos recentes em diversas áreas, tais como astronomia, astrofísica, oceanologia, biologia e termodinâmica, permitem supor uma origem abiogênica do petróleo e sua pos- terior contaminação por bactérias às quais serve de nutriente sendo que essas últimas deixam suas marcas que ainda induzem a um paradoxo para a maioria dos geólogos e outros pesquisadores [Ehrlich 2002]. O petróleo e o gás natural são encontrados tanto em terra quanto no mar, principal- mente nas bacias sedimentares (onde se encontram meios mais porosos, ou seja, reser- vatórios), mas também em rochas do embasamento cristalino. Os hidrocarbonetos, por- tanto, ocupam espaços porosos nas rochas, sejam eles entre grãos ou fraturas. São efe- tuados estudos das potencialidades das estruturas acumuladoras principalmente através de sísmica que é o principal método geofísico para a pesquisa dos hidrocarbonetos. As estruturas potencialmente portadoras de hidrocarbonetos são chamadas de armadilhas ou trapas. A figura 2.1 mostra uma falha com a camada permeável contendo água, óleo e gás e a camada impermeável no topo da estrutura. A figura 2.2) mostra uma armadilha por dobramento de uma estrutura de arenitos contendo óleo intercalados com folhelhos. Durante a perfuração de um poço de petróleo, as rochas atravessadas são descritas, pesquisando-se a ocorrência de indícios de hidrocarbonetos. Logo após a perfuração são investigadas as propriedades radioativas, elétricas, magnéticas e elásticas das rochas da parede do poço através de ferramentas especiais (perfilagem) as quais também permitem ler as propriedades físicas das rochas, identificar e avaliar a ocorrência de hidrocarbone- 2.1. O POÇO DE PETRÓLEO 15 Figura 2.1: Armadilhas ou Trapas 1 Figura 2.2: Armadilhas ou Trapas 2 16 CAPÍTULO 2. A ELEVAÇÃO DE PETRÓLEO tos. 2.2 Fases da vida de um poço As principais fases da vida de um poço de petróleo são as de perfuração, completação, produção e abandono. 2.2.1 Perfuração O poço é realizado pela perfuração de um furo de 5 a 30 polegadas (13 a 76 cm) de diâmetro no solo. A perfuração é realizada pela rotação de uma broca na extremidade de uma coluna de tubos. A rotação desta coluna é feita pela sonda de perfuração. Depois que o poço é perfurado, uma coluna de tubos de aço chamada revestimento é descida no poço. Logo após, esta coluna de revestimento é cimentada ao furo. O revestimento confere integridade estrutural ao poço e o conjunto cimento e revestimento protege o poço da invasão de fluidos das rochas e das pressões em que estes se encontram. A operação pode ser repetidas várias vezes. Para perfurar um poço, é preciso: 1. a broca de perfuração acionada pelo torque de rotação e peso da coluna de tubos de perfuração acima; a figura 2.3 identifica a broca na extremidade da coluna de perfuração rotativa e o percurso do fluxo de lama de perfuração; 2. o fluido de perfuração que é bombeado da superfície através da coluna de per- furação da qual sai através da broca e retorna pelo espaço anular entre o furo e a coluna, removendo os detritos resultantes da perfuração, limpando, refrigerando e lubrificando a broca e contendo a invasão de fluidos da rocha; 3. a coluna de perfuração vai sendo alongada pela conexão de novos tubos de 9,7 metros à medida que
Compartilhar