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3º ACÓRDÃO - Razoabilidade e Razoável duração do processo

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 93.847 - SC (2018/0006817-7)
 
RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK
RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO 
ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - 
RS007574 
 PIETRO MIORIM - RS070897 
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
EMENTA
RECURSO EM HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO 
CRIMINOSA E EVASÃO DE DIVISAS. TRANCAMENTO DA AÇÃO 
PENAL. MEDIDA EXCEPCIONAL. NULIDADE NO ADITAMENTO DA 
DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO 
DO PROCESSO E ECONOMIA PROCESSUAL. ADITAMENTO QUE EM 
NADA AFETOU O PACIENTE. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. INÉPCIA DA 
DENÚNCIA. INICIAL ACUSATÓRIA QUE ATENDE REQUISITOS DO 
ART. 41 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – CPP E PERMITE AO 
ACUSADO CONHECER OS FATOS A ELE IMPUTADOS. EXERCÍCIO 
DE DEFESA ASSEGURADO. ALEGAÇÃO DE ATIPICIDADE DA 
CONDUTA. QUESTÃO AFETA AO MÉRITO DA AÇÃO PENAL E QUE 
DEPENDE DE EXAME APROFUNDADO DO CONJUNTO 
FÁTICO-PROBATÓRIO. INVIABILIDADE EM SEDE DE HABEAS 
CORPUS. RECURSO DESPROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, 
somente é possível o trancamento de ação penal por meio de habeas 
corpus de maneira excepcional, quando de plano, sem a necessidade de 
análise fático-probatória, se verifique a atipicidade da conduta, a absoluta 
falta de provas da materialidade ou de indícios da autoria ou, ainda, a 
ocorrência de alguma causa extintiva da punibilidade. 
2. Inexiste constrangimento ilegal na decisão de magistrado 
que, de forma fundamentada e em respeito aos princípios da celeridade e 
economia processual, determinou a intimação do Ministério Público 
emendasse a inicial "esclarecendo a quem imputa a prática dos delitos 
descritos no item 2 da peça inicial e individualizando a conduta dos 
respectivos acusados", antes de rejeitar aquele ponto específico da 
exordial acusatória.
No referido aditamento, não foi acrescida qualquer 
imputação ou foi trazido qualquer dado que tivesse o condão de influir na 
apuração dos fatos em relação ao paciente. Essa circunstância que atrai 
a incidência do art. 566 do Código de Processo Penal – CPP, que 
determina que "não será declarada a nulidade de ato processual que não 
houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da 
causa". 
3. A denúncia demonstra de forma clara e individualizada 
quais foram as condutas praticadas pelo paciente, acusado de integrar 
organização criminosa responsável pela prática de diversas fraudes 
cambias e evasão de divisas, especificando ser ele um dos agentes de 
confiança dos líderes da organização. Aponta seu papel com o auxílio 
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 1 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
prestados à Vera Lúcia Vogt; relata que empresa I.H.W. Imp Exp. Ltda foi 
utilizada de forma abusiva pelo acusado em operações que superam R$ 
10.300.000,00 (dez milhões, trezentos mil reais), bem como indica 
diversas interceptações telefônicas no qual foram registradas conversas 
relativas às operações fraudulentas entre o paciente os líderes da 
organização.
Dessa forma, a denúncia ofertada pelo Parquet, na 
esteira dos princípios constitucionais da ampla defesa e do 
contraditório, preenche os requisitos propostos no art. 41 do Código de 
Processo Penal – CPP, permite o amplo exercício do direito de 
defesa, assim como a compreensão dos fatos, na medida em que 
descreve toda a conduta delitiva imputada ao acusado, assim como as 
circunstâncias do seu cometimento, demostrando indícios suficientes de 
autoria, a materialidade e delitiva e a existência de nexo causal entre as 
condutas apontadas e os tipos penais imputados. Precedentes.
4. Inviável a incursão sobre a alegação de serem atípicas as 
condutas imputadas ao paciente por se tratar de operações comerciais 
lícitas e devidamente regulamentadas pelo Banco Central. Trata-se de 
questão relativa ao próprio mérito da ação penal e que depende do 
aprofundado exame de todo conjunto fático-probatório, procedimento 
totalmente incompatível com os estreitos limites do remédio heroico, que 
não admite dilação probatória. Precedentes.
5. Recurso desprovido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima 
indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, 
prosseguindo no julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso.
 Os Srs. Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Reynaldo Soares da 
Fonseca e Ribeiro Dantas (voto-vista) votaram com o Sr. Ministro Relator.
SUSTENTARAM ORALMENTE EM 26/3/2019: DR. JOSÉ LUIZ BORGES 
GERMANO DA SILVA (P/RECTE) E MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. 
 
Brasília, 06 de junho de 2019(Data do Julgamento)
MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK 
Relator
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 2 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 93.847 - SC (2018/0006817-7)
RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO 
ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - 
RS007574 
 PIETRO MIORIM - RS070897 
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK: 
Trata-se de recurso ordinário em habeas corpus, com pedido liminar, 
interposto por MARCIO ADRIANO SLONGO, contra acórdão proferido pelo Tribunal 
Regional Federal da 4.ª Região.
Consta dos autos que paciente foi denunciado por integrar organização 
criminosa (art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/13) e prestar auxílio em operações de câmbio 
com fins de evasão de divisas (art. 22 da Lei n. 7.492/86), conforme denúncia de fls. 
18/26. 
Após o oferecimento da denúncia o Juiz de primeiro grau proferiu decisão 
"para oportunizar ao órgão acusatório que emende a denúncia, esclarecendo a quem 
imputa a prática dos delitos descritos no item 2 da peça inicial e individualizando a 
conduta dos respectivos acusados" (fl. 27).
O Ministério Público aditou a denúncia à fl. 29.
A defesa do acusado impetrou o writ originário pretendendo o 
reconhecimento de nulidade no aditamento da denúncia e o trancamento da ação penal 
por ausência de justa causa. O Tribunal a quo denegou a ordem em acórdão assim 
ementado: 
HABEAS CORPUS. EVASÃO DE DIVISAS. OPERAÇÃO 
'EX CÂMBIO'. OPORTUNIZAÇÃO DE ADITAMENTO À DENÚNCIA. 
POSSIBILIDADE. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. TRANCAMENTO DA 
AÇÃO PENAL POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. TESES 
DEFENSIVAS QUE DEMANDAM DILAÇÃO PROBATÓRIA. 
INCABÍVEL O EXAME EM SEDE DE HABEAS CORPUS.
1. O trancamento de ação penal por ausência de justa 
causa pela via do habeas corpus é medida excepcionalíssima, admissível 
apenas quando o fato narrado na denúncia não configurar, nem mesmo 
em tese, conduta delitiva, quando restar evidenciada a ilegitimidade ativa 
ou passiva das partes ou quando incidir qualquer causa extintiva da 
punibilidade do agente, o que não se verifica na espécie.
2. Pode o juiz possibilitar eventual emenda ou aditamento à 
denúncia, seja por aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, 
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 3 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
autorizada pelo art. 3º do CPP, seja pelos princípios da economia 
processual e duração razoável do processo, seja, ainda, pela eventual 
possibilidade de mutatio libelli, sem que isso caracterize nulidade por 
violação ao princípio acusatório, ou usurpação de exclusiva prerrogativa 
do órgão acusador.
3. Trata-se de faculdade outorgada ao juiz que preside a 
causa, orientada pelos princípios da economia, celeridade e melhor 
aproveitamento do processo, na medida em que, se não recebida de 
pronto a denúncia originária, bastaria à acusação distribuir nova ação 
penal, com a supressão da deficiência apontada, o que representaria 
medida inócua e atentatória à efetividade do processo, já que o não 
recebimento da denúncia deficiente não impede a propositura de nova 
ação penal.
4. Afastada a nulidade apontada e demandando as demaisteses defensivas de aprofundado exame de provas, a ser objeto da 
pertinente instrução criminal, não se tem hipótese de ausência de justa 
causa para a persecução penal, de modo a autorizar o prematuro 
trancamento da ação penal, nem o alegado prejuízo, pois efetivamente 
garantido e exercido o amplo direito de defesa do paciente, decorridos 
dois anos entre a decisão e a presente impetração, e, também, porque o 
aditamento não teve qualquer repercussão nas imputações ao paciente.
No presente recurso, reitera a defesa as alegações de ser nula a decisão 
que permitiu aditamento à inicial, por violação ao princípio acusatório. Argumenta que 
sendo inepta a denúncia, ou ausente algum dos requisitos do art. 41 do Código de 
Processo Penal – CPP, deveria o juiz rejeitá-la, não sendo lícito intimar o Ministério 
Público para aditar a exordial, sob pena de adentrar em esfera própria e exclusiva da 
acusação, formulando verdadeira opinio delicti. 
Aduz que o prejuízo é evidente, pois o paciente está respondendo a uma 
ação penal cuja inicial deveria ter sido rejeitada. Acrescenta que a nulidade apontada 
acarreta não só a desconstituição da decisão que possibilitou o aditamento à denúncia, 
mas também, de todos os atos processuais posteriores.
Em relação às imputações de integrar organização criminosa e auxiliar na 
prática do crime de evasão de divisas, afirma que, mesmo após o aditamento à inicial, a 
denúncia é manifestamente inepta, uma vez que não indica ou descreve quais seriam 
as atividades ilícitas ou o auxílio prestado.
Por fim, sustenta serem atípicas as condutas imputadas ao paciente, uma 
vez que se tratam de operações comerciais lícitas e devidamente regulamentadas pelo 
Banco Central. 
Pretende, inclusive em sede liminar, a suspensão do curso da ação penal 
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 4 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
e, no mérito, a concessão a ordem "para que seja reconhecida a nulidade da decisão 
que determinou a emenda da denúncia, com a consequente nulidade de todos os atos 
processuais subsequentes, bem como reconhecida a inépcia da denúncia, a atipicidade 
das condutas e trancada definitivamente a Ação Penal nº. 
5023106-60.2015.404.7200/SC contra o ora recorrente" (fl. 272).
A liminar foi indeferida, às fls. 298/303, pela Ministra Laurita Vaz, que à 
época ocupava a Presidência desta Corte Superior.
Prestadas as informações (fls. 306/316), o Ministério Público Federal 
opinou pelo não provimento do recurso, conforme parecer de fls. 320/324
O pedido de reconsideração foi indeferido às fls. 339/340.
É o relatório.
 
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 5 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 93.847 - SC (2018/0006817-7)
 
VOTO
O EXMO. SR. MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK (RELATOR): 
De início, cabe destacar que nos termos da jurisprudência desta Corte 
Superior, somente é possível o trancamento de ação penal por meio de habeas corpus 
de maneira excepcional, quando de plano, sem a necessidade de análise 
fático-probatória, se verifique a atipicidade da conduta, a absoluta falta de provas da 
materialidade ou de indícios da autoria ou, ainda, a ocorrência de alguma causa extintiva 
da punibilidade. Tal não ocorre no presente caso.
No tocante a alegação de nulidade do aditamento da denúncia, disse o 
Juiz de primeiro grau ao proferir despacho determinando a intimação do Ministério 
Público para esclarecer os termos da denúncia:
Verifico, no que diz respeito ao item 2 da denúncia, referente 
à "BOLETAGEM (UTILIZAÇÃO FRAUDULENTA DE NOME/CPF DE 
PESSOAS FÍSICAS JUNTO À CORRETORA E AO BACEN)", que o 
órgão ministerial imputou a prática de preencher e apresentar boletos de 
câmbio de forma fraudulenta genericamente aos "membros do Grupo 
Dragone que operam a Mundial Câmbio e Turismo", sem porém 
esclarecer minimamente quem entende sejam esses membros nem 
individualizar a conduta de cada um deles.
Ainda que em crimes praticados mediante a utilização de 
pessoas jurídicas não se exija a descrição pormenorizada da atuação dos 
integrantes da entidade para a caracterização do delito, é necessária ao 
menos a individualização mínima da conduta atribuída aos acusados, a 
fim de que os réus possam exercer devidamente o contraditório e a 
ampla defesa.
Assim, por questão de economia processual, antes de 
proceder à rejeição da denúncia no ponto, entendo adequado intimar o 
Ministério Público Federal para oportunizar ao órgão acusatório que 
emende a denúncia, esclarecendo a quem imputa a prática dos delitos 
descritos no item 2 da peça inicial e individualizando a conduta dos 
respectivos acusados.
Para tanto, concedo o prazo de 5 dias.
O Tribunal de origem, por sua vez, afastou a alegação nulidade 
consignando que (fls. 250/252):
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 6 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
A decisão liminar foi proferida nos seguintes termos:
(...)
Na espécie, embora ponderáveis os argumentos 
defensivos, não verifico flagrante ilegalidade na decisão 
impugnada, capaz de justificar o pedido liminar.
E isso porque pode o juiz possibilitar eventual 
emenda ou aditamento à denúncia, seja por aplicação 
subsidiária do Código de Processo Civil, autorizada pelo art. 
3º do CPP, seja pelos princípios da economia processual e 
duração razoável do processo, seja, ainda, pela eventual 
possibilidade de mutatio libelli, sem que isso caracterize 
violação ao princípio acusatório, ou usurpação de exclusiva 
prerrogativa do órgão acusador.
Verificando o magistrado a necessidade de emenda 
à inicial, e sendo certo que o não recebimento da denúncia 
deficiente não impede a propositura de nova ação penal - o 
que acarretaria desnecessário ônus e retrabalho a todos 
que integram a máquina judiciária (Ministério Público 
Federal, Judiciário e advogados de defesa) -, nada obsta 
que, por economia processual, o magistrado oportunize à 
acusação eventual emenda ou aditamento à inicial 
acusatória.
Não se trata de providência impositiva, mas, sim, de 
faculdade outorgada ao juiz que preside a causa, orientada 
pelos princípios já citados, em prol da celeridade e do 
melhor aproveitamento do processo, na medida em que, se 
não recebida de pronto a denúncia originária, bastaria à 
acusação distribuir nova ação penal, com a supressão da 
deficiência apontada, o que representaria medida inócua e 
atentatória à efetividade do processo.
Nesse sentido já decidiu esta Corte, como se vê, 
apenas para exemplificar, na ementa a seguir:
(...)
Reitero que oportunizar à acusação a possibilidade 
de, querendo, emendar ou aditar a inicial acusatória, de 
modo algum caracteriza usurpação de exclusiva atribuição 
da acusação, e, menos ainda, formulação de opinio delicti 
pelo magistrado.
Assim, afastada, em juízo preliminar, a nulidade 
apontada, e ausente o alegado prejuízo, seja porque 
efetivamente garantido e exercido o amplo direito de defesa 
do paciente, seja porque passados dois anos entre a 
decisão e a presente impetração, não vejo como acolher o 
pleito liminar.
ISTO POSTO, indefiro a liminar.' 
Como já referido, pode o juiz possibilitar eventual emenda 
ou aditamento à denúncia, seja por aplicação subsidiária do Código de 
Processo Civil, autorizada pelo art. 3º do CPP, seja pelos princípios da 
economia processual e duração razoável do processo, seja, ainda, pela 
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 7 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
eventual possibilidade de mutatio libelli, sem que isso caracterize violação 
ao princípio acusatório, ou usurpação de exclusiva prerrogativa do órgão 
acusador.
Além disso, cumpre destacar que ao prestar informações, a 
autoridade apontada como coatora noticiou que 'o Ministério Público 
Federal aditou a denúncia, porém sem qualquer repercussãonas 
imputações feitas ao paciente', o que, além dos dois anos decorridos 
entre a decisão impugnada e a presente impetração, do mesmo modo 
afasta eventual prejuízo ao paciente. 
Como destacado no acórdão recorrido, inexiste o alegado 
constrangimento ilegal na decisão de magistrado que, de forma fundamentada e em 
respeito aos princípios da celeridade e economia processual, determinou a intimação do 
Ministério Público emendasse a inicial "esclarecendo a quem imputa a prática dos 
delitos descritos no item 2 da peça inicial e individualizando a conduta dos respectivos 
acusados", antes de rejeitar aquele ponto específico da exordial acusatória. 
Cabe destacar, ainda, que no referido aditamento, não foi acrescida 
qualquer imputação ou foi trazido qualquer dado que tivesse o condão de influir na 
apuração dos fatos em relação ao paciente. Essa circunstância que atrai a incidência 
do art. 566 do Código de Processo Penal – CPP, que determina que "não será 
declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade 
substancial ou na decisão da causa", sendo certo que a correta identificação dos 
autores dos fatos imputados no item 2 da denúncia em nada afetou o paciente. 
São precedentes nossos:
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. 
PROCESSUAL PENAL. AUDIÊNCIA DE OITIVA DE TESTEMUNHAS 
ARROLADAS PELA ACUSAÇÃO REALIZADA SEM A PRESENÇA DO 
RÉU. APRESENTAÇÃO DE ATESTADO MÉDICO. PEDIDO DE 
ADIAMENTO DO ATO INDEFERIDO. NULIDADE RELATIVA. 
PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. RECURSO DESPROVIDO.
1. No caso concreto, não restou demonstrado qualquer 
prejuízo pela ausência do réu ou de seu patrono constituído, que se retirou 
após indeferido o pedido de adiamento da audiência da oitiva de 
testemunhas de acusação. Vale ressaltar que o réu foi devidamente 
representado por Defensora ad hoc.
2. Não se anula ato processual realizado sem a 
demonstração do efetivo prejuízo para a defesa ou acusação, bem 
como aquele que não tenha influenciado na apuração da verdade 
substancial ou na decisão da causa (arts. 563 e 566 do Código de 
Processo Penal).
3. Recurso desprovido. (RHC 98.244/MT, Rel. Ministra 
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 8 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, DJe 15/10/2018)
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS 
SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. 
APROPRIAÇÃO INDÉBITA. CONDENAÇÃO CONFIRMADA PELO 
TRIBUNAL A QUO. ALEGADO VÍCIO NA CITAÇÃO. CERCEAMENTO 
DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. 
AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. NULIDADE NÃO SUSCITADA NO 
MOMENTO OPORTUNO. CONVALIDAÇÃO. ART. 571, II, DO CPP. 
WRIT NÃO CONHECIDO. 
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram 
orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do 
recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não 
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de 
flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 
2. O reconhecimento de nulidades no curso do processo 
penal reclama uma efetiva demonstração do prejuízo à parte, sem a qual 
prevalecerá o princípio da instrumentalidade das formas positivado pelo 
art. 563 do CPP (pas de nullité sans grief).
3. Hipótese em que o Tribunal de origem a alegada nulidade 
da citação, por ausência de prejuízo à defesa.
4. No caso em exame, verifica-se que foram realizadas 
quatro tentativas de citação do paciente, sendo que todas restaram 
infrutíferas. Em razão disso, o Juízo singular determinou a citação do 
paciente por edital e, logo após, determinou a suspensão do processo e 
do prazo prescricional, nos termos do art. 366 do Código de Processo 
Penal. Posteriormente, o Ministério Público requereu nova tentativa de 
citação, o que efetivamente ocorreu.
5. A nulidade apontada não merece prosperar, pois a 
relação processual já havia se consolidado, na oportunidade em que 
ocorrera a citação por edital. Além disso, a defesa não indica qual o 
prejuízo sofrido, bem como o seu reflexo na condenação do paciente, a 
justificar o reconhecimento da alegada nulidade.
6. Ao arguir nulidades, a parte deverá indicar, de modo 
objetivo, os prejuízos correspondentes, com influência na apuração 
da verdade substancial e reflexo na decisão da causa (CPP, art. 566).
7. Nos termos do art. 571, II, do CPP, as nulidades 
eventualmente ocorridas na instrução devem ser arguidas até as 
alegações finais, sob pena de convalidação, o que não ocorreu na 
espécie.
8. Habeas corpus não conhecido. (HC 353.588/MS, Rel. 
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, DJe 30/8/2017)
PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
NA AÇÃO PENAL. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. INCLUSÃO EM 
PAUTA POR TRÊS VEZES CONSECUTIVAS. APRESENTAÇÃO EM 
MESA PARA JULGAMENTO NA SEGUNDA SESSÃO POSTERIOR À 
ÚLTIMA INCLUSÃO EM PAUTA. ALEGAÇÃO DE NULIDADE 
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 9 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
ABSOLUTA. NÃO OCORRÊNCIA. MERA IRREGULARIDADE. 
SUSTENTAÇÃO ORAL REGULARMENTE REALIZADA. PREJUÍZO 
NÃO DEMONSTRADO. INTIMAÇÃO REGULAR DO ACÓRDÃO. NO 
MÉRITO, INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. INAPLICABILIDADE DO ART. 
159 E SEGUINTES DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
1. Dispõe o artigo 566 do CPPl que não será declarada a 
nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da 
verdade substancial ou na decisão da causa.
2. A ausência de reinclusão do processo em pauta não 
gerou mínima redução ao direito de ampla defesa do acusado, vez que o 
defensor já havia exercido seu direito à sustentação oral anteriormente. 
3. O dispositivo consagra o princípio pas de nullité sans 
grief, segundo o qual não há nulidade sem prejuízo. No caso, não houve 
alegação especifica de prejuízo na defesa do acusado. Houve, portanto, 
mera irregularidade, incapaz de gerar qualquer prejuízo à parte. 
4. O recebimento da denúncia, de forma sólida, e em 
presente fase processual, qual seja a do seu recebimento, deve se 
restringir a adequada apreciação dos seus elementos autorizadores, não 
havendo que se falar em omissão em virtude de mero requerimento, 
quando realizada a tal prova pericial. Inaplicabilidade do art. 159 e 
seguintes do CPP.
5. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl na APn 
703/GO, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, DJe 
4/4/2017) 
Também não prospera a alegação de inépcia da denúncia em relação as 
imputações de integrar organização criminosa e auxiliar na prática do crime de evasão 
de divisas, por não ter sido indicado ou descrito quais seriam as atividades ilícitas ou o 
auxílio prestado pelo acusado. 
Sobre esse ponto, vejamos o que consta da inicial acusatório (fls. 19/25):
1) ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA
O núcleo da organização criminosa constituída pelos 
membros do GRUPO DRAGONE é formado por: WILLIAN VOGT 
DRAGONE, o principal coordenador das atividades do grupo e primeiro 
na hierarquia de comando da organização (constituiu a MUNDIAL 
CÂMBIO E TURISMO EIRELI em Balneário Camboriú (correspondente 
cambial da BROKER BRASIL CORRETORA DE CÂMBIO LTDA., em 
São Paulo); ANGEL JÚNIOR VOGT DRAGONE (irmão de Willian), que 
dirige as operações comericias e cambiais; VERA LÚCIA VOGT, mãe 
deles responsável pela empresa MUNDIAL IMPORTAÇÃO E 
EXPORTAÇÃO LTDA.; ANDREZA ANTUNES DA SILVA, gerente da 
Mundial Câmbio, responsável por atendimento a clientes e operações de 
câmbio; ANGEL AUGUSTIN DRAGONE pai de Willian e Angel Jr., e 
MÁRCIO ADRIANO SLONGO, agentes operacionais de confiança; 
PAULO CÉSAR VOGT FILHO, agente operacional e pessoa interposta 
("laranja"), emprestando o nome para constituição de empresa do grupo.
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Outros empregados do grupo, de menor hierarquia, 
responsáveis principalmente pelo transporte de valores para o grupo: são 
eles ADRIANO JÚLIO BOSCATO (atualmente afastado das atividades e 
companheiro de Lisiane Daronchda Costa,), SIDINEI GUIMARÃES DOS 
SANTOS , ODIRLEI VIVAN (vulgo Odi), THIAGO DE SOUSA ROSA 
(vulgo Tigre), CLAÚDIO ROGÉIO DE OLIVEIRA (vulgo Miro).
A organização criminosa se utiliza das empresas 
formalmente constituídas para conferir aparência de legitimidade às 
atividades de boletagem, à contratação clandestina de câmbio e outras 
fraudes cambiais.
A atuação de ODIRLEI , THIAGO , MIRO e SIDINEI , sob 
coordenação de Angel Junior, como transportadores de dinheiro em 
espécie é evidenciada por diversos diálogos que revelam a dinâmica do 
grupo (evento 157 p.10-19, e evento 214 p. 31/32).
A atuação de VERA LÚCIA VOGT é evidenciada por 
telefonemas interceptados que indicam a sua efetiva participação em 
negócios ilícitos da família, inclusive com algum poder de comando, 
conforme transparece de conversas do evento 154 p. 31/34 e da 
informação policial de que Vera comandaria algumas atividades 
ilícitas com o auxílio de Márcio Adriano Slongo e José Carlos Pazin 
(evento 1, p.113), que é sócio gerente da J.C.P. Importação e Exportação 
Ltda. (evento 1, p.115 e 117), a segunda maior parceira comercial da 
Mundial Câmbio em contratos de câmbio com a Corretora Broker Brasil 
(responsável por contratos da ordem de U$ 53,7 milhões); sendo também 
(José Carlos Pazin) identificado como como procurador da empresa 
I.H.W. Importação e Exportação Ltda., utilizada como empresa interposta 
em operação de evasão de divisas.
ANDREZA ANTUNES DA SILVA participa ativamente de 
contatos comerciais e de operações de dólar-cabo do grupo Dragone e a 
Mundial Câmbio, inclusive a operação de remessa de US$ 211.890,00 
para a empresa Dezer Family Honldings Inc., por meio da I.H.W. Imp. e 
Exp. Ltda.
Quanto a PAULO CÉSAR VOGT FILHO, foi empregado da 
Mundial Importação e Exportação (de Vera Lúcia) até dezembro de 2014, 
recebendo cerca de R$ 1.300,00 mensais (evento 403,2 p. 01). e Desde 
fevereiro/2015 figura como titular da uma nova empresa efetivamente 
constituída por Angel Júnior em parceria com Guillermos Andrés Vidic, a 
GOLDEN WAY EIRELI, mais um braço da organização.
Paulo César, não tem efetivamente domínio sobre a 
titularidade nem a gestão da empresa, mas sim apenas Angel Junior com 
auxílio de Andreza Antunes atuam diretamente nas negociações da 
empresa emails, eventos 390,1 e 391,1) que firmou um contrato de 
parceria com a Broker Corretora.
Uma evidência material da conexão permanente entre o 
Grupo Dragone e o Grupo Daronch é o “extrato de cuenta” (uma conta 
corrente mantida por clientes de Willian Dragone), interceptado nos autos 
de quebra de sigilo e reproduzido na fl.90 do Relatório final do IPL, conta 
essa titulada por “BOLACHA” (Leonardo Daronch da Costa), com número 
“91” e expressa em “R$”, constando desse extrato diversos lançamentos 
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de “entra/debito” e “sale/crédito” entre os dias 04.02.2014 até 31.03.2014, 
com históricos (“description del movimiento”) tipo “saque conta (sale) 
93.900,00”, “comissão saque bola (sale) 939,00”, “baixa, ch dep (entra) 
167.582,21”, “pago (sale) 184.000,00” etc.
(...)
4) OPERAÇÕES IRREGULARES DE CÂMBIO 
COMERCIAL COM FINS DE EVASÃO DE DIVISAS, ART . 22, CAPUT. 
No período de novembro/2012 a abril/2015 a empresa 
Mundial Câmbio e Turismo Eireli (de William Vogt Dragone) intermediou 
operações de câmbio junto à BROKER BRASIL CORRETORA DE 
CÂMBIO LTDA na ordem de R$ 268 milhões, sendo que 97% (R$ 260 
milhões) dessa atividade cambial está vinculada ao comércio exterior 
(câmbio comercial). Cerca de 42% das operações de câmbio comercial 
no período foram processadas através de cessões de crédito, em que o 
exportador (que deve receber a moeda do importador) transfere o direito 
de recebimento a terceiros residentes em países diversos.
92% das operações cambiais intermediadas pela Mundial 
Câmbio junto à corretora Broker Brasil estão ligadas a 15 empresas, que 
figuram em todas as operações realizadas através de cessão de crédito, 
sendo as principais empresas contratantes: AR Junior Eireli R$ 62,3 
milhões (24%), JCP Imp e Exp Ltda. (de José Carlos Pazin) (R$ 53,7 
milhões, 20%), além da empresa I.H.W. Imp.Exp. Ltda EPP (R$ 10,3 
milhões, 3,99%, dos quais R$ 4,3 milhões se deram através de cessões 
de crédito (ev.183, fl.31), tendo como sócios esposa e enteado de José 
Carlos Pazin, que procurador (gerente) da empresa.
A empresa I.H.W. Imp Exp. Ltda foi utilizada de forma 
abusiva pelos acusados William, Andreza, Marcio Slongo e José 
Carlos Pazin pois: a) figurou como importadora operações em que o 
exportador promoveu cessões de crédito no montante de R$ 4,3 
milhões (de um total de R$ 10,3 milhões), intermediadas pela 
Munidal Câmbio e Turismo (ev.183, fl.31) 5 ; b) em diligência no 
endereço Rua Santa Terezinha, 155, Barracão/PR, constatou-se 
imóvel em cuja fachada têm o nome da empresa, mas não foi 
observado nenhum movimento de pessoas no local.
Vejamos a cessão de crédito em que figura como cedente a 
empresa argentina Lanport Tech & Comex SRL (exportadora) e como 
cessionária a empresa Dezer Family Holdins Inc. dos EUA, no valor de 
U$ 1.187.260,00 (mais de U$ 1 milhão), juntada no ev.179,4 e que 
envolve mais de 40 operações de importação pela IHW Imp e Exp. entre 
dez/2013 e dez/2014.
No 21 de janeiro de 2015, às 17:20 hs, Andreza envia, por 
e-mail, à Corretora Broker, a cessão de crédito da Lanport Tech &Comex 
(U$ 1,18 milhão), com as repectivas Declarações de Importação (ev. 300, 
6,7), para instruir contratos de câmbio da IHW (pretendendo que a moeda 
estrangeira seja remetida, pela Corretora, diretamente à empresa 
cessionária dos créditos no exterior 6): “Boa tarde, Segue em anexo 
cessão de crédito do cliente IHW para fechamento. No aguardo da 
análise”. Mas a Broker Corretora, às 17:40 hs, solicita “Andreza, boa tarde 
Favor informar as D.I. referente a cada fatura para que possamos 
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analisar”. À noite, a partir de 19:12hs, Andreza demanda a Márcio 
Slongo os dados solicitados pela Broker, e Márcio informa (ev.340, 
fls.6-7).
No dia seguinte, 22.1.2015, às 09:03hs Andreza envia à 
Broker uma listagem contento número de 50 faturas, e respectivas DIs, 
datas e valores: “Bom dia André, Segue em anexo as DIs” (evento 300, 
8,9). Às 10:45 André, da Broker, solicita informações complementares em 
relação a quatro DI (ev.300, 10): “Andreza. Necessitamos do CNPJ para 
consultar as seguintes DI 14/0358265-5, 14/2433447-2, 14/2420912-0 e 
14/2377785-0. As demais estão Ok. Favor informar”. Então Andreza às 
12:45 fala com Marcio Slongo novamente “eles não falaram se é 
[CNPJ] da IHW, até tava falando com o Willian, estranho os outros 
terem passado” (ev.340, fl.10).
Na 2ª feira 26.1.2015 às 14:32hs Andreza liga para a 
Corretora Broker e fala com Marcos Vinícius e depois com Jéssica sobre 
a pendência dos contratos da IHW. Jessica diz: “O pessoal falou que a 
IHW ainda não tá ok pra fechar” (ev.299 fls.63-65). Porém, depois de 
Willian falar rapidamente com Jessica às 19:10, ela em seguida (19:30) 
envia e-mail a Andreza e a Willian contendo “anexos” os três contratos de 
câmbio entre a IHW Imp. Exp. e Broker Corretora, de 26.1.2015, 
figurando como “recebedor no exeterior” a Dezer Family Holdings Inc. 
somando o valor de U$ 211.890,00, abragendo ao todo sete DI e sete 
faturas, e juntados nos eventos 300, 11-13, ou 178 IPL, 50-52,.
a) o contrato de câmbio 127252618, no valor de U$ 
91.350,00 abrange as seguintes DI e faturas: D.I.: 13/2423082-9 (fat. 
0004-00000783), DI 13/2450554-2 (fat. 0004-00000784) e DI 
13/2507468-3 (fat.0004- 00000787), cada uma no valor de R$ 30.450,00;
b) o contrato 0127252620 no valor de U$ 69.600,00 abrange 
as D.I. 13/2063332-5 (fat. 0004-00000772), e DI 13/2097486-6 
(fat.0004-00000775), de U$ 34.800,00 cada uma;
c) e o contrato0127252622 no valor de U$ 50.940,00, 
abrange as D.I. 14/0402912-7 (fat. 0004-00000804) de U$ 24.840,00 e a 
DI 14/0408340-7 (fat.0004-000000805) no valor de U$ 26.100,00.
O efetivo pagamento dos U$ 211.889,00 encontra-se 
comprovado pelo “Comprovante de pagamento de Swift” do dia 27.1.2015, 
tendo como benefíciário Dezer Family Holding Inc. nos EUA, endereço: 
1800 Collins Av. 31st floor, Sunny Isles Beach, Flórida, 33160; conta: 
1100001278876 -IBAN: 1100001278876 - Inst.Financ.: BB&T (Branch 
Banking and Trust Company (ev. 300,18 c/c ev.178, 4 IPL).
Obviamente, não apenas esses U$ 211.890,00 foram 
remetidos ao exterior, mas sim quase todo o montante correspondente 
àquela cessão de crédito da Lanport, que reunia dezenas de DI, em valor 
superior a U$ 1 milhão.
Detalhe: a primeira comunicação obtida quanto a 
pagamentos destinados a Dezer Family Holdings Inc. é de Simone 
Daronch da Costa (sim, do Grupo Daronch), que naquele dia 21.1.2015 
às 16:57hs remete por Skype a Willian Dragone (megajp11) o número da 
conta de Tatsuo Mizusaki no Banco do Brasil e depois diz: “entrou 
197.500” e Willian: “passa a conta” e Simone “bank name.:
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BB&T (branch banking and trust company) bank address: 
18256, Collins avenue, sunny isles beach, fl 33160 aba number: 
263191387 account number: 1100001278876 beneficiary name: dezer 
family holdings, inc. beneficiary address: 1800, Collins avenue, 31 st, floor, 
sunny isles brach [sic.], fl 33160 BRBTUS33” 7 (ev.340, fl.11).
Outras operações de câmbio irregulares, com fins de 
evasão de divisas:
No dia 12.02.2015, Willian Dragone, usuário megajp11 do 
Skype, fecha operação de câmbio para cliente desconhecido 
(mariscal.canija) no valor de R$ 52 mil ao preço de 0,5% ("cable segue 
0.5"): depois de receber os dado de um conta bancária de uma empresa 
no Itaú agência 3003, Willian diz: “que que faço desse real de celso; pego 
e faço pra você chefe, sem problema; us x ps em salta direto” (ps= peso, 
Salta, cidade argentina), e o cliente arremata: 12,50 (a taxa de câmbio 
dolar x peso) (ev. 474, fl.14).
Em 20/01/2015, atende a cliente pelo Skype que solicita a 
remessa de US$ 100.000,00: cliente: “qual tx está op hj”, Willlian: “2.78”, 
C:“manda pra mim 100 mil uss boletos de at 10 mil por favor”, W: 
“impossível boleto ate 10 mil dr”, C:“reais”, W:“sim”... C:“quantos dias? 
chegar”, W:“e pra sky”, C:“sim,” W:“só confirmo pagamento dos boleto 
libero na hr crédito lá” (ev. 474,1 fl.19).
No dia 02.04.2015 às 14:32hs, pelo Skype Willian 
(magajp11) pergunda a Marcio Slongo se “tem ted 150”, M: não, W: 
ok, M: tenho só saldo no alex to vendo pra tirar de lá”. Márcio, ao 
responder que tem saldo “no alex” (provavelmente Alex Sandro dos 
Santos, titular da empresa AMS IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO DE 
HORTIFRUTIGRANJEIROS EIRELI, Márcio revela ter alguma 
gerência sobre contas de Alex (ev.474,1 fl.22-23) 
5) CLASSIFICAÇÃO PENAL
(...)
Marcio Adriano Slongo, José Carlos Pazin: a) integram 
organização criminosa; b) prestam auxílio em operações de câmbio 
com fins de evasão de divisas (art. 22 lei 7.492/86).
Ao contrário do que sustentam os impetrantes, a denúncia demonstra de 
forma clara e individualizada quais foram as condutas praticadas pelo paciente, 
acusado de integrar organização criminosa responsável pela prática de diversas 
fraudes cambias e evasão de divisas, especificando ser ele acusado um dos agentes 
de confiança dos líderes da organização. Aponta seu papel com o auxílio prestados à 
Vera Lúcia Vogt; relata que empresa I.H.W. Imp Exp. Ltda foi utilizada de forma abusiva 
pelo acusado em operações que superam R$ 10.300.000,00 (dez milhões, trezentos 
mil reais), bem como indica diversas interceptações telefônicas no qual foram 
registradas conversas relativas às operações fraudulentas entre o paciente os líderes 
da organização.
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Dessa forma, a denúncia ofertada pelo Parquet, na esteira dos 
princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, preenche os requisitos 
propostos no art. 41 do Código de Processo Penal – CPP, permite o amplo exercício 
do direito de defesa, assim como a compreensão dos fatos, na medida em que 
descreve toda a conduta delitiva imputada ao acusado, assim como as circunstâncias 
do seu cometimento, demostrando indícios suficientes de autoria, a materialidade e 
delitiva e a existência de nexo causal entre as condutas apontadas e os tipos penais 
imputados.
Nesse sentido:
HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM 
TRIBUTÁRIA. PRETENSÃO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. 
INÉPCIA DA DENÚNCIA. INICIAL QUE DESCREVE 
SATISFATORIAMENTE A SUPOSTA CONDUTA IMPUTADA, 
INDICANDO TODOS OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS. 
POSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA 
DEFESA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL MANIFESTO. AUSÊNCIA.
1. O trancamento de ação penal pela via eleita é cabível 
apenas quando demonstrada a atipicidade da conduta, a extinção da 
punibilidade ou a manifesta ausência de provas da existência do crime e 
de indícios de autoria.
2. Evidenciado que a inicial narra que a paciente e o corréu 
seriam os responsáveis pelo repasse dos tributos, uma vez que indicados 
como responsáveis tributários no contrato social da empresa, cabendo a 
eles, portanto, as obrigações perante o Fisco, infere-se que não se 
mostra manifesta a inépcia da denúncia, de sorte a autorizar o 
trancamento da ação penal.
3. A descrição fática, nessas condições, com uma 
narrativa congruente dos fatos, ainda que sucinta, atende aos 
requisitos exigidos na lei, uma vez que nela estão reunidos todos os 
elementos necessários à caracterização do tipo penal, de forma 
suficiente não só para propiciar o escorreito exercício do 
contraditório e da ampla defesa à defesa da paciente, mas, também, 
para determinar o regular prosseguimento da ação penal deflagrada.
4. Ordem denegada. (HC 454.474/PE, Rel. Ministro 
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe 23/10/2018)
PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO 
RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA AS RELAÇÕES DE 
CONSUMO. ART. 41 DO CPP. INÉPCIA DA DENÚNCIA. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA DOS RECORRENTES. PEÇA 
INAUGURAL QUE ATENDE AOS REQUISITOS LEGAIS EXIGIDOS 
E DESCREVE CRIME EM TESE. AMPLA DEFESA GARANTIDA. 
INÉPCIA NÃO EVIDENCIADA. CONSTRANGIMENTO AFASTADO.
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1. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior 
de Justiça, "não há como reconhecer a inépcia da denúncia se a 
descrição da pretensa conduta delituosa foi feita de forma 
suficiente ao exercício do direito de defesa, com a narrativa de 
todas as circunstâncias relevantes, permitindo a leitura da peça 
acusatória a compreensão da acusação, com base no artigo 41 do 
Código de Processo Penal" (RHC 46.570/SP, Rel. Ministra MARIA 
THEREZA DE ASSIS MOURA, Sexta Turma, julgado em 20/11/2014, 
DJe 12/12/2014).
2. Não se desconhece que "esta Corte Superior tem 
reiteradamente decidido ser inepta a denúncia que, mesmo em crimes 
societários e de autoria coletiva, atribui responsabilidade penal à pessoa 
física, levando em consideração apenas a qualidade dela dentro da 
empresa, deixando de demonstrar o vínculo desta com a conduta 
delituosa, por configurar, além de ofensa à ampla defesa, ao 
contraditório e ao devido processo legal, responsabilidade penal 
objetiva, repudiada pelo ordenamento jurídico pátrio" (RHC 35.687/SP, 
Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, Sexta Turma, julgado em 
18/09/2014, DJe 07/10/2014).
3. No presente caso, a peça inaugural explicita que os 
recorridos, na condição de gerente e representantes legais da 
empresa em questão,agindo em concurso e unidade de desígnios, 
afixaram, na gôndola em que expostos os produtos à venda aos 
consumidores, etiqueta contendo seu preço como sendo R$ 0,75 
(setenta e cinco centavos de real), entretanto, o preço registrado pelo 
caixa quando do pagamento era de R$ 0,89 (oitenta e nove centavos 
de real), enganando número indeterminável de consumidores, que foram 
induzidos em erro quanto ao preço do produto, o que configuraria a 
prática do crime do art. 7º, inciso VII, da Lei nº 8.137/90, razão pela qual 
não há que se falar em defeito na inicial acusatória.
4. Agravo regimental não provido (AgRg no REsp 
1504697/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA 
TURMA, DJe 5/10/2016).
PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. 
HOMICÍDIO QUALIFICADO. INÉPCIA DA DENÚNCIA. 
INOCORRÊNCIA. CONSTATAÇÃO DE ERRO MATERIAL NO 
RELATÓRIO FINAL DO INQUÉRITO POLICIAL. DATA DA DENÚNCIA 
CORRETA. PRISÃO PREVENTIVA EXCESSO DE PRAZO. QUESTÃO 
NÃO APRECIADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE 
INSTÂNCIA. FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. INTEGRANTE DE 
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. MODUS OPERANDI. FUGA DO 
DISTRITO DA CULPA. ILEGALIDADE. AUSÊNCIA. HABEAS CORPUS 
DENEGADO.
1. A jurisprudência desta Corte Superior entende que a 
descrição satisfatória dos fatos na denúncia, que propicie o exercício 
do contraditório e da ampla defesa, conforme ocorre nos autos, 
afasta a inépcia da petição inicial. 
2. A inicial acusatória descreveu os fatos e as 
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circunstâncias em que o delito praticado teria ocorrido, de modo que a 
simples divergência entre a data do fato constante na denúncia com 
relação àquela do relatório final do inquérito não é suficiente para o 
reconhecimento de sua inépcia, mormente em razão de o Tribunal 
estadual afirmar que a data constante na denúncia é correta, corroborada 
pelos demais elementos de provas constantes no inquérito. De mais a 
mais, a suposta divergência no local dos fatos não foi debatida na 
instância a quo.
3. A matéria relativa ao excesso de prazo não foi objeto de 
análise do Tribunal de origem, motivo pelo qual esse ponto não poderá ser 
conhecido por esta Corte Superior, sob pena de indevida supressão de 
instância.
4. Apresentada fundamentação idônea para a decretação da 
prisão preventiva, evidenciada no fato de o paciente integrar organização 
criminosa, no modus operandi do delito, bem como em que o paciente 
Leandro Constantino Duarte foi preso na data de 16/10/2015 (fl. 662), se 
evadiu em 29/07/2016 e foi recapturado em 29/10/2016 (fls. 1013/1016), 
não há ilegalidade.
5. Habeas corpus denegado. (HC 455.488/ES, Rel. Ministro 
NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, DJe 3/9/2018)
Por fim, mostra-se inviável a incursão sobre a alegação de serem atípicas 
as condutas imputadas ao paciente, uma vez que se tratam de operações comerciais 
lícitas e devidamente regulamentadas pelo Banco Central. Com efeito, trata-se de 
questão relativa ao próprio mérito da ação penal e que depende do aprofundado exame 
de todo conjunto fático-probatório, procedimento totalmente incompatível com os 
estreitos limites do remédio heroico, que não admite dilação probatória.
É da nossa jurisprudência:
PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO 
DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. ROUBO MAJORADO E 
EXTORSÃO. SENTENÇA CONDENATÓRIA. NULIDADE POR 
AUSÊNCIA DE DEFESA PRÉVIA. MATÉRIA NÃO APRECIADA PELO 
TRIBUNAL DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. ATIPICIDADE. 
SENTENÇA CONDENATÓRIA SUPERVENIENTE. NECESSIDADE DE 
REVOLVIMENTO DO CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. RECONHECIMENTO PESSOAL. 
FORMALIDADES RECOMENDADAS PELA LEI PROCESSUAL 
PENAL. INOBSERVÂNCIA. NULIDADE INOCORRENTE. DECRETO 
CONDENATÓRIO COM MOTIVAÇÃO IDÔNEA E AMPARO EM 
AMPLO CONTEXTO PROBATÓRIO. PREJUÍZO NÃO 
DEMONSTRADO. PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. HABEAS CORPUS 
NÃO CONHECIDO. 
(...)
4. A pretensão de reforma do acórdão pela suposta 
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atipicidade das condutas não pode ser apreciada por esta Corte 
Superior de Justiça, por demandar o exame aprofundado do 
conjunto fático-probatório dos autos, inviável na via estreita do 
habeas corpus.
5. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido que as 
disposições insculpidas no art. 226 do CPP configuram mera 
recomendação legal, e não uma exigência, porquanto não se comina a 
sanção da nulidade quando praticado o reconhecimento pessoal de modo 
diverso.
6. No caso, não há falar em nulidade por desobediência às 
formalidades insculpidas no art. 226, II, do CPP, haja vista a 
inobservância de prejuízo ao réu, conforme entendimento corrente nesta 
Corte, forjado no princípio pas de nullité sans grief.
Ademais, o reconhecimento pessoal, considerado como 
prova válida, e demais elementos probantes dos autos, legalmente 
confeccionados no curso da instrução processual, deram suporte ao juízo 
de convicção sobre a autoria delitiva e, em consequência, ao decreto 
condenatório.
7. Habeas corpus não conhecido. (HC 417.291/SP, Rel. 
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, DJe 9/4/2018)
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. 
INÉPCIA DA DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. PREENCHIDOS OS 
REQUISITOS FORMAIS. JUSTA CAUSA. REVOLVIMENTO DE 
MATÉRIA FÁTICA. JULGAMENTO MONOCRÁTICO. OFENSA AO 
PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. 
PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO IMPROVIDO.
1. A denúncia descreve de modo suficiente o fato criminoso 
e suas circunstâncias, a definição da conduta do autor, sua qualificação 
ou esclarecimentos capazes de identificá-lo, preenchendo, portanto, os 
requisitos formais dispostos no art. 41 do Código de Processo Penal, de 
modo que não se verifica a alegada violação ao art. 395, II do mesmo 
diploma processual.
2. Acerca da ausência de justa causa, como sabido, o 
trancamento da ação penal é medida excepcional, só admitida quando 
restar provada, de forma clara e precisa, sem a necessidade de exame 
valorativo do conjunto fático ou probatório, a atipicidade da conduta, a 
ocorrência de causa extintiva da punibilidade, ou, ainda, a ausência de 
indícios de autoria ou de prova da materialidade.
3. Não se desvencilhando o réu da tarefa de demonstrar 
que não participou das condutas narradas, apresentando-se fortes 
os indícios que apontam para o seu envolvimento no fato típico e 
antijurídico, conclusão em sentido contrário demandaria o reexame 
de matéria fática, o que é vedado nos estreitos limites da via 
impugnativa.
4. O julgamento monocrático de habeas corpus não 
constitui ofensa ao princípio da colegialidade, sobretudo porque, conforme 
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, com a interposição de 
agravo regimental, torna-se superada a alegação de violação ao referido 
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postulado, tendo em vista a devolução da matéria recursal ao órgão 
julgador competente.
5. Agravo regimental improvido. (AgRg no HC 430.482/AM, 
Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, DJe 6/6/2018)
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO 
PRÓPRIO. NÃO CABIMENTO. CRIME CONTRA A ORDEM 
TRIBUTÁRIA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. PEÇA 
EM CONFORMIDADE COM O DISPOSTO NO ART. 41 DO CPP. 
CRIME SOCIETÁRIO. POSSIBILIDADE DE DENÚNCIA GERAL. 
INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. 
AUSÊNCIA DE FLAGRANTE ILEGALIDADE. ATIPICIDADE DA 
CONDUTA. REEXAME APROFUNDADO DAS PROVAS. 
IMPOSSIBILIDADE NO ÂMBITO DO WRIT. EXECUÇÃO FISCAL. 
OFERECIMENTO DE SEGURO GARANTIA. NÃO SE EQUIPARA A 
PAGAMENTO. WRIT NÃO CONHECIDO.
1. Por se tratar de habeas corpus substitutivo de recurso 
próprio, a impetração não deve ser conhecida, segundo a atual orientação 
jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal e do próprio Superior Tribunal 
de Justiça - STJ. Contudo, considerando as alegaçõesexpostas na 
inicial, razoável a análise do feito para verificar a existência de eventual 
constrangimento ilegal. 
2. Nos crimes societários, não se exige a descrição 
individualizada das condutas de cada acusado, bastando para se 
assegurar o direito à ampla defesa a descrição do fato delituoso e a 
indicação da participação de cada autor na empreitada criminosa. Assim, 
no caso dos autos, não há falar em responsabilidade penal objetiva, tendo 
em vista que ficou demonstrado na denúncia o liame subjetivo na conduta 
imputada aos recorrentes, que, como presidente e diretores da pessoa 
jurídica, supostamente teriam sonegado tributo mediante a inserção de 
dados inexatos nos livros de entrada. 
3. A análise de que a conduta seria atípica demanda o 
exame aprofundado de todo conjunto probatório como forma de 
desconstituir as conclusões das instâncias ordinárias, soberanas na 
análise dos fatos, providência inviável de ser realizada dentro dos 
estreitos limites do recurso em habeas corpus, que não admite 
dilação probatória. 
4. Por fim verifica-se que "a orientação deste Superior 
Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão impugnado de que a 
garantia aceita na execução fiscal não possui a natureza jurídica de 
pagamento da exação e, portanto, não fulmina a justa causa para a 
persecução penal, pois não configura hipótese taxativa de extinção da 
punibilidade do crime tributário" (AgRg no AREsp 831.642/PI, Rel. Ministro 
ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, DJe 28/06/2016).
Habeas Corpus não conhecido. (HC 341.173/PE, Rel. 
Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, DJe 7/4/2017)
Ausente, portanto, qualquer constrangimento no acórdão atacado que 
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justifique o provimento do recurso.
Ante todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso 
ordinário.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
 
 
Número Registro: 2018/0006817-7 PROCESSO ELETRÔNICO RHC 93.847 / SC
MATÉRIA CRIMINAL
Números Origem: 50013944820144047200 50202081620114047200 50231066020154047200 
50633806420174040000 SC-50231066020154047200
EM MESA JULGADO: 26/03/2019
Relator
Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA SANSEVERINO
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO 
ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - RS007574 
 PIETRO MIORIM - RS070897 
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
CORRÉU : WILLIAN VOGT DRAGONE 
CORRÉU : ANGEL JUNIOR VOGT DRAGONE 
CORRÉU : ANDREZA ANTUNES DA SILVA 
CORRÉU : VERA LUCIA VOGT 
CORRÉU : ANGEL AGUSTIN DRAGONE 
CORRÉU : JOSE CARLOS PAZIN 
CORRÉU : ADRIANO JULIO BOSCATO 
CORRÉU : PAULO CESAR VOGT FILHO 
CORRÉU : SIDINEI GUIMARAES DOS SANTOS 
CORRÉU : CLAUDIO ROGERIO DE OLIVEIRA 
CORRÉU : ODIRLEI VIVAN 
CORRÉU : THIAGO DE SOUZA ROSA 
CORRÉU : ANDRE LEMES DA SILVA 
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes contra o Sistema 
Financeiro Nacional
SUSTENTAÇÃO ORAL
SUSTENTARAM ORALMENTE: DR. JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA (P/RECTE) 
E MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
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realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Após o voto do Sr. Ministro Relator negando provimento ao recurso, no que foi 
acompanhado pelos votos dos Senhores Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi e Reynaldo Soares 
da Fonseca, pediu vista o Sr. Ministro Ribeiro Dantas".
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RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 93.847 - SC (2018/0006817-7)
RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK
RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO 
ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - 
RS007574 
 PIETRO MIORIM - RS070897 
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
VOTO-VISTA
EXMO. SR. MINISTRO RIBEIRO DANTAS: 
Pedi vista para melhor analisar a existência de vício processual a ensejar a 
anulação do feito. 
Segundo entendimento pacífico desta Corte Superior, no campo das nulidades, o 
processo penal é regido pelo princípio pas de nullité sans grief, impondo-se a manutenção do 
ato impugnado que, embora praticado em desacordo com a formalidade legal, atinge a sua 
finalidade, restando à parte demonstrar a ocorrência de efetivo prejuízo, o que não ocorreu no 
caso em exame.
Isso porque, embora o Juízo de 1º grau tenha aberto prazo para aditamento da 
denúncia pelo Parquet, percebe-se que a emenda foi procedida tão somente em relação ao crime 
de falsidade de identidade em contratos de câmbio (boletagem), cuja autoria foi atribuída aos 
corréus Willian Vogt Dragone, Angel Junior Vogt Dragone e Andreza Antunes da Silva, sendo 
certo que o recorrente apenas foi denunciado pela prática dos crimes de organização criminosa 
(art. 2º, caput, da Lei n. 12.850/2013) e evasão de divisas (art. 22 da Lei n. 7.492/1986). Nesse 
passo, o aditamento da inicial não causou qualquer prejuízo à defesa do recorrente, devendo, 
portanto, ser afastada a nulidade do processo-crime, nos moldes do propugnado no recurso. 
Além disso, na hipótese em apreço, a inicial acusatória preenche os requisitos 
exigidos pelo art. 41 do CPP, porquanto descreve que as condutas atribuídas ao ora recorrente, 
permitindo-lhe rechaçar os fundamentos acusatórios. 
Acompanho, por seus próprios fundamentos, o voto do eminente relator, no 
sentido de negar provimento ao recurso ordinário. 
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
 
 
Número Registro: 2018/0006817-7 PROCESSO ELETRÔNICO RHC 93.847 / SC
MATÉRIA CRIMINAL
Números Origem: 50013944820144047200 50202081620114047200 50231066020154047200 
50633806420174040000 SC-50231066020154047200
EM MESA JULGADO: 06/06/2019
Relator
Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ÁUREA M. E. N. LUSTOSA PIERRE
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MARCIO ADRIANO SLONGO 
ADVOGADOS : JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA SILVA E OUTRO(S) - RS007574 
 PIETRO MIORIM - RS070897 
RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
CORRÉU : WILLIAN VOGT DRAGONE 
CORRÉU : ANGEL JUNIOR VOGT DRAGONE 
CORRÉU : ANDREZA ANTUNES DA SILVA 
CORRÉU : VERA LUCIA VOGT 
CORRÉU : ANGEL AGUSTIN DRAGONE 
CORRÉU : JOSE CARLOS PAZIN 
CORRÉU : ADRIANO JULIO BOSCATO 
CORRÉU : PAULO CESAR VOGT FILHO 
CORRÉU : SIDINEI GUIMARAES DOS SANTOS 
CORRÉU : CLAUDIO ROGERIO DE OLIVEIRA 
CORRÉU : ODIRLEI VIVAN 
CORRÉU : THIAGO DE SOUZA ROSA 
CORRÉU : ANDRE LEMES DA SILVA 
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes contra o Sistema 
Financeiro Nacional
SUSTENTAÇÃO ORAL
SUSTENTARAM ORALMENTE EM 26/3/2019: DR. JOSÉ LUIZ BORGES GERMANO DA 
SILVA (P/RECTE) E MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão 
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 24 de 6
 
 
Superior Tribunal de Justiça
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Prosseguindo no julgamento, a Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso."
Os Srs. Ministros Felix Fischer, Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Ribeiro 
Dantas (voto-vista)votaram com o Sr. Ministro Relator.
Documento: 1807315 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 27/06/2019 Página 25 de 6

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