Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 1 Eletrocardiograma 1. CARACTERÍSTICAS DO ELETROCARDIÓGRAFO O papel é formado por quadrados com 1 mm da lateral. A cada 5 quadrados, há uma linha mais forte tanto na vertical quando na horizontal. A velocidade-padrão com que o papel milimetrado se desloca na máquina é de 25mm/s. Nessa velocidade, cada quadrado menor tem 0,04 s e cada quadrado maior tem 0,2s, determinados pelo eixo horizontal. O eixo vertical mede a amplitude do traçado, representando 0,1mV. Assim, a cada 1mm horizontal, tem-se 0,04s. Em 1 minuto, o aparelho registra 1500mm. 2. FUNÇÃO CARDÍACA Existem 2 tipos de células cardíacas: - fibras musculares contrateis: função de bomba -células do sistema elétrico: automatismo, produção de estimulo elétrico e condução de corrente elétrica originada pelo coração. Todas as células elétricas podem gerar impulso cardíaco, mas o automatismo gerado no nó sinusal predomina porque as células se despolarizam com maior frequência, podendo elevar a frequência de acordo com a demanda do organismo. Quando as fibras recebem estímulos produzidos no nó sinusal, elas se despolarizam e essa depolarização faz a contração cardíaca. A passagem do impulso elétrico é mais rápido nas fibras elétricas que nas musculares cardíacas. No nó atrioventricular as células retardam a velocidade de condução do impulso elétrico, que é importante para o esvaziamento completo atrial. Isabela Terra Raupp R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 2 Potencial de repouso É a carga elétrica inicial da célula cardíaca, formada pela concentração de íons. No interior das células há predominância de íons de potássio, enquanto no exterior predominam sódio e cálcio. A membrana é permeável aos íons potássio e semipermeável aos íons cálcio e sódio, permitindo a saída dos íons potássio, que tem a tendência pelo gradiente químico, deixando a célula negativa em seu interior. Essa diferença de potencial é medida em -90mV, que corresponde ao potencial de repouso da célula. A célula fica polarizada. Despolarização Quando a célula recebe o estímulo elétrico, ela diminui a resistência elétrica e aumenta a permeabilidade ao sódio. Para isso, abrem-se os canais rápidos de sódio seguidos por canais lentos de cálcio, levando a inversão de cargas elétricas na membrana celular. Gera onda positiva. Repolarização Recuperação elétrica e a célula retorna ao estado polarizado. Gera onda negativa, porque o vetor de seguimento aponta para cargas negativas. Dependendo do local onde está o eletrodo, a onda de despolarização é vista de maneiras diferentes Potencial de ação Quando a célula é estimulada, a polaridade da membrana inverte e o potencial varia. Potencial de ação é a variação do potencial elétrico da membrana celular durante o ciclo cardíaco. R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 3 A fase 0 corresponde a despolarização rápida – entrada rápida de sódio Nas fases 1,2 e 3 ocorre a repolarização, com entrada de cálcio e saída de potássio. A fase 4 é o repouso, quando a célula está polarizada novamente. Automotismo As células marca-passo (elétricas) podem gerar estímulo elétrico espontaneamente. Essas células tem potencial de repouso próximo do limiar de ação, que é em torno de - 60mV, e na fase de repouso permitem a entrada de cálcio e sódio, fazendo despolarização diastólica espontânea (fase 4 do potencial de ação). Quando atinge o limiar, o estimulo cardíaco é desencadeado. R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 4 Células do sistema elétrico: marca-passo, células transicionais e células de Purkinje. As células marca-passo estão no nó sinusal e nó atrioventricular e são responsáveis pelo automotismo. Tem predominância de canais lentos de cálcio e o potencial de ação apresenta a fase 0 mais lenta (despolarização) e fase 4 mais íngreme (despolarização diastólica espontânea), sendo maior no nó sinusal, por causa da sua predominância. As células transicionais são localizadas na periferia do nó sinusal e são responsáveis por pela conexão com o tecido atrial circundante. As células de Purkinje são encontradas nos feixes de His e ramificações e em menor quantidade nos feixes intermodais, tendo maior quantidade de canais rápidos de sódio (maior condução) e tem em menor grau a depolarização diastólica espontânea, podendo causar automotismo. Fibras musculares contráteis: bomba. No átrio, tem potencial de ação rápido com duração muito curta que determina menor período refratário. No ventrículo, apresentam diferenças de potencial de ação de acordo com a localização. Despolarização atrial Inicia no átrio direito e, em seguida, átrio esquerdo. O vetor resultante é orientado para esquerda e para baixo, e a soma das variações dos potenciais faz a onda P do eletrocardiograma, que até sua metade representa a despolarização do AD e a partir do meio dela, representa a despolarização do AE. Despolarização ventricular Há uma retardo de condução de 20-40ms (Intervalo PR) até que a corrente elétrica que ultrapassa o nó atrioventricular, passa rápido pelos feixes de His, estimulando os dois ventrículos. 1) Despolarização do septo: Primeiro o septo é ativado, sendo que o feixe direito despolariza o septo do lado direito em direção ao esquerdo e o ramo esquerdo depolariza da esquerda para a direita. Como a massa ventricular esquerda é 2 a 3 vezes maior, o vetor resultante aponta para o lado direito. Visto por um eletrodo colocado à esquerda do coração, a onda apresentada é negativa (Onda Q) e leva cerca de 20ms. R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 5 2) Despolarização das paredes não septais dos ventrículos: apresentam maior massa do lado esquerdo que do lado direito. Assim, a soma vetorial resulta em um vetor para a esquerda, sendo representado por uma onda de maior amplitude e positiva, se olhada pelo eletrodo do lado esquerdo (Onda R) e leva cerca de 20ms. 3) Despolarização das porções basais dos ventrículos: próximas ao sulco atrioventricular, faz uma onda final negativa, porque o vetor resultante aponta para o lado esquerdo superior (Onda S), nos últimos 20ms. Vetores resultantes: (1) despolarização septal; (2) despolarização das paredes livres; (3) despolarização das porções basais. O vetor teórico SAQRS resultante da somatória de todas as forças elétricas dos ventrículos orienta-se para a esquerda e para trás, apontando para o ventrículo esquerdo. Repolarização ventricular Do epicárdio para o endocárdio. Quando a repolarização tem o mesmo sentido que a despolarização, a onda T e o QRS são opostos. Mas os processos geralmente tem sentido inverso, ou seja, a repolarização tem vetor oposto ao da despolarização, a onda T fica paralela ao QRS na maioria das derivações. R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 6 2. AS DERIVAÇÕES R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 7 Bipolares: DI, DII e DIII, cujos eletrodos seriam colocados no braço esquerdo (L), no braço direito (R) e na perna esquerda (F), constituindo teoricamente um triângulo equilátero – o triângulo de Einthoven. Derivações unipolares aumentadas São a conexão dos 3 membros em no centro do tórax – aVR, AVL, aVF são obtidas pela diferença entre o eletrodo explanador e a central terminal. Derivações unipolares precordiais Plano horizontal, são 6 derivações. Eixos elétricos dos vetores das derivações frontais/ sistema hexa-axial - É a sobreposição dos vetores de derivações unipolares e bipolares - Esse sistema de eixos oferece uma ferramenta com distância precisaentre cada vetor (30°) e a presença maior de vetores positivos abaixo do vetor transversal DI. Dessa forma, a graduação de cada vetor nessa região adota números positivos e, acima dela, o mesmo vetor transversal, pela maior quantidade de vetores negativos. R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 8 R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 9 3. DETERMINAÇÃO DA ORIENTAÇÃO ESPACIAL 1. Observar as derivações D1 e aVF para determinar o quadrante. Se DI é positivo e em aVF o eixo situa-se entre 0º e +90º. Se positiva em DI e negativa em aVF está entre 0º e -90º Se negativa em DI e positiva em aVF o eixo localiza-se entre +90º e 180º 2. Procurar em qual derivação há onda isoelétrica Eixo é perpendicular a essa derivação Se não houver onda isoelétrica, são analisadas as derivações vizinhas ao quadrante inicialmente determinado – tentar determinar ângulo. No plano horizontal, assume-se que a derivação V1 é perpendicular ao plano frontal, assim: Se onda positiva em V1, seu vetor espacial está dirigido para frente. Se onda negativa em V1, a orientação é para trás 4. DETERMINAÇÃO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA FC = 1500/RR Ou Consiste em procurar complexos QRS sequenciais que estejam posicionados sobre o traçado maior que divide os blocos de cinco quadrados menores e contato. Na sequência, os valores de 300, 150, 100, 75 e 60 a cada linha maior de quadrados. Lembrar que cada quadrado menor equivale a 0,04s e em 1min se tem 1500mm. 5. AS ONDAS DO ECG ONDA P R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 10 Representa a despolarização atrial – dura em torno de 0,1s (até 0,11s) e sua orientação varia de 0º a +90º no plano frontal. No plano horizontal é mais ou menos paralela ao frontal. o Geralmente difásica na derivação V1. COMPLEXO QRS Representa a despolarização ventricular. Tem maior voltagem porque os ventrículos têm maior massa que os átrios, mas duram 0,1s (até0,11s) por conta da condução rápida do sistema Purkinje. A orientação predominante é para a esquerda (entre -30º e +90º) e para trás, porque é representado predominantemente pelo VE. Normalmente, há um aumento progressivo das ondas R de V1 até V5 ou V6. A primeira onda do complexo só é denominada Q se for negativa. Se positiva chamamos de R. Onda S é qualquer onda negativa após uma positiva. Se houver apenas uma onda negativa de grande amplitude denominamos complexo QS. Ondas de maior amplitude usamos letras maiúsculas e de pequena amplitude, letras minúsculas. o DI, DII, V5 e V6 tem complexos qRs o V1 complexo rS o V1 e V2 o complexo é negativo ONDA T Repolarização ventricular, maior duração e menor voltagem. Normalmente acompanha o complexo QRS sendo positiva. o Em V1 e V3 o QRS é negativo e a onda T pode ser negativa ou positiva. ONDA U Arredondada e menor, que representa potenciais tardios 6. OS INTERVALOS E SEGMENTOS DO ECG INTERVALO PR Entre a onda P e o início do QRS, que é o tempo em que o estímulo sai do nó sinusal até alcançar os ventrículos. A maior parte corresponde ao atraso fisiológico no nó AV. Normalmente, varia de 0,12 a 0,20s. Varia de acordo com o sistema autônomo (simp. E paras.) - ↑FC↓PR e com a idade ↑idade ↓PR. INTERVALO QT Do início do QRS ao término da onda T, que corresponde a sístole ventricular (despolarização e repolarização dos ventrículos). Varia de acordo com a FC. Quando o T ultrapassa metade do intervalo RR, o QTc deve estar aumentado, independente da FC. Normalmente, equivale a 0,45s SEGMENTO PR E SEGMENTO ST PR vai do fim da onda P até início do QRS, ST vai do fim do ARS até início da onda T. Fazem infra ou supradesnivelamentos do IAM. 7. INTERPRETAÇÃO DO ECG R e s u m o l i v r o s d e E C G P á g i n a | 11 Ritmo sinusal: é aquele originado no nó sinusal, conduzido aos ventrículos com intervalo entre 120 ms e 200 ms. O ECG registra presença de ondas P positivas nas derivações DI, DII e aVF e a mesma onda P negativa em aVR, ou seja, ondas P com orientação normal para esquerda e para baixo, nos quadrantes 0º e +90º. FC: bradicardia sinusal FC<50bpm, porque a maioria dos indivíduos apresenta FC entre 50-60bpm em repouso. SAQRS: Permite visualizar se há rotação sobre o eixo, desvio para esquerda ou para a direita.
Compartilhar