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Aquisições e Reestruturações Empresariais

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AQUISIÇÕES E 
REESTRUTURAÇÕES 
EMPRESARIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Emerson Muniz Freitas
 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Na literatura sobre Finanças Corporativas, temos que uma das mais 
relevantes decisões no cotidiano de uma organização se concentra na decisão 
sobre investimentos. A entidade pode ter diferentes possibilidades de realizar a 
destinação de recursos a fim de maximizar o seu desempenho e, principalmente, 
riqueza do acionista. Dentre estas opções, está o investimento na aquisição de 
ações ou cotas de outra entidade, lhe garantindo assim uma participação no 
capital social da empresa emissora dos títulos patrimoniais. 
Durante a nossa aula, primeiramente, detalharemos os aspectos 
conceituais de investimento em participação societária. Este tópico nos 
possibilitará diferenciar os diferentes tipos de investimento, com base nos 
objetivos da entidade que adquire os títulos patrimoniais. Veremos, portanto, que 
nos concentraremos em um tipo específico de investimento, que é aquele que 
possui características permanentes, que são classificados no Ativo Não 
Circulante da entidade detentora das ações ou das cotas de outra empresa. 
Discutiremos também, como podemos mensurar o valor de uma ação de 
diferentes formas, com base nos saldos contábeis apresentados pela empresa. 
Na sequência, discutiremos aqui sobre o conceito de influência significativa e 
controle, além de diferenciar os tipos de controle distintos que podemos 
encontrar na prática. Estes conceitos são muito importantes para que possamos 
dispensar o tratamento contábil adequado para a participação societária detida 
por uma entidade. Os aspectos contábeis inerentes aos Investimentos, inclusive, 
é objeto de nossa atenção desta aula. 
 
TEMA 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS ACERCA DE INVESTIMENTOS EM 
PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS 
No rol de alternativas que uma entidade possui ligadas à sua decisão de 
investimentos de recursos excedentes, temos à aquisição de participação 
societária em outro empreendimento. Participação societária é como 
denominamos o montante de ações ou cotas de outras sociedades que uma 
entidade possui, com o objetivo de angariar benefícios econômicos. Contudo, o 
objetivo da entidade que possui esta participação (denominada investidora) é o 
que vai determinar como este ativo será classificado em seu balanço patrimonial 
e, consequentemente, como será reconhecido em seu resultado os benefícios 
 
 
3 
econômicos provenientes da investida (entidade emissora das ações ou cotas 
de propriedade da investidora). 
A primeira forma de classificação no balanço patrimonial refere-se 
àqueles investimentos em que o objetivo da investidora é obter benefícios 
econômicos por meio do aumento de seu valor justo. Assim, o retorno esperado 
destas ações ou cotas atém-se ao ganho de capital materializado com a 
alienação destes títulos. Portanto, a investidora não possui a intenção de 
participação nas decisões atinentes à entidade, tampouco obter diretamente 
benefícios ligados à operação da investida. Lógico que um desempenho 
satisfatório da entidade da qual a investidora possui participação possivelmente 
influenciará no valor justo de sua participação societária. Entretanto, esta 
variação ligada ao desempenho da entidade somente se efetivará, na visão da 
investidora, quando alienar as ações ou cotas que detém. 
Este tipo de investimento, portanto, em que o objetivo de sua manutenção 
é de obter benefícios com sua venda, classifica-se no balanço patrimonial da 
entidade como Instrumentos Financeiros. A finalidade esperada pela 
investidora com este investimento o faz ter característica de temporário. Este tipo 
de ativo está disciplinado pelo Pronunciamento Técnico CPC 48 – Instrumentos 
Financeiros, cuja vigência iniciou-se a partir de 1º de janeiro de 2018 (CPC, 
2016). Antes desta data, a normativa contábil que tratava sobre estes ativos era 
o Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros: 
Reconhecimento e Mensuração (CPC, 2009). 
Este tipo de participação societária não será o foco de estudos aqui em 
nossa aula. Os Instrumentos Financeiros são discutidos em outra disciplina de 
nosso curso (Contabilidade de Instituições Financeiras). O nosso enfoque 
durante está disciplina será na segunda classificação dos investimentos, que se 
caracterizam como permanentes. Neste tipo de investimento, o objetivo da 
investidora não é obter benefícios com a sua alienação, mas sim com o 
desempenho de suas operações. Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 30-31) 
destacam que esta participação, na visão da investidora, pode objetivar: 
• garantir atividade complementar; 
• garantir fornecimento de matéria-prima, tecnologia, serviços; 
• aumentar participação do mercado; 
• manter cliente estratégico. 
 
 
 
4 
Vamos imaginar, por exemplo, que somos proprietários de uma indústria 
moveleira e que temos em nossa entidade recursos disponíveis para a realização 
de novos investimentos. Estudamos, primeiramente, investir na ampliação da 
capacidade produtiva da nossa instituição e concluímos que não era a melhor 
alternativa no momento. Passamos a avaliar, então, destinarmos os recursos 
para investimentos em uma outra entidade. Diante dos possíveis objetivos 
listados por Perez Júnior e Oliveira (PEREZ JÚNIOR e OLIVEIRA, 2012), 
poderíamos buscar diferentes tipos de entidades para realizar a aquisição de 
participação societária. 
Por exemplo, poderíamos adquirir ações ou cotas de uma entidade do 
ramo alimentício. Com isso, teríamos uma atuação complementar a da nossa 
instituição, diversificando o nosso risco. Uma alternativa seria destinar estes 
recursos para adquirir participação societária de uma fazenda de pinus e 
eucaliptos, na qual teríamos a possibilidade de influenciar, ou até mesmo 
estabelecer, as decisões dessa investida, com o intuito de garantirmos que estas 
decisões fossem nos proporcionar matéria-prima de qualidade para a produção 
dos móveis. Ou ainda, poderíamos investir em uma entidade que também realize 
a produção de móveis, mas com um público-alvo diferente do nosso. Digamos 
que nossa entidade fabrique móveis domésticos, enquanto nossa potencial 
investida produza móveis corporativos. Com isso, poderíamos aumentar a nossa 
participação de mercado e ainda oferecer ambos produtos para um grande 
cliente nosso, do setor varejista. 
Notem que em todas as alternativas listadas, temos sempre uma ligação 
com o aspecto operacional. Nosso objetivo não é adquirir uma participação 
societária em uma entidade e, tempos depois, realizar a sua venda. Nossa 
intenção se concentra em obter benefícios com suas atividades e, em algumas 
circunstâncias, maximizar a operação de nossa entidade principal com este 
investimento. Quando temos, portanto, a participação societária que se 
caracterize como permanente, classificamo-la no grupo de Investimentos, no 
Ativo Não Circulante do Balanço Patrimonial da investidora. 
Os exemplos listados até aqui se concentraram em uma entidade que 
opera no ramo industrial, que pode escolher a investida com a finalidade de 
diversificar o seu risco (segmento de atuação diferente) ou potencializar sua 
atividade principal (segmento de atuação relacionado). Entretanto, quando 
falamos sobre investimento em participação societária, mostra-se salutar 
 
 
5 
tratarmos de um tipo específico de sociedade que observamos cada vez mais na 
prática empresarial e se apresenta como um bom instrumento de gestão, 
denominada holding (FABRETTI, 2005). Podemos dizer que “holding é uma 
sociedade juridicamente independente, constituída com a finalidade específica 
de participar do capital de outras sociedades, também juridicamente 
independentes [...]” (FABRETTI, 2005, p. 170). 
A previsão legal da holding está explícita na Lei 6.404, de 15 de dezembro 
de 1976, no § 3º do Art. 2º que transcrevemos aqui: “A companhia pode ter por 
objeto participar de outrassociedades [...]” (BRASIL, 1976). A literatura nos 
apresenta uma série de objetivos e vantagens no uso de holdings, como: 
isolamento de riscos, segregação legal das entidades, planejamento tributário, 
compartilhamento de atividades acessórias, sucessão civil e poder de 
negociação (WESTON e BRIGHAM, 2004; BIANCHINI, GONÇALVES, et al., 
2014). 
Para ilustrarmos uma holding, temos na Figura 1 parte da primeira nota 
explicativa da empresa QGEP Participações S.A. presente em suas 
Demonstrações Financeiras do trimestre encerrado em 30 de setembro de 2017. 
No trecho demonstrado na Figura 1, são apresentados o objetivo social da 
Companhia e sua estrutura societária. 
 
Figura 1 – Nota explicativa nº 1 – Contexto Operacional, da QGEP 
Participações S.A. em 30 de setembro de 2009 
Fonte: QGEP Participações S.A. (2017) 
Podemos notar que logo no primeiro parágrafo da nota explicativa, temos 
a declaração do objeto social da Companhia, que é a de ter participação em 
 
 
6 
outras sociedades. No organograma societário demonstrado na Figura 1, temos, 
além da QGEP Participações S.A., a aparição de outras quatro entidades. E 
como será que podemos interpretar este organograma? Não precisamos ter 
pressa, pois logo aprenderemos como identificar cada uma das informações 
societárias expressas neste tipo de organograma. Vocês verão que esta forma 
de ilustração será bastante utilizada em nossa disciplina. 
 
TEMA 2 – IDENTIFICAÇÃO DO VALOR DA AÇÃO DE UMA EMPRESA 
Ao estudarmos a participação societária em outras entidades, 
interessante diferenciarmos como o valor das ações ou cotas destas empresas 
pode se apresentar. A partir daqui, utilizaremos a palavra ação como equivalente 
à expressão ação ou cota, incluindo seu respectivo plural. Primeiramente, temos 
o valor nominal de uma ação ou cota que, segundo Perez Júnior e Oliveira 
(2012, p. 33), consiste no “valor que consta da escritura da empresa (contrato 
social, no caso de Limitadas, ou estatuto social, no caso das Sociedades por 
Ações) ”. Assim, na constituição da sociedade, seja ela anônima ou limita, o valor 
nominal da ação ou cota já será determinada em seu documento constitutivo. 
Vamos ver o que a Lei 6.404/76 disciplina acerca do valor nominal: 
Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital 
social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal. 
 
§ 1º Na companhia com ações sem valor nominal, o estatuto poderá 
criar uma ou mais classes de ações preferenciais com valor nominal. 
 
§ 2º O valor nominal será o mesmo para todas as ações da companhia. 
 
§ 3º O valor nominal das ações de companhia aberta não poderá ser 
inferior ao mínimo fixado pela Comissão de Valores Mobiliários. 
 
 [...] 
 
Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor 
nominal. (BRASIL, 1976) 
 
Como normatizado pelo Art. 11 da Lei 6.404/76, o número de ações e o 
seu valor nominal, quando aplicável, deverá ser determinado no Estatuto Social 
da Companhia. Assim, para chegarmos ao valor do capital social desta entidade, 
precisaremos somente realizar a multiplicação entre o valor nominal das ações 
e o número total que formam o seu capital. Por exemplo, digamos que uma 
entidade foi constituída com um quantitativo de 50.000 ações, a um valor nominal 
 
 
7 
de R$ 3,00 por ação. Neste caso, qual seria o capital social da entidade? 
Realizando a multiplicação dos dois elementos, chegaríamos a um valor total de 
R$ 150.000,00, conforme ilustrado abaixo: 
 
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑎çã𝑜 × 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑎çã𝑜 
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙 = 50.000 × 3,00 
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙 = 150.000,00 
 
No caso em que tenhamos o valor do capital social e o quantitativo total 
de ações que o formam, mas não estiver explícito o seu valor nominal, podemos 
utilizar a operação inversa para determina-lo. Utilizando ainda os mesmos dados 
do exemplo anterior, temos: 
 
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑎çã𝑜 × 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑎çã𝑜 
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑎çã𝑜
= 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑎çã𝑜 
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑎çã𝑜 =
150.000
50.000
 
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑎çã𝑜 = 3,00 
 
Assim, considerando que o capital social da entidade utilizada na 
demonstração seja de R$ 150.000,00 e seja composto por 50.000 ações, temos 
um valor nominal de R$ 3,00. Mas no dispositivo da Lei 6.404/76 transcrito 
anteriormente, é possível verificarmos que a entidade pode estipular que as 
ações que formam seu capital não terão valor nominal. Para esse caso, não 
poderíamos utilizar o racional expresso na última notação matemática para 
determinar o valor nominal de uma ação? Mesmo que a ação da entidade não 
tenha valor nominal explícito em seu estatuto, podemos realizar o seu cálculo 
por intermédio da divisão do capital social pelo número total de ações. 
A diferenciação entre ações com ou sem valor nominal, em sua forma, 
reside na apresentação explícita no estatuto. No caso de entidades que tem seu 
capital composto por ações sem valor nominal, em seu Estatuto Social somente 
se apresentará o número total de ações e o valor do seu capital social. O 
estabelecimento do valor nominal, previsto na legislação, tem o objetivo de 
garantir a riqueza do detentor de suas ações. Vejamos que no Art. 13 da Lei 
 
 
8 
6.404/76 (BRASIL, 1976), que foi transcrito anteriormente, novas ações não 
poderão ser emitidas por um valor menor que o seu nominal, quando expresso 
em estatuto (ou seja, quando houver valor nominal). No caso das ações sem 
valor nominal, essa restrição não é aplicável. 
Além do valor nominal de uma ação, temos também o seu valor de 
subscrição. De acordo com Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 33), “subscrever é 
o ato em que o sócio ou acionista se compromete a aplicar recursos na 
empresa”. No momento em que este compromisso for cumprido, ou seja, 
tenhamos a efetiva entrega da importância subscrita, temos o ato de 
integralização (PEREZ JÚNIOR e OLIVEIRA, 2012). Como vimos, a Lei 6.404/76 
estabelece que novas ações não poderão ser emitidas com valor abaixo do valor 
nominal. Logo, não podemos ter o valor de subscrição inferior ao nominal, exceto 
nos casos de ações sem valor nominal. Mas como devemos tratar contabilmente 
quando o valor de subscrição superar o valor nominal? Contabilizamos a 
subscrição, ao ser integralizada, diretamente no capital social? 
Para resolvermos essa questão, vamos voltar ao exemplo da entidade 
cujo capital social era composto de 50.000 ações. Vamos imaginar que 
possuímos 15.000 ações desta entidade que em termos monetários, 
considerando seu valor nominal, corresponde a R$ 45.000,00 (15.000 x 3,00 = 
45.000). Com estas informações, podemos calcular o percentual de participação 
societária que detemos, dividindo-os pelo número total de ações ou capital 
social. Temos, portanto: 
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑅$ =
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑆𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑆𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑅$ =
45.000,00
150.000,00
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑅$ = 0,30 → 30% 
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑞𝑡𝑑 =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑞𝑡𝑑 =
15.000
50.000
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑞𝑡𝑑 = 0,30 → 30% 
 
 
 
9 
Notem que a participação societária, seja calculada em função do valor 
do capital social ou do número total de ações, será a mesma. Vamos imaginar 
que serão emitidas 10.000 novas ações, a um valor de subscrição de R$ 4,50. 
Nesta situação, o número total de ações passaria a ser 60.000 unidades. Como 
um novo acionista seria o responsável por integralizar estas novas ações, nossa 
participação societária seria diluída. Portanto, temos uma diluiçãode 
participação societária quando tivermos uma redução, em virtude da emissão de 
novas ações. Não teríamos uma diminuição se integralizássemos a quantidade 
de novas ações que representa a nossa participação societária anterior (antes 
da nova emissão de ações, 30%). Vamos ver em quanto ficará a nossa 
participação societária com a integralização das novas ações por um outro 
acionista? 
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑞𝑡𝑑 =
15.000
60.000
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑞𝑡𝑑 = 0,25 → 25% 
 
Diante deste novo cenário, nossa participação seria reduzida à 25%. E o 
que aconteceria se contabilizássemos todo o valor subscrito no capital social da 
entidade? Convido-os a calcular como ficaria a nossa participação societária se 
a contabilização do novo valor integralizado, correspondente a R$ 45.000,00 
(10.000 x 4,50), fosse realizada no capital social. Teríamos o mesmo percentual 
de participação societária que o calculado com base no quantitativo de ações? 
Tenho certeza que não e, para que não tenhamos esta inconsistência, temos 
que segregar o valor de subscrição das novas ações em dois. O montante 
correspondente ao valor nominal será contabilizado no capital social da entidade. 
o excedente, deve ser registrado como ágio na emissão de ações. 
Em nosso exemplo, contabilizaríamos R$ 3,00, que corresponde ao valor 
nominal, no capital social da entidade, para cada nova ação emitida. Por sua 
vez, o valor a ser registrado como ágio na emissão de ações representaria R$ 
1,50 por ação (4,50 – 3,00). Assim, em termos totais, teríamos R$ 30.000,00 
registrados como aumento de capital social e R$ 15.000 a título de ágio na 
emissão de ações. O novo capital social da Companhia seria, portanto, R$ 
180.000,00, que empregando no cálculo da nossa participação societária, 
chegaríamos ao seguinte resultado: 
 
 
10 
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑅$ =
45.000,00
180.000,00
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑐𝑖𝑒𝑡á𝑟𝑖𝑎𝑅$ = 0,25 → 25% 
 
Agora sim, temos os mesmos percentuais de participação societária, tanto 
calculando pela quantidade de ações, quanto pelo capital social da entidade 
investida. 
Por fim, temos o valor patrimonial de uma ação. O valor patrimonial 
representa o “valor da riqueza da empresa, avaliada de acordo com as práticas 
contábeis, representada pelo Patrimônio Líquido (PL) contábil dividido pela 
quantidade de ações ou cotas que compõem o capital social” (PEREZ JÚNIOR 
e OLIVEIRA, 2012, p. 33). Por intermédio do valor patrimonial da ação, é possível 
estabelecermos o valor da ação considerando todas as variações patrimoniais 
ocorridas na entidade, em que seu desempenho passado, não distribuído aos 
sócios, se acumula em seu Patrimônio Líquido, além das oscilações 
provenientes de outros eventos. 
Retornamos, aqui, ao nosso exemplo, sem considerar a emissão das 
novas ações. Digamos que a entidade possui acumulado em suas reservas um 
montante de R$ 60.000,00. Qual seria, neste caso, o valor patrimonial da ação? 
Consideramos que temos um valor de PL de R$ 210.000, ao somarmos o capital 
social e o valor das reservas, passamos aos cálculos: 
 
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑎𝑙𝑎çã𝑜 =
𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑎çã𝑜
 
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑎𝑙𝑎çã𝑜 =
210.000,00
50.000
 
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚𝑜𝑛𝑖𝑎𝑙𝑎çã𝑜 = 4,20 
 
Vejam que o valor patrimonial da ação corresponde a R$ 4,20. Investimos 
na constituição da entidade a importância de R$ 3,00 por cada ação e, passado 
determinado período, o acúmulo de desempenhos passados fez com que nossa 
ação estivesse representada contabilmente por um valor R$ 1,20 superior ao 
valor nominal. Essa foi, portanto, a riqueza gerada pela nossa investida durante 
o período, sem contar o montante que foi distribuído a título de dividendos. 
 
 
 
11 
TEMA 3 – INFLUÊNCIA SIGNIFICATIVA E CONTROLE SOCIETÁRIO 
Para determinarmos o tratamento contábil que será dispensado a 
investimentos em participações societárias, precisamos primeiramente avaliar se 
a investidora possui influência significativa ou controla a investida. Esta análise 
é primordial para que a evidenciação contábil seja adequada. Nos 
concentraremos aqui justamente em entender os conceitos atinentes a esta 
definição. 
 
3.1 Influência significativa em uma investida 
Vamos, primeiramente, nos concentrar na avaliação da influência 
significativa de uma investidora em sua investida. Recorrendo ao 
Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2) – Investimento em Coligada, em 
Controlada e em Empreendimentos Controlado em Conjunto – para definirmos 
influência significativa, observamos que se refere ao “poder de participar das 
decisões sobre políticas financeiras e operacionais de uma investida, mas sem 
que haja o controle individual ou conjunto dessas políticas” (CPC, 2012). Notem 
que na definição estabelecida pelo CPC 18 (R2), temos a inserção do termo 
controle. Contudo, não nos concentraremos nessa expressão neste primeiro 
momento. Ainda durante este tema, falaremos sobre controle. 
Concentraremos, portanto, na primeira parte da definição, em que traz o 
poder de influenciar nas decisões da entidade na qual possui investimento. 
Observem que ao tratarmos de influência significativa, temos a possibilidade de 
a investidora influenciar as principais decisões da entidade. Influenciar as 
decisões mostra-se diferente de determina-las. Aqui, portanto, ao tratarmos de 
influência significativa, a investidora consegue participar do processo 
deliberativo, sem que, necessariamente, sua opinião seja aquela implementada, 
pois não possui caráter de determinação. Normalmente, esta participação se dá 
por intermédio do direito a voto da investidora. 
Lembramos aqui que uma entidade pode emitir ações ordinárias ou 
preferenciais. As ordinárias concedem a seu detentor o direito a voto. Por sua 
vez, as ações preferenciais garantem ao seu detentor prioridade na distribuição 
de dividendos ou de reembolso de capital, no caso de uma liquidação das ações. 
A avaliação da existência de influência significativa de uma investidora sobre sua 
investida deve residir nas ações ordinárias que detém. O Pronunciamento 
Técnico CPC 18 (R2) estabelece que 
 
 
12 
se o investidor mantém direta ou indiretamente (por meio de 
controladas, por exemplo), vinte por cento ou mais do poder de voto da 
investida, presume-se que ele tenha influência significativa, a menos 
que possa ser claramente demonstrado o contrário. (CPC, 2012) 
 
Este mesmo percentual de presunção é apresentado na Lei 6.404/76, no 
§ 5º do Art. 243, que aqui transcrevemos: “É presumida influência significativa 
quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital 
votante da investida, sem controlá-la” (BRASIL, 1976). Cabe destacarmos que a 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estabelece um percentual de presunção 
de influência significativo diferente para as entidades por ela reguladas. Na 
Instrução CVM nº 247, de 27 de março de 1996, em seu Art. 2º, temos que 
“consideram-se coligadas as sociedades quando uma participa com 10% (dez 
por cento) ou mais do capital da outra, sem controla-la” (CVM, 1996). 
Observem aqui que temos uma nova expressão trazida pelo trecho 
extraído da Instrução CVM, que é a expressão coligadas. Segundo o 
Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2), “coligada é a entidade sobre a qual o 
investidor tem influência significativa” (CPC, 2012). Portanto, uma investidora 
que possui pelo menos 20% do capital votante de uma outra entidade (10%, no 
caso de sociedade anônima de capital aberto), deve classificar sua investida 
como coligada. 
Destacamos aqui, entretanto, que uma investidora pode ter influência 
significativa sobre uma investida mesmo que o percentual de presunção não seja 
atingido. Assim, podemos encontrar investidas classificadas como coligadas, 
mesmo no caso de a investidora não possuir20% das ações com direito a voto 
(10%, quando aplicável). O Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2), em seu item 
6, nos apresenta alguns elementos qualitativos que podemos avaliar para 
determinar se uma entidade exerce influência significativa sobre uma investida. 
A existência de influência significativa por investidor geralmente é 
evidenciada por uma ou mais das seguintes formas: 
 
(a) representação no conselho de administração ou na diretoria da 
investida; 
 
(b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em 
decisões sobre dividendos e outras distribuições; 
 
(c) operações materiais entre o investidor e a investida; 
 
 
 
13 
(d) intercâmbio de diretores ou gerentes; 
 
(e) fornecimento de informação técnica essencial. (CPC, 2012) 
 
Portanto, além do aspecto quantitativo, temos que avaliar também os 
critérios qualitativos na determinação se uma investida se caracteriza como 
coligada ou não. Nesta avaliação, devemos considerar também os potenciais 
direitos a voto que a investidora possui. Os potenciais direitos a voto surgem 
quando a investidora possui opções de compra, títulos de dívida ou patrimoniais 
preferenciais que são conversíveis em ações ordinárias, lhe garantindo assim 
uma ampliação do seu direito a voto ou a redução da influência de outro 
investidor, quando exercidas estas opções ou convertidos os títulos sob a que 
possui direito. A consideração dos potenciais direitos a voto não deve ser 
promovida quando existir a restrição de exercício ou conversão até uma data 
futura ou relacionado a ocorrência de um evento futuro, como estabelece o item 
7 do Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2) (CPC, 2012). 
Por exemplo, vamos imaginar que uma entidade de capital fechado possui 
15% das ações ordinárias emitidas por uma outra sociedade, e possua, além 
disso, uma das cadeiras do Conselho de Administração desta investida. No 
último exercício, além disso, ela adquiriu debêntures emitidas por esta mesma 
entidade no último ano e que se caracterizam como conversíveis em ações 
ordinárias. O exercício da conversão em ações ordinárias somente poderá ser 
realizado na data de vencimento da debênture, que é de dez anos, a partir da 
data de sua emissão. Quando convertidas, a participação no capital votante da 
investida passará a ser de 25%. Nesta situação, classificaremos esta investida 
como coligada? 
Vamos analisar as informações. Primeiramente, quanto ao aspecto 
quantitativo, por se tratar de uma entidade de capital fechado, o percentual de 
presunção a ser utilizado é de 20%. A sua participação no capital votante mostra-
se abaixo deste percentual, pois a investidora possui somente 15% das ações 
ordinárias. Como os potenciais direitos a voto somente poderão ser exercidos na 
data do vencimento das debêntures, não devemos considera-los na avaliação 
da influência significativa. Contudo, temos que levar em consideração também 
os aspectos qualitativos. Um destes aspectos reside no fato da investidora ter 
direito a posições no Conselho de Administração da investida, que é o caso 
encontrado em nosso exemplo. Portanto, neste exemplo ilustrativo, temos a 
 
 
14 
investida classificada como coligada, em virtude de a investidora possuir 
influência significativa. 
 
3.2 Controle societário de uma investida 
Na definição apresentada pelo Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3) – 
Demonstrações Consolidadas – “um investidor controla a investida quando está 
exposto a, ou tem direitos sobre, retornos variáveis decorrentes do seu 
envolvimento com a investida e tem a capacidade de afetar esses retornos por 
meio de seu poder sobre a investida” (CPC, 2012). Vejam que aqui, na definição 
de controle, não temos o percentual de presunção, como vimos no caso da 
influência significativa. A definição apresentada pela normativa contábil se 
concentra no poder que a investidora possui e a sua exposição aos retornos 
provenientes do desempenho operacional da investida. Mais que possuir o poder 
de deliberar sobre as decisões da Companhia, a investidora deverá exercer este 
poder para determinar que controla uma investida. 
A apresentação do poder de determinação das atividades de uma 
entidade, normalmente, é representada pelos direitos a voto da investidora. 
Apesar de não haver explícito na norma contábil do percentual de presunção, 
presume-se que uma investidora controla sua investida quando possuir a maioria 
do seu capital votante. Contudo, mesmo tendo a maior parte das ações 
ordinárias, a investidora pode não exercer seu poder nas decisões da investida 
e, consequentemente, não a controlar. O Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3) 
traz alguns exemplos de decisões relevantes que podemos considerar na 
avaliação do controle de uma investidora 
B12. Exemplos de decisões sobre atividades relevantes incluem, entre 
outras: 
 
(a) estabelecimento de decisões operacionais e de capital da investida, 
incluindo orçamentos; e 
 
(b) nomeação e remuneração de pessoal-chave da administração ou 
prestadores de serviços da investida e período de seus mandatos ou 
término de seus serviços. (CPC, 2012) 
 
Como podemos notar, a determinação de decisões de investimento, 
financiamento ou operacional da entidade, ou a escolha de agentes que lhes 
representarão na administração da empresa caracteriza-se como o exercício de 
 
 
15 
poder de uma entidade. Com isso, na ocorrência destes eventos, podemos ter 
que uma investidora controle a sua investida. A Lei das Sociedades Anônimas e 
a CVM são mais explícitas na determinação do controle, quanto a consideração 
dos direitos a voto que a investidora possui. Transcrevemos abaixo o conceito 
de controle estabelecido na Lei 6.404/76, que está bem próximo aquele 
encontrado na Instrução CMV nº 247/96: 
Art. 243 [...] 
§ 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, 
diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de 
sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas 
deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos 
administradores. (BRASIL, 1976) 
 
Observem que a legislação apresenta a expressão direitos de sócio que 
lhe assegurem preponderância nas deliberações sociais. Ao substituirmos este 
trecho pelas expressões ações ordinárias ou direitos a voto, na essência, não 
teríamos prejuízo no entendimento do dispositivo legal transcrito. Outro ponto a 
destacarmos quanto ao trecho legal apresentado é a apresentação de duas 
palavras que ainda não discutimos: controladora e controlada. Quando temos 
uma relação de controle entre uma investidora e uma investida, aquela que 
detém a participação societária é denominada controladora, enquanto a 
investida é chamada de controlada. Assim como na avaliação de influência 
significativa, precisamos considerar também os potenciais direitos a voto, 
quando não tivermos restrição ao seu exercício. 
 
3.3 Participação societária e participação no capital votante 
Destacamos aqui que ao avaliarmos se uma investidora controla ou 
possui influência significativa sobre uma investida, nos concentramos somente 
nas ações que lhes proporcionem direito a voto. Portanto, como a Lei 6.404/76 
permite a emissão de ações ordinárias e preferenciais, o percentual de 
participação societária de uma investidora poderá divergir da participação sobre 
o capital votante. A Lei das S.A’s estabelece que “O número de ações 
preferenciais sem direito a voto [...] não pode ultrapassar 50% (cinquenta por 
cento) do total das ações emitidas” (BRASIL, 1976). 
Para ilustrar esta diferença, vamos imaginar que uma entidade possua 
15.000 ações ordinárias de uma investida, classificando-a como controlada. Esta 
 
 
16 
investida tem seu capital social composto por 50.000 ações, sendo 50% 
preferencias. Considerando somente o capital votante, ou seja, as ações 
ordinárias que formam o capital da investida, conseguimos calcular a 
participaçãoda investidora no capital votante: 
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑣𝑜𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠 𝑜𝑟𝑑𝑖𝑛á𝑟𝑖𝑎𝑠
𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠 𝑜𝑟𝑑𝑖𝑛á𝑟𝑖𝑎𝑠
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑣𝑜𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 =
15.000
25.000
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑣𝑜𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 = 0,60 → 60% 
 
Considerando que a investidora não possua nenhuma ação preferencial, 
podemos agora calcular a sua participação societária, da seguinte forma: 
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =
𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠
𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎çõ𝑒𝑠
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 =
15.000
50.000
 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,30 → 30% 
 
Vejam que a investidora possui o controle da investida mesmo tendo 
somente 30% do capital total da entidade. Isso decorre do fato de ser 
determinante para avaliarmos controle e influência significativa o capital votante, 
não o total. Assim, a investidora possui 60% do capital votante, classificando a 
investida como controlada. 
 
TEMA 4 – TIPOS DE CONTROLE 
Discutimos anteriormente os aspectos inerentes ao controle de uma 
investida por uma investidora. Além de conseguirmos identificar se uma entidade 
controla àquela na qual ela detém participação societária, mostra-se importante 
também entendermos como este controle pode ser classificado. O controle pode 
ser classificado sob duas diferentes perspectivas. A primeira, o segrega com 
base na entidade que detém os títulos patrimoniais que garante a participação 
em outra empresa. Na sequência, temos a distinção relacionada ao percentual 
de participação que uma entidade possui. Vamos estudar agora estes dois 
diferentes tipos de classificação. 
 
 
17 
 
4.1 Classificação quanto a propriedade dos títulos patrimoniais 
A classificação que tem como base a entidade que é proprietária dos 
títulos patrimoniais da investida segrega o controle em direto e indireto. No caso 
do controle direto, a própria investidora detém a participação societária na 
investida. Portanto, a controladora é a detentora das ações da controlada. A 
Figura 2 ilustra como se apresenta o controle direto. 
 
Figura 2 – Controle direto 
Fonte: Elaborado pelo autor 
Graficamente, é assim que normalmente representamos o investimento 
de uma sociedade em outra. Vejam na Figura 2 que temos ilustradas duas 
entidades, as Empresas A e B. A seta apresentada indica a direção da 
participação societária. Na representação, temos que a Empresa A investe 
recursos, ou seja, detém títulos patrimoniais da Empresa B. O percentual 
apresentado ao lado da seta indica qual o volume de ações que a controladora 
possui. No caso da Figura 2, temos que a Empresa A detém 100% das ações da 
Empresa B. 
Observem que a investidora, caracterizada pela Empresa A, possui ela, 
diretamente, os títulos patrimoniais da sua investida, a Empresa B. Dessa forma, 
temos caracterizado o controle direto. Já no controle indireto, por sua vez, as 
ações da investida que garantem o controle pela investidora não são diretamente 
detidas por ela, mas sim por uma outra controlada sua. Assim, a entidade não 
possui o controle direto da investida, e sim por intermédio de uma outra entidade 
da qual ela possui participação societária. Vamos ver na Figura 3 como podemos 
ilustrar o controle indireto. 
 
 
18 
 
Figura 3 – Controle Indireto 
Fonte: Elaborado pelo autor 
Neste exemplo, temos quatro empresas envolvidas. As Empresas A e B 
que discutimos na ilustração anterior, acompanhadas agora das Empresas C e 
D. Novamente, a Empresa A possui 100% das ações da Empresa B. Já a 
Empresa D, por sua vez, tem suas ações divididas entre duas investidoras. Do 
total de seus títulos patrimoniais, 80% são de propriedade da Empresa B e o 
restante, 20%, são detidos pela Empresa C. Considerando que a totalidade de 
ações emitidas pela Empresa D seja ordinária, ou seja, concede ao seu detentor 
direito a voto, quem a controla? A não ser que exista alguma evidência de que a 
Empresa B não exerça seu poder de decisão sobre sua investida, ela se 
caracteriza como a controladora da Empresa D. 
Entretanto, podemos afirmar que a Empresa A controla a Empresa D? O 
controle direito, ela não possui, e sim a Empresa B. Contudo, ela controla 
indiretamente as decisões da Empresa D. Indiretamente? Como assim? Vamos 
imaginar, por exemplo, que a Empresa A avalie como positiva a construção de 
uma nova unidade fabril da Empresa D. Ela não determina as principais decisões 
da Empresa D, mas ela tem o poder de decisão quanto as atividades da Empresa 
B. Assim, a Empresa A pode determinar que a Empresa B decida pela 
construção de uma nova unidade operacional em sua investida. Agora sim, a 
Empresa B possui o poder de decisão sobre as operações da Empresa D, 
podendo, portanto, decidir pela construção da nova planta industrial. 
Vejam que, apesar da Empresa A não possuir nenhuma ação da Empresa 
D, mesmo assim ela consegue direcionar as suas operações. Assim, dizemos 
que a Empresa A controla indiretamente a Empresa D, por meio de sua 
 
 
19 
controlada direta, a Empresa B. Ilustramos este controle indireto pela seta com 
a sua linha tracejada. Nas próximas demonstrações gráficas em que temos a 
presença de um controle indireto, não utilizaremos mais este recurso. Utilizamos 
aqui, somente na tentativa de deixar a ilustração didaticamente mais clara. 
 
4.2 Classificação acerca do percentual de participação 
Além da classificação pelo detentor dos títulos patrimoniais, temos 
também a segregação pelo percentual de participação societária detido pela 
controladora. Assim, podemos classificar o controle em: integral, isolado, 
compartilhado e em conjunto. 
No controle integral, a controladora possui a totalidade das ações de sua 
controlada. Assim, a investida não possui outra investidora além daquela que 
detém o seu controle. Retornando à Figura 2, temos a representação gráfica do 
controle integral. Vejam que nela está representado que a Empresa A possui 
100% das ações da Empresa B. Portanto, a Empresa A controla integralmente a 
Empresa B. 
Quando temos outras investidoras, mas existe uma em que sua 
participação no capital votante supera a das outras entidades que possuem 
títulos patrimoniais, temos a caracterização do controle isolado. Vejamos na 
Figura 4 como podemos representa-lo graficamente. 
 
Figura 4 – Controle Isolado 
Fonte: Elaborado pelo autor 
Na representação da Figura 4, temos novamente quatro entidades 
envolvidas, a Empresa D, que é a investida, tem como suas investidoras as 
Empresas A, B e C. Considerando que todas as ações emitidas pela Empresa D 
são ordinárias, a Empresa A mostra-se como àquela que possui a maior 
participação no capital votante da investida. Assim, temos que a Empresa A 
controla isoladamente a Empresa D. 
 
 
20 
Já no controle compartilhado, tem-se diferentes investidoras, mas eles 
estabelecem, contratualmente, um grupo de investidores que irão compartilhar o 
controle da investida. Vamos verificar graficamente, na Figura 5, como se 
apresenta o controle compartilhado. 
 
Figura 5 – Controle compartilhado 
Fonte: Elaborado pelo autor 
Os percentuais de participação das investidoras aqui mostram-se iguais 
aos do exemplo anterior, quando falamos do controle isolado. Contudo, neste 
caso, temos que as empresas B e C, contratualmente, estabeleceram um acordo 
para formarem um grupo controlador. Assim, estas entidades se uniram para 
determinar as principais decisões financeiras e operacionais, ou seja, controlar 
a investida. No contrato que estabelece o grupo controlador, tem-se, portanto, o 
papel de cada um dos seus componentes. 
Por fim, temos ainda o controle compartilhado. O Pronunciamento 
Técnico CPC 18 (R2) estabelece o conceito desta classificação de controle como 
“o compartilhamento, contratualmente convencionado, do controle do negócio, 
que existe somente quando decisões sobre as atividades relevantes exigemo 
consentimento unânime das partes que compartilham o controle” (CPC, 2012). 
Diante disso, no controle compartilhado, a opinião de um dos investidores não 
prevalece sobre a avaliação dos demais. Portanto, qualquer determinação 
somente será efetivada se todos os investidores que compartilham o controle 
concordarem com a sua implementação. Graficamente, não temos uma 
diferenciação que podemos empregar para diferenciar este tipo de controle, 
como visto na Figura 6. Somente por meio do conhecimento dos aspectos 
contratuais que determinam este compartilhamento do controle que podemos, 
então, determinar que se caracteriza como um controle compartilhado. 
 
 
21 
 
Figura 6 – Controle compartilhado 
Fonte: Elaborado pelo autor 
A controlada, no controle compartilhado, geralmente é denominada na 
literatura como empreendimento controlado em conjunto ou joint venture. 
No Brasil, é possível encontrarmos exemplos de entidades que são formadas 
societariamente como joint venture, como Raízen, que se caracteriza como um 
empreendimento controlado em conjunto pela empresa brasileira Cosan e pela 
anglo-holandesa Shell. 
 
TEMA 5 – OS DIFERENTES TIPOS DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA E SUA 
NORMATIZAÇÃO PELO CPC 
Como destacado anteriormente, o investimento em participação societária 
que se caracteriza como temporário não corresponde ao nosso foco de estudo 
nesta disciplina. O seu tratamento contábil está disciplinado pelo 
Pronunciamento Técnico CPC 48 – Instrumentos Financeiros – e se distingue de 
sobremaneira aos aspectos contábeis inerentes ao investimento de caráter 
permanente. Este último, portanto, é o foco das nossas atenções no material em 
tela. 
Em algum momento no decorrer do texto, você se deparou com a questão 
sobre o motivo pelo qual estamos estudando sobre controle, influência 
significativa, entre outros termos? Bom, estes fatores que estudamos até aqui 
são importantes para que possamos dispensar corretamente o tratamento 
contábil de cada tipo de participação societária que se caracterize como 
permanente. A Figura 7 apresenta uma sequência de questionamentos que nós, 
como contadores, devemos fazer para determinar como tratarmos contabilmente 
o investimento. 
 
 
22 
 
Figura 7 – Questionamentos para determinação do tratamento contábil de 
investimentos permanentes 
Fonte: adaptado de Almeida (2014, p. 47) 
O método de equivalência patrimonial (MEP), como disciplinado pelos 
pronunciamentos técnicos do CPC, é amplamente utilizado no tratamento de 
participações societárias. Vejam que devemos avaliar investimentos em 
controladas, coligadas e em empreendimentos controlados em conjunto por 
meio deste método. No caso da participação societária se caracterizar como 
permanente, mas não for identificada a presença de controle ou de influência 
significativa, temos a aplicação do método de custos. 
Mas por que diferenciarmos controladas, coligadas e empreendimentos 
controlados em conjunto, se o método de avaliação é o mesmo? A necessidade 
desta distinção reside em elementos contábeis adicionais que devemos 
considerar. No caso das investidas que se caracterizem como controladas, a 
controladora deverá apresentar suas demonstrações contábeis consolidadas. 
Esta consolidação de seus demonstrativos faz com que as entidades 
(controladora e suas controladas) sejam evidenciadas de forma que elas 
representem como se fossem uma única entidade. 
Apenas não iremos considerar nas demonstrações consolidadas da 
controladora àquelas controladas que se caracterizem como joint ventures. 
Notem que, inclusive, temos uma norma contábil específica para tratarmos 
destas entidades, o Pronunciamento Técnico CPC 19 (R2) – Empreendimentos 
Controlados em Conjunto. Destaco que a última revisão promovida neste 
pronunciamento técnico, em 2012, resultou em severa alteração no tratamento 
 
 
23 
contábil destes investimentos. Esta revisão extinguiu a anteriormente existente 
consolidação parcial. Portanto, chamo a atenção de vocês para materiais 
anteriores que trazem este conceito, que atualmente está em desuso. 
E será que em nosso cotidiano profissional nos deparamos com a 
aplicação destes conceitos que estudamos até aqui? Participação societária, 
controladas, coligadas, empreendimentos controlados em conjuntos, 
equivalência patrimonial... será que estes termos são utilizados pelas empresas? 
Vamos ver um exemplo de divulgação de informações acerca de investimentos, 
para que possamos discutir este ponto. 
 
Figura 8 – Investimentos da empresa Odontoprev S.A. em 31 de dezembro 
de 2017 
Fonte: Odontoprev S.A. (2018, p. 27) 
O trecho apresentado na Figura 8 foi extraído das notas explicativas da 
empresa Odontoprev S.A. do exercício findo em 31 de dezembro de 2017. Notem 
que a empresa possui um grande número de investimento em outras entidades. 
Parte dessas investidas estão classificadas como controladas, sejam elas diretas 
ou indiretas, e também temos aquelas que se caracterizam como coligadas. 
Destaca-se ainda a investida Brasildental Operadora de Planos Odontológicos 
S.A., que se apresenta como um empreendimento controlado em conjunto, na 
qual a Investidora possui 25% de participação em seu capital. 
Notem, portanto, que temos uma grande utilização destes conceitos aqui 
aprendidos na prática. Destaca-se, entretanto, que estes aspectos não são 
observados somente por empresas de grande porte, mas também por aquelas 
que possuem um menor volume de atividade. 
 
TEMA 6 – AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DE CUSTO 
 
 
24 
Quando uma investida não se caracterizar como controlada, coligada ou 
empreendimento controlado em conjunto, deveremos aplicar o método de custo 
(YAMAMOTO, PACCEZ e MALACRIDA, 2011). Na circunstância de não ser 
identificado controle ou influência significativa em uma participação societária 
permanente, a investida será classificada como outras participações 
societárias. 
O método de custo se apresenta como a metodologia mais simples para 
a mensuração de investimentos em participações societária. Nele, inicialmente, 
o investimento deverá ser reconhecido pelo seu custo de aquisição, não havendo 
alterações em sua mensuração subsequente provenientes de variações no 
patrimônio da investida. Portanto, teremos o seu custo histórico reconhecido 
neste tipo de investimento e permanecerá com este saldo durante a manutenção 
da participação societária. 
Somente teremos alteração no valor do investimento avaliado pelo 
método de custo em duas circunstâncias distintas. A primeira, quando for 
identificada perda por redução ao seu valor recuperável (impairment). Outra 
possibilidade de alteração no saldo do investimento apresenta-se na ocorrência 
de transação comercial de participação societária da investida, com o 
envolvimento da investidora. No caso de alienação das ações pela investidora, 
o saldo será modificado em virtude da redução do número de ações detido pela 
investidora. Por outro lado, na situação que a investidora adquira um maior 
volume de títulos patrimoniais de sua investida, este investimento pode deixar 
de ser classificado como outras participações por conta de passar a haver 
influência significativa por parte da investidora. Neste caso, a investida passaria 
a ser classificada como coligada e estaria sujeita a aplicação do método da 
equivalência patrimonial. 
Quanto a redução ao valor recuperável do investimento, importante 
recordarmos como mensuramos o impairment de um ativo. Na identificação de 
indícios de desvalorização da participação societária, temos que mensurar o seu 
valor recuperável e o seu valor em uso. Utilizaremos aquele que apresentar um 
menor valor como valor recuperável e, assim, confrontar com o custo histórico 
do investimento. Caso o saldo da participação societária se apresente maior que 
o seu valor recuperável, deveremos reconhecer a diferença a título de perda com 
impairment.25 
Além do reconhecimento inicial e da avaliação periódica do seu valor 
recuperável, temos ainda o impacto contábil na investidora proveniente dos 
recursos distribuídos pela investida a título de dividendos. Vamos transcrever o 
item 16 da Interpretação Técnica ICPC 09 (R2), que trata dos dividendos 
distribuídos por investidas classificadas como outras participações societárias 
16. Quando da avaliação dos investimentos nas demonstrações 
separadas pelo método do custo, a investidora deve reconhecer receita 
ou despesa apenas quando da declaração ou recebimento dos 
dividendos (ou outras formas de distribuição de resultado da investida) 
ou quando da alienação ou outra forma de baixa de tais investimentos. 
(CPC, 2014) 
 
De acordo com o trecho apresentado, é possível verificarmos que a 
investidora somente reconhecerá como receita o montante recebido ou 
declarado pela investida a título de dividendos. Podemos notar, portanto, que o 
dividendo recebido não impactará o valor do investimento, mas sim o resultado 
da investidora, por conta do reconhecimento da receita proveniente da investida. 
Diante do até aqui exposto, de forma resumida, podemos destacar os 
seguintes pontos atinentes ao investimento em outras participações societárias, 
avaliadas pelo método de custo: 
• O seu reconhecimento inicial se dá pelo custo de aquisição, 
mantendo-se na mensuração subsequente; 
• Deve-se avaliar periodicamente o valor recuperável do 
investimento; 
• Os valores recebidos a título de dividendos são contabilizados 
como receita pela investidora; 
Que tal agora ilustrarmos este método com um caso prático, para que 
possamos consolidar nosso conhecimento? Vamos imaginar que uma empresa 
de capital fechado adquiriu 10.000 ações ordinárias de outra entidade, com o 
intuito de obter benefícios com a sua operação. Assim, a entidade classificou 
esta participação societária como permanente. Como o capital da investida é 
composto por 100.000 ações ordinárias, a participação detida pela investidora é 
de 10% do capital votante da investida. Com isso, aliado ao fato de que a 
detentora dos títulos patrimoniais não participa das principais decisões da 
investida, o investimento foi classificado como outras participações societárias. 
 
 
26 
Estudamos aqui que quando temos este tipo de investimento, a 
investidora deverá reconhece-lo pelo método de custo. No momento da 
aquisição, a investidora realizou o pagamento, em dinheiro, de R$ 25,00 por 
ação. Diante disso, o custo de aquisição da participação societária, considerando 
todo o volume de ações adquiridas, totalizou a importância de R$ 250.000,00. 
Precisamos ajudar a investidora a realizar a contabilização do investimento no 
momento de sua aquisição. Com esta finalidade, desenvolvemos os razonetes 
apresentados a seguir. 
Investimentos – Outras part. Societárias Caixa e bancos 
 250.000,00 250.000,00  
 
 
 
Vejam como é simples o lançamento contábil no momento da aquisição 
de títulos patrimoniais em investimentos classificados como outras participações 
societárias. Debitamos a conta de Investimentos, presente no Ativo Não 
Circulante da entidade e, como contrapartida, creditamos a conta 
correspondente à forma de pagamento utilizada. Neste caso, temos o 
pagamento em dinheiro. Contudo, a aquisição poderia ter sido realizada a prazo, 
na qual teríamos a utilização da rubrica contábil de Contas a Pagar. Além disso, 
poderia ser realizado o pagamento por intermédio da transferência de outros 
ativos ou, até mesmo, com títulos patrimoniais da investidora. Destaca-se que 
aqui o saldo inicial não é relevante para a nossa ilustração, por isso foi 
apresentado por inúmeros cifrões ($). 
Já no primeiro ano do investimento, a investida declarou a distribuição de 
um total de R$ 170.000,00 a título de dividendos aos seus acionistas, 
proporcional a participação societária de cada um. Portanto, a investidora que 
estamos utilizando em nosso exemplo recebeu R$ 17.000,00 da investida, o 
correspondente a sua participação no capital, que é de 10%, como vimos 
anteriormente. Assim, vamos à contabilização do recebimento destes recursos. 
Dividendos a receber Receita com dividendos 
 17.000,00 17.000,00  
 
 
 
Importante enfatizar a não alteração do valor do investimento registrado 
pela investidora com os dividendos propostos pela investida. Como discutimos 
anteriormente, quando empregamos o método de custos, o valor do investimento 
no ativo mantém-se registrado ao custo histórico, ou seja, aquele incorrido no 
 
 
27 
momento da aquisição. Contudo, notem que tivemos um impacto no resultado 
da investidora. A conta contábil de Receita com Dividendos se caracteriza como 
uma rubrica de resultado, interferindo assim no lucro ou prejuízo da investidora 
no período. 
Em seguida, no momento do recebimento dos dividendos, temos a 
seguinte contabilização. 
Caixa e bancos Dividendos a receber 
(si) $$$.$$$,$$ 250.000,00   17.000,00 17.000,00  
 17.000,00 
 
 
Nos dois anos seguinte ao da aquisição da participação societária, a 
investida não distribuiu dividendos aos seus acionistas. Assim, a investidora 
julgou que isto poderia representar um indício de que o investimento tinha sofrido 
desvalorização, procedendo com o teste de impairment. A investidora estimou 
que o valor justo das ações de sua investida atualmente era de R$ 23,00 cada. 
Além disso, foi mensurado o valor em uso do investimento, por intermédio da 
aplicação do Modelo de Dividendos Descontados (lembram-se da aula de 
Avaliação de Empresas? Lá, discutimos exaustivamente tal metodologia de 
avaliação). Como resultado do modelo desenvolvido, a investidora estimou um 
valor em uso de cada ação em R$ 21,00. 
E agora, qual valor devemos utilizar como o valor recuperável das ações 
detidas pela investidora? O valor justo, que é de R$ 23,00 por ação? Ou o valor 
em uso, de R$ 21,00 por ação? Lembrem-se que o valor recuperável será o 
maior entre os dois, o valor justo e o valor em uso. No nosso exemplo, portanto, 
temos que o valor justo se apresenta superior, sendo ele definido, assim, como 
valor recuperável. Considerando que a investidora detém 10.000 ações, o valor 
recuperável de sua participação societária é de R$ 230.000,00. Esse valor se 
mostra inferior ao valor contábil do investimento. Assim, temos que constituir a 
perda estimada com impairment, no valor correspondente a diferença entre o 
custo histórico e o valor recuperável, que é de R$ 20.000,00. Vamos à sua 
contabilização? 
Despesa com reconhecimento de 
impairment 
 (-) Perda estimada por impairment em 
Investida 
 20.000,00   20.000,00  
 
 
 
 
 
28 
A rubrica contábil (-) Perda estimada por impairment em investida se 
caracteriza como uma conta retificadora do grupo de Investimentos, classificada 
no ativo. Assim, quando olharmos o saldo total do grupo de Investimentos, ele 
será formado por duas contas específicas. Aquela em que contabilizamos a 
participação societária, com saldo devedor de R$ 250.000,00, e a rubrica que 
registramos a perda estimada com impairment, com o saldo credor de R$ 
20.000,00. Destaca-se, por fim, que a rubrica Despesa com reconhecimento de 
impairment constitui-se como uma conta de Resultado, impactando, assim, o 
Lucro ou Prejuízo da investidora no período. 
 
TEMA 7 – AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DE 
EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL: ABORDAGEM GERAL 
As investidoras deverão reconhecer os investimentos em participações 
nos quais ela detenha o controle ou exerça influência significativa pelo método 
da equivalência patrimonial (MEP). Esta metodologia é empregada inclusive nas 
investidas cujo controle seja em conjunto, que é o caso das joint ventures. 
Segundo Rios e Marion (2017, p. 57), “O método da equivalência patrimonial 
consiste em ajustar o valor da participação emoutras companhias [...] da 
investidora de acordo com o patrimônio líquido da companhia investida” (grifo 
nosso). 
Dessa forma, se no método de custo o valor do investimento era 
reconhecido pelo seu custo histórico, não sofrendo alterações, nos investimentos 
em que empregamos o MEP, o valor do investimento sofrerá modificações 
refletindo as alterações ocorridas no patrimônio líquido (PL) da investida. Assim, 
teremos a geração (destruição) de riqueza proveniente das operações da 
investida refletidas no patrimônio da investidora. Vamos ver o que o 
Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2) – Investimento em Coligada, em 
Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto – normatiza sobre a 
operacionalização do método da equivalência patrimonial? Temos no item 10 do 
Pronunciamento, portanto, que 
10. Pelo método da equivalência patrimonial, o investimento em 
coligada, em empreendimento controlado em conjunto e em controlada 
(neste caso, no balanço individual) deve ser inicialmente 
reconhecido pelo custo e o seu valor contábil será aumentado ou 
diminuído pelo reconhecimento da participação do investidor nos 
lucros ou prejuízos do período, gerados pela investida após a 
 
 
29 
aquisição. A participação do investidor no lucro ou prejuízo do 
período da investida deve ser reconhecida no resultado do 
período do investidor. As distribuições recebidas da investida 
reduzem o valor contábil do investimento. Ajustes no valor contábil 
do investimento também são necessários pelo reconhecimento da 
participação proporcional do investidor nas variações de saldo dos 
componentes dos outros resultados abrangentes da investida, 
reconhecidos diretamente em seu patrimônio líquido. Tais variações 
incluem aquelas decorrentes da reavaliação de ativos imobilizados, 
quando permitida legalmente, e das diferenças de conversão em 
moeda estrangeira, quando aplicável. A participação do investidor 
nessas mudanças deve ser reconhecida de forma reflexa, ou seja, 
em outros resultados abrangentes diretamente no patrimônio líquido 
do investidor (ver Pronunciamento Técnico CPC 26 – Apresentação 
das Demonstrações Contábeis), e não no seu resultado. (CPC, 2012) 
(grifo nosso) 
 
De forma proposital, realizamos o grifo de quatro trechos específicos da 
descrição do método apresentada pelo CPC 18 (R2). O primeiro trecho 
destacado apresenta a seguinte informação sobre o reconhecimento inicial do 
investimento: “deve ser inicialmente reconhecido pelo custo” (CPC, 2012). Assim 
como no método do custo, na aquisição da participação societária, o 
investimento também deverá ser reconhecido pelo valor pago pela investidora. 
Contudo, existe uma diferença quando aplicamos nos investimentos sujeitos ao 
MEP. No caso das coligadas e controladas, incluído aquelas controladas em 
conjunto, podemos ter a figura do ágio por expectativa de rentabilidade futura ou 
então o ganho por compra vantajosa. 
Destacamos ainda o seguinte trecho “participação do investidor no lucro 
ou prejuízo do período da investida deve ser reconhecida no resultado do 
período” (CPC, 2012). Vamos nos recordar que o resultado do exercício de uma 
entidade, após apurado, compõem o patrimônio líquido da empresa. Como no 
MEP temos que realizar o reflexo das movimentações do PL da investida, o 
resultado precisa ser refletido no valor do investimento. Vamos imaginar, por 
exemplo, que uma investidora possui 25% de participação societária em uma 
investida, que apresentou um lucro no exercício de R$ 120.000,00. Para 
calcularmos o resultado da equivalência patrimonial, temos somente que 
multiplicar o valor do resultado da investida pelo percentual de participação. 
 
 
 
30 
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 = 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑑𝑜 × % 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 = 120.000,00 × 0,25 
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 = 30.000,00 
 
Assim, a participação no desempenho da investida a ser reconhecido no 
resultado da investidora é de R$ 30.000,00. A contabilização desse valor deverá 
ser procedida da seguinte forma: 
Investimentos – Coligadas Receita de Equivalência Patrimonial 
(si) $$$.$$$,$$ 30.000,00  
 30.000,00 
 
 
A rubrica contábil em que realizamos o débito é a mesma em que 
contabilizamos o valor referente a aquisição do investimento, constante no grupo 
de Investimentos, no ANC da Investidora. O crédito, entretanto, realizamos em 
uma conta de resultado. Mas e se a investida tivesse apresentado prejuízo? 
Vejam que o Pronunciamento Técnico fala que temos não somente que 
reconhecer os resultados positivos da investida, mas também refletir no valor do 
investimento o desempenho negativo. Imagine, por exemplo, que no ano 
seguinte a investida tenha apresentado um prejuízo de R$ 90.000,00 e que não 
houve alteração na participação societária da investida. Calculando o valor do 
MEP, temos então: 
 
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 = −90.000,00 × 0,25 
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 = −22.500,00 
 
Agora, mensuramos um resultado de equivalência patrimonial negativo de 
R$ 22.500,00. Temos, portanto, que promover a redução no valor do 
investimento. Por se tratar de uma conta de ativo, de saldo devedor, para reduzi-
la precisamos credita-la. A contabilização neste caso ficará: 
Despesa com Equivalência Patrimonial Investimentos - Coligadas 
 22.500,00 (si) $$$.$$$,$$ 22.500,00  
  30.000,00 
 
 
Em contrapartida ao crédito realizado na conta de Investimentos, 
debitamos uma conta de resultado, denominada Despesa com Equivalência 
Patrimonial. 
 
 
31 
Vimos aqui exemplos em que o resultado da investidora é impactado pelo 
desempenho da investida. No método de custo, o lucro ou prejuízo da investidora 
era impactado pelos dividendos, vocês se recordam? Mas se no MEP já 
reconhecemos o reflexo no resultado pelo cálculo da receita ou despesa com 
equivalência patrimonial, qual o tratamento que daremos aos dividendos. 
Chegamos assim ao terceiro destaque que realizamos no trecho do CPC 
18, em que diz “As distribuições recebidas da investida reduzem o valor contábil 
do investimento” (CPC, 2012). Como destacado pelo pronunciamento, nos 
investimentos avaliados pelo MEP, os dividendos não são contabilizados no 
resultado, mas sim reduzindo o valor do investimento. Como já refletimos o 
desempenho da entidade por meio do resultado de equivalência patrimonial, se 
contabilizássemos os dividendos também no resultado da investidora, teríamos 
um duplo impacto no lucro ou prejuízo da entidade que detém a participação 
societária. 
Para que este ponto possa ficar mais claro, vamos recordar que no MEP, 
as variações do PL da investida devem refletir no valor do investimento da 
investidora. Considerando que a investida teve lucro em determinado exercício, 
qual será o impacto deste resultado em seu PL? O resultado positivo, de 
natureza credora, ao ser contabilizado no PL, que possui a mesma natureza, irá 
ocasionar em um acréscimo no saldo patrimonial, correto? Este lucro, após ser 
transferido para o PL, tem a sua destinação, operacionalizado pela constituição 
das reservas (de capital, de lucros, etc...) e também na proposta de distribuição 
de dividendos. 
Se recordam como a investida deverá contabilizar o valor da distribuição 
a realizar? A investida deverá creditar a conta de dividendos a pagar, em seu 
passivo, e a contrapartida será um débito em seu PL, mais precisamente na 
conta de lucros acumulados. Um saldo devedor em uma conta de natureza 
credora irá promover uma redução do valor desta rubrica contábil, não é mesmo? 
Então, na investida, quando ela reconhecer os dividendos a pagar, o valor do 
seu PL será reduzindo. Refletindo isso na investidora, os dividendos também 
reduzirão o valor dos investimentos. 
Retornemos, agora, ao exemplo utilizado até então. Vamos imaginar que 
a investida declarou que realizará uma distribuição de dividendos de um valor 
totalde R$ 60.000,00, referente a resultados acumulados de exercícios 
anteriores que não haviam sido distribuídos aos seus acionistas. Como a 
 
 
32 
investidora detém 25% de participação no capital da investida, ela receberá R$ 
15.000,00 a título de dividendos. Vamos à sua contabilização? 
Dividendos a receber Investimentos - Coligadas 
 15.000,00 (si) $$$.$$$,$$ 22.500,00  
  30.000,00 15.000,00  
 
 
Vejam que debitamos a conta de dividendos a receber e a contrapartida 
foi na rubrica de Investimentos. Anteriormente já vimos como deve ser a 
contabilização no momento do recebimento destes investimentos. 
Um último ponto que discutiremos neste tema sobre MEP refere-se aos 
lançamentos no PL da investida que não transitam pelo resultado. Temos os 
resultados abrangentes que se caracterizam como àqueles que modificam o PL 
da entidade, mas que não exercem influência em seu resultado. Um exemplo de 
resultado abrangente é o ajuste de avaliação patrimonial de algum item do 
patrimônio da entidade. Quando a investida apresenta resultados abrangentes, 
de acordo com nosso grifo, “a participação do investidor nessas mudanças deve 
ser reconhecida de forma reflexa” (CPC, 2012). Com isso, temos na investidora 
o seu reconhecimento também como resultado abrangente, diretamente em seu 
PL. 
Vamos imaginar, por exemplo, que a investida utilizada até agora no 
exemplo possui um instrumento financeiro classificado como disponível para 
venda. Nesse caso, a diferença entre o seu valor de custo atualizado pelos 
rendimentos e seu valor justo deve ser registrado em seu PL, como ajuste de 
avaliação patrimonial. Durante o último exercício, a investida registrou nesta 
conta um ganho total de R$ 25.000,00. Como a participação da societária da 
investidora é de 25%, como este valor se refletirá na investida. Vamos a sua 
mensuração: 
 
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑓𝑙𝑒𝑥𝑎 = 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑎𝑏𝑟𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 × % 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎çã𝑜 
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑓𝑙𝑒𝑥𝑎 = 25.000,00 × 0,25 
𝑀𝐸𝑃𝑅𝑒𝑓𝑙𝑒𝑥𝑎 = 6.250,00 
 
Assim, a investidora deverá reconhecer a importância de R$ 6.250,00 
como equivalência patrimonial reflexa, em seu resultado abrangente. Vejamos 
agora a sua contabilização. 
Investimentos – Coligadas Ajuste de avaliação patrimonial 
 
 
33 
(si) $$$.$$$,$$ 22.500,00  6.250,00  
 30.000,00 15.000,00  
 6.250,00 
 
Contabilizamos, portanto, um aumento na conta de investimentos e um 
crédito na conta de ajuste de avaliação patrimonial, componente de seu PL. 
Destaca-se que neste exemplo, tivemos um acréscimo no saldo do investimento 
e no PL da investidora porque a investida registrou um ganho com ajuste dos 
instrumentos financeiros ao seu valor justo. Contudo, a investida poderia ter 
apresentado perda proveniente desta atualização, o que resultaria em uma 
redução no valor do investimento registrado pela investida e também em seu PL. 
 
TEMA 8 – AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DE 
EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL: RESULTADOS NÃO REALIZADOS EM 
OPERAÇÕES COM COLIGADAS 
 Quando estudamos o método de equivalência patrimonial, importante 
atentarmos ao tratamento a ser dispensado aos resultados não realizados, 
amplamente encontrado na literatura como lucros não realizados (LNR). O LNR 
ocorre quando uma entidade pertencente a um grupo econômico de empresas 
realiza a venda de determinado produto para outra entidade pertencente ao 
mesmo grupo econômico e este produto não é vendido a terceiros pela empresa 
adquirente ou sua vida útil não é exaurida com o uso do ativo pela entidade que 
o comprou. 
 De acordo com Gelbcke et al (2018, p. 199), 
A expressão “lucros não realizados”, em questões envolvendo MEP ou 
consolidação, deve sempre ser entendida no sentido de que parte dos 
ativos transacionados entre empresas do mesmo grupo ou entre 
investidores e suas coligadas ou controladas em conjunto ainda não foi 
realizada ou pelo uso ou pela venda a terceiros. 
 Vamos imaginar a seguinte situação, para melhor entendermos o conceito 
de LNR. Digamos que uma entidade Alfa controle integralmente a investida Beta. 
Em determinado exercício social, a controladora (Alfa) vendeu uma determinada 
quantidade de mercadorias para a sua controlada (Beta), auferindo lucro nesta 
operação de venda de mercadorias. A intenção da administração das empresas 
com esta operação seria a revenda das mercadorias por Beta a outras empresas 
não pertencentes ao grupo econômico (para fins didáticos, vamos considerar 
que este grupo é formado somente pelas empresas Alfa e Beta). Contudo, até o 
 
 
34 
encerramento do exercício social, a controlada Beta não havia conseguido 
realizar esta revenda das mercadorias adquiridas de sua controladora, 
mantendo-as integralmente em seu estoque. Como Beta não realizou a venda a 
terceiros, o lucro auferido por Alfa no momento que vendeu as mercadorias para 
sua controlada não se realizou, caracterizando-se assim como LNR. 
 Ainda nos concentrando no exemplo de Alfa e Beta, se pensarmos não 
em termos das empresas de forma individual, mas sim como grupo econômico 
que elas formam, chegaremos à essência do conceito de LNR. Em termos de 
grupo econômico, como a mercadoria não foi vendida a terceiros, houve uma 
geração de valor para o grupo diante da operação comercial realizada entre Alfa 
e Beta? O grupo econômico formado pelas empresas realizou a aquisição desta 
mercadoria de uma empresa terceira por um valor X. Em seguida, uma das 
empresas do grupo (Alfa) vendeu esta mesma mercadoria para a outra entidade 
(Beta), por um preço X+20%, por exemplo. Como não houve a venda para 
terceiros, somente tivemos uma transferência de ativos de uma empresa para a 
outra, sem que o lucro da operação aumentasse a riqueza do grupo econômico. 
Adiante, discutiremos um exemplo com valores, para verificarmos a sua 
contabilização. 
 Este exemplo de Alfa e Beta representam a venda de mercadorias para 
uma subsequente revenda. Contudo, poderíamos ter também a venda de uma 
máquina, por exemplo, para que a outra entidade utilizasse-a como um ativo 
imobilizado. Assim, o LNR seria realizado pelo grupo econômico paulatinamente, 
de acordo com a depreciação periódica inerente ao seu uso. 
Outro ponto a destacar é que exemplificamos uma operação em que uma 
controladora (investidora) vendendo para uma controlada (investida). Este tipo 
de operação é denominado pelo Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2) de 
transação descendente (downstream) (CPC, 2012), em virtude do fluxo de 
mercadoria ocorrer de uma nível localizado em um ponto superior do 
organograma societário de empresas para um nível mais inferior. Quando uma 
investida realiza a venda para uma investidora, temos uma transação 
ascendente (upstream). A Figura 01 ilustra graficamente estes dois tipos de 
transações. 
 
 
35 
 
Figura 9 – Transações ascendentes (upstream) e descendentes 
(downstream) 
Fonte: elaborado pelo autor 
Na Figura 1, a linha pontilhada representa a direção da participação 
societária. Assim, a Investidora detém 60% do capital da Investida. Enquanto 
isso, a linha sólida, representa o direcionamento da comercialização de 
produtos. Assim, temos a ilustração da investidora vendendo para investida 
(transação descendente) e investida vendendo para investidora (transação 
ascendente). O LNR estará presente caso a adquirente mantiver o produto 
comprado em seu ativo em sua data de reporte das informações contábeis. 
Aliado a isso, destaca-se ainda que o LNR pode ocorrer também em 
transações entre investidas da entidade, não se caracterizando como transação 
ascendente, tampouco descendente. Por exemplo, vamos imaginar que uma 
investidora Alfa possua participação societária em duas empresas, Beta e Gama, 
classificando ambas investidas em coligadas, em virtude de não exercer 
controle, mas possuir influência significativa no processo decisório de suas 
investidas. Digamosque Beta venda mercadorias para Gama e esta última, ao 
final do exercício, mantenha parte das mercadorias adquiridas em seu estoque, 
em virtude de não ter ocorrido ainda a venda destas mercadorias à terceiros. 
Neste caso, temos a presença de LNR, mesmo não havendo participação da 
investidora na operação comercial. 
 
8.1 Tratamento contábil dos resultados não realizados 
 
 
36 
Agora que já entendemos o significado dos resultados não realizados, 
podemos discutir qual o tratamento contábil que devemos dispensar a eles. O 
item I do Art. 248 da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, estabelece que “[...] 
não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios 
com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela 
controladas” (BRASIL, 1976). Como estabelecido pela chamada Lei das 
Sociedades Anônimas (S.A.), o LNR não deverá ser considerado na aplicação 
do método de equivalência patrimonial. Portanto, o montante mensurado a título 
de LNR deverá ser eliminado quando do reconhecimento da equivalência 
patrimonial pela investidora. 
Destaca-se, entretanto, que a forma de mensuração e de contabilização 
vão variar de acordo com a classificação da participação societária (controlada 
ou coligada) e também no tipo de transação (ascendente, descendente ou entre 
investidas). 
Para discutirmos o tratamento contábil, vamos reproduzir aqui o item 28 
do Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2): 
28. Os resultados decorrentes de transações ascendentes (upstream) 
e descendentes (downstream), envolvendo ativos que não constituam 
um negócio, conforme definido pelo Pronunciamento Técnico CPC 15, 
entre o investidor (incluindo suas controladas consolidadas) e a 
coligada ou o empreendimento controlado em conjunto devem ser 
reconhecidos nas demonstrações contábeis do investidor 
somente na extensão da participação de outros investidores 
sobre essa coligada ou empreendimento controlado em conjunto, 
desde que esses outros investidores sejam partes independentes 
do grupo econômico ao qual pertence a investidora. As transações 
ascendentes são, por exemplo, vendas de ativos da coligada ou do 
empreendimento controlado em conjunto para o investidor. A 
participação da entidade no resultado de coligada ou empreendimento 
controlado em conjunto resultante dessas transações deve ser 
eliminada. As transações descendentes são, por exemplo, vendas de 
ativos do investidor para a coligada ou para o empreendimento 
controlado em conjunto. (CPC, 2012 - grifo nosso) 
 
Notem que o trecho destacado do item 28 do citado Pronunciamento 
estabelece que o LNR deverá ser reconhecido pela investidora somente pelo 
percentual que corresponde a participação de outros investidores. Em outras 
 
 
37 
palavras, significa que o investidor deverá eliminar a parcela do LNR que 
corresponda a sua participação societária. 
Vamos imaginar que uma coligada tenha vendido $ 180.000,00 em 
mercadorias para uma de suas investidoras, que possui 25% de seu capital 
social. Para simplificação, estamos considerando a premissa de que não temos 
tributos incidentes sobre as operações comerciais de compra e venda de 
mercadorias. Esta mercadoria foi adquirida pela coligada de um terceiro, externo 
ao grupo econômico ao qual ela pertence, por $ 120.000,00. Considerando que 
a investidora mantenha os produtos adquiridos em seu estoque na data de 
encerramento das demonstrações contábeis e a alíquota de tributos sobre o 
lucro (IRPJ e CSLL) seja de 34%, qual o valor correspondente a LNR que deverá 
ser eliminado? 
Antes da mensuração, vamos entender primeiramente como os eventos 
descritos anteriormente estarão refletidos nos registros contábeis de cada uma 
das empresas envolvidas. Primeiramente, nos concentrando na coligada, temos 
o primeiro evento que é a aquisição por ela de mercadorias de terceiros, pelo 
valor de $ 120.000,00. No momento que a empresa coligada realizou esta 
aquisição, debitou o seu estoque no valor correspondente e a contrapartida será 
definida de acordo com a sua forma de pagamento (podendo ser a conta Bancos 
ou Fornecedores, por exemplo). Em um segundo momento, esta coligada 
realizou a venda desta mercadoria, por um valor de $ 180.000,00, que 
corresponde a sua receita de venda de mercadorias. Concomitantemente, a 
empresa deverá baixar o seu estoque, reconhecendo assim o custo da 
mercadoria vendida, no valor de $ 120.000,00. 
Já no registro contábil da investidora, este segundo evento ocasionará o 
reconhecimento de estoque no valor de $ 180.000,00. Como, até o final do 
período de reporte, a investidora não realizou a venda desta mercadoria, o valor 
da compra da mercadoria ainda estará presente em seu ativo. Vamos analisar 
do ponto de vista do grupo econômico agora, o que nos permitirá ter uma maior 
clareza acerca do LNR. Considerando investidora e coligada como uma única 
entidade, temos um estoque inicial de $ 120.000,00 no momento em que a 
coligada adquire a mercadoria e, ao final do período, este estoque estará 
registrado no ativo do grupo por $ 180.000,00. Como não tivemos uma transação 
posterior com terceiros, a presença do LNR denota que houve uma valorização 
dos estoques, o que não é permitido pelas práticas contábeis vigentes. 
 
 
38 
Como a investida é classificada como coligada, a investidora eliminará 
somente a sua participação no lucro inerente a operação relatada que ainda não 
se realizou. Vamos então à mensuração do LNR: 
 
1º passo – mensurar o montante do lucro não realizado 
Neste primeiro passo, devemos confrontar receita e custo da operação, 
para obter o lucro bruto da comercialização e, em seguida, multiplicar pelo 
percentual da compra que ainda é mantido em estoque. Temos, portanto: 
 Receita de vendas 180.000,00 
 Custo das mercadorias vendidas (120.000,00) 
(=) Lucro Bruto 60.000,00 
(x) % de mercadorias mantidas em estoque 100% 
(=) Lucro Não Realizado 60.000,00 
No nosso exemplo, o valor do LNR é de $ 60.000,00. Notem que neste 
exemplo temos que todo o montante de mercadorias comercializadas entre 
investidora e coligada mantém-se em estoque. Em virtude disso, multiplicamos 
o valor do Lucro Bruto da operação por 100%. Caso 30% das mercadorias 
tivessem sido vendidas a terceiros, por exemplo, calcularíamos o LNR 
multiplicando pelo percentual de mercadorias que continuam estocadas pela 
adquirente, que seria de 70%. Assim, o LNR, neste segundo cenário, seria de $ 
42.000,00 ($60.000,00 x 70%). 
 
2º passo – calcular o valor dos lucros não realizados líquidos 
Como declaramos no enunciado do exemplo, os tributos incidentes sobre 
o lucro possuem uma alíquota total de 34%. A tributação de IRPJ e CSLL é 
realizada de forma individual, por empresa. Assim, apesar do lucro ainda não ter 
sido realizada pelo grupo econômico, a empresa que o auferiu (em nosso 
exemplo, a coligada), já ofereceu o lucro desta operação à tributação. Com isso, 
precisamos considerar os efeitos tributários na eliminação do LNR. Temos, 
assim: 
 Lucro Não Realizado 60.000,00 
(x) Alíquota de IRPJ e CSLL 34% 
(=) Tributos sobre o lucro diferidos 20.400,00 
 
 Lucro Não Realizado 60.000,00 
 
 
39 
(−) Tributos sobre o lucro diferidos 20.400,00 
(=) Lucro Não Realizado Líquido de Tributos 39.600,00 
Chegamos assim ao valor do LNR que deverá ser considerado na 
operação. Devemos sempre levar em conta o LNR líquido de tributos, que no 
nosso exemplo totalizou $ 39.600,00. Como a investidora classifica sua investida 
como coligada, não é este o montante que deverá ser eliminado no momento do 
cálculo do MEP. Temos ainda que calcular o montante correspondente à sua 
participação sobre este resultado, listado no 3º passo. 
 
3º passo – mensurar a participação da investidora sobre os lucros não realizados 
(somente no caso de coligadas) 
Neste terceiro passo,

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