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MINISTÉRIO DA SAÚDE
Brasília – DF
2016
Adesão ao tratamento medicamentoso por 
pacientes portadores de doenças crônicas
Síntese de ev idências para pol í t icas de saúde
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Brasília – DF
2016
Adesão ao tratamento medicamentoso por 
pacientes portadores de doenças crônicas
Síntese de evidências para pol ít icas de saúde
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
Departamento de Ciência e Tecnologia
Brasília – DF
2016
Adesão ao tratamento medicamentoso por 
pacientes portadores de doenças crônicas
Síntese de evidências para pol ít icas de saúde
Impresso no Brasil/Printed in Brazil
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e 
 Tecnologia.
 Síntese de evidências para políticas de saúde : adesão ao tratamento medicamentoso por pacientes portadores 
de doenças crônicas / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento 
de Ciência e Tecnologia. Brasília : Ministério da Saúde, 2016.
 52 p. : il. 
 ISBN 978-85-334-2415-9
 1. Políticas Públicas. 2. Doença crônica. 3. Tratamento medicamentoso. I. Título.
 CDU 614
 Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2016/0328
Título para indexação: 
Evidence brief for health policy: adherence to drug treatment for patients with chronic diseases
2016 Ministério da Saúde.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual 
em Saúde do Ministério da Saúde: <www.saude.gov.br/bvs>.
Este trabalho foi desenvolvido em cooperação entre o Departamento de Ciência e Tecnologia e a 
Organização Panamericana da Saúde.
 
Tiragem: 1ª edição – 2016 – 1.000 exemplares
Elaboração, distribuição e informações:
MINISTÉRIO DA SAÚDE 
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
Departamento de Ciência e Tecnologia
SCN, Quadra 02, Projeção C
CEP: 70712-902 – Brasília/DF
Tel.: 3315-6291
Site: <www.brasil.evipnet.org>
E-mail: evipnetbrasil@saude.gov.br
Supervisão Geral: 
Karen Sarmento Costa (DAF/SCTIE/MS)
Noemia Urruth Leão Tavares (DAF/SCTIE/MS)
Orlando Mário Soeiro (DAF/SCTIE/MS)
Suetônio Queiroz de Araujo (DAF/SCTIE/MS) 
Tutoria e Revisão de Método:
Jorge Otávio Maia Barreto (Fiocruz-DF) 
Nathan Mendes Souza (UFMG)
Raphael Igor da Silva Corrêa Dias (INEP-UniCEUB)
Roberta Moreira Wichmann (Decit/SCTIE/MS) 
Elaboração: 
Clarissa Giesel Heldwein (DAF/SCTIE/MS)
Eucilene Alves Santana (DAF/SCTIE/MS)
Felipe Tadeu Carvalho Santos (DAF/SCTIE/MS)
Letisa Comparin Dalla Nora (DAF/SCTIE/MS)
Marcela Amaral Pontes (DAF/SCTIE/MS)
Paula Santucci (DAF/SCTIE/MS)
Pedro Felipe Couto Vieira (DAF/SCTIE/MS)
Thais Teles de Souza (DAF/SCTIE/MS)
Editoração:
Eliana Carlan (Decit/SCTIE/MS)
Jessica Alves Rippel (Decit/SCTIE/MS)
Roberta Moreira Wichmann (Decit/SCTIE/MS) 
Design Gráfico:
Gustavo Veiga e Lins (Decit/SCTIE/MS)
Fotografia:
Alysson Bernardo Santos Correia
Joelma Farias de Oliveira
Silmara Aparecida Siminioni
Normalização: 
Daniela Ferreira Silva (CGDI/Editora MS)
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – 
Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 
Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde 
que citada a fonte.
MENSAGENS-CHAVE
O problema
Opções para enfrentar o problema
Considerações gerais acerca das opções propostas
CONTEXTO E ANTECEDENTES
DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
Natureza do problema
Magnitude e consequência do problema
Causas do problema
Instrumentos para avaliar a adesão ao tratamento
OPÇÕES PARA ABORDAR O PROBLEMA
Opção 1 – Técnicas educacionais, motivacionais e cognitivas e 
desenvolvimento de sistemas de lembretes
Opção 2 – Oferta de incentivos ao paciente
Opção 3 – Intervenções para auxílio na gestão dos medicamentos pelo paciente
Opção 4 – Combinação de intervenções voltadas ao paciente
Considerações sobre as opções relacionadas com a equidade
CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DAS OPÇÕES
REFERÊNCIAS
APÊNDICE
Apêndice A – Resumo das revisões sistemáticas relevantes para todas as opções
ANEXO
Anexo A – Principais instrumentos para avaliação da adesão ao tratamento
9
9
9
9
11
15
15
16
17
18
21
21
24
25
26
27
31
35
43
44
49
49
Sumário
Síntese de evidências para políticas de saúde:
Adesão ao tratamento medicamentoso por pacientes portadores de doenças crônicas.
Incluindo
Descrição de um problema do sistema de saúde;
Opções viáveis para resolver esse problema;
Estratégias para a implementação dessas opções.
Não incluindo
Recomendações. Essa síntese não faz recomendações sobre qual opção política escolher.
Para quem essa síntese de evidências é endereçada?
Para formuladores e implementadores de políticas de saúde, seu pessoal de apoio e 
outras partes interessadas no problema abordado por essa síntese de evidências.
Para que essa síntese de evidências foi preparada?
Para dar suporte às deliberações sobre as políticas e programas de saúde, resumindo a 
melhor evidência disponível sobre o problema e as soluções viáveis.
O que é uma síntese de evidências para a política de saúde?
Sínteses de evidências para políticas de saúde reúnem evidências de pesquisa global 
(a partir de revisões sistemáticas*) e evidências locais para as deliberações sobre as 
políticas e programas de saúde.
*Revisão Sistemática: um resumo de estudos endereçado a responder a uma pergunta 
explicitamente formulada que usa métodos sistemáticos e explícitos para identificar, 
selecionar e apreciar criticamente pesquisas relevantes e para coletar, analisar e sintetizar 
dados a partir dessas pesquisas.
Objetivos dessa síntese de evidências para políticas de saúde
As evidências apresentadas poderão ser utilizadas para:
1) Esclarecer e priorizar os problemas nos sistemas de saúde;
2) Subsidiar políticas, enfocando aspectos positivos, negativos e incertezas das opções;
3) Identificar barreiras e facilitadores de implementação das opções, seus benefícios, 
riscos e custos;
4) Apoiar o monitoramento e avaliação de resultados das opções.
Resumo informativo
As evidências apresentadas nessa síntese também podem estar no Resumo Informativo.
EVIPNet Brasil
A Rede de Políticas Informadas por Evidências (Evidence-Informed Policy Network) – EVIPNet – 
visa fomentar o uso apropriado de evidências científicas no desenvolvimento e implementação 
das políticas de saúde. Essa iniciativa promove o uso sistemático dos resultados da pesquisa 
científica na formulação e implementação de políticas e programas de saúde mediante o 
intercâmbio entre gestores, pesquisadores e representantes da sociedade civil. A EVIPNet 
promove ainda o uso compartilhado do conhecimento científico e sua aplicação, em formato 
e linguagem dirigidos aos gestores de saúde, seja na prática clínica, gestão dos serviços e 
sistemas de saúde, formulação de políticas públicas e cooperação técnica entre os países 
participantes. No Brasil, são parceiros da EVIPNet: o Ministério da Saúde, a Organização 
Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em 
Ciências da Saúde (Bireme), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Associação Brasileira de 
Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde 
(Conass), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e outros.
Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos
O Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF), da 
Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, do Ministérioda Saúde, 
atua na implementação das diretrizes das Políticas Nacionais de Medicamentos, 
Assistência Farmacêutica e Plantas Medicinais e Fitoterápicos, em consonância com a 
Política Nacional de Saúde, a fim de garantir ações intersetoriais e em diferentes níveis 
de atenção, voltadas à execução de programas e projetos relacionados à produção, 
aquisição, distribuição, dispensação, acesso e uso de medicamentos no âmbito do SUS.
 
Financiamento
Ministério da Saúde.
Conflito de interesses
Os autores declaram não possuírem nenhum conflito de interesse. Os financiadores não 
interferiram no desenho, elaboração e divulgação dos resultados dessa síntese.
Revisão do mérito dessa síntese de evidências
Essa síntese foi revisada por investigadores, gestores e partes interessadas a fim de 
assegurar o rigor científico do resumo executivo e a relevância do sistema.
Agradecimentos
A Equipe da EVIPNet Brasil pela capacitação dos técnicos, pelo apoio e assessoria em 
todas as etapas do processo da produção e divulgação dessa síntese.
Citação
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. 
Departamento de Ciência e Tecnologia. Síntese de evidências para políticas de 
saúde: adesão ao tratamento medicamentoso por pacientes portadores de doenças 
crônicas. Brasília: Ministério da Saúde; EVIPNet Brasil, 2016. 52 p. 
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
9
MENSAGENS-CHAVE
O problema
Baixa adesão ao tratamento medicamentoso por pacientes portadores de 
doenças crônicas.
Opções para enfrentar o problema
Opção 1 – Técnicas educacionais, motivacionais, cognitivas e desenvolvimento de 
sistemas de lembretes;
Opção 2 – Oferta de incentivos ao paciente;
Opção 3 – Intervenções para auxílio na gestão dos medicamentos pelo paciente;
Opção 4 – Combinação de intervenções voltadas ao paciente.
Considerações gerais acerca das opções propostas
A implementação das opções propostas devem levar em consideração o 
contexto de implementação das opções, incluindo as condições socioeconômicas 
e culturais dos pacientes, bem como as habilidades, atitudes e conhecimentos dos 
profissionais, assim como as condições socioeconômica do paciente. Outro ponto 
importante a ser considerado é a disponibilidade de recursos humanos e financeiros e a 
necessidade de adaptação das intervenções aos diferentes grupos. Em determinadas 
situações a ampliação e a capacitação da equipe é imprescindível para o sucesso da 
adesão por meio das opções propostas, bem como a verificação de possível provisão 
dos dispositivos necessários. Mas, além de tudo isso o primordial é a vontade do 
paciente, e para isso uma equipe com habilidades, atitudes e conhecimentos faz a 
diferença na sensibilização deste paciente na participação do processo.
Fonte: Alysson Bernardo Santos Correia.
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
11
CONTEXTO E ANTECEDENTES
As doenças crônicas em geral estão relacionadas a causas múltiplas e são 
caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente incerto, com longa ou 
indefinida duração. Apresentam curso clínico que muda ao longo do tempo, com 
possíveis períodos de agudização, podendo gerar incapacidades (BRASIL, 2013).
Atualmente, um dos desafios para as equipes da atenção básica é a própria 
atenção em saúde para as doenças crônicas como: AIDS, diabetes mellitus, 
hipertensão, entre outras. Essas condições possuem uma alta prevalência, são 
multifatoriais, com coexistência de determinantes biológicos e socioculturais, e para 
a sua abordagem ser efetiva, necessariamente envolve as diversas categorias de 
profissionais das equipes de saúde, e exige o protagonismo dos indivíduos, de suas 
famílias e da comunidade (BRASIL, 2014).
Normalmente o usuário portador de doenças crônicas é um constante 
frequentador da unidade básica de saúde, buscando-a para a renovação de receitas, 
consulta de acompanhamento, verificação da pressão e/ou glicemia, atendimento 
para a agudização de sua condição crônica, entre outras situações (BRASIL, 2014). 
Porém, muitas dessas visitas podem estar relacionadas a não adesão a um tratamento 
medicamentoso prescrito, situação essa que pode ocorrer por vários fatores.
Quanto ao perfil epidemiológico, os dados do Ministério da Saúde apontam 
que 52,6% dos homens e 44,7% das mulheres com mais de 18 anos estão acima do 
peso ideal (BRASIL, 2011). Este aumento de peso, segundo a Organização Mundial 
da Saúde, é responsável por 58% da carga de doença relativa ao diabetes tipo II, 
39% da doença hipertensiva, 21% do infarto do miocárdio, 12% do câncer de cólon 
e reto e 8% do câncer de mama, e responde diretamente por parcela significativa 
do custo do sistema de saúde nos países (WHO, 2003b). 
O diabetes mellitus e a hipertensão arterial atingem, respectivamente, 6,3% e 
23,3% dos adultos brasileiros (BRASIL, 2011). Essas doenças representam a primeira 
causa de mortalidade e de hospitalizações, sendo apontadas como responsáveis 
por mais da metade dos diagnósticos primários em pessoas com insuficiência renal 
crônica, submetidas à diálise, no Sistema Único de Saúde (SUS) (OPAS, 2005). As 
doenças cardiovasculares constituem a grande maioria delas, sendo a hipertensão 
arterial sistêmica a mais prevalente, aumentando progressivamente com a idade 
(PASSOS; ASSIS; BARRETO, 2006). 
E ainda há as neoplasias, cujos tipos de câncer que causaram mais mortes 
entre as mulheres foram os de mama (15,2%), seguido pelo câncer da traqueia, 
brônquios e pulmões (9,7%) e colo de útero (6,4%). Enquanto entre os homens, a 
primeira causa foi o câncer de traqueia, brônquios e pulmões (15%), seguido pelo 
de próstata (13,4%) e o de estômago (9,8%) (BRASIL, 2011).
Além da mortalidade, as doenças crônicas apresentam forte carga de morbidades 
relacionadas, sendo responsáveis por um grande número de internações, bem como 
estão entre as principais causas de amputações e de perdas de mobilidade e de 
outras funções neurológicas. Envolvem também perda significativa da qualidade de 
vida, que se aprofunda à medida que a doença se agrava (BRASIL, 2013).
Ministério da Saúde
12
Cabe lembrar que os determinantes sociais também impactam fortemente na 
prevalência das doenças crônicas. As desigualdades sociais, as diferenças no acesso aos 
bens e aos serviços, a baixa escolaridade e as desigualdades no acesso à informação 
determinam, de modo geral, maior prevalência das doenças crônicas e dos agravos 
decorrentes da evolução dessas doenças (SCHMIDT et al., 2011). 
Por outro lado, o impacto econômico que as doenças crônicas têm no país não 
está relacionado somente com os gastos por meio do SUS, mas ainda com as despesas 
geradas em função do absenteísmo, das aposentadorias e da morte da população 
economicamente ativa. Segundo estimativas, em 2025, o Brasil terá mais de 30 milhões 
de indivíduos com 60 anos ou mais, e a maioria deles, cerca de 85%, apresentará pelo 
menos uma doença crônica (IBGE, 2010). 
A falta de adesão ao tratamento pelo paciente é considerada por alguns autores 
como um problema de saúde pública, e tem sido denominada de “epidemia invisível”, 
variando de 15 a 93% para portadores de doenças crônicas, com média estimada 
de 50%, dependendo do método empregado para a medida (SANTA HELENA, 2007; 
SOUZA; GARNELO, 2008; BLOCH; MELO; NOGUEIRA, 2008).
Diante deste contexto, o Brasil tem buscando implantar políticas e/ou estratégias 
mais direcionadas como a rede de atenção às pessoas com doenças crônicas. E as 
opções informadas neste trabalho − evidências científicas para a adesão ao tratamento 
medicamentoso por pacientes portadores de doenças crônicas – podem subsidiar as 
decisões na política de saúde em nível nacional e serem úteis na implementação das 
ações direcionadas no nível local. 
Antecedentes da síntese de evidências 
Essa síntese de evidências paraformulação de políticas mobiliza evidência de investigação tanto 
em nível global como local acerca de um problema, quatro opções para abordar o problema 
e as considerações fundamentais de implementação. Uma revisão sistemática é um resumo de 
estudos sobre uma pergunta claramente formulada que utiliza métodos sistemáticos e explícitos 
para identificar, selecionar e avaliar os estudos de investigação e sintetizar os dados dos estudos 
incluídos. A síntese de evidências não contém recomendações. 
A preparação da síntese de evidências incluiu cinco passos: 
1) Convocação de um Comitê Diretivo integrado por representantes do Ministério da Saúde, 
Anvisa, Conselhos de Saúde, pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior, 
comitê de Uso Racional de Medicamentos e organismos internacionais; 2) desenvolvimento e 
aperfeiçoamento dos termos de referência da síntese de evidências, em particular a definição 
do problema e quatro opções viáveis para abordar o problema, consultando o Comitê Diretivo 
e uma série de informantes-chave, com a ajuda de vários marcos conceituais que organizam 
o pensamento sobre as maneiras de abordar a questão; 3) identificação, seleção, avaliação 
e sintetização das evidências de investigação relevante sobre o problema, as opções e as 
considerações sobre a implementação; 4) redação do projeto da síntese de evidências de 
tal maneira a apresentar de forma concisa e em uma linguagem acessível os resultados das 
evidências de investigação mundial e local, e; 5) finalização da síntese de evidências baseando-
se nas contribuições de vários revisores meritórios. 
A síntese é preparada para informar um diálogo deliberativo no qual a evidência de investigação é 
uma de muitas considerações. As opiniões, experiências e conhecimento tácito dos participantes 
que contribuem para os temas em questão são também aportes importantes para o diálogo. 
Um dos objetivos do diálogo deliberativo é suscitar ideias – ideias que só ocorrem quando todos 
os que estão envolvidos ou são afetados pelas decisões futuras sobre o tema possam trabalhar 
juntos. Um segundo objetivo do diálogo deliberativo é gerar a ação daqueles que participam do 
diálogo e daqueles que revisam o resumo do diálogo.
12
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
13
Considerações sobre a equidade 
A equidade é entendida como a superação de desigualdades que, em determinado contexto 
histórico e social, são evitáveis e consideradas injustas, implicando que necessidades diferenciadas 
da população sejam atendidas por meio de ações governamentais também diferenciadas [...] 
(MALTA, 2001).
Vários fatores estão relacionados com a doença expressando essa desigualdade, como 
renda familiar baixa, educação precária, habitação fora dos padrões sanitários, alimentação 
inadequada, assim como baixa escolaridade, sexo, raça, ocupação, estado civil são consideradas 
importantes como indicadores de não adesão.
Outro ponto importante que não pode ser descartado é o papel da cultura nas concepções 
populares de doença, pois o conhecimento e as crenças sobre o tratamento são fatores também 
importantes apontados para a adesão. Acredita-se que a partir da estratificação de risco 
da população, do empoderamento dos profissionais de saúde e dos usuários com doenças 
crônicas e da qualificação dos serviços especializados, é possível garantir a equidade, conforme 
às necessidades de saúde específicas de cada parcela da população e consequentemente 
garantindo uma aumento na taxa de adesão ao tratamento.
.
13
Fonte: Joelma Farias de Oliveira
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
15
DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
A adesão ao tratamento tem sido definida como a extensão na qual o 
comportamento do paciente coincide com o plano de cuidados acordado com os 
profissionais de saúde, incluindo médicos e outros profissionais de saúde (HAYNES; 
TAYLOR; SACKETT, 1979, RICE; LUTZKER, 1984; WHO, 2003a, ALMEIDA et al., 2007). 
No entanto, o método clínico centrado na pessoa, aceito nacional e 
internacionalmente, preconiza a elaboração de planos terapêuticos singulares entre o 
profissional clínico e a pessoa que recebe o cuidado (STEWART et al., 2010). 
Já a adesão é compreendida como a utilização de pelo menos 80% dos tratamentos 
prescritos, observando horários, doses e tempo de tratamento (LEITE; VASCONCELLOS, 
2003). Estudos demonstram que a baixa adesão aos tratamentos terapêuticos é 
considerada barreira importante para o controle das doenças crônicas (GONÇALVES 
et al., 1999; BRAWLEY; CULOS-REED, 2000; MILSTEIN-MOSCATI; PERSANO; CASTRO, 
2000; WHO, 2003a; BUBALO et al., 2010; DE LAS CUEVAS, 2011).
Conforme manuais do Ministério de Saúde, a abordagem para adesão e casos 
de abandono do tratamento deve ser centrada a partir da realidade do paciente, 
levando em consideração aspectos éticos importantes e peculiaridades da doença. 
A não adesão ao tratamento pode ser determinada por aspectos de diferentes 
naturezas: socioeconômicos e culturais, psicológicos, institucionais e advindos da 
relação profissional de saúde com o usuário (BRASIL, 2008).
Natureza do problema
Existem divergências na terminologia utilizada referente à adesão ao tratamento 
na língua inglesa. Os termos mais utilizados são compliance, adherence e concordance. 
O termo compliance denota passividade e baixa autonomia das pessoas nos processos 
de tomada de decisão referente à construção e seguimento de um plano de cuidados 
de sua saúde (CORRER; OTUKI, 2013). Por essa razão, esse termo foi muito criticado 
(CORRER; OTUKI, 2013). O termo adherence pressupõe um esforço voluntário da pessoa 
para seguir o plano de cuidados acordado (CORRER; OTUKI, 2013). A pessoa passa a 
ser entendida como sujeito ativo, e responsável pelo sucesso do plano de cuidados 
acordado. O termo concordance sugere que os desejos, os medos, as crenças e as 
preferências das pessoas sejam levados em consideração na tomada de decisão, sendo 
isto imprescindível para que ocorra adesão ao tratamento (GONÇALVES et al.,1999; 
Fonte: Silmara Aparecida Siminioni.
Ministério da Saúde
16
BRAWLEY; CULOS-REED, 2000; MILSTEIN-MOSCATI; PERSANO; CASTRO, 2000; WHO, 
2003a; BUBALO et al., 2010; DE LAS CUEVAS, 2011). 
Sabe-se que quando a pessoa é agente de sua própria saúde e compartilha com 
os profissionais de saúde o processo de tomada de decisão acerca do seu plano de 
cuidados, existe maior sucesso terapêutico. O termo comumente utilizado na prática 
clínica e nas publicações científicas em português é adesão (CORRER; OTUKI, 2013).
A adesão ao plano de cuidado é um termo amplo e refere-se ao uso do 
medicamento prescrito e a adoção de medidas não farmacológicas como mudanças 
no estilo de vida (exemplo: dieta, atividade física, cessação do tabagismo, padrões de 
sono, lazer, habilidades sociais, sexo seguro) (CORRER; OTUKI, 2013).
Alguns autores também consideram determinados comportamentos como 
participar de seguimentos longitudinais com profissionais de saúde, incluindo a 
realização de exames periódicos de saúde, parte do conceito de adesão (CORRER; 
OTUKI, 2013). Quando nos referimos exclusivamente ao uso de medicamentos, o termo 
adesão à terapia medicamentosa (farmacoterapia) é mais apropriado (CORRER; OTUKI, 
2013). Para os mesmos autores, a adesão à farmacoterapia envolve a administração 
adequada do medicamento referente à quantidade e administração recomendadas 
(com alimento, em jejum, com intervalo de 12 horas, ao deitar). Considera-se que 
o paciente adere à farmacoterapia quando utiliza de 80 a 110% da quantidade de 
medicamento prescrito (CORRER; OTUKI, 2013).
Existem dois tipos de pacientes não aderentes: os involuntários, por falhas de 
conhecimento ou interpretação das instruções da equipe de saúde, esquecimento 
dos horários e desorganização na ingesta medicamentosa, fazem subutilização 
medicamentosa(WHO, 2003a), e os voluntários, aqueles que optam por não tomar, 
parcialmente ou totalmente, os medicamentos por múltiplos motivos. O abandono 
do tratamento está ligado à experiência do paciente com os medicamentos (atitude, 
crenças, expectativas, medos, reações adversas, conhecimento, interferentes sociais, 
religiosos e culturais), que deve ser compreendido pela equipe de saúde, em especial 
pelo farmacêutico, com risco de perda de efetividade no aconselhamento para seu 
uso correto. Nesse caso, não há regra e a adesão farmacoterápica dependerá muito 
do acordo com o paciente, da capacidade deste em assumir o controle sobre seu 
cuidado e da qualidade do relacionamento entre profissional e paciente (CORRER; 
OTUKI, 2013).
Magnitude e consequências do problema
A baixa adesão ao tratamento é um relevante problema de saúde pública e apresenta 
alta prevalência, não apenas nos países subdesenvolvidos, mas também nos desenvolvidos 
(SOUZA, 2013). Uma revisão sistemática com metanálise realizada em 2013 demonstrou 
que a prevalência de danos ocasionados por baixa adesão ao tratamento no mundo 
é 10,1% (IC 95%: 6,6 – 15,2%) (SOUZA, 2013). Em estudo observacional com 3.240 
pacientes, para os quais foi prescrita pela primeira vez uma medicação anti-hipertensiva, 
83% destas pessoas aderiram à prescrição nos primeiros 30 dias com redução deste 
percentual ao longo do tempo (SHAH et al., 2009). Outro estudo, que investigou a adesão 
à terapia anti-hipertensiva e hipolipemiante em 4.052 idosos, demonstrou que apenas 
40,5%, 32,7% e 32,9% dos pacientes eram aderentes a ambos os tratamentos ao final de 
3, 6 e 12 meses, respectivamente (CHAPMAN et al., 2008). 
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
17
Segundo dados apresentados por Patel e colaboradores (2013), a baixa adesão pode 
ser ocasionada também pela gama de medicamentos, e ainda por barreira geográfica, faixa 
etária (crianças e adultos) e também quando não se considera a história natural, a cultura 
local, a etnicidade (diversidade) e o poder aquisitivo da população atendida. Para Vervloet e 
colaboradores, (2012), a efetividade da medicação pode ser restrita a determinados grupos 
de doenças crônicas, quando o tratamento é curto (<6 meses) e quando aplicada em 
adolescentes que respondem melhor ao uso de tecnologias, por exemplo. 
A baixa adesão do paciente ao tratamento acarreta inúmeras consequências, 
estando diretamente relacionada à ocorrência de eventos adversos e falha terapêutica, 
além do desperdício de recursos (WILLIAMS et al., 2008; BUBALO et al., 2010; DEAN et 
al., 2010; GELLAD et al., 2011; GLOMBIEWSKI et al., 2012; TRAYNOR, 2012).
Uma revisão sistemática com metanálise de estudos observacionais, que avaliou 
os danos por medicamentos, demonstrou que a prevalência de hospitalizações por não 
adesão ao tratamento medicamentoso é de 2,5% (IC 95% 1,7 – 3,8%) (SOUZA, 2013).
Causas do problema 
Dentre os fatores que podem influenciar a adesão ao tratamento encontram-se 
aqueles ligados ao tratamento em si (complexidade da farmacoterapia, duração do 
tratamento, custo do tratamento e reações adversas), à condição de saúde (doenças 
crônicas, condições assintomáticas e condições com prognóstico ruim), ao paciente (baixa 
literacia em saúde, limitações cognitivas e funcionais, conhecimento sobre as condições 
de saúde, conhecimento sobre os medicamentos, dificuldades físicas e motoras, crenças, 
preocupações, percepção do paciente sobre seu estado de saúde e seu tratamento), 
fatores sociais e econômicos (falta de suporte familiar e social, crenças culturais, falta de 
acesso aos serviços de saúde, falta de acesso aos medicamentos) e fatores relacionados ao 
sistema e equipe de saúde (falta de acompanhamento e orientação das pessoas, problemas 
na seleção, programação, aquisição e distribuição dos medicamentos) (KOZMA; REEDER; 
SCHULZ, 1993; WHO, 2003a; CAPRARA; RODRIGUES, 2004; CORRER et al., 2009; DEAN et 
al., 2010; GELLAD et al., 2011; GLOMBIEWSKI et al., 2012).
Nos países de alta renda, apenas 50% dos pacientes que sofrem de doenças 
crônicas aderem ao tratamento e supõe-se que a magnitude e o impacto da baixa 
adesão em países de média e baixa renda sejam ainda mais elevados, devido à carência 
de recursos e às dificuldades no acesso aos cuidados de saúde (WHO, 2003a). Além 
disso, estima-se que 51,7% dos brasileiros interrompem o tratamento devido à falta 
de recursos para adquiri-los (OPAS, 2005).
Outro fator diretamente relacionado à adesão ao tratamento é o literacia 
funcional em saúde (functional health literacy), medida que indica a capacidade dos 
indivíduos em obter, processar e compreender informações e serviços de saúde 
necessários para tomar decisões de saúde apropriadas (ANDRUS; ROTH, 2002; WEISS 
et al., 2005). Estudos sugerem que pessoas com baixo nível de literacia em saúde 
aderem menos ao tratamento e necessitam de intervenções específicas para melhorar 
a adesão (MACLAUGHLIN et al., 2005; NGOH, 2009; BUBALO et al., 2010). 
Kripalani e colaboradores (2007) observaram que adultos com inadequada 
literacia em saúde possuem maiores dificuldades para identificar seus medicamentos 
pelo nome quando comparados com aqueles que possuem literacia em saúde 
Ministério da Saúde
18
adequada (OR=10,39, 95% IC 2,09-51,54). Assim como Wolf e colaboradores 
(2007) evidenciaram que indivíduos com baixo letramento em saúde tendem a ser 
cerca de três vezes menos aderentes à terapia antirretroviral do que aqueles com 
letramento adequado (OR=3,3 IC 95% 1,3-8,7). Mesmo pacientes que possuem 
acesso e compreendem a necessidade do tratamento podem apresentar baixa adesão 
devido a outros fatores, como é o caso dos pacientes com doenças assintomáticas. 
Estudos demonstram que a adesão e a persistência com o tratamento são menores 
se o paciente não detectar um benefício imediato a partir da medicação. Pacientes 
que utilizam medicamentos para prevenir ou tratar doenças cardíacas, tais como 
hipertensão e dislipidemia, mostraram comportamento de baixa adesão. 
A hipertensão arterial sistêmica tem alta prevalência, baixas taxas de controle, é 
considerada um dos principais fatores de risco modificáveis e um dos mais importantes 
problemas de saúde pública (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010, p. 1). 
Destaca ainda, que a hipertensão arterial não tratada corretamente explica 
25% dos casos de diálise por insuficiência renal crônica terminal, 80% dos acidentes 
vasculares cerebrais e 60% dos casos de infarto do miocárdio. Essas doenças são a 
principal causa de morte no país (300 mil óbitos/ano). Quando não levam à morte, 
as complicações prejudicam a qualidade de vida do paciente e oneram o Estado. 
Dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40% das 
aposentadorias precoces decorrem de derrames cerebrais e infartos do miocárdio. 
Somente em 2005, as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 1,18 milhões 
de internações no SUS, a um custo de aproximadamente 1,3 bilhões de reais (MINAS 
GERAIS, 2006).
Adicionalmente, esquemas de tratamento que exigem duas ou mais doses 
diárias estão associados com menor adesão do que aqueles com uma dose diária. 
Em uma revisão sistemática de 76 estudos, as associações entre regimes de dose 
e adesão à medicação foram calculadas. A adesão foi maior para uma dose (79 ± 
14%) e decresceu com o aumento do número de doses: duas doses (69 ± 15%), três 
doses (65% ± 16%) e quatro doses (51% ± 20%) (CLAXTON; CRAMER; PIERCE, 2001; 
MURRAY et al., 2004; BOYLE et al., 2008). Situação abordada também por Patel e 
colaboradores (2013), que consideram a gama de medicamentos uma causa para a 
não adesão, bem como fatores como cultura e etnicidade.
No Brasil, os manuais de adesão ao tratamento também abordam que algumas 
situações podem influenciar diretamente na adesão farmacoterápica, como: a 
complexidade do regime terapêutico, que inclui o número de doses e de comprimidosque precisam ser ingeridos diariamente; a forma de armazenamento, como a 
exigência de que o medicamento seja conservado em baixa temperatura; dificuldade 
para ingestão, como medicamentos de tamanhos grandes; os horários das doses, que 
podem conflitar com as rotinas e o estilo de vida (BRASIL, 2008).
Instrumentos para avaliar a adesão ao tratamento
Não existe um método considerado “padrão ouro” nos serviços de saúde do SUS. 
O acompanhamento e a avaliação da adesão ao tratamento são grandes desafios para 
quem trabalha em saúde, uma vez que os métodos ou procedimentos disponíveis são 
sempre parciais e apresentam vantagens e desvantagens (BRASIL, 2008).
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
19
Há vários métodos e técnicas para aferir a adesão em doenças crônicas, alguns 
utilizando recursos tecnológicos como a contagem eletrônica de pílulas, avaliação de 
resultados terapêuticos, opinião do profissional e questionários, ou ainda, dosagem 
do fármaco ou metabólitos no plasma, saliva ou urina (CORRER; OTUKI, 2013), mas 
nenhum com acurácia perfeita para definir a situação real de uso dos medicamentos 
(CARVALHO et al., 2003).
Todos esses métodos possuem alguma limitação. Os métodos mais utilizados 
na prática clínica no Brasil são: autorrelato (mediante entrevista), contagem manual 
de pílulas e exame de carga viral (JORDAN et al., 2000). Ainda assim, para efeito de 
pesquisa, a dosagem laboratorial e a contagem de comprimidos são consideradas 
métodos padrões (CORRER; OTUKI, 2013). Na prática clínica, é mais factível o 
questionamento direto do paciente durante a entrevista clínica. 
Desta forma, devemos considerar os seguintes aspectos na identificação da não 
adesão: a experiência de medicação, o conhecimento do paciente, a autonomia do 
paciente, a complexidade da farmacoterapia e a capacidade de gestão do paciente.
Quanto aos testes, os mais utilizados para avaliação do grau de adesão ao 
tratamento na prática clínica incluem medidas psicométricas (questionários), dentre 
os quais os mais conhecidos são: 
• Teste de Haynes e Sackett (HAYNES; TAYLOR; SACKET, 1979) (Anexo); 
• Teste de Morisky Green (MORISKY; GREEN; LEVINE, 1986) (Anexo); 
• ARMS – Adherence to Refills and Medications Scale (KRIPALANI et al., 2009) (Anexo); 
• BMQ – Beliefs About Medications (SALGADO et at., 2013) (Anexo);
• BMQ 2 – Brief Medication Questionnaire (BEN; NEUMANN; MENGUE, 2012) (Anexo). 
19
Fotografia: Alysson Bernardo Santos Correia.
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
21
OPÇÕES PARA ABORDAR O PROBLEMA
Existem muitas opções para abordar o problema de baixa adesão ao tratamento, 
entretanto para promover o debate sobre os prós e contras das opções potencialmente 
efetivas foram selecionadas as principais opções. Estão incluídas intervenções voltadas 
à resolução dos fatores relacionados ao paciente, seus tratamentos e suas condições de 
saúde, assim como voltadas ao sistema e aos profissionais de saúde.
Mobilização das provas de investigação acerca das opções para abordar o problema 
Buscou-se a evidência de investigação disponível sobre as opções para abordar o problema, primeiramente de bases 
de dados constantemente atualizadas que contêm revisões sistemáticas sobre mecanismos de prestação, financeiros 
e de governança dentro dos sistemas de saúde: Health Systems Evidence. As revisões foram identificadas buscando-se 
primeiro na base de dados revisões que continham palavras-chave relacionadas com o tópico no título e/ou resumo. As 
palavras-chave incluíram adherence, adhesion, compliance, concordance, systematic review, meta-analysis. 
Foram identificadas 111 revisões sistemáticas e 35 avaliações econômicas. Estas foram analisadas – autor – ano, 
elemento da opção, foco da revisão sistemática, resultados-chaves, avaliação da qualidade (AMSTAR), países nos quais 
o estudo foi realizado, proporção de estudos avaliando adesão em portadores de condições crônicas, último ano da 
busca, a descrição completa de cada opção de intervenção identificada, componentes, benefícios e danos potenciais, 
incerteza em relação aos benefícios e danos potenciais, uso de recursos, custos e/ou custo-efetividade, elementos-chave 
da opção de política, se é que se provou em outro lugar, opiniões e experiências das partes interessadas, descrição 
das barreiras potenciais para a implementação das opções (no nível do paciente/indivíduo, prestadores de serviços 
em saúde, organização e sistema), descrição das possíveis estratégias de implementação cujos benefícios, danos e 
custos são conhecidos. Aplicação das opções de intervenções; observações relacionadas com a equidade de cada opção 
de intervenção. Resultando após as análises em 27 revisões com evidências para o problema apresentado. Deu-se 
prioridade à evidência de investigação que levou em conta considerações sobre a equidade quando presente.
Opção 1 – Técnicas educacionais, motivacionais e cognitivas e sistemas de lembretes
Há evidência de investigação sintetizada disponível sobre um número de estratégias 
que abordam muitos dos componentes das intervenções voltadas para melhorar a 
adesão por meio de técnicas educacionais, motivacionais e cognitivas, e sobre um 
número de estratégias para melhorar a adesão por meio de sistemas de lembretes, 
definidos como mensagem de texto, pager ou telefonema. O Quadro 1 fornece um 
resumo dos resultados-chave desta evidência de investigação sintetizada. A descrição 
completa das revisões sistemáticas utilizadas nessa opção encontra-se no Apêndice A.
 
Fonte: Joelma Farias de Oliveira.
Ministério da Saúde
22
Quadro 1 – Achados relevantes para a opção, segundo revisões sistemáticas/
avaliações econômicas
Categorias dos achados Síntese dos achados mais relevantes
Benefícios
Hill e Kavookjian (2012), em uma revisão sistemática recente que avaliou 
quatro estudos, descreveram que a intervenção motivacional leva a 
significativas melhoras na adesão ao tratamento antirretroviral (pacientes 
com HIV). 
Os resultados apresentados por Finitsis, Pellowski e Johnson (2014), por meio 
de revisão sistemática, demonstraram que mensagens de texto melhoram 
significativamente a adesão ao tratamento antirretroviral. As mensagens de 
texto podem contribuir para a adesão à terapia antirretroviral considerando 
a adoção de intervenções de mensagens menos frequentes, com o conteúdo 
adaptado individualmente, projetado para evocar uma resposta ao 
destinatário e quando forem pareados à dosagem dos participantes (FINITSIS; 
PELLOWSKI; JOHNSON, 2014).
Vervloet e colaboradores (2012), em uma revisão sistemática de moderada 
qualidade, evidenciaram que lembretes eletrônicos, em especial SMS, 
potencializam a adesão a tratamentos crônicos.
De acordo com Van Camp, Van e Elseviers (2013), o aconselhamento realizado 
face a face foi a intervenção mais frequentemente utilizada, seguida do 
aconselhamento em grupos e por meio de mensagens eletrônicas. Todas 
as intervenções aumentaram a adesão. Dos cinco estudos que relataram 
percentagem média de adesão, as diferenças médias foram 5,39 (1,70-9,07) 
(curto prazo) e 9,49 (4,68-14,30) (longo prazo), favorecendo os grupos de 
intervenção. Quanto maior o tempo de aconselhamento, melhores foram os 
resultados da adesão ao tratamento.
Em uma recente revisão sistemática, Horvath e colaboradores (2012) 
encontraram evidências de alta qualidade da eficácia de intervenções utilizando 
mensagens de texto curtas, semanais (FINITSIS; PELLOWSKI; JOHNSON, 2014).
Assim como os sistemas de lembrete, por aumentar a adesão do paciente ao 
tratamento medicamentoso (TRAN et al., 2014).
Danos potenciais
Não existem evidências relatando danos potenciais associados a este tipo de 
intervenções educacionais, bem como pesquisas detalhadas mostrando registro 
de melhora clínica por meio de sistemas de lembretes (TRAN et al., 2014).Custos e/ou custo-
efetividade em relação à 
situação atual
A análise de custo-efetividade de adesão à terapia medicamentosa em 
pacientes com esquizofrenia realizada por Patel e colaboradores (2013), 
baseada em entrevista motivacional e técnicas cognitivo-comportamentais, 
não demonstrou diferenças significativas em comparação com a intervenção 
de educação em saúde.
Na Inglaterra, foi avaliado o custo-benefício de um serviço de consultoria de 
farmácia, baseado no uso de telefone para melhorar a aderência de pacientes 
a medicamentos recém-prescritos para condições crônicas (ELLIOTT et al., 
2008) e demonstrou que a intervenção foi menos onerosa e mais eficaz em 
relação ao controle. O custo médio total dos pacientes em dois meses de 
acompanhamento foi para o grupo intervenção de R$897,21 (£187,7 libras 
esterlinas – câmbio R$4,78). Para o grupo controle, o custo médio total foi de 
R$1.351,78 (£282,8 libras esterlinas – câmbio R$4,78).
A utilização da tecnologia, mesmo nos países em desenvolvimento, é cada vez 
mais comum e torna extremamente viável a implementação da estratégia de 
desenvolvimento de lembretes (FINITSIS; PELLOWSKI; JOHNSON, 2014).
Quanto ao custo da intervenção comportamental, realizada por meio do 
monitoramento eletrônico de drogas para a adesão à terapia antirretroviral 
(RASU, et al., 2013) e o custo total estimado em R$126,068 (R$618 por 
paciente), conforme Finitisis, Pellowski e Johnson (2014).
Continua
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
23
Categorias dos achados Síntese dos achados mais relevantes
Incertezas em relação aos 
benefícios, danos potenciais 
e riscos, de modo que o 
monitoramento e a avaliação 
sejam garantidas se a opção 
for implementada
Apesar de ter sido demonstrado por Kahana, Drotar e Frazier (2008) que 
intervenções psicológicas e elemento das intervenções comportamentais 
exibem efeitos a curto e médio prazo na adesão a tratamentos crônicos 
pediátricos, o número de estudos sobre os quais esta conclusão da revisão 
sistemática foi embasada é pequeno. Outros estudos são necessários, visto 
que esta foi a primeira metanálise para avaliação de intervenções psicológicas 
como forma de promover a adesão para tratamentos medicamentosos em 
condições crônicas.
Vervloet e colaboradores (2012) demonstraram que, apesar de ser efetivo 
o uso de lembretes eletrônicos no aumento da adesão de pacientes a 
tratamentos crônicos, o efeito foi demonstrado apenas a curto prazo.
Nglazi e colaboradores (2013), em uma revisão sistemática de alta qualidade, 
demonstraram que intervenções por meio de mensagens de texto, visando 
a melhora na adesão de pacientes ao tratamento da tuberculose, ainda 
precisam de melhores evidências.
O fato de existirem tantas variações de projetos de intervenção em ensaios de 
mensagens de texto não deixa claro quais ingredientes específicos teriam maior 
sucesso na promoção da adesão (FINITSIS; PELLOWSKI; JOHNSON, 2014).
Estudos futuros poderiam capturar essa variação e revelar uma dimensão 
do efeito muito maior para as mensagens de texto no aumento da adesão à 
terapia com antirretrovirais (FINITSIS; PELLOWSKI; JOHNSON, 2014).
A variação na operacionalização e na forma de medir a adesão continua 
sendo uma limitação. Enquanto meios para avaliar adesão têm se proliferado, 
um verdadeiro ‘padrão ouro’ da medição de adesão permanece indefinido 
(FINITSIS; PELLOWSKI; JOHNSON, 2014).
O pequeno tamanho da amostra impediu uma análise mais detalhada do tamanho 
do efeito da medida de adesão (FINITSIS; PELLOWSKI; JOHNSON, 2014).
Estudos futuros que avaliem os efeitos das intervenções em pacientes 
comprovadamente não aderentes podem servir para o processo de 
investigação e a formulação de melhores práticas (FINITSIS; PELLOWSKI; 
JOHNSON, 2014). E as intervenções avaliadas por Tran e colaboradores (2014) 
possuem duração máxima de 16 semanas.
Percepções e experiências 
das partes interessadas 
(grupos de interesse)
Outros estudos não relataram a percepção dos sujeitos afetados em relação 
a esta opção, mas presume-se que não haja insatisfação em relação à 
intervenção proposta por Hill e Kavookjian (2012). 
Combater a não adesão parece exigir esforços contínuos e acompanhamento 
(VAN CAMP; VAN; ELSEVIERS, 2013). 
Um estudo reportou a percepção dos sujeitos afetados pelos elementos da 
opção, tais como percepção do uso de tecnologias de telefone móvel para 
melhorar a adesão ao tratamento. Foi demonstrado que a grande maioria 
dos pacientes utilizaria o celular para receber mensagens de texto, porém a 
qualidade do estudo é baixa (MILLER; HIMELHOCH, 2013).
Cruz, Brooks e Marques (2014), ao avaliarem a aceitação de pacientes a um sistema 
de telemonitorização residencial observaram que, em geral, havia satisfação por 
parte dos pacientes, porém eram relatadas dificuldades na sua utilização.
Conclusão
Fonte: Elaboração própria.
Ministério da Saúde
24
Opção 2 – Oferta de incentivos ao paciente
Há evidência de investigação sintetizada disponível sobre um número de estratégias 
que abordam muitos dos componentes das intervenções para melhorar a adesão por 
meio da oferta de incentivos para os pacientes. O Quadro 2 fornece um resumo dos 
resultados-chave desta evidência de investigação sintetizada. A descrição completa das 
revisões sistemáticas utilizadas nessa opção encontra-se no Apêndice A.
 
Quadro 2 – Achados relevantes para a opção, segundo revisões sistemáticas/
avaliações econômicas
Categorias dos achados Síntese dos achados mais relevantes
Benefícios
Estudos demostram que intervenções baseadas em princípios econômicos 
comportamentais, como os reforços financeiros aos pacientes, podem 
melhorar a adesão ao tratamento de forma significativa (BARNETT et al., 
2009; PETRY et al., 2012). 
 
Observou-se também que, quanto maior o incentivo ao paciente, maior o 
tamanho de efeito relacionado à adesão (PETRY et al., 2012). São considerados 
como incentivos ou reforço financeiro ao paciente: dinheiro, ticket de ônibus 
ou alimentação e vouchers que são trocados por bens, como roupas e 
alimentos (PETRY et al., 2012). 
Em estudos com pacientes portadores de tuberculose, foi observado que 
todos os que forneceram reforço financeiro ao paciente tiveram benefícios 
significativos em pelo menos uma das medidas de avaliação da adesão ao 
paciente (PETRY et al., 2012). 
 
Em curto prazo, os incentivos aos pacientes resultaram em uma significativa 
maior adesão, no caso de pacientes HIV positivos, em uso de metadona 
(BARNETT et al., 2009).
Alguns programas responsáveis pela melhoria da adesão ao tratamento de 
algumas doenças crônicas transmissíveis, como HIV, a partir da utilização de 
incentivos aos pacientes, conferiram um importante benefício para a saúde 
pública, pois evita o desenvolvimento de cargas virais mais resistentes e reduz 
a transmissão da doença (BARNETT et al., 2009).
Danos potenciais
Não foram encontrados relatos de riscos ou danos potenciais associados a 
este tipo de intervenção, porém a oferta de incentivos aos pacientes pode 
ser uma forma de segregação da população, caso não tenham critérios 
estabelecidos que definam o tipo de incentivo, de acordo com a condição 
clínica e as características da população assistida.
Custos e/ou custo-
efetividade em relação à 
situação atual
Mesmo com a melhoria da adesão, com a implantação do incentivo ao paciente, 
pode ser que os benefícios não sejam suficientes para justificar o seu custo, 
dependendo do tamanho do recurso investido (BARNETT et al., 2009).
Um modelo desenvolvido para avaliar a relação custo-efetividade das 
intervenções de adesão descobriu que intervenções para pacientes com HIV 
que em seu início custam R$812,50 ($250 - câmbio R$3,25) por mês, deve 
reduzir a taxa de controle viral abaixo de 20%. De acordo com este modelo, é 
necessário reduzira falha do tratamento por mais de 20% para ser considerado 
rentável (BARNETT et al., 2009). 
Os custos administrativos foram elevados e podem ser reduzidos por 
economias de escala se a intervenção for fornecida a um grande número de 
pacientes (BARNETT et al., 2009).
Categorias dos achados Síntese dos achados mais relevantes
Incertezas em relação aos 
benefícios, danos potenciais 
e riscos, de modo que o 
monitoramento e a avaliação 
sejam garantidas se a opção 
for implementada
Apesar do sucesso demonstrado, a melhoria da adesão em pacientes com reforço 
financeiro é altamente controversa (PETRY et al., 2012). 
A falta de efeitos sustentados sobre a adesão de pacientes com HIV pode estar 
relacionada ao tamanho da amostra, pois os estudos não tiveram poder estatístico 
para detectar importância no período pós-intervenção (PETRY et al., 2012).
Continua
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
25
Opção 3 – Intervenções para auxílio na gestão dos medicamentos pelo paciente
Há evidência de investigação sintetizada disponível sobre um número de estratégias 
que abordam muitos dos componentes das intervenções para melhorar a adesão por 
meio da simplificação do regime de medicação, incluindo calendários posológicos, porta-
comprimidos, rótulos e pictogramas. No Quadro 3 é fornecido um resumo dos resultados-
chave dessa evidência. As descrições completas das revisões sistemáticas utilizadas nessa 
opção estão disponíveis no Apêndice A.
 
Quadro 3 – Achados relevantes para a opção, segundo revisões sistemáticas/
avaliações econômicas
Categorias dos achados Síntese dos achados mais relevantes
Incertezas em relação aos 
benefícios, danos potenciais 
e riscos, de modo que o 
monitoramento e a avaliação 
sejam garantidas se a opção 
for implementada
Uma limitação do estudo é que os resultados não foram definidos de forma 
consistente em todos os estudos e os tamanhos de efeitos foram derivados a 
partir dos dados dos resultados fornecidos (PETRY et al., 2012).
Os pacientes HIV positivo, que anteriormente receberam reforço, tiveram 
aumentos numéricos na adesão em comparação com aqueles que não 
receberam reforço ou incentivo. Porém, nenhum revelou benefícios 
significativos ao longo do acompanhamento (PETRY et al., 2012).
Mais pesquisas são necessárias para examinar as condições em que reforços 
financeiros e/ou oferta de incentivos geram efeitos sustentados para doenças que 
requerem administração de medicamentos de forma crônica (PETRY et al., 2012).
As evidências demonstradas pela revisão sistemática de BARNETT et al. (2009) 
são consideradas fracas, pois mais pesquisas são necessárias para avaliar se 
a melhora pode ser mantida ou alcançada a um custo menor. Os resultados 
deste estudo são limitados também pelo pequeno tamanho da amostra e 
curto espaço de tempo (BARNETT et al., 2009). 
Percepções e experiências 
das partes interessadas 
(grupos de interesse)
É demonstrada uma grande aceitação por parte dos pacientes (PETRY et 
al., 2012).
Categorias dos achados Síntese dos achados mais relevantes
Benefícios
Waterman e colaboradores (2013) demonstraram melhores taxas de adesão e 
persistência à terapia ocular (crônica) quando utilizados regimes simples de medicação.
Revisões sistemáticas (NGLAZI et al., 2013; VERVLOET, 2012) descrevem 
melhoras significativas na adesão ao tratamento por meio de intervenções 
para auxílio na gestão dos medicamentos pelo paciente.
Danos potenciais
Apesar de ser efetivo o uso de dispositivos organizadores para auxílio na adesão, tais 
efeitos são demonstrados apenas em curto prazo (NGLAZI et al., 2013; VERVLOET, 2012).
Custos e/ou custo-
efetividade em relação à 
situação atual
Estudos de custo-efetividade demonstram boa relação custo-benefício (NGLAZI 
et al., 2013; VERVLOET, 2012).
Incertezas em relação aos 
benefícios, danos potenciais 
e riscos, de modo que o 
monitoramento e a avaliação 
sejam garantidas se a opção 
for implementada
As evidências demonstradas pela revisão sistemática de Waterman e colaboradores 
(2013) são consideradas fracas, uma vez que os estudos incluídos na revisão tinham 
qualidade variável, e alguns até mesmo foram considerados com potencial de viés.
A replicação dos resultados demonstrados em estudos com maior tempo 
de seguimento e avaliações mais robustas na adesão são necessárias para 
comprovação do efeito Waterman e colaboradores (2013).
Percepções e experiências 
das partes interessadas 
(grupos de interesse)
É demonstrada uma grande aceitação por parte dos pacientes, porém um 
estudo relata dificuldades dos pacientes na utilização dos dispositivos 
para auxílio na adesão (NGLAZI et al., 2013; VERVLOET, 2012).
Fonte: Elaboração própria.
Fonte: Elaboração própria.
Conclusão
Ministério da Saúde
26
Opção 4 – Combinação de intervenções voltadas ao paciente 
Além das opções individuais citadas anteriormente, foi encontrado evidência 
de investigação disponível sobre uma série de estratégias que abordam muitos dos 
componentes das intervenções citadas, porém de forma combinada, por exemplo, 
a combinação das intervenções educativas, com as intervenções cognitivas, 
motivacionais e comportamentais, e ainda com as intervenções para auxílio na gestão 
de medicamentos pelo paciente. O Quadro 4 contém um resumo das principais 
evidências identificadas. A descrição completa das revisões sistemáticas utilizadas 
nessa opção encontra-se no Apêndice A.
 
Quadro 4 – Achados relevantes para a opção, segundo revisões sistemáticas/
avaliações econômicas
Categorias dos achados Síntese dos achados mais relevantes
Benefícios
Dos 18 ensaios incluídos, oito relataram melhorias significativas na adesão à 
medicação atribuída a uma combinação de duas ou mais das intervenções: a 
educação do paciente, o uso de lembretes, o planejamento de ações, o apoio a 
um comportamento positivo, o aconselhamento individualizado com enfoque 
psicossocial, aspectos logísticos e de custo (e visando solucionar as barreiras a 
adesão), sendo que 83% (15 ensaios) das intervenções avaliadas eram voltadas 
para o paciente (SCHOENTHALER; CUFFEE, 2013).
As intervenções mais eficazes incluem a educação do paciente, o uso de 
lembretes, o planejamento de ações, o apoio a um comportamento positivo, o 
aconselhamento individualizado com enfoque psicossocial que visa solucionar 
as barreiras a adesão, como aspectos logísticos e de custo. Estas foram mais 
propensas a trabalhar diretamente a não adesão à medicação em sessões 
individuais com profissional treinado por meio do uso de gerenciadores de 
cuidados e/ou tecnologia (SCHOENTHALER; CUFFEE, 2013).
De acordo com Al Jumah e Qureshi (2012), a intervenção farmacêutica por 
meio da utilização da combinação de monitoramento de medicamentos, 
aconselhamento sobre drogas, prescrição medicamentosa e mudança de 
doses, chamadas telefônicas para acompanhamento dos pacientes e educação 
do paciente, demonstrou ser uma estratégia de intervenção efetiva, utilizada 
por farmacêuticos, para aumentar a adesão ao tratamento de depressão.
Cerca de 50% dos estudos analisados por McDonald, Garg e Haynes (2002) 
apresentaram intervenções associadas com aumento significativo na adesão ao 
tratamento. Os resultados encontrados para pacotes de intervenção incluíram: 
administrações mais convenientes, mais informações, aconselhamentos, 
lembretes, automonitoramento e terapia familiar, e podem ser aplicados 
a qualquer tratamento quando o medicamento é administrado pelo próprio 
paciente (MCDONALD; GARG; HAYNES, 2002). Estudos desses autores 
demonstram que, para tratamentos em curto prazo, um a três intervenções 
melhoram a adesão e o quadro clínico do paciente.
Danos potenciais
O atual sistema de saúde está estruturado para apoiar à base de visita, de 
cuidados intensivos, o que torna difícil para profissionais mudar seu estilo de 
comunicação ou implementar estratégias de intervenção multicomponentes, 
mesmo quando fornecidacom amplas oportunidades de treinamento 
(SCHOENTHALER; CUFFEE, 2013).
Apesar das intervenções combinadas citadas poderem funcionar bem, ainda 
precisam ser mais bem estudadas, embora as intervenções possam ser positivas 
durante o acompanhamento de seus resultados, não se sabe se a adesão 
permanece após o término dos estudos (MCDONALD; GARG; HAYNES, 2002).
Custos e/ou custo-
efetividade em relação à 
situação atual
A tecnologia necessária para melhorar adesão à medicação é de baixo custo 
e permite o acompanhamento contínuo e eficiente dos pacientes, feedback e 
reforço (SCHOENTHALER; CUFFEE, 2013).
Continua
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
27
Categorias dos achados Síntese dos achados mais relevantes
Incertezas em relação aos 
benefícios, danos potenciais 
e riscos, de modo que o 
monitoramento e a avaliação 
sejam garantidas se a opção 
for implementada
Algumas incertezas podem estar relacionadas à diversidade das medidas 
utilizadas para avaliar a adesão, assim como resultados conflitantes entre a 
avaliação de medidas objetivas e subjetivas, diferentes definições de adesão, 
a inclusão de doentes independentemente do status de adesão inicial (se já 
eram pacientes aderentes ou não antes do estudo) e a curta duração dos 
ensaios (SCHOENTHALER; CUFFEE, 2013).
A replicação dos resultados em estudos com maior tempo de seguimento 
e avaliações mais robustas da adesão à medicação são necessárias 
(SCHOENTHALE; CUFFEE, 2013). 
Mais estudos são necessários para avaliar os resultados clínicos de 
intervenções farmacêuticas inovadoras baseadas em teorias que podem 
explicar o resultado e mecanismos de mudança, no que diz respeito à adesão 
do paciente à medicação (AL JUMAH; QURESHI, 2012).
Na maioria dos estudos selecionados para a revisão sistemática de McDonald, 
Garg e Haynes (2002) foram incluídos poucos pacientes. Não foram estudados 
os efeitos das intervenções em separado. Não foram demonstrados o número 
e os tipos de intervenções necessárias para obter sucesso. Além disso, o 
período de seguimento dos estudos foi de, no máximo, 24 meses.
Percepções e experiências 
das partes interessadas 
(grupos de interesse)
É demonstrada uma grande aceitação por parte dos pacientes e 
profissionais (AL JUMAH; QURESHI, 2012; SCHOENTHALER; CUFFEE, 2013).
Conclusão
Fonte: Elaboração própria.
27
Considerações sobre as opções relacionadas com a equidade 
Opção 1 – Técnicas educacionais, motivacionais e cognitivas e desenvolvimento 
de sistemas de lembretes
Algumas condições de saúde exigem maior cuidado e a não adesão aos 
tratamentos nestas condições levam a um pior prognóstico do paciente, maiores 
consequências dos descontroles da condição de saúde, eventos adversos mais graves, 
assim como maiores gastos para o paciente e para o sistema. São considerados como 
possíveis fatores limitantes nesta opção, as condições socioeconômicas, as condições 
audiovisuais, condições funcionais e o conhecimento do paciente sobre as tecnologias 
envolvidas, bem como a escolaridade do paciente e sua capacidade cognitiva. 
Intervenções do tipo sistema de lembrete de medicação diária, na forma de 
mensagens de texto, chamadas telefônicas automatizadas e dispositivos como 
lembrete audiovisuais, podem resolver problemas de esquecimento de utilização do 
medicamento, evitando a não adesão de pessoas acometidas com doenças crônicas 
(TRAN et al., 2014). Esta tecnologia está cada vez mais sendo utilizada como uma 
ferramenta para melhorar a adesão ao tratamento em outras condições crônicas, tais 
como diabetes (KLASNJA; PRATT, 2012; VERVLOET et al., 2012).
Uma população de pacientes que poderia se beneficiar com este tipo de sistema 
de lembrete é a de 18 a 24 anos, por serem usuários mais ativos e proficientes de 
mensagens de texto (SMITH, 2011). Além disso, um estudo realizado por Britto e 
colaboradores (2012) mostrou que os adolescentes apresentaram altas classificações 
sobre a facilidade de uso, aceitabilidade e utilidade de um sistema de lembrete de 
mensagens de texto para a asma.
Ministério da Saúde
28
Resultados promissores foram encontrados para um número de condições (por 
exemplo, diabetes mellitus, asma, o uso da nicotina e a obesidade) com utilização 
de tecnologia de telefonia móvel (HERON; SMYTH, 2010; KRISHNA; BOREN; BALAS, 
2009), bem como, mais especificamente, com mensagens de texto (COLE-LEWIS; 
KERSHAW, 2010; FJELDSOE; MARSHALL; MILLER, 2009). Como o acesso à tecnologia 
móvel tornou-se cada vez mais difundida, esta parece ser uma ferramenta ideal para 
proporcionar, em termo de custos, um modo eficaz para a adesão do tratamento 
medicamentoso (PAGE et al., 2012).
Além disso, o nível geral de educação da população é baixo, e isso representa uma 
barreira que vai desde leitura de mensagens digitais ao manuseio de equipamentos 
eletrônicos. Uma das possíveis estratégias para ajudar as pessoas que não utilizam 
mensagens de texto seria o oferecimento de treinamento para o uso do celular. 
Também foi verificado que a relação celular/nº de indivíduos está se aproximando de 
um. No mundo em desenvolvimento, existem 89 assinaturas para cada 100 pessoas. 
Assim, o acesso ao equipamento não representa uma barreira para o desenvolvimento 
de sistema de lembretes (SANOU, 2013).
Opção 2 – Oferta de incentivos ao paciente
A utilização de incentivos, associada a benefícios mais diretos e imediatos na 
saúde, advindos da utilização do medicamento, pode favorecer uma melhor adesão 
ao tratamento pelo paciente (PETRY et al., 2012). 
A adesão ao tratamento pode ser influenciada pelo tempo de oferta do incentivo 
ou reforço financeiro ao paciente, que geralmente está associado ao tipo de tratamento 
medicamentoso e a duração do mesmo. Em pacientes que fazem uso de medicamentos por 
tempo limitado, como no tratamento da tuberculose, o reforço financeiro pode ser ofertado 
durante todo o período de tratamento. Em outras situações, em que o reforço financeiro 
é aplicado apenas no início do tratamento, como no caso do uso da naltrexona para 
dependência de opiáceos, ou por um período curto, como tratamento HIV e na prevenção 
do acidente vascular cerebral, foi identificada uma baixa adesão ao tratamento (PETRY et al., 
2012). A tuberculose foi uma das condições clínicas em que se encontrou um maior número de 
estudos envolvendo a utilização de incentivo ao paciente e a adesão foi mais frequentemente 
determinada por meio da terapia diretamente observada (PETRY et al., 2012). A Estratégia 
do Tratamento Diretamente Observado (DOTS) é recomendada pela Organização Mundial da 
Saúde (OMS) como resposta global para o controle da tuberculose (BRASIL, 2011).
O abandono do tratamento é considerado um dos mais sérios problemas para 
o controle da tuberculose, porque implica na persistência da fonte de infecção e das 
taxas de recidiva, além de facilitar o desenvolvimento de cepas de bacilos resistente 
(FERREIRA; SILVA; BOTELHO, 2005). Em concordância com a WHO (1997), o maior 
problema apontado no tratamento da tuberculose é a não adesão. E por consequência, 
os índices de tuberculose multiresistente vem aumentando nas últimas décadas. 
Apesar de ser é uma doença infecto-contagiosa, esta pode ter a sua evolução para 
uma fase crônica. A partir da década de 80 observou o surgimento de uma acelerada 
resistência bacteriana, tanto primária quanto secundária, aos medicamentos utilizados 
no tratamento da tuberculose, essa resistência, na maioria das vezes, está associada a 
tratamentos irregulares e a altos percentuais de abandono (LANA; RODRIGUES; DINIZ, 
2003), aumentando o tempo de tratamento, sendo superior a quatro meses.
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
29
Destaca-se que em outros países o tratamento para tuberculose é pago, e algumas 
falhas são apontadas como decorrentes da baixa condição econômicados indivíduos 
acometidos pela doença (LIEFOOGHE et al., 1995). No Brasil, a cidade de Pelotas no 
estado do Rio Grande do Sul, foi possível perceber alguns investimentos baseados em 
uma avaliação de custo e benefício. Os gastos com alimentação e passagens de ônibus 
são um exemplo. A família que não possui condições econômicas para arcar com tais 
gastos, especialmente quando o doente é o provedor(a), (GONÇALVES et al., 1999).
Além da tuberculose, as intervenções de reforço financeiro podem ser úteis 
também para melhorar a adesão de outras condições de saúde como hipertensão, 
colesterol elevado, asma, diabetes tipo 2, conforme destaca Petry e colaboradores 
(2012). A utilização de incentivos aos pacientes é eficaz para a redução do consumo 
de álcool e drogas ilícitas, cessação do tabagismo e perda de peso. Tais condições se 
apresentam como fatores de risco que podem estar associadas ao desenvolvimento de 
doenças crônicas e também são importantes de serem controladas (PETRY et al., 2012).
Resultados demostram que a oferta de incentivos pode produzir uma intervenção 
de saúde pública eficaz em uma população de baixa renda. Alguns projetos em que se 
oferta dinheiro ou incentivos não monetários têm melhorado a adesão ao tratamento, 
principalmente no que envolve programas de vacina contra a hepatite B, programas 
para prevenção da gravidez e seguimento de pacientes com doenças sexualmente 
transmissíveis, inclusive em infectados com HIV, na melhoria da adesão ao tratamento 
com antirretrovirais (TULSKY et al., 2004).
Em estudo realizado com população em situação de rua, quanto à oferta de 
incentivos em dinheiro ou outras opções para adesão ao tratamento da tuberculose, 
evidenciou-se que a estratégia do incentivo aumentou as taxas de conclusão e adesão 
ao tratamento para esse tipo de população (TULSKY et al., 2004).
Opção 3 – Intervenções para auxílio na gestão dos medicamentos pelo paciente
Para a opção de melhoria no seguimento farmacoterapêutico, considera-se como 
fatores limitantes os grupos que possuem acesso restrito ao serviço de saúde, uma 
vez que a falta de recursos para acesso ao serviço e aos dispositivos não possibilitam 
a intervenção. Adicionalmente, limitações do paciente como cognitivas e audiovisuais 
dificultam a interpretação/compreensão do paciente quanto às intervenções. 
Fotografia: Alysson Bernardo Santos Correia.
29
Ministério da Saúde
30
Em relação à falta de acesso aos serviços de saúde, outro fator limitante 
seria a falta de profissionais capacitados, indisponibilidade do serviço ao usuário e 
dificuldades de locomoção do paciente. 
Nesta opção é importante destacar os aspectos que devem ser considerados 
ao implementá-la para assegurar a redução das desigualdades ou, se possível, não 
aumentá-las, como por exemplo, disponibilizar os dispositivos e as condições para seu 
uso, adequar os instrumentos para os pacientes com diferentes limitações, adequar 
a linguagem do profissional para melhor educação do paciente, possibilitar o acesso 
da população ao serviço e disponibilizar e capacitar os profissionais para o serviço.
Opção 4 – Combinação de intervenções voltadas ao paciente
O uso de combinação de intervenções voltadas ao paciente foi demonstrado 
por alguns estudos como sendo mais efetivo para adesão ao tratamento por 
pacientes portadores de doenças crônicas, como diabetes mellitus, do que o uso 
de técnicas de forma isolada (MCDONALD; GARG; HAYNES, 2002; SCHOENTHALER; 
CUFEE, 2013). A média de opções utilizadas em combinação nos estudos é três. As 
principais combinações de intervenções identificadas que demonstraram benefícios 
incluem as intervenções educacionais, o auxílio na gestão dos medicamentos e o 
uso de sistemas de lembretes. Porém, o acesso a essas técnicas depende de recursos 
humanos e financeiros disponíveis, bem como, aponta-se como outro fator limitante, 
as dificuldades cognitivas do paciente.
Estudos indicam que não há um único tipo de intervenção que demonstre 
efetividade, em quaisquer condições ou situações, para aumentar a adesão de 
todos os grupos de pacientes (ALMEIDA et al., 2007). Dessa forma, a combinação 
de intervenções favorece a equidade dos diferentes grupos de paciente para melhor 
adesão ao tratamento de doenças crônicas, uma vez que a combinação minimiza 
a limitação das técnicas empregadas. Considerando a citação de Teixeira e Lefèvre 
(2001), de que “os idosos são uma categoria para a qual não se pode generalizar. 
Qualquer medida de cuidado com sua saúde deve levar em conta o indivíduo, 
o momento e a necessidade de uma ação específica”, podemos inferir que a 
estratégia de combinação de intervenções aumenta a chance de sucesso na adesão 
a tratamentos desse grupo de pacientes. O acompanhamento de um profissional de 
saúde por meio de um sistema de monitoramento constitui uma oportunidade para 
avaliar a efetividade desta opção.
Fonte: Silmara Aparecida Siminioni.
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
3131
CONSIDERAÇÕES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DAS OPÇÕES
O sucesso da implementação das opções apresentadas deve estar condicionado 
às particularidades do local (região de saúde, município, bairro), bem como ao tipo de 
doença crônica e às características dos pacientes como faixa etária, escolaridade, cultura, 
renda, e ainda à cultura dos trabalhadores de saúde. Todos estes aspectos citados, 
quando inseridos no contexto, levam ao sucesso de qualquer ação ou implementação.
Quadro 5 – Considerações sobre a implementação da opção 1
Níveis Opção 1 – Técnicas educacionais, motivacionais e cognitivas e sistemas de lembretes
Pacientes/
indíviduos/
tomadores de 
decisão
É necessário considerar a história natural, a cultural local, etnicidade, o poder aquisitivo 
e a faixa etária (FINITSIS; PELLOWSKIE; JOHNSON, 2014). 
Vervloet e colaboradores (2012), ao pesquisar sobre a utilização de SMS, áudio visual, 
pager, lembretes e monitoramento eletrônico, coloca como barreira o não acesso a 
essas tecnologias de quando utilizadas, estimula o paciente e verifica-se uma efetividade 
na medicação, porém, mais especificamente, na faixa etária do estudo, adolescentes.
Utilizar sistemas de lembrete pode ser particularmente útil para adolescentes e jovens 
adultos, por apresentarem maior facilidade de manuseio aos equipamentos eletrônicos. 
Estes públicos têm sido tradicionalmente mais difíceis de aderir a tratamentos crônicos 
(NAIMI et al., 2009).
Os sistemas de lembrete aumentam adesão do paciente ao tratamento medicamentoso. 
A utilização de aplicações de saúde de base tecnológica para a prevenção e gestão da 
doença tem sido progressivamente explorada e expandida (HIMELHOCH et al., 2011). 
Trabalhadores 
de saúde
Os trabalhadores devem ter treinamento adequado, evitando turnos negligenciados, o 
que interfere na adesão (FINITSIS; PELLOWSKIE; JOHNSON, 2014). É necessário apoio 
integral deste horário, para sanar dúvidas e realizar aconselhamento quando solicitado 
pelo paciente (ELLIOT et al., 2008). 
Para lidar com a baixa adesão do paciente, o profissional da saúde pode realizar uma 
intervenção clínica, que pode empregar tecnologias de telecomunicações, tais como 
mensagens de texto, chamadas telefônicas e/ou softwares de reconhecimento de voz 
interativa (NAIMI et al., 2009). 
A tecnologia fornece um meio eficiente e de baixo custo para melhorar adesão à 
medicação, oferecendo acompanhamento contínuo aos pacientes, feedback e reforço. 
Porém, há poucos estudos direcionados aos profissionais, dificultando chegar a 
conclusões sobre abordagens eficazes para melhorar a adesão à medicação em 
diabéticos (SCHOENTHALER; CUFFEE, 2013).
Continua
Fonte: Silmara Aparecida Siminioni.
Ministério da Saúde
32
Níveis Opção 2 – Oferta de incentivos ao paciente
Pacientes/
indíviduos/
tomadores de 
decisão
As utilizações de incentivos a pacientes de baixa renda apresentam resultados 
significativos na adesão ao tratamento,conforme aponta alguns estudos, 
principalmente os voltados para a adesão ao tratamento de tuberculose e doenças 
sexualmente transmissíveis como HIV (TULSKY et al., 2004), Assim, pacientes que 
possuem uma situação econômica melhor podem não ter uma resposta tão positiva 
ao incentivo devido a questão social estar diretamente relacionada ao recebimento do 
reforço ou incentivo.
Trabalhadores 
de saúde
De acordo com Tulsky e colaboradores (2004), alguns profissionais de saúde podem se 
sentir desconfortáveis em oferecer incentivo em dinheiro aos pacientes para que os 
mesmos cuidem de sua saúde.
Organização de 
serviços de saúde
A localização geográfica do serviço de saúde e também a utilização de protocolo 
de seguimento sistemático podem influenciar na resposta à adesão ao tratamento 
medicamentoso com a oferta de incentivos ao paciente (TULSKY et al., 2004). Dessa 
forma, a organização dos serviços é um fator importante a ser considerado, sendo 
necessário o monitoramento e avaliação dos resultados advindos com a implementação 
dessa opção, a fim também de identificar potenciais fatores limitadores do acesso dos 
pacientes ao serviço de saúde.
Uma questão chave é saber se os formuladores de políticas irão aprovar pagamentos 
aos pacientes para alcançar um desejado comportamento, uma vez que esse programa 
é estranho ao conceito de serviços de saúde tradicionais. Eles podem estar mais 
dispostos a adotar intervenções menos eficazes simplesmente porque eles se encaixam 
na tradicional definição de cuidados de saúde (BARNETT et al., 2009).
Conclusão
Níveis Opção 1 – Técnicas educacionais, motivacionais e cognitivas e sistemas de lembretes
Organização de 
serviços de saúde
Um ponto a se considerar neste nível é a barreira geográfica, se a rede de serviços de 
saúde não estiver organizada considerando este fator, o serviço pode não ser ofertado 
da forma adequada, como exemplo os sistemas de telefonia em regiões onde não há 
redes disponíveis.
De acordo com o Patel e colaboradores (2013), a organização deve buscar a aproximação 
centrada no paciente ao utilizar a tecnologia (telefone, jogos, vídeos) e utilizar um 
modelo de autorregulamentação.
Outro ponto a ser destacado que vale para qualquer tipo de implementação é a 
preparação da organização dos serviços de saúde para realizar o monitoramento e a 
avaliação dos resultados obtidos na implementação.
Ressalta que mensagem de texto é fácil e barata de implementar (JUNOD PERRON et 
al., 2013; VASBINDER et al., 2013), o que o torna um método atraente para aumentar 
a adesão. Uma das possíveis estratégias para ajudar as pessoas que não utilizam 
mensagens de texto seria oferecer treinamento para o uso do aparelho eletrônico.
Dentre as vantagens da prática do envio de mensagens do tipo SMS como lembrete 
ao comparecimento às consultas marcadas, pode-se destacar o seu custo-benefício, 
sendo esta melhor do que as demais alternativas de lembretes (CHEN et al., 2008) e os 
benefícios econômicos aos serviços de saúde (PERRON et al., 2010).
Sistemas de saúde
Neste nível devem-se considerar os recursos disponíveis para os gastos de telefonia, 
sistema de ouvidoria, assim como os gastos com profissionais no sistema de plantão, 
material e insumos e capacitação dos profissionais envolvidos (ELLIOT et al., 2008).
A falta de financiamento governamental para infraestrutura pode prejudicar a 
implementação dessa ação. Porém, o serviço pode ser ofertado a baixo custo. Assim, 
o êxito depende mais da disponibilidade de tempo dos profissionais envolvidos e da 
capacidade organizativa do que da disponibilidade de recursos financeiros. O apoio na 
disseminação das informações sobre os benefícios do método possibilita o apoio social 
para seu uso.
Quadro 6 – Considerações sobre a implementação da opção 2
Fonte: Elaboração própria.
Continua
Síntese de evidências para políticas de saúde: adesão ao tratamento medicamentoso 
por pacientes portadores de doenças crônicas
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Níveis Opção 3 – Intervenções para auxílio na gestão dos medicamentos pelo paciente
Pacientes/
indíviduos/
tomadores de 
decisão
É necessário que o paciente seja envolvido na tomada de decisão considerando suas 
especificidades, escolaridade, etnia, condição socioeconômica, faixa etária, história 
clínica, história de medicação e história social (NGLAZI, 2013; WATERMAN et al., 2013; 
VERVLOET, 2012). 
Uma das possíveis barreiras que limita ou exige adaptações desse tipo de intervenção é 
a autonomia do paciente. Pacientes com problemas cognitivos, por exemplo, requerem 
adaptações do método (NGLAZI et al, 2013; WATERMAN et al., 2013; VERVLOET, 2012).
O uso de dispositivos que auxiliam a organização dos medicamentos e a forma de 
uso de medicamentos pelo paciente aumentam de forma significativa a adesão ao 
tratamento (NGLAZI et al., 2013; WATERMAN et al., 2013; VERVLOET, 2012).
Trabalhadores 
de saúde
Os trabalhadores de saúde devem estar capacitados para identificar os indivíduos que 
necessitam ou que melhor se adequam a esse tipo de intervenção, e para realizar 
a intervenção de maneira efetiva. Para tanto, deve ser realizado treinamento desses 
profissionais (NGLAZI et al., 2013; WATERMAN et al., 2013; VERVLOET, 2012).
Organização de 
serviços de saúde
A organização dos serviços de saúde deve ser considerada para implantação da 
intervenção, visto que tal organização pode comprometer a efetividade da intervenção 
no que diz respeito ao fluxo dos serviços, aos sistemas de referência e matriciamento, 
à distribuição geográfica, à disponibilidade de assistência aos profissionais de 
saúde e ao profissional farmacêutico, e à organização do serviço para realização de 
monitoramento e de avaliação dos resultados obtidos na implementação (NGLAZI et 
al., 2013; WATERMAN et al., 2013; VERVLOET, 2012).
Sistemas de saúde
O sistema de saúde também deve ser considerado para implantação da intervenção vista 
a necessidade de avaliação dos recursos disponíveis para realização da intervenção, 
dos métodos utilizados, dos dispositivos elaborados, dos profissionais disponíveis, de 
material e insumos e da capacitação dos profissionais (NGLAZI et al., 2013; VERVLOET, 
2012). Apesar de alguns estudos de custo-efetividade demonstrarem boa relação 
custo-benefício, a falta de financiamento governamental para a infraestrutura pode 
prejudicar a implementação dessa ação (NGLAZI et al., 2013; VERVLOET, 2012). 
Conclusão
Quadro 7 – Considerações sobre a implementação da opção 3
Fonte: Elaboração própria.
Níveis Opção 2 – Oferta de incentivos ao paciente
Sistemas de saúde
A melhoria na adesão é sustentada enquanto os incentivos financeiros estão sendo 
oferecidos, quando esses incentivos são retirados, as taxas de adesão diminuem. Assim, 
os incentivos financeiros devem ser oferecidos continuadamente para ter um impacto 
de longo prazo na adesão (BARNETT et al., 2009). Dessa forma, o sistema de saúde 
deve se planejar para propiciar o fornecimento contínuo de incentivos aos pacientes 
na forma de dinheiro ou outros bens, como bilhetes de ônibus ou alimentação e vales 
que são trocados por roupas e alimentos. A interrupção, mesmo que temporária, da 
oferta de incentivos pode influenciar negativamente no processo de implementação 
dessa opção.
Em estudo realizado por Buchanan (1997) nos Estados Unidos, observou-se que o 
incentivo ao paciente tem se tornado parte do cuidado padrão em alguns estados. 
Em um total de 50 estados, 16 fornecem incentivo em dinheiro para pacientes com 
tuberculose para cumprir a terapia medicamentosa, e 34 estados fornecem outras 
opções, que podem ou não estar associadas ao incentivo em dinheiro, como refeições 
ou vestuário para a adesão ao tratamento.
Fonte: Elaboração própria.
Ministério da Saúde
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Fonte: Elaboração própria.
Níveis Opção 4 – Combinação de intervenções voltadas ao paciente
Pacientes/
indíviduos/
tomadores de 
decisão
É importante o envolvimento e o entendimento dos pacientes em relação às técnicas 
utilizadas para alcançar o sucesso

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