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CASOS CONCRETOS DE DIREITO CIVIL V 1 AO 13

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CASOS CONCRETOS DE DIREITO CIVIL V
QUESTÃO SUBJETIVA 1 ? (Magistratura de São Paulo - 2007 - 2ª Fase) Direito Civil - Dissertação. Princípios basilares do Código Civil brasileiro (Lei nº 10.406, de 10.01.2002) Inovações no Direito de Família em relação ao Código Civil De 1916 (Livro IV, Título I, Substituto I, Capítulos I ao XI).
Os princípios do Código Civil Brasileiro de 2002, apontados por Miguel Reale, em apertada síntese:
a) Princípio da eticidade - valorização da ética e da boa-fé, particularmente da boa-fé objetiva, aquela que está no plano da conduta de lealdade das partes negociais.
b) Princípio da socialidade - valorização do "nós" em detrimento do "eu", ou seja, afastamento do caráter individualista e egoísta da codificação anterior. Assim, todos os institutos civis têm importante funcionalização social: a propriedade, a posse, o contrato, a empresa, a família, a responsabilidade civil.
c) Princípio da operabilidade - facilitação do Direito Privado (simplicidade) e sua efetivação, por meio do sistema de cláusulas gerais (concretude), que são janelas abertas deixadas pelo legislador para preenchimento pelo aplicador do Direito, caso a caso (TARTUCE, Flávio. Direito Civil. Volume 1. Lei de introdução e parte geral. São Paulo: Método, 3ª Edição, 2007, p. 100-107).
Quanto às inovações do Código Civil no tocante ao Direito de Família, poderiam ser apontadas as seguintes (arts. 1.511 a 1.590 do CC):
1. Igualdade entre o homem e a mulher, na esteira da Constituição Federal de 1988 (art. 5º, inc. I, e art. 226 da CF/88). No Código Civil, essa igualdade pode ser retirada do arts. 1.511, 1.565 e 1.566 do CC. Essa igualdade também atinge a capacidade para o casamento (art. 1.517 do CC).
2. Previsão expressa do princípio da não-intervenção, valorizando a autonomia privada no Direito de Família (art. 1.513 do CC).
3. Possibilidade de conversão do casamento religioso em casamento civil (arts. 1.515 e 1.516 do CC), como já previam os arts. 226 e 227 da CF/88.
4. Alteração substancial dos impedimentos matrimoniais, que estavam concentrados no art. 183 do Código Civil de 1916 de forma confusa. Os impedimentos relativos passaram a constituir causas de anulabilidade (art. 1.550 do CC). Os antigos impedimentos impedientes passaram a ser tratados como causas suspensivas do casamento (art. 1.523 do CC).
5. Previsão das hipóteses de dissolução da sociedade conjugal e do casamento nos termos do que já constava da Constituição Federal de 1988 (art. 227) e da Lei do Divórcio (Lei n. 6.515/1977). O aluno poderia apontar que o Código Civil de 2002 continua a mencionar a culpa como fundamento da separação (arts. 1.572 e 1.573 do CC) e que essa vem sendo mitigada pela jurisprudência. Poderia apontar, também, que há autores que defendem a sua total extinção no tocante às separações judiciais (Maria Berenice Dias, Rodrigo da Cunha Pereira, entre outros).
Em suma, o candidato poderia concluir que as principais inovações, nos capítulos solicitados, não vieram com o Código de 2002, mas sim com a Constituição Federal.
Por fim, seria interessante discorrer sobre a tendência metodológica de se interpretar o Direito de Família a partir de princípios constituicionais, particularmente de acordo com a proteção da dignidade humana (art. 1º, inc. III) e a solidariedade social (art. 3º, inc. I, da CF/88). Sobre o tema: TARTUCE, Flávio. Novos princípios do Direito de Família Brasileiro. 
Pergunta- se: Da análise do artigo acima citado, conforme os princípios 
do Direito de Família, quais as bases da família que estão sendo 
valorizadas ? Conceitue os referidos princípios citados, justificando com 
base na lei e m vigor.
No caso exposto, estão sendo valorizados os princípios da dignidade da pessoa humana, da afetividade, e da não intervenção na comunhão da vida em família.
O princípio da dignidade da pessoa humana ( art. 1º, III, da CF), é um valor forte do ordenamento jurídico brasileiro que deve orientar todas as relações familiares e assistenciais, impondo respeito à pessoa e a sua realização afetiva, possibilitando, dessa forma, o seu pleno desenvolvimento. Passa a impor no Direito de Família a prevalência da afetividade sobre o caráter patrimonial que dominava o CC/16. E o Princípio da intervenção mínima do Estado, onde o Estado não deve intervir nas relações interpessoais de família , não estatizando formas de apresentação e formas familiar
 QUESTÃO SUBJETIVA 2 ? Carlos e Juliana, após 7 anos de namoro, tomaram a importante decisão de firmar um noivado para, então, começar os preparativos do matrimônio, que perduraram 12 meses, entre organização da moradia do casal e festa de casamento. Tudo estava pronto! A casa mobiliada, a festa inteiramente paga, padrinhos preparados, convites distribuídos e os noivos aguardavam o grande dia quando Juliana foi surpreendida por uma decisão de Carlos: Não quero mais casar! Após momentos desesperados de dúvida e sofrimento, Juliana descobriu que Carlos mantinha um relacionamento paralelo há 2 anos com uma moça que residia na mesma cidade. Por se tratar de uma cidade pequena, em que praticamente todos os habitantes se conhecem, Juliana ficou muito envergonhada e tinha a certeza de que a história da traição e abandono de Carlos rapidamente se espalharia. E assim, de fato, ocorreu, tendo Juliana de desmarcar a festa, informar aos padrinhos e convidados do cancelamento, além de se submeter aos constantes questionamentos e comentários a respeito do que acontecera. Diante desta situação, que orientações você daria a Juliana, na qualidade de advogado (a) dela?
O noivado reflete uma situação em que duas	pessoas pretendem firmar um compromisso inequívoco, uma promessa de casamento. A ruptura	desta promessa pode	gerar	dano moral	ou material indenizável, dada a responsabilidade extra contratual do agente. É extracontratual por não haver ainda o matrimônio, este sim com natureza jurídica de contrato especial de Direito de Família. O noivado, por óbvio, não obriga ao casamento de forma irrevogável, mas a quebra da boa-fé e o abuso do exercício do direito de desistir deste compromisso	devem	gerar	a devida reparação, mormente quando houve despesas (casa montada e festa paga)	e constrangimento (noiva traída, abandonada, padrinhos e convidados cientes da realização da festa).
Na qualidade de advogada orientaria a Juliana a entrar com uma ação de danos morais e ressarcimento pela dor do fim do sonho acabado em virtude de enganação , por meio de promessas falsas e mentiras desprezíveis causando dor e humilhação a Juliana. retratação da parte ré, pois deixou Juliana com uma situação vexatória 
TJ/MG, Apelação Cível n. 1.0701.12.031001-9/001, rel des. Rogério Medeiros julgado 16/06/2016, DJEMG
 QUESTÃO SUBJETIVA 3 ? Durante o processo de habilitação para o casamento de Marina e Josias, Ricardo, antigo noivo de Marina, apresenta ao oficial do registro declaração escrita e assinada, instruída com devidas as provas, afirmando serem aqueles irmãos, o que representa clarividente impedimento para a realização do casamento entre Marina e Josias. O oficial do registro, conforme determina a legislação, cientifica os nubentes acerca da oposição formulada por Ricardo, para que possam promover sua defesa, em obediência ao princípio do contraditório e ampla defesa. Ao analisar as provas colacionadas por Ricardo, Marina identifica a falsidade dos documentos apresentados. Diante destes fatos, como devem proceder Marina e Josias, para que possam dar seguimento ao processo de habilitação do enlace matrimonial? 
Administrativamente, perante	o oficial do registro, Marina apresentará as evidências da falsidade documental que impediu o prosseguimento do processo de	habilitação. Além disto, como autoriza o art. 1.530, parágrafo único, CC, poderá promover as competentes ações	de natureza cível e criminal contra Ricardo, que agiu imbuído de inteira má-fé. Art.1.521. Não	podem	casar: (...) IV- os irmãos, unilaterais ou bilaterais e demais colaterais,até o terceiro grau inclusive;
 Art.	1.530.	O oficial do registro dará aos nubentes	ou a seus representantes nota	da oposição, indicando os	fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. Parágrafo único. Podem	os nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados, e promover as ações civis e criminais contra o oponente de má-fé.
QUESTÃO SUBJETIVA 4 ? A celebração do casamento deve cumprir formalidades legalmente previstas que antecedem o ato matrimonial. Seguindo esta premissa, Solange e Lucas passaram por todo o processo de habilitação até a chegada do dia da celebração do casamento. No momento da celebração, quando perguntado pela autoridade celebrante se aquele ato estava ocorrendo por sua livre e espontânea vontade e se ele assim desejava receber Solange por sua esposa, Lucas respondeu, em tom jocoso: ? É o jeito!? e sorriu complementando: ?É brincadeira, pois desejo recebê-la por minha esposa?. Diante desta conduta de Lucas, que providência deverá adotar a autoridade celebrante? 
A autoridade deverá suspender o ato, não podendo Lucas retratar-se no mesmo dia, por ter declarado, mesmo que jocosamente, não ser de sua vontade participar daquele ato. 
Havendo vício de vontade, estará afetado o plano de existência do casamento, portanto, este será considerado inexistente. 
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: 
II - declarar que esta não é livre e espontânea; 
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será admitido a retratar-se no mesmo dia.
QUESTÃO SUBJETIVA 5 ? A celebração do casamento de Mário e Clara aconteceu após todo o regular trâmite do processo de habilitação, sem que nenhuma oposição tenha sido realizada. Cinco meses após o casamento, Mário e Clara venderam um imóvel para Ricardo, no valor de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), tendo sido realizada a pertinente escritura pública de compra e venda, com a averbação no respectivo Registro de Imóveis. Ocorre que, um ano após o matrimônio, Roberta apresentou oposição, arguindo causa suspensiva. Qual a consequência desta arguição para os envolvidos? 
Um vez confirmada a causa suspensiva, haverá aplicação do regime da separação de bens com efeito ex tunc, retroagindo, portanto, à data da celebração do matrimônio. 
Quanto ao negócio jurídico celebrado com o terceiro que desconhecia a causa suspensiva, não será prejudicado, em razão da boa-fé objetiva.
QUESTÃO SUBJETIVA 6 ? João e Maria são casados sob o regime da comunhão parcial de bens. João, pretendendo vender ou doar um bem particular, que lhe pertence com exclusividade, necessitará da anuência da sua esposa? (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018) 
Sim, pois a ressalva estabelecida na lei para a dispensa do consentimento leva em consideração o tipo de regime adotado e não a origem do bem, portanto, ?se casados estão em comunhão parcial, em face da potencial repercussão na estabilidade econômica do casal que qualquer dos atos previstos no art. 1.647 pode ocasionar, a alienação deste bem demandará a necessária aquiescência do outro?. Ocorre desta forma porque o legislador somente? Dispensou a outorga para pessoas casadas em regime de separação convencional ou participação final nos termos do art. 1.656, independentemente da origem do bem?. (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, P. 1.267)
QUESTÃO SUBJETIVA 7 ? No regime da comunhão universal de bens existe previsão de exclusão da comunhão dos bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade, e os correspondentes sub-rogados (art. 1.668, I, CC). Esse bem gravado com a incomunicabilidade pode ser vendido ao outro cônjuge? (TARTUCE, 2017, p. 183). 
Em regra é possível a venda desses bens, desde que não haja simulação (causa de nulidade absoluta), fraude contra credores (causa de nulidade relativa ou anulabilidade), ou fraude a execução (causa de ineficácia). Vale lembrar que a incomunicabilidade não gera a inalienabilidade do bem, e que o art. 499 do CC autoriza a venda entre cônjuges quanto aos bens excluídos da comunhão. Mais uma vez consigne-se que as limitações à autonomia privada devem constar necessariamente de lei
QUESTÃO SUBJETIVA 8 ? Priscila e Reginaldo casaram sob o regime da separação convencional de bens, pois pretendiam ter exclusividade de administração sobre seu patrimônio pessoal, podendo livremente aliená-lo ou gravá-lo de ônus real. Durante a constância do casamento adquiriram um imóvel financiado em nome de Reginaldo, pelo Banco Credi amigo, onde residem atualmente, e cujas parcelas são pagas em rateio pelos consortes. Advindo a separação do casal, como fica a situação de Priscila?
Embora se trate de regime de separação total, o imóvel foi adquirido pelo esforço comum dos cônjuges. Tanto é assim que Priscila paga, mensalmente a metade da parcela do financiamento. Assim, como amparo no princípio que veda o enriquecimento sem causa, é possível que Priscila obtenha, em partilha de bens, a parte que lhe cabe. Neste sentido existe entendimento jurisprudencial: REsp 286.514/SP, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 02/08/2007, DJ 22/10/2007, p. 276. 
Os bens que compõem essa sociedade de fato devem ser divididos de acordo com os esforços e contribuições patrimoniais de cada um dos cônjuges. A título de ilustração, se um imóvel foi adquirido com 70% de contribuição de uma parte e 30% de contribuição da outra, assim deve ser partilhado. Frise-se que não se trata propriamente de uma meação, regida pelo Direito de Família, mas de divisão de acordo com o que cada uma das partes efetivamente auxiliou na aquisição onerosa? (TARTUCE, 2017, p. 195).
 QUESTÃO SUBJETIVA 9 ? Tício, residente na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, vive em união estável, nessa cidade, com Maria Antonia, desde o ano de 2002. A união apresenta todos os requisitos constantes na lei civil. Toda a sociedade local reconhece a existência da entidade familiar, tratando os companheiros como se casados fossem. Todavia, Tício é viajante e, desde o ano de 2003, encontra-se com Maria Figueiredo todas as segundas-feiras, na cidade de Franca, onde mantém um escritório. A relação também se enquadra nos termos do art. 1.723 do CC/2002. Tício e Maria Figueiredo têm um filho comum: João Henrique, de um ano de idade. Tício mantém ainda uma união pública, notória e contínua com Maria Augusta, na cidade de Batatais, para onde vai todas as quintas-feiras vender seus produtos. Aliás, Maria Augusta é dona de um estabelecimento comercial em que Tício consta como sócio. Ambos têm um negócio lucrativo naquela cidade do interior paulista. O relacionamento amoroso existe desde 2004. Por fim, Tício tem um apartamento montado na cidade de São Paulo, onde vai ocasionalmente, de quinze em quinze dias, a fim de comprar produtos para vender no interior paulista. Nesse apartamento reside Maria Carmem, com quem Tício tem um relacionamento desde o final do ano de 2004. Essa sua convivente está grávida e espera um filho seu. No caso hipotético, uma Maria não sabe da existência da outra como convivente de seu companheiro, até que, um dia, o pior acontece e o mundo desaba. Cada um destes relacionamentos constitui uma união estável, nos termos do que consta do Código Civil e da Constituição? (TARTUCE, 2017, p. 354-355) 
Flávio Tartuce (2017, p. 355-357) responde ao questionamento com as seguintes palavras: 
Um primeiro entendimento aponta que nenhum dos relacionamentos constitui união estável. Havendo deslealdade nas relações plúrimas a impedir a caracterização da união estável, trata-se do concubinato impuro desleal, nas palavras de Álvaro Villaça Azevedo (Estatuto…, 2. ed., 2002, p. 190). Também filiada a essa forma de pensar está Maria Helena Diniz, para quem a fidelidade ou lealdade constitui um dos requisitos da união estável, sem o qual não há a referida entidade familiar nos três relacionamentos descritos (Curso…, 2002, p. 321). Entretanto, diante do desrespeito à boa-fé, as Marias poderãopleitear que Tício indenize-as por danos materiais e morais, pela caracterização do abuso de direito, por desrespeito à boa-fé objetiva, que igualmente se aplica à união estável. 
Esse primeiro entendimento pode ser afastado pela conclusão de que a fidelidade e o respeito mútuos não constituem elementos essenciais para a caracterização da união estável, mas apenas deveres dela decorrentes, constantes do art. 1.724 do CC/2002. De toda sorte, é a posição que prevalece na jurisprudência nacional, ao entender ser a monogamia princípio da união estável, assim como ocorre com o casamento (por todos: TJRS, Apelação Cível 580085-86.2012.8.21.7000, Porto Alegre, 7.ª Câmara Cível, Rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, j. 27.02.2013, DJERS 05.03.2013; TJMG, Apelação Cível 1.0518.10.015356-9/002, Rel. Des. Eduardo Guimarães Andrade, j. 09.10.2012, DJEMG 19.10.2012; TJSC, Agravo de Instrumento 2012.004122-3, Laguna, 6.ª Câmara de Direito Civil, Rel. Des. Ronei Danielli, j. 16.08.2012, DJSC 21.08.2012, p. 296; e TJSP, Apelação 0132648-04.2008.8.26.0053, Acórdão 5552592, São Paulo, 9.ª Câmara de Direito Público, Rel. Des. Oswaldo Luiz Palu, j. 23.11.2011, DJESP 19.12.2011). 
(...) 
Pois bem, para uma segunda corrente, devem ser aplicadas, para o caso em questão, as regras previstas para o casamento putativo. Assim sendo, as Marias que ignorarem a existência da primeira união constituída – com Maria Antonia –, podem pleitear a aplicação analógica do que consta do art. 1.561 do CC/2002. Filia-se a esse entendimento Euclides de Oliveira. 
(...) 
Na mesma esteira, opina Rodrigo da Cunha Pereira que “se porventura substituir a caracterização simultânea de duas ou mais uniões, socorre à parte que ignorava a situação o instituto da União Estável putativa, ou seja, aquele em que um dos partícipes desconhecia por completo a existência de outra união more uxório – matrimonial ou extramatrimonial – do outro, devendo esta produzir os mesmos efeitos, previstos para uma união monogâmica” (PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato…, 2004, p. 75). 
Igualmente, essa é a opinião de Rolf Madaleno, inclusive no caso de existência concomitante de uma união estável e um casamento. 
(...) 
Após a análise dessa segunda corrente, repita-se, a mais justa, há um terceiro entendimento, segundo o qual todas as uniões constituem entidade familiar, devendo ser reconhecidos os direitos de todas as Marias, independente de qualquer outra consideração, desde que preenchidos os requisitos do art. 1.723 do CC/2002. Essa corrente é encabeçada por Maria Berenice Dias (Manual…, 2005, p. 181).
QUESTÃO SUBJETIVA 10 ? Carmen e Henrique mantiveram um matrimônio por 15 (quinze) anos do qual advieram dois filhos: Clara e João Pedro. Ocorre que as dificuldades diárias e os desentendimentos constantes fizeram com que os cônjuges optassem por encerrar o vínculo conjugal através do divórcio. Por serem menores os filhos, era necessário que decidissem como seria estabelecida a guarda, questão este que foi levada à apreciação do Poder Judiciário. Durante a primeira audiência, o Magistrado percebeu o clima de discórdia existente entre o casal, que travava discussões por aspectos insignificantes e não chegava a um consenso no tocante ao interesse dos filhos menores. Diante desta situação, na qualidade de julgador desta demanda, você concederia a guarda compartilhada?
Segundo Tartuce (2017, p. 280) a guarda compartilhada é a “hipótese em que pai e mãe dividem as atribuições relacionadas ao filho, que irá conviver com ambos, sendo essa sua grande vantagem. Ilustrando, o filho tem apenas um lar, convivendo sempre que possível com os seus pais, que estão sempre presentes na vida cotidiana do filho. Essa forma de guarda é a mais recomendável, e, exatamente por isso, quanto ao art. 1.583 do CC/2002 em sua redação original, que tratava da determinação da guarda por acordo entre os cônjuges, previa o Enunciado n. 101 do CJF/STJ que essa guarda poderia ser tanto a unilateral quanto a compartilhada, desde que atendido o maior interesse da criança (best interest of the child). Frise-se que foi tal entendimento doutrinário que motivou a alteração legislativa em 2008, passando a guarda compartilhada a ser a prioridade.” A guarda deve ser determinada atendendo ao princípio da dignidade da pessoa humana e do melhor interesse da criança e do adolescente. Assim, para que a guarda compartilhada surta os efeitos que dela se espera, é necessário que haja uma convivência harmônica entre os genitores, como já reconheceu a jurisprudência em alguns julgados transcritos nesta aula. Diante disto, no caso sob tablado não é recomendável a guarda compartilhada.
 QUESTÃO SUBJETIVA 11 ? (86.º Concurso de Ingresso no MPSP - Segunda fase - realizada em 1º de fevereiro de 2009). (Direito Civil). Considere o seguinte problema: Ivo estabeleceu união estável com Ada, a qual possuía um filho de dois anos de idade, Pio, fruto de outra união, registrado apenas pela mãe. Espontaneamente, por escritura pública, Ivo reconheceu Pio como filho, acrescentando o sobrenome paterno no assento de nascimento da criança. Passados doze anos, desfeita a união estável, o perfilhado promoveu ação de alimentos ante o perfilhante, que, em contrapartida, aforou ação negatória de paternidade cumulada com anulação do registro civil, calcada no fato de não ser o verdadeiro pai do menor, e alegou ter sido forçado pela companheira a reconhecê-lo. As provas confirmaram a inexistência de vínculo biológico entre Ivo e Pio, seja pelo exame de DNA seja pela confissão de Ada, vindo os autos ao Ministério Público para alegações finais. Como promotor de justiça, em forma de súmula, aponte os fundamentos do parecer sobre a procedência ou não da ação negatória de paternidade cumulada com anulação do registro civil. 
A paternidade socioafetiva, mencionando que esta, uma vez reconhecida, não pode ser desconstituída, pois constitui forma de parentesco civil (art. 1.593, CC), com base na posse do estado de filho (filho de criação). A verdade afetiva deve prevalecer, existindo, ainda, neste caso, o reconhecimento registral, havendo de se considerar o melhor interesse do menor no caso concreto. O Enunciado n° 256, aprovado na III Jornada de Direito Civil reconhece que ?a posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de parentesco civil?. A ação deve ser julgada improcedente em relação à anulação do registro civil, que manifesta a verdade socioafetiva, e procedente em relação à negatória da paternidade biológica, pois o DNA e a mãe confirmaram que não há vínculo de sangue. 
QUESTÃO SUBJETIVA 12 ? Cláudio foi casado com Silvana durante doze anos, mas estão separados desde janeiro do corrente ano. Na hipótese do art. 1.597, II, Cláudio se nega a reconhecer um filho de sua ex-mulher. Há alguma providência que pode ser adotada por Silvana? 
Segundo Tartuce (2017, p. 421) em vez de aplicar a presunção legal, o juiz da ação investigatória determinará a realização do exame. Ocorrendo a negativa, aplica-se a presunção judicial da Súmula 301 do STJ e da Lei 12.004/2009, presumindo-se relativamente à paternidade daquele que se nega a fazer o exame, o que acaba confirmando, por outra via, a presunção prevista do art. 1.597, II, do mesmo CC/2002
QUESTÃO SUBJETIVA 13 ? (DPE/RR - CESPE/2013 - Adaptada) Lucas, com dezoito anos de idade, procurou a Defensoria Pública com o objetivo de receber uma orientação jurídica. Afirmou que, quando possuía quatro anos de idade, seu genitor fora condenado a pagar alimentos mensais em seu favor, fixados em 30% do salário mínimo. No entanto, o alimentante nunca efetuou o pagamento de uma prestação alimentar sequer. Nesses termos, indagou ao Defensor Público responsável pelo atendimento se poderia cobrar o montante integral em atraso. À luz das disposições civilísticas a respeito dos institutos da prescrição e dos alimentos, existe esta possibilidade?
Lucas poderá cobrar todas as prestações alimentares que lhe são devidas, pois a prescrição não corre contra os absolutamenteincapazes.

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