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ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL 1ª edição Joinville 2014 Ana Elisa Pillon SOCIESC Sociedade Educacional de Santa Catarina Educação a Distância Rua Albano Schmidt, 3333 – Joinville /SC – 89206-001 Fone: 0800-643-4004 E-mail: ead@sociesc.org.br Site: www.sociesc.org.br/ead Ficha catalográfica (Catalogação na fonte - Biblioteca Marquês da Olinda - UNISOCIESC) Pillon, Ana Elisa P645 Ética e responsabilidade social. / Ana Elisa Pillon - Joinville : SOCIESC, 2014 152p. Educação a Distância Tupy ISBN: 978-85-61120-49-8 1.Ética comercial 2. Ética 3. Responsabilidade social da empresa I. Autor II. Título. CDD 658.408 Ficha catalográfica elaborada por: Telma Tupy de Godoy - bibliotecária crb 14/777 “O que devo fazer quando o caixa de alguma loja me dá um troco maior do que o devido? O que devo dizer quando uma menti- ra conveniente pode ajudar a disfarçar um erro que cometi? Até onde posso ir nas promessas que faço para conquistar um clien- te?” Essas são algumas das questões citadas na obra Talento é fazer coisas comuns de forma extraordinária, do professor para- naense José Emilio Menegatti, ao apresentar a demanda cada vez maior, no mundo corporativo, por profissionais de postura ética. A ética faz parte da nossa história desde os tempos mais remotos e nas mais diversas situações, como podemos identificar nas per- guntas apresentadas acima, e hoje, o aumento das questões éticas no ambiente organizacional tem levado a estudos que buscam identificar como as pessoas tomam as decisões que as fazem ser identificadas como éticas ou antiéticas no trabalho. Nesse sentido, este material tem por objetivo propiciar a análise e discussão sobre a importância da ética no nosso dia a dia. Bus- ca, também, apresentar de que forma ocorre o desenvolvimento do comportamento ético do ser humano, para, posteriormente, abordar conceitos relacionados à ética profissional e à responsa- bilidade social. Esperamos que este estudo possa enriquecer a sua percepção quanto à importância das questões abordadas no decorrer deste estudo com as quais nos deparamos constantemente, e, dessa for- ma, faça parte do seu aprimoramento pessoal e profissional. Apresentação Equipe EaD UNISOCIESC Lembre-se de que a sua passagem por esta disciplina será tam- bém acompanhada pelo Sistema de Ensino UNISOCIESC, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Ambiente Virtual de Aprendizagem. Sempre entre em contato conosco quando surgir alguma dúvida ou dificuldade. Toda a equipe terá a maior alegria em atendê-lo, pois seu desen- volvimento intelectual e profissional, nesta jornada, é o nosso maior objetivo. Acredite no seu sucesso e bons momentos de estudo! Cronograma ........................................................................................... Plano de Estudos ................................................................................. Unidade 01 - Ética e a Sociedade ....................................................... Unidade 02 - Cidadania, Ética e Moral ............................................ Unidade 03 - Ética nos Negócios ....................................................... Unidade 04 - Responsabilidade Social .............................................. Referências ............................................................................................ Sumário 06 07 08 25 55 101 144 6 Ética e Responsabilidade Social Semana Carga horária Unidade 1 10 Ética e a Sociedade 2 10 Cidadania, Ética e Moral 3 10 Ética nos Negócios 4 10 Responsabilidade Social Agenda Observações Postagem dos Exercícios Unidade 01: ____ / ____ / ____ Postagem dos Exercícios Unidade 02: ____ / ____ / ____ Postagem dos Exercícios Unidade 03: ____ / ____ / ____ Postagem dos Exercícios Unidade 04: ____ / ____ / ____ Cronograma de Estudos Acompanhe, no cronograma abaixo, os conteúdos das aulas e atualize as possíveis datas de realização de aprendizagem e avaliações. 7 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Ementa Código de ética. Fundamentos éticos e morais do comporta- mento humano. Ética, moral e sociedade. Teorias sobre ética empresarial. Indicadores de responsabilidade social; proble- mas sociais; teoria e elaboração de projetos sociais; balanço social; marketing social; normas de certificação. Educação das relações étnico-raciais e temáticas relacionadas aos afrodes- cendentes e indígenas. Competências • Reconhecer a importância da ética para o desempenho de suas atividades pessoais e profissionais; • Aprimorar o pensamento crítico sobre as questões referentes à ética e sua prática profissional; • Compreender o conceito de Responsabilidade Social; • Refletir sobre diversidade e inclusão; • Apreender as formas para desenvolver empresas sustentá- veis. Habilidades • Analisar criticamente situações éticas; • Aplicar os conhecimentos referentes à ética, ética empresarial e responsabilidade social adquiridos nesta disciplina na prá- tica profissional. Carga Horária: 40 horas Plano de Estudos 8 Ética e Responsabilidade Social ÉTICA E SOCIEDADE Caro(a) estudante! Nesta primeira unidade estudaremos a maneira como o homem se torna um ser social e de que forma ele vive em constante aprimoramento, mas ressaltamos que ele não vive nem se constitui de forma isolada, pois faz parte de uma cultura, uma sociedade. No transcorrer desta unidade veremos também dados referentes à cultura, à sociedade, aos valores e, por fim, estudaremos as atitudes sociais. Bons estudos! Objetivos da Unidade Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Reconhecer a constituição do homem como um ser social; • Descrever as relações do homem com o meio onde se constitui e vive; • Identificar a importância da relação entre o homem, a cultura e a sociedade na sua formação. Conteúdos da Unidade Acompanhe os conteúdos desta unidade, se prefe- rir, assinale-os à medida que for estudando: • A constituição do homem como ser social - identidade; • Cultura e sociedade – valores culturais; • Atitudes. 1 U ni da de 9 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC 1 A CONSTITUIÇÃO DO HOMEM COMO SER SOCIAL Figura 1: O homem como ser social Quem é o homem? Como ele evoluiu através dos tempos? Quais os fatores que foram im- portantes para a sua formação? O homem seria o que é hoje, se vivesse isolado? Fonte: http://pminesmarques.blogspot.com.br/2010/11/homem-como-ser- social.html Perguntas como essas têm sido realizadas por poetas, filósofos, cientistas, estudiosos de todos os tempos e ainda hoje, são alvo de discussão. Para iniciarmos essa discussão, é necessário com- preender como o homem se constitui, de que fatores ele é “forma- do”. Segundo Bock (2001, p. 169), “o homem se constitui de um conjunto de traços herdados que, em contato com um ambiente determinado, tem como resultado um ser específico, individual e particular”. Fonte: Autora (2014) 10 Ética e Responsabilidade Social Além dos itens acima, que fazem parte da constituição do ho- mem, é importante conhecermos os aspectos que fazem parte do seu desenvolvimento humano. São eles: • Aspecto físico-motor: refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. • Aspecto intelectual: é a capacidade de pensamento, raciocí- nio. • Aspecto afetivo-emocional: o modo particular de o indiví- duo integrar as suas experiências. • Aspecto social: é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas. Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressu- posto de que esses quatro aspectos são indissociáveis, mas podem enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos citados acima. Figura 2: Jean PiagetFonte: http://www.tutores.com.br/campinas-novacampinas/Noticias.asp?Id- Franqueado=655&Id=2113 Existem várias teorias do desenvolvimento humano. Den- tre essas teorias destaca-se a do psicólogo e biólogo suíço Jean Piaget, pela sua produção contínua de pesquisas, pelo rigor científico de sua produção teórica e pelas implicações práticas de sua teoria, principalmente, no campo da Edu- cação. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA: 2001). 11 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Tendo em vista que o desenvolvimento humano ocorre pela here- ditariedade, crescimento orgânico, maturação neurofisiológica como também pelo meio em que vivemos e que os aspectos físi- co-motor, intelectual, afetivo-emocional e social são fatores indis- sociáveis que afetam esse processo, como, então, se dá a concreti- zação desse desenvolvimento? Como nos tornamos quem somos hoje? DESENVOLVIMENTO: Mudanças que ocorrem na pessoa ao longo do tem- po, de maneira ordenada e relativamente duradou- ra, e afetam as estruturas físicas e neurológicas, os processos de pensamento, as emoções, as formas de interação social e muitos outros comportamentos. Nosso desenvolvimento humano, a formação da nossa identida- de, é concretizado tendo em vista nossas relações, sejam elas na família, escola, grupos de amigos, ou, ainda, no trabalho. Figura 3: As relações sociais O QUE É IDENTIDADE? Conjunto dos caracteres pró- prios de uma pessoa, tais como nome, profissão, sexo, impressões digitais, defeitos físicos etc., o qual é conside- rado exclusivo dela e, conse- quentemente, considerado, quando ela precisa ser reco- nhecida. (MICHAELIS, 2013). A identidade, dessa forma, pode ser descrita como um processo de construção permanente, em contínua transformação ─ desde antes de nascermos até a morte, quando, pelo processo de mu- Fonte: Autora (2014) 12 Ética e Responsabilidade Social dança, o novo ─ quem sou agora, mistura-se com o velho ─ que fui ontem, quando era adolescente, criança, formando o nosso “eu” atual. (BOCK, 2001) Para responder à nossa questão inicial ─ quem é o homem afinal? ─ Ana Maria Mercês Bock (2001, p. 167) afirma: “o homem não pode ser concebido como ser natural, porque ele é um produto histórico, nem pode ser estudado como ser isolado, porque ele se torna humano em função de ser social, nem ser concebido como ser abstrato, porque o homem é o conjunto de suas relações so- ciais”. 2 CULTURA E SOCIEDADE Por se tratar de um ser social, o homem, em sua constante trans- formação, alimenta seus conteúdos internos dos conteúdos exter- nos a que está sujeito. Nesse sentido, conhecer a sociedade bem como a cultura em que essa pessoa está inserida é de grande rele- vância para que possamos compreender as principais caracterís- ticas pessoais e profissionais que ela nos apresenta. Por esse fato, estudaremos com mais detalhes aspectos relativos à cultura e à sociedade. Segundo Alencastro (2012), a cultura de determinado povo re- presenta o conjunto de seus valores e conhecimentos perenes, ou seja, o conjunto dos modos de viver e de pensar, cultivados, civi- lizados, polidos, que também costumam ser indicados pelo nome de civilização. A totalidade dos produtos desenvolvidos pela atividade huma- na, sejam materiais ou simbólicos, representa a cultura. Sendo assim, os instrumentos que o homem constrói para sobreviver, 13 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC a linguagem que usa para se comunicar, as leis e normas que re- gulam a convivência social e até mesmo a religião são partes fun- damentais da cultura. A cultura compreende, dessa forma, todo o conhecimento que uma sociedade tem sobre si mesma, sobre outras sociedades, sobre o meio material em que vive e sobre a sua existência, incluindo as expressões artísticas, práticas religio- sas, modos de produção e organização política. (ALENCASTRO, 2012) Cultura: é o conjunto de manifes- tações, comportamentos, de valo- res e de crenças culturais de uma sociedade. Portanto, fazem parte da cultura de um povo as seguin- tes atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, há- bitos alimentares, danças, arqui- tetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc. Ainda, segundo Alencastro (2012), quase todas as ações huma- nas - andar, dormir, alimentar-se - não são atividades puramente naturais, pois são marcadas pelas soluções dadas pela cultura em que o homem vive. Além disso, a estrutura da personalidade de cada sujeito, que orientará suas ações e comportamentos, sempre será influenciada pelos valores essenciais da cultura em que se encontra inserido. As principais características da cultura são: 1. É transmitida por herança social, via socialização (e não por herança biológica); 2. Compreende a totalidade das criações humanas; 3. É um mecanismo de adaptação; 4. Interfere em como a pessoa vê o mundo. Fonte: https ://google.com.br/cul- tura-erudita-e-culturapopular.html 14 Ética e Responsabilidade Social SOCIALIZAÇÃO: Os seres humanos aprendem as características da cultura pelo processo chamado socialização. A famí- lia, a escola e a religião são exemplos de instituições socializadoras. Como tipos de cultura, podemos citar: • Cultura popular: é uma manifestação mais espontânea, mais simples, com fortes características regionais, muitas vezes transmitida de geração em geração, mais acessível, etc. • Cultura erudita: é aquela que se opõe à cultura popular. A cultura erudita exige um alto grau de instrução, de estudo, de formação específica, de conhecimento de história da arte (muitas vezes universal), dos movimentos artísticos, da pró- pria história geral, etc. • Cultura de massa: é a cultura feita em série, para um grande número de pessoas. Surgiu na sociedade industrial, com o principal objetivo de aumentar o consumo. Por exemplo, mú- sica sertaneja. Os elementos culturais podem ser: • Traços culturais: sapato branco dos profissionais da saúde (médicos, dentistas), expressões “uai” e “tchê”, chapéu de couro do nordestino rural, saiote do homem escocês. • Complexos culturais: carnaval, natal, festa junina, empresas, universidades, hospitais, escolas, etc. Podemos identificar a cultura pelos seguintes elementos: 1. Relações interpessoais, 2. Vida material, 3. Linguagem, idioma e suas variações, 4. Visão estética, 5. Manifestações folclóricas, 6. Religião, 7. Hábitos alimentares. 15 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Só o homem é portador de cultura; por isso, só ele a cria, a possui e a transmite. As sociedades animais e vegetais a desconhecem. É um complexo, porque forma um conjunto de elementos, inter-relacionados e interdependentes, que funcionam em harmonia na sociedade. (MACHADO, 2013). Os elementos da estrutura cultural são: • Valores: individualismo, conforto material, religiosidade, le- aldade familiar; infanticídio de gêmeos e crianças com proble- mas mentais ou físicos (praticado por cerca de 20 etnias entre as mais de 200 do país). • Normas: traduzem crenças e valores em regras de comporta- mento. Usar cinto de segurança (norma formal). • Sanções: recompensas ou punições pelo seguimento de nor- mas. Tapinha nas costas, aumento de salário, medalha de honra, multa, ameaça, beliscão. • Símbolos: linguagem corporal, saia, tatuagem, piercing. • Idioma: sistema de símbolos que permite comunicação. A cultura é transmitida por: • Meios informais: família, amigos são grupos primários de transmissão de patrimônio social (valores, opiniões, costu- mes, códigos morais, etc.). • Meios formais: escola, universidade, treinamento técnico, pré-escola, SEBRAE, igreja, cursos, palestras e outras ativida- des organizacionais. Outros itens importantes, quando falamos em cultura: • Etnocentrismo: quando o indivíduo ou grupo social conside- ra a sua própria cultura superior a outra ou às demais. Por exemplo,comer cobra, rato e insetos é visto como repugnante por brasileiros, mas esses pratos são iguarias em outras partes do mundo. 16 Ética e Responsabilidade Social • Contracultura: rejeição das normas e valores da sociedade, buscando estilos de vida alternativos. Exemplo: movimento hippie da década de 60. • Relativismo cultural: afirma que todos os sistemas culturais são intrinsecamente iguais em valor, e que os aspectos carac- terísticos de cada um têm de ser avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em que aparecem. Exemplo: comuni- dade hippie, ela é respeitada pela sociedade e a respeita, mas não vive sob seus costumes e ideais, mantendo seus próprios costumes. “O que a natureza (o biológico) dá ao homem quando ele nasce não basta, porém, para garantir sua vida em socieda- de. Ele precisa adquirir várias aptidões, aprender as formas de satisfazer as necessidades, apropriar-se, enfim, do que a sociedade humana criou no decurso de seu desenvolvimen- to histórico”. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p.169) E A SOCIEDADE... COMO PODE SER DEFINIDA? A palavra sociedade possui diferentes significados: 1. Conjunto relativamente complexo de indivíduos de ambos os sexos e de todas as idades, permanentemente associados e equipados de padrões culturais comuns, próprios para ga- rantir a continuidade do todo e a realização de seus ideais. Nesse sentido, o mais geral, a sociedade abrange os diferen- tes grupos parciais (família, sindicato, igreja etc.) que dentro dela se formam. 17 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC 2. Organização dinâmica de indivíduos autoconscientes e que compartilham objetivos comuns e são, assim, capazes de ação conjugada. 3. Contrato consensual, em que duas ou mais pessoas conven- cionam combinar os seus esforços, ou recursos, no intuito de conseguir um fim comum. (MICHAELIS, 2013). Podemos observar, desta forma, que cultura e sociedade estão diretamente relacionadas, ao passo que, a cultura representa o conjunto de saberes coletivos compartilhados pelos membros de uma sociedade. Ao entendermos que a cultura é responsável por transmitir as normas de comportamento de um determinado gru- po ─ sociedade, torna-se necessário compreender os principais valores que norteiam as atitudes deste grupo. Os valores culturais são aqueles formados e trazidos por uma determinada sociedade, clã ou grupo ao longo do tempo, desde os seus primórdios, como se fosse uma tradição. Valores sociais são aqueles presentes atualmente na sociedade. Apesar de formar uma unidade devidamente estruturada, cumu- lativa e contínua, a cultura pode ser dividida. É o que se chama de classificação de cultura, isto é, a divisão dos valores culturais exclusivamente por necessidade metodológica, ou para fins pe- dagógicos ou didáticos. Os elementos que integram uma cultura não dominam uns aos outros; unem-se e ajudam a compreender a cultura e seu funcionamento. Uma dada sociedade possui valores culturais comuns a todos os seus integrantes. Porém, no interior dessa sociedade encontram- 18 Ética e Responsabilidade Social se elementos culturais restritos ou específicos de determinados grupos que a integram. A esses segmentos culturais de uma so- ciedade complexa, dá-se também o nome de subcultura. Uma subcultura é um segmento da sociedade que difere do padrão da sociedade maior. De certa forma, uma subcultura pode ser vista como uma cultura que existe dentro de uma cultura maior dominante. A existência de várias subculturas é uma característica de sociedades complexas, como a dos Estados Unidos. Os membros de uma subcultura partici- pam da cultura dominante e, ao mesmo tempo, têm formas distintas e únicas de comportamento. (SCHAEFER, 2006). Segundo Machado (2013), cada geração humana, em determina- da sociedade, recebe os elementos vindos de seus antepassados e, ao mesmo tempo, vai acolhendo novos elementos que se juntam àqueles. É o continuum cultural que liga cada sociedade a suas raízes mais antigas. Se alguns valores se alteram, desaparecem e são substituídos por novos, outros se mantêm constantes, vivos, geração após geração. Essa continuidade cultural dá à sociedade sua estabilidade, pois, apesar das revoluções, invasões, novos contatos com grupos dife- rentes, o fato é que a cultura permanece e a sociedade prossegue em sua existência. Os valores culturais estão na base dos comportamentos e ati- tudes dos indivíduos e, como tal, a sua compreensão e gestão é fundamental para a adequação das diferenças culturais. Sendo assim, a cultura é um instrumento de adaptação do homem ao ambiente. É pelos valores culturais que o homem se integra a seu meio, primeiramente como um indivíduo. Ao transformar-se em personalidade que se incorpora a seu grupo, vai adquirindo 19 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC os hábitos, os usos e os costumes da sociedade a que pertence, de forma a adaptar-se inteiramente a ela. Aprende a língua que deve ser falada; adquire as noções de relações com os companhei- ros; aprende os mesmos jogos infantis e as mesmas atividades juvenis; adquire uma profissão que atende aos interesses da so- ciedade. Em segundo lugar, cria instrumentos ou concebe novas ideias, que o capacitam a melhor adaptar-se ao ambiente. 3 ATITUDES Uma pessoa vive em sociedade, convive com outras pessoas e, portanto, cabe-lhe pensar e responder à seguinte pergunta: Fonte: http://imguol.com/2012/07/20/trabalho-duvida-indecisao-questoes- trabalhador-1342802474725_300x300.jpg O estudo das atitudes sociais encontra-se inserido em diversos âmbitos. Para a Psicologia Social, esse estudo justifica sua rele- vância pelo fato de buscar descrever, explicar e compreender os comportamentos sociais humanos, tais como a amizade, a coope- ração, o desajustamento, entre outros. Como devo agir perante os outros? 20 Ética e Responsabilidade Social Segundo Richardson (1999, p.265), “as atitudes são predisposi- ções para reagir negativa ou positivamente a respeito de certos objetos, instituições, conceitos ou outras pessoas”. De forma com- plementar, para Robbins (1998, p.92), as “atitudes são constata- ções avaliadoras ─ tanto favoráveis como desfavoráveis ─ em relação a objetos, pessoas ou eventos”. As atitudes sociais resultam de três aspectos: cognição, afeto e comportamento. O componente cognitivo refere-se às crenças e aos conhecimentos sobre os estímulos, bem como a avaliação dos mesmos. O afeto corresponde às emoções e, o componente com- portamental refere-se à tendência dos sujeitos a comportarem-se de certa maneira. (BOWDITCH, 1992) A formação das atitudes se dá por experiências de interação so- cial a que os indivíduos estão sujeitos nos diferentes grupos, seja na família, na escola, com o grupo de amigos, entre outros. Para Kruger (1986), é pelas experiências de interação social que surgem as oportunidades de reforço e imitação que, em última análise, os indivíduos selecionam ou não para gerir suas próprias atitudes. Fonte: Autora (2014) Conforme explicita Bowditch (1992), algumas atitudes são adota- das no início da vida dos indivíduos, pelo contato com a família ou o ambiente cultural, porém a maioria delas é desenvolvida ao longo dos anos, por meio das experiências e observações. O autor apresenta alguns processos, por meio dos quais as atitudes podem ser adquiridas, tais como: 21 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC • Pelos resultados de nossas próprias experiências (tentativa e erro); • Por nossas tendências e preconceitos perceptivos; • Pelas nossas observações, sobre as reações de uma outra pes- soa a uma situação específica; • Pela nossa observação dos resultados das experiências de ou- tras pessoas; • Por instruções verbais sobre as respostas apropriadas a um certo estímulo e às características deste. As atitudes sociais, por estarem intrinsecamente relacionadas às crenças e valores de uma pessoa, são os aspectosresponsáveis por influenciar o seu comportamento (AÇÕES). Fonte: http://julgado-por-comportamento-ignorando-as.html#!/2013/05/jul- gado-por- comportamento-ignorando-as.html COMO PODEM SER ALTERADAS AS ATITUDES DE UMA PESSOA? Na visão de Bowditch (1992, p.72), “quando nossas atitudes estão tão profundamente instaladas dentro de nós, a ponto de mal as percebermos, elas são bem difíceis de mudar”. O autor salienta, então, que uma quantidade significativa de pesquisas em ciências 22 Ética e Responsabilidade Social sociais indica que uma das formas mais eficazes de se mudar atitu- des profundamente arraigadas é mudar primeiro os comportamen- tos correspondentes. Neste sentido, para que a mudança de atitude seja duradoura, é preciso que as pessoas sejam levadas a adotar no- vas crenças e valores. Algumas das práticas elencadas por Alessandra Fontana e Juliana de Mari, na reportagem “Você é do bem?” (FONTANA, 2000) que podem ser adotadas, a fim de mudar nossas atitudes são: • Aumento de compreensão e respeito pela diversidade; • Abordagens mais criativas na hora de responder a dificuldades; • Aumento na capacidade de assumir riscos calculados; • Senso de comunidade e de obrigação social aumentados; • Aumento no valor dado a contribuições vindas de todos os níveis da organização; • Afirmação da capacidade e dos valores pessoais; • Desenvolvimento de características como orgulho e responsabi- lidade; • Resistência positiva a sentimentos como alienação e isolamento. “Nossas atitudes podem ser modificadas a partir de novas informações, novos afetos ou novos comportamentos ou si- tuações”. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p.137) • Leia o livro Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia (BOCK, Ana Maria Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psico- logia. São Paulo: Saraiva, 2001). A obra apresenta os principais aspectos pertinentes à constituição do homem enquanto ser social, as teorias da Psicologia, identidade, sexualidade, escolha da pro- fissão, entre outros. 23 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Nesta primeira unidade vimos que o homem nasce, se desenvol- ve e constrói sua identidade vivendo em sociedade. Conhecemos os principais aspectos que fazem parte dessa constituição, quais os fatores que influenciam o desenvolvimento humano e o que significa identidade. Analisamos os aspectos pertinentes à cultura, tais como suas principais características, os tipos de cultura, os elementos cultu- rais e os meios pelos quais a cultura pode ser transmitida. Conhe- cemos os diferentes valores ─ valores sociais e valores culturais ─ e a importância destes para o continuum cultural. Aprendemos que a sociedade refere-se a um conjunto de pessoas que possuem padrões culturais comuns, que são utilizados para a realização de seus objetivos e, sob esta ótica, a sociedade abran- ge diferentes grupos, tais como, a família, a igreja, os sindicatos, entre outros. Finalizando a unidade, estudamos as atitudes sociais, a impor- tância da formação das atitudes pelos fatores cognitivos, compor- tamentais e afetivos e, ainda, algumas das práticas que podem ser adotadas para modificar as atitudes dos indivíduos, quando estas estão profundamente arraigadas. Assista ao filme A Guerra do Fogo (Direção Jean-Jacques Annaud - França/Canadá, 1981). Trata-se de um filme épico, quase antropológico, sobre o homem primitivo e a descoberta do fogo, que pode propiciar um bom debate sobre o processo de humanização. Síntese da Unidade 24 Ética e Responsabilidade Social ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Acesse o site: ead.sociesc.org.br e faça as atividades propostas da unidade! Anotações Importantes: Atividades Propostas 25 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC CIDADANIA, ÉTICA E MORAL Caro(a) estudante! Nesta segunda unidade, estudaremos o conceito de cida- dão, a relação entre a história da cidadania e o histórico das lutas pelos direitos humanos. Nesse item, também ve- remos como a cultura afro-brasileira e a cultura indígena foram tratadas com desigualdade desde os tempos mais remotos. Estudaremos os direitos e deveres que precisam ser co- nhecidos por todos para que possamos viver em harmo- nia, atuando com coletividade junto à nação e o Estado, buscando sempre o bem comum. Complementando esse tópico, podemos realizar um debate sobre os principais itens da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A seguir, discutiremos mais especificamente sobre aspec- tos pertinentes à vida em sociedade, tais como, o Estado, a democracia e, por fim, a globalização, fase mais avançada do capitalismo que vem modificando o mercado de traba- lho, associando, cada vez mais, inovação a produção em grande quantidade. No tópico posterior, iniciaremos nosso estudo sobre a éti- ca e a sua importância para a convivência em sociedade. Neste momento conheceremos as regras éticas, a moral, e a análise que pode ser realizada com os conceitos de ética e lei. 2 U ni da de 26 Ética e Responsabilidade Social Encerrando a unidade, identificaremos os valores como a capa- cidade dos seres humanos diferenciarem um ato certo de um ato errado e, ainda, teremos a definição dos grupos de valores éti- cos: valores utilitários, valores morais, valores de justiça e valores pessoais. Bons estudos! Objetivos da Unidade Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Conhecer o conceito de cidadão e cidadania; • Analisar os direitos e deveres do cidadão; • Compreender a importância do Estado, democracia e globali- zação para a vida harmônica do homem em sociedade; • Entender os conceitos de ética, moral e valores. Conteúdos da Unidade Acompanhe os conteúdos desta unidade, se preferir, assi- nale-os à medida que for estudando: • Cidadania, ética, e moral; • O homem como ser social - sociedade; • Estado, democracia e globalização; • Valores. 27 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC 1 CIDADANIA O termo cidadania foi utiliza- do primeiramente na Grécia clássica para designar os direi- tos relativos ao cidadão, à pes- soa que vivia naquela cidade e participava ativamente dos ne- gócios e decisões políticas de- correntes daquela sociedade. Com o passar dos tempos, esse conceito foi ampliando-se cada vez mais, passando a englobar o conjunto de valores que definem os direitos e deveres de um cidadão. “Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade à propriedade, à igual- dade perante a lei. É, em resumo, ter direitos civis, é também partici- par no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os di- reitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva. O direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranquila. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais”. (PINSKY, 2008, p. 9) ESTE CONCEITO É DEFINITIVO? Não! Oconceito de cidadania, assim como outros conceitos liga- dos à evolução da sociedade humana, está em constante constru- ção histórica, modificando-se pela influência das transformações da história humana, bem como das diferenças de segmentos so- ciais e, ainda, dos conflitos entre as pessoas que estão no poder e aquelas que estão fora dele. 28 Ética e Responsabilidade Social A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos. A cidadania esteve e está em perma- nente construção; é um referencial de conquista da humanidade, daqueles que sempre lutam por mais di- reitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas. Mas nem todos os seres humanos têm sido considerados e tratados como “iguais” no decorrer dessa construção, pois, de acordo com a época, a desigualdade passou a se manifestar de diferentes maneiras, ditada pela diferença de gênero, cor, idade, origem familiar, condição econômica, entre outros. A sociedade brasileira é constituída por diferentes grupos étni- co-raciais que a caracterizam, em termos culturais, como uma das mais ricas do mundo. Entretanto, sua história é marcada por desigualdades e discriminações, especificamente contra negros e indígenas, impedindo, dessa forma, seu pleno desenvolvimento econômico, político e social. A cultura afro-brasileira e a cultura indígena são exemplos des- se tratamento desigual, que iniciou há muito tempo, e persiste nos dias atuais. No Brasil, o histórico da cultura afro-brasileira já iniciou pela escravidão. Na época em que os portugueses iniciaram o proces- so de colonização do país, não havia mão de obra para realizar os trabalhos manuais e os religiosos não permitiam que os ín- dios fossem escravizados. Logo, assim como estavam fazendo os demais europeus da época, os portugueses passaram a trazer da África os negros, para que pudessem submetê-los ao trabalho es- cravo. Foi apenas em 13 de maio de 1888, por intermédio da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel, que a liberdade foi cedida aos negros no Brasil, abolindo definitivamente a escravidão em 29 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC nosso país. No entanto, após a abolição e, ainda hoje, temos co- nhecimento de fatos que comprovam que os negros continuam sendo discriminados (Leia a reportagem: Trabalhador negro ga- nha apenas 61% do salário do não negro. Disponível em: http:// exame.abril.com.br/economia/noticias/trabalhador-negro-ga- nha-apenas-61-do-salario-do-nao-negro). Com a cultura indígena não foi muito diferente. Quando os por- tugueses chegaram ao Brasil, já havia muitos povos indígenas vi- vendo no país e cada um desses povos possuía sua própria cultu- ra, religião e costumes. Eles viviam em harmonia com a natureza, de onde retiravam seu sustento, pela caça, pesca e agricultura. Desde o primeiro contato com os portugueses, esses povos fo- ram enganados, explorados, escravizados e até mesmo massacra- dos. Atualmente, há cerca de 800 mil índios no Brasil, que ainda sofrem de diferentes tipos de discriminação, conforme pode ser identificado no caso do índio pataxó, que estava na cidade de Brasília para comemorar o dia do índio e foi morto. (Leia a repor- tagem: O caso do índio pataxó queimado em Brasília. Disponível em: http://jus.com.br/pareceres/16253/o-caso-do-indio-pata- xo-queimado-em-brasilia). Para Barbosa (2011), todos nós temos direitos humanos univer- sais, que devem ser respeitados em qualquer lugar do mundo, independente de questões de gênero, etnia, cor e raça. Todos so- mos cidadãos! Ser cidadão é ter consciência de que é sujeito de direitos. Direitos à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Mas este é um dos lados da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. 30 Ética e Responsabilidade Social Veja alguns exemplos dos direitos e deveres do cidadão: Direitos: • Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. • Saúde, educação, moradia, segurança, lazer, vestuário, ali- mentação e transporte são direitos dos cidadãos. • Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. • Ninguém deve ser submetido à tortura nem a tratamento de- sumano ou degradante. • A manifestação do pensamento é livre, sendo vedado o ano- nimato. • A liberdade de consciência e de crença é inviolável, sendo as- segurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto. Deveres: • Votar para escolher nossos governantes. • Cumprir as leis. • Respeitar os direitos sociais de outras pessoas. • Educar e proteger nossos semelhantes. • Proteger a natureza. • Proteger o patrimônio público e social do País. • Colaborar com as autoridades. A educação é um dos tópicos que aparece como um dos DIREI- TOS de todos... mas nem sempre foi assim, principalmente no que se refere à educação das relações étnico-raciais! Vejamos al- guns pontos da nossa história: • Durante o período colonial até a República, a educação não era disponibilizada para a grande maioria dos escravos, pois o tempo deles era exigido quase que exclusivamente para a atividade produtiva. 31 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC • O Decreto nº 1.331, de 17 de fevereiro de 1854, estabelecia a exclusão escolar, definindo que não seriam admitidos alunos escravos nas escolas públicas do país e a previsão de instrução para adultos negros dependia da disponibilidade de profes- sores. • O Decreto nº 7.031-A, de 6 de setembro de 1878, estabeleceu que os negros só poderiam estudar no período noturno. • A exclusão prosseguiu mesmo após a Abolição da Escravatu- ra, tendo a população negra que enfrentar a discriminação e o preconceito até o início do século XX. • A Constituição de 5 de outubro de 1988 assegurou igualdade de condições para o acesso e permanência dos vários grupos étnicos, como também, redefiniu o tratamento dispensado pelo ensino à pluralidade racial que caracteriza a sociedade brasileira. • O artigo 227 da Constituição de 1988 atribui ao Estado o dever de “colocar a criança a salvo de toda a forma de discrimina- ção” e, o artigo 242, d 1º, estabelece que o “ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes cul- turas e etnias para a formação do povo brasileiro”. • A Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003 altera a Lei que esta- belece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em reco- nhecimento pelas importantes lutas empreendidas pelos mo- vimentos negros. • A Lei nº 9394/96 passa a vigorar com o acréscimo de alguns itens, como, por exemplo, os apresentados abaixo: “[...] Art. 3º e 4º - O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes in- dígenas, africana e europeia. Art. 26 A – Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre a História e cultura Afro-brasileira. 32 Ética e Responsabilidade Social Art. 798 – O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”. Nesse sentido, a inserção dos elementos das culturas africanas e afro-brasileiras como conteúdo regular obrigatório efetivada pela Lei 10.639, bem como a alteração trazida por essa Lei, ampliando- se o Art. 26 A da Lei 9.394/1996, provoca mais que uma inclusão de novos conteúdos, exige que se repensem relações étnico-ra- ciais, sociais, pedagógicas, procedimentos de ensino e as condi- ções oferecidas para a aprendizagem. Torna-se necessária, então, a consolidação de políticas educacionais que visem fortalecer a educação como instrumento de promoção social, de cidadania e valorização da diversidade étnico-racial brasileira, para que seja construído um novo paradigma educacional com novas práticas e rituais pedagógicos que rompam o silêncio sobre a questão racial, que levem em consideração as experiências socioculturais doses- tudantes como alavanca no processo de ensino/aprendizagem. A implantação de um novo paradigma educacional de valoriza- ção da diversidade com garantia do direito à diferença, de acordo com Rocha (2007) exige da escola uma atenção especial aos se- guintes tópicos: 1. Valorizar a diversidade (cultural, étnica, artística, estética, so- cial...) como possibilidade de socialização de saberes e visões de mundo, construindo conhecimentos capazes de promover convivência saudável e práticas sociais contrárias a todas as formas de preconceitos, racismos e discriminação. 2. Reconhecer, respeitar e valorizar a diversidade histórica, ét- nica e cultural brasileira como um processo de construção coletiva, fruto de um conjunto de múltiplas memórias e expe- riências humanas, compreendendo os obstáculos e intenções positivas nessa construção. 3. Compreender a relação presente, passado e futuro, analisan- 33 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC do e refletindo, numa perspectiva histórica, as relações sociais cotidianas, identificando as semelhanças e diferenças, como também os traços de mudanças e permanências, estabelecen- do inter-relações do local com o nacional e o mundial. 4. Perceber-se como sujeito social, construtor da história perten- cente a um grupo social determinado e também participante de uma realidade mais ampla, reconhecendo e respeitando os direitos legais dos indivíduos como cidadãos, bem como seus processos de construção de identidade pessoal, social e cultura. Conclui-se, dessa forma, que o trato pedagógico da diversidade não é uma tarefa fácil, mas, se a educação possibilitar, pelo seu currículo escolar, as representações de todas as etnias que com- põem este país, sem hierarquizá-las, conseguirá estabelecer um propósito de respeito às diferenças e estará empreendendo uma luta por uma sociedade democrática, que se coloca politicamente a favor da ampliação do conceito de cidadania. Fonte:http://www.turminha.mpf.mp.br/imagens/pg-principal-img-central.gif A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, lei fundamental e suprema do Brasil, foi promulgada em 5 de outu- bro de 1988 e reserva cinco capítulos aos direitos fundamentais do cidadão, com várias categorias sobre os direitos individuais e coletivos. Abaixo, apresentamos uma parte do Capítulo I: Os direitos fundamentais do cidadão estão disponíveis na legislação. Como exemplos pode-se citar: a Constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente e, também, o Estatuto do Idoso. 34 Ética e Responsabilidade Social Capítulo I Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos Artigo 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga- rantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a invio- labilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se- não em virtude de lei; III - Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegura- do o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. A lei, na íntegra, pode ser consultada no endereço: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Outra importante lei que não podemos deixar de mencionar é o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n° 8.069, de 13 de Julho de 1990. Para conhecimento, segue alguns dos artigos das Dispo- sições Preliminares, constante no Título I: 35 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmen- te este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção in- tegral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o de- senvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em ge- ral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao es- porte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. A lei 8.069/90 está disponível no endereço: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm Em 1º de Outubro de 2003, foi decretada e sancionada a Lei nº 10.741, instituindo o Estatuto do idoso. Seguem alguns dos seus artigos: 36 Ética e Responsabilidade Social TÍTULO I Disposições Preliminares Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (ses- senta) anos. Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais ineren- tes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportuni- dades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efeti- vação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. Para conhecer o conteúdo completo dessa lei, basta acessar: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm O cidadão precisa ser consciente das suas responsabilidades en- quanto parte integrante de um grande e complexo organismo que é a coletividade, a nação, o Estado, para cujo bom funcionamento todos têm de dar sua parcela de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final, coletivo: a justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, o bem comum. O conceito de cidadania atravessou um longo caminho de con- quistas e uma delas, a Declaração Universal dos Direitos Huma- nos, que delineia os direitos humanos básicos, foi adotada pela 37 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Organização das Nações Unidas (ONU), em 10 de Dezembro de 1948. O documento é a base da luta universal contra a opressão e a discriminação, defende a igualdade e a dignidade das pessoas e reconhece que os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser aplicados a cada cidadão do planeta. Figura 05: Declaração Universal dos Direitos Humanos Eleanor Roosevelt exi- be cartaz contendo a Declaração Universal dos Direitos Huma- nos, em 1949. Fonte:http://www.alunosonline.com.br/upload/conteudo_legenda/bb4568b- d8f7a8254f21f5801da24096b.jpg Os direitos humanos são os direitos essenciais a todos os seres humanos, sem que haja discriminação por raça, cor, gênero, idio- ma, nacionalidade ou por qualquer outro motivo. A fim de conhecermos um pouco da Declaração Universal dos Direitos Humanos, seguem alguns dos seus artigos: “A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade,tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconheci- 38 Ética e Responsabilidade Social mento e a sua observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos próprios estados-membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.” Artigo I Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade. Artigo II Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra nature- za, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Artigo III Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo IV Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Leia a declaração na íntegra em: http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/le- gis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm 1.2 O Homem, o Estado e a Globalização O homem é um ser social, vive e desenvolve-se em grupos deno- minados sociedades familiares, econômicas, recreativas, políticas, entre outras. Uma sociedade é constituída por três elementos es- senciais: • Membros: as pessoas que fazem parte da sociedade; • Objetivos: as finalidades que se procura atingir; • Regras: as leis que regulamentam as relações entre os membros. Viver em sociedade implica outras necessidades: o homem, para garantir sua sobrevivência e viver em harmonia, precisa da tutela 39 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC do Estado, seu procurador, que tem o papel de definir o contrato social em defesa das pessoas e dos seus bens. O Estado, então, designa o conjunto das instituições (governo, forças armadas, funcionalismo público, etc.) que controlam e administram uma nação. O Estado é formado pelos seguintes elementos: • Território: região da Terra onde o Estado se situa; • Povo: conjunto de pessoas que fazem parte desse Estado; • Poder: o Estado tem poder soberano, ou seja, seu poder situa- se acima dos demais poderes institucionais e acima da vonta- de individual das pessoas que o exercem. O Estado precisa de uma ordem, uma política que defina suas ações. Nesse sentido, a política pode ser definida como arte ou ciência de governar; arte ou ciência da organização, direção e ad- ministração de nações ou Estados; ou a aplicação dessa arte nos negócios internos da nação (política interna) ou nos negócios ex- ternos (política externa). O termo democracia é utilizado em diferentes contextos, mas, complementando nossos estudos sobre os seres humanos, a vida em sociedade e o Estado e a política, falaremos em democracia apenas quando nos referirmos ao ambiente político da sociedade, no qual o processo democrático se realiza. Ao citarmos, no en- tanto, regime democrático, estaremos nos referindo à forma de governo na qual o povo tem participação direta ou indireta. A globalização é o processo através do qual diferentes países in- tegram seus aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos, interligando o mundo e aproximando as pessoas. Esse fenômeno propiciou a expansão do capitalismo, pois, com a globalização, hoje é possível realizar transações financeiras e expandir negó- 40 Ética e Responsabilidade Social cios para mercados distantes, buscando novas opções de atuação tendo em vista, principalmente, que os mercados internos já estão saturados. Atualmente, grande parte dos produtos fabricados por diferentes empresas mundiais está sendo vendido em quase todo o plane- ta, gerando o que chamamos de economia global, processo pelo qual o mundo inteiro consome os mesmos refrigerantes, lanches (fast food), CDs e videogames, por exemplo. A globalização pode ser definida como a fase mais avançada do capitalismo e, com o desenvolvimento do capitalismo, as empresas podem investir cada vez mais em tecnologia, aliando inovação e produção em grande quantidade. A globalização afeta todas as áreas da sociedade, principal- mente comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação, com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do planeta. QUAL A RELAÇÃO ENTRE A GLOBALIZAÇÃO E A ÉTICA? A ética, nesse caso, busca um caminho de regulamentação do mercado globalizado já que os conflitos determinam os passos nesse campo. Para nós, a globalização é entendida como a inten- sificação das relações sociais em escala mundial que ligam loca- lidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa. Uma das características do mundo atual é o seu estado perma- nente de mudança, onde as pessoas precisam aprender a se loco- mover, aceitando o seu movimento constante como um elemento 41 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC constitutivo do seu novo ethos. Sendo assim, as relações deixaram de ser exclusivamente um conglomerado de “nações”, “socieda- des nacionais” ou mesmo “estados-nações”, que viviam isoladas independente dos sistemas adotados e formas diferentes de ser e de se relacionar com o mundo, sendo substituídos pela chamada “sociedade global”. (TRANSFERETTI, 2011) 2 ÉTICA E MORAL Em qualquer sociedade que se observe, será sempre notada a existência de dilemas morais em seu interior. Os dilemas são um reflexo das ações das pessoas, e surgem a partir do momento em que, diante de uma situação qualquer, a ação de um indivíduo ou de um grupo de indivíduos, contraria aquilo que generica- mente a sociedade estabeleceu como padrão de comportamento para aquela situação. Os problemas relacionados com o compor- tamento do ser humano encontram-se inseridos no campo de preocupações da Ética. A convivência dos homens em sociedade necessita de uma ordem. Devem existir regras, leis e normas que regulem o relacionamen- to entre as pessoas e sirva de orientação quanto ao que é certo ou errado, justo ou injusto, lícito ou ilícito, permitido ou proibido. (ALENCASTRO, 2012) A ética e a moral são os dois principais pilares do agir huma- no, pois, todos os dias, precisamos tomar decisões importantes e, para sabermos qual o melhor caminho a seguir, precisamos refle- tir ética e moralmente a respeito do assunto. Além disso, a partir dessas decisões, seremos vistos como éticos ou antiéticos. 42 Ética e Responsabilidade Social “Nenhuma sociedade pode sobreviver e progredir sem um con- junto de princípios e normas que defina o tipo de comportamento socialmente aceito como ético”. (LACOMBE, 2005, p.377) De acordo com a etimologia, ética e moral são duas palavras de origens distintas e significados idênticos. Moral vem do latim mo- res, que quer dizer costume, conduta, modo de agir; e ética vem do grego ethos e, da mesma forma, quer dizer costume, modo de agir. O fato de possuírem essa identidade semelhante influencia na tendência das pessoas em tratá-las como sinônimos mas, de fato, apesar do estreito vínculo que as une, elas constituem-se em realidades afins, porém diversas. COMO PODE SER DEFINIDA A ÉTICA? COMO SURGIU A ÉTICA? A ética tem assumido diferentes significados, no decorrer da his- tória, de acordo com a época e a cultura. Segundo Platão (Atenas, 427-347 a.C.) e Aristóteles (Macedônia, 384-322 a.C.), Sócrates (Atenas, 470-399 a.C.) realizou as primeiras reflexões sobre éti- ca, embora o campo das ações em ética tenha sido determinado por Aristóteles. Sócrates dirigia-se ao povo ateniense, pergun- tando-lhes qual o sentido dos costumes estabelecidos (as normas 43 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC de comportamento de coletividade, transmitidos de geraçãoem geração) e também sobre quais as disposições de caráter (caracte- rísticas pessoais, sentimentos, atitudes e condutas) que levavam o cidadão grego a respeitar ou transgredir os valores e por que eles agiam de tal forma (ALENCASTRO, 2012). Nesse primeiro momento, o foco da ética estava na educação do caráter humano, visando conter os seus instintos e orientá-los para o bem, com o objetivo de adequar o indivíduo à sua comunidade. (MACEDO, 2003) E HOJE...COMO A ÉTICA É PERCEBIDA? A palavra ética admite diferentes interpretações e significados, sendo, geralmente, traduzida como “ciência da conduta”. Ela se preocupa em entender o modo como cada sujeito se posiciona em relação às normas sociais, decidindo, invidualmente, pela sua aceitação ou negação. O seu maior interesse é compreender como se dá a formação dos hábitos, costumes e até mesmo as regras e leis que regem uma determinada sociedade. Sendo assim, atualmente, a ética é vista como componente cada vez mais imprescindível em nosso convívio pessoal, familiar e profissional. A ética está baseada na distinção entre o que se pode e o que se deve fazer – nem tudo o que se pode fazer deve ser feito e nem tudo o que é possível fazer é ético. Do que se pode fazer, o que é que se deve fazer? O que é eticamente valioso, no sentido de aumentar o bem comum? (MASIERO, 2008) A ética está relacionada às individualidades das pessoas e às pos- sibilidades que elas possuem para responder de forma diferen- ciada aos costumes e modos de se comportar tradicionalmente estabelecidos. 44 Ética e Responsabilidade Social As principais fontes de regras éticas são: a) A natureza humana “verdadeira”; b) A forma ideal universal do comportamento humano, expres- sa em princípios válidos para todo pensamento sadio; c) A busca refletida dos princípios do comportamento humano; d) A legislação de cada país, ou os Códigos de Ética Profissional de cada corpo social organizado; e) Os costumes. Embora, no contexto filosófico, moral e ética possuam diferentes significados, no aspecto prático do dia a dia, a finalidade deles é parecida, pois ambos são os responsáveis pela construção da base que guiará a conduta do homem, auxiliando-o na definição do seu caráter, da forma como vai agir e comportar-se dentro da sociedade onde vive. COMO PODE SER DEFINIDA A MORAL? O termo moral refere-se ao conjunto de atitudes humanas rela- cionadas aos costumes. De acordo com o dicionário, a moral é “a parte da Filosofia que trata dos atos humanos, dos bons costumes e dos deveres do homem em sociedade e perante os de sua clas- se”. (MICHAELIS, 2013) 45 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Moral vem da palavra latina mores, que significa costumes, mo- dos, da qual se originaram, por exemplo, as expressões “apren- der bons modos” e “pessoas sem modos”. A moral diferencia-se da ética por seu conteúdo explicativo, no âmbito das ideias que definem o certo e o errado, o justo e o injusto, o bem e o mal, e demais termos opostos que moldam as ações humanas. Nesse momento, torna-se necessário diferenciar as questões teó- ricas das práticas: • Moral: compreende normas e comportamentos, abrangendo as regras morais em si e suas práticas efetivas. • Moralidade: significa a materialização das normas éticas nas relações sociais por meio de atos concretos. • Amoralidade: a relação social é considerada amoral quando não existe qualquer regra prévia para a prática de um ato es- pecífico ou quando este não atinge ninguém. • Imoralidade: refere-se a toda ofensa ou atentado ao decoro ou à decência pública, bem como ato de desonestidade ou de im- probidade. Exemplificando: fazer exercícios físicos é uma ação amoral, mas, quando um gestor aproveita a oportunidade para dar um exem- plo de preservação da saúde para os liderados, a ação torna-se moral porque assume um caráter social positivo. Essa mesma ação pode passar a ser imoral caso o líder incentive o uso de subs- tâncias estimulantes prejudiciais à saúde. (MACEDO, 2003) Jean Piaget, epistemólogo suíço, considerado um dos mais im- portantes pensadores do século XX, educador, realizou uma pes- quisa com crianças observando as quatro etapas que fazem parte da formação da consciência moral dos indivíduos, conforme clas- sificação apresentada a seguir (ALENCASTRO, 2012): 46 Ética e Responsabilidade Social 1ª ETAPA: Anomia A etapa descrita como Anomia (do grego a, “negação” + nomos, “lei, regra” = sem lei, sem regras) é a fase do comportamento pu- ramente instintivo, que se orienta pelo prazer ou pela dor. Nessa fase, a criança procura o prazer e foge da dor e não consegue cor- relacionar suas atitudes às normas morais. Um adulto em estado de anomia, agiria puramente pelo prazer que sua ação lhe causa, sem qualquer preocupação ou respeito com as pessoas afetadas pela sua atitude. 2ª ETAPA: Heteronomia Na segunda etapa, Heteronomia (do grego heteros, “outros” + no- mos, “lei, regra” = lei estabelecida por outros), a criança obedece às ordens para receber recompensa ou para evitar castigo. Já no caso de tratar-se de um adulto, seria aquela pessoa que obser- va as leis, as regras, apenas para não ser punido, mas não como um conceito interiorizado e aceito como verdadeiro e necessário (por exemplo, um aluno que não destrói o patrimônio escolar por medo da punição e não por uma atitude própria de que isso não é certo). 3ª ETAPA: Socionomia A etapa Socionomia, do latim socius, “companheiro, parceiro” + nomos, “lei, regra” = lei interiorizada pelo convívio social). Nessa fase os critérios morais da criança vão se firmando por meio de suas relações com outras crianças e ela vai interiorizando as no- ções de responsabilidade, obrigação, respeito e justiça e, sendo assim, começa a não fazer aos outros o que não gostaria que fizes- se a ela. Representa a fase em que o adulto age preocupado con- sigo mesmo, mas, sobretudo, com o que os outros pensam dele. 47 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC 4ª ETAPA: Autonomia Nessa fase, descrita como Autonomia (do grego autos, “por si mes- mo” + nomos, “lei, regra” = lei própria), a criança já interiorizou as normas morais e passa a comportar-se de acordo com elas. Ela já entende sobre a noção de propriedade de objetos, ou seja, compreende o que não lhe foi dado e, caso se aproprie do objeto, assim mesmo é errado, caracterizando-se furto. Na fase jovem/ adulta, ocorre a etapa mais madura do comportamento moral, em que um adulto, por exemplo, orienta a sua ação e atitudes no ambiente escolar pelas normas estabelecidas, mas também por seus princípios internos de conduta, agora incorporados ao mais íntimo do seu ser. A ética possui inúmeras abordagens. Para fins didáticos, desta- caremos aqui duas contribuições de Max Weber: a ética da con- vicção e a ética da responsabilidade, apresentadas no quadro a seguir: Quadro 1: Teorias éticas Fonte: Adaptado de Macedo (2003) 48 Ética e Responsabilidade Social ESTÁ CLARA A DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL? Barbosa (2011, p.29) salienta que: “enquanto a moral procura li- mitar nossa liberdade de ação, a ética visa à sua ampliação, pois nos estimula a fazer escolhas, tomando por base valores univer- sais, racionais e mais duradouros, como o respeito à vida e ao bem estar humano”. A moral pode ser vista como um conjunto de valores e regras de comportamento que as coletividades, sejam nações, grupos so- ciais ou organizações, adotam por julgarem corretos e desejáveis, abrangendo as representações imaginárias que dizem aos agen- tes sociais o que se espera deles, quais comportamentos são bem- vindos, qual é a melhor maneira de agir coletivamente, o que é bem e o que é mal, o permitido e o proibido, o certo e o errado, a virtude e o vício. A ética é mais sintetizada e corresponde a uma teoria de ação ri- gidamente estabelecida. A moral, em contrapartida, é concebida menos rigidamente, podendo variar de acordo com o país, grupo social, a organização ou mesmo o indivíduoem questão. (ÉTICA, 2003) Macedo (2003) apresenta a diferença também, entre os tipos de problemas morais e de problemas éticos. Os problemas morais são relativos à prática e a cada situação específica, podendo afetar uma ou mais pessoas. Os problemas éticos, por sua vez, envolvem reflexões teóricas sobre os problemas morais, são abrangentes e sempre atingem a comunidade como um todo. No entanto, estabelecer o que o indivíduo deve fazer numa determinada situação para ser considerado bom é um problema moral. 49 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Um dos problemas mais conhecidos, na atualidade, refere-se ao assédio moral. O assédio moral é representado pela intenção de constranger ou desqualificar a pessoa ou profissional, por meios verbais e não-verbais, tendo por objetivo colocar em perigo seu emprego ou ambiente de trabalho. A maioria dos casos envolven- do assédio moral em uma organização está relacionada a ruídos de comunicação. Elencamos alguns exemplos: • Desqualificação do elemento por meio de comunicação não- verbal; • Recusa à comunicação direta; • Descrédito por meio de insinuações sobre suas incompetências; • Isolamento, fazendo-o crer que todos estão contra ele. • Afronta, confiando-lhe tarefas inúteis; • Indução ao erro, para poder acusá-lo em seguida; • Assédio sexual, que não é senão outra forma de perseguição moral. No Brasil – Assédio sexual no trabalho A Lei Federal nº 10.224 sobre assédio sexual no trabalho, de 15 de maio de 2001, altera o Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, do Código Penal, acrescido do Art. 216-A, para dispor so- bre o crime de assédio sexual e dá outras providências: “Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favore- cimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de su- perior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de em- prego, cargo ou função”. Pena: detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos. A Lei, na íntegra, está disponível em: http://www3.dataprev.gov.br/ sislex/paginas/16/1940/..%5C..%5C42%5C2001%5C10224.htm De acordo com as definições apresentadas, então, podemos con- cluir que a ética e a moral não são sinônimos, mas sim, que a ética é uma reflexão sobre a moral. Outra análise importante pode ser realizada com os conceitos de 50 Ética e Responsabilidade Social ética e lei, tendo em vista que, muitas vezes, a lei tem como base princípios éticos. Fonte: Autora (2014) Logo, se a moral é o conjunto de hábitos e costumes efetivamente vivenciados por um grupo humano, a lei pode ser descrita como o conjunto de hábitos e costumes considerados fundamentais e indispensáveis à sociedade, ou seja, acordos considerados obri- gatórios, estabelecidos entre pessoas de um grupo, para garan- tir a justiça mínima, ou os direitos mínimos de cada um de nós. (ALENCASTRO, 2012) Após perceber a diferença entre ética, moral e, ainda, a lei, cabe definirmos a importância dos valores para que possamos direcio- nar nossa postura pessoal e profissional. 3 VALORES Geralmente, conseguimos diferenciar o que é certo e o que é erra- do. O problema é mais sério quando ocorrem conflitos de valores, ou seja, quando torna-se necessário optar entre duas alternativas que nos parecem antiéticas. Por exemplo, devemos ir ao recital LEI ÉTICA • Uma pessoa pode ser obrigada a cumprir a lei, seja pelo Estado ou por outras pessoas; • Nenhuma pessoa pode ser compelida, pelo Estado ou por outras pessoas, a cumprí-la; • O não cumprimento da ética não poderá ocasionar qualquer tipo de sansão. • O não cumprimento da lei poderá acarretar sansão por crime de desobediência ou omissão. LE I A M BA S ÉT IC A LEI ÉTICA • Uma pessoa pode ser obrigada a cumprir a lei, seja pelo Estado ou por outras pessoas; • Nenhuma pessoa pode ser compelida, pelo Estado ou por outras pessoas, a cumprí-la; • O não cumprimento da ética não poderá ocasionar qualquer tipo de sansão. • O não cumprimento da lei poderá acarretar sansão por crime de desobediência ou omissão. LE I A M BA S ÉT IC A 51 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC de piano de um filho ou permanecer na empresa para receber um importante cliente? Em casos como esses, devemos nos questio- nar sobre quais das responsabilidades e valores que estão em conflito estão mais profundamente enraizados na vida do profissional em questão e na das pessoas e comunidade que ele preza. Além disso, é preciso considerar quais as interpretações éticas da situação. (LACOM- BE, 2005) O ser humano possui um senso moral, ou seja, valores (=capacidade de valorar) que o capacitam a diferenciar se um ato é certo ou errado. Os valores exprimem ideais superiores que são universais, ou seja, são válidos em todos os lugares e em todos os tempos. Pode- mos citar, dentre os valores éticos, a solidariedade, a compaixão, a honestidade, a generosidade e a responsabilidade. Os valores éticos são desenvolvidos ao longo do tempo e são in- fluenciados pelos grupos dos quais o indivíduo faz parte, como a família, religião, amigos, escola, entre outros. São divididos nos grupos: • Utilitários: os valores utilitários determinam que as decisões tomadas devem beneficiar o maior número possível de pes- soas; • Morais: os valores morais indicam que as decisões tomadas devem proteger os direitos fundamentais dos indivíduos afe- tados pela decisão. São exemplos: o direito à liberdade, segu- rança e privacidade; • De justiça: os valores de justiça definem que as decisões toma- das devem causar bem e mal para as pessoas em proporções igualitárias e imparciais. Os valores pessoais referem-se às crenças, atitudes e julgamen- tos que as pessoas possuem. Nós não percebemos, mas a maioria 52 Ética e Responsabilidade Social das nossas decisões são baseadas nos nossos valores, naquilo que acreditamos ser a melhor atitude naquele momento. Para que seja alcançada a satisfação pessoal de cada pessoa em relação à sua carreira, é necessário, primeiramente, entender seus valores pes- soais e como eles estão relacionados aos valores da empresa. “Nossa atuação como cidadãos ativos e incentivadores da ética poderá melhorar muito se desenvolvermos conhecimentos, ha- bilidades, valores e atitudes adequados a determinadas situações do cotidiano”. (BARBOSA, 2011, p.10) O QUE NOS LEVA A AGIR MORALMENTE? Somos “empurrados” por nossos valores, na sequência descrita por Alencastro (2012) e apresentada a seguir: a) Os valores sociais fornecem os padrões de certo/errado; b) A pessoa incorpora emocionalmente (por meio da educação) esses valores; c) Em outras palavras, registram no cérebro as referências de certo/errado que agora passam a orientar suas atitudes; d) Essa incorporação, sob a interpretação da razão, assume a forma de “decisão ética”. E VOCÊ, IDENTIFICA NA SUA ROTINA DECISÕES ÉTICAS? O teste a seguir tem sido utilizado por diferentes empresas, a fim de analisar as decisões éticas nas organizações (ALENCASTRO, 2012): 53 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Fonte: Adaptado de Alencastro (2012) As decisões éticas fazem parte de todos os setores da atividade humana, cujas definições referentes ao certo e errado, bem e mal, permitido e proibido, encontram-se na política, economia, na educação, na religião, nos negócios, enfim, em tudo que diz res- peito à condição humana. Na próxima unidade estudaremos a Ética nos negócios, buscando compreender o desdobramento da ética no contexto organizacio- nal. Na segunda unidade do nosso livro didático estudamos sobre o significado de ser cidadão e, também, que a história da cidadania está em constante evolução, assim como a história das lutas pelos direitos humanos. Conhecemos um pouco mais sobre as culturas afro-brasileira e indígena e aprendemos alguns dos direitos e de- veres dos cidadãos. Síntese da Unidade violando a lei civil 54 Ética e Responsabilidade Social No segundo tópico da unidade, analisamos os conceitos de Es- tado, democracia e globalização, percebendo-lhesa importância para que o homem possa viver em harmonia na sociedade. Após, iniciamos o estudo da ética, analisando sua capacidade de influenciar no convívio dentro de uma sociedade, a partir de seus princípios normais. Complementando esse conceito, estudamos o conceito de moral, as fontes de regras éticas e também a análise que pode ser efetivada entre os conceitos de ética e lei. Para finalizar, conhecemos o conceito de valores e os grupos ori- ginados dos valores éticos: valores utilitários, valores pessoais, valores morais e valores de justiça. 1 - Assista ao filme Cruzada (Direção e produção: Ridley Scott. EAU, 2005. 145 min.). O filme nos apresenta situações em que os princípios humanos são constantemente colocados à prova pelas circunstâncias. 2- Caso você queira aprofundar seus estudos sobre a ética, leia o livro Pensamento ético contemporâneo. (RUSS, Jaqueline. Pensa- mento ético contemporâneo. São Paulo: PAULUS, 2003). A obra apresenta, de forma simples e didática, os principais conceitos sobre a ética, bem como traça um panorama das tendências nessa área de estudo. 55 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC ÉTICA NOS NEGÓCIOS Caro(a) estudante! Nesta terceira unidade, estudaremos os aspectos perti- nentes à Ética nos negócios. Iniciaremos conhecendo um pouco sobre a inclusão da Ética no mundo nos negócios para, posteriormente, defi- nir as principais preocupações dessa área de estudo. Na sequência, analisaremos as condições pelas quais uma empresa pode ser definida como ética e, também, a im- portância da disseminação dos valores para que a empre- sa possa ser considerada uma comunidade moral. Nesse ponto, conheceremos um exemplo de empresa que desen- volveu suas diretrizes formais a respeito. Pelo estudo da ética convencionada, poderemos identi- ficar a importância de todos na organização terem acesso aos princípios que regem as suas principais normas e va- lores e, logo em seguida, estudaremos sobre o código de ética. A fim de enriquecer nosso conhecimento, ao final da uni- dade, analisaremos o Código de ética dos profissionais da Administração, percebendo a forma concreta com que as regras podem pautar o comportamento dos indivíduos em relação a essa profissão, bem como a importância de todas as demais profissões pautarem suas ações em um código de ética. Bons estudos! 3 U ni da de 56 Ética e Responsabilidade Social Objetivos da Unidade Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de: • Identificar características da ética nos negócios; • Descrever pontos-chave da ética no local de trabalho; • Identificar a importância das características de uma empresa ética; • Caracterizar o código de ética; • Identificar principais tópicos do Código de Ética Profissional dos Profissionais de Administração. Conteúdos da Unidade Acompanhe os conteúdos desta unidade, se preferir, assi- nale-os à medida que for estudando: • Ética nos negócios; • Características de uma empresa ética; • O código de ética; • O Código de Ética Profissional dos Profissionais de Adminis- tração. 57 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC 1 O QUE SIGNIFICA A ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES No final dos anos da década de 1960, a partir de inúmeros escân- dalos acontecidos no mundo empresarial norte-americano, a éti- ca empresarial começou a ser debatida com maior intensidade. A insegurança oferecida por alguns produtos disponibilizados no mercado bem como a desconfiança por parte da sociedade em re- lação a certas práticas empresariais acabaram forçando uma cres- cente reflexão em relação ao comportamento nas organizações. Nessa época, então, não somente a economia passou a ser aborda- da pela ética, mas todo agir social que possui alguma relevância tem sido submetido a uma reflexão de caráter ético e, por conse- quência, toda instituição ou profissão com destaque na socieda- de tem se preocupado com a aplicação da ética em suas funções. Dessa forma, surgiram as éticas aplicadas, dentre as quais citam- se “ética ambiental”, “ética da mídia”, “ética da pesquisa”, “ética da política” e, também, a “ética empresarial” ou, ainda, a “ética dos negócios”. (TRANSFERETTI, 2011) Já nos anos da década de 1980, surgiu uma série de seminários sobre ética nos negócios, cursos foram organizados, comitês de ética foram criados em diferentes organizações e a disciplina de ética foi inserida no currículo de várias universidades. Por conse- guinte, a Europa seguiu o mesmo caminho dos EUA e o fenôme- no americano se repetiu na Bélgica, na Itália, Espanha, França e Inglaterra. (RUSS, 2003) Por que ocorreu essa febre da ética no mundo empresarial? De acordo com Russ (2003), o universo da empresa sempre se deixa- rá guiar pelos cálculos da eficácia e da rentabilidade, porém, ago- ra, sai em busca da alma, da “business ethics” (ética nos negócios). 58 Ética e Responsabilidade Social E como podemos definir essa alma que as empresas estão procu- rando? Pode-se dizer que a tendência mundial, hoje, no mundo dos negócios, é a arte do êxito sustentável e isso significa a bus- ca do interesse global e ético aplicado ao mundo dos negócios. Por estarem preocupadas com a sua sobrevivência a longo prazo, muitas empresas estão se esforçando para conciliar seus interes- ses com os da sociedade maior na qual estão inseridas, criando procedimentos de conduta favoráveis a todos. As empresas têm a necessidade de suprir os bens de consu- mo e serviços requeridos; a necessidade de assegurar que essa produção e seu uso e consumo não exerçam um efeito adverso sobre o atual bem-estar do público em geral; e a necessidade de assegurar que não afetem adversamente as vidas e o bem-estar das gerações futuras. John Kenneth Galbraith De acordo com o pensamento econômico de John Kenneth Gal- braith, acima, o capitalismo precisa descobrir suas regras, pois ter padrões éticos significa ter bons negócios e parceiros a lon- go prazo, tendo em vista que o consumidor está cada vez mais atento ao comportamento das empresas. Dessa forma, há uma intensa relação de troca no relacionamento entre as empresas e a sociedade onde estão inseridas, pelos códigos de conduta, regula- mentos, responsabilidades social, políticas, contratos e liderança. (ALENCASTRO, 2012) A Figura 6 apresenta, de forma clara, as pressões que as empresas vêm sofrendo e que impõem uma radical mudança às suas práti- cas de negócios. 59 UNISOCIESC - Centro Universitário SOCIESC Figura 6: Demandas e pressões sobre as organizações Fonte: Alencastro (2012, p. 62) As pressões que a sociedade exerce sobre as organizações, princi- palmente quanto às restrições de consumo que as chamadas em- presas antiéticas vêm sofrendo, estão produzindo o que alguns autores chamam de ética do consumidor. Nesse tipo de ética, o consumidor volta-se contra as organizações pelas quais se sente lesado e promove toda a sorte de ações legais, boicotes e campa- nhas de difamação, como forma de proteção, o que comprova a necessidade de uma área que promova a reflexão sobre o relacio- namento entre as organizações e a sociedade. (ALENCASTRO, 2012) 60 Ética e Responsabilidade Social A ética empresarial ou organizacional (ou ainda, ética nos negócios) é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. Complementando essa ideia, Passos (2013) afirma que a ética nas organizações refere-se ao estudo da forma pela qual normas mo- rais pessoais se aplicam às atividades e aos objetivos de uma em- presa. Dentre algumas das principais preocupações com a ética no local de trabalho, citamos as que foram agrupadas por Bennett (2008) em quatro grandes áreas: a) Conflito de interesses: momento em que o indivíduo precisa escolher entre atender a seus interesses pessoais, aos da em- presa ou aos de algum outro grupo. b) Honestidade e justiça: a honestidade refere-se à veracidade, integridade e probidade. Justiça é a qualidade de ser justo, equitativo
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