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QUALIDADE-EM-SERVIÇOS-DE-SAÚDE

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SUMÁRIO 
1 O CONCEITO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE ........................ 4 
2 DEFINIÇÃO DE QUALIDADE ..................................................................... 7 
2.1 Qualidade em serviços de saúde ......................................................... 8 
2.2 A busca da qualidade na área da saúde ............................................ 10 
2.3 O modelo da qualidade na área da saúde.......................................... 13 
3 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SAÚDE PÚBLICA ..................................... 16 
3.1 As normas estabelecidas no ordenamento jurídico brasileiro na área 
saúde 26 
3.2 Considerações finais .......................................................................... 29 
4 PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS SOBRE OS SERVIÇOS DE SAÚDE 
PÚBLICA NO BRASIL ............................................................................................... 33 
4.1 Metodologia ........................................................................................ 35 
5 SUS – A SAÚDE DO BRASIL ................................................................... 37 
5.1 Antes e depois .................................................................................... 37 
5.2 Glossário do sus ................................................................................. 38 
6 SENSIBILIZAÇÃO PARA A QUALIDADE ................................................. 40 
6.1 Certificação ISO 9001 na Área da Saúde ........................................... 40 
6.2 O que é qualidade? ............................................................................ 40 
6.3 O que é Qualidade na área da Saúde? .............................................. 40 
6.4 Porquê investir na Qualidade? ........................................................... 41 
6.5 O que significa estar certificado? ....................................................... 41 
6.6 Os princípios da Gestão da Qualidade ............................................... 41 
6.7 Focalização no doente ....................................................................... 41 
6.8 Melhoria Contínua .............................................................................. 42 
6.9 Em resumo o que tenho que fazer? ................................................... 43 
 
 
 
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6.10 Mensagens finais ............................................................................ 44 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 46 
 
 
 
 
 
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1 O CONCEITO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE 
O conceito da Organização Mundial da Saúde (OMS) retrata SAÚDE como o 
estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de 
doença. Será que existe algum indivíduo absolutamente saudável diante da 
abrangência e profundidade desse conceito? Este conceito extrapola o sistema 
corpóreo, pois na Saúde Pública a abordagem é mais complexa, onde o interesse não 
se prende apenas à saúde individual, e sim se expande para uma visão mais 
abrangente de Saúde Coletiva. Num município qualquer, por mais saudável que se 
revele, haverá indivíduos com doenças incubadas, casos clínicos e mortes. Qualquer 
agregado humano depende de serviços de saúde, de hospitais, de médicos, 
enfermeiros, dentistas e outros profissionais de saúde. Há também a necessidade de 
um sistema integrado, que possa atuar nos fatores determinantes das doenças, 
visando à prevenção ou à profilaxia. Segundo o Programa de Qualidade do Governo 
Federal aplicado à Saúde no ano de 2001, os serviços públicos de saúde se tornaram 
não apenas mais complexos, dimensionados racionalmente em suas especificidades, 
mas, também, mais necessários. No Brasil, a população em mais de 70% dos casos 
dirigi-se aos serviços financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a 
operacionalização das diretrizes constitucionais de descentralização e participação 
social para organização e gestão do SUS vem produzindo expressivas mudanças no 
desenho institucional da ação governamental, tais como: 
 
a) a realização de Conferências de Saúde, com representação de vários 
segmentos sociais, a fim de propor diretrizes para a política de saúde; 
b) a instituição de Conselhos de Saúde como órgãos colegiados permanentes 
e de caráter deliberativo sobre a política de saúde; 
c) a criação de Comissões Intergestores, como fóruns de negociação entre as 
três instâncias de direção do SUS: município, Estado e União. Segundo Lucchese, as 
mudanças refletem-se no progressivo fortalecimento das esferas subnacionais de 
governo e no estabelecimento de novas relações intergovernamentais. Destacando-
se, também, a crescente autonomia e independência dos entes federados 
subnacionais na gestão política e financeira dos sistemas locais, a partir das 
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crescentes parcelas de recursos federais transferidas direta e automaticamente do 
Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Estaduais e Municipais de Saúde. 
As condições políticas, institucionais, jurídicas e financeiras construídas em 
mais de doze anos de implementação do SUS, vem contribuindo significativamente, 
para o estabelecimento de caminhos promissores para a consolidação de uma gestão 
descentralizada e participativa do sistema e da política de saúde e para uma maior 
governabilidade setorial na garantia do direito à saúde. Porém, tais mudanças ainda 
não resultaram em redução substantiva das desigualdades em saúde no país, apesar 
da saúde ser uma área de proteção, regulação e controle do Estado. O setor Saúde 
vive uma crise que se traduz por baixa qualidade, ineficiência e iniqüidade. O 
diagnóstico desta crise está bastante analisado, sendo então necessário encontrar 
saídas para este impasse. Assim, o setor Saúde, ainda, não alcançou a fase taylorista 
de produção. Não existe um modelo de administração das indústrias sociais que seja 
coerente, formulado e implementado. Quando se trata de serviços públicos, a noção 
do usuário acerca do que é possível e desejável melhorar é muito menos objetiva e 
mensurável, que na compra de um produto industrializado ou de um serviço de 
assistência técnica. A cultura organizacional entendida como um sistema de 
significados e sua relação com as propostas gerencialistas nas organizações públicas 
de saúde está relacionada à falta de uma cultura forte nas organizações do setor 
público, causada, principalmente, pela elevada rotatividade nas posições hierárquicas 
mais altas. Programas ortodoxos de gerenciamento de qualidade dependem de uma 
cultura organizacional fortemente voltada para os objetivos do programa de qualidade, 
seja ele formal ou não, o que implica um comprometimento de longo prazo dos 
administradores situados nos mais altos níveis da hierarquia organizacional, com 
iniciativas visando à qualidade nos serviços. Segundo Almeida, qualidade no setor 
Saúde é entendida como a sistematização de todos os seus processos, em todas as 
áreas e esferas de gestão, na busca da ética e da técnica. Os elementos chaves da 
qualidade são: 
 Total satisfação do cliente; 
 Priorização da qualidade; 
 Melhoria contínua; 
 Participação e comprometimento de todos; 
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 Comunicação e capacitação. 
Os processos para a melhoria da qualidade devem envolver toda a equipe de 
trabalho, estabelecer ações a longo prazo acompanhadas passo a passo e mudanças 
gradativas, além de focalizar as pessoas como sendo prioridade, demandandocomprometimento, disciplina e um esforço crescente. O Ministério da Saúde definiu 
qualidade nos serviços de saúde em cinco eixos prioritários: 
 Alto nível de excelência profissional; 
 Uso eficiente de recursos; 
 Mínimo de risco para o cliente; 
 Alto grau de satisfação para o cliente; 
 Impacto final na saúde. 
 
A utilização de indicadores de saúde é fundamental para o estabelecimento da 
qualidade nos serviços de saúde. São instrumentos gerenciais de mensuração, sem 
o qual é impossível a avaliação criteriosa de qualidade ou produtividade. Eles avaliam 
aspectos da estrutura, processo e resultado na gestão da qualidade dos serviços. 
Alguns exemplos de indicadores de saúde são: 
 Taxa de Mortalidade; 
 Taxa de Infecção Hospitalar; 
 Taxa de Ocupação Hospitalar; 
 Taxa de Permanência. 
 
Para se desenvolver uma gestão eficaz da qualidade, algumas mudanças 
devem acontecer, como: 
 Mudança de mentalidade, 
 Mudança de paradigma, 
 Adaptações da nova realidade; 
 Equilíbrio da equipe. 
 
Agora, nada disso que apresentamos poderá acontecer se os profissionais de 
saúde, gestores, profissionais técnicos e administrativos, prestadores de serviços e 
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até mesmo os usuários do sistema não tiverem os pilares que irão sustentar todo o 
processo da qualidade no setor Saúde. E esses pilares são: 
 COMPROMETIMENTO; 
 PARTICIPAÇÃO; 
 VISÃO MACRO DO SISTEMA. 
 
Sem esta sustentação fica impossível fazer Saúde Pública com Qualidade. 
 
 
 
FONTE:noticias.universia.com.br 
 
2 DEFINIÇÃO DE QUALIDADE 
Qualidade, segundo o dicionário Aurélio, é a “propriedade, atributo ou condição 
das coisas ou das pessoas que as distingue das outras e lhes determina a natureza. 
Dote, virtude”. Na área da saúde, a definição de qualidade tornasse mais ou menos 
ampla dependendo do quão ampla é a definição de saúde e da responsabilidade da 
equipe clínica no seu atendimento. Significa que os envolvidos nos atos de saúde 
estão constantemente preocupados quanto às propriedades, benefícios e malefícios 
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dos serviços prestados, desenvolvem atividades de aferição e aperfeiçoamento, para 
uma maior satisfação dos que necessitam desses serviços. A gestão da qualidade é 
a adoção de programas desenvolvidos internamente ou segundo padrões externos, 
capazes de comprovar um padrão de excelência assistencial, a partir da melhoria 
contínua da estrutura, dos processos e resultados. Os especialistas em qualidade 
sugerem que a adequada procura da qualidade não é uma questão de inspeção, 
padrões, limiares; não é uma série de decisões para aceitar ou rejeitar um funcionário, 
ou um médico, mas, ao contrário, é uma busca contínua de pequenas oportunidades 
para reduzir a complexidade desnecessária, o desperdício e o trabalho em vão, que 
permitirão, com o uso de métodos de melhoria da qualidade, atingir novos níveis de 
eficiência, satisfação do paciente, segurança, efetividade clínica e lucratividade. A 
busca da qualidade tornou-se incremental, não dramática. 
2.1 Qualidade em serviços de saúde 
Segundo Las Casas (1999), as dimensões da qualidade em serviços são: 
 
 Confiabilidade — é importante para prestar serviços de qualidade, 
gerada pela habilidade de fornecer o que foi prometido de forma segura 
e precisa; 
 Segurança — clientes querem dos prestadores de serviços a habilidade 
de transmitir segurança e confiança, caracterizada pelo conhecimento e 
cortesia dos funcionários; 
 Aspectos tangíveis — os aspectos físicos que circundam a atividade de 
prestação de serviço também têm sua importância como fator de 
influência, como instalações, equipamentos, aparência dos funcionários 
etc.; 
 Empatia — grau de cuidado e atenção pessoal dispensado aos clientes, 
como a capacidade de se colocar no lugar dos outros e, também, a 
receptividade, que é a disposição de ajudar os clientes e fornecer 
serviços com presteza. 
 
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Donabedian (1980) entende qualidade em três dimensões: 
 A técnica; 
 A interpessoal; 
 A ambiental. 
 
A técnica se refere à aplicação, atualizada, dos conhecimentos científicos na 
solução do problema do paciente. A interpessoal se refere à relação que se estabelece 
entre o prestador de serviços e o paciente. A ambiental diz respeito às comodidades 
como conforto e bem-estar oferecidos ao paciente. Os indivíduos têm seu próprio 
conceito de qualidade. É possível dizer que qualidade é aquilo que cada um acredita 
que é ou percebe que é. Portanto, é fundamental entender que antes de tudo o 
conceito de qualidade depende da percepção de cada um em função da cultura ou do 
grupo que se irá considerar (Cerqueira, 1994). Existem características das 
organizações de saúde que tornam difícil internamente a avaliação dos resultados 
nelas obtidos. Parte-se da premissa de que seus trabalhadores fazem o melhor que 
pode ser feito (Vuori, 1991). Segundo Regis Filho e Lopes (1996), o setor saúde como 
organização prestadora de serviços deve lançar mão de todos os recursos que 
viabilizem um melhor desempenho, com uma melhor satisfação, tanto dos clientes 
externos quanto dos internos. Os fatores determinantes da qualidade dos serviços de 
odontologia, segundo Assada (2001), estão descritos no quadro. 
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2.2 A busca da qualidade na área da saúde 
 
 
FONTE:escritorialcontabil.com.br 
Na literatura há discrepâncias sobre quando se iniciaram as atividades que 
tratavam da qualidade no cuidado à saúde. Há descrições que variam de 30 a 3.000 
anos atrás, mas certamente pode ser ao menos datada no início da história registrada 
da medicina. O processo de acreditação de organizações de saúde originou-se nos 
Estados Unidos, a partir de iniciativas da corporação médica em 1910. Desde então, 
foram realizadas várias avaliações dos serviços hospitalares, ficando evidente a 
necessidade de um programa de padronização hospitalar. Em 1950, foi fundada a 
Joint Commission on Accreditation of Hospitals (atualmente Joint Comission on 
Accreditation of Healthcare Organi - zations – JCAHO – Comissão Conjunta de 
Acreditação de Organizações de Assistência à Saúde) que assumiu a 
responsabilidade pelo programa de acreditação. A ênfase foi dada ao trinômio 
“avaliação, educação e consultoria”. O programa de acreditação da Joint Comission 
constitui-se no mais procurado e prestigiado na área hospitalar e, apesar da 
acreditação não ser obrigatória, há grande incentivo para que aconteça. São 
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abordados três setores: funções de cuidado ao paciente como avaliação, educação 
do paciente e da família; funções da organização como liderança, prevenção e 
controle de infecção, e componentes estruturais essenciais como direção, 
administração, equipe médica e de enfermagem, e uso de medicação. Em 1989, a 
Organização Mundial da Saúde iniciou trabalho sobre a questão da qualidade da 
assistência hospitalar na América Latina. A acreditação passou a ser vista como 
elemento estratégico para desencadear e apoiar iniciativas de qualidade nos serviços 
de saúde. Pretendia-se assim, contribuirpara “uma progressiva mudança planejada 
de hábitos, de maneira a provocar nos profissionais de todos os níveis e serviços um 
novo estímulo para avaliar as debilidades e forças da instituição, com o 
estabelecimento de metas claras e mobilização constante para o aprimoramento dos 
objetivos, a fim de se garantir a qualidade da atenção médica”. No Brasil, a busca da 
qualidade nos serviços de saúde possui aproximadamente 60 anos. A Divisão de 
Organização Hospitalar (DOH), vinculada ao Ministério de Educação e Saúde da 
época, foi criada em 1941 com os objetivos de coordenar, cooperar ou orientar os 
estudos e a solução dos problemas relacionados à assistência a doentes, deficientes 
físicos e desamparados. Nos anos seguintes, foram realizadas avaliações dos 
serviços hospitalares, publicações de normas e portarias que regulamentavam os 
meios necessários para a implantação de um sistema capaz de avaliar a qualidade da 
assistência à saúde. Apesar das várias propostas, o sistema de avaliação acabou 
restringindo-se ao credenciamento de hospitais para venda de serviços ao Instituto 
Nacional de Previdência Social (INPS). A década de 1980-89 foi marcada pela crise 
da Previdência Social. Neste período também ocorreu uma descentralização do 
modelo de assistência à saúde, com a implantação do SUDS (Sistema Unificado e 
Descentralizado de Saúde). Surgiu a necessidade de se criar instrumentos gerenciais 
que possibilitassem a avaliação dos serviços oferecidos. A partir de 1990 apareceram 
no Brasil iniciativas relacionadas à acreditação hospitalar. Essas iniciativas tinham 
como intenção estimular os hospitais a desenvolver programas de qualidade e não 
necessariamente realizar a acreditação. Em abril de 1992, a OPAS promoveu em 
Brasília o primeiro seminário nacional sobre acreditação, com a participação de 
representantes de diversas entidades nacionais da área da saúde. O manual de 
acreditação da OPAS foi apresentado durante este seminário e diferentes propostas 
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a respeito do modelo de acreditação apropriado para o país foram discutidas. 
Concluiu-se, neste seminário, que o controle da qualidade dos serviços de saúde era 
relevante e oportuno, a acreditação seria um mecanismo válido para controlar esta 
qualidade e que o manual de acreditação proposto seria um instrumento/documento 
básico importante para iniciar o processo. Em 1994, o Ministério da Saúde lançou o 
Programa de Avaliação e Certificação de Qualidade em Saúde (PACQS). As 
atividades de melhoria da qualidade na saúde passaram a ser consideradas 
estratégicas. Cinco foram os princípios norteadores desta estratégia: direcionamento 
para indicadores de resultados, com ênfase nos resultados desfavoráveis 
relacionados aos serviços de saúde e à comunidade; estabelecimento de programa 
nacional de acreditação, distinto daquele de regulação e concessão de alvarás de 
funcionamento; ênfase em ferramentas de qualidade, isto é, estímulo à utilização de 
gerenciamento da qualidade na administração em saúde; estabelecimento de 
protocolos clínicos básicos, desenvolvidos segundo as prioridades identificadas, 
avaliação da satisfação do usuário e o controle social. Em 1995, a Federação 
Brasileira de Hospitais lançou o Instituto Brasileiro de Acreditação (INBRAH). Em 
1996, o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade – PBQP estabeleceu a 
Avaliação e Certificação de Serviços de Saúde como sendo um projeto estratégico do 
Ministério da Saúde, prioridade para o biênio 97/98. Em 1997, o Ministério da Saúde 
iniciou um projeto chamado Acreditação Hospitalar. Em parceria com grupos 
nacionais que já realizavam atividades pioneiras de acreditação, foi desenvolvido um 
sistema de acreditação nacional. Em 1997, o PACQS transformou-se no Consórcio 
Brasileiro de Acreditação (CBA). O Programa Brasileiro de Acreditação propriamente 
dito foi oficialmente lançado em novembro de 1998. Em agosto de 1999, a 
Organização Nacional de Acreditação (ONA), órgão credenciador das instituições 
acreditadoras, foi constituído juridicamente. A ONA é responsável pelo 
estabelecimento de padrões e pelo monitoramento do processo de acreditação 
realizado pelas instituições acreditadoras visando assegurar aos cidadãos brasileiros 
qualidade na assistência à saúde em todas as organizações prestadoras de serviços 
do país. Em 2000, estas instituições passaram a ser credenciadas pela ONA, podendo 
atuar em âmbito nacional preparando os avaliadores e realizando os processos de 
acreditação. 
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2.3 O modelo da qualidade na área da saúde 
 
 
FONTE:sucessomedico.com 
Na área da saúde, no período 1960-1970, o modelo de gerenciamento da 
qualidade era o Quality Assurance, baseado na garantia de padrões mínimos de 
qualidade através da monitorização do desempenho de casos individuais pelo uso de 
indicadores que determinavam se atingiam certo padrão, se estavam dentro de limites 
aceitáveis. Problemas com este modelo tradicional levaram à experimentação da 
abordagem industrial do modelo de Melhoria Contínua da Qualidade, na década de 
1980. De acordo com esta teoria, a melhoria da qualidade depende da compreensão 
e da revisão dos processos de produção/prestação de serviços baseadas nos dados 
gerados pelos próprios processos. O foco é na melhoria contínua por toda a 
organização através de empenho constante para se reduzir o desperdício, o trabalho 
refeito e a complexidade. A atenção mudou da revisão de casos individuais para a 
análise estatística de padrões de assistência ofertados. Os serviços de assistência à 
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saúde são diferentes da indústria tradicional em aspectos fundamentais e esses 
aspectos devem ser levados em consideração. Entretanto, quando analisados os 
princípios básicos do modelo industrial da qualidade total, eles claramente são 
aplicáveis na área da saúde: 
 O trabalho produtivo é realizado através de processos. As 
atividades realizadas (processos) que transformam “entradas” em 
“saídas” devem ser identificadas, compreendidas e gerenciadas. 
A análise do sistema segundo a visão de processos leva ao 
melhor entendimento do funcionamento da organização, permite 
a definição adequada de responsabilidades, a utilização eficiente 
de recursos, a prevenção e solução de problemas, a eliminação 
de atividades redundantes e a identificação clara dos clientes e 
fornecedores. 
 A moderna teoria da qualidade é centralizada no cliente; deve 
existir sólida relação entre cliente e fornecedor. Os clientes 
internos são os médicos, enfermeiros, funcionários e os clientes 
externos são os pacientes, as fontes pagadoras, outros médicos 
e demais compradores de serviços. 
 A principal fonte de falhas de qualidade são os problemas no 
processo, o foco é no sistema e não na pessoa. Quando se 
examinam os processos críticos de organizações, verifica-se que 
a principal fonte de anomalias não se encontra nas pessoas, mas 
nos processos. O prejuízo de um paciente atendido em uma 
organização de saúde raramente se deve à simples falha dos 
profissionais de saúde; mais freqüentemente resulta de 
imperfeições em interações complexas entre indivíduos ou 
problemas na interface da pessoa com tecnologias sofisticadas, 
produtos e sistemas organizacionais. Assim, torna-se evidenteque a prestação de serviços à saúde oferece também o risco de 
falhas, o que torna necessários o conhecimento e a organização 
dos processos e sistemas na tentativa de redução e mesmo do 
impedimento da ocorrência de eventos adversos. 
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 A má qualidade tem alto custo, a prevenção é preferível à 
detecção de problemas. Os custos do desperdício, do trabalho 
refeito, da complexidade excessiva e da falta de confiabilidade 
são tão elevados na saúde como o são na indústria, além de 
conter o agravante da possibilidade de dano ao paciente. O 
propósito do gerencimento da qualidade é de melhorar o processo 
para atingir um alvo de qualidade e não de reagir a desfechos 
inadequados. Uma das maneiras de resolver um problema é 
projetar novamente o processo. Mesmo que a conseqüência da 
assistência prestada em uma certa situação seja um desastre, a 
qualidade deve ser julgada como boa se a assistência, no 
momento em que foi prestada, estava em conformidade com a 
prática que seria esperada alcançar os melhores resultados. 
 Entender a variabilidade do processo é a chave para melhorar a 
qualidade. Controlar a qualidade significa, em parte, gerir os 
processos de forma que eles se tornem previsíveis. Os processos 
imprevisíveis não levam à qualidade consistentemente excelente 
e tendem a ser inerentemente falhos. 
 O controle da qualidade deve concentrar-se nos processos vitais. 
Dados úteis para melhoria da qualidade abundam nos serviços de 
saúde. 
 A moderna abordagem à qualidade está fundamentada no 
pensamento científico e estatístico e faz uso regular de certas 
ferramentas estatísticas para entender processos e descobrir 
causas de falhas e de variação (fluxograma, diagrama de causa 
e efeito, gráfico de controle, histogramas, diagramas de Pareto, 
boxpot e diagrama de dispersão). Estas ferramentas de melhoria 
da qualidade podem funcionar nos serviços de saúde devido à 
educação científica e técnica que a maioria dos profissionais da 
área recebe em seu treinamento. O total envolvimento dos 
funcionários é crucial, há necessidade de motivação e de 
participação de todos. Os médicos, cujo envolvimento na busca 
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da qualidade parece ser pequeno, precisam compreender, 
participar do processo, estar cientes de que estas atividades não 
têm a finalidade de fiscalização ou regulamentação de suas 
decisões clínicas. Precisa haver adesão para o sucesso das 
iniciativas. A formação de equipes interfuncionais da qualidade 
pode ajudar na melhoria dos processos dos serviços de saúde. 
Permite que sejam analisadas e discutidas as interdependências. 
A administração da qualidade emprega o planejamento, o 
controle e a melhoria da qualidade. É necessário instaurar 
mecanismos para escutar a “voz do cliente” e sintonizar o 
planejamento do serviço com estas modulações. Avaliações 
sistemáticas da percepção dos pacientes e do impacto dos 
processos de tratamento sobre sua saúde devem ser incluídas na 
avaliação dos serviços de saúde. 
3 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SAÚDE PÚBLICA 
 
 
 
FONTE:www.mv.com.br 
 
 
 
17 
 
 
 
O conceito de saúde sofreu diversas intervenções ao longo dos últimos 100 
anos, pois foi conceituada a partir de diversas visões de mundo, numa construção 
social e histórica, saindo do conceito simples de ausência de doença para um conceito 
amplo com várias dimensões, tais como biológica, comportamental, social, ambiental, 
política e econômica. 
Hoje, o conceito adotado mundialmente é o da Organização Mundial da Saúde 
que a define como: “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não 
consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade. ” (OMS, 1946) 
Porém, a saúde não foi sempre assim tratada no decorrer da sua evolução 
histórica, pois no estudo aqui realizado, verificou-se que a saúde “vai desde a 
concepção mágico religiosa, passando pela concepção simplista de ausência de 
doença, até chegar a mais abrangente concepção adotada pela Organização Mundial 
da Saúde” (CZERESNIA, 2003). 
Portanto, nota-se que a concepção do que é saúde sofreu diversas 
modificações até se chegar ao atual conceito mais adotado que é o da Organização 
Mundial da Saúde e busca-se primordialmente a promoção da saúde que se baseia 
no direito humano fundamental visando permitir aumentar o controle sobre sua saúde 
e seus determinantes, sendo que a saúde de todos os povos é essencial para 
conseguir a paz e a segurança. 
Tecendo-se um breve comentário acerca da origem do termo saúde, este vem 
da raiz etimológica salus. No latim, esse termo designava o atributo principal dos 
inteiros, intactos, íntegros, e no grego salus provém do termo holos, no sentido de 
totalidade, raiz dos termos holismo, holístico. Ou seja, este termo refere-se ao todo. 
Uma vez definido o que é saúde, é de suma importância compreender a sua 
evolução histórica no mundo, pois como já dito anteriormente, a saúde sofreu 
intervenções religiosas, sociais e econômicas. E para se entender a abordagem da 
saúde é na atualidade é necessário conhecer a sua história, uma vez que o que se vê 
atualmente é o relato da contemporaneidade e que tem suas raízes em eras muito 
antigas. Apontando tal importância sobre a história da saúde e da doença anota-se: 
Que a saúde e a enfermidade são algo mais que fenômenos biológicos; de que 
em torno dos cuidados, dos mecanismos de controle e das curas estão dimensões 
relevantes da história da saúde e da doença […] e que o processo saúde-doença diz 
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respeito não apenas à salubridade ou a insalubridade de nossos países, mas é 
revelador, constituinte e formador de aspectos cruciais da modernidade e da história 
social, política, intelectual e cultura. (HOCHMAN; XAVIER; PIRES-ALVES, 2004, p. 
45) 
Partindo-se da premissa de saúde como concepção religiosa, pode-se dizer, 
então, que a preocupação com a saúde de forma coletiva, veio com as primeiras 
epidemias que afetaram um número maior de pessoas, fazendo com que se 
pensassem a causa delas. Na Bíblia, tem-se registros de doenças, como a lepra 
(atualmente hanseníase), que afetava a vida de muitas pessoas ainda na época antes 
de Cristo, trazendo a preocupação de isolar os leprosos para se evitar o contágio do 
restante da população, pois entendiam que a doença era contagiosa,além de que era 
vista como um castigo divino. Anote-se: 
 
Leproso é aquele homem, imundo está; o sacerdote o declarará totalmente por 
imundo, na sua cabeça tem a praga. 
 
Também as vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas, e a sua 
cabeça será descoberta, e cobrirá o lábio superior, e clamará: Imundo,imundo. 
 
Todos os dias em que a praga houver nele, será imundo; imundo está,habitará 
só; a sua habitação será fora do arraial. (LEVÍTICO 13:44-46) 
Ainda nessa concepção religiosa, na Idade Média, a Igreja exerceu grande 
influência na política e na consequentemente no que tange a saúde. Pois, seguindo o 
ensinamento bíblico acima referido, a doença era tratada como um castigo divino e os 
doentes eram isolados. No entanto, essa conduta de isolar os doentes acabou por 
atrasar os avanços científicos na área da saúde, pois comprovavam apenas a falta de 
tratamento da população, conforme demonstra-se na visão de Sevalho (1993, p.5): 
 
Na idade média […] casas de assistência aos pobres, abrigos de viajantes e 
peregrinos, mas também instrumentos de separação e exclusão quando serviam para 
isolar os doentes do restante da população. Um dos valores básicos que envolvia a 
existência dos hospitais do medievo era a caridade,pois cuidar dos doentes ou 
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contribuir financeiramente para a manutenção destas casas significava a salvação das 
almas dos benfeitores. 
No entanto, esse entendimento de benevolência divina passou a ser 
questionado com o aparecimento de novas doenças, fazendo com que alguns 
estudiosos passassem a acreditar que as doenças poderiam passar de uma pessoa 
para outra e iniciando-se a idéia de que há formas de se evitar doenças, como aponta 
Sevalho (1993, p. 5): 
 
Nos anos 1300, ao tempo da peste negra, um médico árabe relatava que a 
doença podia ser contraída pelo contato com os doentes ou através de peças de 
vestuário, louça ou brincos (Sournia&Ruffie, 1986). De qualquer modo, na visão de 
mundo dos cristãos medievais, estava contextualizado o temor que a doença imprimia. 
A sensação de que devia ser mantida à distância, o necessário afastamento do perigo 
desconhecido pressentido, o medo do sofrimento e da morte. 
Passada essa era de domínio da Igreja, surge então a fase de racionalismo e 
de grande avanço cientifico, é o chamado iluminismo. Nesse período, juntamente com 
a ciência, os conhecimentos da área de saúde tiveram um enorme avanço, isto 
porque, “o ser humano que acompanhava o nascimento da ciência moderna era 
conquistador e proprietário da natureza, não mais seu partícipe e observador 
harmonioso. Esta perspectiva abriu caminho para as práticas terapêuticas 
intervencionistas”. (SEVALHO, 1993) 
A partir dessa visão mais racional da doença, foi possível pensar maneiras de 
se evitar as epidemias da época. Com a liberação das pesquisas científicas nesse 
período, foram feitas grandes descobertas como a forma de prevenir algumas 
enfermidades e conter o contágio de outras. Uma delas foram as vacinas que 
representaram um marco histórico para a prevenção à tuberculose, tétano, 
meningites, doenças que em épocas remotas eram capazes de dizimar populações. 
Tem-se nesse período também a descoberta do primeiro microscópio. 
Com achegada do Iluminismo, antecipou-se o surgimento do capitalismo. O 
capitalismo iniciando as fábricas, gerando empregos extremamente exaustivos. 
Consequentemente, surgiram os centros urbanos, a desigualdade social e a 
falta de estrutura nesses centros. Como bem é apontado: 
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Os graves problemas sociais do início do capitalismo industrial, as desastrosas 
condições de vida e trabalho, geradas pela formação e crescimento dos núcleos 
urbanos e pela necessidade cada vez maior de expandir o capital industrial, às custas 
da exploração da força de trabalho e da pobreza. (SEVALHO, 1993, p. 6) 
 
Deste modo, surge, a partir daí a influência do contexto social na saúde da 
população, pois o crescimento desordenado das cidades e dos núcleos de 
trabalhadores nem sempre contava com as mais perfeitas condições de habitação, 
saneamento básico, tratamento adequado da água. E com esses graves problemas 
sociais iniciou-se a preocupação com a influência das condições de vida na saúde do 
indivíduo. 
Percebendo-se então, que as questões sociais influenciavam nas condições de 
saúde da população, e pela primeira vez ouviu-se o termo medicina social, como 
afirma Sevalho (1993, p. 6): 
 
Uma penetração do conhecimento médico no domínio do ambiente 
social,aplicado ao panorama mercantilista da Alemanha e da França do séculoXVIII e 
ao capitalismo incipiente da Inglaterra industrial do século XIX, fez nascer a medicina 
social no entrelaçamento de três movimentos apontados por Foucault (1979). A polícia 
médica alemã, uma medicina de Estado que instituiu medidas compulsórias de 
controle de doenças, a medicina urbana francesa, saneadora das cidades enquanto 
estruturas espaciais que buscavam uma nova identidade social, e, por último, uma 
medicina da força de trabalho na Inglaterra industrial, onde havia sido mais rápido o 
desenvolvimento de um proletariado. Destes movimentos surgiu a medicina social, 
impulsionada pelos revolucionários de 1848 e suas perspectivas de reformas 
econômicas e políticas, como uma empresa de intervenção sobre as condições de 
vida, sobre o meio socialmente organizado pelo modo devida capitalista conformado 
pela Revolução Industrial. 
E a medicina social só seria devidamente registrada na metade do século,como 
afirma-se: 
 
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Acrescente-se que somente na metade do século XIX, em 1848, a expressão 
medicina social ganharia registro. Surgiu na França e, embora concomitante ao 
movimento geral que tomou conta da Europa, num processo de lutas pelas mudanças 
políticas e sociais. (NUNES, 1998, p.108) 
Porém, após esse período do surgimento do capitalismo e com as novas 
descobertas como a da existência de germes, fizeram com que surgissem novas 
formas de entender a doença, como a “teoria da uni causalidade” de Louis Pasteur. 
E foi a parti dessas novas descobertas e dos novos conceitos não sociais de 
doença que a saúde passou a ser biomédica centrada na doença e não no indivíduo, 
como analisa Nunes (1998, p. 109): 
Foi somente a partir da segunda metade do século XIX, marcado pelas 
investigações de Pasteur e Koch, que se inauguraria a Era do Germe, e que 
transformaria dramaticamente a medicina de “uma profissão orientada para as 
pessoas para orientada para a doença.” 
Como escreve Salomon-Bayet (1986, p.12), a revolução biomédica suscitada 
pelos trabalhos de Pasteur pode ser denominada de “lapastorization de lamédicine” 
que a distingue de “lapasteurization de lamédicine“, no sentido de que ela significa, de 
um lado, uma revolução eórica e, de outro, a medicalização de uma sociedade, 
legislando sobre a saúde pública, institucionalizando o ensino e atuando no plano 
político e social. Sem dúvida, as descobertas dos microrganismos serão da maior 
importância para a saúde pública, especialmente quando, além da relação indivíduo-
agente, se estabelece um modelo epidemiológico como uma interação entre esses 
dois elementos e o ambiente. 
A partir desse momento teve-se uma decadência da saúde pública, da 
preocupação com o contexto social e com as condições de vida da população. 
Porém, com o passar do tempo a saúde alternativa e a visão holística (inteira) 
da saúde voltaram a defendidas por muitos profissionais da saúde. Para tanto, 
passou-se a tratar a saúde como um conceito positivo e não tão somente como 
conceito de ausência de doença, conforme a mais clássica definição de saúde pública 
no ano de 1920, veja-se: 
 
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Saúde Pública é a ciência e a arte de prevenir doenças e 
incapacidades,prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental, através de 
esforços organizados da comunidade para o saneamento do meio ambiente, ocontrole 
de infecções na comunidade, a educação dos indivíduos nosprincípios da higiene 
pessoal e a organização de serviços médicos eparamédicos para o diagnóstico 
precoce e o tratamento precoce dedoenças e o aperfeiçoamento da máquinasocial 
que irá assegurar a cadaindivíduo, dentro da comunidade, um padrão de vida 
adequado àmanutenção da saúde. (WINSLOW, 1920 apud ROUQUAYROL; 
ALMEIDAFILHO, 2003 p.29) 
E finalmente, no ano de 1946, surge o atual conceito de saúde proposto pela 
Organização Mundial de Saúde, como já fora exposto. 
A partir do conceito da OMS, na década de 70, na América Latina, cresceu se 
a importância das ciências sociais na abordagem a saúde. Razão pela qual foram 
organizadas Conferências, como a de Alma-Ata e a Conferênciade Ottawa, para se 
pensar estratégias para melhorar a promoção da saúde em nível mundial e se chegar 
ao completo em estar físico, mental e social. 
Dentre o que ficou estabelecido na Declaração de Alma-Ata (1978) está 
principalmente: 
 
A conquista do mais alto grau de saúde exige a intervenção de muitos outros 
setores sociais e econômicos, além do setor saúde 
III. A promoção e proteção da saúde da população é indispensável para o 
desenvolvimento econômico e social sustentado e contribui para melhorar a qualidade 
de vida e alcançar a paz mundial; 
 
A população tem o direito e o dever de participar individual e coletivamente na 
planificação e na aplicação das ações de saúde; 
VII-1. A atenção primária de saúde é, ao mesmo tempo, um reflexo e uma 
conseqüência das condições econômicas e das características socioculturais e 
políticas do país e de suas comunidades; 
 
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Mas a necessidade de se organizar as conferencias mencionadas não surgiram 
do nada. Vieram, principalmente, a partir da década de 60 marcada mundialmente por 
alterações nos cenários políticos e pelos apelos por “sexo,drogase rockn’roll”. 
Motivadas por pensamentos libertários, foi nessa época também que se iniciaram as 
discussões e mobilizações que marcaram profundamente a história da Saúde Pública 
no Mundo, pensamentos de ousadia e com experiências nacionalistas permitiram a 
elaboração da Declaração de Alma-Ata, e assim, a ampliação da compreensão da 
complexidade da garantia desse direito fundamental ao ser humano: a saúde, e a 
alteração de estratégias originaram o pensamento da promoção da saúde sendo um 
eixo fundamental para atingir a utopia de “Saúde para todos até o ano 2000” 
(MENICUCCI, 2007, p. 158) 
Diante de tanta mobilização, iniciou-se uma caminhada de discussões e 
conferencias internacionais visando o aprimoramento dos conceitos e a 
sistematização e ideias de como fazer para a obtenção de sucesso nas metas 
estabelecidas na Declaração de Alma-Ata e a Carta de Ottawa, as quais permanecem 
até hoje sendo símbolos da transformação e da forma de pensar saúde no mundo. 
Entre outras metas, ficaram estabelecidas também na Declaração de Alma-Ata 
(1978): 
 
VII-3. Compreende, pelo menos, as seguintes áreas: a educação sobre os 
principais problemas de saúde e sobre os métodos de prevenção e de luta 
correspondentes; a promoção da aportação de alimentos e de uma nutrição 
apropriada; um abastecimento adequado de água potável e saneamento básico; a 
assistência materno-infantil, com inclusão da planificação familiar;a imunização contra 
as principais enfermidades infecciosas; a prevenção e luta contra enfermidades 
endêmicas locais; o tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos comuns; 
e a disponibilidade de medicamentos essenciais; 
 
VII-4. Inclui a participação, ademais do setor saúde, de todos os setores e 
campos de atividade conexas do desenvolvimento nacional e comunitário,em 
particular o agropecuário, a alimentação, a indústria, a educação, a habitação, as 
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obras públicas, as comunicações e outros, exigindo os esforços coordenados de todos 
estes setores; 
 
VII-5. Exige e fomenta, em grau máximo, a auto-responsabilidade e a 
participação da comunidade e do indivíduo na planificação, 
organização,funcionamento e controle da atenção primária de saúde. Na verdade, o 
texto da Declaração de Alma-Ata, ao ampliar a visão do cuidado da saúde. 
 
Feita as citações acima, é possível confirmar a indissociabilidade dos fatores 
sociais, econômicos e culturais para atingir uma saúde pública de qualidade e com 
equidade. Envolvendo assim todos os setores da sociedade, inclusive a sociedade 
civil. 
Mas a preocupação com a promoção da saúde não parou por aí, pois em 2005, 
sobreveio a Carta de Bangokok – resultado da Sexta Conferencia Global de Promoção 
da Saúde em Bangokok, Tailândia – com escopo de identificar ações,compromissos 
e promessas necessários para abordar os determinantes da saúde em um mundo 
globalizado através da promoção da saúde. Na mencionada Carta ficou reconhecido 
sobre a promoção da saúde: 
As Nações Unidas reconhecem que a obtenção do mais alto nível de saúde é 
um dos direitos fundamentais de qualquer ser humano, sem distinção de raça, cor, 
sexo ou condição sócio-econômica. 
A Promoção da Saúde se baseia nesse direito humano fundamental e oferece 
um conceito positivo e inclusivo de saúde como um determinante de qualidade de 
vida, incluindo o bem-estar mental e espiritual. 
A Promoção da Saúde é o processo que permite as pessoas aumentar o 
controle sobre sua saúde e seus determinantes, mobilizando-se (individual e 
coletivamente) para melhorar a sua saúde. É uma função central da Saúde Pública e 
contribui para o trabalho de enfrentar as doenças transmissíveis então transmissíveis, 
além de outras ameaças a saúde. (CARTA DEBANGOKOK, 2005). 
Mesmo após a definição do conceito de saúde pela Organização Mundial de 
Saúde, ainda é muito forte a ideia curativista da saúde, uma vez que ainda hoje,tem-
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se o entendimento de que promoção da saúde é tratamento de uma 
doença.(BERRIDGE, 2000) 
Logo, os dias de prosperidade da saúde pública entre as duas guerras 
mundiais, o desabrochar do império da saúde pública no baseado no hospital, foi um 
erro para a saúde pública, afastando-se do caminho da saúde necessária à população. 
Assim, muitas vezes não é dado o valor necessário para a saúde 
pública,esquecendo-se da visão holística da promoção da saúde, como alerta Virginia 
Berridge (2000, p. 11): 
A tensão entre a relação com os serviços médicos e o papel da comunidade 
permaneceu exemplificada nos anos 60, pela medicina comunitária e a epidemiologia 
das doenças crônicas, e ainda não foi resolvida. A dualidade do papel da saúde 
pública tem sido um tema permanente, de um lado entre a prevenção e a promoção 
(ou desenvolvimento), e de outro, entre o planejamento e administração dos serviços 
de saúde. 
Além disso, a saúde pública ainda enfrenta um distanciamento entre a prática 
e a teoria, pois “continua presente o dilema entre a instrumentalidade e apoliticidade, 
o saber acadêmico e o saber militante, como pontos importantes para o debate atual 
da saúde coletiva” (NUNES, 1998, p. 110) 
Nesta breve exposição histórica, conclui-se que a história da saúde públicano 
mundo está diretamente ligada às situações políticas e econômicas que delineou a 
trajetória da saúde, as suas necessidades de reformulações e estabelecimento de 
metas ousadas para a garantia desta como direito fundamental ao ser humano. 
Pode-se perceber que o desafio da construção de uma saúde pública eficiente 
ainda é um desafio em quase todo o mundo, assim como a superação de outras 
violações aos direitos humanos, conforme aduz Bernardo (2012, p. 5): 
A globalização que aproxima os continentes e favorece uma discussão sobre a 
condição de saúde, que permite pensar estratégias para se trabalhar políticas de 
saúde para todos; é a mesma globalização embasada pelos princípios neoliberais, o 
que não permite que o público seja eficiente e que tem como diretriz fundamental o 
Estado mínimo. Dificultando a implementação de uma Saúde Públicade qualidade, 
com equidade e universalidade. 
 
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Evidentemente que todas as conquistas de transformação do pensamento em 
torno da saúde são acontecimentos que marcaram e permitiram que a história se 
desse desta forma, porém, conclui-se que ainda se tem muito a avançar, pois cada 
dia mais se tem a necessidade da elaboração de políticas públicas para se melhoraras 
deficiências que se tem no atendimento médico precário atual. 
 
3.1 As normas estabelecidas no ordenamento jurídico brasileiro na área 
saúde 
As normas são fundamentais para regular qualquer temática que diga respeito 
a coletividade e entre essas normas não podemos deixar de observas as leis 
fundamentais que são as de ordem Constitucional e neste particular o Brasil que na 
sua história jurídica tem sete constituições sem que foi a atual Constituição de 1988, 
que melhor normatização tratou o tema saúde. 
No entanto, a assistência à saúde, não era reconhecida no ordenamento 
jurídico brasileiro até o ano de 1923, mas as crescentes necessidades da população 
em torno dos problemas inerentes à saúde e as pressões exercidas por certos 
agrupamentos sociais levavam os governos a direcionar o olhar para a saúde. 
(RODRIGUEZ NETO, 2003). 
O grande marco histórico do reconhecimento da saúde no ordenamento jurídico 
brasileiro deu-se através decreto-legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de1923, 
conhecido como Lei Eloi Chaves, como assegura Santana (2010, p. 51): 
O Decreto-Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, conhecido como Lei 
Eloi Chaves, autor do respectivo projeto, assegurou, entre nós o marco inicial na 
constituição do Sistema de Saúde, dentro do Sistema Previdenciário, ali instituído. 
Portanto, nota-se que esta lei foi considerada como uma das primeiras 
intervenções do Estado Brasileiro no sentido de assegurar algum tipo de seguridade 
ou de previdência social no Brasil. 
Ocorre que essa garantia de assistência a saúde estava ligada apenas ao setor 
de previdência social, ou seja, destinava-se apenas aos trabalhadores contribuinte, 
como afirma Santana (2010, p. 51): A saúde por aqui foi pensada e estruturada como 
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assistência médica vinculada ao mundo do trabalho e, por conseguinte, à previdência 
Social. 
Não se teve a necessária visão sistêmica, ou seja, a saúde foi pensada 
apartada das ações coletivas que lhe são próprias. Logo, pode-se até mesmo aludir a 
um defeito de origem. 
Logo, o benefício era destinado apenas aos trabalhadores com vínculo formal 
no mercado de trabalho, uma vez que só quem contribuía com a Previdência Social é 
quem possuía o direito ao atendimento médico e medicação, sendo este um fator 
determinante para a privação do acesso à assistência médica da maioria da 
população, os quais tinham que recorrer às assistências prestadas por entidades 
filantrópicas. (RODRIGUEZ NETO, 2003) 
Cabe aqui mencionar, que este decreto foi publicado durante a vigência da 
Constituição de 1891, mas pouco antes da Constituição de 1934. Frise-se que as 
únicas constituições que realmente tiveram mudanças significativas sobre o direito à 
saúde foram a de 1934 e a de 1988, razão pela qual apenas estas serão explanadas. 
O período compreendido de 1930 a 1945 e 1951 à 1954 é conhecido como a 
Era Vargas, fazendo parte do processo de industrialização do Brasil. No entanto,com 
o surgimento de tantas industrias era necessário a criação de leis trabalhistas para 
regular os direitos dos trabalhadores e dentre esses direitos o direito a saúde. 
 
A Constituição de 1934 sofreu forte influência da Constituição da República 
Alemã de Weimar por incorporar em seu ordenamento jurídico os direitos 
sociais,econômicos, culturais, trabalhistas, sindicais e previdenciários, conforme 
afirma-se: 
A República de Weimar inaugurou uma fase inédita de estruturação 
constitucional do Estado alemão, com papel mais ativo no desenvolvimento social, na 
construção de uma sociedade com justiça social pela efetivação dos Direitos Sociais 
formalizados na Constituição de Weimar, de 11 de agosto de 1919 – o sozialstaat ou 
Estado Social de Direito. A ordem econômica e social criada pela nascente República 
alemã serviu de modelo para alguns Estados no período imediatamente posterior à 
Primeira Guerra Mundial. No Brasil, por exemplo, intenso foi o debate sobre as 
conquistas sociais e constitucionais de Weimar, tendo a carta magna de 1934 sofrido 
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forte influência do recém-criado modelo social alemão […] Esta constituição brasileira 
praticamente assimilou os idealizados avanços da nova ordem social alemã, mas 
apenas em seu aspecto jurídico-formal. (GUEDES, 1998, p. 82) 
Portanto, esta constituição trouxe enorme avanço no constitucionalismo 
brasileiro, com o estabelecimento de bases para o desenvolvimento social, 
principalmente nas questões trabalhistas, tais como salário mínimo, jornada de 
trabalho de oito horas diárias, férias, descanso semanal remunerado, previdência 
social, indenização em caso de demissão sem justa causa, licença-maternidade, etc. 
 
A principal característica dessa Constituição foi: 
 
O seu caráter democrático, com certo colorido social, traduzido no esforço, que 
acabou se infrutífero, de conciliar a democracia liberal com o socialismo, no domínio 
econômico-social; o federalismo com o unitarismo, no âmbito político (MENDES; 
COELHO; BRANCO, 2007, p. 158). 
Com relação ao direito à saúde, o Decreto-Lei4.682 de 1923, foi recepcionado 
nesta constituição, porém não trouxe nenhum avanço nas garantias do cidadão que 
precisava de assistência à saúde, pois permaneceu a ideia que somente aos 
trabalhadores é garantido tal direito. 
Tal situação evidencia “um protecionismo em relação a estes em detrimento 
dos desempregados, dos empregados informais e dos que trabalhavam na zona rural 
do país”, (GONÇALVES, 2012, p. 35) 
O grande problema pairava sobre os habitantes das zonas rurais, os quais 
recebiam assistência médica de instituições de caridade ou de serviços oficiais, já que 
estes, por não serem trabalhadores formais, não contribuíam com o seguro social. 
Logo, quem recebia os serviços de maior qualidade eram os trabalhadores 
contribuintes e aos desempregados e trabalhadores informais eram oferecidos 
serviços nitidamente inferiores, os quais ficavam sob a responsabilidade do Ministério 
de Educação e Saúde Pública. (SOUZA, 2011) 
 
Ou seja: 
 
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29 
 
 
 
Apesar desta constituição trazer avanços no sentido da instituição de bases 
para o desenvolvimento social, percebe-se que tais avanços não foram estendidos a 
toda população, uma vez que o direito à saúde era tido como uma garantia do 
trabalhador e não de todo cidadão. (BERTOLLINI FILHO, 2001, p. 34) 
Neste período, encontra-se presente a aplicação de modelo biopolítico nos 
moldes descritos por Foucault, em que o Estado controlava a saúde para majorar a 
força produtiva, aparentando não se importar com os que não eram inseridos 
formalmente no mercado de trabalho. 
Deste modo, a República Velha é marcada pelo princípio da saúde do 
trabalhador, no início da Era Vargas e, que através do Decreto nº 19.402/1930, houve 
a centralização das políticas públicas de saúde, a qual se deu através da criação dos 
Ministérios dos Negócios da Educação e da Saúde Pública. 
No entanto, esta foi a Constituição de menor duração, haja vistaque vigorou 
apenas por três anos devido ter sido abolida pelo golpe de 1937. 
Embora historicamente houveram diversos marcos para a saúde pública do 
Brasil, tais como a criação do Primeiro Conselho de Saúde em 1948, a construção dos 
hospitais públicos, a criação do Ministério da Saúde em 1953, estas mudanças não 
foram instituídas nas constituições de 1937 à Emenda Constitucional de 1969,pois 
permaneceu-se durante muito tempo o Estado prestando relativa assistência a saúde 
ao trabalhador contribuintes como já mencionado, fato este que realmente só mudou 
a partir do movimento sanitarista em 1978 e sobretudo com o advento da atual 
Constituição Federativa do Brasil de 1988. (GONÇALVES, 2012) 
3.2 Considerações finais 
Após tantas mobilizações sociais na década de 70 e 80 com o descaso com a 
saúde de toda a população, que até então só era prestada aos trabalhadores formais, 
viu-se necessária uma redefinição das políticas de saúde no Brasil, como afirma 
Menicucci (2007, p. 186): 
 
Após a derrocada do regime autoritário, com a ascensão do primeiro presidente 
da república civil após vinte anos de governos militares, num momento de constituição 
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30 
 
 
 
de um novo pacto social do país, cresceram as articulações em torno da redefinição 
da política de saúde, que, entre todas as políticas sociais, contava com uma proposta 
política e substantivamente bem mais articulada. O processo decisório da reforma foi 
precedido pela criação ou convocação de vários fóruns coletivos, nos quais se foi 
concretizando, de maneira formal e política, a proposta de transformação da política 
de saúde. 
Deste modo, foi na Constituição Federativa do Brasil que o direito a saúde veio 
se consolidar através do rol dos direitos sociais, art. 6º da CF/1988, conforme dispõe: 
 
Art. 6º. São direitos sociais a educação, à saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à 
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (BRASIL, 
1988) 
 
Mas a inovação não parou por ai, pois a saúde recebeu atenção especial na 
atual Constituição no Título VIII – Da ordem social, Capítulo II – Da Seguridade Social, 
Seção II – Da Saúde, que vai desde o art. 196 ao art. 200. 
 
Os dispositivos da Constituição vieram trazer os direitos e obrigações tanto 
estatal, como individual de todos para o devido atendimento de saúde, conforme 
dispõe o art. 196 da Constituição: 
 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros 
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, 
proteção e recuperação. (BRASIL, 1988) 
 
Analisando o dispositivo constitucional, depreende-se que: 
 
O Estado deve adotar políticas públicas que induzam o desenvolvimento social 
e econômico, reduzam a desigualdade, eliminem os fatores que negativamente 
afetam a saúde da população, como a baixa renda, a falta de escolaridade, a pobreza, 
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o desemprego, a fome, e outros fatores determinantes e condicionantes de uma má 
qualidade de vida que certamente influenciará nas condições de saúde da população, 
aumentando o risco de doenças. (RODRIGUEZ NETO, 2003, p. 97) 
Portanto, a atual Constituição veio definir as obrigações do Estado em 
proporcionar a toda população um serviço de saúde digno, mas também a adoção de 
políticas públicas para a redução dos problemas que afetam direta e indiretamente a 
saúde dos indivíduos. É a chamada promoção, proteção e recuperação mencionada 
no art. 196 da CF/1988. 
Esta Constituição criou também o Sistema Único de Saúde de forma que as 
ações e os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada, organizada de acordo com algumas diretrizes, a saber: 
 
Art. 198. (…) 
 
I – Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
 
II – Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; 
 
III – Participação da Comunidade. (BRASIL, 1988) 
 
Por fim, no art. 199 da Constituição, assegurou ainda que a assistência à saúde 
é livre iniciativa privada favorecendo o surgimento dos planos de saúde. (BRASIL, 
1988) 
 
Passados dois anos após a promulgação da Constituição de 1988, a Lei nº 
8.080 de 19 de setembro de 1990, conhecida como a Lei do SUS, foi introduzida no 
ordenamento jurídico brasileiro que dispõe sobre as condições para a 
promoção,proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
serviços correspondentes e dá outras providencias, veja-se: 
 
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32 
 
 
 
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de 
saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, 
por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado. (BRASIL, 1990). 
 
Esta lei veio estabelecer, também, a saúde como direito fundamental do ser 
humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno 
exercício, conforme dispõe o art. 2ª da Lei. 8.080/90. 
 
Como robustamente demonstrado, atualmente, a saúde é entendida como: 
promoção, prevenção, proteção e recuperação de doenças. Esses conceitos são 
citados no art. 196 da Constituição Federal e no art. 2º, parágrafo 1º, da Lei nº 8.080/90 
como aponta-se a seguir: 
 
Art. 2º. (…) 
 
1º O dever do Estado garantir a saúde através da formulação e execução de 
políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros 
agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e 
igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. 
(BRASIL, 1990) 
Vê-se claramente que o Brasil aderiu ao conceito de saúde da Organização 
Mundial da Saúde da busca pelo completo bem-estar, físico, mental e social, pois no 
art. 3º da Lei 8080/90 estabeleceu que: 
 
Art. 3º Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do 
País, tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a 
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, 
a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços 
essenciais. 
 
Sendo assim, pode-se concluir que a atual constituição foi crucial para o 
reconhecimento do direito a saúde como um direito social e fundamental, garantido à 
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toda população, pois como estudou-se durante muito tempo assistência a saúde era 
prestada apenas a uma parcela da população. 
4 PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS SOBRE OS SERVIÇOS DE SAÚDE PÚBLICA 
NO BRASIL 
 
 
FONTE:www.diariodosudoeste.com.br 
Estudo recente sobre as condições de saúde dos brasileiros tem evidenciado 
mudanças na concepção de saúde e de qualidade de vida. Aspectos como as 
condições sociais da população e sua relação direta com a saúde passam a ser 
discutidos por instituições nacionais e internacionais, revelando que “as tendências 
observadas nas condições de saúde da população brasileira nos últimos cinquenta 
anos devem ser interpretadas em termos dos determinantes sociais de saúde”. Tais 
aspectos são justificados pela complexidade evidenciada nos sistemas de 
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administração de um país com grandeextensão territorial e com histórico de pouca 
participação social na gestão da saúde. Os resultados de uma pesquisa sobre a 
temática envolvendo oito estados brasileiros (Bahia-BA, Pernambuco — PE, Distrito 
Federal — DF, Minas Gerais-MG, Rio de Janeiro- RJ, São Paulo- SP, Paraná-PR e 
Rio Grande do Sul- RS) mostraram que a saúde é o problema que mais preocupa os 
brasileiros, representada em média por 32,8% dos entrevistados, com diferenças 
significativas entre as distintas regiões do país, o segundo tema que mais preocupa o 
brasileiro é a segurança, com 23,2% das respostas dos entrevistados, e em terceiro 
lugar a educação com 10%. Esse mesmo estudo analisa os resultados de pesquisa 
realizada em 2003, em que os brasileiros apontavam como seus principais problemas, 
por ordem de importância: 
 Desemprego; 
 Fome; 
 Miséria; 
 Violência. 
 
Especialistas afirmam que a principal causa da crise na saúde é a falta de 
recursos e de planejamento públicos. Em 1995, o setor público cobria 62%, e o 
privado, 38% do total de gastos com saúde no Brasil, enquanto em 2009, o gasto 
público caiu para 47%, e o setor privado assumiu 53% desses gastos. Considerando 
o conceito da participação como uma das diretrizes para a gestão do Sistema Único 
de Saúde, a opinião, o interesse e o envolvimento dos usuários são imprescindíveis 
para fortalecê-lo. Analisar essa questão com base na produção científica da 
enfermagem pode ser uma contribuição para verificar o seu reflexo na manifestação 
da população em relação aos serviços de saúde, que vem aparecendo tão fortemente 
nas pesquisas de opinião e na mídia. Assim, o objetivo desta revisão integrativa de 
literatura é identificar a produção científica acerca da percepção dos usuários em 
relação ao cuidado prestado pelos serviços públicos de saúde no Brasil. 
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4.1 Metodologia 
A revisão integrativa possibilita sintetizar o conhecimento construído acerca de 
determinados temas de interesse; assim, este estudo segue os critérios propostos por 
tal metodologia na organização dos dados. Uma vez organizados, os dados foram 
agrupados em temáticas. Para atender o objetivo desta pesquisa, este estudo teve 
como questão norteadora: como os usuários percebem o cuidado prestado pelos 
serviços públicos de saúde do Brasil? Neste sentido, buscou-se as bases de dados 
inseridas na Biblioteca Virtual em Saúde — BVS, no período de agosto a novembro 
de 2010. A escolha pelo portal da BVS justifica-se pelo abrangente número de 
periódicos na área da enfermagem no Brasil, principalmente em português e 
espanhol. A terminologia utilizada nos países latinos para descrever o paciente 
atendido nos serviços públicos de saúde é “usuário”, por isso optou-se em fazer a 
busca na base SciELO e LILACS. Foram selecionados os artigos publicados no 
período de junho de 2000 a julho de 2010, utilizando os seguintes termos: 
 Percepção dos usuários; 
 Enfermagem e Percepção dos usuários e Saúde. 
 
Ao entrar no portal, no item pesquisa na BVS inseriram-se os termos 
“percepção dos usuários and enfermagem”; “percepção dos usuários and saúde” 
separadamente, selecionando-se na barra de consulta “método integrado, todos os 
índices, e fontes LILACS e SciELO”. Optou-se por utilizar o indicador boleano and 
para que tal busca fosse a mais abrangente possível; a via utilizada pelo portal para 
pesquisa é a Decs/MeSH. Assim, nessa primeira etapa da busca foram capturados 
216 artigos nas bases SciELO e LILACS, os quais foram lidos na íntegra, confrontando 
com o objetivo do estudo. Nesse momento, houve um refinamento, excluindo-se os 
estudos que não atenderam aos critérios, restando 22 trabalhos que atenderam ao 
escopo da revisão, dos quais seis procedentes da base SciELO (Scientific Electronic 
Library Online) e 16 da base LILACS (Literatura Latinoamericana e do Caribe em 
Ciências da Saúde). Para coletar os dados dos artigos foi utilizado um instrumento 
com os seguintes quesitos: 
 Título do artigo, 
 
 
 
36 
 
 
 
 Autores, 
 Periórico, 
 Ano de publicação, 
 Objetivo do trabalho, 
 Tipo de estudo, 
 Abordagem metodológica, 
 Resultados. 
Estes dados foram descritos em um quadro para refinamento e posterior 
análise. Os critérios de inclusão foram: todos os estudos da área da enfermagem 
publicados no período, escritos em português, disponíveis on-line em texto completo. 
E os critérios de exclusão: 
 Não ter aderência ao objetivo do estudo, 
 Produções publicadas em mais de um periódico, 
 Teses, 
 Dissertações, 
 Monografias, 
 Resumos e material de divulgação publicitária. 
 Realizou-se análise temática dos dados com a leitura atenta dos artigos, a qual 
permitiu a identificação de semelhanças que compuseram as seguintes temáticas de 
análise: 
 Acesso e acolhimento; 
 Organização do serviço de saúde; 
 Resolutividade. 
 
Para melhor visualização a identificação dos estudos foi demonstrada em um 
quadro e uma tabela conforme estatística descritiva. 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
5 SUS – A SAÚDE DO BRASIL 
 
 
FONTE:blog.abramge.com.br 
O SUS é o Sistema Único de Saúde do Brasil! É uma grande conquista da 
sociedade e foi criado para promover a justiça social e superar as desigualdades na 
assistência à saúde da população! O SUS é uma política de Estado que amplia os 
direitos sociais e busca assegurar a cidadania. 
A Constituição brasileira de 1988 diz que a Saúde é direito de todos e dever do 
Estado. Isso deve ser garantido por políticas sociais e econômicas, reduzindo o risco 
de doença e promovendo acesso universal e igualitário às ações e serviços para 
promoção, proteção e recuperação da saúde. A saúde deve ser compreendida como 
qualidade de vida e não apenas como ausência de doenças. A gestão das ações e 
dos serviços deve ser participativa e municipalizada. 
5.1 Antes e depois 
Antes de 1988, o atendimento dos hospitais públicos estava restrito a 30 
milhões de brasileiros. Com a Constituição de 1988, mais de 70 milhões de pessoas 
passaram a ter direito ao atendimento pelo Sistema Único de Saúde. 
O SUS não é apenas assistência médico-hospitalar. Também desenvolve, nas 
cidades, no interior, nas fronteiras, portos e aeroportos, outras ações importantes 
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como a prevenção, a vacinação e o controle das doenças. Faz vigilância permanente 
nas condições sanitárias, no saneamento, nos ambientes, na segurança do trabalho, 
na higiene dos estabelecimentos e serviços. Regula o registro de medicamentos, 
insumos e equipamentos, controla a qualidade dos alimentos e sua manipulação. 
Normaliza serviços e define padrões para garantir maior proteção à saúde. 
5.2 Glossário do sus 
Assistência farmacêutica – é o processo de planejamento, aquisição, 
distribuição, controle da qualidade e uso de medicamentos voltados para proteção e 
recuperação da saúde. 
 
Atenção à saúde – é tudo que envolve o cuidado com a saúde do cidadão, 
incluindo atenção básica e especializa, ações e serviços de promoção, prevenção, 
tratamento e reabilitação. 
 
Ciência e tecnologia – ações de pesquisa, desenvolvimento, difusão e 
aplicação de conhecimentos nas áreas de saúde, educação, gestão, informação, além 
de outras ligadas à inovação e difusão tecnológica. 
 
Educação em saúde – processo para aumentar a capacidade das pessoas no 
cuidado da saúde e no debate com os profissionais e gestores, a fim de alcançar uma 
atenção à saúde de acordo com suas necessidades. 
 
Gestão do trabalho – é a organização das relações de trabalho baseada na 
participação do trabalhador de saúde como sujeito e agente transformador do seu 
ambiente.Gestão participativa – atuação efetiva de cidadãos, conselheiros, gestores, 
profissionais e entidades civis na formulação de políticas, na avaliação e na 
fiscalização de ações de saúde. 
 
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Promoção da saúde – conjuntos de ações sanitárias integradas, inclusive com 
outros setores do governo e da sociedade, que busca o desenvolvimento de padrões 
saudáveis de: qualidade de vida, condições de trabalho, moradia, alimentação, 
educação, atividade física, lazer entre outros. 
 
Regulação – é o poder exercido pelo Estado para fiscalizar e estabelecer 
padrões, normas e resoluções para serviços, produtos, estabelecimentos e atividades 
públicas ou privadas em prol do interesse coletivo. 
 
Sangue e hemoderivados – sangue é o líquido que circula no corpo humano e 
que quando doado será utilizado em transfusões ou transformado em outros produtos, 
os hemoderivados, como plasma e albumina. 
 
Saúde suplementar – é o sistema privado de assistência à saúde das 
operadoras de planos de saúde e prestadores de serviços aos beneficiários, sob a 
regulação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). 
 
Vigilância em Saúde – Conjunto de atividades que proporcionam 
conhecimento, detecção, análise e monitoramento de doenças decorrentes, inclusive, 
de fatores ambientais, com a finalidade de controlar e prevenir problemas na saúde 
humana. 
 
Vigilância Sanitária – Ações de controle, pesquisa, registro e fiscalização de 
medicamentos, cosméticos, produtos de higiene pessoal, perfumes, saneantes, 
equipamentos, insumos, serviços e fatores de risco à saúde e ao meio ambiente. 
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6 SENSIBILIZAÇÃO PARA A QUALIDADE 
 
 
FONTE:www.google.com.br 
6.1 Certificação ISO 9001 na Área da Saúde 
6.2 O que é qualidade? 
Conjunto de propriedades e características de um produto ou serviço que lhe 
confere aptidão para satisfazer necessidades explícitas ou implícitas do cliente. 
 
6.3 O que é Qualidade na área da Saúde? 
 Bom atendimento; 
 Bom tempo de espera; 
 Diagnóstico/tratamento, clínico fiável; 
 Prazo clinicamente adequado; 
 A um preço justo. 
 
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Satisfação = Qualidade 
 
6.4 Porquê investir na Qualidade? 
Implementar um sistema de gestão da qualidade implica mudança e tempo. 
Não é um sprint, mas uma maratona, por vezes com obstáculos. Mas no final os 
resultados são visíveis! 
6.5 O que significa estar certificado? 
Significa que uma entidade oficial (APCER, SGS, DNV, BVC, EIC, TUV, etc) 
reconhece que a Clínica gere os seus processos em conformidade com boas práticas 
de gestão e princípios de gestão da qualidade definidos na Norma NP EN ISO 9001. 
A certificação é obtida através de uma candidatura seguida por auditoria. As 
auditorias são efectuadas anualmente e a manutenção da certificação depende da 
avaliação positiva em cada uma delas. 
6.6 Os princípios da Gestão da Qualidade 
 FOCALIZAÇÃO NO CLIENTE/DOENTE; 
 MELHORIA CONTÍNUA; 
 ABORDAGEM POR PROCESSOS; 
 ENVOLVIMENTO DE TODOS; 
 RELAÇÃO DE BENEFÍCIO MÚTUO COM FORNECEDORES; 
 ABORDAGEM DA GESTÃO COMO UM SISTEMA; 
 LIDERANÇA; 
 TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM FACTOS. 
6.7 Focalização no doente 
 Os doentes são as pessoas mais importantes da clínica. 
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 A Clínica sem doentes não sobrevive. 
 Tratar de forma adequada as reclamações é a última oportunidade de 
recuperar um doente insatisfeito. 
 Eles não perturbam o nosso trabalho. São eles o objectivo do nosso 
trabalho. 
 Não são meros elementos estatísticos. São pessoas de corpo inteiro que 
sentem e reagem como nós. 
 Devemos avaliar a sua satisfação e escutar as suas sugestões. 
 Bom atendimento… bom atendimento…bom atendimento!!!! 
 
A Clínica existe para servir os doentes. Satisfazer os doentes deve ser uma 
preocupação de todos. 
6.8 Melhoria Contínua 
O que é a melhoría contínua? 
 Aprender com os erros, identificar e eliminar as causas dos problemas e 
não apenas as suas consequências. 
Erros recorrentes e situações mal resolvidas são o contrário da Melhoria 
Continua. 
 
 Valorizar as sugestões, ideias, inovações, mas também as reclamações 
dos colaboradores, doentes, fornecedores. 
As sugestões são uma das principais forças motrizes da melhoria. 
 
 Definir e medir indicadores de desempenho (ex: índices de satisfação, 
indicadores clínicos, etc). 
Para sabermos onde melhorar temos que nos auto-avaliar (indicadores 
qualidade). 
 
Como se implementa uma dinâmica de melhoria? 
 Comunicar as falhas e erros 
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 Registar no registo de ocorrências 
 Identificar o que falhou e qual a causa do problema. 
 Implementar ações para corrigir pontualmente o problema. Eliminar as 
suas consequências imediatas através de Correções. 
 Implementar ações para “atacar a causa” do problema. Eliminar a causa 
impedindo recorrência do problema através de Ações Correctivas. 
 Após algum tempo rever as ações. Foram eficázes? O problema/falha 
recorreu? São necessárias outras acções ou a causa foi mal 
identificada? 
 
As Não Conformidades (falhas, erros, defeitos) devem ser tratadas com a 
aplicação de 3 tipos de ações: 
 Correções, 
 Ações correctivas, 
 Ações preventivas. 
 
Uma organização parada corre o risco de ser ultrapassada pela concorrência. 
Um dia sem melhorias é um dia perdido. 
A certificação é apenas o início… segue-se um caminho de melhoria contínua. 
6.9 Em resumo o que tenho que fazer? 
1.Ler, compreender e cumprir a Política da Qualidade; 
2.Ler, compreender e cumprir os procedimentos e instruções em vigor 
aplicáveis às minhas actividades; 
3.Preencher atempadamente os impressos (modelos) necessários para 
comprovar a qualidade do meu trabalho; 
4.Conhecer a minha descrição de funções (tarefas e responsabilidades); 
5.Actualizar o meu processo individual (ex: currículo, dados identificativos, 
certificados de formação); 
6.Fazer uso apenas de documentos e impressos em vigor. Não contribuir para 
a existência de documentos “piratas”; 
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7.Contribuir com ideias e sugestões sempre que identificar algo que poderia 
funcionar melhor de outro modo; 
8.Detectar e comunicar as ocorrências e não conformidades observadas; 
9.Essencialmente, participar como um elemento construtivo na manutenção e 
melhoria do Sistema de Gestão da Qualidade. 
 
6.10 Mensagens finais 
 
 
FONTE:www.iseeconsultoria.com.br 
Qualidade não é o mesmo que ser perfeito nem mesmo o melhor! Significa 
estar preparado para melhorar continuamente! 
 
1. A aposta na qualidade não é uma opção, mas sim uma “obrigação”. Nos 
dias de hoje é o único caminho! 
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2. A Clínica existe para servir os doentes. Satisfazer os doentes deve ser 
uma preocupação de todos. 
3. Uma organização “parada” corre o risco de ser ultrapassada pela 
concorrência. Um dia sem melhorias é um dia perdido. 
4. Criar e manter um bom sistema de gestão da qualidade depende do 
envolvimento de todos. 
5. A prática deve estar documentada e o que está documentado tem que 
ser cumprido. Todos devem ler os documentos aplicáveis às suas 
actividades. 
6. Não basta sermos bons…temos que o demonstrar através de registos. 
O que não é evidenciável não existe!

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