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P á g i n a | 1 Tumores Prevalentes na Infância Impacto da doença O câncer infantil representa 0,5 a 3% de todos os casos. Aproximadamente 200 mil casos/ano Primeira causa de óbito em países desenvolvidos. Em países subdesenvolvidos, ainda temos as causas perinatais, desnutrição e outras causas. Expectativa da família em ter um filho e seu futuro. Importância da SOBOPE (Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica), a medida que cada país ou grupo de estudo age no intuito de estudar o câncer infantil, surgem mais protocolos direcionados a sua população, influenciando no diagnóstico precoce, no tratamento e na sobrevida. Oncogenética e diferenciação individual para tratamento → melhor medicações e prognósticos específicos (tratamento alvo). Impacto social Dia 15 de fevereiro – dia internacional do combate ao câncer infantil. Dia 23 de novembro – dia nacional do combate ao câncer infantil. Dia 4 de abril – dia mundial do combate ao câncer. Direção de políticas, problemas ganham vozes na sociedade, tratamento e estudos se tornam mais importantes e possíveis. Casas de apoio → tratamento de câncer infantil deve ser feito em centro de referência. São hospitais quaternários, ou seja, eles tem estrutura que não é replicável em pequenas cidades. Cada setor de tratamento do câncer infantil tem uma estrutura extra-hospitalar fundamental na logística de tratamento do câncer infantil. Diferenças entre câncer infantil e no adulto Câncer Infantil Adulto Células afetadas Sanguíneas e tecido de sustentação (mesênquima) Epitélios Comportamento biológico de mesmos tumores Pior prognóstico/ rápido crescimento Melhor prognóstico/Latência maior Resposta quimioterápica Melhor Pior Cura 80% se diagnóstico precoce Depende do estádio e oncogenética Na criança, muitos cânceres são de células germinativas, que são bem diferenciadas e de rápido crescimento, respondendo melhor a quimioterapia. Isabela Terra Raupp P á g i n a | 2 A cura se refere a países em desenvolvimento e com grandes centros. Fatores de Risco Familiares: retinoblastomas – células jovens (totipotentes) – ausência de reflexo no teste do olhinho. Síndromes genéticas: trissoma 21 (Down), anemia de Fanconi, Noonan, Beckwith- Wiedeman, neuroofibromatose, WARG, Bloom, Nijmegen. Radiação ionizante e não ionizante → a tomografia equivale a 400 RX. A cada 10.000 TC, nós temos relacionados 2 novos casos de leucemia em crianças. Isso acontece porque na criança ela acumula mais radiação e como ainda tem muita vida pela frente, tem maior chance de causar mutações oncogênicas. o Protocolos de baixa radiação. o RMN também. o Às vezes é necessário usar sedação para conseguir fazer exames. Precisa avaliar o uso de contraste. o Precisa avaliar se a indicação é absoluta e vai mudar o tratamento/prognóstico. Drogas citotóxicas (ciclofosfamida + etoposide) → quimioradioterapia precisa de seguimento para não aparecer novo câncer, com outro padrão histológico. Asbestose → tumores pulmonares, mesotelioma, planoblastoma Dietilestilbestrol → sarcoma botrioide Vírus – Epstein Barr + HTLV-1 → leucemias e linfomas É importante reconhecer esses pacientes desde atenção básica, porque além de exame físico e anamnese detalhadas anuais, eles podem necessitar de outros exames, como na síndrome de Down, que está indicado realização de US anual, porque podem ter doenças associadas como litíase biliar. O uso de TC na infância 1,9 casos de leucemia infantil a cada 10.000 tomografias em crianças menores de 5 anos. 4 milhões de tomografias em crianças/ano nos EUA. São projetados em média 5000 novos casos de câncer infantil/ano por causa da TC. A trissomia do 21 está associada a leucemia (leucose) congênita A Síndrome de Noonan está associada a nefroblastoma (tumor de Wilms). É associada a criptorquidiase, agenesias e estenose pulmonar congênita. Síndrome de Beckwith- Wiedeman (hemi-hipertofia), está associada a pancreatoblastoma e hepatoblastoma Neurofibromatose pode ter malignização dos seus neurofibromas Malformação de WARG é umas sequencia de malformações P á g i n a | 3 Meninas podem ter câncer sólido a cada 270 a 800 tomografias → por causa do tecido embrionário intra-abdominal, principalmente os ovários. Reduzindo a irradiação em 25%, consegue redução de 43% do risco de câncer infantil. o Protocolos de baixa radiação ou de rápida aplicação, com mais canais. Quando suspeitar Vômitos, dor de barriga e dor de cabeça. Manchas roxas pelo corpo (purpuras e petéquias). Caroço pelo corpo (umbigo, pescoço, axila). Palidez inesperada, pode ser visto na mucosa jugal, sublingual, conjuntival, pele comprimindo regiões vascularizadas. Crescimento do olho → proptose (crescimento do tumor com infiltrado periorbitário) ou exoftalmia (hipertireoidismo) → retinoblastoma (crescimento unilateral) e neuroblastoma (câncer de células do SN Autônomo). Febre prolongada. Dores nos ossos → DD: dor em metástase por crescimento. Perda de peso → lembrar que na infância o ganho de peso significa desenvolvimento de órgãos, como rins e cérebro (2 anos) e pulmão (8 anos) até a maturidade. Por isso se deve seguir uma tabela de peso e curva de crescimento. Crianças que fica internadas, com ITU, com outras comorbidades podem perder peso pela doença. Geralmente a perda de peso vem acompanhada de outro sintoma, que caracteriza melhor a doença. São sinais inespecíficos. Por isso, precisa de anamnese e exame físico bem detalhado. Tumores mais prevalentes Leucoses ou leucemia 40% Tumor de SNC 20% Linfomas 10-15% Tumores sólidos: 1) Tumor de SNC. 2) Neuroblastoma – pode ser congênito, pode ser identificado intrautero e uma pequena porcentagem tem resolução espontânea. Tumor agressivo, mais comum em < 2 anos de idade; Origem de células nervosas autonômicas, geralmente na região paravertebral, mais comum na região de mediastino e retroperitoneal. Majoritariamente abdominal. 3) Nefroblastoma (Tumor de Wilms) – Mais comum tumor primário renal maligno, associado com várias síndromes. Diagnóstico na palpação superficial e profunda, mas a massa mais comum é hidronefrose, que é um DD. P á g i n a | 4 Necessidade de US anual. Majoritariamente abdominal. Mais comum > 2 anos. 4) Rabdomiossarcoma – tumor mais comum em cabeça e pescoço, mas o mais famoso é o tumor botrioide, que é mais comum em bexiga, mais comum em meninas e aparece como cachos de uva, com sangramento urinário e facilmente metastático. 5) Sarcomas de ossos – osteossarcoma, osteocondroma. São grandes responsáveis por sequelas nos pacientes, com alto risco de amputação de membro. 6) Tumor de células germinativas ovários, testículos, síndrome do tumor de células germinativas (erro de migração de células germinativas, podendo ser tecidos ectópicos, geralmente em linha média). Podem ser classificados em seminomatosos e não seminomatosos nos testículos, e nos ovários o mais comum é não seminomatosos, principalmente coriocarcionoma, carcinoma embrionário, tumor de seio endodérmico (menino), germinoma (menina). Esses tumores podem ter histologia mista, podendo ser coriocarcionona com b-HCG positivo, porem no anatomopatológico vem com tumor de células germinativas ou outro. Nesse caso tem que fazer biopsia excisional e pesquisar bem, porque pode ser mais de um tipo histológico, implicando no prognóstico. Nos tecidos germinativos, as metástases podem ter tipo histológico diferente do tumor primário, porque é célula germinativa e pode gerar novos tipos de tecidos. São difíceis de trataram em estágio tardio. Em meninas é mais difícil porque ele pode já estar grande ou avançado e não ter sido detectado, mesmo na palpação. Nos meninos é mais fácil de detectar quando eles não tem criptorquidia. A criptorquidia é um fator de risco aumentado para tumor seminomatoso germinativo e germinativo não seminomatoso quando operado. 7) Retinoblastoma Avaliado pelo teste do olhinho - reflexo vermelho ausente. Sinal de olho de gato - olho brilhoso a noite. Oftalmologista só é chamado em estágios mais avançados, antes disso, é indicado o pediatra. Biópsias guiadas podem ser feitas Causa perda visual e enucleação unilateral P á g i n a | 5 8) Hepatoblastoma Menos frequente Confundido com hemangiomas hepáticos – tumores benignos e tratados deformas menos agressivas. Pode necessitar de transplante hepático. Diagnóstico precoce é importante. Facilmente visto no US. Relacionado com a Síndrome de Beckwith-Wiedeman, heredietariedade e câncer de tireoide familiar, especialmente medular. i. Triagem semestral ou anual. P á g i n a | 6 1. Aumento de volume muito desproporcional ao trauma que ocorreu. DD: hemartrose (hemofilia), negligencia. Aumento de partes moles, como em região proximal, coxas, ombros. Sarcomas (menos) e leucemias podem causar infiltrados. 2. Tratamento de radioterapia prévio pode gerar tumores novos de SNC, como histiocitose de células de Langerhans (neoplasia de comportamento agressivo). 3. Infecções STORCH e H (Hepatites, HIV) são diagnósticos diferenciais de hepatoesplenomegalia. Diferenciar de tumores sólidos, como neuroblastoma e nefroblastoma. 4. Hidronefrose é a massa abdominal mais comum, diferenciada de tumor pela ecografia. Pode causar leucemia e linfoma (sempre palpar todas as cadeias de linfonodos para descartar). 5. Edema: infiltrado das partes, não necessariamente com aumento. Aumenta o turgor da pele. 6. Estrabismo: afeta o quiasma óptico. 7. Excessivo ganho de peso: de forma centrípeta, como se fosse uma síndrome cushingoide, que pode estar relacionado ao carcinoma supra-renal. Não é tão comum, mas ele tem prognóstico ruim, porque cresce no retroperitônio, podendo invadir a veia cava, aorta e fígado do lado direito e do lado esquerdo, envolvendo base do diafragma e pericárdio. São tumores de difícil tratamento, dependentes de cirurgias de alta complexidade que levam a uma alta morbimortalidade. 8. Sarcoma de Ewing é um tumor ósseo. 9. Tumor de Wilms – considerar a PA de acordo com a faixa etária da criança, percentil. Esfigmo deve cobrir 2/3 do braço da criança. Se for muito grande vai dar falso-negativo. Se for curto, vai dar falsamente alta. E medir 3 vezes para média. 10. Heterocromia e leucromia – sinal de gravidade. Pode ser por tumor no SNC. Pode se apresentar como reflexo de olho de gato. 11. Carcinoma medular de tireoide – caráter genético, com mutação genica familiar específica. Indica tireoidectomia profilática. 12. O achado de linfonodomegalia não indica necessariamente câncer. Ela precisa estar associada a sinais de gravidade. Os sinais de malignidade são: linfonodos > 1cm, de consistência pétrea. 98% das linfonodomegalias em crianças são por hipertrofia linfonodal crônica benigna, causadas por infecções bacterianas e virais. 13. Melanoma: Raro! 50% antes do 5 anos de idade. Principal DD: nevos gigantes, hemangiomas planos. Sempre devem ser bem avaliados. 14. Obstrução nasal com sangramento: DD com corpo estranho. 15. Otorreia ou otalgia quando associado a rabdomiossarcoma, o quadro já está avançado. 16. Cânceres que cursam com infiltrado medular podem causar anemias e assim palidez e fadiga. Esses são leucemias, linfomas. 17. Linfoma de Hodgkin – linfonodomegalia assimétrica, tipo saco de batata, com prurido e sudorese noturna. P á g i n a | 7 18. Carcinoma de córtex suprarrenal pode causar pseudopuberdade precoce ou androgenisação em meninas. 19. Massa em mediastino: linfoma é o mais visto. DD: teratomas, neuroblastomas. Por compressão mediastinal causa tosse seca e persistente, podendo cursar com dispneia, perda de folego fácil. Leucemias Agudas 40% → LLA 70% e LMA 15%. Pico→ 2-5 anos e semelhante em adolescentes (bimodal). Sobrevida: o LLA 80% o LMA 50% Fatores prognósticos em LLA: Fator Favorável Desfavorável Idade >1 a <6 anos Restante Leucometria no diagnóstico <20.000 >100.000 Blastos após 1ª semana de tratamento no sangue periférico < 1.00/mm³ >1.000/mm³ Medula óssea no D14 da indução Remissão Sem remissão Número de cromossomos (cariótipo) >50 < 45 Translações cromossômicas t(12;21) - Down t(9;22) e t(4;11) Centrifugação do sangue. No sangue normal, tem hematócrito e pasma prevalentes. Se você tem um aumento no número de leucócitos, veremos assim a centrifugação. O plasma fica mínimo e o hematócrito reduzido também. Tumores de SNC Neoplasia sólida mais comum. Maior morbimortalidade Pico na primeira década, mais em meninos, sem distinção de etnia. 80% são astrocitomas, meduloblastomas, ependiomas e craniofaringiomas. Maioria de tratamento cirúrgico com terapias neoadjuvantes e adjuvantes. Localização mais comum é infratentorial (cerebelo e tronco), causando pressão intracraniana. P á g i n a | 8 Supratentoriais tem pior prognóstico. O segundo mais comum são infiltrados cancerígenos do linfoma e leucemias. Consequências: hidrocefalia e disseminação meníngea, por crescimento tumoral ou êmbolos tumorais. Pode causar compressão dos ventrículos e do aqueduto de Sylvius, causando hidrocefalia. Cefaleia persistente, que acorda a criança com vômitos, sinais de irritação meníngea, alterações visuais concomitantes e convulsões – pensar em tumor. Tríade de hipertensão intracraniana: Papiledema – fundo de olho, tem edema macular. Vômitos matinais Cefaleia Causa mais comum é hidrocefalia, mas sempre precisa fazer diagnóstico diferencial. Linfoma 3 tumor mais comum na infância Não é considerado sólido e sim doença sistêmica Representado com linfonodos retroauriculares, cervicais, maior que 1 cm, fundidos e agrupados, assimétricos e mal delimitados, associados a dor a palpação e aderidos a planos profundos. Tipos: Hodgkin Não Hodgkin 1) Doença de Hodgkin: Célula Reed-Sternberg, célula gigante, multinucleada. o Identificado na biópsia por punção, excisional e se tiver invasão medular (hematopoiética ou espinhal) pode ser visto em líquor. o ATENÇÃO: APENAS 10% DOS TUMORES DE SNC CURSAM COM CEFALEIA COMO ÚNICO E PRINCIPAL SINTOMA. P á g i n a | 9 o Líquidos de complicações também podem ter a célula, exemplo, líquido de massa pleural. Quadro clínico: o Linfonodomegalia cervical o Etiologia ligada ao Epstein-Barr o 2/3 tem massas mediastinais associadas visíveis no raio-x de tórax. Em 2 incidências. Em neonatais e lactentes tem que tomar cuidado para não confundir com o timo. Exames: o Sorologias para STORCH o Raio x simples de PA e Perfil o DHL o PPD para tuberculose (descartado se história epidemiológica negativa) 2) Não Hodgkin: Mais comum após os 3 anos de idade e na segunda década de vida. Forma agressiva – Burkitt (crescimento rápido, causando síndrome da lise tumoral) Se abdominais: 1/3 se apresenta com abdome agudo e na forma de invaginação intestinal. Risco de vida: síndrome da lise tumoral – encharca o meio endovascular com eletrólitos e intracelular, podendo levar rapidamente a insuficiência renal e óbito. DD: linfadenite bacteriana, com exames laboratoriais 2/3 com linfonodomegalia cervical. Exames: Dosagem de ácido úrico, ureia, creatinina, sódio, potássio, cálcio, cloro. Geralmente vão estar bem elevados P á g i n a | 10 Triagem de crianças com linfonodomegalia Situações: o Linfonodomegalia muito suspeita: biopsia o Linfonodomegaliabenigna (fraca suspeita): observar Não tem dor, é menor que 1 cm, não tem sinais flogísticos, é móvel, bem delimitada e individualizada. o Linfonodomegalia duvidosa: triagem Triagem: o Raio X de tórax PA e perfil: objetivo Alargamento de mediatino – DH Focos pulmonares – TB o Desidrogenase Lactica (DHL): >1000UI ou seriada em ascensão rápida. o Pensar em linfoma: biopsia. o STORCHHH: IgG e IgM o PPD ou reação de Mantoux
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