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Superior Tribunal de Justiça RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 93.847 - SC (2018/0006817-7) RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - RS007574 PIETRO MIORIM - RS070897 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL EMENTA RECURSO EM HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E EVASÃO DE DIVISAS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. MEDIDA EXCEPCIONAL. NULIDADE NO ADITAMENTO DA DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO E ECONOMIA PROCESSUAL. ADITAMENTO QUE EM NADA AFETOU O PACIENTE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INICIAL ACUSATÓRIA QUE ATENDE REQUISITOS DO ART. 41 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – CPP E PERMITE AO ACUSADO CONHECER OS FATOS A ELE IMPUTADOS. EXERCÍCIO DE DEFESA ASSEGURADO. ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE DA CONDUTA. QUESTÃO AFETA AO MÉRITO DA AÇÃO PENAL E QUE DEPENDE DE EXAME APROFUNDADO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE EM SEDE DE HABEAS CORPUS. RECURSO DESPROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, somente é possível o trancamento de ação penal por meio de habeas corpus de maneira excepcional, quando de plano, sem a necessidade de análise fático-probatória, se verifique a atipicidade da conduta, a absoluta falta de provas da materialidade ou de indícios da autoria ou, ainda, a ocorrência de alguma causa extintiva da punibilidade. 2. Inexiste constrangimento ilegal na decisão de magistrado que, de forma fundamentada e em respeito aos princípios da celeridade e economia processual, determinou a intimação do Ministério Público emendasse a inicial "esclarecendo a quem imputa a prática dos delitos descritos no item 2 da peça inicial e individualizando a conduta dos respectivos acusados", antes de rejeitar aquele ponto específico da exordial acusatória. No referido aditamento, não foi acrescida qualquer imputação ou foi trazido qualquer dado que tivesse o condão de influir na apuração dos fatos em relação ao paciente. Essa circunstância que atrai a incidência do art. 566 do Código de Processo Penal – CPP, que determina que "não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa". 3. A denúncia demonstra de forma clara e individualizada quais foram as condutas praticadas pelo paciente, acusado de integrar organização criminosa responsável pela prática de diversas fraudes cambias e evasão de divisas, especificando ser ele um dos agentes de confiança dos líderes da organização. Aponta seu papel com o auxílio Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 1 de 6 Superior Tribunal de Justiça prestados à Vera Lúcia Vogt; relata que empresa I.H.W. Imp Exp. Ltda foi utilizada de forma abusiva pelo acusado em operações que superam R$ 10.300.000,00 (dez milhões, trezentos mil reais), bem como indica diversas interceptações telefônicas no qual foram registradas conversas relativas às operações fraudulentas entre o paciente os líderes da organização. Dessa forma, a denúncia ofertada pelo Parquet, na esteira dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, preenche os requisitos propostos no art. 41 do Código de Processo Penal – CPP, permite o amplo exercício do direito de defesa, assim como a compreensão dos fatos, na medida em que descreve toda a conduta delitiva imputada ao acusado, assim como as circunstâncias do seu cometimento, demostrando indícios suficientes de autoria, a materialidade e delitiva e a existência de nexo causal entre as condutas apontadas e os tipos penais imputados. Precedentes. 4. Inviável a incursão sobre a alegação de serem atípicas as condutas imputadas ao paciente por se tratar de operações comerciais lícitas e devidamente regulamentadas pelo Banco Central. Trata-se de questão relativa ao próprio mérito da ação penal e que depende do aprofundado exame de todo conjunto fático-probatório, procedimento totalmente incompatível com os estreitos limites do remédio heroico, que não admite dilação probatória. Precedentes. 5. Recurso desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, prosseguindo no julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso. Os Srs. Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Ribeiro Dantas (voto-vista) votaram com o Sr. Ministro Relator. SUSTENTARAM ORALMENTE EM 26/3/2019: DR. JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA (P/RECTE) E MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Brasília, 06 de junho de 2019(Data do Julgamento) MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK Relator Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 2 de 6 Superior Tribunal de Justiça RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 93.847 - SC (2018/0006817-7) RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - RS007574 PIETRO MIORIM - RS070897 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK: Trata-se de recurso ordinário em habeas corpus, com pedido liminar, interposto por MARCIO ADRIANO SLONGO, contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região. Consta dos autos que paciente foi denunciado por integrar organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/13) e prestar auxílio em operações de câmbio com fins de evasão de divisas (art. 22 da Lei n. 7.492/86), conforme denúncia de fls. 18/26. Após o oferecimento da denúncia o Juiz de primeiro grau proferiu decisão "para oportunizar ao órgão acusatório que emende a denúncia, esclarecendo a quem imputa a prática dos delitos descritos no item 2 da peça inicial e individualizando a conduta dos respectivos acusados" (fl. 27). O Ministério Público aditou a denúncia à fl. 29. A defesa do acusado impetrou o writ originário pretendendo o reconhecimento de nulidade no aditamento da denúncia e o trancamento da ação penal por ausência de justa causa. O Tribunal a quo denegou a ordem em acórdão assim ementado: HABEAS CORPUS. EVASÃO DE DIVISAS. OPERAÇÃO 'EX CÂMBIO'. OPORTUNIZAÇÃO DE ADITAMENTO À DENÚNCIA. POSSIBILIDADE. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. TESES DEFENSIVAS QUE DEMANDAM DILAÇÃO PROBATÓRIA. INCABÍVEL O EXAME EM SEDE DE HABEAS CORPUS. 1. O trancamento de ação penal por ausência de justa causa pela via do habeas corpus é medida excepcionalíssima, admissível apenas quando o fato narrado na denúncia não configurar, nem mesmo em tese, conduta delitiva, quando restar evidenciada a ilegitimidade ativa ou passiva das partes ou quando incidir qualquer causa extintiva da punibilidade do agente, o que não se verifica na espécie. 2. Pode o juiz possibilitar eventual emenda ou aditamento à denúncia, seja por aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 3 de 6 Superior Tribunal de Justiça autorizada pelo art. 3º do CPP, seja pelos princípios da economia processual e duração razoável do processo, seja, ainda, pela eventual possibilidade de mutatio libelli, sem que isso caracterize nulidade por violação ao princípio acusatório, ou usurpação de exclusiva prerrogativa do órgão acusador. 3. Trata-se de faculdade outorgada ao juiz que preside a causa, orientada pelos princípios da economia, celeridade e melhor aproveitamento do processo, na medida em que, se não recebida de pronto a denúncia originária, bastaria à acusação distribuir nova ação penal, com a supressão da deficiência apontada, o que representaria medida inócua e atentatória à efetividade do processo, já que o não recebimento da denúncia deficiente não impede a propositura de nova ação penal. 4. Afastada a nulidade apontada e demandando as demaisteses defensivas de aprofundado exame de provas, a ser objeto da pertinente instrução criminal, não se tem hipótese de ausência de justa causa para a persecução penal, de modo a autorizar o prematuro trancamento da ação penal, nem o alegado prejuízo, pois efetivamente garantido e exercido o amplo direito de defesa do paciente, decorridos dois anos entre a decisão e a presente impetração, e, também, porque o aditamento não teve qualquer repercussão nas imputações ao paciente. No presente recurso, reitera a defesa as alegações de ser nula a decisão que permitiu aditamento à inicial, por violação ao princípio acusatório. Argumenta que sendo inepta a denúncia, ou ausente algum dos requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal – CPP, deveria o juiz rejeitá-la, não sendo lícito intimar o Ministério Público para aditar a exordial, sob pena de adentrar em esfera própria e exclusiva da acusação, formulando verdadeira opinio delicti. Aduz que o prejuízo é evidente, pois o paciente está respondendo a uma ação penal cuja inicial deveria ter sido rejeitada. Acrescenta que a nulidade apontada acarreta não só a desconstituição da decisão que possibilitou o aditamento à denúncia, mas também, de todos os atos processuais posteriores. Em relação às imputações de integrar organização criminosa e auxiliar na prática do crime de evasão de divisas, afirma que, mesmo após o aditamento à inicial, a denúncia é manifestamente inepta, uma vez que não indica ou descreve quais seriam as atividades ilícitas ou o auxílio prestado. Por fim, sustenta serem atípicas as condutas imputadas ao paciente, uma vez que se tratam de operações comerciais lícitas e devidamente regulamentadas pelo Banco Central. Pretende, inclusive em sede liminar, a suspensão do curso da ação penal Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 4 de 6 Superior Tribunal de Justiça e, no mérito, a concessão a ordem "para que seja reconhecida a nulidade da decisão que determinou a emenda da denúncia, com a consequente nulidade de todos os atos processuais subsequentes, bem como reconhecida a inépcia da denúncia, a atipicidade das condutas e trancada definitivamente a Ação Penal nº. 5023106-60.2015.404.7200/SC contra o ora recorrente" (fl. 272). A liminar foi indeferida, às fls. 298/303, pela Ministra Laurita Vaz, que à época ocupava a Presidência desta Corte Superior. Prestadas as informações (fls. 306/316), o Ministério Público Federal opinou pelo não provimento do recurso, conforme parecer de fls. 320/324 O pedido de reconsideração foi indeferido às fls. 339/340. É o relatório. Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 5 de 6 Superior Tribunal de Justiça RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 93.847 - SC (2018/0006817-7) VOTO O EXMO. SR. MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK (RELATOR): De início, cabe destacar que nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, somente é possível o trancamento de ação penal por meio de habeas corpus de maneira excepcional, quando de plano, sem a necessidade de análise fático-probatória, se verifique a atipicidade da conduta, a absoluta falta de provas da materialidade ou de indícios da autoria ou, ainda, a ocorrência de alguma causa extintiva da punibilidade. Tal não ocorre no presente caso. No tocante a alegação de nulidade do aditamento da denúncia, disse o Juiz de primeiro grau ao proferir despacho determinando a intimação do Ministério Público para esclarecer os termos da denúncia: Verifico, no que diz respeito ao item 2 da denúncia, referente à "BOLETAGEM (UTILIZAÇÃO FRAUDULENTA DE NOME/CPF DE PESSOAS FÍSICAS JUNTO À CORRETORA E AO BACEN)", que o órgão ministerial imputou a prática de preencher e apresentar boletos de câmbio de forma fraudulenta genericamente aos "membros do Grupo Dragone que operam a Mundial Câmbio e Turismo", sem porém esclarecer minimamente quem entende sejam esses membros nem individualizar a conduta de cada um deles. Ainda que em crimes praticados mediante a utilização de pessoas jurídicas não se exija a descrição pormenorizada da atuação dos integrantes da entidade para a caracterização do delito, é necessária ao menos a individualização mínima da conduta atribuída aos acusados, a fim de que os réus possam exercer devidamente o contraditório e a ampla defesa. Assim, por questão de economia processual, antes de proceder à rejeição da denúncia no ponto, entendo adequado intimar o Ministério Público Federal para oportunizar ao órgão acusatório que emende a denúncia, esclarecendo a quem imputa a prática dos delitos descritos no item 2 da peça inicial e individualizando a conduta dos respectivos acusados. Para tanto, concedo o prazo de 5 dias. O Tribunal de origem, por sua vez, afastou a alegação nulidade consignando que (fls. 250/252): Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 6 de 6 Superior Tribunal de Justiça A decisão liminar foi proferida nos seguintes termos: (...) Na espécie, embora ponderáveis os argumentos defensivos, não verifico flagrante ilegalidade na decisão impugnada, capaz de justificar o pedido liminar. E isso porque pode o juiz possibilitar eventual emenda ou aditamento à denúncia, seja por aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, autorizada pelo art. 3º do CPP, seja pelos princípios da economia processual e duração razoável do processo, seja, ainda, pela eventual possibilidade de mutatio libelli, sem que isso caracterize violação ao princípio acusatório, ou usurpação de exclusiva prerrogativa do órgão acusador. Verificando o magistrado a necessidade de emenda à inicial, e sendo certo que o não recebimento da denúncia deficiente não impede a propositura de nova ação penal - o que acarretaria desnecessário ônus e retrabalho a todos que integram a máquina judiciária (Ministério Público Federal, Judiciário e advogados de defesa) -, nada obsta que, por economia processual, o magistrado oportunize à acusação eventual emenda ou aditamento à inicial acusatória. Não se trata de providência impositiva, mas, sim, de faculdade outorgada ao juiz que preside a causa, orientada pelos princípios já citados, em prol da celeridade e do melhor aproveitamento do processo, na medida em que, se não recebida de pronto a denúncia originária, bastaria à acusação distribuir nova ação penal, com a supressão da deficiência apontada, o que representaria medida inócua e atentatória à efetividade do processo. Nesse sentido já decidiu esta Corte, como se vê, apenas para exemplificar, na ementa a seguir: (...) Reitero que oportunizar à acusação a possibilidade de, querendo, emendar ou aditar a inicial acusatória, de modo algum caracteriza usurpação de exclusiva atribuição da acusação, e, menos ainda, formulação de opinio delicti pelo magistrado. Assim, afastada, em juízo preliminar, a nulidade apontada, e ausente o alegado prejuízo, seja porque efetivamente garantido e exercido o amplo direito de defesa do paciente, seja porque passados dois anos entre a decisão e a presente impetração, não vejo como acolher o pleito liminar. ISTO POSTO, indefiro a liminar.' Como já referido, pode o juiz possibilitar eventual emenda ou aditamento à denúncia, seja por aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, autorizada pelo art. 3º do CPP, seja pelos princípios da economia processual e duração razoável do processo, seja, ainda, pela Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 7 de 6 Superior Tribunal de Justiça eventual possibilidade de mutatio libelli, sem que isso caracterize violação ao princípio acusatório, ou usurpação de exclusiva prerrogativa do órgão acusador. Além disso, cumpre destacar que ao prestar informações, a autoridade apontada como coatora noticiou que 'o Ministério Público Federal aditou a denúncia, porém sem qualquer repercussãonas imputações feitas ao paciente', o que, além dos dois anos decorridos entre a decisão impugnada e a presente impetração, do mesmo modo afasta eventual prejuízo ao paciente. Como destacado no acórdão recorrido, inexiste o alegado constrangimento ilegal na decisão de magistrado que, de forma fundamentada e em respeito aos princípios da celeridade e economia processual, determinou a intimação do Ministério Público emendasse a inicial "esclarecendo a quem imputa a prática dos delitos descritos no item 2 da peça inicial e individualizando a conduta dos respectivos acusados", antes de rejeitar aquele ponto específico da exordial acusatória. Cabe destacar, ainda, que no referido aditamento, não foi acrescida qualquer imputação ou foi trazido qualquer dado que tivesse o condão de influir na apuração dos fatos em relação ao paciente. Essa circunstância que atrai a incidência do art. 566 do Código de Processo Penal – CPP, que determina que "não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa", sendo certo que a correta identificação dos autores dos fatos imputados no item 2 da denúncia em nada afetou o paciente. São precedentes nossos: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. AUDIÊNCIA DE OITIVA DE TESTEMUNHAS ARROLADAS PELA ACUSAÇÃO REALIZADA SEM A PRESENÇA DO RÉU. APRESENTAÇÃO DE ATESTADO MÉDICO. PEDIDO DE ADIAMENTO DO ATO INDEFERIDO. NULIDADE RELATIVA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. RECURSO DESPROVIDO. 1. No caso concreto, não restou demonstrado qualquer prejuízo pela ausência do réu ou de seu patrono constituído, que se retirou após indeferido o pedido de adiamento da audiência da oitiva de testemunhas de acusação. Vale ressaltar que o réu foi devidamente representado por Defensora ad hoc. 2. Não se anula ato processual realizado sem a demonstração do efetivo prejuízo para a defesa ou acusação, bem como aquele que não tenha influenciado na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa (arts. 563 e 566 do Código de Processo Penal). 3. Recurso desprovido. (RHC 98.244/MT, Rel. Ministra Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 8 de 6 Superior Tribunal de Justiça LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, DJe 15/10/2018) PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. CONDENAÇÃO CONFIRMADA PELO TRIBUNAL A QUO. ALEGADO VÍCIO NA CITAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. NULIDADE NÃO SUSCITADA NO MOMENTO OPORTUNO. CONVALIDAÇÃO. ART. 571, II, DO CPP. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. O reconhecimento de nulidades no curso do processo penal reclama uma efetiva demonstração do prejuízo à parte, sem a qual prevalecerá o princípio da instrumentalidade das formas positivado pelo art. 563 do CPP (pas de nullité sans grief). 3. Hipótese em que o Tribunal de origem a alegada nulidade da citação, por ausência de prejuízo à defesa. 4. No caso em exame, verifica-se que foram realizadas quatro tentativas de citação do paciente, sendo que todas restaram infrutíferas. Em razão disso, o Juízo singular determinou a citação do paciente por edital e, logo após, determinou a suspensão do processo e do prazo prescricional, nos termos do art. 366 do Código de Processo Penal. Posteriormente, o Ministério Público requereu nova tentativa de citação, o que efetivamente ocorreu. 5. A nulidade apontada não merece prosperar, pois a relação processual já havia se consolidado, na oportunidade em que ocorrera a citação por edital. Além disso, a defesa não indica qual o prejuízo sofrido, bem como o seu reflexo na condenação do paciente, a justificar o reconhecimento da alegada nulidade. 6. Ao arguir nulidades, a parte deverá indicar, de modo objetivo, os prejuízos correspondentes, com influência na apuração da verdade substancial e reflexo na decisão da causa (CPP, art. 566). 7. Nos termos do art. 571, II, do CPP, as nulidades eventualmente ocorridas na instrução devem ser arguidas até as alegações finais, sob pena de convalidação, o que não ocorreu na espécie. 8. Habeas corpus não conhecido. (HC 353.588/MS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, DJe 30/8/2017) PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA AÇÃO PENAL. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. INCLUSÃO EM PAUTA POR TRÊS VEZES CONSECUTIVAS. APRESENTAÇÃO EM MESA PARA JULGAMENTO NA SEGUNDA SESSÃO POSTERIOR À ÚLTIMA INCLUSÃO EM PAUTA. ALEGAÇÃO DE NULIDADE Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 9 de 6 Superior Tribunal de Justiça ABSOLUTA. NÃO OCORRÊNCIA. MERA IRREGULARIDADE. SUSTENTAÇÃO ORAL REGULARMENTE REALIZADA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. INTIMAÇÃO REGULAR DO ACÓRDÃO. NO MÉRITO, INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. INAPLICABILIDADE DO ART. 159 E SEGUINTES DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 1. Dispõe o artigo 566 do CPPl que não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. 2. A ausência de reinclusão do processo em pauta não gerou mínima redução ao direito de ampla defesa do acusado, vez que o defensor já havia exercido seu direito à sustentação oral anteriormente. 3. O dispositivo consagra o princípio pas de nullité sans grief, segundo o qual não há nulidade sem prejuízo. No caso, não houve alegação especifica de prejuízo na defesa do acusado. Houve, portanto, mera irregularidade, incapaz de gerar qualquer prejuízo à parte. 4. O recebimento da denúncia, de forma sólida, e em presente fase processual, qual seja a do seu recebimento, deve se restringir a adequada apreciação dos seus elementos autorizadores, não havendo que se falar em omissão em virtude de mero requerimento, quando realizada a tal prova pericial. Inaplicabilidade do art. 159 e seguintes do CPP. 5. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl na APn 703/GO, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, DJe 4/4/2017) Também não prospera a alegação de inépcia da denúncia em relação as imputações de integrar organização criminosa e auxiliar na prática do crime de evasão de divisas, por não ter sido indicado ou descrito quais seriam as atividades ilícitas ou o auxílio prestado pelo acusado. Sobre esse ponto, vejamos o que consta da inicial acusatório (fls. 19/25): 1) ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA O núcleo da organização criminosa constituída pelos membros do GRUPO DRAGONE é formado por: WILLIAN VOGT DRAGONE, o principal coordenador das atividades do grupo e primeiro na hierarquia de comando da organização (constituiu a MUNDIAL CÂMBIO E TURISMO EIRELI em Balneário Camboriú (correspondente cambial da BROKER BRASIL CORRETORA DE CÂMBIO LTDA., em São Paulo); ANGEL JÚNIOR VOGT DRAGONE (irmão de Willian), que dirige as operações comericias e cambiais; VERA LÚCIA VOGT, mãe deles responsável pela empresa MUNDIAL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA.; ANDREZA ANTUNES DA SILVA, gerente da Mundial Câmbio, responsável por atendimento a clientes e operações de câmbio; ANGEL AUGUSTIN DRAGONE pai de Willian e Angel Jr., e MÁRCIO ADRIANO SLONGO, agentes operacionais de confiança; PAULO CÉSAR VOGT FILHO, agente operacional e pessoa interposta ("laranja"), emprestando o nome para constituição de empresa do grupo. Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 10 de 6 Superior Tribunal de Justiça Outros empregados do grupo, de menor hierarquia, responsáveis principalmente pelo transporte de valores para o grupo: são eles ADRIANO JÚLIO BOSCATO (atualmente afastado das atividades e companheiro de Lisiane Daronchda Costa,), SIDINEI GUIMARÃES DOS SANTOS , ODIRLEI VIVAN (vulgo Odi), THIAGO DE SOUSA ROSA (vulgo Tigre), CLAÚDIO ROGÉIO DE OLIVEIRA (vulgo Miro). A organização criminosa se utiliza das empresas formalmente constituídas para conferir aparência de legitimidade às atividades de boletagem, à contratação clandestina de câmbio e outras fraudes cambiais. A atuação de ODIRLEI , THIAGO , MIRO e SIDINEI , sob coordenação de Angel Junior, como transportadores de dinheiro em espécie é evidenciada por diversos diálogos que revelam a dinâmica do grupo (evento 157 p.10-19, e evento 214 p. 31/32). A atuação de VERA LÚCIA VOGT é evidenciada por telefonemas interceptados que indicam a sua efetiva participação em negócios ilícitos da família, inclusive com algum poder de comando, conforme transparece de conversas do evento 154 p. 31/34 e da informação policial de que Vera comandaria algumas atividades ilícitas com o auxílio de Márcio Adriano Slongo e José Carlos Pazin (evento 1, p.113), que é sócio gerente da J.C.P. Importação e Exportação Ltda. (evento 1, p.115 e 117), a segunda maior parceira comercial da Mundial Câmbio em contratos de câmbio com a Corretora Broker Brasil (responsável por contratos da ordem de U$ 53,7 milhões); sendo também (José Carlos Pazin) identificado como como procurador da empresa I.H.W. Importação e Exportação Ltda., utilizada como empresa interposta em operação de evasão de divisas. ANDREZA ANTUNES DA SILVA participa ativamente de contatos comerciais e de operações de dólar-cabo do grupo Dragone e a Mundial Câmbio, inclusive a operação de remessa de US$ 211.890,00 para a empresa Dezer Family Honldings Inc., por meio da I.H.W. Imp. e Exp. Ltda. Quanto a PAULO CÉSAR VOGT FILHO, foi empregado da Mundial Importação e Exportação (de Vera Lúcia) até dezembro de 2014, recebendo cerca de R$ 1.300,00 mensais (evento 403,2 p. 01). e Desde fevereiro/2015 figura como titular da uma nova empresa efetivamente constituída por Angel Júnior em parceria com Guillermos Andrés Vidic, a GOLDEN WAY EIRELI, mais um braço da organização. Paulo César, não tem efetivamente domínio sobre a titularidade nem a gestão da empresa, mas sim apenas Angel Junior com auxílio de Andreza Antunes atuam diretamente nas negociações da empresa emails, eventos 390,1 e 391,1) que firmou um contrato de parceria com a Broker Corretora. Uma evidência material da conexão permanente entre o Grupo Dragone e o Grupo Daronch é o “extrato de cuenta” (uma conta corrente mantida por clientes de Willian Dragone), interceptado nos autos de quebra de sigilo e reproduzido na fl.90 do Relatório final do IPL, conta essa titulada por “BOLACHA” (Leonardo Daronch da Costa), com número “91” e expressa em “R$”, constando desse extrato diversos lançamentos Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 11 de 6 Superior Tribunal de Justiça de “entra/debito” e “sale/crédito” entre os dias 04.02.2014 até 31.03.2014, com históricos (“description del movimiento”) tipo “saque conta (sale) 93.900,00”, “comissão saque bola (sale) 939,00”, “baixa, ch dep (entra) 167.582,21”, “pago (sale) 184.000,00” etc. (...) 4) OPERAÇÕES IRREGULARES DE CÂMBIO COMERCIAL COM FINS DE EVASÃO DE DIVISAS, ART . 22, CAPUT. No período de novembro/2012 a abril/2015 a empresa Mundial Câmbio e Turismo Eireli (de William Vogt Dragone) intermediou operações de câmbio junto à BROKER BRASIL CORRETORA DE CÂMBIO LTDA na ordem de R$ 268 milhões, sendo que 97% (R$ 260 milhões) dessa atividade cambial está vinculada ao comércio exterior (câmbio comercial). Cerca de 42% das operações de câmbio comercial no período foram processadas através de cessões de crédito, em que o exportador (que deve receber a moeda do importador) transfere o direito de recebimento a terceiros residentes em países diversos. 92% das operações cambiais intermediadas pela Mundial Câmbio junto à corretora Broker Brasil estão ligadas a 15 empresas, que figuram em todas as operações realizadas através de cessão de crédito, sendo as principais empresas contratantes: AR Junior Eireli R$ 62,3 milhões (24%), JCP Imp e Exp Ltda. (de José Carlos Pazin) (R$ 53,7 milhões, 20%), além da empresa I.H.W. Imp.Exp. Ltda EPP (R$ 10,3 milhões, 3,99%, dos quais R$ 4,3 milhões se deram através de cessões de crédito (ev.183, fl.31), tendo como sócios esposa e enteado de José Carlos Pazin, que procurador (gerente) da empresa. A empresa I.H.W. Imp Exp. Ltda foi utilizada de forma abusiva pelos acusados William, Andreza, Marcio Slongo e José Carlos Pazin pois: a) figurou como importadora operações em que o exportador promoveu cessões de crédito no montante de R$ 4,3 milhões (de um total de R$ 10,3 milhões), intermediadas pela Munidal Câmbio e Turismo (ev.183, fl.31) 5 ; b) em diligência no endereço Rua Santa Terezinha, 155, Barracão/PR, constatou-se imóvel em cuja fachada têm o nome da empresa, mas não foi observado nenhum movimento de pessoas no local. Vejamos a cessão de crédito em que figura como cedente a empresa argentina Lanport Tech & Comex SRL (exportadora) e como cessionária a empresa Dezer Family Holdins Inc. dos EUA, no valor de U$ 1.187.260,00 (mais de U$ 1 milhão), juntada no ev.179,4 e que envolve mais de 40 operações de importação pela IHW Imp e Exp. entre dez/2013 e dez/2014. No 21 de janeiro de 2015, às 17:20 hs, Andreza envia, por e-mail, à Corretora Broker, a cessão de crédito da Lanport Tech &Comex (U$ 1,18 milhão), com as repectivas Declarações de Importação (ev. 300, 6,7), para instruir contratos de câmbio da IHW (pretendendo que a moeda estrangeira seja remetida, pela Corretora, diretamente à empresa cessionária dos créditos no exterior 6): “Boa tarde, Segue em anexo cessão de crédito do cliente IHW para fechamento. No aguardo da análise”. Mas a Broker Corretora, às 17:40 hs, solicita “Andreza, boa tarde Favor informar as D.I. referente a cada fatura para que possamos Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 12 de 6 Superior Tribunal de Justiça analisar”. À noite, a partir de 19:12hs, Andreza demanda a Márcio Slongo os dados solicitados pela Broker, e Márcio informa (ev.340, fls.6-7). No dia seguinte, 22.1.2015, às 09:03hs Andreza envia à Broker uma listagem contento número de 50 faturas, e respectivas DIs, datas e valores: “Bom dia André, Segue em anexo as DIs” (evento 300, 8,9). Às 10:45 André, da Broker, solicita informações complementares em relação a quatro DI (ev.300, 10): “Andreza. Necessitamos do CNPJ para consultar as seguintes DI 14/0358265-5, 14/2433447-2, 14/2420912-0 e 14/2377785-0. As demais estão Ok. Favor informar”. Então Andreza às 12:45 fala com Marcio Slongo novamente “eles não falaram se é [CNPJ] da IHW, até tava falando com o Willian, estranho os outros terem passado” (ev.340, fl.10). Na 2ª feira 26.1.2015 às 14:32hs Andreza liga para a Corretora Broker e fala com Marcos Vinícius e depois com Jéssica sobre a pendência dos contratos da IHW. Jessica diz: “O pessoal falou que a IHW ainda não tá ok pra fechar” (ev.299 fls.63-65). Porém, depois de Willian falar rapidamente com Jessica às 19:10, ela em seguida (19:30) envia e-mail a Andreza e a Willian contendo “anexos” os três contratos de câmbio entre a IHW Imp. Exp. e Broker Corretora, de 26.1.2015, figurando como “recebedor no exeterior” a Dezer Family Holdings Inc. somando o valor de U$ 211.890,00, abragendo ao todo sete DI e sete faturas, e juntados nos eventos 300, 11-13, ou 178 IPL, 50-52,. a) o contrato de câmbio 127252618, no valor de U$ 91.350,00 abrange as seguintes DI e faturas: D.I.: 13/2423082-9 (fat. 0004-00000783), DI 13/2450554-2 (fat. 0004-00000784) e DI 13/2507468-3 (fat.0004- 00000787), cada uma no valor de R$ 30.450,00; b) o contrato 0127252620 no valor de U$ 69.600,00 abrange as D.I. 13/2063332-5 (fat. 0004-00000772), e DI 13/2097486-6 (fat.0004-00000775), de U$ 34.800,00 cada uma; c) e o contrato0127252622 no valor de U$ 50.940,00, abrange as D.I. 14/0402912-7 (fat. 0004-00000804) de U$ 24.840,00 e a DI 14/0408340-7 (fat.0004-000000805) no valor de U$ 26.100,00. O efetivo pagamento dos U$ 211.889,00 encontra-se comprovado pelo “Comprovante de pagamento de Swift” do dia 27.1.2015, tendo como benefíciário Dezer Family Holding Inc. nos EUA, endereço: 1800 Collins Av. 31st floor, Sunny Isles Beach, Flórida, 33160; conta: 1100001278876 -IBAN: 1100001278876 - Inst.Financ.: BB&T (Branch Banking and Trust Company (ev. 300,18 c/c ev.178, 4 IPL). Obviamente, não apenas esses U$ 211.890,00 foram remetidos ao exterior, mas sim quase todo o montante correspondente àquela cessão de crédito da Lanport, que reunia dezenas de DI, em valor superior a U$ 1 milhão. Detalhe: a primeira comunicação obtida quanto a pagamentos destinados a Dezer Family Holdings Inc. é de Simone Daronch da Costa (sim, do Grupo Daronch), que naquele dia 21.1.2015 às 16:57hs remete por Skype a Willian Dragone (megajp11) o número da conta de Tatsuo Mizusaki no Banco do Brasil e depois diz: “entrou 197.500” e Willian: “passa a conta” e Simone “bank name.: Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 13 de 6 Superior Tribunal de Justiça BB&T (branch banking and trust company) bank address: 18256, Collins avenue, sunny isles beach, fl 33160 aba number: 263191387 account number: 1100001278876 beneficiary name: dezer family holdings, inc. beneficiary address: 1800, Collins avenue, 31 st, floor, sunny isles brach [sic.], fl 33160 BRBTUS33” 7 (ev.340, fl.11). Outras operações de câmbio irregulares, com fins de evasão de divisas: No dia 12.02.2015, Willian Dragone, usuário megajp11 do Skype, fecha operação de câmbio para cliente desconhecido (mariscal.canija) no valor de R$ 52 mil ao preço de 0,5% ("cable segue 0.5"): depois de receber os dado de um conta bancária de uma empresa no Itaú agência 3003, Willian diz: “que que faço desse real de celso; pego e faço pra você chefe, sem problema; us x ps em salta direto” (ps= peso, Salta, cidade argentina), e o cliente arremata: 12,50 (a taxa de câmbio dolar x peso) (ev. 474, fl.14). Em 20/01/2015, atende a cliente pelo Skype que solicita a remessa de US$ 100.000,00: cliente: “qual tx está op hj”, Willlian: “2.78”, C:“manda pra mim 100 mil uss boletos de at 10 mil por favor”, W: “impossível boleto ate 10 mil dr”, C:“reais”, W:“sim”... C:“quantos dias? chegar”, W:“e pra sky”, C:“sim,” W:“só confirmo pagamento dos boleto libero na hr crédito lá” (ev. 474,1 fl.19). No dia 02.04.2015 às 14:32hs, pelo Skype Willian (magajp11) pergunda a Marcio Slongo se “tem ted 150”, M: não, W: ok, M: tenho só saldo no alex to vendo pra tirar de lá”. Márcio, ao responder que tem saldo “no alex” (provavelmente Alex Sandro dos Santos, titular da empresa AMS IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO DE HORTIFRUTIGRANJEIROS EIRELI, Márcio revela ter alguma gerência sobre contas de Alex (ev.474,1 fl.22-23) 5) CLASSIFICAÇÃO PENAL (...) Marcio Adriano Slongo, José Carlos Pazin: a) integram organização criminosa; b) prestam auxílio em operações de câmbio com fins de evasão de divisas (art. 22 lei 7.492/86). Ao contrário do que sustentam os impetrantes, a denúncia demonstra de forma clara e individualizada quais foram as condutas praticadas pelo paciente, acusado de integrar organização criminosa responsável pela prática de diversas fraudes cambias e evasão de divisas, especificando ser ele acusado um dos agentes de confiança dos líderes da organização. Aponta seu papel com o auxílio prestados à Vera Lúcia Vogt; relata que empresa I.H.W. Imp Exp. Ltda foi utilizada de forma abusiva pelo acusado em operações que superam R$ 10.300.000,00 (dez milhões, trezentos mil reais), bem como indica diversas interceptações telefônicas no qual foram registradas conversas relativas às operações fraudulentas entre o paciente os líderes da organização. Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 14 de 6 Superior Tribunal de Justiça Dessa forma, a denúncia ofertada pelo Parquet, na esteira dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, preenche os requisitos propostos no art. 41 do Código de Processo Penal – CPP, permite o amplo exercício do direito de defesa, assim como a compreensão dos fatos, na medida em que descreve toda a conduta delitiva imputada ao acusado, assim como as circunstâncias do seu cometimento, demostrando indícios suficientes de autoria, a materialidade e delitiva e a existência de nexo causal entre as condutas apontadas e os tipos penais imputados. Nesse sentido: HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PRETENSÃO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INICIAL QUE DESCREVE SATISFATORIAMENTE A SUPOSTA CONDUTA IMPUTADA, INDICANDO TODOS OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS. POSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL MANIFESTO. AUSÊNCIA. 1. O trancamento de ação penal pela via eleita é cabível apenas quando demonstrada a atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou a manifesta ausência de provas da existência do crime e de indícios de autoria. 2. Evidenciado que a inicial narra que a paciente e o corréu seriam os responsáveis pelo repasse dos tributos, uma vez que indicados como responsáveis tributários no contrato social da empresa, cabendo a eles, portanto, as obrigações perante o Fisco, infere-se que não se mostra manifesta a inépcia da denúncia, de sorte a autorizar o trancamento da ação penal. 3. A descrição fática, nessas condições, com uma narrativa congruente dos fatos, ainda que sucinta, atende aos requisitos exigidos na lei, uma vez que nela estão reunidos todos os elementos necessários à caracterização do tipo penal, de forma suficiente não só para propiciar o escorreito exercício do contraditório e da ampla defesa à defesa da paciente, mas, também, para determinar o regular prosseguimento da ação penal deflagrada. 4. Ordem denegada. (HC 454.474/PE, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe 23/10/2018) PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO. ART. 41 DO CPP. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA DOS RECORRENTES. PEÇA INAUGURAL QUE ATENDE AOS REQUISITOS LEGAIS EXIGIDOS E DESCREVE CRIME EM TESE. AMPLA DEFESA GARANTIDA. INÉPCIA NÃO EVIDENCIADA. CONSTRANGIMENTO AFASTADO. Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 15 de 6 Superior Tribunal de Justiça 1. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior de Justiça, "não há como reconhecer a inépcia da denúncia se a descrição da pretensa conduta delituosa foi feita de forma suficiente ao exercício do direito de defesa, com a narrativa de todas as circunstâncias relevantes, permitindo a leitura da peça acusatória a compreensão da acusação, com base no artigo 41 do Código de Processo Penal" (RHC 46.570/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 20/11/2014, DJe 12/12/2014). 2. Não se desconhece que "esta Corte Superior tem reiteradamente decidido ser inepta a denúncia que, mesmo em crimes societários e de autoria coletiva, atribui responsabilidade penal à pessoa física, levando em consideração apenas a qualidade dela dentro da empresa, deixando de demonstrar o vínculo desta com a conduta delituosa, por configurar, além de ofensa à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal, responsabilidade penal objetiva, repudiada pelo ordenamento jurídico pátrio" (RHC 35.687/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Sexta Turma, julgado em 18/09/2014, DJe 07/10/2014). 3. No presente caso, a peça inaugural explicita que os recorridos, na condição de gerente e representantes legais da empresa em questão,agindo em concurso e unidade de desígnios, afixaram, na gôndola em que expostos os produtos à venda aos consumidores, etiqueta contendo seu preço como sendo R$ 0,75 (setenta e cinco centavos de real), entretanto, o preço registrado pelo caixa quando do pagamento era de R$ 0,89 (oitenta e nove centavos de real), enganando número indeterminável de consumidores, que foram induzidos em erro quanto ao preço do produto, o que configuraria a prática do crime do art. 7º, inciso VII, da Lei nº 8.137/90, razão pela qual não há que se falar em defeito na inicial acusatória. 4. Agravo regimental não provido (AgRg no REsp 1504697/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, DJe 5/10/2016). PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. CONSTATAÇÃO DE ERRO MATERIAL NO RELATÓRIO FINAL DO INQUÉRITO POLICIAL. DATA DA DENÚNCIA CORRETA. PRISÃO PREVENTIVA EXCESSO DE PRAZO. QUESTÃO NÃO APRECIADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. INTEGRANTE DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. MODUS OPERANDI. FUGA DO DISTRITO DA CULPA. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. HABEAS CORPUS DENEGADO. 1. A jurisprudência desta Corte Superior entende que a descrição satisfatória dos fatos na denúncia, que propicie o exercício do contraditório e da ampla defesa, conforme ocorre nos autos, afasta a inépcia da petição inicial. 2. A inicial acusatória descreveu os fatos e as Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 16 de 6 Superior Tribunal de Justiça circunstâncias em que o delito praticado teria ocorrido, de modo que a simples divergência entre a data do fato constante na denúncia com relação àquela do relatório final do inquérito não é suficiente para o reconhecimento de sua inépcia, mormente em razão de o Tribunal estadual afirmar que a data constante na denúncia é correta, corroborada pelos demais elementos de provas constantes no inquérito. De mais a mais, a suposta divergência no local dos fatos não foi debatida na instância a quo. 3. A matéria relativa ao excesso de prazo não foi objeto de análise do Tribunal de origem, motivo pelo qual esse ponto não poderá ser conhecido por esta Corte Superior, sob pena de indevida supressão de instância. 4. Apresentada fundamentação idônea para a decretação da prisão preventiva, evidenciada no fato de o paciente integrar organização criminosa, no modus operandi do delito, bem como em que o paciente Leandro Constantino Duarte foi preso na data de 16/10/2015 (fl. 662), se evadiu em 29/07/2016 e foi recapturado em 29/10/2016 (fls. 1013/1016), não há ilegalidade. 5. Habeas corpus denegado. (HC 455.488/ES, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, DJe 3/9/2018) Por fim, mostra-se inviável a incursão sobre a alegação de serem atípicas as condutas imputadas ao paciente, uma vez que se tratam de operações comerciais lícitas e devidamente regulamentadas pelo Banco Central. Com efeito, trata-se de questão relativa ao próprio mérito da ação penal e que depende do aprofundado exame de todo conjunto fático-probatório, procedimento totalmente incompatível com os estreitos limites do remédio heroico, que não admite dilação probatória. É da nossa jurisprudência: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. ROUBO MAJORADO E EXTORSÃO. SENTENÇA CONDENATÓRIA. NULIDADE POR AUSÊNCIA DE DEFESA PRÉVIA. MATÉRIA NÃO APRECIADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. ATIPICIDADE. SENTENÇA CONDENATÓRIA SUPERVENIENTE. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. RECONHECIMENTO PESSOAL. FORMALIDADES RECOMENDADAS PELA LEI PROCESSUAL PENAL. INOBSERVÂNCIA. NULIDADE INOCORRENTE. DECRETO CONDENATÓRIO COM MOTIVAÇÃO IDÔNEA E AMPARO EM AMPLO CONTEXTO PROBATÓRIO. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. (...) 4. A pretensão de reforma do acórdão pela suposta Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 17 de 6 Superior Tribunal de Justiça atipicidade das condutas não pode ser apreciada por esta Corte Superior de Justiça, por demandar o exame aprofundado do conjunto fático-probatório dos autos, inviável na via estreita do habeas corpus. 5. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido que as disposições insculpidas no art. 226 do CPP configuram mera recomendação legal, e não uma exigência, porquanto não se comina a sanção da nulidade quando praticado o reconhecimento pessoal de modo diverso. 6. No caso, não há falar em nulidade por desobediência às formalidades insculpidas no art. 226, II, do CPP, haja vista a inobservância de prejuízo ao réu, conforme entendimento corrente nesta Corte, forjado no princípio pas de nullité sans grief. Ademais, o reconhecimento pessoal, considerado como prova válida, e demais elementos probantes dos autos, legalmente confeccionados no curso da instrução processual, deram suporte ao juízo de convicção sobre a autoria delitiva e, em consequência, ao decreto condenatório. 7. Habeas corpus não conhecido. (HC 417.291/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, DJe 9/4/2018) PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. PREENCHIDOS OS REQUISITOS FORMAIS. JUSTA CAUSA. REVOLVIMENTO DE MATÉRIA FÁTICA. JULGAMENTO MONOCRÁTICO. OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO IMPROVIDO. 1. A denúncia descreve de modo suficiente o fato criminoso e suas circunstâncias, a definição da conduta do autor, sua qualificação ou esclarecimentos capazes de identificá-lo, preenchendo, portanto, os requisitos formais dispostos no art. 41 do Código de Processo Penal, de modo que não se verifica a alegada violação ao art. 395, II do mesmo diploma processual. 2. Acerca da ausência de justa causa, como sabido, o trancamento da ação penal é medida excepcional, só admitida quando restar provada, de forma clara e precisa, sem a necessidade de exame valorativo do conjunto fático ou probatório, a atipicidade da conduta, a ocorrência de causa extintiva da punibilidade, ou, ainda, a ausência de indícios de autoria ou de prova da materialidade. 3. Não se desvencilhando o réu da tarefa de demonstrar que não participou das condutas narradas, apresentando-se fortes os indícios que apontam para o seu envolvimento no fato típico e antijurídico, conclusão em sentido contrário demandaria o reexame de matéria fática, o que é vedado nos estreitos limites da via impugnativa. 4. O julgamento monocrático de habeas corpus não constitui ofensa ao princípio da colegialidade, sobretudo porque, conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, com a interposição de agravo regimental, torna-se superada a alegação de violação ao referido Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 18 de 6 Superior Tribunal de Justiça postulado, tendo em vista a devolução da matéria recursal ao órgão julgador competente. 5. Agravo regimental improvido. (AgRg no HC 430.482/AM, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, DJe 6/6/2018) HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. PEÇA EM CONFORMIDADE COM O DISPOSTO NO ART. 41 DO CPP. CRIME SOCIETÁRIO. POSSIBILIDADE DE DENÚNCIA GERAL. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. AUSÊNCIA DE FLAGRANTE ILEGALIDADE. ATIPICIDADE DA CONDUTA. REEXAME APROFUNDADO DAS PROVAS. IMPOSSIBILIDADE NO ÂMBITO DO WRIT. EXECUÇÃO FISCAL. OFERECIMENTO DE SEGURO GARANTIA. NÃO SE EQUIPARA A PAGAMENTO. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. Por se tratar de habeas corpus substitutivo de recurso próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo a atual orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal e do próprio Superior Tribunal de Justiça - STJ. Contudo, considerando as alegaçõesexpostas na inicial, razoável a análise do feito para verificar a existência de eventual constrangimento ilegal. 2. Nos crimes societários, não se exige a descrição individualizada das condutas de cada acusado, bastando para se assegurar o direito à ampla defesa a descrição do fato delituoso e a indicação da participação de cada autor na empreitada criminosa. Assim, no caso dos autos, não há falar em responsabilidade penal objetiva, tendo em vista que ficou demonstrado na denúncia o liame subjetivo na conduta imputada aos recorrentes, que, como presidente e diretores da pessoa jurídica, supostamente teriam sonegado tributo mediante a inserção de dados inexatos nos livros de entrada. 3. A análise de que a conduta seria atípica demanda o exame aprofundado de todo conjunto probatório como forma de desconstituir as conclusões das instâncias ordinárias, soberanas na análise dos fatos, providência inviável de ser realizada dentro dos estreitos limites do recurso em habeas corpus, que não admite dilação probatória. 4. Por fim verifica-se que "a orientação deste Superior Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão impugnado de que a garantia aceita na execução fiscal não possui a natureza jurídica de pagamento da exação e, portanto, não fulmina a justa causa para a persecução penal, pois não configura hipótese taxativa de extinção da punibilidade do crime tributário" (AgRg no AREsp 831.642/PI, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, DJe 28/06/2016). Habeas Corpus não conhecido. (HC 341.173/PE, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, DJe 7/4/2017) Ausente, portanto, qualquer constrangimento no acórdão atacado que Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 19 de 6 Superior Tribunal de Justiça justifique o provimento do recurso. Ante todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso ordinário. Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 20 de 6 Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA Número Registro: 2018/0006817-7 PROCESSO ELETRÔNICO RHC 93.847 / SC MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 50013944820144047200 50202081620114047200 50231066020154047200 50633806420174040000 SC-50231066020154047200 EM MESA JULGADO: 26/03/2019 Relator Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA SANSEVERINO Secretário Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL AUTUAÇÃO RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - RS007574 PIETRO MIORIM - RS070897 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CORRÉU : WILLIAN VOGT DRAGONE CORRÉU : ANGEL JUNIOR VOGT DRAGONE CORRÉU : ANDREZA ANTUNES DA SILVA CORRÉU : VERA LUCIA VOGT CORRÉU : ANGEL AGUSTIN DRAGONE CORRÉU : JOSE CARLOS PAZIN CORRÉU : ADRIANO JULIO BOSCATO CORRÉU : PAULO CESAR VOGT FILHO CORRÉU : SIDINEI GUIMARAES DOS SANTOS CORRÉU : CLAUDIO ROGERIO DE OLIVEIRA CORRÉU : ODIRLEI VIVAN CORRÉU : THIAGO DE SOUZA ROSA CORRÉU : ANDRE LEMES DA SILVA ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional SUSTENTAÇÃO ORAL SUSTENTARAM ORALMENTE: DR. JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA (P/RECTE) E MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 21 de 6 Superior Tribunal de Justiça realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Após o voto do Sr. Ministro Relator negando provimento ao recurso, no que foi acompanhado pelos votos dos Senhores Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi e Reynaldo Soares da Fonseca, pediu vista o Sr. Ministro Ribeiro Dantas". Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 22 de 6 Superior Tribunal de Justiça RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 93.847 - SC (2018/0006817-7) RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - RS007574 PIETRO MIORIM - RS070897 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL VOTO-VISTA EXMO. SR. MINISTRO RIBEIRO DANTAS: Pedi vista para melhor analisar a existência de vício processual a ensejar a anulação do feito. Segundo entendimento pacífico desta Corte Superior, no campo das nulidades, o processo penal é regido pelo princípio pas de nullité sans grief, impondo-se a manutenção do ato impugnado que, embora praticado em desacordo com a formalidade legal, atinge a sua finalidade, restando à parte demonstrar a ocorrência de efetivo prejuízo, o que não ocorreu no caso em exame. Isso porque, embora o Juízo de 1º grau tenha aberto prazo para aditamento da denúncia pelo Parquet, percebe-se que a emenda foi procedida tão somente em relação ao crime de falsidade de identidade em contratos de câmbio (boletagem), cuja autoria foi atribuída aos corréus Willian Vogt Dragone, Angel Junior Vogt Dragone e Andreza Antunes da Silva, sendo certo que o recorrente apenas foi denunciado pela prática dos crimes de organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/2013) e evasão de divisas (art. 22 da Lei n. 7.492/1986). Nesse passo, o aditamento da inicial não causou qualquer prejuízo à defesa do recorrente, devendo, portanto, ser afastada a nulidade do processo-crime, nos moldes do propugnado no recurso. Além disso, na hipótese em apreço, a inicial acusatória preenche os requisitos exigidos pelo art. 41 do CPP, porquanto descreve que as condutas atribuídas ao ora recorrente, permitindo-lhe rechaçar os fundamentos acusatórios. Acompanho, por seus próprios fundamentos, o voto do eminente relator, no sentido de negar provimento ao recurso ordinário. Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 23 de 6 Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA Número Registro: 2018/0006817-7 PROCESSO ELETRÔNICO RHC 93.847 / SC MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 50013944820144047200 50202081620114047200 50231066020154047200 50633806420174040000 SC-50231066020154047200 EM MESA JULGADO: 06/06/2019 Relator Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. ÁUREA M. E. N. LUSTOSA PIERRE Secretário Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL AUTUAÇÃO RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - RS007574 PIETRO MIORIM - RS070897 RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CORRÉU : WILLIAN VOGT DRAGONE CORRÉU : ANGEL JUNIOR VOGT DRAGONE CORRÉU : ANDREZA ANTUNES DA SILVA CORRÉU : VERA LUCIA VOGT CORRÉU : ANGEL AGUSTIN DRAGONE CORRÉU : JOSE CARLOS PAZIN CORRÉU : ADRIANO JULIO BOSCATO CORRÉU : PAULO CESAR VOGT FILHO CORRÉU : SIDINEI GUIMARAES DOS SANTOS CORRÉU : CLAUDIO ROGERIO DE OLIVEIRA CORRÉU : ODIRLEI VIVAN CORRÉU : THIAGO DE SOUZA ROSA CORRÉU : ANDRE LEMES DA SILVA ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional SUSTENTAÇÃO ORAL SUSTENTARAM ORALMENTE EM 26/3/2019: DR. JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA (P/RECTE) E MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 24 de 6 Superior Tribunal de Justiça realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Prosseguindo no julgamento, a Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso." Os Srs. Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Ribeiro Dantas (voto-vista)votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 25 de 6
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