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1 O PROJETO RECA E A DIVERSIDADE PRODUTIVA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA REGIÃO AMAZÔNICA MARIA HELENA DA SILVA E SOUZA JEMERSON LIMA DUARTE CLÉBIO BILLIANY DE MATOS RESUMO: O Projeto Reca traz uma proposta produtiva agroflorestal, baseada na associação e respeitando o meio ambiente, abordando como alternativa o reflorestamento. O objetivo geral do estudo é compreender a multidisciplinariedade produtiva na região amazônica por meio do Projeto Reca. Para essa finalidade utilizou-se de pesquisa exploratória, pesquisa bibliográfica e método fenomenológico. Os resultados obtidos por meio da literatura visualizaram um projeto de sucesso, em constante crescimento e com uma multidisciplinariedade de produtos, tendo como carro chefe o fruto cupuaçu, comercializado no Brasil e em algumas partes do mundo. Palavras Chaves: Projeto Reca. Desenvolvimento Sustentável. Região Amazônica. INTRODUÇÃO O projeto RECA desempenha um importante papel técnico e econômico, desenvolvendo de forma sustentável a região amazônica. Trata-se de um empreendimento de sucesso, apesar das restrições na produção familiar, isso devido a economia institucional, o buscar soluções, enfrentando as adversidades regionais. O Reflorestamento Econômico proposto pelo RECA localiza-se na divisa entre os Estados do Acre e Rondônia, porém, pertence ao município de Porto Velho, mas, precisamente na região de Nova Califórnia do referido município. Explorar economicamente com orientação para o mercado de maneira a não deixar de lado a produção individual dos pequenos produtores. Outro ponto a ser destacado é a parte ecológica, uma vez que visa reduzir o desmatamento nas propriedades, no entanto, promovendo alternativas de uso sustentável da terra. Os recursos naturais da região foram uma alternativa sustentável que os colonizadores encontraram nas culturas de subsistência e na pequena pecuária em solos carentes, com produção limitada, sucedendo grandes declínios de produtividade. 2 O objetivo principal do Reca é fixar o homem no campo. Ou seja, dar aos (às) agricultores (as) condições necessárias para cultivar a terra, produzir para o seu sustento e para a comercialização dos produtos, e assim melhorar a qualidade de vida. Deixar de ser um agricultor de subsistência para se tornar um agricultor, produtor, comerciante. (PROJETO RECA. 2003. P.40). Nesse sentido, a pesquisa demostra relevância para compreensão de um projeto que tem uma experiência exitosa e com propósito econômico, mas, buscando reduzir os impactos ecológicos por meio de alternativas sustentáveis do uso do solo. Ademais, o projeto trata de uma diversidade produtiva e seus resultados baseiam-se também na forma como os produtores agroflorestais se organizam e relacionam com o ambiente organizacional. O objetivo geral do presente estudo é compreender a multidisciplinariedade produtiva na região amazônica por meio do Projeto Reca, onde esse trabalha com o desenvolvimento sustentável, produzindo, comercializando, mas, utilizando o reflorestamento para diminuição dos impactos no meio ambiente. Os objetivos específicos elencam-se: Demostrar o Projeto Reca desde o seu início até os dias atuais; Analisar o propósito econômico e ecológico do Reca na atualidade; Demostrar as possibilidades de crescimento do Projeto Reca diante do apelo mundial por sustentabilidade. 1 METODOLOGIA O presente estudo aborda a pesquisa exploratória pois, tem como propósito proporcionar familiaridade com o tema. De acordo com Gil (2002) o objetivo principal da pesquisa aprimora ideias e descobertas, considerando o planejamento como parte crucial para analisar as experiências práticas que estimulem a compreensão do assunto. O método fenomenológico aplica-se na pesquisa proposta, uma vez que segundo Gil (2008) parte de um cotidiano, da compreensão de um modo de viver das pessoas, não de definições ou conceitos como ocorre em pesquisas desenvolvidas com abordagem positivada. Ainda de acordo com o autor supracitado, a fenomologia procura resgatar significados atribuídos a sujeitos e objeto estudado, sendo as técnicas de pesquisa qualitativa. A base bibliográfica será pautada em pesquisa bibliográfica por meio de artigos, dissertações, teses, livros, cartilhas, monografias e demais materiais pertinentes publicados 3 sobre o referido tema. Importante mencionar que uma revisão bibliográfica não significa repetição de ideias, mas, uma nova maneira de visualizar o assunto já publicado, podendo sugerir melhorias e analisar os avanços que foram conquistados na decorrência das publicações. A base de dados utilizada será o Google Acadêmico, uma vez que possui uma vasta biblioteca virtual com temas diferenciados e de diversos acervos como: Scielo, Lilacs, UNIR, USP, EMBRAPA, entre outros. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O CONTEXTO HISTÓRICO Em meados de 1953 havia na região apenas seringal: Santa Clara as margens do rio Abunã e Triunfo. Nesses locais os seringueiros construíam suas casas com madeira roliça e palha, os animais como burros eram usados como meio de transporte e só quem tinha esses animais eram os donos de seringais. No entanto, início dos anos 80 um grupo de migrantes chegou ao assentamento rural Alto Madeira, região de Nova Califórnia e as dificuldades encontradas impulsionaram agricultores a resistir e se organizar para solucionar os problemas da população, sendo eles a indefinição política e administrativa da região de ponta do Abunã, pois, não havia certeza se pertencia ao Acre ou a Rondônia. (SÁ et al., 2000b). Segundo Forero [200?] no Acre, o entorno institucional do projeto Reca corresponde a um governo estadual onde no decorrer da história oriento a política pública para produção tradicional. Salienta-se os projetos de colonização da Amazônia, em sua maioria caracterizado pela baixa produção e criações de animais, além da escassez de alternativas para a resolução do abastecimento do mercado e êxodo rural. A ideia inicial do projeto se deu pelos colonos vindo do sul e seringueiros da região, o intuito era combinar a produção tradicional com a extrativista nativa. Pontua-se o encontro diferente de dos mundos, sulistas se achando espertos e acreanos que conheciam bem a floresta e não gostavam de ser empregados. A tendência de desmatamento pode ser revertida a partir do momento em que se der significado econômico à floresta existente nas propriedades rurais. Alternativas sustentáveis devem ser estudadas para conciliar o aumento de renda e a sustentabilidade ambiental (CARPENTIER et al., 2000). 4 2.2 O DISTRITO DE NOVA CALIFÓRNIA O Distrito de Nova Califórnia pertence ao município de Porto Velho, localizado no estado de Rondônia. O presente pertence a Microrregião Porto Velho e Mesorregião Madeira- Guaporé. Conforme reca (2003) em 1984 o Incra realizou uma reunião pública para destinar uma área de 800 hectares para o centro urbano e deixaria de ser chamado de seringal Santa Clara, o que representaria um reconhecimento judicial do Incra contra os donos de seringais. Dessa forma Nova Califórnia nasce em 1985 pela resolução nº 121. A Ponta do Abunã permaneceu por mais de dez anos como área litigiosa, devido a uma disputa judicial entre os estados de Rondônia e Acre pela posse da região. Isso significa que não havia responsabilidade legal de nenhum dos estados para com a população que ali residia. Enquanto não ocorria um acerto junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), a região permanecia esquecida e sua população, desamparada. (ALONSO; CÓSSIO; LIMA. 2015. P.08). O distrito de Nova Califórnia situa-se na porção extremo-oeste do Estado de Rondônia o seu núcleo urbano está localizado a 353 km da cidade de Porto Velho. Para se ter acesso ao mesmo, partindo-se de Porto Velho, toma-se a BR364, sentido Rio Branco. A sede do distrito está localizadaàs margens da BR364 (Foto 1) e possui uma população de aproximadamente 1.000 habitantes (estimativa) para uma área urbana de cerca de 1,5 Km2 . (CPRM. 1999. P.02). Mapa 1: Localização do Distrito de Nova Califórnia. Fonte: Prefeitura de Porto Velho: Plano Diretor. 2019. Org: SOUZA, Maria Helena. DUARTE, Jemerson Lima. MATOS, Clébio Billyany. (2019). 5 Figura 1: Avenida dos Pioneiros antes do asfalto em 2002. Fonte: Reca (2003). Pontua-se que apesar da região pertencer ao município de Porto Velho, a situação de esquecimento e abandono pelo poder público permanece. Observa-se no contexto do relato de Eder1, administrador do distrito, de acordo com o mencionado grandes são as dificuldades como: asfalto deficitário, falta de sinal no celular, ausência de agência bancário, água contaminada. Conforme a figura 1 o asfalto no distrito ainda é aquém do esperado, os problemas administrativos e governamentais têm prejudicado imensamente o desenvolvimento da região. 2.3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO RECA A Agricultura migratória ou itinerante da Amazônia, na atual conjuntura, já não satisfaz as necessidades dos pequenos proprietários rurais. Dentro deste contexto, o agricultor geralmente derruba e queima a floresta primária ou secundária e efetua o plantio de culturas anuais como feijão, arroz e mandioca. Sendo a produção destinada para o consumo próprio e 1 Apud Alonso; Cóssio; Lima. 2015. 6 o excedente à comercialização. Após 2 ou 4 anos de cultivo, essas áreas, geralmente, são abandonadas pelos agricultores, as quais tornam-se uma capoeira (período de pousio). Os principais fatores que levam ao abandono da área, são o empobrecimento químico do solo, invasoras, pragas e doenças, dentre outros (FRANKE; LUNZ; AMARAL, 2000, P.4). Figura 2: Os primeiros encontros realizados nas casas das famílias. Fonte: Reca: 2003. Verifica-se a reunião do projeto Reca em seu início como mostrado na figura 2 feito em casas de família. Frisa-se o primeiro escritório na avenida principal, casa de um ex-capitão do estado do Acre. Posteriormente, com trabalho árduo da comunidade comprou-se um terreno na Br 364, local que funciona atualmente as indústrias, a sede e o centro de difusão de tecnologia do Reca. “No começo, as primeiras reuniões do Reca eram feitas nas casas. Uma vez era na minha casa, outra vez era na do outro. Então eu dava o almoço, depois ia para o outro, o outro era que dava o almoço. Depois teve épocas em que cada um trazia alguma coisa, fazia-se coletivamente”.2 2 Relato do morador de Nova Califórnia Sérgio Lopes, reproduzido no Reca (2003). 7 2.3.1 Características do Reca Nas palavras do Reca (2003, p. 44) a classificação do projeto é dada por: Força coletiva: Os valores que norteiam o Reca são os da solidariedade, da ajuda mútua, do respeito a cada membro da comunidade. É sempre uma força coletiva e social, que tem nos mutirões a sua expressão máxima. Prestando um serviço: o exercício da direção é visto como serviço e não como poder. Dinamismo: Os assuntos voltam e se rediscute. Os associados criaram uma capacidade muito grande de sentar e conversar As próprias custas: O Reca cresceu sem ter ao seu lado nem sindicato, nem partido político. Coordenação dos agricultores: No Reca são os agricultores que coordenam. Pluralismo: Pluralismo é perceber as diferenças, as qualidades, os problemas de cada um e usar isso para enriquecer e construir algo novo. Formação de Lideranças: As principais lideranças do Reca surgiram das comunidades de base, de estudo bíblico, de grupos de evangelização. 2.3.2. Optando pela floresta: o início da fábrica De acordo com Franke (2005) a fase de instalação e implantação dos primeiros processos organizacionais da produção em meados de 1984 e 1988, em decorrência das peculiaridades naturais da região, os produtores não obtiveram sucesso nos cultivos agrícolas e na criação de animais. Ainda de acordo com o supracitado autor os conhecimentos externos foram adquiridos “na marra”, pois, os produtores possuíam deficiência financeira, de recursos humanos, obrigando a todos a tomar habilidades na labuta diária, sistemática e permanente. Importante mencionar que a elaboração dos modos, métodos, formas, veio em consonância com a experiência, análise dos resultados, assim como mudanças incorporadas aos processos por intermédio de ideias tácitas. Salienta-se o reflexo do aprendizado, relevante para a melhoria dos processos organizacionais tanto da produção, como de equipamentos e produtos. A acumulação de 8 experiências permitiu atividades novas, das simples a mais complexas, favorecendo, portanto, o desempenho do Reca. A partir dos relatos dos moradores é perceptível visualizar a ideia inicial do plantio, de como fazer para alcançar os objetivos elencandos. “Os agricultores começaram então a discutir, refletir e trabalhar com plantas da Amazônia, de forma consorciada e adensada. Objetivando a preservação do meio ambiente, com sistema diversificado, com muitas plantas na mesma área.” 3 A partir da ideia inicial de plantação os produtores tiveram a iniciativa de plantar frutas tropicais, pois, elas se adaptavam a região, conforme o relato do morador citado abaixo: “Nós vamos plantar castanheira, vamos plantar pupunheira e vamos plantar cupuaçu, porque são plantas regionais. A gente vê muita pupunheira pela mata afora, castanheira tem muitas e cupuaçu também tem”.4 A vantagem dos produtos do Reca teve início em 1991, algumas mulheres dos produtores passaram a retirar a polpa do cupuaçu manualmente em baixo das árvores para depois congelar nos pequenos freezers que possuíam. “O importante é nós plantar. Nós plantando isso para começar, estamos contribuindo com a floresta, porque vamos tirar, mas vai ficar uma floresta outra vez. Além de tudo, se quiser, podemos criar pequenos animais embaixo. É uma saída!”5 A produção inicial contou com 12kg de polpa de cupuaçu, o projeto ainda era bem prematuro e tinha apenas uma seladora, um freezer e duas tesouras, esgotando facilmente a armazenagem. Posteriormente veio a construção da fábrica feito de maneira amadora, iniciado por conta própria. Segundo Reca (2003) o empréstimo ocorreu a CCFD6, MLAL7 e PDA8 e começaram com a polpa do cupuaçu, descartando os caroços pois não sabia que podiam aproveitar. 2.3.3 O mercado: conhecendo alguns produtos 3 Relato do morador Antônio Eurico Soares exibido no Reca (2003). 4 Narração de Sérgio Lopes no Reca (2003). 5 Paulo Bedone em explicação no projeto Reca (2003). 6 Comitê Católico Contra a Fome e pelo Desenvolvimento. 7 Movimento Leigo para a América Latina. 8 Projetos Demonstrativos da Amazônia. 9 No início da safra dos primeiros frutos de pupunha e cupuaçu, não havia nenhuma informação consistente quanto à demanda de mercado por esses produtos agroflorestais, muito menos algum programa para criar hábitos de consumo visando aumentar a procura por esses produtos. (FRANKE. 2005. P. 136). Frisa-se que a comercialização era realizada em feiras livres, pequenos supermercados, varejistas de Rio Branco e Porto Velho, pois, faltava informação sobre o mercado. Em relação a polpa do cupuaçu a venda além de ser feita nos locais citados, também eram vendidos em sorveterias e lanchonetes. Figura 3: Extração do óleo de semente de cupuaçu. Fonte: Reca (2003) A partir da fermentação dos caroços de cupuaçu surgiu-se a ideia de transformar caroço em óleo, muito utilizado nos cosméticos. Antes desse processo de transformar o caroço em óleo, as sementes de cupuaçu eram vendidas para o Japão. De acordo com Reca (2003) os documentosde legalização da fábrica começou no estado do Acre, porém como havia um litígio na época entre o referido estado e Rondônia, acabou ocasionando uma paralização no andamento do processo, necessitando começar do zero mas, dessa vez por Rondônia. 10 Figura 4: A produção do palmito na fábrica legalizada. Fonte: Reca (2003). Em 2003 a fabricação do palmito ocupava em média de 8 a 10 pessoas, isso porque o Reca ainda não funcionava corretamente, trabalhando no máximo com 1500 cabeças dia. Na época o palmito vinha para uma beneficiadora em Porto Velho, Extrema e duas em Nova Califórnia. Destaca-se algumas sementes comercializadas por meio do Projeto Reca, são elas: Semente de espinho: Semente lisa Sementes mistas 2.3.4 Comercialização dos produtos Reca na atualidade Os produtos do Reca atualmente são comercializados por meio de um Centro de Comercialização localizado ao lado da sede. Além desses locais é possível encontrar no município de Porto Velho por exemplo em supermercados, hipermercados. Vale pontuar que os produtos tiveram início na produção e comercialização nas mãos da associação, não passando para terceiros. 11 Figura 5: Centro de comercialização Reca (2019). Fonte: Projeto Reca.com.br Segundo Reca (2003) o cargo chefe do projeto é o cupuaçu, na atualidade é vendido para Rio Branco, Porto Velho, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, entre outros. Conforme observado o extensioso sucesso do Reca vai além das fronteiras da região amazônica, isso graças ao esforço e qualidade dos produtos oferecidos. Destaca-se algumas vendas com sucesso da safra de cupuaçu, são elas: 98, 99, 2000, 2001 e 2002. Somente na safra de 2002 foi possível o beneficiamento de 796.619 quilos de frutos, sendo esses 195.659 de polpa, de acordo com Reca (2003). Vale destacar que dentro do Reca há um projeto chamado Concretizar, executado em 36 meses, atinge 385 famílias de agroextrativistas e 435 famílias adicionais. De acordo com o site do Projeto Reca.com.br (2019), a composição desse compreende-se da seguinte maneira: Subprojeto 1: Associação Baixa Verde (ABV) – Porto Velho/RO; Subprojeto 2: Associação dos Produtores Rurais do Município de Acrelândia (ASPROMACRE) – Acrelândia /AC; Subprojeto 3: Associação dos Pequenos Agrossilvicultores do Projeto RECA (Associação RECA) – Porto Velho/RO; Subprojeto 4: Cooperativa Agropecuária e Florestal do Projeto RECA (Cooper- RECA) – Porto Velho/RO Salienta-se as atividades executadas nos subprojetos como: Análise do solo Preparação das áreas onde serão plantadas as mudas (esteira e gradagem) 12 Produção de mudas em viveiros locais existentes nas posses/propriedades atendidas pelo projeto, plantio das áreas Condução dos tratos culturais (manutenção das áreas plantadas). Destaca-se algumas espécies plantadas no Projeto Reca, no entanto, ressalta-se que existe outros como: babaceira, seringueira, andiroba, copaíba, cumaru-de-cheiro. Dessa forma, apresenta-se os principais produtos, não sendo eles taxativos. Figura 6: Polpa de Cupuaçu produzido pelo Reca (2019). Fonte: Projeto Reca.com.br Produto muito utilizado na fabricação dos produtos do Reca como: polpa de cupuaçu, óleo, manteiga proveniente das amêndoas serve para indústria e seus derivados também. Frisa-se ser um produto abundante, aroma perfumado e sabor marcante. Figura 7: Polpa do açaí produzido no Projeto Reca (2019). Fonte: Projeto Reca.com.br 13 Produto processado na indústria e transformada em polpa, atende mercado regional e nacional. Típico da região norte, apreciado para consumo de sucos, vitaminas, sorvetes e sobremesas em geral que usam a fruta. Conhecido como alimento energético e com fonte de saúde e bem-estar. Figura 8: Palmito Pupunha Reca (2019). Fonte: Projeto Reca.com.br O diferencial da produção dos palmitos do Reca é o cultivo em áreas de consórcios e SAFs9 ou seja busca sempre recuperar a área degradada, preservando e mantendo a natureza. Essa palmeira é nativa da região Amazônica e uma excelente alternativa para a agricultura. Uma série de produtos de fabricação caseira produzidos, principalmente pelas mulheres, como por exemplo, licor, geleia, doce, de frutos de araçá-boi, cupuaçu, artesanatos diversos e outros, são comercializados na lojinha do Reca localizada junto à sede na Vila Nova Califórnia. (FRANKE. 2005. P.139). CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo proposto trouxe a reflexão sobre a economia da região amazônica por meio do Projeto Reca, onde se trabalha o desenvolvimento sustentável com o propósito de diminuir os impactos ambientais, até então considerado uma região desfavorável economicamente, 9 Sistema Agroflorestal 14 com baixos índices de crescimento, alto número de desempregados e grandes dificuldades regionais devido a precária infraestrutura. O efeito negativo no ritmo econômico da região amazônica foi um grande impulso para as pessoas começarem a ter ideia de desenvolver um Projeto onde visasse beneficiar, atender suas necessidades, mas, preservando o meio ambiente. Conforme exposto os problemas iam desde repasses financeiros por meio do Governo Federal a regularização de terras, no entanto, o esforço de todos os produtores, juntamente com o apoio da população o negócio se expandiu de forma extensiosa, tornando-se um grande exemplo de que é possível desenvolver a região amazônica preservando, buscando diminuir a cada dia os impactos ambientais, pois, as condições tem melhorado através de tecnologias e conhecimentos. A grandiosidade do Projeto Reca tem ultrapassado fronteiras chegando os produtos a regiões como sul, sudeste, movimentando a economia local e brasileira como um todo. A preocupação com o desenvolvimento sustentável tem sido bastante debatido no decorrer dos anos, no entanto, nenhum projeto conseguiu se destacar nessa magnitude na região amazônica como o Projeto Reca, isso porque o mesmo se desenvolve a partir da força coletiva da comunidade, tal como as lideranças, trabalho em equipe, pluralismo através da percepção das diferenças, qualidades, problemas, dentre outros aspectos, o que fortalece o desempenho do projeto. Observa-se a importância da temática quando o mesmo será debatido por líderes mundiais de 150 países que ocorrerá em Nova York (EUA) no mês de setembro pela ONU (2019). Os objetivos desse encontro pautam-se dentro do proposto em: Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos; assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis; proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. Os agricultores que trabalham no Reca, buscam soluções próprias, superam restrições econômicas, reduzem custos de produção, enriquem o solo com plantações de plantas nativas, estão em constante processo de congelamento dos produtos, armazenam, resfriam, encontram arranjos produtivos de modo a não terceirizar e manter-se independentes. 15 REFERÊNCIAS ALONSO, Thaís Espinosa. CÓSSIO, Renata Noronha. LIMA, Emma Cunha. Projeto Conexão Local: Desenvolvimento como Expansão de Capacidades na Associação e Cooperativa Reca. 2015. Disponível: <https://pesquisa- eaesp.fgv.br/sites/gvpesquisa.fgv.br/files/conexao- local/desenvolvimento_como_expansao_de_capacidades_._reca.pdf>. Acesso: 11/09/2019. ASSOCIAÇÃO DOS PEQUENOS AGROSSILVICULTORES DO PROJETO RECA. Nosso jeito de caminhar: a história do projeto Reca contada por seus associados, parceiros e amigos. Brasília. 2003. FRANKE, Idésio Luis. A aprendizagem tecnológicae organizacional na performance do sistema produtivo e institucional do Reca. Embrapa Acre-Tese/dissertação (ALICE), 2005. FRANKE, I. L.; LUNZ, A. M. P.; AMARAL, E. F. do. Caracterização socioeconômica dos agricultores do grupo Nova União, Senador Guiomard Santos, Acre: Ênfase na implantação de Sistemas Agroflorestais. In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 38, Rio de Janeiro, 2000. Anais... Brasília: SOBER, 2000. (Resumos, CD-ROM) FORERO, Fábio Morales. A sustentabilidade técnico-econômica da agricultura familiar na Amazônia ocidental brasileira: o sucesso do projeto reca. [200?]. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetas de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002. Gil, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. - São Paulo: Atlas, 2008. PREFEITURA DE PORTO VELHO. Plano Diretor: Mobilizações nos distritos do Município para a 2ª Rodada de Audiências Públicas. 2019. Disponível em: <https://planodiretor.portovelho.ro.gov.br/artigo/23145/mobilizacoes-nos-distritos-do- municipio-para-a-2a-rodada-de-audiencias-publicas>. Acesso: 11/09/2019. PROJETO RECA. Associação dos Pequenos Agrossilvicultores do Projeto Reca e Cooperativa Agropecuária e Florestal do Projeto RECA. (2019). Disponível em: < http://www.projetoreca.com.br/site/>. Acesso: 13/09/2019. SÁ, C. P. de; SANTOS, J. C. dos; MUNIZ, P. S. B.; LUNZ, A. M. P.; FRANKE, I. L. Análise dos aspectos sociais econômicos do Projeto de Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (Reca) em Rondônia, Brasil. In.: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 38, Rio de Janeiro, 2000. 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