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Fichamento Bibliografia: CHANG, Ha-Joon. Maus Samaritanos: O mito do livre-comércio e a história secreta do capitalismo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. “A vida dupla de Daniel Defoe: Como os países se tornam ricos?”, pp. 67-90 Disciplina: Economia Política Internacional Aluna: Érika Damião Cap. 2 Resumo: Neste capítulo, Chang mostra evidências a fim de derrubar o mito fundador do capitalismo comprovando que o verdadeiro motivo do crescimento econômico de países como a Inglaterra e os Estados Unidos encontra-se em medidas protecionistas e não no livre-mercado como grande parte das pessoas acreditam. (67) Daniel Defoe foi um romancista, homem de negócios e economista que trabalhou como espião para o governo britânico, inicialmente para Robert Harley do partido Tory (conservador) e, posteriormente, para Robert Walpole do partido Whig (liberal). (67-69) Defoe escreveu um livro aonde explicava como a dinastia Tudor havia utilizado medidas protecionistas e outros meios de intervenção do governo para desenvolver a indústria manufatureira de lã na Inglaterra, o que acabou por tornar essa manufatura a indústria exportadora mais importante da nação. A Inglaterra conquista o mundo (70-72) Walpole (partido Whig) foi o primeiro primeiro-ministro britânico, em 1721 ele introduziu políticas (protecionistas) focadas na promoção das indústrias manufatureiras na Inglaterra (o que era novidade já que, até o presente momento, o maior foco inglês era voltado para as navegações). Estímulos à exportação foram dados através de subsídios, regulamentações de controle de qualidade e até mesmo através da proibição de exportações de suas colônias (as colônias inglesas foram estimuladas pelo governo a produzir bens primários para evitar a concorrência com os colonizadores). A vida dupla da economia inglesa (72-73) Adam Smith era contra o “sistema mercantil” arquitetado por Walpole e afirmava que as restrições à concorrência produzidas por esse sistema eram ruins para a economia inglesa e que, conforme as indústrias de tornavam competitivas internacionalmente, a proteção era contraproducente e ineficiente. Todavia, a Inglaterra passou a aderir o livre-comércio de Smith apenas em 1815. (73-74) No século XIX, David Ricardo reforçou a credibilidade do livre-comércio na Inglaterra teorizando as vantagens que um país poderia ter sob outro que produzia o mesmo produto, uma vez que se especializasse em produtos com menor desvantagem de custo. Todavia, esta teoria falha quando se tem a necessidade de tecnologias mais avançadas, já que os produtores de tecnologia menos avançadas necessitam de proteção na concorrência internacional até serem capazes de se equipararem aos concorrentes. (75) “A Inglaterra adotou o livre-comércio apenas quando já havia adquirido liderança tecnológica sobre seus concorrentes ‘por meio de barreiras tarifárias altas e de longa duração’”. A América entra na briga (75-78) Os Estados Unidos, aqui já ex-colônia britânica, foram recomendados por Alexander Hamilton a proteger suas “indústrias na infância” contra a concorrência estrangeira até poderem “caminhar com as próprias pernas”. Em 1791, Hamilton propôs uma série de medidas protecionistas afim de atingir o desenvolvimento industrial do país rapidamente. Abraham Lincoln e a promoção da América à supremacia (78-81) Lincoln era a favor da proteção da indústria nascente, entrou para a política do lado do partido Whig e, mais tardiamente, se ligou a criação do partido republicano que era uma junção do Sistema Americano liberal dos Whig e da distribuição livre de terras públicas dos estados do Oeste. Depois de eleito, Lincoln aumentou as tarifas industriais dos Estados Unidos ao nível mais elevado da história do país usando os gastos da Guerra Civil como desculpa. (81) “Além de ser o país mais protecionista do mundo durante o século XIX e até a década de 1920, os Estados Unidos também eram a economia que crescia mais rápido” Outros países, segredos com culpa (82- 84) Países ricos como França, Alemanha e Japão também tinham tendências protecionistas, todavia nenhum era tão protecionista como a Inglaterra e os Estados Unidos durante o final do século XIX e início do século XX. Isso porque a maioria desses países optava por parcerias público-privadas e não totalmente estatais. (84-87) Chang explica um pouco sobre o Japão pós Segunda Guerra Mundial e o controle do governo sob os investimentos estrangeiros. (87) “Os economistas do livre-comércio argumentam que a mera coexistência do protecionismo e do desenvolvimento econômico não prova que o primeiro levou ao segundo”. Aprendendo as lições certas da história (87-90) O autor conclui o capítulo mostrando que na história, todos os países bem- sucedidos utilizaram de medidas protecionistas no desenvolvimento de suas economias e faz referencia ao “chutar a escada” (de sua própria autoria), explicando como esses países utilizaram essas políticas protecionistas para crescer e agora tentam impedir o crescimento de outros países pelo mesmo meio através da adoção de medidas liberais. Ele também utiliza a expressão “amnésia histórica” para se referir ao processo no qual a história é reescrita a partir da autoimagem atual de um país.
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