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EA D Vetores 3 1. ObjetivOs • Conceituar vetor em 2R e 3R . • Definir módulo e as operações de adição e subtração de um vetor. • Definir a multiplicação de número real por vetor. • Representar vetores no sistema de eixos ortogonais. • Definir produto escalar e interpretá-lo geometricamente. • Definir produto vetorial e interpretá-lo geometricamente. • Definir produto misto e interpretá-lo geometricamente. 2. COnteúdOs • Vetores e operações com vetores. • Produto escalar. • Produto vetorial. • Produto misto. © Vetores e Geometria Analítica76 3. Orientações para O estudO da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Para aprofundar seus conhecimentos acerca de vetores e seus módulos, assista ao vídeo disponível em: <http:// www.youtube.com/watch?v=YPbw3mUUSqg>. Acesso em: 3 abr. 2013. 2) Verifique o esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 3) Pesquise em livros ou na internet as aplicações do con- ceito de vetores em diversas áreas do conhecimento e nas inúmeras situações práticas e, se encontrar algo in- teressante, disponibilize tal informação para seus cole- gas na Lista. Lembre-se de que você é protagonista do processo educativo. 4) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie seus horizontes teóricos. 4. intrOduçÃO À unidade A ideia de vetor é bastante intuitiva, por isso é preciso com- preender e recordar o significado de grandeza. Grandeza é uma medida para um objeto, ou seja, é tudo o que se pode contar, me- dir e pesar. A massa de um objeto, o comprimento de um edifício, o volume de um tanque, a área de uma sala são exemplos de gran- dezas. Existem dois tipos de grandezas: • Escalares. • Vetoriais. As grandezas escalares são definidas por um único número real, como, por exemplo, o peso, a área, o volume, a temperatura e a densidade. As grandezas vetoriais necessitam de mais valores para serem completamente caracterizadas e é preciso conhecer, além de seu módulo ou comprimento, a sua direção e seu sentido. Vamos esclarecer o que significam direção e sentido. Claretiano - Centro Universitário 77© U3 – Vetores As retas r e s (Figura 1) indicam direções diferentes: uma horizontal e outra inclinada. Figura 1 Reta r horizontal e reta s inclinada. Para entendermos melhor, tomemos como exemplo um ob- jeto que se desloca sobre a reta horizontal r, o qual pode tomar dois sentidos diferentes: para a direita ou para a esquerda (Figura 2). Figura 2 Sentidos de deslocamento sobre a reta r. A representação algébrica e geométrica desses conceitos só é possível graças à ideia de sistema de eixos cartesianos imaginada por Fermat e Descartes que foi abordada na Unidade 1. Nesta unidade, utilizaremos as noções de pontos no plano e no espaço para estudar os vetores. 5. COnCeitO de vetOr O conceito de vetor torna-se mais claro quando o visualiza- mos em um exemplo prático. Considere, então, o exemplo de Win- terle (2000, p. 2): um avião voa com uma velocidade constante de 400 km/h, deslocando-se para o nordeste a um ângulo de 40° em relação ao norte. A velocidade pode ser representada por um seg- mento de módulo (comprimento) 4 cm, em que cada centímetro corresponde a 100 km/h. A direção é indicada pela posição inclina- da do segmento e o sentido é representado pela seta na extremi- dade do segmento (Figura 3). © Vetores e Geometria Analítica78 Figura 3 Representação do módulo, direção e sentido do avião. Note que o módulo do vetor indica a medida da grandeza que queremos descrever, neste caso, a velocidade. Podemos dizer que vetores são, portanto, grandezas repre- sentadas por um segmento orientado. Segmentos que possuem mesmo comprimento, mesma direção e mesmo sentido são repre- sentantes de um mesmo vetor (Figura 4). Figura 4 Representantes de um mesmo vetor. Indicamos um vetor por = v AB (Figura 5), em que A é a origem do segmento orientado e B, a sua extremidade. Figura 5 Vetor = v AB . Os vetores possuem algumas características que devem ser compreendidas para que sejam utilizados de forma apropriada nas situações práticas. Acompanhe: 1) O módulo ou comprimento de um vetor v é indicado por v . 2) O vetor de módulo 1 ( 1v = ) é chamado vetor unitário. Claretiano - Centro Universitário 79© U3 – Vetores 3) O vetor de módulo zero (0) é chamado vetor nulo e in- dicado por 0 ou AA . Ele tem origem e extremidade no mesmo ponto, isto é, qualquer ponto do espaço é repre- sentante do vetor nulo. 4) Dois vetores u e v são iguais (u v= ) se tiverem módulo, direção e sentido iguais. 5) Todo vetor não nulo v tem um vetor oposto v− (Figura 6), de mesmo módulo e direção, mas com sentido con- trário. Figura 6 Vetor v e seu oposto v− . 6) Dois vetores u e v são paralelos ( / /u v ) se seus repre- sentantes tiverem a mesma direção. Os vetores u , v e w da Figura 7 são paralelos. Figura 7 Vetores u , v e w paralelos. 7) Dois vetores u e v são ortogonais ( ⊥ u v ) (Figura 8) se algum representante de u formar ângulo reto com al- gum representante de v . Figura 8 Vetores u e v ortogonais. © Vetores e Geometria Analítica80 Definimos até aqui o conceito intuitivo de vetor, e identifi- camos suas principais características. Vamos agora realizar opera- ções com vetores, começando pela adição. 6. Operações COM vetOres Vimos que os vetores são utilizados para representar objetos que necessitam de mais de uma grandeza para serem caracteriza- dos. Assim como as medidas das grandezas podem ser somadas ou subtraídas, também podemos somar e subtrair vetores. Vamos iniciar pela adição. adição de vetores Para definirmos a adição de dois vetores, considere o vetor u , cujo representante é AB , e o vetor v , cujo representante é BC . A soma + u v é, por definição, o vetor AC , com origem em A e extremidade em C (Figura 9). Figura 9 Soma dos vetores u e v . Se os vetores são paralelos, a soma é ainda mais simples (Fi- gura 10). Se u e v têm mesmo sentido, então o vetor + u v tem comprimento igual à soma dos comprimentos de u e v , e mesma direção e sentido de u e v . Agora, se u e v têm sentidos opos- tos, então o vetor + u v tem comprimento igual à diferença dos comprimentos de u e v , e mesma direção e sentido do maior dos dois vetores. Claretiano - Centro Universitário 81© U3 – Vetores Figura 10 Soma de vetores paralelos. Você encontrará exemplos de soma de vetores quando estudar a representação de vetores no plano cartesiano, mais adiante nesta unidade. subtração de vetores Para definirmos a subtração de vetores, precisamos do conceito de vetor oposto. Considere, então, os vetores u e v . O vetor oposto de v , denotado por − v , tem mesmo módulo e mesma direção de v , mas sentido contrário ao de v . A subtração − u v pode ser entendida como a soma de u com − v : ( )− = + − u v u v . Observe a Figura 11. Figura 11 Soma e subtração de vetores. Além de somar e subtrair vetores, podemos também alterar seu módulo. Para isso, basta multiplicar o vetor por um número real. Estudaremos os detalhes dessa operação a seguir. Multiplicação de vetores Ao multiplicarmos um vetor v por um número real positivo, alteramos seu módulo. Já se multiplicarmos o vetor v por um número negativo, alteramos o seu sentido. Observe com atenção os exemplos na Figura 12. © Vetores e Geometria Analítica82 Figura 12 Multiplicação de número por vetor. Ao conhecermos a definição de vetor, suas características e a forma como operá-los, podemos estudar a representação de ve- tores no sistema cartesiano.Essa forma de representar vetores é essencial para utilizá-los nos problemas práticos. 7. vetOres nO pLanO CartesianO Os vetores são desenhados no plano cartesiano utilizando sua extremidade como orientação. exemplo O vetor ( )3, 2v = corresponde ao vetor que tem origem no ponto ( )0, 0O do plano cartesiano e extremidade no ponto ( )3, 2 . Os valores 3 e 2 são, portanto, as coordenadas do ponto extremo do vetor v . Observe, na Figura 13, vários exemplos de vetores no plano. Figura 13 Vetores representados no plano cartesiano. Claretiano - Centro Universitário 83© U3 – Vetores Mas, por que utilizamos as coordenadas do ponto extremo do vetor para representá-lo? Fazemos isso porque todo vetor pode ser escrito como soma de outros dois vetores. Por exemplo, o vetor ( )3, 2v = da Figura 13 pode ser escrito como soma dos múltiplos de 1 v e 2 v : 1 23 2= + v v v . Dizemos, nesse caso, que v é combinação linear de 1 v e 2 v . O conjunto { }1 2,B v v= é chamado de base no plano. Quando os vetores da base são ortogonais e unitários, dize- mos que eles formam uma base ortonormal. No exemplo anterior, os vetores 1 v e 2 v são ortogonais e unitários; logo, formam uma base ortonormal. E mais! Esses vetores também determinam o sistema carte- siano, e por isso são conhecidos por base canônica. Essa é a base que utilizaremos neste Caderno de Referência de Conteúdo. Veja como ficam as operações definidas até agora, utilizan- do-se pares ordenados: • adição: se ( )1 1,u x y= e ( )2 2,v x y= , então ( )1 2 1 2,u v x x y y+ = + + . Exemplo: considere os vetores ( )1, 5u = e ( )3, 2v = . A soma + u v é: ( ) ( ) ( ) ( )1, 5 3, 2 1 3, 5 2 4,7u v+ = + = + + = . • subtração: se ( )1 1,u x y= e ( )2 2,v x y= , então ( )1 2 1 2,u v x x y y− = − − . Exemplo: considere os vetores ( )1, 5u = e ( )3, 2v = . A subtração − u v é: ( ) ( ) ( ) ( )1, 5 3, 2 1 3, 5 2 2, 3u v− = − = − − = − . • Multiplicação: se ( )1 1,u x y= e α ∈ , então ( ) ( )1 1 1 1, ,a u a x y a x a y⋅ = ⋅ = ⋅ ⋅ . Exemplo: se © Vetores e Geometria Analítica84 multiplicarmos u por 3, encontramos o vetor: ( ) ( )3 3 1, 5 3, 15u = = . vetores definidos por dois pontos Um vetor pode ser definido por dois pontos no plano. Considere o vetor = v AB (Figura 14), de origem no ponto ( )1 1,A x y e extremidade em ( )2 2,B x y . Figura 14 Vetor = v AB no plano. Observando a Figura 14, podemos concluir que + = OA AB OB . Logo, ( ) ( ) ( ) 2 2 1 1 2 1 2 1 , , , AB OB OA AB x y x y AB x x y y = − = − = − − Essa conclusão nos permite afirmar que = − AB B A . O que isso significa? Significa que, se tivermos um vetor com origem num ponto A e extremidade num ponto B, o vetor AB terá coordenadas B A− . Exemplo O vetor de origem no ponto (2, 1)A − e extremidade no ponto (5, 4)B terá as seguintes coordenadas: (5, 4) (2, 1) (3, 5)AB B A= − = − − = . O módulo ou comprimento de um vetor ( , )v x y= é obtido utilizando-se o teorema de Pitágoras: 2 2v x y= + . Por exemplo: o vetor ( 4, 3)v = − (Figura 15) tem módulo Claretiano - Centro Universitário 85© U3 – Vetores 2 2( 4) 3 16 9 25 5v = − + = + = = . Portanto, o vetor tem 5 unidades de comprimento. Figura 15 Vetor ( 4, 3)v = − . vetor unitário Um vetor v pode ser transformado em um vetor de comprimento unitário. Isso é feito dividindo-se as coordenadas de v por seu módulo: v v . Esse vetor é chamado versor de v . Discutimos até aqui a representação dos vetores no plano. Agora veremos como representar os vetores no espaço. Para isso, utilizaremos três coordenadas. 8. vetOres nO espaçO Após a representação de pontos no plano utilizando o conjunto 2R , você verá como podemos representar pontos no espaço, utilizando o conjunto 3R . Os pontos do plano são representados por pares ordenados de números reais ( 2R ), isto é, pares de números que têm uma ordem: primeiro o valor do eixo x, depois o valor do eixo y. Para representar pontos no espaço ( 3R ), precisamos acrescentar um novo eixo: o eixo z. Assim, pontos do espaço devem ter três coordenadas: (x, y, z). O ponto (3, 2, 4)A da Figura 16 é um exemplo de ponto no espaço, observe. © Vetores e Geometria Analítica86 Figura 16 Ponto A representado no sistema cartesiano tridimensional. Os três eixos cartesianos dividem o espaço em oito octantes: 1) O1: x, y e z são positivos. 2) O2: x e z positivos, y negativo. 3) O3: x e y negativos, z positivo. 4) O4: y e z positivos, x negativo. 5) O5: x e y positivos, z negativo. 6) O6: x positivo, y e z negativos. 7) O7: x, y e z negativos. 8) O8: y positivo, x e z negativos. Na Unidade 1, estudamos a identificação de pontos no espaço utilizando três coordenadas (x, y, z) de 3R . Assim como os vetores no plano, representaremos os vetores no espaço por meio de seu ponto extremo, isto é, do ponto que está na extremidade do vetor. Um vetor v de coordenadas (2, 4, 3), por exemplo, é representado no espaço com origem no ponto (0, 0, 0)O e extremidade em (2, 4, 3). Observe a Figura 17. Claretiano - Centro Universitário 87© U3 – Vetores Figura 17 Vetor ( )2, 4, 3v = no sistema cartesiano de três eixos. O espaço 3R possui, também, uma base canônica, isto é, um conjunto formado por três vetores ortogonais e unitários ( ) ( ) ( ){ }1, 0, 0 , 0, 1, 0 , 0, 0, 1B = , capazes de produzir qualquer outro vetor do plano. exemplo 1 O vetor ( )2, 4, 3v = pode ser decomposto como uma soma dos vetores da base canônica: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2, 4, 3 2, 0, 0 0, 4, 0 0, 0, 3 2 1, 0, 0 4 0, 1, 0 3 0, 0, 1 v v v = = + + = ⋅ + ⋅ + ⋅ Veja como essa soma é interpretada geometricamente na Figura 18. © Vetores e Geometria Analítica88 Figura 18 Vetor v obtido pela soma dos vetores canônicos. O exemplo nos permite concluir que a soma de vetores no espaço é semelhante à soma de vetores no plano. exemplo 2 Considere, por exemplo, os vetores ( )2,3,1u = − e ( )1, 1,4v = − . Então: ( ) ( ) ( )2, 3, 1 1, 1, 4 1, 2, 5u v+ = − + − = − ( ) ( ) ( )2, 3, 1 1, 1, 4 3, 4, 3u v− = − − − = − − ( ) ( )7 7 2, 3, 1 14, 21, 7u = ⋅ − = − ( )1 1 1 11, 1, 4 , , 2 2 2 2 2 v − = − ⋅ − = − − As propriedades de vetores no plano também são válidas para vetores no espaço. Observe uma aplicação dessas proprieda- des no exemplo a seguir. exemplo 3 No paralelogramo ABCD da Figura 19 sabe-se que (1, 5, 3)A − , (3, 4, 2)B e (0, 1, 4)C − . Descubra as coordenadas do ponto D. Claretiano - Centro Universitário 89© U3 – Vetores Figura 19 Paralelogramo ABCD. Os vetores AD e BC têm mesmo módulo, direção e sentido. Logo, ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 1, 5, 3 0, 1, 4 3, 4, 2 1, 5, 3 3, 5, 2 3, 5, 2 1, 5, 3 2, 0, 1 AD BC D A C B D D D D = − = − − − = − − − − = − − = − − + − = − − Até aqui, estudamos as operações elementares entre dois ou mais vetores: a adição, a subtração e a multiplicação por um número real. Introduziremos, a seguir, três novas operações entre vetores. A primeira delas é o produto escalar. Essa é uma impor- tante ferramenta no estudo de várias áreas, como a Física. 9. prOdutO esCaLar O produto escalar entre dois vetores ( )1 1 1, ,u x y z= e ( )2 2 2, ,v x y z= é um número real obtido pela expressão: 1 2 1 2 1 2u v x x y y z z⋅ = ⋅ + ⋅ + ⋅ (Lê-se: u escalar v ). Por exemplo, considere os vetores ( )2, 5, 3u = e ( )1, 6, 4v = − . • ⋅ u v ( ) ( ) ( ) 2, 5, 3 1, 6, 4 21 5 6 3 4 2 30 12 40 u v⋅ = ⋅ − = = ⋅ − + ⋅ + ⋅ = − + + = © Vetores e Geometria Analítica90 • ⋅ u u ( ) ( )2, 5, 3 2, 5, 3 2 2 5 5 3 3 4 25 9 38 u u⋅ = ⋅ = = ⋅ + ⋅ + ⋅ = + + = • ( ) ( 2 )u v u v+ ⋅ − . Resolvemos separadamente cada opera- ção entre parênteses: (2, 5, 3) ( 1, 6, 4) (1, 11, 7) 2 (2, 5, 3) 2( 1, 6, 4) (2, 5, 3) ( 2, 12, 8) (4, 7, 5) u v u v + = + − = − = − − = = − − = − − • Substituímos os valores na expressão do produto escalar: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 2 1, 11, 7 4, 7, 5 1 4 11 7 7 5 4 77 35 108 u v u v+ ⋅ − = ⋅ − − = = ⋅ + ⋅ − + ⋅ − = = − − = − Assim como qualquer operação, o produto escalar possui propriedades que devem ser respeitadas durante os cálculos. Para conhecê-las, considere os vetores u , v e w , e o número real α : 1) ⋅ = ⋅ u v v u (comutativa). 2) ( )⋅ + = ⋅ + ⋅ u v w u v u w e ( )+ ⋅ = ⋅ + ⋅ u v w u w v w (distri- butiva). 3) ( ) ( ) ( )α α α⋅ = ⋅ = ⋅ u v u v u v (associativa). 4) 0⋅ > u u se 0≠ u , e 0⋅ = u u se 0= u . 5) 2⋅ = u u u . Claretiano - Centro Universitário 91© U3 – Vetores definição geométrica do produto escalar Considere dois vetores não nulos u e v , e suponha que θ seja o ângulo formado entre eles ( 180θ < ° ). Então o produto es- calar de u e v é definido por: u v u v cos θ⋅ = ⋅ ⋅ . Exemplo Sabendo que os módulos dos vetores u e v são 3= u , 4=v , e que o ângulo entre u e v é igual a 60°, calcular: • O produto escalar u v⋅ . Utilizando uma calculadora científica ou uma tabela trigono- métrica (disponível nos materiais didáticos do Ensino Médio e em diversos sites da internet), descobrimos que 160º 2 cos = . Logo, 13 4 60º 12 6 2 u v u v cos cos θ⋅ = ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ = ⋅ = . • O módulo da soma de u e v : u v+ . Para resolver esse módulo, devemos elevar a expressão ao quadrado. Note que aparecerá um produto escalar u v⋅ : 2 2 2 2 22 3 2 6 4 9 12 16 37u v u u v v+ = + ⋅ + = + ⋅ + = + + = Então: 37+ = u v . • O módulo da diferença entre u e v : − u v . Faremos como no exemplo anterior, elevando a expressão ao quadrado: 2 2 2 2 22 3 2 6 4 9 12 16 13u v u u v v+ = + ⋅ + = − ⋅ + = − + = Então: 13− = u v . © Vetores e Geometria Analítica92 Sabendo que 180θ < ° , o valor de cosθ será igual a zero somente se 90θ = ° . Podemos, então, afirmar que u e v são ortogonais se, e somente se, 0u v⋅ = . A definição geométrica de produto escalar nos permite, também, determinar o ângulo entre dois vetores. Por exemplo, descubra a medida do ângulo formado entre os vetores (1, 1, 4)u = e ( 1, 2, 2)v = − . Obteremos o ângulo desejado utilizando a fórmula: u v u v cos θ⋅ = ⋅ ⋅ . Calculemos o produto escalar e os módulos separadamente: ( ) ( )1, 1, 4 1, 2, 2 1 2 8 9u v⋅ = ⋅ − = − + + = 2 2 21 1 4 1 1 16 18 3 2= + + = + + = =u ( )2 2 21 2 2 1 4 4 9 3= − + + = + + = =v Substituímos, então, os resultados na fórmula: 9 3 2 3 9 9 2 2 2 u v u v cos cos cos cos θ θ θ θ ⋅ = ⋅ ⋅ = ⋅ ⋅ = = O ângulo cujo cosseno é 2 2 é 45θ = ° . Você pode obter esse ângulo calculando o arco cosseno de 2 2 com uma calculadora científica, ou utilizando uma tabela trigonométrica. Escrevemos: 2 45 2 arccosθ = = ° . Claretiano - Centro Universitário 93© U3 – Vetores Além do produto escalar, há outras duas operações definidas entre vetores: o produto vetorial e o produto misto. Estudaremos, a seguir, o produto vetorial. 10. prOdutO vetOriaL O produto vetorial entre dois vetores u e v é um vetor, e não um número, como acontece no produto escalar. Para calcular o produto vetorial (Notação: u v× ), utilizamos determinantes de matrizes. Por isso, será útil recordar esse assunto nos livros do En- sino Médio. O produto vetorial dos vetores 1 1 1( , , )u x y z= e 2 2 2( , , )v x y z= é dado pelo determinante: 1 1 1 2 2 2 × = i j k u v x y z x y z Em que i , j e k indicam os vetores da base canônica. Observe o seguinte exemplo: sendo ( )1, 1, 2u = − e ( )3, 0, 5v = , calcule u v× . ( ) ( ) ( ) 1 1 2 5 3 0 3 0 5 3 0 5 5 2 3 5, 2, 3 i j k u v i j k k i j i j k × = − = − + + − − + + = = − − + = − − No produto vetorial são observadas duas propriedades: • ( )u v v u× = − × , isto é, os vetores u v× e v u× são opostos. • 0u v× = se, e somente se, / /u v . © Vetores e Geometria Analítica94 O vetor resultante do produto vetorial possui características específicas de direção, sentido e módulo. Acompanhe as explica- ções a seguir. direção de u v× O produto vetorial de dois vetores u e v resulta num vetor que é ortogonal tanto a u quanto a v . Observe a Figura 20. Figura 20 Produtos vetoriais × u v e × v u . sentido de u v× Para descobrir o sentido de u v× no espaço, usamos a regra da mão direita: acompanhe, na Figura 21, o movimento do ângulo θ com a mão direita, partindo do vetor u até o vetor v . O polegar indicará o sentido de u v× . Figura 21 Regra da mão direita. Módulo de u v× O módulo ou comprimento de u v× é u v u v senθ× = ⋅ ⋅ , em que θ é o ângulo entre os vetores. Claretiano - Centro Universitário 95© U3 – Vetores Geometricamente, podemos interpretar o módulo do pro- duto vetorial como a área do paralelogramo formado por u e v . Observe atentamente a Figura 22. Figura 22 Paralelogramo determinado pelos vetores u e v . A área de um paralelogramo é obtida pelo produto da medida da base pela altura. Portanto, (base) (altura)A u v sen u vθ= ⋅ = ⋅ ⋅ = × . Já aprendemos, nesta unidade, o conceito de vetor, sua re- presentação algébrica e geométrica, as operações elementares e os produtos escalar e vetorial. Para encerrar, vamos estudar o pro- duto misto. 11. prOdutO MistO Considere os três vetores ( )1 1 1, ,u x y z= , ( )2 2 2, ,v x y z= e ( )3 3 3, ,w x y z= . O produto misto desses vetores é um número real, representado por ( ), ,u v w e obtido pela expressão ( )u v w⋅ × . Essa expressão pode ser facilmente calculada com o uso de determinante: ( ) 1 1 1 2 2 2 3 3 3 x y z u v w x y z x y z ⋅ × = Assim como as demais operações com vetores, o produto misto também possui algumas propriedades. © Vetores e Geometria Analítica96 1) O produto misto muda de sinal ao trocarmos a posição de dois vetores. Acompanhe o exemplo: Dados os vetores (2, 3, 1)u = , (1, 1, 4)v = − e (5, 2, 2)w = , determine ( , , )u v w e ( , , )v u w . ( ) ( ) ( ) 2 3 1 , , 1 1 4 4 60 2 5 16 6 58 17 41 5 2 2 u v w = − = − + + − − + + = − = ( ) ( ) ( ) 1 1 4 , , 2 3 1 6 5 16 60 2 4 17 58 41 5 2 2 v u w − = = − + − + − = − = − 2) ( ) ( ) ( ), , , , , ,u x v w u v w x v w+ = + ( ) ( ) ( ), , , , , ,u v x w u v w u x w+ = + ( ) ( ) ( ), , , , , ,u v w x u v w u v x+ = + 3) ( ) ( ) ( ) ( ), , , , , , , ,au v w u av w x v aw a u v w= = = ( ), , 0u v w = se, e somente se, os três vetores forem co- planares, isto é, pertencerem todos a um mesmo plano. Qual é o significado geométrico do produto misto? O produto misto corresponde ao volume do paralelepípedo formado pelos vetores u , v e w (Figura 23). Figura 23 Paralelepípedo obtido pelos vetores u , v e w . Claretiano - Centro Universitário 97© U3 – Vetores Vimos, nesta unidade, um importante conceito para o estu- do da Geometria Analítica: o vetor.Estudamos sua representação algébrica, utilizando coordenadas, e também sua representação geométrica, por meio do sistema cartesiano de duas e de três co- ordenadas. Aprendemos as operações básicas de soma, subtração e multiplicação por um número real, assim como os produtos en- tre vetores: o produto escalar, o vetorial e o misto. Vimos que esses produtos têm relação direta com o cálculo de áreas e volumes. Na unidade seguinte, estudaremos as cônicas, figuras do plano obtidas a partir da interseção de um cone com um plano. 12. Questões autOavaLiativas Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) No início desta unidade, encontramos um exemplo da utilização de vetor para representar o deslocamento de um avião. Você é capaz de criar outras situações práticas em que se usem vetores? Descreva-as. 2) Explique, por meio de desenhos, os seguintes questionamentos: a) Dois vetores que possuem o mesmo módulo são iguais? b) Dois vetores podem ter mesma direção e mesmo sentido, mas serem diferentes? c) Se dois vetores são ortogonais, eles sempre se interceptam? d) Dois vetores paralelos terão sempre o mesmo sentido? 3) O vetor ( )4, 1AB = , de origem no ponto (0, 0)A e extremidade no ponto (4, 1)B , possui infinitos representantes no espaço. O que significa essa afirmação? Ilustre-a com um desenho no plano cartesiano. 4) Calcule o módulo, ou comprimento, dos seguintes vetores: (3, 1)u = , ( 2, 5)v = − e 3 1, 2 2 w = . Depois, determine o versor de cada um, isto é, transforme-os em vetores de comprimento unitário. 5) Sabendo que o produto escalar é uma ferramenta para determinarmos o ângulo formado por dois vetores, calcule a medida do ângulo formado pelos vetores ( )1, 1, 0u = e ( )0, 1, 0v = . © Vetores e Geometria Analítica98 Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas: 1) A distância percorrida por um objeto, a velocidade, a aceleração, a força aplicada para mover o objeto etc. 2) a) Somente se possuírem também a mesma direção e o mesmo sentido. b) Sim, basta terem módulos diferentes. c) Não. Eles podem possuir representantes no espaço que se interceptam. d) Não. Terão a mesma direção, mas podem ter sentidos opostos. 3) O vetor (4, 1)AB = é um segmento orientado, começando no ponto (0, 0)A e terminando com a seta no ponto (4, 1)B . Qualquer outro ve- tor que possua o mesmo comprimento, a mesma direção e o mesmo sentido de AB , pode representar o vetor AB . 4) Módulos: 10u = , 29v = e 10 2 w = . Versor de (3, 1)u = : 3 1, 10 10 Versor de ( 2, 5)v = − : 2 5, 29 29 − Versor de 3 1, 2 2 w = : 3 1, 10 10 . 5) 45° . 13. COnsiderações Nesta unidade, abordamos os conceitos de vetores e suas operações. Aprendemos a representar vetores no plano e no es- paço, somá-los e subtraí-los, além de alterar seu comprimento por meio da multiplicação por um número real. Claretiano - Centro Universitário 99© U3 – Vetores Estudamos, também, três novas operações com vetores: os produtos escalar, vetorial e misto. O produto escalar nos permite, por exemplo, determinar o ângulo entre dois vetores no espaço; o produto vetorial permite-nos calcular áreas de polígonos no espa- ço; já o produto misto possibilita o cálculo de volumes de alguns sólidos geométricos, como o paralelepípedo. Na Unidade 4, vamos ampliar nosso aprendizado, estudando as retas e os planos. Tais temas são fundamentais para sua for- mação docente, pois envolvem conceitos essenciais abordados no Ensino Médio. 14. e-referências BRASIL ESCOLA. Geometria Analítica. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/ matematica/geometria-analitica.htm>. Acesso em: 8 abr. 2013. NOÉ, M. Plano cartesiano. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/matematica/ plano-cartesiano.htm>. Acesso em: 8 abr. 2013. SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Educação. Cadernos de apoio e aprendizagem: Matemática – Programa de orientações curriculares – 9º Ano. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, Prefeitura de São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www. portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/BibliPed/Documentos/Publicacoes/Cad_Apoio/ Mt/Mt9/Mat_Cont_Aluno_9.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2013. 15. referências BiBLiOGrÁficas CAMARGO, I.; BOULOS, P. Geometria analítica: um tratamento vetorial. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Prentice Hall, 2005. WINTERLE, P. Vetores e Geometria Analítica. São Paulo: Makron Books, 2000. Claretiano - Centro Universitário
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